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UNIDADE III – Formação do contrato

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1 
UNIDADE III – Formação do contrato 
 
1. FASE DE PUNTUAÇÃO (NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES). 
2. FASE DA PROPOSTA, OFERTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO. 
3. PRAZO DE VALIDADE DA PROPOSTA. 
4. A OFERTA AO PÚBLICO. 
5. CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DA MORTE DO PROPONENTE. 
6. FASE DA ACEITAÇÃO. 
7. FORMAÇÃO DOS CONTRATOS ENTRE AUSENTES. 
8. LUGAR DA FORMAÇÃO DO CONTRATO. 
 
1. FASE DE PUNTUAÇÃO 
 
 Consiste no momento das NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES, que antecedem a 
formação do contrato; 
 
 É a fase da discussão, da ponderação, da reflexão, da sondagem, dos estudos, enfim, em 
que as partes apresentam suas intenções iniciais. 
 
Nota: Principalmente nessa fase, os interesses das partes podem ser (e normalmente o 
são) opostos. 
 
 Característica básica: Está na inexistência de vinculação das partes a uma relação 
jurídica obrigacional. Isso porque celebrar ou deixar de celebrar determinado negócio 
jurídico é um direito da pessoa (recorde o sentido do princípio da liberdade contratual). 
 
 No entanto, muitas vezes, já nessa fase de puntuação, cria-se uma legítima expectativa de 
contratar que, se contrariada, pode significar a quebra do Princípio da Boa-Fé Objetiva, 
ocasionando danos que deverão ser indenizados. 
 
 Portanto, referido princípio também encontra aplicação na fase pré-contratual. 
 
 Nesse sentido os seguintes enunciados da Jornada de Direito Civil do CJF/STJ: 
 
Enunciado n. 25. O art. 422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação, 
pelo julgador, do princípio da boa-fé nas fases pré e pós-contratual. 
 
Enunciado n. 170. A boa-fé objetiva deve ser observada pelas partes na 
fase de negociações preliminares e após a execução do contrato, quando tal 
exigência decorrer da natureza do contrato. 
 
Ex: A indenização devida à parte que, diante da expectativa gerada pela 
outra, efetuou gastos, a fim de potencializar a concretização de 
determinado negócio jurídico. 
 
 OBSERVAÇÃO. Essa fase do contrato não se confunde com a ideia de contrato 
preliminar ou pré-contrato, vez que este é verdadeiro negócio jurídico, cujo objeto é a 
obrigação de fazer um contrato definitivo. 
 
 2 
2. FASE DA PROPOSTA, OFERTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO. 
 
 É a oferta de contratar feita por uma parte à outra. 
 
 Quem oferta é chamado ofertante, proponente ou policitante. 
 
 Deve consistir em uma declaração receptícia de vontade, ou seja, deve ser mais do que 
uma mera conjectura, destinando-se a provocar a adesão, o acatamento, do destinatário. 
Deve, pois, traduzir “a vontade definitiva de contratar conforme as bases 
oferecidas”1; 
 
 Por criar no aceitante (oblato) a firme convicção de efetivação do contrato, vincula 
aquele que a realiza. Trata-se do PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO OU 
OBRIGATORIEDADE DA PROPOSTA, o qual está ligado à ideia de segurança 
jurídica. 
 
 CARACTERÍSTICAS DA PROPOSTA: Deve ser completa (indicar todas as 
especificações do negócio jurídico), clara, séria, consciente, inequívoca, compreensível, 
enfim, deve conter todos os elementos essenciais do contrato que se pretende firmar. 
 
 Vejamos algumas regras: 
 
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário 
não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das 
circunstâncias do caso. 
 
A primeira parte desse dispositivo encerra o Princípio da vinculação ou 
obrigatoriedade da proposta. 
 
O restante do artigo trata da proposta não obrigatória, vez que ressalva a 
possibilidade de o proponente se reservar ao direito de retratar-se, ou seja, 
arrepender-se de concluir o negócio jurídico. 
 
Segundo Venosa: Há hipóteses, contidas nos arts. 427 e 428, que retiram a 
obrigatoriedade da proposta. 
 
O próprio ofertante pode ressalvar que a proposta não é 
obrigatória [...] O ofertante pode inserir no documento 
cláusulas como “não vale como proposta”; “sujeita a 
confirmação”; “apenas para divulgação” etc. Aplicamos 
essa hipótese também no âmbito do consumidor”. (in. Código 
Civil Interpretado, 2ª edição, p. 519). 
 
Em alguns casos a proposta também não vincula o proponente em razão 
de sua própria natureza ou das circunstâncias em que foi realizada. 
 
É o caso daquela proposta aberta ao público que esteja vinculada ao 
 
1
 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. 3 v. p. 75 
 
 3 
estoque de produtos, ou daquela válida para a primeira pessoa que acatar 
os seus termos, ou mesmo daquelas ofertas relâmpago realizadas em 
alguns estabelecimentos. 
 
Um bom exemplo no âmbito das relações civis seria o dos anúncios de 
veículos jornais, ou seja, nos chamados populares. Nessa situação, o 
ofertante apresenta ao público a síntese do negócio que pretende realizar, 
ficando, por isso, obrigado a cumprir com a proposta quando de sua 
aceitação por qualquer interessado que a manifeste. No entanto, uma vez 
celebrado o negócio, aquela proposta, mesmo que ainda esteja sendo 
veiculada pelo jornal, por óbvio, não o obriga em relação a outras pessoas 
que manifestem interesse no veículo anunciado. As circunstâncias do caso 
não autorizam entendimento em contrário. 
 
No âmbito das relações de consumo, vigora o disposto nos arts. Seguintes 
do CDC. Veja: 
 
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente 
precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de 
comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos 
ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular 
ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser 
celebrado. 
 
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar 
cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o 
consumidor poderá, alternativamente e à sua livre 
escolha: 
 
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos 
da oferta, apresentação ou publicidade; 
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço 
equivalente; 
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de 
quantia eventualmente antecipada, monetariamente 
atualizada, e a perdas e danos. 
 
Portanto, se a publicidade encerra uma proposta e nenhuma ressalva for 
feita pelo fornecedor, este estará vinculado ao seu cumprimento. 
 
3. PRAZO DE VALIDADE DA PROPOSTA 
 
 O art. 428 do CCB trata do prazo de validade da proposta. Vejamos: 
 
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: 
 
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. 
Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou 
por meio de comunicação semelhante; 
 
 4 
Presentes são os sujeitos que mantêm entre si, contato direto e simultâneo, 
o que pode acontecer pessoalmente ou através de meios de comunicação 
imediata, como o telefone, videoconferência ou outro meio que possibilite 
às partes tratar do assunto instantaneamente etc. 
 
Já ausentes são os que não mantêm contato direto e simultâneo, como é o 
caso dos que contratam por meio de telegrama, carta, e-mail comum, etc. 
 
II – se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo 
suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; 
 
Perceba que o legislador se valeu de um conceito jurídico indeterminado, 
consubstanciado na expressão “tempo suficiente”. 
 
Seria a hipótese de o sujeito A pretender vender para o sujeito B um 
telefone celular, enviando uma proposta por e-mail, especificando o bem, 
seu preço e as condições de pagamento, deixando, contudo, de especificar 
um prazo para a resposta do oblato (sujeito B). Assim, se o sujeito B não 
se manifestar em tempo razoável, a proposta feita pelo sujeito A não mais 
o vinculará. 
 
III –se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta 
dentro do prazo dado; 
 
Na hipótese, o proponente é obrigado a aguardar o prazo que conferiu 
para a expedição da resposta. Ultrapassado o prazo, sem resposta do 
oblato, o proponente fica liberado e a proposta perde sua obrigatoriedade, 
não podendo aquele exigir-lhe o cumprimento. 
 
Por outro lado, se a resposta for expedida dentro do prazo fixado, a 
proposta passa a ser obrigatória e o Proponente pode ser compelido a dar-
lhe cumprimento. Nesse sentido o art. 434, caput do CCB. 
 
Perceba que o que importa não é o recebimento da resposta (aceitação), 
mas a sua expedição. De tal modo que se a aceitação for expedida dentro 
do prazo conferido pelo Proponente em sua oblação, esta, a princípio, 
será obrigatória. 
 
No entanto, é possível que as partes convencionem um prazo para o 
recebimento efetivo da aceitação, diferindo o momento de 
aperfeiçoamento do contrato. Nessa hipótese o contrato somente se 
aperfeiçoará se a resposta for recebida pelo Proponente dentro do prazo 
assinalado. 
 
É o que se depreende da leitura do art. 434, III do CCB. Vejamos. 
 
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos 
desde que a aceitação é expedida, exceto: 
[...] 
III - se ela não chegar no prazo convencionado. 
 5 
Atenção. 
 
Segundo Venosa
2
: 
 
A proposta pode trazer um prazo de validade, o que ocorre 
com frequência. Decorrido o prazo sem manifestação do 
oblato, desobriga-se o proponente. Deve ele tomar 
conhecimento da aceitação dentro do prazo. É o que diz o 
inciso III do art. 434. 
 
Não obstante o respeito que nutrimos pelo Professor Venosa, devemos 
discordar de seu posicionamento doutrinário que deixa transparecer a 
ideia de que a regra do art. 434, III incide obrigatoriamente e em qualquer 
caso. 
 
Em verdade, a regra do art. 434, III do CCB é uma exceção e somente 
incidirá nas hipóteses concretas, em que as partes convencionem um 
prazo para o recebimento efetivo da aceitação. 
 
Mais detalhes serão apresentados no momento oportuno. 
 
IV – se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da 
outra parte a retratação do proponente. 
 
Aqui a proposta perde sua obrigatoriedade, pois as duas declarações 
(proposta e retratação) são contraditórias e, portanto, nulificam-se. Assim, 
se enviei uma proposta por carta ou e-mail, por exemplo, mas me retratei 
pessoalmente antes da proposta ser conhecida pelo oblato, ela não terá 
obrigatoriedade. 
 
4. A OFERTA AO PÚBLICO 
 
 Consiste na proposta de contratar destinada à coletividade, a pessoas indeterminadas, 
portanto. A respeito do assunto, estabelece o CCB: 
 
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os 
requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das 
circunstâncias ou dos usos. 
 
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua 
divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. 
 
5. CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DA MORTE DO PROPONENTE. 
 
 A morte do proponente, antes da aceitação do oblato, garante a este o direito à 
prestação proposta? Eis a pergunta a ser respondida. 
 
 
2
 In. 1. Código Civil Interpretado. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 521 
 6 
 De acordo com a doutrina, não se tratando de prestação infungível (personalíssima), 
certamente o oblato (aceitante) poderá exigir o cumprimento da oferta, desde que esta seja 
plenamente válida e não se verifiquem quaisquer das hipóteses de propostas não 
obrigatórias referidas no art. 428 do CCB. 
 
 Assim, o falecimento do policitante, antes da aceitação, não desfaz o vínculo 
jurídico, porquanto esta chega aos sucessores daquele, salvo se o contrário resultar 
da natureza do negócio ou das circunstâncias do caso. Em tal hipótese, a proposta 
passa a integrar o passivo da herança, transmitindo-se aos herdeiros, como ocorre com as 
obrigações em geral. 
 
 Nesse sentido, Paulo Lôbo (2011, p.83) e Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona Filho (2009, 
p. 98). 
 
6. A ACEITAÇÃO 
 
 É a aquiescência ou a aderência do oblato (pronuncia-se ob-lato) a uma proposta. 
 
 Manifestação de vontade que é, pressupõe a inexistência de quaisquer vícios de vontade, 
bem como a legitimidade e a capacidade do aceitante. 
 
 O CCB estabelece: 
 
Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao 
conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao 
aceitante, sob pena de responder por perdas e danos. 
 
Tal previsão foi pensada pelo legislador em respeito ao superior princípio 
da Boa-Fé objetiva, refletindo o dever anexo de informação. 
 
Veja. Se a aceitação não chegar ao conhecimento do proponente no prazo 
convencionado, este não estará vinculado ao cumprimento da oferta, 
conforme art. 434, III do CCB. 
 
Nessa situação, no entanto, a lei determina que o Proponente tem o dever 
de informar ao oblato que não estará vinculado à proposta realizada, haja 
vista o não recebimento da aceitação no prazo convencionado, 
permitindo, assim, que o aceitante tome ciência da ineficácia de sua 
aceitação. 
 
Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou 
modificações, importará nova proposta. 
 
Trata esse dispositivo da chamada CONTRAPROPOSTA. 
 
Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação 
expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o 
contrato, não chegando a tempo a recusa. 
 
A proposta, na hipótese do dispositivo em questão, vincula o proponente 
 7 
desde que recebida pelo oblato, não estando este obrigado a manifestar 
sua aceitação, de tal modo que o proponente, caso não mais pretenda 
contratar, deverá enviar a tempo sua recusa ou retratação. 
 
Segundo Tartuce
3
: 
 
Esse dispositivo trata da aceitação tácita ou silêncio 
eloquente, que é possível no contrato formado entre ausentes. 
O artigo é criticado por parte da doutrina, pelo fato de 
contrariar a regra contida no art. 111 do Código Civil, pela 
qual, quem cala não consente: “o silêncio importa anuência, 
quando as circunstancias ou os usos o autorizarem, e não for 
necessária a declaração de vontade expressa”. Afirma 
Cristiano de Souza Zanetti e Bruno Robert que “o teor do art. 
432, em resumo, consagraria uma presunção legal de 
formação do contrato, não por força d encontro de 
manifestações, mas sim com base em uma ficção legal, de 
impossível conciliação com os princípios que regem a 
conclusão dos negócios jurídicos”. 
 
Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela 
chegar ao proponente a retratação do aceitante. 
 
Esse dispositivo legal combina com o art. 428, IV do CCB e reflete a 
equivalência do tratamento legal dado à manifestação de vontade das 
duas partes do contrato. 
 
Veja: 
 
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: 
[...] 
IV – se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao 
conhecimento da outra parte a retratação do proponente. 
 
Portanto, assim a aceitação como a proposta admitem retratação, a qual 
suprime os efeitos da manifestação de vontade anteriormente expedida. 
 
 
7. FORMAÇÃO DOS CONTRATOS ENTRE AUSENTES 
 
 Já vimos que ausentes são os que não mantêm contato direto e simultâneo, como é o caso 
dos que contratam por meio de telegrama, carta, e-mail comum, etc. 
 
 Determina o CCB: 
 
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a 
aceitação é expedida, exceto:3
 In. Direito Civil: Teoria Geral dos Contratos e Contratos em Espécie. 7. ed. São Paulo: Grupo GEN, p. 134, 
v.3, 2012. 
 8 
O caput desse artigo reflete a TEORIA DA EXPEDIÇÃO como sendo a 
regra geral a ser seguida, ao passo que às hipóteses previstas nos incisos, 
que constituem exceções à regra geral, aplica-se a TEORIA DA 
RECEPÇÃO. Explicamos: 
 
Há basicamente dois sistemas legais quanto à questão da formação dos 
contratos. 
 
 Sistema da cognição ou informação: Segundo o qual, o 
contrato se aperfeiçoa no momento em que o proponente toma 
conhecimento da aceitação do oblato. 
 
Há, nesse sistema, o inconveniente de deixar ao arbítrio do 
proponente conhecer ou não a aceitação (lendo a correspondência 
tradicional como as cartas ou eletrônica, como o e-mail). 
 
 Sistema da agnição/agnação ou da declaração em geral: 
Segundo o qual, o contrato se aperfeiçoa com a simples 
declaração do oblato. 
 
Dentro desse segundo sistema, há três teorias distintas: 
 
a) Teoria da declaração propriamente dita: O contrato se 
aperfeiçoa no momento em que o oblato exterioriza sua aceitação, 
escrevendo, por exemplo, o e-mail ou a carta. Dessa teoria não se 
tem notícia sequer no Direito Comparado, segundo VENOSA 
(2003, p. 522); 
 
b) Teoria da Expedição: O contrato se aperfeiçoa no momento em 
que o oblato expede sua aceitação para o proponente. Isso porque 
no momento em que é expedida, a aceitação ingressa no mundo 
jurídico, não podendo o oblato evitar seus efeitos. Essa foi a teoria 
adotada pelo CCB e está relacionada com a teoria da declaração 
estudada na unidade I. 
 
c) Teoria da recepção: O aperfeiçoamento do negócio ocorre no 
momento em que o proponente recebe a aceitação, ainda que não 
a leia. 
 
Portanto, em regra, no que tange à formação dos contratos entre 
ausentes, o Código Civil Brasileiro adotou a TEORIA DA 
EXPEDIÇÃO, segundo a qual o contrato se aperfeiçoa no momento 
em que o oblato expede sua aceitação para o proponente. 
 
No entanto, o mesmo Digesto também adotou a TEORIA DA 
RECEPÇÃO – de acordo com qual o contrato é concluído (formado) 
apenas quando a proposta é recebida pelo proponente, a qual se 
aplica às hipóteses previstas nos inciso I, II e III do art. 434, conforme 
explicação abaixo: 
 
 9 
I - no caso do artigo antecedente; 
 
Ou seja, se a retratação do aceitante chegar ao conhecimento do ofertante, 
antes da aceitação expedida. 
 
II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; 
 
III - se ela não chegar no prazo convencionado. 
 
Temos aqui a hipótese em que as partes convencionam um prazo, não para 
a expedição da resposta, mas para o recebimento efetivo da aceitação. 
 
Como visto alhures, quando as partes convencionam um prazo para o 
recebimento efetivo da aceitação, o momento de aperfeiçoamento do 
contrato é diferido. Nessa hipótese o contrato somente se aperfeiçoará 
quando a resposta for efetivamente recebida pelo Proponente, dentro do 
prazo assinalado. 
 
Assim, desde que a aceitação chegue ao conhecimento do proponente no 
prazo estabelecido, o contrato se aperfeiçoa e ambas as partes ficam 
obrigadas ao seu conteúdo, podendo ser demandados caso se neguem a 
celebrá-lo. 
 
Do contrário, se esse prazo (para recebimento efetivo da resposta do 
Aceitante pelo Proponente) não for estabelecido pelas partes, o contrato se 
aperfeiçoará desde que expedida a aceitação, na forma do caput do mesmo 
art. 434. 
 
8. LUGAR DA FORMAÇÃO DO CONTRATO 
 
 O tema tem grande relevância, pois dele deriva, não só a apuração do foro competente, 
mas, igualmente, a especificação da lei a ser aplicada à relação contratual. 
 
 De acordo com a autonomia da vontade, as partes podem livremente dispor sobre a lei 
aplicável ao contrato, bem como o foro competente para dirimir as dúvidas decorrentes de 
sua interpretação. Há, igualmente, a possibilidade de existência de tratados internacionais 
sobre o assunto, hipótese em que deverão ser respeitados segundo as regras do Direito 
Internacional. 
 
 Fora das hipóteses acima vigoram as seguintes regras: 
 
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO 
 
Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. 
 
Segundo Flávio Tartuce (2012, p. 136), tal regra vigora em relação aos 
contratos celebrados no Brasil. 
 
 
 
 10 
REGRA DEFINIDORA DO DIREITO MATERIAL APLICADO AOS 
CONTRATOS INTERNACIONAIS 
 
DECRETO-LEI 4.657/42 – LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO 
DIREITO BRASILEIRO 
 
Art. 9º. Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em 
que se constituírem. 
 
§ 1º. Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de 
forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei 
estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato. 
 
§ 2º. A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em 
que residir o proponente. 
 
Tal regra se aplica aos contratos internacionais, é dizer, firmados por 
pessoas que residem em diferentes pátrias, conforme TARTUCE (2012, 
p.136) e GONÇALVES (2012, p. 84). 
 
Além disso, deve ser observado que essa regra define o direito material, é 
dizer, o direito substantivo, aquele que rege a relação contratual. Dito de 
outro modo, essa regra define qual ordenamento jurídico ditará as regras 
do contrato. 
 
ASPECTOS PROCESSUAIS: DESTAQUES AO CÓDIGO DE 
PROCESSO CIVIL 
 
 
REGRA SOBRE A JURISDIÇÃO COMPETENTE 
 
Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira quando: 
[...] 
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; 
 
Essa regra define a Jurisdição. Não define a regra de direito material a ser 
aplicada ao caso, o que, como visto alhures, é definido de acordo com o 
art. 9ª da LINDB. 
 
Portanto pode ocorrer um caso em que a ação deverá tramitar perante a 
Jurisdição Brasileira, que, para resolver a lide, deverá aplicar a legislação 
estrangeira. 
 
 
REGRA DE DEFINIÇÃO DO FORO COMPETENTE 
 
Art. 100. É competente o foro
4
: 
[...] 
 
4
 A questão aqui tratada envolve a competência (parcela da jurisdição) territorial. 
 11 
IV - do lugar: 
 
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o 
cumprimento; 
 
Essa regra define o forum obligationis ou forum destinatae solutionis ou 
foro para cumprimento de obrigações. As ações em que se exijam o 
cumprimento de obrigação devem ser ajuizadas perante o foro do lugar 
onde deva ser satisfeita. 
 
REGRA ESPECIAL APLICADA ÀS RELAÇÕES DE CONSUMO: 
DESTAQUE AO CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO 
CONSUMIDOR 
 
Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e 
serviços, sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste título, serão 
observadas as seguintes normas: 
 
I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor; 
 
No que se refere aos contratos de consumo firmados pela internet e que 
envolvam consumidor domiciliado no Brasil, assinala GONÇALVES 
(2012, p. 87) que, se a empresa tiver sede social em país estrangeiro ou o 
consumidor promove a ação judicial no país sede da empresa, ou ingressa 
com a ação no Brasil, “amparado que se encontra pela Constituição 
Federal (art. 5º, XXXII), Lei de Introdução às normas do Direito 
Brasileiro (art. 9º, §2º), Código de Processo Civil (art. 88, II) e Código de 
Defesa do Consumidor (art. 101, I)”.

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