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a uma obrigação (Gonçalves, 2004, p.102). Aquele que prometeu, assegura o cumprimento da prestação prometida, devendo, em razão disso, ter a prudência de obter previamente do terceiro, a devida concordância. A situação ora analisada só se verifica na prática, se a pessoa que prometeu não agiu como mandatária do terceiro, hipótese em que, na verdade, estaria representando este último. A regra do parágrafo único visa proteger o cônjuge dos desatinos do outro. Assim, quando o promitente estipular que seu cônjuge realizará determinada prestação, deverá fazê-lo com a anuência deste. Além disso, essa promessa não poderá ser realizada, quando os bens do casal puderem ser atingidos em razão do descumprimento da promessa pelo terceiro. Seria o caso de o marido prometer que sua esposa (com a qual é casado sob o regime da comunhão universal ou parcial de bens) irá anuir com a venda de um imóvel adquirido na constância do seu casamento. Nesse caso, se sua esposa não concordar com a venda, eventual reparação de danos imposta ao seu marido recairá sobre o patrimônio do próprio casal, o que seria uma incongruência. Por isso a lei determina que, em situações como essa, não haverá responsabilidade do promitente. JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA DIREITO CIVIL. SHOPPING CENTER. INSTALAÇÃO DE LOJA. PROPAGANDA DO EMPREENDIMENTO QUE INDICAVA A PRESENÇA DE TRÊS LOJAS-ÂNCORAS. DESCUMPRIMENTO DESSE COMPROMISSO. PEDIDO DE RESCISÃO DO CONTRATO. 1. Conquanto a relação entre lojistas e administradores de Shopping Center não seja regulada pelo CDC, é possível ao Poder Judiciário reconhecer a abusividade em cláusula inserida no contrato de adesão que regula a locação de espaço no estabelecimento, especialmente na hipótese de cláusula que isente a administradora de responsabilidade pela indenização de danos causados ao lojista. 2. A promessa, feita durante a construção do Shopping Center a potenciais lojistas, de que algumas lojas-âncoras de grande renome seriam instaladas no estabelecimento para incrementar a frequência de público, consubstancia promessa de fato de terceiro cujo inadimplemento pode justificar a rescisão do contrato de locação, notadamente se tal promessa assumir a condição de causa determinante do contrato e se não estiver comprovada a plena comunicação aos lojistas sobre a desistência de referidas lojas, durante a construção do estabelecimento. 3. Recurso especial conhecido e improvido. (REsp 1259210/RJ, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, Rel. p/ Acórdão Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 26/06/2012, DJe 07/08/2012). _______________________ RECURSO ESPECIAL. DIREITO DE ARENA. CONTRATOS. CLÁUSULA DE EXCLUSIVIDADE. DOIS PACTOS. VALIDADE. SUBSISTÊNCIA DA SEGUNDA AVENÇA, DIANTE DA RESOLUÇÃO DO PRIMEIRO CONTRATO, POR INADIMPLEMENTO. PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO. OBRIGAÇÃO DE RESULTADO. INADIMPLEMENTO. RESPONSABILIDADE. PERDAS E DANOS. LESÃO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 e 356/STF. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DE DISPOSITIVO DE LEI. SÚMULA 284/STF. CLÁUSULA PENAL. REDUÇÃO. INVIABILIDADE. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ. INADIMPLEMENTO TOTAL DO CONTRATO. TERCEIRO QUE NÃO ANUIU. AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE. INDENIZAÇÃO. DÓLAR. CONVERSÃO PARA REAIS DE ACORDO COM O CÂMBIO DA DATA DA SENTENÇA. INVIABILIDADE DE ANÁLISE DA MATÉRIA À LUZ DOS ARTIGOS APONTADOS COMO VIOLADOS. SÚMULA 284/STF. DECISÃO EXTRA PETITA. NÃO OCORRÊNCIA. FUNDAMENTOS DIVERSOS. POSSIBILIDADE. CONTEÚDO NORMATIVO DO ART. 918 DO CC/1916. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CORREÇÃO DE PREMISSA EQUIVOCADA. EFEITOS INFRINGENTES. POSSIBILIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. FIXAÇÃO COM BASE NO ART. 20, §4º, DO CPC. BASE DE CÁLCULO. VALOR DA CAUSA. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE INSIGNIFICÂNCIA OU EXAGERO A JUSTIFICAR A ATUAÇÃO DESTA CORTE. 1. Válido o contrato celebrado entre duas pessoas capazes e aptas a criar direitos e obrigações, que ajustam um negócio jurídico tendo por objeto a prestação de um fato por terceiro. 2. Descumprida a obrigação de obter a anuência do terceiro ao contrato, responde o promitente inadimplente por perdas e danos, a teor do que dispunha o art. 929 do Código Civil de 1916, reproduzido pelo caput do art. 439 do Código Civil em vigor, "aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar". 3. In casu, não sendo a CBF titular do direito de transmissão dos jogos, reservado exclusivamente às entidades de prática desportiva, segundo o art. 24 da Lei 8.672/93, cumpria a ela obter dos clubes de futebol, a anuência ao contrato. O inadimplemento dessa obrigação, representada pela notificação endereçada à TVA, comunicando que não conseguira a anuência dos clubes, enseja a resolução (extinção) do contrato e a responsabilização por perdas e danos. 4. [...]. RECURSOS ESPECIAIS DESPROVIDOS. (REsp 249.008/RJ, Rel. Ministro VASCO DELLA GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS), TERCEIRA TURMA, julgado em 24/08/2010, DJe 16/11/2010) Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação. Nesse caso, o terceiro assumiu a obrigação de realizar a prestação, motivo porque responderá pessoalmente. Nada obsta, segundo Stolze e Pamplona Filho (2009, p. 11) que se estipule no contrato uma responsabilidade solidária entre o promitente e o terceiro. No entanto, essa solidariedade somente se verificará na hipótese de previsão contratual, já que, de acordo com o art. 265 do CCB: A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. 4. CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR Nesse tipo de contrato, se expressa uma cláusula especial denominada pro amico eligendo ou pro amico electo (Orlando Gomes), por meio da qual uma das partes se reserva ao direito de nomear outra pessoa (contraente in elegendo) para assumir a posição de contratante. Nessa situação, a pessoa nomeada assume a posição do nomeante na relação contratual, como se o contrato houvesse sido firmado por ela mesma. O nomeado assume, portanto, os direitos e as obrigações decorrentes do contrato. Nesse sentido, o art. 467 do CCB. Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes. Esse tipo de negócio é muito comum nos contratos preliminares ou pré-contratos, notadamente nos contratos de promessa de compra e venda de imóveis. Na situação, o terceiro (contraente in elegendo) pode ter motivos para não tomar a frente da negociação, aparecendo apenas em momento futuro. Noutra hipótese, o contratante inicial, que se reserva ao direito de nomear terceira pessoa oportunamente, pode ser um investidor que firma o contrato com o intuito de, posteriormente, ceder onerosamente sua posição contratual a outro interessado. O art. 468 indica o prazo decadencial dentro do qual a indicação [direito potestativo do contratante] deve ser feita. O parágrafo único indica que a concordância da pessoa nomeada deve ser realizada da mesma forma adotada pelas partes contratantes. Dessa maneira, se a aceitação da proposta contratual se deu de forma expressa e escrita, a aquiescência do terceiro em relação à cláusula pro amico elegendo também deverá sê-lo. Vejamos: Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado. Parágrafo único. A aceitação da pessoa