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direito tributario e empresari

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107
UNIDADE 3
DIREITO EMPRESARIAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade tem por objetivos:
• possibilitar, aos acadêmicos, uma visão sistêmica do Direito Empresarial, 
levando-os à compreensão das formas de como se estabelecem as obriga-
ções comerciais, a partir do conhecimento dos seus conceitos básicos;
•	 compreender	a	classificação,	natureza	jurídica	e	funcionamento	das	prin-
cipais sociedades empresárias;
•	 conhecer	os	principais	títulos	de	crédito	e	sua	utilização;
• compreender o procedimento de recuperação das empresas e o procedi-
mento de falência;
•	 identificar	as	relações	comerciais	e	empresariais,	conhecendo	a	estrutura	e	
o	funcionamento	das		sociedades,	os	títulos	de	crédito	e	os	procedimentos	
da recuperação com suas respectivas obrigações, a ponto de facilitar o seu 
dia	a	dia	profissional.
Esta	unidade	está	dividida	em	cinco	tópicos.	Ao	final	de	cada	um	deles,	você	
encontrará	atividades	que	o(a)	ajudarão	a	fixar	os	conhecimentos	adquiridos.
TÓPICO 1 – BREVE HISTÓRICO – SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DO DI-
REITO	EMPRESARIAL
TÓPICO	2	–	 DIREITO	EMPRESARIAL	E	EMPRESÁRIO
TÓPICO	3	–	 SOCIEDADES	EMPRESÁRIAS	
TÓPICO 4 – TÍTULOS DE CRÉDITO
TÓPICO	5	–	 RECUPERAÇÃO	DE	EMPRESAS	E	FALÊNCIA
108
109
TÓPICO 1
BREVE HISTÓRICO – SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DO 
DIREITO EMPRESARIAL
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Neste	tópico,	nós	estudaremos	como	surgiu	o	comércio	e	como	este	evoluiu	
até	o	Direito	Empresarial	que	conhecemos	hoje.
2 SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DO DIREITO EMPRESARIAL
Após	 muitos	 séculos,	 a	 humanidade	 chegou	 ao	 entendimento	 de	 que	
cada	 ser	 humano	 necessita	 do	 seu	 semelhante,	 para	 pôr	 em	 execução	 grandes	
expedições	 de	 caça	 e	 para	 se	 defender	 dos	 animais,	 de	 que	 nos	 dá	 notícia	 a	
Paleontologia.	Os	estudos	históricos	demonstram	que	os	grupos	menos	agressivos	
foram	se	aproximando	cada	vez	mais	e	passaram	a	se	juntar	em	torno	de	templos	
e outros lugares considerados sagrados, para a celebração de eventos festivos e 
religiosos.	Em	decorrência	desses	encontros,	começou	a	ganhar	espaço	a	concepção	
de trocarem, uns com os outros, aqueles bens que lhes eram desnecessários ou 
excedentes.
Foi	assim	que	surgiu	o	que	podemos	considerar	a	forma	embrionária	do	
comércio:	 a	 “troca	direta”.	 Porém,	 as	 negociações	 realizadas	pela	 simples	 troca	
eram	muito	limitadas:	o	possuidor	de	determinado	produto	tinha	que	encontrar	
alguém	que	detinha	aquele	outro	que	ele	precisava,	na	qualidade	e	na	quantidade	
desejada.	 Porém,	 havia	 o	 problema	 em	 determinar	 o	 valor	 dos	 bens	 a	 serem	
trocados.	Era	preciso,	portanto,	achar	um	meio	que	permitisse	uma	facilitação	nas	
trocas	e	simplificasse	o	cálculo	das	mercadorias	a	serem	trocadas;	algo	que	fosse	
tanto	um	instrumento	de	troca	e	medida	comum	de	valor,	além	de	ser	facilmente	
transportável.	 Não	 demorou	 muito	 para	 que	 tal	 elemento,	 chamado	 moeda,	
surgisse.
Desde que surgiu a moeda, mesmo em sua forma rudimentar e primitiva, 
medindo e determinando valores, sobrepondo a troca direta, iniciou-se uma nova 
atividade:	a	dos	intermediários	entre	o	produtor	e	o	consumidor,	ou	seja,	a	atividade	
do	comerciante,	que	passou	a	exercer	a	atividade	habitualmente,	com	intuito	de	
lucro.	Na	 Idade	Antiga,	os	povos	antigos,	 como	os	 fenícios,	destacaram-se	pelo	
exercício	da	atividade	comercial,	porém,	sem	poder	ainda	se	 falar	na	existência	
de	 um	direito	 comercial,	 com	 regras	 e	 princípios	 próprios.	O	desenvolvimento	
do	comércio	deveu-se	inequivocadamente	ao	surgimento	da	moeda,	porque,	com	
seu	uso,	as	riquezas	começaram	a	circular	muito	mais	rapidamente	e	o	transporte	
UNIDADE 3 | DIREITO EMPRESARIAL
110
de moedas foi muito mais simples e prático do que transportar mercadorias para 
troca.
Nasceu,	assim,	a	economia	de	mercado	e	com	ela	a	figura	do	comerciante	
que	se	coloca	entre	o	produtor	e	o	consumidor,	ou	seja,	torna-se	um	intermediário	
entre	aquele	que	produz	e	aquele	que	compra	mercadorias,	objetivando	o	lucro.
A	 evolução	dos	 conceitos	 levou	 à	 remodelação	do	direito	 comercial,	 no	
auge da Segunda Guerra Mundial, com o advento do Código Civil Italiano, que 
unificou	o	direito	privado,	 ou	 seja,	 juntou,	 em	uma	única	 codificação,	 o	direito	
civil e o direito comercial, formando o que chamamos atualmente de Direito 
Empresarial.
Caro(a) acadêmico(a)! Para bem entender esta primeira fase do direito comercial, 
indicamos o filme “O Mercador de Veneza”, lançado no ano de 2004 e estrelado 
pelo ator Al Pacino. Baseado numa peça de William Shakespeare que foi escrita entre os anos de 
1594 e 1597. Vale a pena ver!
DICAS
2.1 O CÓDIGO CIVIL ITALIANO DE 1942 E A TEORIA DA 
EMPRESA
Em	1942,	a	Itália	editou	um	novo	Código	Civil,	trazendo	um	novo	sistema	
delimitador	da	incidência	do	regime	jurídico	comercial:	a	teoria	da	empresa.	Além	
disso,	o	Código	Civil	italiano	promoveu	uma	unificação	formal	do	direito	privado,	
disciplinando,	em	uma	única	lei,	as	relações	civis	e	comerciais.	O	direito	comercial	
entrou,	assim,	na	sua	terceira	fase,	passando	a	adotar	o	conceito	da	empresarialidade.	
Na teoria da empresa, o direito comercial não se limita a regular apenas as relações 
jurídicas	em	que	ocorra	a	prática	de	um	determinado	ato	definido	em	lei,	como	ato	
de	comércio,	ou	com	alguns	atos,	mas	com	uma	forma	específica	de	exercer	uma	
atividade	econômica:	a	forma	empresarial.	
Como	bem	 esclarece	 Bulgarelli	 (2000,	 p.	 30):	 “[...]	Nos	 dias	 que	 correm,	
transmudou-se (o direito comercial) de mero regulador dos comerciantes e dos 
atos	de	comércio,	passando	a	atender	à	atividade,	sob	a	forma	de	empresa,	que	é	o	
atual	fulcro	do	direito	comercial”.	
Assim,	a	teoria	da	empresa	enquadra	qualquer	atividade	econômica,	desde	
que	exercida	profissionalmente	e	destinada	a	produzir	ou	fazer	circular	bens	ou	
serviços.
TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRICO – SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DO DIREITO EMPRESARIAL
111
Quanto à denominação no Brasil, de uma forma bem resumida, podemos 
afirmar	que,	ao	longo	da	história,	o	Direito	Empresarial	já	recebeu	três	diferentes	
denominações:
FONTE: Os autores
Pelo	 exposto	 até	 aqui,	 podemos	 concluir	 que	 o	 Código	 Civil	 de	 2002	
unificou,	parcialmente,	o	Direito	Comum	e	o	Direito	Comercial,	da	mesma	forma	
que	 o	Código	Civil	 Italiano,	 pois	 passou	 a	 tratar	 desta	matéria	 sob	 o	 título	 de	
Direito	de	Empresa.
FIGURA 2 – DENOMINAÇÕES DO DIREITO COMERCIAL
112
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
l	O	comércio	surgiu	da	necessidade	de	os	grupos	trocarem	bens	excedentes	ou	
desnecessários.
l	A	“troca	direta”	foi	a	forma	embrionária	do	comércio.
l	Em	razão	da	diferença	de	valores	entre	os	bens,	surgiu	a	moeda.
l	O	surgimento	da	moeda	deu	ensejo	à	economia	de	mercado.
l	Para	a	teoria	da	empresa,	trazida	pelo	Código	Civil	Italiano,	o	direito	comercial	
não	se	limita	a	regular	apenas	as	relações	jurídicas	em	que	ocorra	a	prática	de	
um	determinado	ato,	definido	em	lei	como	ato	de	comércio,	ou	com	alguns	atos,	
mas	como	uma	forma	específica	de	exercer	uma	atividade	econômica:	a	forma	
empresarial.
l	O	Direito	Empresarial,	no	Brasil,	passou	pelas	seguintes	denominações:	Direito	
Mercantil,	Direito	Comercial	e,	atualmente,	Direito	Empresarial.
113
AUTOATIVIDADE
Leia	o	seguinte	texto	e	ao	final	responda	às	questões	propostas.
 
Pela	primeira	vez,	de	certa	feita,	dois	seres	humanos	trocaram	bens	entre	
si.
Nessa	primeira	troca,	observam-se	claramente	dois	aspectos:	um	social	e	
outro	econômico.
O	aspecto	social	decorre	da	utilização	mútua	dos	objetos	permutados	e	
o	econômico,	o	primeiro	passo	dado	no	sentido	de	fazer	circular	riquezas.	Da	
generalização	desse	hábito	de	permutar	bens,	nasceu	a	 economia	de	 troca	ou	
escambo.
Nos primórdios da fundação de Roma, cidade que viria a se tornar um dosgrandes	centros	do	poder	e	da	cultura	da	humanidade,	o	comércio	era	proibido	
aos	cidadãos.	Já	ao	tempo	de	Numa,	os	comerciantes	se	uniam	em	corporações,	
embora	a	agricultura	continuasse	a	ser	considerada	profissão	honrosa	do	cidadão	
romano.
A	 evolução	 impôs,	 finalmente,	 o	 conceito:	 “Commercium est emendi 
vendedique invicem jus”	(o	comércio	é	o	direito	de	comprar	e	vender	mutuamente).
O	 desenvolvimento	 do	 comércio	 deveu-se,	 inequivocadamente,	 ao	
surgimento	da	moeda,	porque,	com	seu	uso,	as	riquezas	começaram	a	circular	
muito	mais	rapidamente	e	o	transporte	de	moedas	é	muito	mais	simples	e	prático	
do	que	transportar	mercadorias	para	troca.
Nasceu,	assim,	a	economia	de	mercado	e	com	ela	a	figura	do	comerciante	
que	 se	 coloca	 entre	 o	 produtor	 e	 o	 consumidor,	 ou	 seja,	 torna-se	 aquele	 que	
compra	e	vende	mercadorias	e,	de	cujas	diferenças	de	valores,	atinge	seu	objetivo:	
o	lucro.
A	 palavra	 comércio	 tem	 sua	 origem	 no	 latim,	 composta	 de	 cum 
(preposição) e de merx	(substantivo),	de	onde,	comércio,	comerciar,	comercial	e	
comerciante.
A	economia	de	mercado	referida,	cada	vez	mais	ágil	e	dinâmica,	passa	a	
exigir	proteção	àqueles	que	dela	participavam.
Surgem, então, as regras, obrigações, direitos e penalidades e, como seria 
natural,	o	Direito	Comercial.
Com	todo	este	lastro	histórico,	chegamos	à	Idade	Média,	quando,	então,	
114
o Direito Comercial floresce,	notadamente	na	Itália.
A	 maioria	 dos	 autores	 acordam	 que	 nesta	 época	 se	 encontram	 os	
primórdios,	as	origens	reais	dos	 títulos	de	crédito,	quando,	em	face	dos	riscos	
decorrentes dos roubos durante o transporte de dinheiro e de outros valores, 
surge	a	necessidade	da	transferência	desse	encargo	a	terceiros.
Isso	significa	a	troca	(câmbio)	de	dinheiro	presente	(pecúnia proesenti), no 
ato, com dinheiro ausente, futuro, (pecúnia absenti) e, nessa troca de valor presente 
com	o	valor	futuro	era	essencial	a	existência	de	uma	distância	entre	os	locais	da	
entrega e do recebimento (distancia loci). Sem	esta	distância,	que	necessariamente	
implicava	em	risco,	o	câmbio	era	considerado	um	empréstimo	usurário	e,	como	
tal,	condenado	pelas	leis	eclesiásticas.
Em	1808,	começa	a	vigorar	o	Código	de	Napoleão	e,	posterior	a	ele,	firma-
se	o	Liberalismo	econômico,	segundo	o	qual	até	pessoas	não	comerciantes	podiam	
responder	judicialmente	por	atos	de	comércio.
Finalmente,	vamos	nos	referir	ao	que	já	é	uma	aceitação	unânime,	ou	seja,	
não mais se falar em Direito Comercial e sim em Direito Empresarial, denominação 
muito	mais	abrangente,	uma	verdadeira	imposição	de	nosso	tempo.
Exige-se,	 hoje,	 a	 inclusão,	 entre	 as	 atribuições	 decorrentes	 do	 exercício	
do	 comércio	 e	 da	 indústria,	 as	 obrigações	 pertinentes	 às	 leis	 do	 trabalho,	 da	
previdência	social,	da	saúde	do	transporte,	do	seguro	etc.
Fala-se,	então,	no	Direito	Empresarial,	o	qual	abrange	as	disciplinas	de	
Direito Comercial, de Direito Tributário, de Direito Previdenciário, estendendo-se 
até	parte	do	Direito	Civil,	notadamente	no	capítulo	dos	contratos	e	da	insolvência	
civil.
No sistema em que se vive, o sistema capitalista, a parte central da 
atividade	econômica	é	ocupada	pela	empresa	e	nela	fulgura	o	empresário,	cujo	
objetivo	 principal	 é	 o	 lucro.	 Com	 este	 lucro,	 o	 empresário	 faz	 reaplicações	 e	
reinvestimentos geradores de mais empregos, mais arrecadação de impostos, 
maior	e	melhor	consumo,	através	da	livre	concorrência,	dando	isto	tudo,	como	
consequência,	a	melhoria	de	vida	da	população.
Em	resumo,	o	verdadeiro	empresário	é	um	decisivo	 fator	de	progresso	
e bem- estar social, cabendo-lhe, ainda, o inteiro risco por todas as iniciativas 
tomadas,	aliás,	saliente-se	que	o	risco	lhe	é	inerente,	pois,	nas	atividades	comerciais	
e	industriais,	é	o	empresário	o	único	cidadão	contemplado	com	a	falência.
Dentro desta concepção, mercê, portanto, ao verdadeiro empresário, todo 
respeito	pelo	patriótico	trabalho	que	desempenha.	FONTE:	Os	autores.
115
Agora,	responda:
1 O que poderá ser apontado, atualmente, como o foco da atividade econômica?
2	 Explique	os	aspectos	social	e	econômico	das	primeiras	trocas	de	objetos.
3	 Explique	a	principal	consequência	do	desenvolvimento	do	comércio.
4 Como nasceu a economia de mercado? 
5	 Por	 que	 se	 diz	 que	 o	 desenvolvimento	 do	 comércio	 deveu-se,	
inequivocadamente, ao surgimento da moeda?
6	 Explique	qual	é	o	principal	objetivo	da	atividade	do	empresário.
7	 Explique	a	seguinte	afirmação:	“o	verdadeiro	empresário	é	um	decisivo	fator	
de	progresso	e	bem-estar	social”.
116
117
TÓPICO 2
DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Como vimos anteriormente, com a publicação do Código Civil Brasileiro, 
em	2002,	não	mais	se	utiliza	a	denominação	Direito	Comercial,	mas,	sim,	“Direito	
Empresarial”.	 Neste	 tópico,	 estudaremos	 o	 conceito	 deste	 importante	 ramo	 do	
Direito	Civil	e	também	as	condições	para	se	ser	empresário.	Vamos	em	frente?
2 CONCEITO
O	Direito	Empresarial	é	um	ramo	do	Direito	Privado	que	“disciplina	sobre	
a vida do empresário e das empresas, com nova estrutura aos diversos tipos de 
sociedades	empresariais		contidas	no	novo	Código	Civil”.	(OLIVEIRA,	2004).	
3 EMPRESÁRIO
A	seguir,	estudaremos	alguns	aspectos	pertinentes	à	pessoa	que	deseja	ser	
empresária,	ou	àquele	que	deseja	obter	maiores	conhecimentos	sobre	esse	ramo	
profissional.
3.1 CONCEITO DE EMPRESÁRIO
O	 Código	 Civil	 (BRASIL,	 2009h),	 em	 seu	 art.	 966,	 traz	 o	 conceito	 de	
empresário:
Art.	966.	Considera-se	empresário	quem	exerce	profissionalmente	atividade	
econômica	organizada	para	a	produção	ou	circulação	de	bens	ou	de	serviços.
118
UNIDADE 3 | DIREITO EMPRESARIAL
Pela	leitura	do	conceito	legal,	podemos	entender	que	sempre	que	alguém	
explorar	 atividade	 econômica	 privada,	 para	 habitual	 exercício	 da	 produção	 ou	
circulação	de	bens	ou	de	serviços,	será	considerado	um	empresário.	Este	exerce	sua	
atividade	através	do	estabelecimento	comercial	ou	industrial,	do	qual	é	o	titular,	
no	qual	estão	os	bens	para	o	seu	comércio	ou	para	sua	indústria.
Contudo,	para	o	empresário	exercer	a	sua	atividade,	é	preciso	um	mínimo	
de	organização	dos	fatores	da	produção	de	bens	ou	de	serviços	para	o	mercado	em	
geral,	ou	seja,	são	necessárias	três condições para caracterizar o empresário, que 
você	pode	observar	na	figura	a	seguir:
FONTE: Os autores
FIGURA 3 – CONDIÇÕES PARA CARACTERIZAÇÃO DO EMPRESÁRIO
Vamos estudar cada uma destas condições?
l	Exercício de atividade econômica	–	consiste	na	geração	de	riqueza,	através	da	
produção	e	circulação	de	bens	ou	serviços.	A	sua	função	essencial	é	a	de	produzir	
bens	ou	serviços,	para	atender	ao	mercado	de	consumo.	
l	Atividade organizada	 –	 O	 empresário	 é	 aquele	 que	 organiza	 a	 empresa,	
articulando	os	três	fatores	da	produção:	capital,	trabalho	e	tecnologia.
l	Profissionalismo	–	É	o	exercício	da	atividade	econômica	de	forma	habitual,	de	
forma	pessoal	ou	por	sua	conta,	e	com	o	objetivo	de	lucro.	Pessoas	que	agem	em	
nome	do	empresário	são	apenas	seus	prepostos	ou	auxiliares.
TÓPICO 2 | DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO
119
Assim,	 o	 empresário	 é	 a	 pessoa	 física	 ou	 jurídica	 que	 realiza,	 de	 forma	
profissional,	atos	de	produção	de	bens	ou	serviços,	ou	a	comercialização	de	bens	
ou	de	serviços,	sempre	com	o	objetivo	de	lucro.
Concluindo,	o	empresário	é	aquele	que	exerce,	profissionalmente,	atividade	
econômica	 organizada,	 através	 do	 estabelecimento	 empresarial,	 para	 o	 efetivo	
exercício	da	produção	ou	circulação	de	bens	ou	de	serviços,	ou	seja,	é	o	titular	da	
empresa, que possui a iniciativa da criação da empresa e que a dirige, correndo o 
risco	inerente	à	atividade	empresarial.
Assim,	para	iniciar	a	exploração	de	atividade	empresarial,	a	capacidade	da	
pessoa	é	condiçãoessencial	para	que	o	negócio	jurídico	seja	válido.	Se	praticado	
por	pessoa	incapaz,	civilmente,	não	será	juridicamente	válido.	Esta	exigência	vem	
expressa	no	art.	972	do	Código	Civil	(BRASIL,	2009h):
Art.	972.	Podem	exercer	atividade	de	empresário	os	que	estiverem	em	pleno	
gozo	da	capacidade	civil	e	não	forem	legalmente	impedidos.
Podemos	visualizar,	então,	de	acordo	com	o	artigo	anteriormente	citado,	
que	são	dois	os	requisitos	para	o	exercício	da	atividade	empresarial:
1.	capacidade	para	o	exercício	da	profissão;
2.	não	estar	legalmente	impedido	de	exercer	sua	atividade.
Como	 atividade	 empresarial	 implica	 a	 prática	 de	 negócios	 jurídicos,	 é	
fundamental	que	quem	os	 realize	esteja	 em	pleno	gozo	da	 capacidade	civil.	As	
pessoas com 18 anos completos e os emancipados têm capacidade plena para 
exercer	essas	funções.
Não	tem	capacidade	civil	os	absolutamente	e	os	relativamente	incapazes,	
nos	termos	da	legislação	civil,	enumerados	no	artigo	3º.	do	Código	Civil	(BRASIL,	
2009h):
Art.	3º.	São	absolutamente	 incapazes	de	exercer	pessoalmente	os	atos	
da	vida	civil:
I	–	 os	menores	de	dezesseis	anos;
II	–	 os	 que,	 por	 enfermidade	 ou	 deficiência	 mental,	 não	 tiverem	 o	
necessário discernimento para a prática desses atos;
III	–	 os	que,	mesmo	por	 causa	 transitória,	não	puderem	exprimir	 sua	
vontade.
Por	conseguinte,	a	lei	civil	não	admite	que	o	absolutamente	incapaz	exerça	
atividade	 empresarial.	 Contudo,	 há	 exceções	 à	 regra	 dada	 pelo	 artigo	 974	 do	
120
UNIDADE 3 | DIREITO EMPRESARIAL
Código	Civil	(BRASIL,	2009h):
Art.	 974.	 Poderá	 o	 incapaz,	 por	meio	 de	 representante	 ou	 devidamente	
assistido,	 continuar	 a	 empresa	 antes	 exercida	por	 ele	 enquanto	 capaz,	por	 seus	
pais	ou	pelo	autor	de	herança.	
Parágrafo	1º:	Nos	casos	deste	artigo,	procederá	autorização	 judicial	após	
exame	das	circunstâncias	e	dos	riscos	da	empresa,	bem	como	da	conveniência	em	
continuá-la,	podendo	a	autorização	ser	revogada	pelo	juiz,	ouvidos	os	pais,	tutores	
ou	 representantes	 legais	 do	 menor	 ou	 do	 interdito,	 sem	 prejuízo	 dos	 direitos	
adquiridos	por	terceiros.
Assim,	o	exercício	empresarial	pelo	 incapaz,	mesmo	da	continuidade	da	
atividade	antes	exercida	por	ele	mesmo,	quando	era	capaz,	poderá	ser	realizado	
quando	autorizado	por	ordem	judicial,	com	a	assistência	de	seus	pais,	pelo	autor	
da	herança	ou	por	representante	legal.
Contudo,	ficam	protegidos	dos	riscos	da	atividade	empresarial	os	bens	que	
o	incapaz	já	possuía	ao	tempo	da	sucessão	ou	da	interdição,	nos	termos	do	artigo	
974,	parágrafo	2.º	do	Código	Civil	(BRASIL,	2009h).
Já	o	art.	4.º	do	Código	Civil	enumera	os	relativamente	incapazes	(BRASIL,	
2009h).
Art.	4º.	São	incapazes,	relativamente	a	certos	atos,	ou	à	maneira	de	os	
exercer:
I	–	 os	maiores	de	dezesseis	e	menores	de	dezoito	anos;
II	–	 os	ébrios	habituais,	os	viciados	em	tóxicos,	e	os	que,	por	deficiência	
mental,	tenham	o	discernimento	reduzido;
III	–	 os	excepcionais,	sem	desenvolvimento	mental	completo;
IV	–	 os	pródigos.
O que foi dito anteriormente, em relação ao absolutamente incapaz, vale também 
para o relativamente incapaz.
IMPORTANT
E
Antes	de	completar	18	anos	de	idade,	o	menor	pode	se	tornar	plenamente	
capaz.	É	o	que	se	verifica	por	meio	da	emancipação,	conforme	determina	o	artigo	
5º,	em	seu	parágrafo	único	(BRASIL,	2009h):
Cessará	para	os	menores,	a	incapacidade:
TÓPICO 2 | DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO
121
É	obrigatória	a	inscrição	do	empresário	no	Registro	Público	de	Empresas	
Mercantis	da	respectiva	sede,	antes	do	início	de	sua	atividade.
I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante 
instrumento	 público,	 independentemente	 de	 homologação	 judicial,	 ou	 por	
sentença	do	juiz,	ouvido	o	tutor,	se	o	menor	tiver	dezesseis	anos	completos;
II – pelo casamento;
III	–	 pelo	exercício	de	emprego	público	efetivo;
IV – pela colação de grau em curso de ensino superior;
V	–	 pelo	 estabelecimento	 civil	 ou	 comercial,	 ou	 pela	 existência	 de	 relação	 de	
emprego,	desde	que,	em	função	deles,	o	menor	com	dezesseis	anos	completos	
tenha	economia	própria.
O	 emancipado	 continua	menor,	mas	 se	 torna	 capaz	 para	 o	 exercício	 da	
atividade	empresarial.	Evidentemente,	 se	o	menor	 se	estabelecer	 sem	economia	
própria,	necessitará	da	autorização	paterna	ou	materna	para	obter	a	emancipação.
3.2 REQUISITOS PARA A CARACTERIZAÇÃO DO EMPRESÁRIO
Além	das	condições	que	estudamos	anteriormente,	(exercício	da	atividade	
econômica	organizada,	do	profissionalismo	e	objetivo	de	lucro),	a	lei	(art.	967	do	
Código	Civil,	BRASIL,	2009h)	exige	que	seja	realizada	a	inscrição do empresário no 
Registro	Público	de	Empresas	Mercantis,	a	cargo	das	Juntas	Comerciais.	Vejamos	o	
art.	967	do	Código	Civil	(BRASIL,	2009h):
Observe que esta inscrição deve ser feita na Junta Comercial da sede da empresa 
e ANTES do início da atividade empresarial.
ATENCAO
Essa	inscrição	concede	o	uso	exclusivo	do	nome	nos	limites	do	respectivo	
Estado	ou	do	próprio	Distrito	Federal,	conforme	determina	o	art.	1.166	do	CC:	“A	
inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas, ou as respectivas 
averbações,	no	registro	próprio,	asseguram	o	uso	exclusivo	do	nome	nos	limites	do	
respectivo	Estado.	(BRASIL,	2009h)”.
Assim,	antes	de	iniciar	a	atividade	empresarial,	é	obrigatória	a	inscrição,	
122
UNIDADE 3 | DIREITO EMPRESARIAL
que	é	feita	na	sede	do	órgão	responsável	pela	inscrição,	notadamente	no	Estado	
onde	está	a	sede	da	empresa,	mediante	requerimento	que	contenha:
1.	o	seu	nome,	nacionalidade,	domicílio,	estado	civil	e,	se	casado,	o	regime	de	bens;
2.	a	firma,	com	a	respectiva	assinatura;
3.	o	capital;
4.	o	objeto	e	a	sede	da	empresa.
O	artigo	971	do	Código	Civil	(BRASIL,	2009h)	garante	tratamento	favorecido,	
diferenciado	e	simplificado	ao	empresário	rural	e	ao	pequeno	empresário.	
Por	sua	vez,	o	empresário	individual	que	deseja	abrir	uma	filial,	sucursal	
ou	agência	em	outro	Estado	da	Federação	ou	no	Distrito	Federal,	deverá	também,	
primeiramente,	 providenciar	 a	 averbação	 no	 respectivo	 Registro	 Público	 de	
Empresas	Mercantis	daquela	jurisdição.
IMPORTANT
E
É o que determina o artigo 969 do Código Civil, em seu parágrafo único (BRASIL, 
2009h): 
O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro 
Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da 
inscrição originária.
 Parágrafo único: Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá ser 
averbada no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede.
Agora	que	você	já	entendeu	as	condições	para	que	alguém	seja	considerado	
empresário,	 vamos	 conhecer	 as	 espécies	 de	 empresário	 que	 existem	 em	 nosso	
ordenamento:	 empresário individual e empresários reunidos na forma de 
sociedade de pessoas, a qual denominamos de sociedade empresária.
3.3 TIPOS DE EMPRESÁRIO
Como mencionamos anteriormente, no Direito Empresarial brasileiro, há 
dois	 tipos	de	 empresários:	 	 o	 	empresário individual;	 que	 é	 representado	pela	
pessoa	física,	através	de	seu	nome	civil,	completo	ou	abreviado.		Quando	for	uma	
pessoa	 física,	o	empresário	deverá	 ter	plena	capacidade	civil	 e	estar	 legalmente	
livre	 para	 praticar	 atividades	 empresariais.	 O	 segundo	 tipo	 de	 empresário	 é	 o	
organizado	na forma de sociedade de pessoas	(sociedade	empresária).Quando	se	
tratar de uma sociedade de pessoas os atos empresariais serão praticados em nome 
da	pessoa	jurídica.	Vejamos	cada	um	destes	tipos	em	separado.
TÓPICO 2 | DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO
123
IMPORTANT
E
3.3.1 Empresário individual
Já	 estudamos	 anteriormente	 que,	 o	 empresário	 é	 a	 pessoa	 que	 organiza	
uma	atividade	econômica,	a	fim	de	produzir	ou	fazer	circular	bensou	serviços.	
Contudo,	tal	exercício	realizado	na	pessoa	física,	de	forma	única	e	exclusiva,	recebe	
o	nome	de	“individual”.
Portanto,	podemos	afirmar	que:
O	empresário	individual	é	a	própria	pessoa	física,	que	utiliza	o	seu	próprio	nome	
no	exercício	de	sua	atividade	empresarial.
Veja o que estabelece o art. 1.156 do Código Civil (BRASIL, 2009h): “O empresário 
opera sob firma constituída por seu nome completo ou abreviado, aditando-lhe, se quiser, 
designação mais precisa da sua pessoa ou do gênero de atividade”.
Já	“firma”	é	o	nome	que	este	empresário	adota	para	ser	conhecido	na	sua	
atividade	empresarial.	Em	consequência,	a	firma	individual,	utilizada	pela	pessoa	
física	em	seu	estabelecimento	empresarial,	não	pode	ser	diferente	da	forma	de	seu	
nome	civil.	
Assim,	denomina-se	empresário	individual	a	pessoa	física	capaz,	que	atua	
em	seu	próprio	nome	civil,	abreviado	ou	completo,	e	que	explora,	com	habitualidade	
(profissionalmente),	atividade	econômica	organizada	para	a	produção	de	bens	ou	
de	serviços,	tendo	como	objetivo	o	lucro.
A capacidade exigida aqui é a capacidade civil, adquirida aos 18 anos completos 
e que pode ser antecipada por algum fato específico previsto no próprio Código 
Civil, como por exemplo, a emancipação, como veremos adiante.
ATENCAO
124
UNIDADE 3 | DIREITO EMPRESARIAL
Contudo,	a	lei	não	considera	empresário	individual	quem	exerce	profissão	
intelectual,	de	natureza	científica,	 literária	ou	artística,	 ainda	que	com	o	auxílio	
de	colaboradores,	 salvo	se	o	exercício	da	profissão	constituir	elemento	de	empresa,	
ou	seja,	se	esses	profissionais	constituírem	uma	sociedade,	uma	empresa	para	explorar	
sua	atividade,	como	no	caso	de	sociedade	de	advogados,	de	médicos,	de	engenheiros,	de	
contadores,	que	passam	a	ser	considerados	também	empresários.
Quanto à composição de firma individual,	o	 já	mencionado	artigo	1.156	
do	 Código	 Civil	 (BRASIL,	 2009h)	 permite,	 ao	 empresário	 individual,	 o	 uso	 de	
seu	 nome	 civil,	 completo	 ou	 abreviado,	 e,	 se	 desejar,	 a	 adição	 de	 determinado	
qualificativo	que	melhor	o	identifique,	ou	que	realce	sua	atividade.	
Assim,	 a	 firma,	 ou	 seja,	 o nome pelo qual o empresário passa a ser 
conhecido, será sempre o próprio nome civil do titular da empresa, podendo 
adotar	o	nome	na	forma	abreviada,	mas	mantendo	o	sobrenome.	
Veja	o	exemplo	de	um	empresário,	que	se	chama	Joaquim	Pereira,	poderá	
usar	como	firma	as	seguintes	formas:	Joaquim	Pereira	ou	J.	Pereira.
 
Na	designação	da	firma,	poderá	ainda	ser	acrescido	de	uma	palavra	capaz	
de	 identificar	 a	 si	 próprio	 ou	 a	 sua	 atividade,	 especialmente	 nos	 casos	 em	que	
já	existir	cadastrada	na	Junta	Comercial	nome	empresarial	 idêntico.	É	o	próprio	
parágrafo	único	do	art.	1.163	do	Código	Civil	(BRASIL,	2009h)	que	determina	que	
o	nome	de	empresário	individual	deva	ser	distinto	de	qualquer	outro	já	inscrito	no	
mesmo	registro.	Veja	o	que	diz	o	citado	parágrafo:
Art.	1.163	[...]
Parágrafo	único: Se o empresário tiver nome idêntico ao de outros 
já	inscritos	deverá	acrescentar	designação	que	o	distinga.
Aplicando	esta	disposição	ao	nosso	exemplo,	podemos	então	compreender	
que	a	firma	poderia	ser	Joaquim	Pereira,	o	padeiro.
Não esqueça que uma das obrigações do empresário, mesmo o individual, é se 
inscrever no Registro Público de Empresas Mercantis, ou seja, na Junta Comercial do Estado ou 
Distrito Federal onde está sua sede, como vimos anteriormente.
IMPORTANT
E
TÓPICO 2 | DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO
125
A capacidade civil também	é	indispensável	para	o	exercício	da	atividade	
de	 empresário	 Individual.	Dê	mais	 uma	 estudada	no	 que	 vimos	 anteriormente	
sobre	este	requisito.
Porém,	 no	 que	 se	 refere	 especificamente	 à	 atividade	 de	 empresário	
individual,	o	direito	brasileiro	enumera	as	pessoas	impedidas	de	exercê-la,	ainda	
que	elas	sejam	plenamente	capazes,	tais	como:	os	funcionários	públicos,	estaduais	
e	municipais;	o	Presidente	da	República;	o	Governador	do	Estado;	o	Prefeito;	os	
Magistrados	 vitalícios	 e	 membros	 do	 Ministério	 Público;	 os	 falidos	 (enquanto	
não	 forem	legalmente	reabilitados,	 tendo	sido	declaradas	extintas	 todas	as	suas	
obrigações);os	médicos	na	exploração	de	farmácia.
IMPORTANT
E
IMPORTANT
E
Porém, caso descumpram as regras, estas pessoas responderão pelas obrigações 
contraídas, conforme dispõe o Código Civil, no seu art. 973 (BRASIL, 2009h): “A pessoa legalmente 
impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações 
contraídas”.
Os	funcionários	públicos	não	podem	exercer	individualmente	a	atividade	
empresarial, mas podem ser acionistas, cotistas ou comanditários, não podendo, 
em	hipótese	alguma,	assumir	a	gerência	ou	a	administração	de	uma	sociedade.	A	
desobediência	a	essa	proibição	da	Lei	1.711,	de	1952,	art.	195,	incisos	VI	e	VII,	não	
invalida	os	atos	praticados,	mas	sujeita	os	infratores	a	penas	administrativas,	tais	
como	sua	demissão.
Quanto à responsabilidade do empresário individual, os tribunais 
entendem	 que	 a	 responsabilidade	 por	 obrigações	 contraídas	 recai	 sobre	 os	
patrimônios	individuais	dos	respectivos	titulares.
Vejamos a decisão do Superior Tribunal de Justiça no acórdão proferido no Recurso 
Especial nº 227393/PR (DJ 29/11/1999): "Tratando-se de firma individual há identificação 
entre empresa e pessoa física, posto não constituir pessoa jurídica, não existindo distinção para efeito 
de responsabilidade entre a empresa e seu único sócio".
126
UNIDADE 3 | DIREITO EMPRESARIAL
Assim,	tratando-se	de	empresário	individual,	não	haverá	como	separar	sua	
firma	de	sua	pessoa	civil,	para	fins	de	responsabilidade	patrimonial.	
A	perda da qualidade de empresário individual, ocorrerá nos seguintes 
casos:	 pela	morte,	 pela	 desistência	 voluntária	 ou	 abandono	da	profissão	 e	 pela	
falência.
 
Além	do	empresário	 individual,	 existem	as	 sociedades	empresárias,	que	
se	formam	da	reunião	de	pessoas	com	um	objetivo	comum:	o	 lucro.	Este	será	o	
assunto	do	nosso	próximo	tópico.
127
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, apresentamos conceitos de direito empresarial e:
l	Verificamos	que,	 com	o	advento	do	Novo	Código	Civil	brasileiro,	não	se	 fala	
mais	em	Direito	Comercial,	mas	em	Direito	Empresarial,	sendo	este	um	conjunto	
de	normas	referentes	à	pessoa	do	empresário,	seja	ele	individual	ou	coletivo.
l	Entendemos que, para que a pessoa possa ser empresária, ela deve ter capacidade 
civil	e	não	estar	legalmente	impedida	de	exercer	esta	atividade.	Além	disso,	há	
a	necessidade	de	inscrição	antes	do	início	das	atividades	na	Junta	Comercial	do	
local	da	sede	da	empresa.
l	Analisamos	que,	para	a	caracterização	do	empresário,	há	ainda	a	necessidade	de	
preenchimento	de	três	condições	básicas:	o exercício de atividade econômica, 
atividade organizada e o profissionalismo.
l	Vimos	que	o	empresário	pode	atuar	como	empresário	individual	ou	organizado	
em	pessoas	jurídicas,	que	denominamos	sociedade	empresária.
l	Observamos	as	condições	para	atuação	como	empresário	individual.
128
AUTOATIVIDADE
	Para	melhor	fixação	do	que	estudamos	neste	tópico,	classifique	V	para	as	
sentenças	verdeiras	e	F	para	as	falsas:
(			)	 Para	ser	empresário,	não	é	necessária	a	inscrição	na	Junta	Comercial.
(			)	 Existem	limitações	ao	exercício	da	atividade	empresarial.
(			)	 A	firma	é	o	nome	pelo	qual	o	empresário	individual	será	conhecido.
(			)	 O	 patrimônio	 do	 empresário	 individual	 não	 responde	 por	 dívidas	 da	
empresa.
(			)	 Uma	das	condições	para	a	caracterização	do	empresário	é	o	profissionalismo.
(			)	 O	lucro	é	o	principal	objetivo	da	atividade	empresarial.
(			)	 A	morte	do	empresário	individual	não	significa	a	perda	de	sua	qualidade	de	
empresário	individual.
(			)	 O	empresário	 individual	poderá	acrescentar	à	suafirma	uma	designação,	
caso	já	haja	firma	igual	registrada.
( ) Para que a pessoa possa ser empresária, ela deve ter capacidade civil e não 
estar	legalmente	impedida	de	exercer	esta	atividade.
(			)	 O	Juiz	de	Direito	pode	ser	empresário.
(			)	 A	firma	deve	coincidir	com	o	nome	civil	do	empresário	individual.
(			)	 No	requerimento	a	ser	encaminhado	à	Junta	Comercial	para	o	registro	da	
firma	 individual,	 não	 é	 necessário	 estar	 apontado	 o	 valor	 do	 capital	 da	
empresa.
129
TÓPICO 3
SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
No	tópico	anterior,	estudamos	como	se	formam	e	se	caracterizam	as	firmas	
individuais.	 Este	 tópico	 é	 dedicado	 às	 sociedades	 empresarias,	 que	 nascem	 do	
esforço	de	várias	pessoas	em	nome	de	um	objetivo	comum,	o	lucro.	Iniciaremos	
pelo	conceito	legal	deste	tipo	de	sociedade.
 
2 CONCEITO DE SOCIEDADE 
Sobre	as	sociedades,	dispõe	o	artigo	981	do	Código	Civil	(BRASIL,	2009h):
Celebram contrato de sociedade, as pessoas que reciprocamente se obrigam 
a	contribuir	com	bens	ou	serviços	para	o	exercício	de	atividade 
econômica e a partilha, entre	si,	dos	resultados.	
Da	 leitura	deste	dispositivo	 legal,	podemos	 	afirmar	que	uma	sociedade 
empresarial se forma	quando:
FONTE: Os autores
FIGURA 4 – FORMAÇÃO DE UMA SOCIEDADE EMPRESARIAL
UNIDADE 3 | DIREITO EMPRESARIAL
130
Neste	ponto	de	nosso	estudo,	é	importante	que	você	diferencie	Sociedade	
e	Associação.	Uma	sociedade	empresária é	formada	por	duas	ou	mais	pessoas	que	
se	comprometem	a	juntar	capital	ou	trabalho	para	a	realização	de	um	fim	lucrativo.	
Seu	objetivo	é,	portanto,	econômico.	Por	outro	lado,	a	lei	prevê	também	a	sociedade	
sem	fins	lucrativos	ou	econômicos.	São	as	chamadas	associações, conforme dispõe 
o	art.	53	do	Código	Civil,	“Constituem-se	as	associações	pela	união	de	pessoas	que	
se	organizam	para	fins	não	econômicos”.	(BRASIL,	2009h).
Mesmo	não	tendo	finalidade	lucrativa,	nada	impede	que	uma	associação	
de	caráter	cultural	ou	altruísta	mantenha	uma	atividade	econômica	apenas	para	
sobreviver.
A	questão	está	na	destinação	dos	lucros,	ou	seja,	na	associação,	os	lucros	
são	 destinados	 à	 consecução	 dos	 objetivos	 ideais	 dos	 associados;	 na	 sociedade	
empresária,	por	sua	vez,	os	lucros	são	repartidos	entre	os	sócios.
A	sociedade,	assim	como	a	associação,	tem	início	com	a	inscrição	dos	seus	
atos	constitutivos	no	órgão	correspondente.
3 CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES
Neste item, estudaremos a legislação pertinente aos vários tipos de 
sociedades,	como	as	personificadas	e	não	personificadas,	com	suas	subdivisões.
3.1 PERSONIFICADAS E NÃO PERSONIFICADAS
Para que uma sociedade obtenha (dependendo do tipo de sociedade) 
personalidade	 jurídica,	 é	 imprescindível	a	 inscrição	de	 seu	contrato	ou	estatuto	
social	 (ato	 constitutivo)	no	 registro	próprio,	que	 também	dependerá	do	 tipo	de	
sociedade.
Todas as sociedades que possuem seu ato constitutivo inscrito no órgão 
competente	são	reconhecidas	pelo	ordenamento	jurídico	como	sujeitos	de	direito	
e	equiparadas	às	pessoas	físicas,	chamadas	de	sociedades	personificadas.	Aquelas	
em que não houve registro do ato constitutivo denominam-se sociedades não 
personificadas.
3.1.1 Sociedades não personificadas
Aquelas	 sociedades	 que	 não	 possuem	 seu	 contrato	 inscrito	 (registrado	 e	
arquivado)	 no	 Registro	 Público	 competente	 são	 chamadas	 de	 não	 personificadas.	
São	exemplos,	as	 sociedades	 em	comum	ou	por	 conta	de	participação,	que,	por	
consequência,	não	têm	personalidade	jurídica.
TÓPICO 3 | SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
131
Essa	publicidade,	decorrente	da	sua	 inscrição	no	órgão	competente,	é	para	
que	terceiros	tomem	conhecimento	de	sua	existência,	do	grau	de	responsabilidade	
dos	sócios	e	do	conteúdo	do	seu	contrato	social.	Esta	exigência	é	expressa	no	art.	987	
do	Código	Civil	que	determina	(BRASIL,	2009h):
Art.	987.	Os	sócios,	nas	relações	entre	si	ou	com	terceiros,	somente	
por	escrito	podem	provar		a	existência	da	sociedade,	mas	os	
terceiros	podem	prová-la	de	qualquer	modo.
As sociedades não personificadas estão impossibilitadas de participar de licitações, 
nas modalidades de concorrência pública (Lei 8.666/93). E mais: não é permitido a ela contratar 
com o Poder Público (CF, art.195, & 3º), abrir conta bancária, ter patrimônio em seu nome etc.
IMPORTANT
E
São	espécies	de	sociedades	não	personificadas:	a	sociedade	em	comum	e	a	
sociedade	em	conta	de	participação.
1. Sociedade em comum – É	 a	 sociedade	 irregular	 ou	 de	 fato,	 cuja	 principal	
consequência	 de	 sua	 existência	 é	 a	 responsabilidade	 ilimitada	 das	 pessoas	
físicas/jurídicas	dos	sócios	pelas	obrigações	sociais,	sendo	que	os	bens	e	dívidas	
sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em 
comum.	Além	do	mais,	todos	os	sócios	respondem	solidária	e	ilimitadamente	
pelas	obrigações	sociais.
2. Sociedade em conta de participação – numa sociedade em conta de participação, 
conforme artigo 990 do Código Civil, sua constituição independe de qualquer 
formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito, sem contar que 
o	contrato	social	produz	efeito	somente	entre	os	sócios,	e	a	eventual	inscrição	
de	seu	instrumento	em	qualquer	registro	não	confere	personalidade	jurídica	à	
sociedade.
A	 sociedade	 em	 conta	 de	 participação	 se	 constitui	 de	 duas	 ou	 mais	
pessoas,	 em	um	dos	nomes	delas	girarão	os	negócios,	 também	denominado	de	
sócio	ostensivo,	que	aparece	perante	terceiros	como	empresário.	O	outro	sócio	é	
o	oculto,	que	não	aparece	nem	trata	com	terceiros.	Toda	a	responsabilidade	pelos	
negócios	é	do	sócio	ostensivo. 
UNIDADE 3 | DIREITO EMPRESARIAL
132
Como determina o artigo 991 do Código Civil (BRASIL, 2009h), “ [...] na sociedade 
em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida 
unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva 
responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes”. 
UNI
A	 falência	 do	 sócio	 ostensivo	 acarreta	 a	 dissolução	 da	 sociedade	 e	 a	
liquidação	da	respectiva	conta,	cujo	saldo	constituirá	crédito	quirografário.
Do	que	estudamos	até	agora,	sobre	a	classificação	das	sociedades,	de	acordo	
com o registro ou não de seus atos constitutivos no órgão competente, podemos 
visualizar	o	seguinte:
FONTE: Os autores
FIGURA 5 – CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES DE ACORDO COM O REGISTRO DE SEUS ATOS 
CONSTITUTIVOS
3.1.2 Sociedades personificadas
A	evolução	histórica	do	empresário	individual	demonstrou	a	necessidade	
do	agrupamento	de	comerciantes	com	a	finalidade	de	enfrentar	a	concorrência,	o	
que	fez	surgir		as	sociedades.
Com	a	evolução	dos	conceitos,	as	sociedades	passaram	também	a	adquirir	
personalidade	 jurídica,	 pelo	 registro	 do	 seu	 ato	 constitutivo	 no	 órgão	 público	
TÓPICO 3 | SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
133
competente,	 sendo,	portanto,	um	sujeito	de	direito,	ou	seja,	 titular	de	direitos	e	
obrigações.	
Como vimos, serão sociedades que possuem seu ato constitutivo devidamente 
inscrito	 no	 órgão	 competente	 e	 são	 chamadas	 de	 sociedades	 personificadas.	 Há	
duas	espécies	de	 sociedades	personificadas:	 a	 sociedade	 simples	 e a sociedade 
empresária,	sendo	que	esta	distinção	é	trazida	pelo	próprio	Código	Civil	em	seu	
art.	982	do	Código	Civil	(BRASIL,	2009h):
Art.	982.	Salvo	as	exceções	expressas,	considera-se	empresária	a	sociedade	
que	tem	por	objetivo	o	exercício	de	atividade	própria	de	empresário	
sujeita	a	registro	(art.	967);	e,	simples,	as	demais.
Podemos	afirmar,	portanto,	que:
A	sociedade empresária	é	a	pessoa	jurídica	que	exerce,	profissionalmente,	
atividade	econômica	organizada	para	a	produção	ou	circulação	de	bens	ou	
de	serviços.	Porém,	deve,	antes	do	início	de	sua	atividade,	ter,	
obrigatoriamente,	inscritoseus	atos	constitutivos	no	Registro	Público	
competente.
Assim,	por	outro	lado:
As	sociedades simples não são estruturadas empresarialmente e decorrem 
das	antigas	sociedades	civis	que	visam	ao	lucro.	
Sobre	este	tipo	de	sociedade,	Fiúza	explica	(2004,	p.	32,	grifos	nossos)	que:
[...]	a	sociedade	simples	–	é aquela constituída para o exercício de atividades 
que não sejam estritamente empresariais, como ocorre nos casos das 
atividades	rurais,	educacionais,	médicas	ou	hospitalares,	de	exercício	de	
profissões	liberais	nas	áreas	de	engenharia,	arquitetura,	ciências	contábeis,	
consultoria,	auditoria,	pesquisa	científica,	artes,	esportes	e	serviço	social.
Inclusive,	de	acordo	com	o	que	determina	o	artigo	1.150	do	Código	Civil	
(BRASIL,	2009h),	o	registro	da	sociedade	simples	é	efetuado	em	lugar	diverso	das	
sociedades	empresariais,	ou	seja,	perante	o	Registro	Civil	das	Pessoas	Jurídicas.	
UNIDADE 3 | DIREITO EMPRESARIAL
134
Podemos	citar	ainda,	como	exemplo	de	sociedades	simples,	as	cooperativas,	
conforme	dispõe	o	artigo	982	do	Código	Civil	(BRASIL,	2009h).
As	 sociedades	 cooperativas	 são	 criadas	para	a	prestação	de	 serviços	aos	
seus	associados,	sendo	esta	sua	característica	básica.	
Sobre	 o	 propósito	 básico	 das	 sociedades	 cooperativas	 afirma	 Bulgarelli	
(2000,	p.	53):
[...]	 encontra-se	 e	 se	 exprime	 na	 formação	 de	 uma	 empresa	 comum,	
formada	pelos	que	têm	as	mesmas	necessidades,	empresa,	essa,	capaz	
de	atendê-los	proporcionalmente.	[...]	
Sociologicamente (a cooperativa), adotou como fundamento a lei da 
cooperação, e não a da concorrência; economicamente, tem como 
finalidade	a	melhoria	das	condições	econômicas	através	da	criação	de	
uma empresa de interesse comum, destinada a prestar serviços a seus 
associados, afastando os intermediários, que encarecem indevidamente 
os	custos.
Atua,	 assim,	 a	 cooperativa	 no	 mercado,	 eliminando	 intermediários	 e	
obtendo,	 em	 razão	 disto,	 maiores	 vantagens	 patrimoniais.	 É	 próprio	 a	 estas	
sociedades	 realizar	 negócios,	 embora	 em	 seu	 nome,	 para	 o	 sócio,	 a	 quem	 irão	
defluir	os	resultados	positivos,	chamados	de	"sobras".	
Acrescenta	Oliveira	(1996,	p.	82)	que:
[...](as	cooperativas)	existem	para	trabalhar	por	seus	associados,	e,	por	
isto	mesmo,	 os	 lucros	 que	 são	 gerados	 por	 seu	 intermédio	 não	 lhes	
pertencem,	nem	originalmente,	porque	originalmente	eles	já	se	destinam	
aos	que	atuam	em	atividades	econômicas	de	forma	cooperada.
Desta	feita,	a	Lei	nº	5.764,	de	16.11.1971	(BRASIL,	2009i),	que	é	a	Lei	Federal	
que	 trata	 especialmente	 sobre	 as	 sociedades	 cooperativas,	 adotou	 os	 princípios	
doutrinários do cooperativismo aprovados, em 1966, pelo Congresso de Viena, 
ou	seja,	adesão	livre,	gestão	democrática,	retorno	dos	excedentes	aos	associados	
proporcionalmente	 às	 operações	 realizadas	 junto	 à	 cooperativa,	 juros	 limitados	
sobre	 o	 capital	 e	 desenvolvimento	 da	 educação	 cooperativa.	 Reconheceu,	
outrossim,	o	princípio	da	cooperação	e	a	finalidade	não	lucrativa	da	sociedade.	
O	 capital	 é	 ilimitado	 e	 variável	 em	 conformidade	 com	 o	 número	 de	
associados	que	entram	ou	saem.	A	impossibilidade	do	ingresso	na	cooperativa	de	
quem	opere	no	mesmo	campo	econômico	(art.	29,	§	4º,	BRASIL,	2009i),	o	retorno	
das	sobras	na	proporção	às	operações	realizadas	(o	que	implica	rigoroso	controle	
dessas	operações),	a	 igualdade	de	direitos	entre	os	associados	(arts.	37,	38,	§	3º,	
e	42,	BRASIL,	2009i)	e	a	 impossibilidade	de	distribuição	de	qualquer	espécie	de	
benefício	às	quotas-partes	do	capital	ou	estabelecer	outras	vantagens	ou	privilégios,	
financeiros	ou	não,	em	favor	de	quaisquer	associados	ou	terceiros,	 impossibilita	
que	se	utilize	a	cooperativa	como	fachada	para	evasão	fiscal.
TÓPICO 3 | SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
135
O	retorno	das	sobras	líquidas	é	atribuído	em	proporção	às	operações	que	o	
associado tiver efetuado com a sociedade e não em função do valor ou quantidade 
das	quotas	 que	possuir.	 Isto	 quer	dizer	 que,	 como	 regra,	 o	produto	 econômico	
do	trabalho	dos	associados	a	eles	retorna	(deduzidos,	por	exemplo,	os	custos	da	
cooperativa).	
Aqui	 temos	 importante	 aspecto	 a	 diferenciar	 as	 cooperativas	 de	 outras	
sociedades, que costumam remunerar os sócios de acordo com sua participação 
no	 capital.	 Por	 isso	 é	 que	 o	 associado	não	passa	 a	 fruir	 de	 qualquer	 vantagem	
diretamente	pelo	fato	de	possuir	quotas-partes.	Estas	servem,	basicamente,	para	
injetar	capital	social	que	possibilite	o	funcionamento	da	cooperativa.	O	associado	
não	passa	a	exercer	qualquer	outro	direito	pelo	fato	de	ser	quotista.	
No que se refere à constituição de uma sociedade, na forma empresarial ou 
simples,	é	constituída	mediante	contrato	social	ou	estatuto,	conforme	o	art.	997	do	
Código	Civil	(BRASIL,	2009h,	grifos	nossos):	“A sociedade constitui-se mediante 
contrato escrito, particular ou público [...]”.
O	contrato	social,	por	sua	vez,	deve	conter,	necessariamente,	as	seguintes	
cláusulas:
I	–	 nome,	 nacionalidade,	 estado	 civil,	 profissão	 e	 residência	 dos	 sócios,	 se	
pessoas	naturais,	e	a	firma	ou	denominação,	nacionalidade	e	sede	dos	sócios,	
se	jurídicas;
II	–	 denominação,	objeto,	sede	e	prazo	da	sociedade;
III	–	 capital	da	sociedade,	expresso	em	moeda	corrente,	podendo	compreender	
qualquer	espécie	de	bens,	suscetíveis	de	avaliação	pecuniária;
IV	–	 quota	de	cada	sócio	no	capital	social	e	o	modo	de	realizá-la;
V	–	 prestações	a	que	se	obriga	o	sócio	cuja	contribuição	consista	em	serviços;
VI – pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, bem como seus 
poderes e atribuições;
VII – a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;
VIII	–	se	os	sócios	respondem,	ou	não,	subsidiariamente,	pelas	obrigações	sociais	.
A	sociedade	somente	adquire	personalidade	 jurídica	(sujeito	de	direitos)	
quando	seu	contrato	social	estiver	arquivado	nos	registros	próprios.	
Vamos acrescentar o que vimos agora ao nosso mapa conceitual? Nossa figura 
então ficará assim:
IMPORTANT
E
UNIDADE 3 | DIREITO EMPRESARIAL
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FONTE: Os autores
FIGURA 6 – CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES DE ACORDO COM O REGISTRO DE SEUS 
ATOS CONSTITUTIVOS
Agora	que	entendemos	a	diferença	entre	sociedade	simples	e	empresária,	
estudaremos as sociedades empresárias que, certamente, farão parte de seu dia a 
dia	profissional.
3.2 SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
Relembre	 o	 conceito	 de	 sociedade	 empresária:	 é	 a	 pessoa	 jurídica	 que	
exerce,	profissionalmente,	 atividade	 econômica	organizada	para	 a	produção	ou	
circulação	de	bens	ou	de	serviços.
Quanto	ao	critério	da	classificação	dos	sócios,	em	face	da	sua	responsabilidade	
perante	a	sociedade	empresária,	estas	recebem	a	seguinte	classificação:
l	Sociedade ilimitada – quando os sócios respondem ilimitadamente pelas 
obrigações	sociais.	Significa	que,	se	o	patrimônio	social	não	for	suficiente	para	o	
pagamento	dos	credores	da	sociedade,	o	saldo	poderá	ser	exigido	dos	sócios,	nos	
seus	patrimônios	particulares.	
l	Sociedade mista – é	 aquela	 em	 que	 parte	 dos	 sócios	 tem	 responsabilidade	
limitada	e	outra	tem	responsabilidade	ilimitada.	
l	Sociedade limitada – todos os sócios têm responsabilidade limitada ao capital 
social	 integralizado	 na	 sociedade,	 não	 respondendo	 com	 seus	 patrimônios	
particulares	pelas	obrigações	sociais.	
Diante dos tipos de sociedades, quanto à responsabilidade dos sócios, estas 
podem	ser	assim	subdivididas:
l	Sociedade Ilimitada:		sociedade	em	nome	coletivo.
TÓPICO 3 | SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
137
FONTE: Os autores
FIGURA 7 – TIPOS DE SOCIEDADE
Dentre essas sociedades, são importantes apenas: a sociedade limitada, em primeiro 
plano, e a sociedade anônima, em segundo. “As demais – observa José Edwaldo 
Tavares – praticamente inexistem, pois, envolvendo a responsabilidade ilimitadade todos ou 
de alguns sócios, perderam a preferência do meio comercial”. Continua: “Assim, as que existiam 
foram transformadas, e novas não constituíram. Restam pouquíssimas, sendo sempre citada, 
como exemplo remanescente de sociedade em nome coletivo, “Klabin Irmãos & Cia”, mantida 
como tal por apreço à tradição.”
IMPORTANT
E
3.2.1 Tipos de sociedades empresárias
São vários os tipos de sociedades empresárias que serão escolhidos pelos 
componentes	para	melhor	se	adequarem	aos	objetivos	sociais.	Observe	a	figura	a	
seguir:
FONTE: Os autores
FIGURA 8 – TIPOS DE SOCIEDADES EMPRESARIAS
UNIDADE 3 | DIREITO EMPRESARIAL
138
Vamos estudar a seguir cada um destes tipos de sociedade. Contudo, antes, que 
tal descansar um pouco?
UNI
UNI
3.2.2.1 Sociedade em nome coletivo
A	sociedade	em	nome	coletivo	é	o	tipo	societário	em	que	todos	os	sócios	
têm obrigações ilimitadas, respondendo particularmente com seus bens pelos 
compromissos	 sociais.	 Porém,	 é	 importante	 frisar	 que	 esta	 responsabilidade	 é	
subsidiária,	uma	vez	que	os	bens	pessoais	dos	sócios	somente	serão	utilizados	para	
pagamento	de	dívidas,	quando	inexistirem	bens	suficientes	da	própria	sociedade.
É o que diz o art. 1.024 do Código Civil (BRASIL, 2009h): “Os bens particulares dos 
sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os 
bens sociais”.
Além	do	mais,	somente	pessoas	físicas	podem	tomar	parte	na	sociedade	
em	nome	coletivo.
3.2.2.2 Sociedade em comandita simples
Numa	 sociedade	 em	 comandita	 simples,	 há	 duas	 categorias	 de	 sócios:	 os	
comanditados, que	são	pessoas	físicas,	responsáveis	solidária	e	ilimitadamente	com	
seus patrimônios particulares pelas obrigações sociais, de forma subsidiária; e os 
comanditários, obrigados somente pelo valor de suas quotas, devendo o contrato 
social	discriminar	em	qual	categoria	os	sócios	pertencem.
Os sócios comanditados são os administradores da sociedade e somente 
eles	podem	usar	a	firma	ou	a	razão	social,	integrando,	inclusive,	o	seu	nome	na	
firma	da	sociedade.	Desse	modo,	a	firma	ou	a	razão	social	será	composta	do	nome,	
por	extenso	ou	abreviadamente,	de	um,	alguns	ou	de	todos	os	sócios	comanditados.	
Ao	 sócio	 comanditário,	 por	 sua	 vez,	 é	 vedado	 utilizar	 o	 seu	 nome	 na	
razão	social	ou	até	mesmo	praticar	qualquer	ato	de	gestão	interna	ou	externa	da	
sociedade,	sob	pena	assumir	responsabilidade	solidária	e	ilimitada.	
TÓPICO 3 | SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
139
UNI
Os comanditários limitam-se ao direito de fiscalizar os negócios sociais. “Salvo 
estipulação que determine época própria – diz o art. 1.021 do CC – , o sócio 
pode, a qualquer tempo, examinar os livros e documentos, e o estado da caixa e da carteira da 
sociedade.” (BRASIL, 2009h).
3.2.2.3 Sociedade em comandita por ações
De	acordo	com	o	artigo	1.090	do	Código	Civil	(BRASIL,	2009h):	
“Art.	1.090.	A	sociedade	em	comandita	por	ações	tem	o	capital	dividido	por	
ações,	regendo-se	pelas	normas	relativas	à	sociedade	anônima,	sem	prejuízo	das	
modificações	constantes	deste	Capítulo,	e	opera	sob	firma	ou	denominação”.
Neste	tipo	de	sociedade,	existem	duas	categorias	de	sócios:
a) diretores:	 que	 têm	 responsabilidade	 subsidiária	 e	 ilimitada	 pelas	 obrigações	
sociais; 
b) acionistas:	que	respondem	apenas	pelo	valor	das	ações	subscritas	ou	adquiridas.	
Portanto, a sociedade possui sócios de responsabilidade limitada e de 
responsabilidade	ilimitada.	A	sociedade	em	comandita	por	ações	pode,	em	lugar	
de	firma,	adotar	denominações	designativa	do	objeto	social,	aditada	da	expressão	
“comandita	por	ações”.
A	sociedade	não	tem	conselho	de	administração,	mas	precisa	ter	assembleia	
geral	e	conselho	fiscal.
Por	fim,	a	assembleia	geral	não	pode,	sem	o	consentimento	dos	diretores,	
mudar	o	objeto	essencial	da	sociedade,	prorrogar-lhe	o	prazo	de	duração,	aumentar	
ou	diminuir	o	capital	social,	criar	debêntures	ou	partes	beneficiárias.
3.2.2.4 Da sociedade limitada
Numa sociedade limitada, o capital social divide-se em quotas, iguais ou 
desiguais,	cabendo	uma	ou	diversas	a	cada	sócio.	
A	sociedade	 limitada	surgiu	como	garantia	aos	sócios	a	não	afetação	de	
seu	patrimônio	particular	pelas	dívidas	da	sociedade,	salvo	se	o	sócio	praticou	ato	
com	excesso	de	poderes	ou	infração	da	lei	ou	do	contrato	social.	A	lei	exige	que	os	
UNIDADE 3 | DIREITO EMPRESARIAL
140
sócios-quotistas	apenas	integralizem	o	capital	social.	É	o	que	determina	o	art.	1.052	
do	Código	Civil	(BRASIL,	2009h):	
“Na	 sociedade	 limitada,	 a	 responsabilidade	 de	 cada	 sócio	 é	 restrita	 ao	
valor	de	suas	quotas,	mas	todos	respondem	solidariamente	pela	integralização	do	
capital	social”.
Assim,	uma	vez	 integralizado,	 o	 capital	 social,	 cessa	 a	 responsabilidade	
dos	sócios,	e	os	seus	bens	particulares	não	respondem	pelas	obrigações	sociais.	
Contudo,	se	não	houver	a	integralização	do	total	do	capital	social,	previsto	
no	 contrato	 social,	 a	 responsabilidade	 entre	 os	 sócios	 será	 solidária	 até	 que	
seja	completado	o	montante	do	capital	que	 falta,	mesmo	que	um	deles	 já	 tenha	
completado	a	sua	parte	no	capital.
 A	 sociedade	 poderá	 ser	 constituída	 através	 de	 instrumento	 particular	
ou	 por	 instrumento	 público,	 sendo	 que	 em	 qualquer	 hipótese	 será	 inscrito	
(depositado)	no	Registro	Público	competente,	dentro	dos	30	dias	subsequentes	à	
sua constituição
Se	o	sócio-quotista	não	integralizar	a	sua	parte	no	capital	social,	os	outros	
sócios	podem	tomá-la	para	si	ou	transferi-la	a	terceiros,	excluindo	o	primitivo	titular,	
e	devolvendo-lhe	o	que	houver	 	pago,	deduzidos	os	 juros	da	mora,	 as	prestações	
estabelecidas	no	contrato	e	as	despesas.
Em	caso	de	omissão	do	contrato,	segundo	o	artigo	1.057	do	Código	Civil	
brasileiro	(BRASIL,	2009h),	um	dos	sócios	pode	ceder	suas	quotas	a	terceiros	sem	
a	anuência	dos	demais	sócios,	desde	que	não	haja	oposição	de	titulares	de	mais	de	
um	quarto	do	capital	social.
No que se refere à formação do seu nome social, a sociedade pode adotar 
tanto	firma	social	ou	denominação,	conforme	se	vê	a	seguir:
1. Firma ou razão social:	Conforme	o	§	1º	do	art.	1.158	do	Código	Civil	“A	firma	
será	composta	com	o	nome	de	um	ou	mais	sócios,	desde	que	pessoas	físicas,	de	
modo	 indicativo	 da	 relação	 social”	 (BRASIL,	 2009h).	 Deverá	 ser	 acrescida	 da	
palavra	 LTDA,	 ou	 Limitada.	 Sempre	 que	 se	 omitir	 o	 nome	de	 pelo	menos	 um	
deles,	acrescentam-se	as	palavras	&	Cia.	Ltda.	Por	exemplo,	 se	 José	dos	Anzóis	
e	Ambrósio	de	Abreu	constituem	uma	sociedade	limitada,	esta	poderá	ter	como	
nome	empresarial:	José	dos	Anzóis	&	Cia.	Ltda.,	ou	Anzóis	&	Abreu	Ltda.
Caso	haja	o	 falecendo,	exclusão	ou	retirada	do	sócio	que	emprestou	seu	
nome para a formação do nome social, deverá ser procedida uma alteração do 
contrato	social,	uma	vez	que,	de	acordo	com	o	art.	1.165	do	Código	Civil,	“o	nome	
de	sócio	que	vier	a	falecer,	for	excluído	ou	se	retirar,	não	pode	ser	conservado	na	
firma	social”.	(BRASIL,	2009h).
2. Denominação:	pode	ser	composta	por	uma	expressão	fantasia,	sendo	permitido	
TÓPICO 3 | SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
141
nela	figurar	o	nome	de	um	ou	mais	sócios.	Deve	designar	o	objeto	da	sociedade.	
Seu	nome	deve	sempre	ser	acrescido	da	palavra	limitada.	Por	exemplo:	“Anzóis	
Oficina	Mecânica	Ltda”.
Porém,	tanto	a	firma	quanto	a	denominação	devem	sempre	ser	seguidas	
da	palavra	“Limitada”,	que	pode	ser	usada	abreviadamente:	Ltda.	(CC,	art.	1.158,	
BRASIL,	2009h).	A	omissão	desta	palavra	determina	a	responsabilidade	solidária	
e	ilimitada.
Já	 a	 administração da empresa 	 será	 exercida	 por	 quem	 estiver	
determinado no contrato social, que deve determinar quem possui os poderes de 
representação	da	sociedade,	ou	seja,	o	administrador.	Terceiros,	não	sócios,	podem	
ser administradores da sociedade, como acontece nas sociedadesanônimas, desde 
que	o	contrato	permita	e	haja	a	aprovação	unânime	dos	sócios,	conforme	dispõe	
o	art.	1.061	do	Código	Civil: “Se	o	contrato	permitir	administradores	não	sócios,	a	
designação deles dependerá da aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o 
capital	não	estiver	integralizado,	e	de	dois	terços,	no	mínimo,	após	a	integralização”	
(BRASIL,	2009h).
Importante	salientar	que,	havendo	excesso	de	mandato	ou	atos	praticados	
com violação do contrato ou da lei, o sócio-gerente responde, perante a sociedade 
e	perante	terceiros,	ilimitadamente,	com	os	seus	bens	particulares.
O	contrato	social	pode	instituir	conselho	fiscal	composto	de	três	ou	mais	
membros	 e	 respectivos	 suplentes,	 sócios	 ou	 não,	 residentes	 no	 país,	 eleitos	 na	
assembleia	anual.	Os	sócios	minoritários	que	representarem	um	quinto	do	capital	
social	poderão	indicar	pelo	menos	um	membro	do	conselho	fiscal.
A	função	deste	órgão	social,	além	daquelas	estipuladas	no	próprio	contrato	
social,	é	a	de	fiscalizar	a	atuação	dos	administradores	da	sociedade,	exigindo	destes	
a	prestação	de	informações,	além	do	exame	de	livros	e	papéis	da	sociedade.
3.2.2.5 Da sociedade anônima
As	 sociedades	 anônimas	 ou	 companhias	 são	 uma	 espécie	 de	 sociedade	
empresarial	 reguladas	 por	 lei	 especial,	 qual	 seja	 a	 Lei	 nº	 6.404/1976	 (BRASIL,	
2009j).	São	formadas,	na	maior	parte	das	vezes,	com	o	objetivo	de	realização	de	
grandes empreendimentos e que necessitam do emprego de elevado valor para a 
formação de seu capital social, o que geralmente precisa da participação de muitas 
pessoas,	os	acionistas.
A	sociedade	anônima	ou	companhia	é	uma	sociedade	de	capitais,	regida	
por	um	“estatuto	social”.	É	regulada	por	lei	especial,	qual	seja	a	Lei	6.404,	de	15	de	
dezembro	de	1976	(BRASIL,	2009j),	com	as	alterações	sofridas	pela	Lei	9.457,	de	5	
de	maio	de	1997	(BRASIL,	2009k)	e	Lei	10.303,	de	31	de	outubro	de	2001	(BRASIL,	
2009l).
UNIDADE 3 | DIREITO EMPRESARIAL
142
O	 próprio	 Código	 Civil	 de	 2002	 (BRASIL,	 2009h),	 em	 seu	 artigo	 1.089,	
determina	 que	 a	 sociedade	 anônima	 seja	 regida	 por	 lei	 especial,	 aplicando-se	
somente	nos	casos	omissos,	as	disposições	do	código.
Como características essenciais da	sociedade	anônima	podemos	apontar:
1 divisão do capital social em ações;
2 limitação da responsabilidade dos acionistas ao valor das ações subscritas ou 
adquiridas;
3	 livre	cessibilidade	das	ações.	
A	sociedade	anônima	tem	o	seu	capital	dividido	em	parcelas	iguais,	que	
se convencionou chamar de ações, obrigando-se cada sócio ou acionista somente 
pelo	preço	de	emissão	das	ações	que	subscrever	ou	adquirir.
É importante salientar que a cessão ou transferência das ações ao 
novo	 acionista	 não	 afeta	 a	 estrutura	 da	 sociedade.	 Por	 serem	 ações	 livremente	
negociáveis	(característica	básica),	nenhum	dos	acionistas	pode	impedir	o	ingresso	
de	quem	quer	que	seja	no	quadro	associativo	de	uma	sociedade	anônima	aberta.	
As	 sociedades	anônimas	de	capital	 fechado	 já	possuem	outra	dinâmica.	Pago	o	
valor	da	subscrição,	termina	a	responsabilidade	do	acionista.	
Lembremos que: Subscrição é uma promessa de compra de ações e Integralização 
é o pagamento da subscrição.
IMPORTANT
E
A	garantia	de	terceiros,	de	credores	da	sociedade,	estará,	então,	unicamente	
no	capital	social.	É	por	isso	que	a	companhia	é	eminentemente	de	capital,	justamente	
porque	vive	em	torno	dele.
Vale salientar que, enquanto na sociedade limitada, a responsabilidade 
do	 sócio	 é	 considerada	 em	 função	do	 valor	 de	 sua	 cota	 no	 capital	 social,	 já	 na	
sociedade anônima, a responsabilidade não se limita ao valor de mercado das 
ações subscritas ou adquiridas (cotação em bolsa de valores), mas, sim, ao preço 
de	sua	emissão.
A	sociedade	anônima	tem	o	seu	objeto	social	determinado	no	seu	estatuto	
social,	 sendo	 que	 este	 deve	 ter	 um	fim	 lucrativo,	 desde	 que	 não	 seja	 contrário	
à	 lei	 e	 à	 ordem	 pública.	 Por	 isso,	 a	 sociedade	 anônima	 é	 sempre	 empresária,	
independentemente	de	seu	objeto.
Quanto à constituição das Sociedades Anônimas,	podemos	dizer	que	a		
sociedade	anônima	é	constituída	por	dois	modos	diferentes:
TÓPICO 3 | SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
143
FONTE: Os autores
FIGURA 9 – CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS
A constituição por subscrição particular ou simultânea ocorre quando dois 
ou	mais	subscritores	de	todo	o	capital	social	se	reúnem	em	assembleia	de	fundação,	
deliberam a constituição por subscrição particular e, ao cabo da subscrição de todo 
o	capital,	dão	por	constituída	definitivamente	a	sociedade.	Além	da	constituição	
por	meio	de	assembleia	geral	dos	subscritores,	poderá	processar-se	também	por	
escritura	pública.
Entretanto,	para	se	constituir,	deve	atender	a	três	requisitos:	
1	 subscrição,	por	pelo	menos	duas	pessoas	naturais	e/ou	jurídicas,	de	todo	o	capital	
social	fixado	no	estatuto	da	companhia;
2	 realização,	como	entrada,	de	10%,	no	mínimo,	do	preço	de	emissão	das	ações	
subscritas em dinheiro;
3	 depósito,	 no	 Banco	 do	 Brasil	 S/A,	 ou	 em	 outro	 estabelecimento	 bancário	
autorizado	pela	CVM,	da	parte	do	capital	realizado	em	dinheiro.	Se	o	subscritor	
entrar	com	bens,	fica	isento	do	depósito.
O	depósito	de	10%	no	estabelecimento	bancário	deverá	ser	feito	em	nome	do	
subscritor	e	a	favor	da	sociedade	em	organização,	que	só	o	levantará	depois	de	haver	
adquirido	personalidade	jurídica.
Constituída	a	companhia,	por	deliberação	da	assembleia	geral,	a	diretoria	
eleita ou nomeada providenciará o arquivamento dos documentos constitutivos 
(um	exemplar	do	estatuto	social,	prova	do	depósito	bancário,	duplicata	da	ata	em	
que	se	deliberou	a	constituição	da	sociedade	etc.)	na	Junta	Comercial,	para	fins	de	
aquisição	da	personalidade	jurídica	e	funcionamento	regular.
Já	a	constituição sucessiva ou por subscrição pública ocorre quando uma 
ou	mais	pessoas,	denominadas	fundadores	da	companhia,	elaboram	o	projeto	do	
estatuto,	o	prospecto	e	contratam	uma	financeira	para	servir	de	intermediária	no	
lançamento	das	ações	na	bolsa	de	valores	ou	no	mercado	de	balcão.	Assinado	o	
prospecto	pelos	fundadores	e	pela	financeira,	faz-se	então	o	registro	da	constituição	
perante	a	CVM,	que	 fará	um	estudo	sobre	a	viabilidade	econômica	e	financeira	
do	empreendimento,	sobre	o	projeto	do	estatuto	e	sobre	o	prospecto.	Se	a	CVM	
estiver	de	acordo,	publica-se	a	oferta	de	subscrição	das	ações.	
UNIDADE 3 | DIREITO EMPRESARIAL
144
Como	dissemos	anteriormente,	o	acionista	é	sócio	da	sociedade	anônima.	
Não o sócio que se associa a outrem para constituir uma sociedade empresária de 
natureza	contratual,	mas	apenas	o	possuidor	de	ações	integrantes	do	capital	social	
da	sociedade	anônima.	No	momento	em	que	uma	pessoa	adquire	ações	de	uma	
companhia,	passa	a	participar	da	sociedade,	tendo	os	seguintes	direitos:	participar	
dos lucros sociais; participar do acervo da companhia, em caso de liquidação; 
preferência para adquirir novas ações, quando houver aumento de capital; 
fiscalizar	a	gestão	dos	negócios	sociais,	comparecendo	nas	assembleias;	votar	nas	
deliberações	sociais,	desde	que	seja	possuidor	de	ações	que	lhe	deem	esse	direito;	
retirar-se	da	sociedade	nos	casos	previstos	em	lei.
Nas	SAs	há	um	acionista controlador	que	é	a	pessoa	física	ou	jurídica,	ou	
um grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, que têm a maioria de votos 
nas deliberações da assembleia geral, podendo eleger os administradores e, assim, 
dirigir	as	atividades	sociais	e	orientar	o	funcionamento	dos	órgãos	da	companhia.	
A	 lei	 lhe	 impõe	deveres	 e	 responsabilidades	para	 com	os	demais	 acionistas	 da	
sociedade, respondendo pelos danos causados por atos praticados com abuso de 
poder.	
Toda sociedade anônima deve adotar um nome	 sob	 o	 qual	 exerce	 sua	
atividade	comercial.
A	denominação	pode	conter	nomes	de	pessoas,	como	o	do	fundador,ou	de	
quem	tenha	auxiliado	para	o	êxito	da	sociedade,	conforme	dispõe	o	artigo	3º.	da	
Lei	6.404/76	(BRASIL,	2009j):	
“A	sociedade	será	designada	por	denominação	acompanhada	das	expressões	
“companhia’	ou	sociedade	anônima’,	expressas	por	extenso	ou	abreviadamente,	mas	
vedada	a	utilização	da	primeira	ao	final”.	
Por	exemplo:	“Casa	 José	dos	Anzóis	S/A”,	“Anzóis	Cia.	de	Seguros”	ou,	
ainda,	“Cia.	Rhodia	do	Brasil”.	
A	proibição	do	uso	da	palavra	companhia	no	final	da	denominação	visa	
evitar	 qualquer	 confusão	 com	 a	 firma	 ou	 razão	 social	 da	 “sociedade	 em	nome	
coletivo”.
Por	fim,	a	lei	não	permite	usar,	ao	mesmo	tempo,	as	expressões	companhia 
e sociedade anônima no	seu	nome	social.
Quanto às espécies	 de	 sociedade	 anônima,	 podemos	 citar	 duas:	 a)	 a	
companhia aberta e b) a companhia fechada, conforme os valores mobiliários 
de	 sua	 emissão	 estejam	ou	não	 admitidos	 à	 negociação	no	mercado	de	 valores	
mobiliários,	conforme	o	art.	4º.	da	Lei	6.404/76.	(BRASIL,	2009j).
A	companhia	aberta	ao	público	tem	livre	cessibilidade	de	suas	ações.	Tem	
as	suas	ações	negociadas	no	mercado	de	valores	mobiliários,	por	intermédio	das	
Bolsas	de	Valores.	Podemos	dizer,	pois,	que	a	companhia	aberta	é	aquela	que	capta	
TÓPICO 3 | SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
145
recursos	junto	ao	público,	tendo	seus	valores	mobiliários	ou	ações	negociadas	em	
bolsa	de	valores.	Contudo,	para	que	uma	sociedade	anônima	tenha	suas	ações	ou	
valores mobiliários de sua emissão admitidos na Bolsa de Valores ou no mercado 
de	valores	mobiliários,	é	necessário	que	ela	obtenha,	do	governo	federal,	a	devida	
autorização,	qual	seja,	da	Comissão	de	Valores	Mobiliários.
A	 companhia	 fechada,	 por	 sua	 vez,	 não	 tem	 suas	 ações	 negociadas	 no	
referido	mercado	de	valores	mobiliários	ou	não	as	coloca	à	venda	ao	público,	o	
que	deve	estar	previsto	no	seu	estatuto,	conforme	o	que	determina	o	art.	36	da	Lei	
6.404/76	(BRASIL,	2009j). 
Há,	portanto,	duas	espécies	de	sociedade	anônima:	a	companhia	fechada	
e a companhia aberta. Somente	a	aberta	é	que	procura	captar	recursos	financeiros	
no	mercado,	pela	emissão	de	papéis.	Estes	representam	valores	mobiliários.	São	
eles:	as	ações,	partes	beneficiárias,	debêntures,	ou	bônus	de	subscrição	e	as	notas	
promissórias	(Inst.	CVM	134/90).	Para	nosso	estudo,	é	suficiente	que	entendamos	
como	funcionam	as	ações	e	as	debêntures.
São as ações	que	formam	o	capital	social	de	uma	sociedade	anônima.	Quem	
as	adquire,	passa	a	ser	sócio	da	sociedade.	O	preço	de	emissão	das	ações,	não	se	
confunde	com	o	valor	nominal	ou	de	mercado.
As	ações	são	representadas	por	documentos	que	têm	a	natureza	de	títulos	
de	crédito.	Como	títulos	de	crédito,	elas	podem	ser	negociadas	e	transferidas,	sem	
que	isso	venha	modificar	o	ato	constitutivo	ou	a	organização	da	sociedade.
Formou-se,	 então,	 um	verdadeiro	mercado	 concernente,	 principalmente,	
às	ações.	É	o	denominado	mercado	de capitais ou mobiliário, ou	seja,	um	mercado	
especial	no	qual	são	realizados	contratos	de	compra	e	venda	de	ações,	debêntures	
e	demais	valores	emitidos	pelas	companhias,	realizado	geralmente	por	intermédio	
das	Bolsas	de	Valores,	que	é	uma	pessoa	jurídica	de	direito	privado,	constituída	
por	 diversas	 sociedades	 corretoras	 e	 que	 tem	 por	 objeto	 manter	 um	 local	 de	
encontro	adequado	para	os	negócios	de	seus	associados.	A	sua	principal	finalidade	
é	negociar	os	títulos	emitidos	pelas	sociedades	anônimas	abertas.	Veja,	
FONTE: Os autores
FIGURA 10 – ESPÉCIES DE AÇÕES
UNIDADE 3 | DIREITO EMPRESARIAL
146
As	ações ordinárias são aquelas que conferem, ao titular, os direitos de 
participar nos dividendos e de participar das assembleias de uma companhia 
aberta,	deliberando	a	respeito	da	vida	societária	por	intermédio	de	seu	voto.	Tem	
ele, pois, o direito de votar e ser votado para eleger ou se eleger Presidente, Vice-
presidente,	um	dos	Diretores	ou	a	outro	cargo	qualquer.
Não	é	demais	lembrar	que,	em	regra,	cada	ação	dá	direito	a	um	voto.	Se	
o	 acionista	 for	 titular	 de	 100	 ações	 ordinárias,	 por	 exemplo,	 terá	 100	 votos	 nas	
assembleias,	deliberando	a	respeito	da	vida	da	sociedade.	Vale	dizer,	os	votos	não	
são	tomados	pelo	número	de	pessoas,	mas	pelo	número	de	ações.
As	ações preferenciais são aquelas que atribuem, ao titular, determinados 
privilégios	 ou	 preferências.	 Esses	 privilégios	 podem,	 por	 exemplo,	 consistir	 na	
prioridade, na distribuição dos lucros ou dividendos da sociedade, ou no reembolso 
do	 capital,	 quando	 a	 sociedade	 tiver	 de	 ser	 liquidada.	 As	 ações	 preferenciais	
podem	ou	não	 conferir	o	direito	de	voto	aos	 seus	 titulares.	A	ação	preferencial	
não	terá	direito	de	voto	se	o	estatuto	assim	o	dispuser.	Basta	a	omissão	no	estatuto	
para	 que	 cada	 ação	 corresponda	 a	 um	voto.	 “O	número	de	 ações	preferenciais	
sem	 direito	 a	 voto,	 ou	 sujeitas	 à	 restrição	 no	 exercício	 desse	 direito,	 não	 pode	
ultrapassar	50%	do	total	das	ações	emitidas”	(LSA,	§	2,	do	art.	15,	(BRASIL,	2009j)).	
Se	a	sociedade	prevê,	expressamente	no	estatuto,	o	não	direito	de	voto,	o	titular	
das	ações	preferenciais	poderá	adquirir	“o	exercício	desse	direito	se	a	companhia,	
pelo	prazo	previsto	no	 estatuto,	 não	 superior	 a	 3	 (três)	 exercícios	 consecutivos,	
deixar	de	pagar	os	dividendos	fixos	ou	mínimos	a	que	fizerem	 jus,	direito	que	
conservarão	até	o	pagamento.	 (§	1º	do	art.	111,	BRASIL,	2009j).	Essa	 tomada	de	
posição	do	nosso	legislador	é	para	evitar	abusos	por	parte	dos	administradores	da	
sociedade.
Por	 fim,	 as	 ações de fruição são aquelas emitidas em substituição às 
ações	ordinárias	ou	preferenciais,	que	tiverem	sido	totalmente	amortizadas	pela	
sociedade.	 Melhor	 explicando,	 quando	 uma	 sociedade	 anônima	 vai	 entrar	 em	
liquidação,	ela	antecipa,	aos	acionistas,	as	importâncias	do	valor	das	ações.	Uma	
vez	pagas	as	importâncias	das	ações,	em	seu	lugar,	a	sociedade	poderá	distribuir,	
aos	 sócios,	 outras	 espécies,	 denominadas	 ações	 de	 fruição,	 de	 posse	 das	 quais	
os	 acionistas	 continuarão	 a	 ter	 os	 seus	 direitos	 na	 sociedade,	 fazendo	 jus	 aos	
dividendos	e	tomando	parte	nas	deliberações	sociais	se,	neste	último	caso,	as	ações	
substituídas		lhe	derem	direito	a	voto.	Evidentemente,	por	ocasião	da	liquidação	
da	sociedade,	os	acionistas	não	mais	receberão	as	importâncias	correspondentes	ao	
valor	das	ações.	Essas	já	foram	pagas	antecipadamente,	por	ocasião	da	amortização.	
Trata-se,	portanto,	de	uma	operação	excepcional.
Quanto à forma de sua circulação, vimos que as ações podem ser 
nominativas	e	escriturais.
São nominativas as ações registradas em um livro denominado 
“Registro	de	Ações	Nominativas”,	da	 sociedade	emissora.	Tais	 ações	 só	podem	
ser transferidas por meio de um termo de cessão no referido livro, ocasião em 
que	haverá	 a	 assinatura	do	 cedente	 e	do	 cessionário.	 	Portanto,	 as	nominativas	
TÓPICO 3 | SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
147
circulam mediante registro no livro próprio da companhia, diferentemente das 
ações escriturais,	que	são	representadas	por	certificados.	
As	 debêntures são emitidas quando uma companhia necessita de 
empréstimo	e	não	deseja	realizar	um	empréstimo	bancário.	Emite,	então,	títulos	
negociáveis, que são as debêntures, colocando-as em circulação e à disposição do 
público.	Quem	as	adquire,	passa	a	ser	credor	da	sociedade.	Caso	esta	deixe	de	pagá-
las,	o	credor	poderá	popor	a	ação	de	execução,	com	base	nesse	título.
Para a companhia poder negociar no mercado, as debêntures podem ter 
garantia	 real,	 conter	 cláusula	 de	 correção	monetária,	 com	base	 nos	 coeficientes	
fixados	 para	 correção	 de	 título	 de	 dívida	 pública,	 participação	 nos	 lucros	 da	
companhia,	render	 juros	fixos	ou	variáveis	de	reembolso.	As	debêntures	podem	
ser	convertidas	em	ações.	Assim,	há	duas	espécies	de	debêntures:	as	debêntures	
simples	e	as	debênturesconversíveis	em	ações.
As	 SAs	 são	 compostas	 por	 diversos	 órgãos sociais, sendo que se a 
companhia	for	uma	companhia	aberta	serão	seus	órgãos	deliberativos:
FONTE: Os autores
FIGURA 11 – ÓRGÃOS DAS SAs
Nas	companhias	fechadas,		o	conselho	de	administração	é	facultativo.	Veja	
as	principais	funções	de	cada	um	destes	órgãos:
A	assembleia geral	é	a	reunião	dos	acionistas	que	deliberam	sobre	matéria	
de	interesse	geral	da	sociedade.	É	um	órgão	deliberativo.	“A assembleia geral, 
convocada e instalada de acordo com a lei e o estatuto	–	dispõe	o	art.121	da	Lei	
UNIDADE 3 | DIREITO EMPRESARIAL
148
das	S.	A	(BRASIL,	2009j).	–	, tem poderes para decidir todos os negócios relativos 
ao objeto da companhia e tomar as resoluções que julgar convenientes à sua 
defesa e desenvolvimento”.	 Portanto,	 é	 o	 órgão	máximo	 da	 organização,	 pois	
tem	o	poder	de	resolver	todos	os	negócios	relativos	ao	objeto	da	companhia.	É	de	
competência	privativa	da	assembleia	geral:	 reformar	o	estatuto	social;	eleger	ou	
destituir,	 a	 qualquer	 tempo,	 os	 administradores	 e	 fiscais	 da	 companhia;	 tomar,	
anualmente, as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstrações 
financeiras	 por	 eles	 apresentadas;	 e	 autorizar	 os	 administradores	 a	 confessar	 a	
falência	e	pedir	concordata.	As	assembleias	gerais	poderão	ser	de	duas	espécies:	
ordinárias	e	extraordinárias.	
A	 assembleia	 geral	 ordinária	 é	 obrigatória	 uma	 vez	 ao	 ano	 e	 deve	 ser	
realizada	 nos	 quatro	 primeiros	meses	 após	 o	 término	do	 exercício	 social,	 para:	
tomar	as	contas	dos	administradores,	examinar,	discutir	e	votar	as	demonstrações	
financeiras;	deliberar	sobre	a	destinação	do	lucro	líquido	do	exercício	e	a	distribuição	
de	dividendos;	eleger	os	administradores	e	os	membros	do	conselho	fiscal,	quando	
for	o	caso;	aprovar	a	correção	da	expressão	monetária	do	capital	social.	(art.167,	
BRASIL,	 2009j).	A	 assembleia	 geral	 extraordinária	 será	 convocada	 para	 os	 fins	
destinados	no	edital	de	convocação.	Como	o	próprio	nome	diz,	a	assembleia	geral	
extraordinária	é	 reservada	às	deliberações	excepcionais,	podendo	até	provar	ou	
discutir	assunto	da	alçada	da	ordinária,	desde	que	a	reunião	seja	 fora	da	época	
legal	destinada	à	ordinária.
A	convocação	da	assembleia	geral	compete,	em	primeiro	lugar,	ao	conselho	
de	 administração,	 se	 houver.	Não	 existindo	 esse	 órgão,	 caberá	 aos	diretores.	A	
convocação	 também	 pode	 ser	 feita:	 pelo	 conselho	 fiscal,	 quando	 o	 órgão	 de	
administração retardar a convocação da assembleia geral ordinária por mais de 
um	mês	ou,	no	caso	de	assembleia	geral	extraordinária,	sempre	que	motivos	graves	
ou	 urgentes	 a	 justificarem;	 por	 qualquer	 acionista,	 quando	 os	 administradores	
retardarem, por mais de 60 dias, a convocação; por acionistas que representem 
5%,	no	mínimo,	do	capital	votante,	quando	os	administradores	não	atenderem,	
no	prazo	de	oito	dias,	o	pedido	de	convocação	que	apresentarem,	devidamente	
fundamentado,	com	indicação	das	matérias	a	serem	tratadas.
Para	se	realizar	uma	assembleia,	deve-se	fazer	a	convocação	por	intermédio	
de	anúncios	publicados,	por	três	vezes	no	mínimo,	no	órgão	oficial	do	Estado	ou	
da	União,	conforme	o	lugar	da	sede	social	ou	em	outro	jornal	de	grande	circulação,	
editado	no	local	da	sede	da	companhia.
A	primeira	convocação	na	companhia	aberta	deverá	ser	feita	com	15	dias	
de	antecedência,	no	mínimo,	contando	o	prazo	da	publicação	do	primeiro	anúncio;	
não	se	realizando	a	assembleia	por	falta	de	quorum,	será	publicado	novo	anúncio,	
da	segunda	convocação,	com	antecedência	mínima	de	oito	dias.
Os acionistas sem direito de voto podem comparecer à assembleia geral e 
discutir	a	matéria	submetida	à	deliberação.
Durante o funcionamento da assembleia, as deliberações devem seguir 
TÓPICO 3 | SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
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a	 disciplina	 prevista	 na	 “ordem	 do	 dia”,	 conforme	 constam	 da	 convocação	 e	
publicação.	Em	livro	próprio,	será	lavrada	uma	ata,	que	consiste	no	registro	sucinto	
dos	acontecimentos	ocorridos	na	reunião.
A	assembleia	terá	um	presidente	e	um	secretário	escolhidos	pelos	acionistas	
presentes,	 salvo	 disposição	 diversa	 do	 estatuto.	As	 deliberações	 da	 assembleia	
geral	 são,	 em	 regra,	 tomadas	por	minoria	 absoluta	 (50%	mais	um)	de	votos	de	
acionistas	com	direito	a	voto.
Ressalvadas	 as	 exceções	 legais,	 a	 assembleia	 geral	 instalar-se-á,	 em	
primeira	convocação,	com	a	presença	de	acionistas	que	representem,	no	mínimo	
¼ do capital social com direito de voto; em segunda convocação, instalar-se-á com 
qualquer	número.	(LSA,	art.125,	BRASIL,	2009j).
Outro	órgão	deliberativo	das	SAs	é	o	Conselho de administração, que são 
obrigatórios	nas	companhias	abertas	(LSA,	art.138,	BRASIL,	2009j).	O	conselho	de	
administração	é	um	órgão	de	deliberação	colegiado	e	tem	a	função	precípua	de	
fixar	a	orientação	geral	dos	negócios	da	companhia.
Compete à assembleia geral dos acionistas votantes, geralmente ao acionista 
controlador,	eleger	ou	destituir	o	conselho	de	administração;	a	este,	por	sua	vez,	
cabe	o	direito	de	eleger	ou	destituir	os	diretores.
Os membros do conselho de administração têm de ser, obrigatoriamente, 
acionistas	da	sociedade	e	pessoas	naturais	residentes	no	país.
O	conselho	de	administração	será	composto,	no	mínimo,	por	três	membros.	
O	 estatuto	 deve	 estabelecer	 o	 número	 de	 conselheiros.	 O	 prazo	 de	 gestão	 não	
poderá	ser	superior	a	três	anos,	permitida	a	reeleição.
Além	 da	 competência	 de	 fixar	 a	 orientação	 geral	 dos	 negócios	 sociais,	
destaca-se	a	de	fiscalizar	a	gestão	de	diretores,	 examinar,	 a	qualquer	 tempo,	os	
livros	e	papéis	da	companhia,	solicitar	informações	sobre	contatos	celebrados	ou	
em	via	de	celebração	e	quaisquer	outros	atos.	(LSA,	art.142,	III,	BRASIL,	2009j).
Por	sua	vez,	a	Diretoria tem	a	 função	de	representar	a	sociedade.	É	um	
órgão	executivo	das	deliberações	da	assembleia	geral	dos	acionistas	ou	do	conselho	
de	 administração,	 conforme	 o	 caso.	 Será	 composta	 por	 dois	 ou	mais	 diretores,	
conforme	o	estabelecido	no	estatuto	social.	O	prazo	de	gestão	não	será	superior	a	
três	anos,	permitida	a	reeleição.	Os	membros	do	conselho	de	administração,	até	o	
máximo	de	⅓,	poderão	ser	eleitos	para	os	cargos	de	diretores.
Só podem ser nomeadas para a diretoria pessoas naturais residentes no 
país,	podendo	ser	acionistas	ou	não	da	sociedade.
Outro	 importante	 órgão	 deliberativo	 das	 SAs	 é	 o	 Conselho Fiscal, 
responsável	 pela	 fiscalização	 dos	 negócios	 sociais,	 analisando	 a	 condução	 dos	
negócios	da	companhia	e	manifestando-se	sobre	os	atos	da	administração.	“Será	
UNIDADE 3 | DIREITO EMPRESARIAL
150
composto		de,	no	mínimo,	3	(três)	e,	no	máximo	5	(cinco)	membros,	e	suplentes	
em	 igual	 número,	 acionistas	 ou	 não,	 eleitos	 pela	 assembleia	 geral”.	 (LSA,	 art.	
161,	&	1º,	BRASIL,	2009j).	Assim,	ao	menos	um	dos	membros	do	conselho	fiscal	
deverá comparecer às reuniões da assembleia geral e responder aos pedidos de 
informações	formulados	pelos	acionistas.	Os	pareceres	de	seus	membros	poderão	
ser apresentados e lidos na assembleia geral dos acionistas, independentemente 
de	publicação	e	ainda	que	a	matéria	não	conste	da	ordem	do	dia	(LSA,	art.	164	
e	parágrafo	único,	BRASIL,	2009j).	Enfim,	a	função	principal	do	conselho	é	a	de	
fiscalizar	os	atos	da	administração	social,	tanto	do	conselho	como	da	diretoria.
 
Na	constituição	do	conselho	fiscal,	serão	observadas	as	seguintes	normas:
1 Os titulares de ações preferenciais sem direito a voto terão direito de eleger, por 
votação em separado, um membro e seu respectivo suplente; igual direito terão 
os	acionistas	minoritários,	desde	que	representem,	em	conjunto,	10%	(dez	por	
cento)	ou	mais	das	ações	com	direito	a	voto.
2 O acionista controlador tem o direito de eleger um membro a mais em relação 
aos	grupos	minoritários

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