Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Régis Gonçalves Pinheiro Penal III – Parte Especial Nota de Aula nº 05 TÍTULO IXDOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA A finalidade do legislador foi proteger a paz pública, o sentimento de segurança, antes de qualquer ofensa à vida, à integridade física ou o patrimônio alheio. Há uma antecipação do legislador no sentido de punir condutas estimulariam e/ou fomentariam crimes. INCITAÇÃO AO CRIME Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime: Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a paz pública. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: qualquer pessoa; Sujeito Passivo: a coletividade 03) Tipo Objetivo: Adequação típica O Crime consiste em instigar (instigar, induzir) publicamente (direcionado a um número indeterminando de pessoas) a prática de crime. Obs.1: pode ser praticado por qualquer meio: palavras, gestos ou atitudes; Obs.2: o tipo penal pune a incitação a prática de crime presente e futura; Obs.3: não se adequa ao crime em estudo, a incitação a atos que constituem contravenção penal, ou atos meramente imorais, que não são crimes; Obs.4: para a adequação típica do crime em estudo, não basta a incitação pública para prática de crime de forma genérica, há a necessidade de que o agente estimule a prática de crime determinado, como furto, roubo, etc. Obs.5: não há necessidade de que o agente aponte os meios de execução do crime; Obs.6: há necessidade de que a incitação seja pública e destinada a um número indeterminando de pessoas; Obs.7: a residência particular e os pequenos estabelecimentos comerciais não são considerados locais públicos, ainda que em seu interior encontrem-se diversas pessoas; Obs.8: se a incitação tiver como destinatário um único indivíduo, ou indivíduos determinados, não se configura o crime do art. 286, CP. O que se verifica é a 1 FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA Centro de Ciências Jurídicas – CCJ Curso de Direito participação, na modalidade do concurso de pessoas (art. 29, caput, CP); 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – vontade livre e consciente de incitar um número indeterminado de pessoas a pratica de crime determinado. É necessário que o agente tenha a ciência de que um número indeterminando de pessoas está tomando ciência da incitação. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se com a prática da incitação, desde que esta seja percebida por um número indeterminado de pessoas. Obs.: por se tratar de crime formal, não há necessidade de que alguém pratique o crime, mas se o fizer, poderá o agente participar no delito incitado (art. 29, CP) ou em sua tentativa (art. 31, CP). A tentativa não é possível, se a incitação for oral. Mas admite-se a tentativa, se a incitação for realizada por outros meios, como distribuição de panfletos, cartazes, etc. 06) Distinções i) Lei de Segurança Nacional (art. 23, Lei 7.170/83), quando a incitação tiver conotação política: Art. 23 - Incitar: I - à subversão da ordem política ou social; II - à animosidade entre as Forças Armadas ou entre estas e as classes sociais ou as instituições civis; III - à luta com violência entre as classes sociais; IV - à prática de qualquer dos crimes previstos nesta Lei. Pena: reclusão, de 1 a 4 anos. ii) Genocídio (art. 3º, Lei 2.889/56) Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer qualquer dos crimes de que trata o art. 1º: Pena: Metade das penas ali cominadas. § 1º A pena pelo crime de incitação será a mesma de crime incitado, se este se consumar. § 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço), quando a incitação for cometida pela imprensa. iii) Código Penal Militar Art. 155. Incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar: Pena - reclusão, de dois a quatro anos. Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem introduz, afixa ou distribui, em lugar sujeito à administração militar, impressos, manuscritos ou material mimeografado, fotocopiado ou gravado, em que se contenha incitamento à prática dos atos previstos no artigo. iv) Preconceito ou discriminação (Lei 7.716/89) Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Pena: reclusão de um a três anos e multa. v) incitação a prática de suicídio: art. 122, CP; 2 vi) incitação a lascívia alheia, à prática da prostituição, ou outra forma de exploração sexual: arts. 227 e 228, CP; 07) Classificação doutrinária Crime Comum (primeira parte); Crime Formal – consuma-se com a conduta; Crime de Perigo Comum – perigo comum a pessoas indeterminadas; Instantâneo; Comissivo; Unissubjetivo – pode ser praticado por uma só pessoa; Plurissubsistente – a conduta pode ser fracionada em diversos atos, salvo na incitação de forma oral. 08) Ação Penal Pública incondicionada. 3 APOLOGIA DE CRIME OU CRIMINOSO Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime: Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a paz pública. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: qualquer pessoa; Sujeito Passivo: a coletividade 03) Tipo Objetivo: Adequação típica O Crime consiste em fazer apologia (louvar, enaltecer, elogiar) publicamente (direcionado a um número indeterminando de pessoas) de fato criminoso ou de autor de crime. Obs.1: pode ser praticado por qualquer meio: palavras, gestos ou atitudes; Obs.2: o tipo penal pune a incitação a prática de crime, de forma indireta, implícita; Obs.3: não se adequa ao crime em estudo, fatos criminosos que constituem contravenção penal, meramente imoral, ou o fato culposo; Obs.4: trata-se de fato criminoso determinando e já ocorrido; Obs.5: há necessidade de que a apologia seja pública e destinada a um número indeterminando de pessoas; Obs.6: o STF (ADPF nº 187) reconheceu que não há crime de apologia, quando das manifestações sobre a descriminalização de substâncias psicotrópicas (marcha da maconha); Obs.7: “autor de crime” – qualquer pessoa envolvida com delito, autor, coautor, partícipe, sendo indiferente se o mesmo já foi condenando, ou ainda está respondendo o processo; Obs.8: conforme a doutrina, haverá concurso formal de crimes, se o agente, em um mesmo contexto fático, fizer apologia de vários fatos criminosos ou de diversos autores de crimes; Obs.9: haverá um único crime, se o agente, em um mesmo contexto fático, fizer apologia de um único fato criminoso ou de seu autor de crime; 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – vontade livre e consciente de praticar a apologia, ciente da publicidade. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se com a prática da apologia, desde que esta seja percebida por um número indeterminado de pessoas. Obs.: por se tratar de crime formal, não há necessidade de que alguém pratique o crime, mas se o fizer, poderá o agente participar no delito louvado (art. 29, CP) ou em sua tentativa (art. 31, CP). A tentativa não é possível, se a apologia for oral. Mas admite-se a tentativa, se a 4 apologia for realizada por outros meios, como distribuição de panfletos, cartazes, etc. 06) Distinções i) Lei de Segurança Nacional (art. 22, v, Lei 7.170/83); 07) Classificação doutrinária Crime Comum (primeira parte); Crime Formal – consuma-se com a conduta; Crime de Perigo Comum – perigo comum a pessoas indeterminadas; Instantâneo; Comissivo; Unissubjetivo – pode ser praticado por uma só pessoa; Plurissubsistente – a conduta pode ser fracionada em diversos atos, salvo na apologia de forma oral. 08) Ação Penal Pública incondicionada. 5 ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA Art. 288 - Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. Parágrafo único - A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente. Obs.1: Como a pena é de 1 a 3 anos,trata-se de crime de médio potencial ofensivo, cabendo no caso suspensão condicional da pena. Obs.2: Note que a pena máxima não supera 4 anos. Portanto, de acordo com a Lei 12.403/11, o associado primário não pode ser preso preventivamente. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a paz pública. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: qualquer pessoa (concurso de pessoas necessário); Obs.1: Crime comum Portanto, o sujeito ativo é qualquer pessoa. Obs.2: Porém, é um crime comum plurissubjetivo, pois é de concurso necessário. É necessário ter no mínimo três pessoas. Atenção!! No número mínimo de três pessoas computam-se eventuais inimputáveis e agentes não identificados. Sujeito Passivo: a coletividade 03) Tipo Objetivo: Adequação típica O Crime consiste em associar (reunir, juntar, aliar) três ou mais pessoas para o fim de cometer crimes. ELEMENTOS CONFIGURADORES: i) associação estável ou permanente; ii) composta por três ou mais pessoas; iii) com o fim de praticar crimes. Esquema MASSON (adaptado): Associação criminosa Concurso de Pessoas (coautoria ou participação) União estável e permanente de três ou mais pessoas União eventual ou momentânea de pessoas Intenção de praticar um número indeterminado de crimes Intenção de cometer um ou alguns crimes determinados Consuma-se com a simples associação estável e permanente, ainda que nenhum delito seja efetivamente praticado Consuma-se com a prática de atos de execução da empreitada criminosa 6 Obs.1: a associação estável ou permanente é a característica que diferencia o crime em estudo do concurso de pessoas (coautoria ou participação). Obs.2: o crime em estudo é de natureza FORMAL, consuma-se com a simples associação estável e permanente, ainda que nenhum delito seja efetivamente praticado; Obs.3: para configuração do crime em estudo basta uma mínima hierarquia entre os seus membros; Obs.4: Na hipótese de três ou mais pessoas se reúnem-se para a prática de crime continuado, há associação criminosa ou mero concurso de pessoas? Duas correntes: i) Associação criminosa (Nucci); ii) Concurso de Pessoas (Hungria) – para quem na continuidade delitiva não se verifica a associação estável e permanente. Obs.5: se três ou mais pessoas se reúnem para a prática de contravenções penais, não há que se falar no art. 288, CP; Obs.6: os crimes a que se refere o art. 288, CP, são os dolosos – estando fora os culposos e os preterdolosos, em razão da sua involuntariedade; Obs.7: o art. 288, CP, reclama três ou mais pessoas em união estável e permanente para a prática de crimes indeterminados, podendo seus integrantes serem inimputáveis, desde que um seja imputável; Obs. complementar: contudo o inimputável deve apresentar um mínimo de discernimento para ser computado como integrante da associação ilícita. Obs.8: o MP pode oferecer denúncia contra apenas o membro conhecido e identificado de uma associação ilícita; Obs.9: não há necessidade de descrição detalhada da conduta de cada um dos membros da associação ilícita; Obs.10: nos crimes em que as penas são exasperadas, mediante a previsão de qualificadoras ou causas de aumento de pena, quando praticados em concurso de pessoa, a doutrina e jurisprudência dominante entende que é possível a aplicação do 288, sem que se configure bis in idem; Obs.11: a extinção da punibilidade de um ou mais membros, não afasta a aplicação do art. 288, CP; Obs.12: É possível agente pertencer a mais de uma associação criminosa? Se o agente integra diversas associações criminosas, viola por diversas vezes a lei, caracterizando concurso material de delitos. O que a lei pune é associar-se e se ele mais de uma vez se associa, caracteriza a pluralidade de crimes (Magalhães Noronha). Obs. 13: No número mínimo de 3 associados computa-se o agente infiltrado?1. (1ª corrente): da mesma forma que se admite a formação de associação criminosa com a inserção de menor de 18 anos, embora não seja culpável, é de se considerar válida, para a caracterização do tipo do art. 288, a presença do agente infiltrado, embora ele não seja punido por estar no estrito cumprimento de um dever legal. Esse é entendimento de Nucci e da maioria.2. (2ª corrente): o policial infiltrado não deve ser computado, pois não age com “animus” associativo. Essa minoria que discorda. 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – vontade livre e consciente do agente de se associar com outras pessoas, com a 7 finalidade de cometer crimes. Elemento subjetivo do tipo: com a finalidade de cometer crimes. Obs.: É indispensável a finalidade de lucro? Não. É dispensável a finalidade de lucro. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se no momento em que a associação criminosa (no mínimo três pessoas) é formada, independentemente a prática de qualquer delito. Obs.1: trata-se de crime permanente; Obs.2: no caso de uma associação criminosa de três integrantes (crime consumado), e posteriormente um dos integrantes vier a se retirar da mesma, persiste o delito, pois o crime já fora consumado; Obs.3: se após oferecida ação penal pelo crime do 288, e se ainda assim persistir a associação ilícita, deverá ser intentada nova ação penal; Obs.4: se uma associação criminosa é formada por A, B, C e D, mas apenas A, B e C cometem um crime de estelionato: A, B e C respondem pelo crime de associação criminosa em concurso material com o crime de estelionato, e D somente pelo de associação criminosa; A tentativa não é possível, pois o crime de associação criminosa já é em si um ato preparatório. 06) Formas Simples – caput; Qualificada – parágrafo único – A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente. Obs.1: para a qualificação, tanto pode ser arma própria (revólver) como imprópria (faca, navalha); Obs.2: a qualificadora se configura, mesmo que somente um dos integrantes porte a arma; Obs.3: basta a posse de arma, para que se configure a qualificadora. Obs.4: não há bis in idem no caso de associação criminosa armada em concurso material de roubo qualificado pelo emprego de arma de fogo; Obs.5: a qualificadora se configura, quando um dos integrantes for criança ou adolescente; 07) Classificação doutrinária Crime comum; Crime formal Crime de perigo comum e abstrato Permanente; Comissivo; Plurissubjetivo; Plurissubsistente. 8 08) Ação Penal Pública incondicionada. 09) Espécies de Associação Criminosa Associação Criminosa Genérico (art. 288, CP) É a figura do art. 288, do CP Associação Criminosa Especial (art. 8º, Lei 8.072/90) É a reunião de três ou mais pessoas com a finalidade de praticar crimes previsto na Lei de Crimes Hediondos. Obs.: é cabível a delação premiada. Associação Criminosa Especial com a finalidade de praticar tráfico de drogas (art. 35, Lei 11.343/06) É a Associação Criminosa, para fins de tráfico de drogas. Associação Criminosa (Art. 288, CP) Associação para o tráfico (art. 35 da Lei 11.343/06) Mínimo três pessoas Mínimo duas pessoas Prática de crimes em geral Prática dos crimes definidos nos arts. 33, caput, e § 1º, 34 e 36 da Lei de Drogas 10) Crime Organizado – Lei 9.034/95 11) Lei de Segurança Nacional – Lei 7.170/83 12) Genocídio – Lei 2.889/1956 13) Formação de Cartel e Acordos de Leniência – Lei 12.529/2011 14. ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA x ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA Obs.: Associação criminosa não se confunde com organização criminosa. Associação Criminosa Organização criminosa É crime previsto no art. 288 do CP Não é crime, mas forma de praticar crime, prevista na Lei 12.694/2012 Tem pena. Como não é crime, não tem pena, mas gera consequências. Por exemplo, organização criminosa pode permitir a inclusão de seu membro no RDD. É associação de 3 ou mais pessoas. Número mínimo: 3 pessoas. Tem como requisito a presença de 3 ou mais pessoas. Númeromínimo: 3 pessoas. Dispensa organização, sendo indiferente a posição ocupada por cada associado. É estruturalmente ordenada, caracterizada pela divisão de tarefas. Tem como finalidade a prática de crimes Tem como finalidade obter vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de crimes. Se for crime nacional, pena de 4 ou mais anos, transnacional, não há esse limite. Conclusões: (1) É possível associação criminosa, sem implicar na existência de organização 9 criminosa. Ex.: três pessoas reunidas de forma estável e permanente, mas sem ordem e divisão de tarefas, praticam roubos. (2) É possível associação criminosa na forma de organização criminosa. Ex.: três pessoas, reunidas de forma estável e permanente, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, praticam roubos a banco. O MP denuncia pelo art. 288 cumulado com o art. 2º da Lei n. 12.694/2012: Art. 2o Para os efeitos desta Lei, considera-se organização criminosa a associação, de 3 (três) ou mais pessoas, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de crimes cuja pena máxima seja igual ou superior a 4 (quatro) anos ou que sejam de caráter transnacional. 10 CONSTITUIÇÃO DE MILÍCIA PRIVADA Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a paz pública. Objeto material (definições): Organização paramilitar : associação civil, desvinculada do Estado, armada e com estrutura análoga às instituições militares, que utiliza táticas e técnicas policiais ou militares para alcançar seus objetivos; Milícia particular : é o agrupamento armado e estruturado de civis – inclusive com a participação de militares fora de suas funções – com a pretensa finalidade de restaurar a segurança em locais controlados pela criminalidade, em face da inoperância ou desídia do Poder Público; Grupo e esquadrão ligam-se a grupo de extermínio. Grupo de Extermínio : é a associação de matadores, composta de particulares e muitas vezes por policiais autointitulados de “justiceiros”, que buscam eliminar pessoas deliberadamente rotuladas como perigosas ou inconvenientes aos anseios da coletividade. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: qualquer pessoa (concurso de pessoas necessário); Sujeito Passivo: a coletividade 03) Tipo Objetivo: Adequação típica O Crime consiste em constituir, organizar, integrar, manter e custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste código. - trata-se de crime de conteúdo variado ou ação múltipla; Obs.1: a associação estável ou permanente dos agentes é fundamental para a constituição de milícia privada, bem como para diferenciá-la do concurso de pessoas (coautoria ou participação). Obs.2: no crime previsto no art. 288-A, é imprescindível o vínculo associativo, caracterizado pela estabilidade e pela permanência entre os seus integrantes. Obs.3: o crime do art. 288-A é de natureza FORMAL, consuma-se com a simples associação estável e permanente, ainda que nenhum delito seja efetivamente praticado; Constituição de Milícia Privada Concurso de Pessoas (coautoria ou participação) União estável e permanente de três ou mais pessoas União eventual ou momentânea de pessoas Intenção de praticar um número indeterminado de crimes, previstos no Código Penal Intenção de cometer um ou alguns crimes determinados Consuma-se com a simples associação estável e permanente, ainda que nenhum delito seja efetivamente praticado Consuma-se com a prática de atos de execução da empreitada criminosa 11 Obs.4: para configuração do crime do art. 288-A, basta uma mínima hierarquia entre os seus membros; Obs.5: (IMPORTANTE) o crime do art. 288-A, limita-se aos crimes previsto no CP; Obs.6: se quatro ou mais pessoas se reúnem-se para a prática de contravenções penais, não há que se falar no art. 288-A, CP; Obs.7: os crimes a que se refere o art. 288-A, CP, são os dolosos – estando fora os culposos e os preterdolosos, em razão da sua involuntariedade; Obs.8: o art. 288-A, CP, reclama três ou mais pessoas em união estável e permanente para a prática de crimes indeterminados e previstos no CP, podendo seus integrantes serem inimputáveis, desde que um seja imputável; Obs. complementar: contudo o inimputável deve apresentar um mínimo de discernimento para ser computado como integrante da associação ilícita. Obs.9: o MP pode oferecer denúncia contra apenas o membro conhecido e identificado de uma associação ilícita; Obs.10: não há necessidade de descrição detalhada da conduta de cada um dos membros da associação ilícita; Obs.11: a extinção da punibilidade de um ou mais membros, não afasta a aplicação do art. 288-A, CP; 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – vontade livre e consciente do agente de constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de cometer crimes previstos no CP. Elemento subjetivo do tipo: com a finalidade de cometer crimes previstos no CP. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se no momento em que a associação criminosa (no mínimo três pessoas) é formada, independentemente a prática de qualquer delito. Obs.1: trata-se de crime permanente; Obs.2: caso uma milícia de três integrantes (crime consumado), e posteriormente um dos integrantes vier a se retirar da mesma, persiste o delito, pois o crime já fora consumado; Obs.3: se após oferecida ação penal pelo crime do 288-A, e se ainda assim persistir a associação ilícita, deverá ser intentada nova ação penal; Obs.4: se uma milícia é formada por A, B e C, mas apenas A e B cometem um crime de homicídio: A e B respondem pelo crime do art. 288-A em concurso material com o crime de homicídio, e C somente pelo 288-A; A tentativa não é possível, pois a associação criminosa já é em si um ato preparatório. 06) Classificação doutrinária Crime comum; Crime formal; Crime de perigo comum e abstrato; Permanente; Comissivo; Plurissubjetivo; Plurissubsistente. 08) Ação Penal Pública incondicionada. 12 FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ
Compartilhar