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Apostila Patologia Clínica Unidade 4 temporária

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1 INTRODUÇÃO 
 
Nos estudos sobre Patologia Clínica dessa apostila, trabalharemos alguns 
conceitos importantes para serem apreendidos neste primeiro estágio. Entenderemos 
o procedimento de execução de exames e analisaremos cada fase desde a coleta, 
identificação e armazenamento até o envio ao laboratório, para a interpretação dos 
resultados e possível diagnóstico. 
Nessa unidade, serão abordados três assuntos: Análise do líquido 
cefalorraquidiano, análise citológica e avaliação da medula óssea ou mielograma. Em 
cada parte, veremos os tipos de exames e quais os resultados esperados. 
 
 
2 LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO 
 
O líquido cefalorraquidiano (LCR), ou líquor, é responsável por manter o 
cérebro e a medula espinhal suspensos, protegendo-os de possíveis injúrias. A 
análise do LCR é uma ferramenta útil na avaliação das afecções do encéfalo e medula 
espinhal e deve ser indicada nos casos de doenças neurológicas e em casos de sinais 
progressivos de deterioração do estado mental, convulsões, febre, etc. (PACHECO, 
2008). 
 
2.1 Técnicas de coleta 
 
O LCR pode ser colhido na cisterna cerebelomedular (espaço atlanto-occipital) 
ou na cisterna lombar (entre L5 e L6). Deve-se realizar ampla tricotomia e antissepsia 
e utilizar materiais e luvas estéreis. A utilização de anticoagulante não é recomendada, 
pois raramente ocorre coagulação. Caso a agulha atinja algum osso durante a 
introdução, é recomendada a retirada da agulha, reavaliação dos pontos de 
localização e redirecionamento da agulha em sentido ligeiramente cranial ou caudal. 
O LCR é colhido por gotejamento. Caso a amostra se apresente hemorrágica, é 
possível que a agulha tenha atingido um vaso sanguíneo ou o sinus venoso, então, é 
recomendada a retirada e descarte da agulha e nova punção com agulha limpa 
(RASKIN; MEYER, 2003). 
 
 
Figura 1: Coleta de LCR em cisterna cerebelomedular (espaço atlanto-occipital). Fonte: A autora. 
 
2.2 LCR normal 
 
REFLITA!!! O LCR normal é incolor, límpido, semelhante à água (COWELL; 
TYLER; MEINKOTH, 2009). Pequenos linfócitos e células mononucleares são os tipos 
celulares predominantes no LCR normal. Ocasionalmente, podem sem observados 
neutrófilos maduros não degenerados e a presença de eosinófilos é rara (RASKIN; 
MEYER, 2003). 
 
 
 
2.3 Contagem celular 
 
A amostra de LCR normal apresenta baixa celularidade (inferior a 8 células 
nucleadas/µL). Por esse motivo, aparelhos automáticos não realizam contagem 
celular de forma confiável. A contagem de células nucleadas e de hemácias deve ser 
realizada em hemocitômetro (câmara de Neubauer). As células nucleadas 
apresentam-se com aspecto granular, enquanto as hemácias têm aspecto 
homogêneo e muitas vezes apresentam-se crenadas (COWELL; TYLER; MEINKOTH, 
2009). 
Por se tratar de uma amostra com baixa celularidade, técnicas para 
concentração celular são necessárias para a confecção de lâminas para avaliação 
microscópica (COWELL; TYLER; MEINKOTH, 2009). 
 
2.3.1 Contaminação sanguínea X hemorragia 
 
Quando amostras de LCR apresentam coloração rósea ou avermelhada e na 
contagem celular são identificadas hemácias, é possível que tenha havido 
contaminação sanguínea iatrogênica no momento da colheita ou que haja hemorragia 
no sistema nervoso central. Amostras avermelhadas por contaminação iatrogênica 
apresentam sobrenadante incolor, enquanto amostras de pacientes com hemorragia 
no SNC por mais de 12 horas podem apresentar sobrenadante xantocrômico 
(coloração amarelo alaranjada) e no exame citológico podem ser observadas figuras 
de eritrofagocitose (COWELL; TYLER; MEINKOTH, 2009). 
Diversos estudos têm sido realizados para determinar a influência da 
contaminação sanguínea na contagem de células nucleadas e na concentração de 
proteínas totais. Alguns autores demonstraram que contagem de hemácias superior a 
15.000/µL não interfere nos resultados desses exames. Mas um outro estudo mostrou 
que pode haver aumento de um leucócito para cada 100 hemácias oriundas de 
contaminação. De forma geral, é recomendada nova colheita quando a contagem de 
hemácias for superior a 3.000/µL (COWELL; TYLER; MEINKOTH, 2009). 
 
 
 
2.3.2 Pleocitose 
 
Pleocitose refere-se à contagem de células nucleadas aumentada no LCR. 
Tanto a intensidade da pleocitose quanto o tipo celular predominante são importantes 
para a interpretação dos resultados (COWELL; TYLER; MEINKOTH, 2009). 
• Pleocitose discreta refere-se a contagens de células nucleadas maiores que os 
valores de referência, mas menores que 25 células/µL; 
• Pleocitose moderada refere-se a contagens entre 26 e 100 células/µL; 
• Pleocitose intensa refere-se a contagens maiores que 101 células/µL. 
a) Neutrofílica: 
Pleocitose neutrofílica ocorre quando os neutrófilos compreendem mais que 
50% das células nucleadas. Pode ser causada por quadros infecciosos ou não 
infecciosos (COWELL; TYLER; MEINKOTH, 2009). 
A meningoencefalite bacteriana é rara em animais e a análise do LCR revela 
aumento da concentração de proteínas e pleocitose neutrofílica intensa. Os neutrófilos 
podem apresentar-se degenerados. Ausência de bactérias no exame citológico e 
resultado negativo na cultura não descartam meningoencefalite séptica (COWELL; 
TYLER; MEINKOTH, 2009). 
Cinomose aguda, peritonite infecciosa felina, criptococose, toxoplasmose e 
neosporose também são causas infecciosas de pleocitose neutrofílica. Testes mais 
específicos como PCR e ELISA devem ser realizados para a confirmação do 
diagnóstico (COWELL; TYLER; MEINKOTH, 2009). 
b) Linfocítica: 
Pleocitose linfocítica ocorre quando os linfócitos compreendem mais que 75% 
das células nucleadas. Pleocitose linfocítica discreta a moderada pode ser observada 
em amostras de LCR de animais com raiva. 
Linfomas no sistema nervoso central podem ocorrer de forma primária ou 
secundária a metástase em outros sítios. Frequentemente, a concentração de 
proteína no LCR encontra-se aumentada e a pleocitose pode ocorrer pela presença 
de pequenos linfócitos ou pela presença de linfócitos atípicos característicos do 
linfoma (COWELL; TYLER; MEINKOTH, 2009). 
c) Mista: 
Pleocitose mista ocorre quando há mais que 20% de dois ou mais tipos 
celulares. 
As doenças medulares compressivas (doença do disco intervertebral, 
espondilomielopatia cervical – síndrome de “Wobbler” e fraturas) são as causas mais 
comuns de paresia e paralisia em pequenos animais. Em muitos casos, a análise do 
LCR não revela alterações. Quando presentes, as alterações mais comuns são 
aumento da concentração de proteínas totais e discreta pleocitose mononuclear ou 
mista com presença de mais que 30% de neutrófilos nas lesões agudas (COWELL; 
TYLER; MEINKOTH, 2009). 
A meningoencefalite granulomatosa (MEG) é uma doença inflamatória não 
séptica do sistema nervoso central que acomete com maior frequência cadelas de 
raças pequenas, jovens a meia-idade. A etiopatogenia da doença ainda não é 
conhecida. A análise do LCR frequentemente revela aumento da concentração de 
proteínas totais e pleocitose discreta a intensa, apresentando caráter misto com 
presença de mais que 50% de neutrófilos nos casos agudos e nos casos mais 
crônicos, pleocitose mononuclear (COWELL; TYLER; MEINKOTH, 2009). 
A meningoencefalite necrosante (encefalite do Pug) consiste na inflamação do 
sistema nervoso que acomete cães jovens (6 meses a 7 anos) das raças Maltês, 
Yorkshire e Pug. A análise do LCR revela aumento na concentração de proteínas 
totais (maior que 100 mg/dL) e pleocitose mista de intensidade moderada a intensa 
(COWELL; TYLER; MEINKOTH, 2009). 
A utilização de contrastes radiográficos para a mielografiatambém pode causar 
alterações no LCR. Aumento na concentração de proteínas totais e pleocitose mista 
discreta a moderada são alterações frequentemente observadas (COWELL; TYLER; 
MEINKOTH, 2009). 
 
3 CITOLOGIA 
 
3.1 Técnicas de Coleta 
 
Existem diversas técnicas para coleta de material para exame citológico. De 
acordo com o local e o aspecto da lesão, podemos identificar qual a melhor opção. 
 
3.1.1 Citologia aspirativa por agulha fina (CAAF) 
 
A citologia aspirativa por agulha fina (CAAF) é uma técnica bastante utilizada 
para lesões de origens diversas: nódulos cutâneos, linfonodos, glândula mamária, 
glândula salivar e até órgãos internos. Esta técnica é pouco invasiva e minimiza a 
possibilidade de contaminação com células ou microrganismos superficiais (COWELL; 
TYLER; MEINKOTH, 2009). 
Para a coleta, deve-se imobilizar o nódulo ou estrutura a ser puncionada 
utilizando uma das mãos. Com a outra mão, inserir uma agulha acoplada a uma 
seringa. Com a agulha posicionada, puxa-se o êmbolo da seringa, a fim de 
proporcionar uma pressão negativa. Sem retirar a agulha, realizam-se movimentos 
redirecionando a agulha para frente e para trás, para o lado esquerdo e para o lado 
direito (se a pressão negativa for excessiva ou muito prolongada pode haver 
contaminação da amostra com sangue periférico por ruptura de pequenos vasos 
sanguíneos). Logo após a realização dos movimentos com a agulha, solta-se o 
êmbolo e retira-se o conjunto agulha + seringa (a retirada do conjunto com o êmbolo 
puxado pode ocasionar o deslocamento do material presente na agulha para a 
seringa, de onde dificilmente será removido). A seringa é desacoplada, puxa-se o 
êmbolo e acopla-se à agulha novamente. O êmbolo deve ser empurrado com a agulha 
apontada para uma lâmina de microscopia. O material é, então, transferido para a 
lâmina e será necessária a realização de um esfregaço ou squash para espalhar as 
células pela lâmina e possibilitar uma avaliação adequada do material (COWELL; 
TYLER; MEINKOTH, 2009). 
 
 
 
Figura 2: Técnica de coleta de amostra para avaliação citológica com aspiração. Fonte: Veloz (2011). 
Disponível em: <http://bvs.sld.cu/revistas/san/vol_16_2_12/san13212.htm>. Acesso em: 20 maio. 
2017. 
 
3.1.2 Citologia por agulha fina (sem aspiração) 
 
Uma técnica bastante semelhante à CAAF é a citologia por agulha fina sem 
aspiração. O que difere da técnica padrão com aspiração é que não é aplicada a 
pressão negativa no momento da coleta. A agulha pode ser posicionada no nódulo ou 
estrutura a ser puncionada sem a seringa ou com a seringa preenchida de ar. A agulha 
deve ser reposicionada, com o cuidado para que não saia da pele, em diversas 
direções para possibilitar a obtenção de células de diferentes regiões da formação, 
como na técnica padrão. Logo após, retira-se a agulha ou o conjunto seringa + agulha. 
Nos casos em que a agulha estiver acoplada à seringa preenchida de ar, é possível a 
transferência imediata do material para a lâmina de microscopia, evitando problemas 
como coagulação ou ressecamento da amostra no canhão da agulha. Esta técnica é 
preferida pela maioria dos profissionais, pois fornece material de qualidade 
semelhante ou superior ao obtido pela técnica padrão com aspiração e há menor 
chance de contaminação na coleta de estruturas muito vascularizadas (COWELL; 
TYLER; MEINKOTH, 2009). 
 
Figura 3: Técnica de coleta de amostra para avaliação citológica sem aspiração. Fonte: Veloz (2011). 
Disponível em: <http://bvs.sld.cu/revistas/san/vol_16_2_12/san13212.htm>. Acesso em: 20 maio. 
2017. 
 
3.1.3 “Imprint” 
 
A técnica de “imprint” ou esfregaço por impressão é realizada em lesões 
ulcerativas ou exsudativas superficiais e também pode ser utilizada para avaliar 
fragmentos de tecidos colhidos em cirurgia ou necropsia (COWELL; TYLER; 
MEINKOTH, 2009). 
É importante ressaltar que o “imprint” de nódulos ulcerados pode apresentar 
apenas células inflamatórias e microrganismos contaminantes. Nesses casos, pode-
se optar por fazer a citologia por agulha fina em algum local não ulcerado (COWELL; 
TYLER; MEINKOTH, 2009). 
Para a confecção de esfregaços por impressão de fragmentos de tecidos, é 
importante que o sangue ou fluido tecidual em excesso na amostra seja retirado com 
o auxílio de um papel toalha. O fragmento deve ser pressionado contra uma lâmina 
de vidro limpa e removido no sentido vertical e esse procedimento pode ser repetido 
por algumas vezes, de forma que a lâmina contenha várias impressões do tecido. O 
fragmento não deve ser esfregado na lâmina, pois pode ocorrer a ruptura das células 
presentes no material (COWELL; TYLER; MEINKOTH, 2009). 
 
 
Figura 4: Esfregaços por impressão de tecido removido em cirurgia. Fonte: Cowell, Tyler e Meinkoth 
(2009, p. 6 e 7). 
 
Na Figura 4, em (A) está representada a remoção do excesso de sangue e 
fluido tecidual em que a superfície do fragmento é encostada várias vezes em um 
papel absorvente. Em (B) a imagem mostra que o tecido é gentilmente pressionado 
contra a superfície da lâmina para microscopia. E em (C) estão as lâminas resultantes 
de esfregaço por impressão. A lâmina de baixo está adequada, enquanto que a lâmina 
de cima apresenta excesso de sangue periférico (setas); é possível que sejam 
visualizadas apenas hemácias e células inflamatórias nessa lâmina. 
 
 
 
3.1.4 Raspado ou escarificação 
 
A técnica de raspado é bastante utilizada para lesões cutâneas chatas e secas, 
quando não é possível utilizar a citologia por agulha fina ou o “imprint” (COWELL; 
TYLER; MEINKOTH, 2009). 
O raspado deve ser profundo o suficiente para causar pequeno sangramento 
ou exsudação de soro. Esses materiais proteináceos auxiliam na adesão das células 
à lâmina de vidro (COWELL; TYLER; MEINKOTH, 2009). 
Lesões causadas pelo complexo granuloma eosinofílico em felinos e por 
dermatofitoses são exemplos de situações em que a escarificação pode ser realizada. 
Tais lesões são planas (o que impossibilita a realização da citologia por agulha fina) e 
secas (o que impossibilita a realização de “imprints”) (COWELL; TYLER; MEINKOTH, 
2009). 
 
Figura 5: Várias lesões do tipo placa elevada no ventre de um gato com granuloma eosinofílico. Fonte: 
Cowell, Tyler e Meinkoth (2009, p. 7). 
 
Na Figura 5, as lesões ulceradas (apontadas pelas setas) são as que foram 
submetidas à escarificação até obtenção de uma pequena quantidade de 
sangue/soro. 
 
 
3.1.5 “Swab” 
 
A coleta de material utilizando o “swab” é feita quando, pela localização 
anatômica, não existe possibilidade de utilizar outra técnica. Frequentemente, “swabs” 
são utilizados para coleta de material do trato vaginal, ouvido externo e fístulas, 
principalmente para identificação de células neoplásicas como o TVT ou agentes 
infecciosos como bactérias e Malassezia sp (COWELL; TYLER; MEINKOTH, 2009). 
São utilizados “swabs” de algodão estéril (umidificados com solução salina 
estéril para a lesões secas). Após colhido o material, o “swab” é gentilmente rolado 
sobre a lâmina. Esfregar o “swab” na lâmina resulta em ruptura das células e 
compromete a avaliação citológica. 
 
 
Figura 6: Preparação de “swab” vaginal em cadela. O “swab” contendo a amostra é rolado ao longo da 
lâmina. Fonte: Cowell, Tyler e Meinkoth (2009, p. 7). 
 
 
Quadro 1: Critérios gerais e nucleares de malignidade facilmente reconhecíveis. Fonte: Cowell, Tyler e 
Meinkoth (2009, p. 41) (modificado). 
 
Indicação de vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=dL1yC-22EL0 
 
3.2 Tecido Hiperplásico 
 
A hiperplasia corresponde ao aumento tecidual não-neoplásico que ocorre de 
forma simétrica,em resposta a alterações hormonais ou lesões teciduais. É 
constituído de células maduras e uniformes com relação ao tamanho e morfologia 
(RASKIN; MEYER, 2003). 
 
3.3 Inflamação 
 
As condições inflamatórias são classificadas de acordo com o tipo celular 
predominante (RASKIN; MEYER, 2003): 
• Lesões purulentas ou supurativas: Há predomínio de neutrófilos (≅ 85%). Os 
neutrófilos podem apresentar-se degenerados nos casos de infecções 
bacterianas. Os processos inflamatórios não sépticos, afecções 
imunomediadas ou inflamação associada a neoplasia apresentam neutrófilos 
com morfologia normal. 
• Lesões histiocíticas ou macrofágicas: Há predomínio de macrófagos e sugere 
processo crônico. Macrófagos ativados (denominados macrófagos epitelióides) 
podem se agrupar, formando células gigantes multinucleadas. Lesões 
granulomatosas são frequentemente associadas a reações por corpo estranho 
ou infecção por micobactérias. 
• Lesões inflamatórias piogranulomatosas ou de células mistas: Há predomínio 
misto de neutrófilos e macrófagos, podendo ser observados numerosos 
linfócitos e plasmócitos. Este tipo de inflamação pode estar associado a 
reações por corpos estranho, infecção por micobactérias, infecções fúngicas, 
paniculite, granulomas por lambedura e outras lesões teciduais crônicas. 
• Lesões eosinofílicas: Apresentam mais que 10% de eosinófilos associados a 
outros tipos celulares inflamatórios. Lesões eosinofílicas estão presentes em 
granulomas eosinofílicos, hipersensibilidade ou reações alérgicas, infecções 
fúngicas, parasitárias e neoplasia de mastócitos. 
• Infiltração linfocítica ou plasmocítica: Uma população linfóide heterogênea com 
linfócitos de diferentes tamanhos, plasmócitos e outras células inflamatórias 
envolvidas sugere reações alérgicas ou imunes, estágio inicial de doença viral 
ou inflamação crônica. Uma população uniforme de linfócitos, sem outras 
células inflamatórias, indica neoplasia linfóide. 
 
3.4 Massas Císticas 
 
Lesões císticas são benignas, caracterizadas pelo acúmulo de líquido com 
baixo teor proteico e baixa celularidade. Exemplos incluem seroma, mucocele salivar, 
cisto de glândula sudorípara apócrina, cisto folicular/epidérmico e cistos associados à 
glândulas não cutâneas, como a glândula mamária ou prostática (RASKIN; MEYER, 
2003). 
 
3.5 Neoplasias 
 
A avaliação citológica pode fornecer informações que possibilitam a 
determinação do comportamento benigno ou maligno das lesões. O potencial de 
malignidade é avaliado pela observação da população celular quanto a diferenciação 
e atipia celular. Lesões benignas esfoliam células bem diferenciadas e 
morfologicamente uniformes, enquanto células consideradas malignas apresentam-
se atípicas, com evidente variação morfológica (COWELL; TYLER; MEINKOTH, 
2009). 
 
 
Quadro 2: Critérios gerais e nucleares de malignidade facilmente reconhecíveis. Fonte: Cowell, Tyler e 
Meinkoth (2009, p. 41) (modificado). 
REFLITA!!! As neoplasias ainda podem ser classificadas, de acordo com as 
características citomorfológicas, em quatro categorias gerais: neoplasias epiteliais, 
neoplasias de células redondas, neoplasias mesenquimatosas e neoplasias de 
núcleos livres (RASKIN; MEYER, 2003). 
 
3.5.1 Neoplasias epiteliais 
 
As neoplasias epiteliais são caracterizadas pela presença de células dispostas 
em agrupados. Frequentemente estão envolvidos tecidos glandulares, 
parenquimatosos ou superfícies de revestimento (RASKIN; MEYER, 2003). 
Características específicas de neoplasias epiteliais ou carcinomas incluem 
(RASKIN; MEYER, 2003): 
• Células esfoliadas na forma de agregados compactos; 
• Células aderentes umas às outras, em junções firmes distintas denominadas 
desmossomos; 
• Células grandes e arredondadas a poligonais, com bordos citoplasmáticos 
distintos; 
• Núcleos arredondados ou ovais. 
 
Figura 7: Neoplasia maligna de origem epitelial (carcinoma mamário). Fonte: A autora. 
 
Na Figura 7, as células epiteliais atípicas estão dispostas de clusters, 
apresentando anisocitose, anisocariose, basofilia e vacuolização citoplasmáticas, 
multinucleação, anéis de sinete e nucléolos múltiplos e evidentes. 
 
 
3.5.2 Neoplasias de células redondas 
 
Neoplasias de células redondas frequentemente estão associadas com células 
hematopoiéticas. Exemplos incluem: mastocitoma, histiocitoma, linfoma, 
plasmocitoma e tumor venéreo transmissível (TVT) (RASKIN; MEYER, 2003). 
Características específicas de neoplasias de células redondas incluem 
(RASKIN; MEYER, 2003): 
• Células esfoliadas isoladamente, com bordos citoplasmáticos distintos; 
• Celularidade frequentemente moderada; 
• Células arredondadas e menores, quando comparadas às células epiteliais; 
• Núcleos arredondados a indentados. 
 
 
Figura 8: Neoplasia maligna de células redondas (mastocitoma). Fonte: A autora. 
Na Figura 8, as células redondas isoladas são as que apresentam anisocitose, 
anisocariose e citoplasma contendo grande quantidade de grânulos basofílicos. 
 
Figura 9: Neoplasia maligna de células redondas (TVT). Fonte: A autora. 
 
Na Figura 9, há células redondas isoladas apresentando anisocitose, 
anisocariose, citoplasma basofílico, homogêneo e frequentemente vacuolizado. 
Também nota-se a presença de uma figura de mitose atípica (apontada pela seta). 
 
3.5.3 Neoplasias mesenquimatosas 
 
Neoplasias mesenquimais frequentemente se originam de elementos de 
tecidos conectivos, como fibroblastos, osteoblastos, adipócitos, miócitos e células de 
revestimento vascular. Exemplos incluem: hemagiossarcoma, osteossarcoma, 
hemangiopericitoma e melanoma amelanótico (RASKIN; MEYER, 2003). 
Características específicas de neoplasias mesenquimais incluem (RASKIN; 
MEYER, 2003): 
• Em geral, as células esfoliam individualmente. Agregados de células podem 
ser observados ocasionalmente; 
• Celularidade frequentemente escassa; 
• Células ovaladas, estreladas ou fusiformes com bordos citoplasmáticos 
frequentemente indistintos; 
• Células menores quando comparadas com células epiteliais; 
• Núcleos arredondados a elípticos. 
 
 
Figura 10: Células mesenquimais atípicas, apresentando intenso pleomorfismo celular, vacuolização 
citoplasmática e nucléolos múltiplos e evidentes. Fonte: A autora. 
 
3.5.4 Neoplasias de núcleos livres 
 
A aparência citológica de núcleos livres é um artefato relacionado com a 
natureza frágil de tais células (RASKIN; MEYER, 2003). 
Características específicas de neoplasias mesenquimais incluem (RASKIN; 
MEYER, 2003): 
• Em geral, as células esfoliam individualmente. Agregados de células podem 
ser observados ocasionalmente; 
• Celularidade frequentemente escassa; 
• Células ovaladas, estreladas ou fusiformes com bordos citoplasmáticos 
frequentemente indistintos; 
• Células menores quando comparadas com células epiteliais; 
• Núcleos arredondados a elípticos. 
 
SAIBA MAIS!!! 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-09352013000300019 
 
4 MIELOGRAMA 
 
A medula óssea é o maior órgão hematopoiético do corpo. Em animais jovens 
ela é encontrada tanto em ossos chatos quanto em ossos longos. Com o cessar do 
crescimento, a atividade hematopoiética fica restrita aos ossos chatos e 
extremidades de ossos longos (COWELL; TYLER; MEINKOTH, 2009). 
A medula óssea é composta por células hematopoiéticas, tecido adiposo e de 
sustentação. Células hematopoiéticas são precursores de células sanguíneas 
(hemácias, neutrófilos e plaquetas) (STOCKHAM; SCOTT, 2011). 
 
REFLITA!!! O mielograma tem sido amplamente utilizado nos seguintes casos 
(ALENCAR et al., 2002): 
•Citopenias persistentes (anemia não regenerativa, leucopenia ou 
trombocitopenia, especialmente quando não existe evidência clínica de 
enfermidade que justifique tais alterações): O mielograma pode elucidar se a 
causa está relacionada com uma menor produção medular (nesses casos, há 
hipoplasia medular) ou maior utilização ou destruição periférica (nesses 
casos, há hiperplasia medular); 
• Aumentos persistentes nas contagens celulares (policitemia, leucocitose ou 
trombocitose, especialmente quando não existe evidência clínica de 
enfermidade que justifique tal alteração): Leucemias envolvendo diferentes 
linhagens podem causar aumento nas contagens celulares no sangue 
periférico, frequentemente são observadas alterações displásicas no 
mielograma; 
• Células atípicas: Células atípicas no sangue periférico podem ser blastos 
(células jovens) das linhagens eritrocítica, granulocítica ou linfocítica, quando 
presentes em grande quantidade na medula óssea podem indicar leucemia 
aguda; 
• Linfoma: A avaliação da medula óssea oferece informação para o 
estadiamento de neoplasias como o linfoma e avaliação prognóstica; 
• Hipercalcemia inexplicada: Hipercalcemia é frequentemente resultante de 
síndrome paraneoplásica associada a neoplasia linfóide ou adenocarcinoma 
de glândula apócrina do saco anal. Quando há hipercalcemia sem 
envolvimento de linfonodos ou saco anal, a avaliação da medula óssea é 
indicada. Frequentemente é diagnosticada leucemia de origem linfoide; 
• Gamopatia monoclonal: O aumento da produção de um único tipo de 
imunoglobulina é tipicamente observado em doenças linfoproliferativas como 
a leucemia linfocítica crônica, o mieloma múltiplo (leucemia de plasmócitos) e 
o linfoma; 
• Pesquisa de agentes infecciosos: A avaliação da medula óssea também pode 
ser feita para identificação de agentes infecciosos como: Leishmania 
donovani, Histoplasma capsulatum, Ehrlichia spp., Cytauxzoon felis e 
Toxoplasma gondii (COWELL; TYLER; MEINKOTH, 2009). 
 
4.1 Técnicas de Coleta 
 
Amostras de medula óssea podem ser colhidas do úmero proximal, crista ilíaca, 
fossa trocantérica do fêmur e esterno em cães e gatos. Com a agulha posicionada na 
cavidade medular, uma seringa de 10 ou 20 mL contendo anticoagulante EDTA 2-3% 
é conectada e aplica-se pressão negativa puxando-se o êmbolo. Após colhida, a 
amostra deve ser transferida para uma placa de Petri para verificação da qualidade 
do material pela identificação de espículas e gotículas de gordura (COWELL, 2009). 
 
Indicação de vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=VhRhIqFs-rk 
 
 
Figura 11: Medula óssea colhida e transferida para uma placa de Petri para seleção de espículas e 
confecção de lâminas. São evidenciadas as espículas (seta verde) e gotículas de gordura (seta azul). 
Fonte: a autora. 
 
As espículas são recolhidas com capilares de micro-hematócrito e transferidas 
para lâminas de microscopia. São realizados “Squashs” para espalhar o material pela 
lâmina, como mostra a figura a seguir: 
 
Figura 12: Esquema representativo para confecção de lâminas de modela óssea, usando o método de 
“Squash”. Fonte: Alencar et al. (2002). 
 
4.2 Celularidade 
 
A celularidade da medula óssea é estimada em menor aumento, comparando-
se a proporção de gordura e células nas espículas. A celularidade normal varia de 
acordo com a idade: animais jovens apresentam maior celularidade, evidenciada por 
pouca quantidade de gordura (≅ 25%) e grande quantidade de células (≅ 75%); 
animais adultos apresentam cerca de 50% de gordura e 50% de células; e animais 
idosos apresentam celularidade baixa, evidenciada por grande quantidade de gordura 
(≅ 75%) e poucas células (≅ 25%) (COWELL; TYLER; MEINKOTH, 2009). 
A hipocelularidade medular pode ser causada por supressão nos casos de 
leucemia felina, doenças infecciosas como a erliquiose crônica e a parvovirose, 
condições tóxicas como as causadas pela administração de estrógeno e doenças 
hipoplásicas idiopáticas. A determinação da causa da hipocelularidade pode ser 
estabelecida com informações clínicas, laboratoriais e histórico do paciente 
(COWELL; TYLER; MEINKOTH, 2009). 
A medula normocelular pode ser normal, mas é necessário que se faça a 
análise completa de tais amostras, pois pode haver aumento de uma série associado 
à diminuição de outra série, mantendo-se, assim, a celularidade medular normal. Além 
disso, a identificação de agentes infecciosos, figuras de eritro ou citofagocitose, 
identificação de células atípicas, neoplásicas ou metastáticas é de grande importância 
(COWELL; TYLER; MEINKOTH, 2009). 
A hipercelularidade da medula óssea pode ser causada por hiperplasia das 
séries eritrocítica ou granulocítica, doenças mieloproliferativas incluindo as leucemias, 
infiltração por células neoplásicas (linfoma ou neoplasia metastática) ou na leucemia 
de plasmócitos (mieloma múltiplo). A avaliação do hemograma auxilia grandemente 
na interpretação de mielogramas que evidenciam hipercelularidade. Nos casos de 
leucemia de origem linfoide, por exemplo, pode ocorrer anemia não regenerativa, 
trombocitopenia e neutropenia porque a medula óssea é ocupada por células 
neoplásicas (mieloftise) e a hematopoiese é prejudicada (COWELL; TYLER; 
MEINKOTH, 2009). 
 
Figura 13: Aspirados de medula óssea. (A) Medula hipocelular de um cão com terapia de irradiação de 
meio-corpo. (B) Medula hipercelular em cão com anemia hemolítica e trombocitopenias 
imunomediadas. Fonte: Cowell, Tyler e Meinkoth (2009, p. 440). 
 
4.3 Megacariócitos 
 
Os megacariócitos são células gigantes, multilobuladas, com citoplasma 
abundante e claro que se fragmenta para a formação de plaquetas anucleadas 
(STOCKHAM; SCOTT, 2011). 
A quantidade de megacariócitos é estimada em menor aumento (objetiva de 
10x) e deve ser realizada avaliando-se diferentes espículas em diferentes lâminas, 
pois a distribuição de tais células não é homogênea. De forma geral, a observação de 
menos de três ou cinco megacariócitos por lâmina sugere hipoplasia megacariocítica. 
Mais de 10 ou 20 megacariócitos/ campo de 10x sugere hiperplasia megacariocítica 
(COWELL; TYLER; MEINKOTH, 2009). 
Trombocitopenias associadas a hiperplasia megacariocítica são causadas por 
maior utilização (coagulação intravascular disseminada, por exemplo) ou maior taxa 
de destruição plaquetária (trombocitopenia imunomediada, por exemplo). 
Frequentemente são observadas macroplaquetas, indicativas de liberação precoce 
pela medula óssea (TRHALL et al., 2007). 
Trombocitopenias causadas por deficiência na produção plaquetária 
evidenciam hipoplasia da série megacariocítica na análise do mielograma. Observa-
se oucos ou nenhum megacariócito nas espículas. A hipoplasia megacariocítica 
isolada (sem hipoplasia das séries eritrocítica ou granulocítica) pode ser causada por 
destruição imunomediada de megacariócitos (TRHALL et al., 2007). 
 
Figura14 : Hiperplasia mecacariocítica. Disponível em: 
<http://www.imgrum.org/media/1380073287098675653_4096521596>. Acesso em: 20 maio 2017. 
 
4.4 Relação Granulocítica:Eritrocítica (Relação G:E) 
 
A relação granulocítica:eritrocítica é calculada utilizando-se as contagens de 
células da linhagem granulocítica e precursores eritróides nucleados obtidas pela 
contagem diferencial de pelo menos 500 células. Outras células obtidas na contagem 
diferencial como linfócitos, macrófagos, mastócitos e células de estroma não são 
incluídas na relação G:E (STOCKHAM; SCOTT, 2011). 
A relação G:E pode estar aumentada na hiperplasia granulocítica (se a 
celularidade estiver aumentada) e/ou hipoplasia eritrocítica (se a celularidade estiver 
diminuída). Se a celularidade não estiverclaramente definida, o hemograma pode 
auxiliar na interpretação: se houver neutrofilia, possivelmente ocorre hiperplasia 
granulocítica; mas se houver anemia não regenerativa, a relação G:E aumentada 
indica hipoplasia eritrocítica (STOCKHAM; SCOTT, 2011). 
A relação G:E pode estar diminuída na hipoplasia granulocítica (se a 
celularidade estiver diminuída) e/ou hiperplasia eritrocítica (se a celularidade estiver 
aumentada). Se a celularidade não estiver claramente definida, o hemograma pode 
auxiliar na interpretação: se houver neutropenia, possivelmente ocorre hipoplasia 
granulocítica; mas se houver anemia regenerativa, a relação G:E diminuída indica 
hiperplasia eritrocítica (STOCKHAM; SCOTT, 2011). 
 
4.5 Leucemias 
 
O termo leucemia vem do grego leukos (branco) + haima (sangue) = sangue 
branco, que se refere ao aumento da capa leucocitária. É a presença de células 
neoplásicas hematopoiéticas no sangue periférico ou na medula óssea decorrente de 
proliferação neoplásica originária na medula óssea (STOCKHAM; SCOTT, 2011). 
O diagnóstico de leucemia não é difícil quando são identificadas várias células 
pouco diferenciadas no sangue periférico ou na medula óssea. Nesses casos, 
identificar qual é a origem das células neoplásicas pode ser o desafio (STOCKHAM; 
SCOTT, 2011). 
Quando a leucemia é de células típicas, bem diferenciadas, devem ser 
descartados processos inflamatórios ou antigênicos que também podem causar o 
aumento de tais células (STOCKHAM; SCOTT, 2011). 
As leucemias podem ser classificadas em agudas ou crônicas: 
• Leucemias agudas: Há proliferação rápida de células hematopoiéticas imaturas 
(blásticas) pouco diferenciadas e com alto poder de replicação. A evolução da 
doença é breve (STOCKHAM; SCOTT, 2011). 
o Blastos são células imaturas, frequentemente caracterizadas por serem 
grandes, apresentarem citoplasma basofílico, cromatina frouxa e 
nucléolos evidentes. Tais células podem ser pouco diferenciadas 
(mieloblastos, monoblastos, rubliblastos, megacarioblastos e 
linfoblastos) e, por esse motivo, colorações citoquímicas podem ser 
utilizadas para auxiliar na identificação da linhagem das células 
neoplásicas (STOCKHAM; SCOTT, 2011). 
• Leucemias crônicas: Há proliferação de células hematopoiéticas bem 
diferenciadas, de aparência semelhante à das células maduras. O animal 
diagnosticado pode sobreviver por meses, mesmo sem tratamento 
(STOCKHAM; SCOTT, 2011). 
o A leucemia granulocítica crônica caracteriza-se por neutrofilia intensa e 
desvio à esquerda frequentemente desordenado. O mielograma pode 
não ser útil na confirmação do diagnóstico, pois leucogramas 
inflamatórios podem estar associados à intensa hiperplasia granulocítica 
(TRHALL et al., 2007). 
o A leucemia linfocítica crônica é caracteriza pelo aumento da contagem 
de pequenos linfócitos típicos, bem diferenciados. Esse tipo de leucemia 
deve ser diferenciado da linfocitose fisiológica em felinos excitados e da 
linfocitose induzida por estimulação antigênica crônica como nos casos 
de erliquiose crônica (TRHALL et al., 2007). 
O diagnóstico de leucemia pode ser extremamente difícil, principalmente 
quando há rápida repopulação medular após uma infecção por parvovírus ou uma 
resposta intensamente regenerativa nos casos de perda intensa de sangue. Nesses 
casos, é possível que os blastos representem cerca de 30% das células nucleadas, 
mas após cerca de 3 a 5 dias, uma maturação ordenada é estabelecida. Nos casos 
de leucemia, após esse período, a população blástica permanecerá a mesma ou a 
porcentagem de blastos pode até aumentar (COWELL; TYLER; MEINKOTH, 2009). 
Um guia utilizado para diagnosticar leucemias é encontrar: 
• ≥ 30% de blastos (leucemia); 
• ≥ 30% de linfoblastos ou linfócitos (linfoma); 
• ≥ 15% de plasmócitos (mieloma múltiplo); 
• Placas ou agrupados de células (carcinoma metastático ou sarcoma). 
 
REFERÊNCIAS 
 
ALENCAR, N. X.; KOHAYAGAWA, A.; CAMPOS, K. C. H.; TAKAHIRA, R. K. 
Mielograma. Parte 1: Indicações e colheita do material. Continuous Education 
Journal. CRMV-SP, v. 5, n. 2, p. 157 – 163, 2002. 
 
 
COWELL, R. L.; TYLER, R. D.; MEINKOTH, J. H.; DeNICOLA, D. B. Diagnóstico 
Citológico e Hematologia de Cães e Gatos. 3. ed. São Paulo: MedVet, 2009. 
 
 
LUCAS, R. A. P.; GODOY, R. C.; SACCO, S. R. Análise do Líquido 
Cefalorraquidiano em Pequenos Animais. Revista Científica Eletrônica de 
Medicina Veterinária. V. 6, n. 11, Periódico Semestral, 2008. 
 
 
RASKIN, R. E.; MEYER, D. J. Atlas de Citologia de Cães e Gatos. São Paulo: 
Roca, 2003. 
 
 
STOCKHAM, S. L.; SCOTT, M. A. Fundamentos de Patologia Clínica Veterinária. 
2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. 
 
 
THRALL, M. A.; BAKER, D. C.; CAMPBELL, T. W.; DENICOLA, D.; FETTMAN, M. 
J.; LASSEN, E. D.; REBAR, A.; WEISER, G. Hematologia e Bioquímica Clínica 
Veterinária. 2. ed. São Paulo: Roca, 2007.

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