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CAPÍTULO VIII - PODERES CONSTITUINTES

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CAPÍTULO VIII
PODERES CONSTITUINTES
Introdução
Segundo a doutrina, num sistema democrático, cabe ao povo elaborar a sua Constituição. A teoria do Poder Constituinte encontra sua fonte nas páginas de Emmanuel Joseph Sieyès, em sua obra clássica “O que é o Terceiro Estado?”. (1)
O Poder Constituinte foi inicialmente formulado por Sieyès, um padre francês que foi um dos principais ideólogos da Revolução Francesa de 1789. Teve o objetivo de substituir o dogma da obediência às leis com base na vontade divina, portanto de natureza teocrática, por um dogma terreno, no qual a obediência estaria calcada na vontade de nação, expressão do Poder Constituinte. Outra inovação teórica foi a diferenciação entre Poder Constituinte e poderes constituídos. (3)
Conceito Político e Jurídico de Poder Constituinte
A taxionomia do Poder Reformador é diferente da taxionomia do Poder Constituinte. Enquanto este tem uma natureza política, aquele tem uma natureza jurídica, formulada dentro de moldes legais. (3)
Costuma-se distinguir o poder constituinte originário do poder constituinte constituído ou derivado. O primeiro faz a Constituição e não se prende a limites formais: é essencialmente político ou extrajurídico. O segundo se insere na constituição, é órgão constitucional, conhece limitações tácitas e expressas, e se define como poder jurídico, que tem por objeto a reforma do texto constitucional. Deriva da necessidade de conciliar o sistema representativo com as manifestações diretas de uma vontade soberana, competente para alterar os fundamentos institucionais da ordem estabelecida. (2)
Conceito político de poder constituinte: refere-se ao poder constituinte originário, que se revela ora como categoria fática que independe de valores, ora como categoria valorizada que exprime uma determinada forma de legitimidade. (2)
O Poder Constituinte originário tem uma natureza política porque não é validade por nenhuma outra norma. Anteriormente a ele não existe norma jurídica, e, se existisse, passaria a ter validade sob a nova Constituição. Sua gênese radica em fatos sociais, em um horizonte metajurídico. (3)
Conceito jurídico de poder constituinte: refere-se ao poder constituinte derivado, ou poder constituinte constituído, e implica a existência prévia de uma organização constitucional da qual ele legitimamente emana para o desempenho de sua atividade. (2)
O poder constituído atua sempre atado ao Direito, na moldura de um ordenamento jurídico, manifestando-se em ocasiões de relativa normalidade e paz. O poder constituinte originário, ao contrário, chega na crista das revoluções e golpes de Estado e se exercita quase sempre sobre as ruínas de uma ordem jurídica esmagada. (2)
Poder Constituinte Originário
Será originário quando pela primeira vez se editar uma Constituição para um Estado, ou quando se o convoca para elaborar uma nova Constituição. Os autores denominam-no, então, inicial, autônomo e incondicionado:
Inicial – porque, ao elaborar a Constituição, ele estabelece, ab initio, a própria ordem jurídica que o respectivo país vai adotar.
Autônomo – porque a ele e só a ele compete decidir se, como e quando, deve dar-se uma Constituição à Nação.
Incondicionado – porque não há formas ou regras ou condições preestabelecidas que o constranjam no seu exercício. (1)
Suas características são:
Inicial – porque, teoricamente, seria a primeira lei do ordenamento jurídico. Não que antes não houvesse outras leis – claro que havia. Mas a Constituição irá representar ou a base de legitimação do ordenamento ou a fonte de validade de todas as outras normas.
Autônomo – porque não está adstrito a nenhuma outra lei. Como o Poder Constituinte inicializa o ordenamento, inexiste norma que possa influenciá-la. Como marco zero da produção jurídica, não há norma que o legitime – muito pelo contrário, é ele que serve de base de validade para as demais leis.
Ilimitado – porque seu conteúdo não padece de impedimentos jurídicos. A Lei Maior pode dispor sobre qualquer assunto, sem nenhum limite, tendo ampla extensão. (3)
Existem limites fáticos de natureza social, política e econômica, mas não de natureza jurídica. São impostos pela realidade social, impedindo a força normativa da Constituição de produzir efeitos. Impossível, por exemplo, para a Constituição efetivamente assegurar o direito de que todos os brasileiros tenham um carro zero quilômetro porque não existem condições materiais para propiciar esta alternativa. (3)
Poder Constituinte Derivado
A titularidade para o exercício do exercício do Poder Reformador está localizada no Poder Legislativo, que exerce duas funções: a função legislativa e a função reformadora. (3)
As características do Poder Reformador são: derivado, subordinado e limitado. Subordinado porque foi criado pela Constituição e a ela está adstrito; derivado por ser um poder secundário, que nasceu do Poder Constituinte; e limitado porque deve se ater aos conteúdos da Constituição e não pode modificar as cláusulas pétreas. (3)
Classifica-se como instituído (outros chamar de reformador ou secundário), quando recebe do Poder Constituinte Originário a competência de reformar a Constituição, nos termos definidos pelo próprio Poder Originário. No Brasil, o Congresso Nacional detém, permanentemente, o Poder Constituinte Derivado, e dele poderá fazer uso nos termos da Constituição. Esse Poder é derivado, subordinado e condicionado:
Derivado – que advém de outro, eis que o constituinte originário lhe outorga legitimidade para reformar a Constituição.
Subordinado – vincula-se à matéria que o constituinte originário permitiu que fosse reformada. É dependente, na sua ação, do originário.
Condicionado – porque a sua atividade resta circunscrita por regras que o constituinte originário estabeleceu na Constituição. Desobedecê-las significaria incorrer em uma inconstitucionalidade formal. (1)
Poder Constituinte Decorrente
O Poder Constituinte Decorrente é legatário da forma de Estado federativa. Poder Decorrente é aquele responsável por criar as Constituições dos Estados-membros. É um poder que foi criado pela Constituição Federal, decorrente de sua vontade e, portanto, deve se subordinar aos seus direcionamentos.
	CONSTITUIÇÃO FEDERAL
	Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
§ 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
Nos Estados que adotaram a Federação como forma de organização estatal, o Poder Constituinte exercido pelos Estados-membros, através de suas assembléias estaduais, chamar-se decorrente. Ele é secundário, e também, subordinado e condicionado:
Secundário – porque a ordem jurídica principal é a da União. Nesta, estabelecem-se as normas e os princípios que devem ser obedecidos pela ordem secundária.
	ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS
	Art. 11. Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta.
Parágrafo único. Promulgada a Constituição do Estado, caberá à Câmara Municipal, no prazo de seis meses, votar a Lei Orgânica respectiva, em dois turnos de discussão e votação, respeitado o disposto na Constituição Federal e na Constituição Estadual.
Subordinado – tanto quanto o Poder Constituinte Derivado, pois recebe da matriz federal o âmbito material possível de sua atuação.
Condicionado – pelas formas e maneiras que foram estabelecidas na Constituição Federal e que lhe servirão de parâmetro de atuação. (1)
	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
	Nelson Oscar de Souza
Paulo Bonavides
Walber de Moura Agra

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