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DIREITO PROCESSUAL PENAL

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Sumário
Cap.01 Introdução ........................................................................................................ 02
Cap. 02 Lei Processual Penal No Tempo E Espaço .................................................... 05
Cap. 03 Princípios ......................................................................................................... 07
Cap. 04 Inquérito Policial ............................................................................................ 13
Cap. 05 Ação Penal ....................................................................................................... 26
Cap. 06 Das Prisões ....................................................................................................... 39
Cap. 07 Liberdade Provisória ...................................................................................... 52
Cap.08 Exceções ........................................................................................................... 55
Cap. 09 Prova ................................................................................................................ 61
Cap. 10 Medidas Assecuratórias ................................................................................. 73
Cap. 11 Suspensão Condicional do Processo .............................................................. 78
Cap. 12 Procedimentos ................................................................................................ 84
Cap. 13. Procedimentos nos Crimes de Competência do Júri ............................... 103
Cap. 14. Recursos ....................................................................................................... 121
Cap. 15. Procedimento nos Crimes Funcionais ........................................................ 144
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Cap. 01 - INTRODUÇÃO
Jurisdição
Conceito: é o conjunto de normas e princípios que regulam a aplicação jurisdicional do direito penal, bem como as atividades persecutórias da Polícia Civil, e a estruturação dos órgãos da função jurisdicional e respectivo auxiliares.
Deve ser em vista que o Jus Puniendi (direito de punir), concentra-se na figura do Estado/Juiz. Essa característica não se modifica na ação penal privada, eis que aqui o querelante passa a figurar como substituto processual.
A finalidade do Direito Processual Penal divide-se em:
Mediata: Alcançar a pacificação social com a solução do conflito;
Imediata: viabilizar a aplicação do direito penal, concretizando-o.
São características do Direito Processual Penal:
Autonomia: O direito processual não é submisso ao direito material, isto porque tem princípios e regras próprias especializantes.
Instrumentalidade: É o meio para fazer atuar o direito material penal, consubstanciando o caminho a ser seguido para a obtenção de um provimento jurisdicional válido.
Normatividade: é umas disciplina normativa, de caráter dogmático, inclusive com codificação própria (CPP – Dec-Lei n° 3.689/41).
Ação: é o direito subjetivo público de mover a jurisdição.
Ação Penal: é o instrumento através do qual a parte provoca o estado/Juiz para que ele por intermédio de um processo se manifeste sobre a pretensão punitiva (Jus Puniendi – direito de punir).
Processo e Procedimento: Processo é o instrumento de atuação da jurisdição e Procedimento é a sequência dos atos praticados no processo.
São pressupostos processuais:
Relativo ao Juiz:
Investidura: é a necessidade de estar investido no cargo em conformidade com a constituição e a legislação em vigor;
Competência: é a medida da jurisdição. É o limite legal dentro do qual o órgão jurisdicional pode atuar;
Ausência de Suspeição: é a imparcialidade necessária para o exercício da jurisdição. Hipóteses elencadas nos art. 252, 253 e 254 do CPP.
Relativos às Partes:
Capacidade de ser Parte: é a capacidade de contrair obrigações e exercer direitos. A capacidade de ser parte refere-se a todas as pessoas, salientando-se que para haver capacidade de ser parte passiva no processo penal, é preciso que o agente tenha idade igual ou superior a 18 anos de idade, considerada à época dos fatos narrados na denúncia;
Capacidade de estar em Juízo: tem de gozar de capacidade plena;
Capacidade Postulatória: necessária para o pleito judicial, afinal, como consagra a Carta Magna em seu art. 133, o advogado é peça essencial à administração da justiça.
O Processo ainda possui objetivos intrínsecos e extrínsecos. Vejamos:
Extrínsecos: diz respeito a ausência de fatos impeditivos para o regular tramitar procedimental, a exemplo da inexistência de coisa julgada ou de litispendência;
Intrínsecos: diz respeito à regularidade formal.
Analogia: é a forma de autointegração da lei (art. 3, CPP e art. 4 LINDB). Pela analogia, aplicamos a um fato não regido pela norma jurídica, disposição legal aplicada a fato semelhante (Ubi eadem ratio, ubi idem ius – Onde existe a mesma razão, deve ser dado o mesmo direito). 
Assim sendo, em decorrência da omissão involuntária da lei, aplica-se norma que disciplina fato análogo.
A analogia pode se apresentar de duas formas:
Analogia Legis: em face da lacuna da lei, aplicamos norma positivada que rege caso semelhante.
Analogia Iuris: são aplicados princípios jurídicos ante a omissão da lei. 
II. Competência
Um juiz não pode julgar todos os casos, de todas as espécies, sendo necessária uma delimitação de sua jurisdição. Essa delimitação do poder jurisdicional dos juízes e dos tribunais denomina -se “competência”.
A doutrina tradicionalmente distribui a competência considerando três aspectos diferentes:
a) ratione materiae (Material): estabelecida em razão da natureza do crime praticado;
b) ratione personae (em razão da pessoa): de acordo com a qualidade das pessoas incriminadas;
c) ratione loci (em razão do lugar): de acordo com o local em que foi praticado ou consumou-se o crime, ou o local da residência do seu autor.
II. I. Competência Material
QUADRO ESQUEMÁTICO SOBRE ESCOLHA DO RITO
	RITO
	CRITÉRIOS
	ORDINÁRIO
	Para os crimes com pena igual ou maior que 04 anos.
	SUMÁRIO
	Para os crimes com pena menor que 04 anos.
	SUMARÍSSIMO
	Para os crimes com pena de até 02 anos e para contravenções.
OBS: O RITO SUMÁRIO FUNCIONA COMO SOLDADE RESERVA DO SUMARÍSIMO, E A INFRAÇÃO DO MENOR POTENCIAL OFENSIVO SERÁ REMÉDIO AO SUMÁRIO, SEJA PORQUE NÃO HÁ CITAÇÃO POR EDITAL NOS JUIZADOS OU QUANDO A COMPLEXIDADE DO FATO INVIABILIZA A OFERTA DA DENÚNCIA.
Cap. 02 - Lei Processual Penal No Tempo E Espaço
I. Lei Processual no Tempo 
A lei processual penal tem aplicação imediata, pouco importa se gravosa ou não à situação do réu. Os atos anteriores já praticados antes da vigência da nova norma continuam válidos. Por imperativo constitucional há de ser observado o direito adquirido, a coisa julgada e o ato jurídico perfeito.
Pelo princípio do Tempus Regis Actum, os atos praticados pela vigência da lei anterior são perfeitos, enquanto os atos ainda não praticados devem ser editados consoantes a lei nova, de forma legal.
Já a lei penal, de acordo com a Carta Magna, em seu art. 5°, inciso XL, não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
Ainda no que toca a aplicação da lei penal no tempo, caso a sentença condenatória já tiver transitado em julgado, caberá ao juízo das execuções a aplicação da lei nova mais benigna, conforme Súm. N°611 do STF.
II. Lei Processual no Espaço
A aplicação da lei processual peal pátria é informada pelo princípio da territorialidade absoluta. Onde o processo penal brasileiro aplicar-se-á a todos em todo território brasileiro, dessa forma, a todos os processos em trâmite no território nacional.
É excluída na jurisdição nacional, os tratados, convenções e as regras de direito internacional, dando prevalência à própria ordem internacional.
OBS: Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada asa do Congresso Nacional,em 02 turnos, por 3/5 dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
OBS 2: o Brasil se submeterá à jurisdição do Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
P – Em casos de crime de guerra e contra a humanidade, é possível o governo brasileiro entregar o indivíduo brasileiro ao TPI (Tribunal Penal Internacional)? Ou se este ato implica extradição, o que violentaria o Art. 5°, inciso LI, da CF/88, ao prescrever que “nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins? Ou ainda quanto ao estrangeiro a previsão do inciso LII, ao indicar que “ não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião?
R – Ao ver do Mestre Nestor Távora, a entrega ao TPI não se confunde com extradição, já que esta última é entrega de pessoa ao país estrangeiro com jurisdição para imprimir a reprimenda ao caso concreto, por ter atribuição para tanto. Já o TPI integra a própria Justiça brasileira, sendo um órgão especial da tessitura do nosso Judiciário.
São 03 as exceções ao princípio da territorialidade:
Aplicação da lei processual brasileira em território Nullis;
Em havendo autorização de um determinado país, para que o ato processual a ser praticado em seu território fosse de acordo com a lei brasileira;
Nos casos de território ocupado em tempo de guerra.
Cap. 03 – PRINCÍPIOS
Princípio da Presunção de Inocência ou da não culpabilidade
Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. 
O STF firmou entendimento de que o status de inocência prevalece até o trânsito em julgado da sentença final, ainda que pendente recurso especial e/ou extraordinário, sendo que a necessidade/utilidade do cárcere cautelar pressupões devida demonstração.
Deste princípio derivam duas regras fundamentais:
A Regra Probatória ou de Juízo: segundo o qual a parte acusadora tem o ônus de demonstrar a culpabilidade do acusado - e não este de provar sua inocência - ;
A Regra de tratamento: segundo qual ninguém pode ser considerado culpado senão depois de sentença com trânsito em julgado, o que impede qualquer antecipação de juízo condenatório ou de culpabilidade.
 
Princípio da Imparcialidade do Juiz
A imparcialidade – denominada por alguns de “alheiabilidade” – é entendida como característica essencial do perfil do juiz consistente em não poder ter vínculos subjetivos com o processo de modo a lhe tirar o afastamento necessário para conduzi-lo com isenção.
Garante que o processo e a sentença sejam conduzidos pela autoridade competente, representando exigência indeclinável no estado Democrático de Direito.
A CF/88 garante ao magistrado as garantias de vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios para que ele possa atuar com isenção – o que inclui declarar-se suspeito ou impedido (ambos devem ser reconhecidos ex officio.
Princípio da Igualdade Processual
Também conhecido como princípio da paridade de armas, consagra o tratamento isonômico das partes no transcorrer processual, em decorrência do próprio art. 5°, caput, Constituição Federal. O que deve prevalecer é a Igualdade Material, leia-se, os desiguais devem ser tratados desigualmente, na medida de suas desigualdades.
O princípio de paridade de armas tem conteúdo mais rico, indicando o direito de defesa de desempenhar um papel proativo, mormente na produção de prova e no exercício de poderes que possibilitem a plena igualdade, tal como consta no art. 8° do Pacto de São José da Costa Rica.
Sob esse prisma, não basta a outorga de prazos iguais, de contraditório e de defesa ampla. A paridade de armas impõe um plus, consistente no poder do acusado atuar com os mesmos instrumentos garantidos a execução, a exemplo de formulação de pedidos de interceptação telefônica e de busca e apreensão, bem como a admissibilidade de assistente de defesa, possibilitando uma real igualdade.
Princípio do Contraditório ou Bilateralidade da Audiência
Impõe que às partes deve ser dada a possibilidade de influir no convencimento do Magistrado.
O contraditório vai abranger a garantia de influir em processo com repercussão na esfera jurídica do agente, independentemente do polo da relação processual em que se encontre.
O agente, autor ou réu, será admitido a influenciar o conteúdo da decisão judicial, o que abrange o direito de produzir provas, o direito de alegar, de se manifestar, de ser cientificado, dentre outros.
Diferente do CPC, o CPP assegura o contraditório em sua acepção material.
O contraditório ainda poderá ser:
Contraditório para prova ou contraditório real: é a atuação das partes de forma contemporânea à produção de provas, cientificando-lhes previamente para possibilitar a participação ampla na constituição da prova;
Contraditório sobre a prova ou contraditório postergado ou diferido: consiste na ciência das partes posteriormente a produção de provas.
Princípio da Ampla Defesa
Enquanto contraditório é o princípio protetivo de ambas as partes (autor e réu),a ampla defesa é a garantia com destinatário certo, o réu.
A defesa pode ser subdivida em duas:
Defesa técnica (Defesa Processual ou Específica): é realizada pelo profissional habilitado. Será sempre obrigatória.
Autodefesa (Defesa Material ou Genérica): é realizada pelo próprio imputado. Será de conveniência do réu, que pode permanecer inerte, invocando inclusive o silêncio.
Deve ser assegurada a ampla possibilidade de defesa, laçando-se mãos dos meios e recursos disponíveis e a ela inerentes, sendo ademais, dever do Estado prestar assistência jurídica integral e gratuita a todos que comprovarem insuficiência de recursos.
O STF consagra na súmula n° 523, ao tratar da defesa técnica, que no processo penal a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo do réu.
OBS: é em decorrência deste princípio que o Código de processo Penal prevê a necessidade de nomeação de defensor para oferecimento da resposta à acusação, quando o acusado não apresentá-la no prazo legal.
Princípio da Ação, Demanda ou Iniciativa das Partes
Este princípio significa que, sendo a jurisdição inerte, cabe as partes a provocação do Poder Judiciário, exercendo o direito de ação, no intuito de obtenção do provimento jurisdicional.
Contudo a CF/88 não recepcionou o art. 26 do CPP, deixando à competência do Ministério Público a titularidade da ação penal, admitindo-se nos casos previstos, a iniciativa privada.
Princípio da Oficialidade
Os órgãos incumbidos da persecução criminal, atividade eminentemente pública, são órgãos oficiais por excelência, tendo a CF/88 consagrado a titularidade da ação penal ao Ministério Público. 
Princípio da Oficiosidade
A atuação oficial na persecução criminal, como regra, ocorre sem a necessidade de autorização, isto é, prescinde de qualquer condição para agir, desempenhando suas atividades ex officio. RESSALVA: Ação penal pública condicionada à representação da vítima ou à requisição do Ministério Público.
Princípio da Verdade Real
Também conhecido como “princípio da livre investigação da prova no interior do pedido, princípio da investigação, princípio inquisitivo e princípio da investigação judicial da prova.
O Magistrado pauta seu trabalho na reconstrução da verdade dos fatos, superando eventual desídia das partes na colheita probatória, como forma de exarar um provimento jurisdicional mais próximo possível do ideal de justiça.
Princípio da Obrigatoriedade
Os órgãos incumbidos da persecução criminal, estando presentes os permissivos legais, estão obrigados a atuar. A persecução criminal é de ordem pública e não cabe juízo de conveniência ou oportunidade.
OBS: nos crimes de ação penal privada, o que vigora é o princípio da oportunidade, pois cabe a vítima ou ao seu representante legalescolher em dar ou não início à persecução criminal.
Princípio da Indisponibilidade
Uma vez iniciado o inquérito policial ou o processo penal, os órgãos incumbidos da persecução criminal não poderão dele dispor.
Com efeito, o Delegado não pode arquivar os autos do inquérito policial e o promotor não pode desistir da ação interposta.
Nos crimes com pena mínima não superior a 01 ano, preenchidos os requisitos legais, o Ministério Público ao oferecer denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por 02 a 04 anos. Uma vez expirado esse prazo sem que tenha ocorrido revogação da suspensão, será declarada extinta a punibilidade.
Princípio do Impulso Oficial
Uma vez iniciado o processo com o recebimento da inicial acusatória, cabe ao magistrado velar para que este chegue ao seu final, marcando audiências, estipulando prazos, determinando intimações etc.
Princípio da Motivação das Decisões
Este princípio é uma decorrência expressa do art. 93, IX, da CF/88, asseverando que o juiz é livre para decidir, desde que o faça de forma motivada, sob pena de nulidade insanável.
Este princípio relaciona-se diretamente com o sistema do livre convencimento do Juiz, adotado pelo art. 155 do CPP. 
Princípio da Publicidade
É a garantia de acesso de todo e qualquer cidadão aos atos praticados no curso do processo. Todavia, o sigilo é admissível quando a defesa da intimidade ou interesse social o exigirem, ou ainda se da publicidade puder ocorrer escândalo, inconveniente grave ou perigo da perturbação da ordem.
Princípio do Duplo Grau de Jurisdição
Este princípio assegura a possibilidade de revisão das decisões judiciais, através do sistema recursal, onde as decisões do juízo a quo podem ser reapreciadas pelos tribunais.
A CF/88 não contempla o duplo grau de jurisdição como princípio, contudo o Pacto de São José da Costa Rica, em seu art. 8, 2, h, dispõe acerca do direito de recorrer das decisões judiciais. O Pacto de São José da Costa Rica é recebido como Lei Ordinário.
Princípio do Juiz Natural
Consagra o direito de ser processado pelo Magistrado competente e a vedação constitucional de juízos ou tribunais de exceção.
Princípio do Promotor Natural ou Promotor Legal
Este princípio veda a designação arbitrária, pela chefia de instituição de promotor para patrocinar caso específico.
 Princípio do Devido Processo Legal
O art. 5, LIV da CF/88, assegura que “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. 
O devido processo legal é estabelecido em lei ,devendo traduzir-se em sinônimo de garantia, atendendo assim aos ditames constitucionais. Com isto, consagra-se a necessidade de um processo tipificado, sem a supressão e/ou desvirtuamento de atos essenciais.
Deve ser analisada de duas perspectivas:
a) Processual: que assegura a tutela de bens jurídicos por meio do devido procedimento;
b) Material: reclama, no campo da aplicação e elaboração normativa, uma atuação substancialmente adequada, correta, razoável.
Princípio do Favor Rei ou Favor Réu
A dúvida sempre milita em favor do acusado (in dubio pro reo). Em verdade, na ponderação entre o direito de punir do Estado e o Status Libertatis do imputado, este último deve prevalecer. 
Princípio da Economia Processual
Deve-se buscar a maior efetividade, com a produção da menor quantidade de atos possível. 
Princípio da Oralidade
Assegura a produção dos atos processuais de forma verbal, sem impedimento da redução a termo dos atos mais relevantes, o que vai refletir na maneira de conduzir o procedimento.
Do princípio da oralidade decorrem os seguintes princípios:
Princípio da Imediatidade, o ideal é que a instrução probatória se desenvolva perante o Magistrado, para que ele possa colher todas as impressões na formação de seu convencimento, sem a existência de intermediários.
 Princípio da Concentração: é o desejo de que os atos da instrução sejam reunidos em uma só audiência, ou no menor número possível, imprimindo celeridade ao procedimento. Deve haver proximidade entre a data das audiências e a decisão final.
Princípio da Identidade Física do Juiz: o Magistrado que conduziu a instrução deve obrigatoriamente julgar a causa, de sorte a assegurar o real contato do juiz que irá proferir a sentença com o material probatório produzido nos autos.
 
Princípio da Autoridade
Consagra que as pessoas incumbidas da persecução penal estatal são autoridades públicas.
 Princípio da duração Razoável do Processo Penal
A emenda constitucional n° 45/04 dispõe que “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a duração razoável do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”.
Princípio da Proporcionalidade
Não está expressamente motivado na CF/88. O princípio da proporcionalidade tem especial aplicação no direito processual penal, tal como se dá na disciplina legal da validade da prova. Ainda cabe frisar que o princípio da proporcionalidade não pode ser invocado para se sobrepor a garantias e direitos individuais do acusado.
Princípio da Inexigibilidade da Autoincriminação
Também conhecido por nemo tenetur se detegere, que assegura que ninguém pode ser compelido a produzir prova contra si mesmo, tem relacionamento com o princípio da presunção de inocência e com o direito ao silêncio assegurado pela Constituição.
Princípio da Cooperação Processual – Positivado pelo novo CPC
Este princípio considera que não é possível mais tolerar omissões propositais que fujam do escopo da regra duty to mitigate the loss (dever de reduzir o prejuízo). De tal moo o novo CPC ordena que todos os sujeitos do processo têm o dever de cooperar entre si para que obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. A disposição encontra sintonia com o princípio constitucional da razoável duração do processo e da boa-fé objetiva. 
Cap. 04 – Inquérito Policial
Introdução
O inquérito policial é um procedimento administrativo preliminar, presidido pela autoridade policial, que tem por objetivo a apuração da autoria e da materialidade da infração, e sua finalidade é contribuir na formação do convencimento do titular da ação penal, que em regra é o Ministério Público, e excepcionalmente a vítima.
O inquérito policial é um procedimento de caráter instrumental – uma instrumentalidade preliminar se vista diante da natural instrumentalidade do processo penal em face do direito penal material –, cujo fito é o de esclarecer previamente os fatos tidos por delituosos antes de ser ajuizada a ação penal. Sua importância verifica-se pelo fato de ser cediço que o processo penal fere o status dignitatis do acusado. Daí que de sua instrumentalidade decorrem duas funções: (1) preservadora: embora seja o inquérito policial peça PRESCINDÍVEL – pois a ação penal pode ser movida com base em simples peças de informação –, fato é que sua instauração é apta à precaução contra ações penais temerárias, sem justa causa ou infundadas, com vantagens à economia processual; (2) preparatória: colige elementos de informação, protegendo a prova contra a ação do tempo e conferindo robustez à justa causa para a ação penal.
NATUREZA JURÍDICA: - Peça investigatória, escrita, inquisitória e sigilosa, preparatória da ação penal. É considerada por alguns autores como uma Instrução Provisória.
Para Tourinho Filho, o inquérito é “o conjunto de diligências realizadas pela Polícia Judiciária para a apuração de uma infração penal e sua autoria, a fim de que o titular da ação penal possa ingressar em juízo. 
O inquérito policial vem a ser o procedimento administrativo, preliminar, presidido pelo delegado de polícia, no intuito de identificar o autor do ilícito e os elementos que atestem a sua materialidade (existência), contribuindo para a formação da opinião delitiva do titular da ação penal, ou seja, fornecendo elementos para convencer o titular da ação penal se o processo deve ou não ser deflagrado. Pontue-se que a Lei nº 12.830/2013, ao dispor sobre a investigação criminal conduzida pelo delegado de polícia,deixa consignado que a apuração investigativa preliminar tem como objetivo apuração de circunstâncias, materialidade e autoria das infrações penais.
Não caberá contraditório no inquérito pois o inquérito é somente inquisitorial. 
Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
De ofício: é possível nos crimes de ação pública incondicionada, onde o delegado atuará, independetemente de provocação. 
Mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Públicos, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade de representá-lo;
O requerimento a que se refere o tópico 2 conterá sempre que possível:
A narração do fato com todas as circunstâncias;
A individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
A nomeação das testemunhas, com a indicação de usa profissão e residência.
 A falta ou deficiência de algum desses requisitos é mera irregularidade, podendo, entretanto, dificultar a ação da policia.
O despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de polícia.
A delação também é modalidade de noticia crime, sendo adequada quando pessoas estranhas ao delito noticiam o fato que caracteriza crime de ação pública incondicionada. Têm-se admitido até mesmo a delação anônima, devendo o delegado cerca-se dos cuidados necessários antes de iniciar o inquérito, para que não ocorra arbítrio.
Os elementos de informação coligidos servem à formação da opinio delicti. Em outras palavras, diretamente, a reunião de documentos, laudos e depoimentos serão suporte probatório ao exercício da ação penal, pública ou privada. De tal sorte, os destinatários imediatos ou diretos do inquérito serão o Ministério Público ou o ofendido (e, eventualmente, os sucessores processuais deste). Por outra via, o juiz será, restritamente, destinatário mediato ou indireto.
Cuidando-se de procedimento especial do júri, o inquérito policial somente deve ter como destinatário o juiz da instrução preliminar (antes chamado juiz sumariante), que conduz o processo em sua primeira fase (judicium accusationis ou de admissibilidade, que compreende os atos da propositura da denúncia à preclusão da decisão de pronúncia).
O prazo para instauração do inquérito é de 6 meses.
O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado.
Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
OBS: há 04 formas de se começar um I.P. (art. 5° CPP):
Por Portaria, inclusive de ofício: tipo de início quando não há prisão em flagrante;
Por requisição do Juiz ou do MP;
Mediante requerimento do ofendido ou de quem tenha qualidade para representa-lo;
Poderá começar pelo auto de prisão em flagrante.
Características do inquérito policial:
Inquisitivo: as atividades persecutórias ficam concentradas nas mãos de uma única autoridade e não há oportunidade para o exercício do contraditório ou da ampla defesa. Na fase pré-processual não existem partes, apenas uma autoridade investigando e o suposto autor da infração normalmente na condição de indiciado. A inquisitoriedade permite agilidade nas investigações, otimizando a atuação da autoridade policial.
Discricionário: o Delegado conduzirá a investigação da forma que entender mais eficiente, adequando o inquérito ao crime que está sendo investigado.
OBS1: os requerimentos apresentados pela vítima ou pelo suspeito podem ser indeferidos se o Delegado entendê-los impertinentes, salvo o EXAME DE CORPO DE DELITO sempre que o crime deixar vestígios (art.158 do CPP).
OBS2: as requisições emanadas do MP ou da Magistratura serão obrigatoriamente cumpridas por imposição normativa, mesmo não havendo hierarquia entre Delegados, Juízes e Promotores.
Sigiloso: o Delegado conduz o inquérito de forma sigilosa em homenagem a eficiência da investigação.
OBS1: em que pese sigiloso o advogado tem direito a acesso aos autos do inquérito, mas não tem conhecimento quanto as diligências que ainda estão por acontecer. Havendo obstáculo ao acesso caberá MANDADO DE SEGURANÇA sem prejuízo da reclamação funcional.
OBS2: Foco na Vítima = pode o juiz decretar o Segredo De Justiça Do Inquérito, para que informações da investigação não sejam partilhadas com a imprensa preservando-se a vítima na intimidade, na vida privada e na família.
Escrito: prevalece a forma documental e os produzidos oralmente serão reduzidos a termo.
Oficialidade: O delegado de polícia de carreira, autoridade que preside o inquérito policial, constitui-se em órgão oficial do Estado.
Oficiosidade: Havendo crime de ação penal pública incondicionada, a autoridade policial deve atuar de ofício, instaurando o inquérito e apurando prontamente os fatos, haja vista que na hipótese, sua atuação decorre de imperativo legal dispensando, pois, qualquer autorização para agir. Já nos crimes de ação penal pública condicionada e ação penal privada, isto é, naqueles que ofendem de tal modo a vítima em sua intimidade que o legislador achou por bem condicionar a persecução criminal à autorização desta, ou conferir-lhe o próprio direito de ação, a autoridade policial depende daquela permissão para poder atuar, eis que a própria legislação condicionou o início do inquérito a este requisito. Havendo delação anônima em crime de ação penal privada, não poderá a autoridade policial iniciar o inquérito sem a prévia autorização da vítima. Da mesma forma, se terceiro for à delegacia no lugar do ofendido, o inquérito não será deflagrado.
Indisponibilidade: A persecução criminal é de ordem pública, e uma vez iniciado o inquérito, não pode o delegado de polícia dele dispor. Se diante de uma circunstância fática, o delegado percebe que não houve crime, nem em tese, não deve iniciar o inquérito policial. Daí que a autoridade policial não está, a princípio obrigada a instaurar de qualquer modo o inquérito policial, devendo antes se precaver, aferindo a plausibilidade da notícia do crime, notadamente aquelas de natureza apócrifa (delação anônima).
Dispensável: para que o processo se inicie não é necessária a prévia elaboração do inquérito policial. O inquérito policial é facilmente substituível. Se os elementos que venham lastrear a inicial acusatória forem colhidos de outra forma, não se exige a instauração do inquérito. Tanto é verdade que a denúncia ou a queixa podem ter por base, como já ressaltado, inquéritos não policiais, dispensando-se a atuação da polícia judiciária. Contudo, se o inquérito policial for a base para a propositura da ação, este vai acompanhar a inicial acusatória apresentada.
OBS: inquéritos não policiais são aqueles produzidos por autoridades distintas da policial. Exemplos:
Inquérito Parlamentar: é aquele elaborado pelas CPI’S;
Inquérito Ministerial: segundo o STF e o ETJ o MP pode presidir a investigação criminal que conviverá harmonicamente com o inquérito policial. Além disso o promotor que investiga não é suspeito nem impedido para atuar na fase processual (Sum.234 do STJ). Conseqüência: o poder investigativo do MP é uma decorrência implícita do texto constitucional, afinal quem pode o mais que é processar implicitamente pode o menos que é investigar.
Valor Probatório: o inquérito tem valor probatório MERAMENTE RELATIVO, pois ele serve de base para oferta da petição inicial.
Vícios – Irregularidades do inquérito policial: são os defeitos ocasionados pelo descumprimento da lei ou dos princípios constitucionais. CONSEQUÊNCIA: segundo o STF e o STJ os vícios do inquérito são endoprocedimentais (ficam nele mesmo) e não tem o condão de contaminar o futuro processo, já que o inquérito policial é meramente dispensável.
Prazo:
DELEGADO ESTADUAL:
Com o réu preso: 10 dias improrrogáveis;
Com o réu solto: 30 dias prorrogáveis por quantas vezes e por quanto tempo o juiz demandar.
DELEGADO FEDERAL:Com o réu preso: 15 dias prorrogáveis por mais 15 dias;
Com réu solto: 30 dias prorrogável por mais 30 dias.
OBS 1: Tráfico de drogas = Com traficante preso será 30 dias prorrogável por mais 30 = 60; Com traficante solto será de 90 dias prorrogáveis por mais 90 dias = 180.
OBS 2: a prorrogação do prazo do tráfico exige deliberação do Juiz com prévia oitiva do MP.
Quadro de prazos:
HIPÓTESE PRAZO P/ CONCLUSÃO DO I.P.
 Indiciado Preso Indiciado Solto 
	Regra Geral – CPP
	10 dias
	30 dias
	PF
	15 (+15) dias
	30 dias
	Crimes contra Econ. Pop.
	10 dias
	10 dias
	Lei Antitóxicos
	30 (+30) dias
	90 (+90) dias
	Inquéritos Militares
	20 dias
	40 (+20) dias
O Inquérito se inicia com a portaria (que é a peça escrita que simboliza o início da investigação policial).
Notitia Criminis
Notitia Criminis: A notícia do crime é o conhecimento, espontâneo ou provocado, pela autoridade policial de um fato aparentemente criminoso.
É espontânea aquela em que o conhecimento da infração penal pelo destinatário (autoridade policial) da notitia criminis ocorre direta e imediatamente por força de sua atividade funcional, (cognição imediata) como nos casos de corpo de delito, comunicação de um funcionário subalterno, pelos meios de comunicação, etc...
É provocada quando a notícia do crime chega ao destinatário (autoridade policial), pelas diversas formas previstas na legislação processual penal, consubstanciando-se num ato jurídico como a comunicação da vítima ou do ofendido (delatio criminis), comunicação de qualquer do povo, por escrito ou verbalmente (notitia criminis simples), comunicação anônima (notitia criminis inqualificada) .
A Notitia Criminis, é obrigatória, ao Juiz (art. 40 CPP), a quem quer que esteja no exercício da função pública (art. 66, I, LCP), aos médicos e profissões sanitárias ( art. 66, II, LCP), ao síndico da falência (arts. 104 e 105 da Lei de Falências), etc...
A noticia crime é a comunicação da ocorrência de uma infração penal a autoridade competente, no intuito de que o inquérito se inicie. Normalmente direcionada a autoridade policial, porém nada impede que seja endereçada ao MP e o Juiz.
Providências
Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
Dirigir-se ao local, providenciado para que não se alterem o estado e a conservação das coisas até a chagada dos peritos criminais (a uma exceção em caso de acidente de trânsito, em que a lei permite a retirada dos veículos da pista, para o atendimento dos primeiros socorros e também com a finalidade de desobstruir a via);
Aprender os objetos que tiveram relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
Colher todas as provas que servirem para esclarecimento do fato e suas circunstâncias (testemunhas, documentos...);
Ouvir o ofendido;
Ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título VII, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por 2 (duas) testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;
Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
Determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias ( é obrigatória nas infrações que deixam vestígios);
Ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter (para futura fixação da pena).
Colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.
A reconstituição poderá ser determinada pela autoridade policial, sendo mais uma diligência da fase preliminar. Integram o ato o indiciado (sua participação é facultativa, não é obrigatória), a vítima, testemunhas e outras pessoas eventualmente convidadas a participar. 
Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidos a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
Os atos produzidos oralmente serão reduzidos a termo e as peças devidamente rubricadas pela autoridade policial.
O inquérito deverá terminar no prazo de 10 (dez) dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 (trinta) dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. A quantidade de prorrogações dependerão do que o juiz decidir.
A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente. No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas. Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.
OBS: nos crimes de tráfico de drogas e condutas equiparadas o prazo do inquérito é de 30 dias, estando o indiciado preso, e, 90 dias, se estiver solto.
O inquérito policial acompanhará a denuncia ou a queixa, sempre que servir de base uma a outra.
OBS: o inquérito policial poderá ser dispensável se a opinio delict se formou por meio de outros elementos de informação, como inquérito parlamentar, inquérito civil...
Incumbirá ainda à autoridade policial:
Fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos;
Realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público;
Cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias;
Representar acerca da prisão preventiva.
OBS 2016: Nos crimes abaixo explicitados, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá: 1) o nome da autoridade requisitante; 2) o número do inquérito policial; e; a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação. Crimes:
Sequestro ou Cárcere privado;
 Reduzir alguém a condição análoga à de escravo;
Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: 1) remover órgãos, tecidos, partes do corpo; 2) submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo ou submetê-la a qualquer tipo de servidão; 3) adoção ilegal; e 4) exploração sexual;
Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate;
Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro. 
Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso. Contudo: 
não permitirá acesso ao conteúdo da comunicaçãode qualquer natureza, que dependerá de autorização judicial, conforme disposto em lei;
deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior a 30 (trinta) dias, renovável por uma única vez, por igual período;
para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a apresentação de ordem judicial. 
OBS: Nesta hipóteses acima mencionada, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial.  
O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.
Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial.
O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. Se o indiciado estiver preso, deverá ser colocada em liberdade, pois se não há substrato para justificar a imediata denuncia , também não há justa causa para a manutenção da prisão.
OBS: mesmo que o indiciado tenha sido preso em flagrante delito, o Ministério Público poderá requerer novas diligências.
A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. Porém poderá solicitar e o pedido de arquivamento estará embasado nas seguintes hipóteses:
Ausência de pressuposto processual ou condição da ação;
Falta de justa causa;
Excludente de ilicitude;
Excludente de tipicidade;
Excludente de culpabilidade;
Extinção de punibilidade.
Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.
A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes.
A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.
A incomunicabilidade, que não excederá de 3 (três) dias, será decretada por despacho fundamentado do juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no Art. 89, III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil.
Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado.
Encerramento do inquérito policial: o relatório é a peça escrita que simboliza o término do inquérito, tendo caráter eminentemente descritivo.
OBS 1: súmula 524 do STF x art. 18 do CPP. Segundo o STF o arquivamento do inquérito policial em regra não faz coisa julgada material, tanto é verdade que se surgirem novas provas enquanto o crime não estiver prescrito o promotor terá aptidão para oferecer denuncia. Por sua vez o art. 18 do CPP autoriza que o Delegado cumpra diligências mesmo durante o arquivamento na esperança de colher prova nova que viabilize a denúncia.
OBS 2: Definitividade do arquivamento: para o STF o arquivamento pautado na CERTEZA DA ATIPICIDADE DO FATO faz coisa julgada material, não cabendo denúncia, nem mesmo pelo surgimento de novas provas.
OBS 3: TCO (Termo Circunstanciado do Ocorrido) funciona como investigação simplificada. Na apuração das infrações de menor potencial ofensivo. Sendo que o TCO será encaminhado aos juizados especiais criminais.
OBS 4: O Juiz não poderá arquivar o I.P. de ofício, devendo haver requerimento do MP ou do Procurado Geral de Justiça. 
VI. Inquéritos não Policiais
A titularidade das investigações não está concentrada somente nas mãos das polícias civil e federal. Compulsando o teor do art. 4º, parágrafo único, do CPP, vemos que este consagra a possibilidade de inquéritos não policiais (ou extrapoliciais). 
Certamente não desejou o nosso legislador, nem mesmo o constituinte, que as investigações criminais fossem exclusivas da polícia. Tanto é verdade que existe a possibilidade do desenvolvimento de procedimentos administrativos, fora da seara policial, destinados à apuração de infrações penais e que podem perfeitamente viabilizar a propositura da ação criminal. Senão vejamos:
a) Inquéritos parlamentares, patrocinados pelas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI’s), e que por força do art. 1º da Lei nº 10.001/2000, remeterão os respectivos relatórios com a resolução que o aprovar aos chefes do Ministério Público da União ou dos Estados, ou ainda às autoridades administrativas ou judiciais com poder de decisão, conforme o caso, para prática de atos de sua competência. Por sua vez, o inquérito parlamentar será analisado prioritariamente, cabendo à autoridade a quem foi encaminhado informar à respectiva comissão, em 30 dias, quais as providências adotadas. Havendo instauração de procedimento investigativo ou de processo judicial em razão do inquérito parlamentar, a autoridade que o presidir, a cada seis meses, deverá informar à CPI em que fase se encontra o procedimento, estabelecendo assim perene acompanhamento pelo Poder Legislativo (art. 2º c/c art. 3º, Lei nº 10.001/00). O próprio STF, na súmula nº 397, assevera que “o poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o regimento, a prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito”.
b) Inquéritos policiais militares, que, a teor do art. 8º do Código de Processo Penal Militar, estão a cargo da polícia judiciária militar, composta por integrantes da carreira. Nada impede que sejam requisitados à polícia civil e respectivas repartições técnicas pesquisas e os exames necessários a subsidiar o inquérito militar. Quanto ao crimes dolosos contra a vida praticados por militar contra civil, mesmo sendo delitos comuns, de competência do tribunal do júri, por força do art. 82, § 2º, do CPPM, são passíveis de inquérito militar, que servirá para embasar futura denúncia. Nada impede que seja também instaurado inquérito policial no âmbito da polícia civil, coexistindo os procedimentos.
c) Inquérito civil, disciplinado no art. 8º, § 1º, da Lei nº 7.347/1985, é presidido pelo Ministério Público e objetiva reunir elementos para a propositura da ação civil pública. Pode perfeitamente embasar ação de âmbito criminal.
d) Inquérito judicial – tratado na antiga Lei de Falências (Dec-lei nº 7.661/1945) –, que consistia em um procedimento preparatório para a ação penal, presidido pelo juiz de direito, e irrigado pelo princípio do contraditório e da ampla defesa.
e) Inquéritos por crimes praticados por magistrados ou promotores, nos quais as investigações são presididas pelos órgãos de cúpula de cada carreira, de acordo com o que dispõe o art. 33, parágrafo único, da LOMAN, e art. 41, parágrafo único, da LONMP.
f) Investigações envolvendo autoridades que gozam de foro por prerrogativa de função. Nestas hipóteses, o delegado de polícia não poderá indiciá-las nem instaurar inquérito para apuração de eventual infração, pois as investigações vão tramitar perante o tribunal onde a referida autoridade desfruta do foro privilegiado. Ex.: caso um senador venha a praticar infração penal, as investigações vão se desenvolver sob a presidência de um Ministro do STF.
No entanto, a matéria não é pacífica. Para nós, há vedação nesse proceder em face da imunidade parlamentar de naturezaformal. Desse modo, entendemos que se um deputado federal for encontrado em flagrante, a solução legal/constitucional é a prisão em flagrante, seguida de comunicação imediata ao STF, a quem compete a presidência investigativa.
g) Investigações particulares, que podem embasar a ação penal, contudo encontram ampla limitação em razão dos parcos recursos do cidadão para a colheita de elementos probatórios. A disciplina legal existente é parca e se refere aos detetives particulares (Lei nº 3.099/1957). Embora carente a regulamentação no âmbito do processo penal, não há óbice à condução paralela de investigação pela defesa do indiciado (investigação criminal defensiva), desde que não ofenda direitos individuais fundamentais, como a intimidade, a honra e a vida privada.
h) Investigações a cargo do Ministério Público (procedimento investigatório criminal): é perfeitamente possível ao Ministério Público a realização de investigações no âmbito criminal. Perceba que não se deseja a presidência do inquérito policial pelo Ministério Público, pois isto, por reclamo constitucional (art. 144, § 4º, da CF), é atribuição da autoridade policial. O que se pretende, sendo plenamente possível por decorrência do texto constitucional e com base na teoria dos poderes implícitos (implied powers theory), é a possibilidade do órgão ministerial promover, por força própria, a colheita de material probatório para viabilizar o futuro processo. Poderia assim o promotor de justiça instaurar procedimento administrativo investigatório (inquérito ministerial), e colher os elementos que repute indispensáveis, dentro das suas atribuições, para viabilizar a propositura da ação penal. Eventuais temores pelos excessos possíveis não devem objetar a posição aqui assumida, pois não se ilide a responsabilidade administrativa, civil e criminal do membro do Ministério Público incauto na presidência da investigação preliminar. Nesse sentido manifesta-se o Superior Tribunal de Justiça, segundo o qual a polícia judiciária não possui o monopólio da investigação criminal.
VII. Competência (Atribuição)
VII.I. Critério Territorial
Por este critério, delegado com atribuição é aquele que exerce suas funções na circunscrição em que se consumou a infração (art. 4º, caput, CPP). Circunscrição significa a delimitação territorial na qual o delegado exerce as suas atividades.
VII.II. Critério Material
Pelo critério material, temos a segmentação da atuação da polícia, com delegacias especializadas na investigação e no combate a determinado tipo de infração, a exemplo das delegacias especializadas em homicídios, entorpecentes, furtos e roubos, etc.
O sistema de segurança pública está delineado no art. 144, da Constituição do Brasil, onde se vê a definição das tarefas dos diversos órgãos que o compõem, em especial: (1) a polícia federal, com atribuição definida de forma específica referente a delitos federais e a tráfico de entorpecentes e drogas afins, contrabando e descaminho (sem prejuízo da atuação de outros órgãos); e (2) a polícia civil, com atribuição residual, isto é, todo delito que não for afeto à competência da União ou da Justiça Militar, incumbe a ela apurar. É de ver que, além do que já dispõe expressamente a CF (art. 144, § 1º, I), a Lei nº 10.446/2002 prevê a regulamentação da atuação da polícia federal no tocante a outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, ao autorizar o Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça, sem prejuízo da responsabilidade dos demais órgãos de segurança pública, em especial das Polícias Militares e Civis dos Estados, proceder à investigação, dentre outras, das seguintes infrações penais:
1) sequestro, cárcere privado e extorsão mediante sequestro (arts. 148 e 159, CP), se o agente foi impelido por motivação política ou quando praticado em razão da função pública exercida pela vítima;
2) formação de cartel (incisos I, “a”, II, III e VII, do art. 4º, da Lei nº 8.137/1990);
3) alusivas à violação a direitos humanos, que a República Federativa do Brasil se comprometeu a reprimir em decorrência de tratados internacionais de que seja parte;
4) furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores, transportadas em operação interestadual ou internacional, quando houver indícios da atuação de quadrilha ou bando123 em mais de um Estado da Federação;
5) falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais e venda, inclusive pela internet, depósito ou distribuição do produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado (art. 273 do Código Penal). Anote-se que esta previsão decorre de alteração legislativa promovida pela Lei nº 12.894/2013, que entrou em vigor em 17 de dezembro de 2013.
6) furto, roubo ou dano contra instituições financeiras, incluindo agências bancárias ou caixas eletrônicos, quando houver indícios da atuação de associação criminosa em mais de um Estado da Federação. Esta hipótese foi inserida pela Lei 13.124/15, que entrou em vigor na data de sua publicação (22 de maio de 2015).
Além desses casos, que evidenciam que a investigação preliminar de crimes de competência da Justiça Estadual não é de exclusividade da polícia civil, cabendo a atuação concorrente da polícia federal, o Departamento de Polícia Federal, verificando o atendimento dos pressupostos da (1) “repercussão interestadual ou internacional” e (2) da “exigência de repressão uniforme”, procederá à apuração de outras hipóteses, desde que tal providência seja autorizada ou determinada pelo Ministro de Estado da Justiça.
VII.III. Critério em Razão da Pessoa
Leva-se em consideração a figura da vítima, tais como as delegacias da mulher, do turista, do idoso, dentre outras.
Nada impede, nas comarcas em que exista mais de uma circunscrição policial, que a autoridade com exercício em uma delas ordene diligências em outra, independentemente de precatórias ou requisições, podendo ainda prontamente atuar em razão de fatos que venham a ocorrer em sua presença.
É também mera irregularidade o fato do inquérito tramitar em local diverso do da consumação da infração, afinal, a violação dos critérios de atribuição não tem o condão de macular o futuro processo. O advogado do indiciado, entretanto, poderá impetrar habeas corpus para trancar o inquérito que tramita irregularmente, por desrespeito à fixação da atribuição. A não contaminação do futuro processo não é obstáculo ao combate do inquérito irregular.
Cap. 05 - AÇÃO PENAL
Das Condições da Ação Penal
É o direito público subjetivo de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo ao caso concreto. A Constituição consagra, no art. 5º, inciso XXXV, que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Logo, sendo a jurisdição inerte, e estando a autotutela banida, como regra, do ordenamento jurídico, resta aos interessados, através do exercício do direito de ação, provocar a jurisdição no intuito de obter o provimento jurisdicional adequado à solução do litígio.
A Doutrina clássica subdivide as condições da ação em: Interesse de Agir, Legitimidade de Parte e Possibilidade Jurídica do Pedido (Suprimido pelo novo CPC). Mais modernamente, tem-se incluído entre elas a Justa Causa, conforme veremos a seguir.
 
I.I. Interesse de agir
O interesse de agir processual, segundo Carreira Alvim (Teoria Geral do Processo, p. 138), “surge quando surge a necessidade de se obter, através do processo, a proteção para o interesse substancial”, que é, por sua vez, o interesse de ver atendida uma pretensão de direito material.
I.II. Legitimidade de partes
A persecução penal é, em regra, uma função privativa do Estado, sendo o seu exercício atribuído ao órgão do Ministério Público. Figura como exceção a essa regra, a possibilidade de o ofendido (ou seu representante legal) tomar a iniciativa da ação penal, desde que previamente previsto em lei, como nos crimes deação penal privada.
 
I.III. Possibilidade Jurídica do Pedido
A possibilidade jurídica do pedido relaciona-se com o pedido imediato, estando lá inserida, pois é nesta etapa em que se analisa a real possibilidade de acolhimento da pretensão para futura prestação jurisdicional. SUPRIMIDO PELO NOVO CPC.
Ação Pública Condicionada 
É aquela cujo exercício se subordina a uma condição. Essa condição tanto pode ser a manifestação de vontade do ofendido ou de seu representante legal (representação) como também a requisição do Ministro da Justiça.
OBS: Os casos em que a Ação pública condicionada estará sujeita à requisição do Ministro da Justiça. São esses casos:
Crime contra a honra do Presidente da República ou de chefe de governo estrangeiro; - Logo o MP só poderá processar se houver a requisição do Ministro da Justiça.
Crime praticado contra brasileiro no território estrangeiro.
OBS: Súm. 714. “É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções”.
Ação penal pública condicionada à representação: O Ministério Público, titular dessa ação, só pode a ela dar início se a vítima ou seu representante legal o autorizarem, por meio de uma manifestação de vontade. Mais ainda: sem a permissão da vítima, nem sequer poderá ser instaurado inquérito policial. Todavia, uma vez iniciada a ação penal, o Ministério Público a assume incondicionalmente, a qual passa a ser informada pelo princípio da indisponibilidade do objeto do processo, sendo irrelevante qualquer tentativa de retratação.
OBS: em caso de falecimento do ofendido, tem-se o CADI.
	II.I. Crimes que Dependem de Representação da Vítima ou seu Representante Legal
Crime de lesão corporal leve (exceto para os casos de violência contra a mulher); 
Crime de lesão corporal culposa; 
Lesão corporal culposa no trânsito; 
Perigo de contágio venéreo;
Crime contra a honra de funcionário público, em razão de suas funções; 
Ameaça;
Violação de correspondência, correspondência comercial;
Furto de coisa comum; 
Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de transporte sem ter recursos para o pagamento.
II.II. Prazo
“Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia”. Trata-se, como se vê, de prazo decadencial, que não se suspende nem se prorroga, e cuja fluência, iniciada a partir do conhecimento da autoria da infração, é causa extintiva da punibilidade do agente.
Cuidando-se de menor de dezoito anos ou, se maior, de possuidor de doença mental, o prazo não fluirá para ele enquanto não cessar a incapacidade (decorrente da idade ou da enfermidade), porquanto não se pode falar em decadência de um direito que não se pode exercer. O prazo flui, todavia, para o representante legal, desde que ele saiba quem é o autor do ilícito penal.
Ação Pública Incondicionada
A ação penal pública incondicionada é aquela titularizada pelo Ministério Público e que prescinde de manifestação de vontade da vítima ou de terceiros para ser exercida. Ela constitui a regra em nosso ordenamento e será a ação cabível quando do silêncio da lei acerca da ação penal cabível. A Constituição tem no Ministério Público o órgão acusador oficial do Estado e, na esmagadora maioria das infrações, atuará o promotor incondicionalmente, ex officio, sem a necessidade de autorização ou manifestação de vontade de quem quer que seja.
O CPP autoriza, nos crimes de ação penal pública, a provocação do Ministério Público por qualquer do povo, fornecendo informações sobre a possível infração Ocorrida.
	III.I. Princípios da Ação Penal
Princípio da obrigatoriedade: Identificada a hipótese de atuação, não pode o Ministério Público recusar-se a dar início à ação penal. Há, quanto à propositura desta, dois sistemas diametralmente opostos: o da legalidade (ou obrigatoriedade), segundo o qual o titular da ação está obrigado a propô-la sempre que presentes os requisitos necessários, e o da oportunidade, que confere a quem cabe promovê-la certa parcela de liberdade para apreciar a oportunidade e a conveniência de fazê-lo.
Princípio da indisponibilidade: Oferecida a ação penal, o Ministério Público dela não pode desistir (CPP, art. 42). Esse princípio nada mais é que a manifestação do princípio anterior no desenvolvimento do processo penal. A proibição é expressa no art. 42 do Código de Processo Penal, chegando a atingir, inclusive, a matéria recursal, pois “o Ministério Público não poderá desistir do recurso que haja interposto” (CPP, art. 576).
Princípio da oficialidade: Os órgãos encarregados da persecução penal são oficiais, isto é, públicos. Sendo o controle da criminalidade uma das funções mais típicas do Estado, assevera-se, como o faz Manzini, que a função penal é de índole eminentemente pública. O Estado é o titular exclusivo do direito de punir, que só se efetiva mediante o devido processo legal, o qual tem seu início com a propositura da ação penal. Segue-se que, em regra, cabe aos órgãos do próprio Estado a tarefa persecutória. Entre nós, atribui-se a investigação prévia à autoridade policial (polícia civil ou polícia federal, CF, art. 144, incisos e parágrafos) ou àquelas autoridades administrativas a quem a lei cometa a mesma função, qual seja, a de polícia judiciária (CPP, art. 4º e parágrafo único), ao passo que a ação penal pública fica a cargo exclusivo do Ministério Público (CF, art. 129, I). Exceção para os casos de ação priva da subsidiária, de titularidade do ofendido ou do seu representante legal.
Princípio da autoritariedade: Corolário do princípio da oficialidade. São autoridades públicas os encarregados da persecução penal extra e in judicio (respectivamente, autoridade policial e membro do Ministério Público).
Princípio da oficiosidade: Os encarregados da persecução penal devem agir de ofício, independentemente de provocação, salvo nas hipóteses em que a ação penal pública for condicionada à representação ou à requisição do ministro da justiça.
Princípio da indivisibilidade: Também aplicável à ação penal privada (CPP, art. 48). A ação penal pública deve abranger todos aqueles que cometeram a infração. A regra é desdobramento do princípio da legalidade: se o Ministério Público está obrigado a propor a ação penal pública, é óbvio que não poderá escolher, dentre os indiciados, quais serão processados, pois isso implicaria necessariamente a adoção do princípio da oportunidade em relação ao “perdoado”.
Princípio da intranscendência: A ação penal só pode ser proposta contra a pessoa a quem se imputa a prática do delito.
Princípio da suficiência da ação penal: O assunto está inserido dentro do tema “prejudicialidade”. Questão prejudicial é aquela que “pré-judica”, isto é, aquela que “prejulga” a ação. É toda questão cujo deslinde implica um prejulgamento do mérito. A prejudicialidade será obrigatória quando a questão prejudicial estiver relacionada ao estado de pessoas (vivo, morto, parente ou não, casado ou não). Nessa hipótese, o juiz será obrigado a suspender o processo criminal até que a polêmica seja solucionada no juízo cível. Por exemplo: crime contra o patrimônio sem violência ou grave ameaça cometido por ascendente contra descendente ou vice-versa. O parentesco terá relevância in casu, pois o autor ficará isento de pena, diante da escusa absolutória prevista no art. 181, II, do CP. Como a controvérsia séria e fundada versa sobre estado de pessoas, consistente no parentesco entre autor e vítima, “o curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada em julgado” (CPP, art. 92). A prejudicialidade será facultativa quandoa questão não estiver ligada ao estado de pessoas. Nesse caso, o juiz criminal não estará obrigado, mas apenas “poderá” suspender o processo, aguardando a solução no âmbito cível. Por exemplo: antes de saber se houve o furto, é necessário decidir se a coisa subtraída pertence ou não ao agente, já que não existe furto de coisa própria. O domínio da res furtiva é questão prejudicial ao furto, mas não ligada ao estado de pessoas. Assim, se houver uma ação civil em andamento para discutir a propriedade do bem, o juízo penal não precisará aguardar a solução da demanda na esfera extrapenal, nos termos do art. 93 do CPP. É aí que se fala em princípio da suficiência da ação penal. A ação penal é suficiente para resolver a questão prejudicial não ligada ao estado de pessoas, sendo desnecessário aguardar a solução no âmbito cível.
Ação Penal Ex Officio
Ação penal ex officio é aquela exercida sem a provocação da parte.
A ação penal ex officio (sem provocação), se iniciava mediante auto de prisão em flagrante delito ou mediante portaria da autoridade policial ou judiciária que agia de ofício, ou por requerimento (solicitação) do Ministério Público.
A legitimidade para representação é do ofendido ou de seu representante legítimo, havendo incapacidade. Por sua vez, se o ofendido vem a falecer ou é declarado judicialmente ausente, o direito de representação sucede, e o rol de legitimados para sucedê-lo é preferencial e taxativo: cônjuge, ascendente, descendente e irmãos.
Se o ofendido for menor de 18 e mesmo que tenha emancipação, não poderá representar sozinho necessitando da nomeação de curador especial.
Depois de oferecida a denuncia a representação será irretratável, ou seja, a vítima somente poderá se retratar e retirar a denúncia até o oferecimento da denúncia. 
A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial.
Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.
Diante da provocação o Ministério Público poderá:
Requisitar a instauração do inquérito policial;
Oferecer, de imediato, denúncia, havendo lastro probatória que dispense a instauração do inquérito;
Requerer ao magistrado o arquivamento das peças de informação.
Tratando-se de ação pública condicionada, só o legítimo interessado poderá provocar o Ministério Público a atuar.
Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento de inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
 Ação Penal Privada 
Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 (cinco) dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 (quinze) dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (Art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.
A Ação penal privada divide-se em:
Propriamente dita / exclusiva;
Personalíssima – único crime no CP – art. 236 CP - Art. 236 – “Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior”;
Subsidiária da pública.
OBS: No caso de crime relativos à “Maria da Penha”, a retratação, quando possível (em caso de crime de lesão corporal não caberá retratação), será feita na frente do Juiz e até o recebimento da denúncia.
Ação Penal PRIVADA Subsidiária da Pública – Art. 29 CPP
 Art. 29.  Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
Trata-se de autorização constitucional fornecida pelo art. 5.º, LIX, possibilitando que a vítima ou seu representante legal ingresse, diretamente, com ação penal, através do oferecimento de queixa, quando o Ministério Público, nos casos de ações públicas, deixe de fazê-lo no prazo legal.
Prazo para o ofendido ingressar com queixa: tem ele 06 meses, a contar do esgotamento do prazo para o Ministério Público oferecer denúncia. Tal prazo não atinge o Estado-acusação, que mantém o dever de denunciar, até que ocorra a prescrição.
O prazo para oferecimento da denúncia pelo MP, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial, contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.
Ação penal privada após o arquivamento pedido pelo Ministério Público: é inaceitável que o ofendido, porque o inquérito foi arquivado, a requerimento do Ministério Público, ingresse com ação penal privada subsidiária da pública. A titularidade da ação penal não é, nesse caso, da vítima e a ação privada, nos termos do art. 29, somente é admissível quando o órgão acusatório estatal deixa de intentar a ação penal, no prazo legal, mas não quando age, pedindo o arquivamento.
Oferecimento de queixa, após pedido de novas diligências feito pelo Ministério Público: como regra, se o membro do Ministério Público ainda não formou sua convicção para dar início à ação penal, deve-se permitir que requeira o retorno dos autos do inquérito à delegacia para novas diligências. Não cabe, pois, ação privada subsidiária da pública.
IV. Atribuições do Ministério Público havendo oferecimento de queixa: 
a) pode o órgão acusatório estatal aditar (complementar, adicionar algum elemento) a queixa, para incluir circunstância constante das provas do inquérito, componente da figura típica, mas não descrita na peça inaugural privada, bem como para incluir algum indiciado olvidado; 
b) pode repudiar a queixa, oferecendo denúncia substitutiva, quando verificar que a peça ofertada pela vítima é inepta e não preenche os requisitos legais. Nessa hipótese, não se trata de atitude discricionária do promotor, ou seja, não pode simplesmente repudiar a queixa, substituindo-a pela denúncia, por mero capricho; 
c) pode, ainda, intervir em todos os termos do processo, aliás, deve, pois o direito de punir continua pertencendo ao Estado e somente a iniciativa da ação penal é que passou ao particular; 
d) pode fornecer elementos de prova; 
e) tem a possibilidade de interpor recurso; 
f) finalmente, é viável que retome a ação principal, figurando no polo ativo, se houver negligência do particular.
Perdão como causa para a retomada da ação penal: o ofendido não pode, nas ações penais públicas na essência, perdoar o acusado. Cabe-lhe o instituto do perdão unicamente quando a iniciativa da ação penal for sua, com exclusividade. Demonstrando que pretende desistir da ação penal privada subsidiária da pública e, graças a isso, tornando-se inativo na condução da demanda, deve o Ministério Público retomar a ação como parte principal.A Ação Penal nas Fundações, Associações ou Sociedades
 As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes.
Decadência e Prescrição
Decadência: é a perda do direito de agir, pelo decurso de determinado lapso temporal, estabelecido em lei, provocando a extinção da punibilidade do agente. 
A prescrição, quando ocorre, atinge diretamente o direito de punir do Estado, enquanto a decadência faz perecer o direito de ação, que, indiretamente, atinge o direito de punir do Estado, já que este não pode prescindir do devido processo legal para aplicar sanção penal a alguém. 
A decadência envolve todo tipo de ação penal privada (exclusiva ou subsidiária), abrangendo também o direito de representação, que ocorre na ação penal pública condicionada. No caso da ação privada subsidiária da pública, deve-se destacar que o particular ofendido pode decair do seu direito de apresentar queixa, tão logo decorra o prazo de seis meses, contado a partir da finalização do prazo legal para o Ministério Público oferecer denúncia, embora não afete o direito do Estado-acusação, ainda que a destempo (fora do tempo), de oferecer denúncia. Somente a prescrição é capaz de afastar o direito de ação do Estado, porque lhe retirou o direito de punir.
Regra geral e exceções quanto ao prazo: há expressa disposição legal permitindo que outro prazo, que não os 06 meses (regra geral), contados da ciência da autoria da infração penal, seja fixado para o exercício do direito de ação. É o que acontece tanto na Parte Especial do Código Penal (seis meses, a partir do trânsito em julgado da sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento – art. 236, parágrafo único), como no próprio Código de Processo Penal (30 dias, a contar da homologação do laudo, é o prazo para a queixa no caso de crime contra a propriedade imaterial, embora incida também o prazo de seis meses, antes de nascer o de 30 dias.
Interrupção do prazo decadencial: ocorre quando há o oferecimento de queixa ao juízo. Prescinde-se de despacho judicial ou recebimento da queixa, bastando a distribuição no fórum.
Contagem do prazo: Conta-se nos termos do art. 10 do Código Penal, incluindo-se o dia do começo e excluindo-se o dia final, valendo-se a contagem do calendário comum. Exemplificando, se alguém toma conhecimento da autoria do crime de calúnia, no dia 10 de março, vence o prazo para apresentar queixa no dia 9 de setembro. Não há interrupção por força de feriados, fins de semana, férias forenses ou qualquer outro motivo de força maior.
OBS: já que decadência é o tempo que a vítima tem de pedir provimento do Estado, logo, assim sendo, não há decadência em crime de ação pública incondicionada.
Do Direito de Representação
O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida.
OBS: A Ação Penal se inicia com:
a) Denúncia – se o crime for de Ação Pública – Oferecida pelo MP; 
b) Queixa – se o crime for de Ação – Oferecida pelo Ofendido.
	A par da Denúncia ou Queixa o Juiz poderá:
Recebê-la: A denúncia ou queixa conterá: 
a.1.) A exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias; 
a.2) A qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, 
a.3) A classificação do crime; e quando necessário 
a.4) O rol das testemunhas.
Rejeitá-la: A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
b.1) For manifestamente inepta;
b.2) Faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou
b.3) Faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
OBS:  O Ministério Público não poderá desistir da ação penal. – Princípio da Indisponibilidade e Princípio da obrigatoriedade: rege a ação penal pública a obrigatoriedade da sua propositura, não ficando ao critério discricionário do Ministério Público a elaboração da denúncia. Justamente por isso, oferecida a denúncia já não cabe mais a desistência. – O MP pode até pedir para absolver, mas não pode desistir!!! 	
	OBS: A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal.
	OBS:  A queixa, AINDA QUANDO a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos subsequentes do processo. O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo.
	OBS:  A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá. A renúncia do representante legal do menor que houver completado 18 (dezoito) anos não privará este do direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do primeiro.
Do Perdão
O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.
Se o querelante for de 18 (dezoito) anos, o direito de perdão poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal, mas o perdão concedido por um, havendo oposição do outro, não produzirá efeito.
Se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os do querelado, a aceitação do perdão caberá ao curador que o juiz lhe nomear.
O perdão poderá ser oferecido dentro do processo, por petição atravessada nos autos ou na própria audiência de instrução. 
OBS:  O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais.
Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de 3 (três) dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade.
Perempção da ação penal 
É uma sanção processual ocasionada pela desídia na condução da ação privada, sendo uma forma de desistência da ação, pois implicará na extinção da punibilidade.
Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:
Quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 (trinta) dias seguidos;
Quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no Art. 36;
Quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;
Quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá declará-lo de ofício.No caso de requerimento do Ministério Público, do querelante ou do réu, o juiz mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a parte contrária e, se o julgar conveniente, concederá o prazo de 5 (cinco) dias para a prova, proferindo a decisão dentro de 5 (cinco) dias ou reservando-se

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