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1 O PROCESSO HISTÓRICO DE CONSTRUÇÃO DO CURSO DE ARQUIVOLOGIA NO BRASIL Augusto Maia Aluno do Mestrado em Educação Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) RESUMO O trabalho tem por objeto de pesquisa a identificação da trajetória histórica do atual Arquivo Nacional com enfoque na abordagem da estruturação dos primeiros ensinamentos da arquivologia através dos diferentes cursos implementados ora na Biblioteca Nacional, ora no Museu Histórico Nacional e, por fim, no Arquivo Nacional, com o reconhecimento, em 1973, de seu status universitário até sua transferência definitiva para a Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado da Guanabara � FEFIEG, que teve sua denominação modificada quando da fusão dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, passando, então, para Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado do Rio de Janeiro � FEFIERJ, atual Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro � UNIRIO, contemplando, em seus diferentes momentos históricos, direcionamento dos currículos para atender às novas áreas do conhecimento, visando a acompanhar a evolução científico-tecnológica, determinativas à formação arquivística. A pesquisa histórica foi realizada e centrada com suporte no acervo histórico-documental do Arquivo Nacional, da Biblioteca do Ministério da Fazenda e da Biblioteca Central da UNIRIO, bem como em publicações editadas pela Associação dos Arquivistas do Brasil. Buscou-se, também, pesquisar a legislação pertinente ao tema abordado através do suporte eletrônico do Senado Federal. O levantamento bibliográfico e documental permite apontar, como resultado de pesquisa, que no processo de construção do Curso de Arquivologia, desde 1911, decorreram-se anos de descasos e transtornos provenientes, fundamentalmente, da carência de 2 diretrizes claras e objetivas para as funções arquivísticas e de uma firme e sólida política pública para o setor, em âmbito nacional. Breves Comentários. Preocupações com os documentos não são temas apenas do momento atual. Amenemope, primeiro arquivista real de Ramsés II (1298 – 1232), já cuidava do assunto.1 Na França, o estudo de Arquivo é realizado pela “École des Chartes”, que constitui um modelo de formação arquivística para o mundo todo. Os arquivos franceses contam com quadros de funcionários de grande gabarito saídos dessa escola. Lá, não se destrói qualquer documento sem o “visto” do Arquivo Nacional e as entidades públicas são assistidas por arquivistas dos “Archives Nationales” que têm a missão de orientar, exercer vigilância técnica e avaliar os documentos antes do seu recolhimento ao depósito geral. Certas leis, como as da Austrália e as de Israel, prevêem, mesmo, punições pecuniárias severas contra os funcionários que destroem seus documentos sem a autorização dos Arquivos. Na Espanha, a “Escuela de Documentalistas” prepara bibliotecários e arquivistas para o cuidado técnico e científico dos documentos. Na Itália existem escolas de doutrina arquivística e paleográfica no Instituto de Estudos Superiores, havendo sempre necessidade de estágio prático no Arquivo de Estado ou no Arquivo Geral. Há, ainda, concursos de seleção para o ingresso nos cargos públicos e estes são feitos de acordo com os diversos graus da carreira. Na Inglaterra, há a “School of Librarianship and Archives”. São muito concorridos os cursos de arquivo. Segundo informações de especialistas do Arquivo Geral em Londres, os candidatos aos cursos de arquivo ou biblioteconomia devem possuir um diploma universitário. Os arquivistas do Public Record Office são professores nas Universidades e muitos deles ainda possuem curso em Liverpool. 3 No Brasil, exemplos como os citados, infelizmente, estão omissos quer na definição de políticas públicas setoriais, quer no planejamento de nossos cursos universitários e, consequentemente, têm trazido prejuízos que jamais poderemos sanar. Por outro lado, os depósitos de documentos são os mais descurados pelas administrações públicas, quer federal, estaduais e municipais, que reservam para eles, em geral, galpões úmidos, habitat preferido por insetos, fungos e roedores, conhecidos como “Arquivo Morto”. O Arquivista e a Arquivologia: o que significa ser; o que faz e onde trabalha? Para a compreensão do tema a ser abordado creio ser necessário que se busque conceituar o que é Arquivologia e o que significa ser um arquivista, o que faz e onde trabalha ou exerce suas funções. Segundo a definição que encontramos no Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, o arquivista é aquele “que ou quem é responsável por um arquivo; papelista”. O arquivista é aquele que planeja, projeta e administra a organização de arquivos, analisando, classificando, selecionando, restaurando e conservando documentos, e para o desempenho de tais funções, busca o apoio nas modernas técnicas de microfilmagem, informática, preservação e restauração de documentos. O trabalho do arquivista é indispensável nas pesquisas históricas, sendo, ele próprio, um pesquisador. Seu campo de trabalho são os arquivos públicos, os privados e os pessoais, tais como: bancários, audiovisuais, cartográficos, computacionais, contábeis, eclesiásticos, empresariais, escolares, fotográficos, históricos, médicos, micrográficos, policiais e de imigração, atuando, também, em centros culturais e laboratórios de conservação e restauração de documentos. A Arquivologia, por representar o estudo, conhecimento, ciência ou tratado relativo à organização dos arquivos, tem por objetivo resgatar a memória do país, das instituições e da comunidade bem como disseminar a cultura, perpetuando a História. 4 A Arquivologia e os primeiros passos no Brasil. O Arquivo Nacional na Era Imperial. A trajetória histórica da arquivologia, no Brasil, dá seus primeiros passos durante o Império. Em 1808, acontece fato histórico com a instalação da sede da monarquia portuguesa no Rio de Janeiro, em conseqüência da invasão de Portugal pelas tropas francesas comandadas por Napoleão Bonaparte. Exemplo marcante foi a transferência do precioso acervo da Real Biblioteca da Ajuda que, em 1807, reunia cerca de 60 mil peças, entre livros, manuscritos, incunábulos, gravuras, mapas, moedas e medalhas, trazido para o Brasil em três etapas (a primeira em1810 e as outras duas em 1811), pouco depois da transferência da Família Real - D. Maria I, o príncipe regente D. João, sua esposa e seus oito filhos - e de parte da Corte para o novo País, então colônia. A Biblioteca foi acomodada, inicialmente, nas salas do andar superior do Hospital da Ordem Terceira do Carmo (Alvará de 27 de julho de 1810), cujo prédio se localizava na Rua Detrás do Carmo, atual Rua do Carmo, nas proximidades do Paço Imperial. Estas acomodações, entretanto, foram consideradas inadequadas a tão valioso acervo, e no dia 29 de outubro de 1810, data atribuída à fundação oficial da Biblioteca Nacional, um decreto do príncipe regente determinou que, no lugar que havia servido de catacumbas aos religiosos do Carmo, se erigisse e acomodasse a "minha Real Biblioteca e instrumentos de física e matemática, fazendo-se à custa da Real Fazenda toda a despesa conducente ao arranjamento e manutenção do referido estabelecimento". Mas as obras para a acomodação da Biblioteca e, conseqüentemente, a transferência do acervo, somente foram concluídas em 1813. Ainda durante o processo de instalação dos livros, a partir de 1810, a consulta ao acervo da Biblioteca passou a ser facultada a estudiosos, mediante consentimento régio. Em 1814, já organizado o acervo, a consulta foi, finalmente, franqueada ao público. Assim, passando o poder central português ser exercido na nova capital, noRio de Janeiro, documentos, atos legislativos, jurídicos aqui foram gerados 5 tendo efeitos no Brasil e em Portugal. Para se preservar tal memória documental, em 2 de janeiro de 1838, durante a regência de Pedro de Araújo Lima, futuro marquês de Olinda, é criado o Arquivo Público do Império, com a aprovação do Regulamento nº 2, conforme já previa a Constituição Política do Império, promulgada em 25 de março de 1824. Assim criado, o Arquivo instala- se, provisoriamente, na Secretaria de Estado dos Negócios do Império, tendo sua primeira sede no edifício do Ministério do Império, na Rua da Guarda Velha, atual Avenida Treze de Maio, com a finalidade de guardar os documentos públicos. O Arquivo foi organizado em três seções: 1) Administrativa - responsável pelos documentos dos poderes Executivo e Moderador; 2) Legislativa – incumbida da guarda dos documentos produzidos pelo Poder Legislativo; e 3) Histórica. Em 1844, o Arquivo Público do Império se instala na segunda sede, situada na Praça do Comércio, na Rua Direita, atual Rua Primeiro de Março, mas, em 1845, retorna para sua primeira sede na Rua da Guarda Velha. Nos idos de 1852, mais precisamente em 30 de junho, o Arquivo Público do Império vem a sofrer um incêndio, catástrofe essa que, apesar de não ter significado a perda de documentos, pois foram retirados em tempo hábil, redundou em um trabalho de reorganização dos mesmos, já que todo o esforço até então realizado foi perdido. Em 1854, o Arquivo Público do Império teve sua sede novamente transferida para o segundo andar do Convento de Santo Antônio que, em 1º de novembro de 1856, vem a sofrer as conseqüências de outro incêndio, sem que esta nova tragédia venha a afetar as instalações do Arquivo. Em 1870, ocorre nova mudança de sede, transferindo-se para o antigo prédio do Recolhimento do Parto dos Terceiros da Ordem do Carmo, situado na Rua dos Ourives, não existente nos dias atuais, pois, com a abertura da Avenida Central (hoje Avenida Rio Branco) desapareceu o trecho que se situava entre a Ruas do Ouvidor e a Rua Sete de Setembro ficando aquela desmembrada em duas partes: uma é a atual Rua Miguel Couto e a outra a atual Rua Rodrigo Silva. 2 Em 1876, o Arquivo Público do Império passa por um processo de reorganização tendo, ao modelo de 1838, sido acrescido nova seção, a 6 Judiciária, bem como foram definidas as formas pelas quais os documentos gerados deveriam ser incorporados ao acervo documental da instituição, que passou a contar com o cargo de Agente Auxiliar do Diretor, com atribuições de identificar e obter documentos, julgados de importância, junto às províncias. É nesta ocasião, quando o Arquivo Público do Império, tendo como seu diretor Joaquim Pires Machado Portela (1873-1898), consegue obter do Parlamento que lhe sejam enviados os originais dos atos legislativos e administrativos e que também passaria a ter competência para adquirir e conservar os documentos concernentes ao direito público, à legislação, à história e à geografia do Brasil. Deste momento até o ano de 1886, podemos mencionar como fato importante institucional, o lançamento da primeira publicação do Arquivo Público do Império, que foi o Catálogo das Cartas Régias, Provisões, Alvarás, Avisos e Portarias, compreendendo o período de 1662 a 1821, acervos existentes no Arquivo e dirigidos, “salvo expressa indicação em contrário, ao governador do Rio de Janeiro, e, depois de 1763, ao Vice-Rei do Brasil”. O Arquivo Nacional na Era Republicana Somente em 1893, após a Proclamação da República em 1889, o Arquivo Público do Império tem sua denominação modificada para Arquivo Público Nacional, sendo reorganizado em duas seções gerais: 1) Legislativa e Administrativa e 2) Judiciária e Histórica. Fato importante, em tal momento histórico, é quando o Arquivo Público Nacional coloca à disposição do Ministério do Exterior os documentos necessários para a realização da defesa dos diretos brasileiros nas questões envolvendo os limites territoriais com a Guiana Inglesa e os títulos de posse da Ilha da Trindade, no Atlântico Sul, ocupada pela Inglaterra. Nova mudança de sede volta a afetar os trabalhos da instituição quando, em 1907, passa a ocupar as instalações da antiga sede do Museu Nacional que, anteriormente, abrigara a Casa dos Pássaros, adquirida por D. João VI, na Praça da República. 7 No ano de 1910, sendo Presidente da República Hermes Rodrigues da Fonseca, é sancionada, em 31 de dezembro, a Lei nº 2.356, que “fixa a despeza geral da República dos Estados Unidos do Brazil para o exercício de 1.911 e dá outras providências”. A princípio, pela simples leitura da sua ementa, poder-se-ia não dar a atenção devida ao tema. Entretanto, a exemplo da vasta legislação brasileira, podemos observar enxertados em seu corpo temas outros bastante diversificados. Assim, no art. 3º da referida legislação encontramos dispositivo legal autorizativo ao Poder Executivo para: “I. reorganizar a Secretaria de Estado de Justiça e Negócios Interiores, bem como as repartições dependentes da mesma secretaria e a Força Policial do Districto Federal, abrindo para isto os necessarios creditos, assim como para execução das reformas autorizadas neste artigo” (grifo nosso). O Arquivo Nacional, sendo uma repartição dependente da Secretaria de Estado de Justiça e Negócios Interiores, é considerado, assim, no processo de reorganização administrativa. Na mesma lei que fixa a despesa geral da República dos Estados Unidos do Brasil para o exercício de 1911, ainda no artigo terceiro, encontramos enxertada temática diferenciada de seu objetivo principal quando é dada autorização para reformar a instrução superior e secundária mantida pela União, mantendo-as sob conveniente fiscalização, sem privilégio de qualquer espécie. Ao tratar dos institutos de ensino superior, aborda a questão em dois momentos. No primeiro, em que “concede a personalidade jurídica e competência para administrar os seus patrimônios, lançar taxas de matrícula e de exame e mais emolumentos por diplomas e certidões, arrecadando todas as quantias para tal provimento de sua economia, não podendo, também sem anuência do Governo Federal, alienar seus bens”. No segundo, aborda questões permissivas à completa liberdade na organização dos programas de seus cursos, nas condições de matrícula, exigindo o exame de admissão para o ingresso em seus cursos, no regime de exames e disciplina escolar. Aos institutos de ensino secundário é conferida idêntica faculdade aos de ensino superior, citada no primeiro momento, além de dar ao seu ensino um caráter 8 prático, “libertando-o da condição subalterna de curso preparatório ao ensino superior” e de autonomia em sua disciplina. Em 1911, com fundamentação na legislação do ano de 1910 citada, o Presidente do Brasil, Hermes Rodrigues da Fonseca e o Ministro de Estado da Justiça e Negócios Interiores, Rivadávia da Cunha Corrêa, editam o Decreto nº 9.197, de 09 de dezembro, instrumento legal este destinado à aprovação do Regulamento para o “Archivo Nacional”, tendo o artigo 1º estabelecido a subordinação ao Ministério da Justiça e Negócios Interiores e definido suas missão institucional, ou seja: “... adquirir e conservar cuidadosamente, sob classificação systematica, todos os documentos concernentes á administração, á história e á geographia do Brazil e quaesquer outros que o Governo determinar” (grifo nosso). Entretanto, para que o Arquivo Nacional pudesse levar a efeito sua nobre missão, deveria contar com um quadro de servidores capacitados ao desempenho de suas funções, capacitação esta objetivamente destinada à preparação técnica e instrumental daqueles que viessem a ter sob sua responsabilidade atribuições específicas com a guarda, conservação e preservaçãoda documentação arquivistica. Assim pensando, o legislador estabeleceu, no artigo 10 do citado regulamento: Fica instituído no Archivo Nacional um curso de diplomática 3, em que se ensinarão a paleographia com exercícios práticos, a chronologia e a critica histórica, a technologia diplomática e regras de classificação. Funccionará uma vez por semana, começando 12 mezes depois da approvação deste regulamento, devendo ser feitas, opportunamente, as instrucções epeciaes. Paragrapho único. Os logares de professores do curso de diplomatica serão exercidos por funccionarios do Archivo Nacional. (grifo nosso) As disciplinas componentes da estrutura do Curso de Diplomática revelam a preocupação dos responsáveis pelas políticas públicas em dar início ao processo de sistematização das atividades voltadas para a preparação e qualificação daqueles servidores que, diretamente, deveriam atuar em funções direcionadas para o trato sistematizado das funções documentais. O Arquivo Nacional, à época, contava com um quadro efetivo de empregados que, dentre outras categorias, podemos identificar (art.29) 4 arquivistas, 3 sub-arquivistas e 9 amanuenses entendido este como o que escreve textos à mão; escrevente, 9 copista, secretário; funcionário de repartição pública que geralmente fazia cópias, registros e cuidava da correspondência. Os funcionários desta última categoria, para serem nomeados nos cargos previstos, deveriam obedecer ao pré-requisito estabelecido no parágrafo terceiro do art. 30: Á dos amanuenses precederá concurso no qual candidatos, depois de provarem que têm, pelo menos, 18 annos de idade e bom procedimento civil e moral, mostrar-se-hão habilitados em – grammatica e língua nacional; arithmetica até theoria das proporções inclusive; elementos de chronologia,de historia e geographia geral, e chorographia 4 e historia do Brazil; traducção da língua franceza e da ingleza para a nacional; em calligraphia e manuscriptos antigos; em redacção de peças officiaes e em noções de direito publico e administrativo; em bibliographia; numismática; iconographia e conhecimentos de archivos. O processo dos concursos será regido por instrucções expedidas pelo Governo, sob proposta do director. Depois de funccionar a aula de diplomática, ninguém poderá entrar em concurso para amanuense ser ter cursado a dita aula. Portanto, a institucionalização do curso de diplomática tornou-se, aí, pré- requisito para habilitação em concurso para aqueles interessados na habilitação, em concurso, para o preenchimento formal do cargo de amanuense. Podemos observar, quando da criação do Arquivo Nacional, os primeiros passos para a sistematização das funções arquivísticas, tais como, capacitação profissional de seus funcionários diretamente atuantes nas atividades fins institucionais bem como o estabelecimento de um plano geral de classificação de documentos com suas divisões e subdivisões “a ser exemplificado em um quadro synoptico ordenado pelo diretor do Archivo, que formulará tambem o plano de organização da bibliotheca, da mappotheca e do museu historico.” (art. 59). Também, no decreto de criação do Arquivo Nacional, é citada a existência de dois setores distintos denominados “bibliotheca do Archivo” e “museu histórico” (art. 7 e art. 9, respectivamente), este último como veremos posteriormente, embrião do Museu Histórico Nacional. Em 1922, sendo Presidente da República Epitácio Pessoa e Ministro de Estado da Justiça e Negócios Interiores Joaquim Ferreira Chaves é editado o Decreto n. 15.596, de 02 de agosto, instrumento legal de criação do Museu 10 Histórico Nacional e de aprovação de seu Regulamento. Nele, diferentes alterações podem ser observadas nas estruturas de funcionamento do Arquivo Nacional, modificações estas que nos levam a interpretação de uma forte atuação política para a criação da nova instituição e da diminuição da influência exercida quer pela Biblioteca Nacional, quer pelo Arquivo Nacional, considerando, para tal avaliação, a grande influência de seu primeiro diretor, Gustavo Barroso. Em 1922, no governo Epitácio Pessoa, o conjunto arquitetônico do Museu Histórico Nacional sofre grandes transformações, para sediar o Palácio das Grandes Indústrias da Exposição Internacional, parte das comemorações do Centenário da Independência. Em outubro desse mesmo ano o Museu Histórico Nacional inicia suas atividades. Por determinação do Presidente Epitácio Pessoa, o Pavilhão abrigou, em duas de suas salas, o núcleo inicial do Museu Histórico Nacional. Com o encerramento da Exposição, o Museu veio ocupando progressivamente toda a área por ela utilizada. Ao Museu Histórico Nacional, de acordo com o item 1, art. 83, do Decreto 15.596, de 1922, é incorporado o “museu histórico”, setor até então pertencente ao Arquivo Nacional. Pelo Regulamento do Museu Histórico Nacional é criado o cargo de 3º. Oficial com atribuições definidas como de encarregar-se dos trabalhos de escrita ou outros para que tiverem sido designados, assim como prestar serviços na biblioteca e no arquivo de qualquer das seções que deles necessitar, auxiliando os demais oficiais na colocação e conservação dos livros e documentos, na organização dos catálogos e na consulta pública, funções típicas das atribuições de arquivista, dentre outras. Tais funções, no Arquivo Nacional eram exercidas pelos arquivistas e sub-arquivistas. Quanto aos cursos, com a criação do Museu Histórico Nacional, novas modificações são introduzidas no sistema de aprimoramento técnico dos servidores com a implantação do “Curso Thecnico” que absorve as atribuições anteriores do curso de Diplomática existente no Arquivo Nacional. O Curso Técnico foi criado, na concepção dos legisladores, para atender as necessidades de especialização dos funcionários do Museu Histórico Nacional, da Biblioteca Nacional e do Arquivo Nacional. Pela avaliação das 11 disciplinas que deram a estrutura curricular do Curso Técnico, em contraponto com as definidas para o Curso de Diplomática, do Arquivo Nacional e as do curso de Biblioteconomia, instituído pelo Decreto nº 8.835, de 11 de julho de 1911 que aprova o Regulamento da Biblioteca Nacional, observa-se que o Curso Técnico absorveu, também, as disciplinas dos outros dois, ensejando o cancelamento dos demais, o que vem a ocorrer formalmente quando da edição dos Decretos nº 15.670, de 06 de setembro de 1922 e o Decreto nº 16.036, de 14 de maio de 1923, que aprovam os novos regulamentos da Biblioteca Nacional e do Arquivo Nacional, respectivamente. O Curso Técnico, assim institucionalizado, destinou-se a atender a demanda proveniente dos candidatos ao cargo de 3º Oficial a aos amanuenses da Biblioteca Nacional e do Arquivo Nacional. Sua estrutura de ensino contemplava as seguintes disciplinas, desenvolvidas em um período letivo de dois anos, assim distribuídas: 1) primeiro ano: História Literária, Paleografia e Epigrafia, História Política e Administrativa do Brasil, Arqueologia e História da Arte; 2) segundo ano: Bibliografia, Cronologia e Diplomática, Numismática e Sigilografia, Iconografia e Cartografia. Os membros docentes eram recrutados entre o corpo de funcionários de cada uma das instituições envolvidas, designados pelos respectivos diretores, sendo as disciplinas lecionadas nos locais onde eram comuns. Assim, no Museu Histórico Nacional eram ministradas as disciplinas de Arqueologia, História da Arte, Numismática 5 e Sigilografia. À Biblioteca Nacional competiam as disciplinas de História Literária, Bibliografia, Paleografia Epigrafia 6, Iconografia e Cartografia e as disciplinas de História Política e Administrativa do Brasil, Cronologia e Diplomática eram de atribuição do Arquivo Nacional. Distribuídas as disciplinas pelas instituiçõesenvolvidas, iniciou-se o processo de abertura de inscrições, no período compreendido entre 16 a 31 de março de 1922, para os candidatos à primeira turma do curso técnico, tendo as aulas do primeiro ano começadas em abril e encerradas em novembro de 1923. As matrículas realizaram-se na Biblioteca Nacional e os candidatos deveriam apresentar a certidão de aprovação nos exames de 12 português, francês, latim, aritmética, geografia e história universal, especialmente corografia e história do Brasil, exames que seriam prestados em instituto federal ou fiscalizados pelo governo. Estabeleceram-se aulas com duração de uma hora, destinando-se a cada disciplina três horas de aula em cada duas semanas, sendo ministrados conhecimentos de classificação e administração de bibliotecas; mapotecas; arquivo; museus históricos e gabinetes de estampas; de moedas e medalhas, não apenas conteúdos teóricos, mas, também, com exercícios práticos. Aos interessados na realização do curso técnico e portadores de habilitação ou certificação em algum curso semelhante no exterior permitiu-se que poderiam ser admitidos em um exame de seleção a posteriori. A avaliação dos alunos dava-se quando do encerramento das aulas, através da realização de exames prestados em cada matéria para aqueles com freqüência de mais da metade das aulas e levados a efeito, conforme a matéria, obedecida a estrutura das disciplinas estabelecida em cada uma das instituições, e perante uma comissão composta pelo diretor e dois professores, um dos quais, preferencialmente, deveria ser o ministrante da disciplina motivo da avaliação. O critério de avaliação dava-se através de uma prova escrita, com duração de duas horas e de uma prova oral, esta não podendo ultrapassar trinta minutos de duração. Para as avaliações escritas correspondentes aos conhecimentos de paleografia, epigrafia, arqueologia, história da arte, bibliografia, cronologia e cartografia definiu-se que teriam caráter de provas práticas de descrição e classificação de objetos pertencentes às coleções dos estabelecimentos em que tais matérias seriam lecionadas. A pontuação de cada prova quer escrita, quer oral, corresponderiam notas variando entre um a cinco pontos, considerando-se aprovado na matéria aquele que obtivesse no mínimo doze pontos como soma das notas dos três membros da comissão examinadora. Para aqueles que ao final do curso fossem considerados aprovados em todas as disciplinas ter-se-ia a expedição de certificados de habilitação, contendo declaração do número de pontos obtidos em cada exame. 13 Como o processo de inscrição originou-se na Biblioteca Nacional, caberia a esta enviar para os diretores das demais instituições envolvidas a relação dos alunos matriculados. Na primeira turma do curso técnico, em abril de 1923, foram inscritos onze alunos. 7 Observa-se, com a duplicidade de instrumentos legais distintos, dando ênfase ao Curso Técnico, certo jogo de interesse político que vem por à tona conflitos institucionais até que, em 1928, é editado, agora no governo do presidente Washington Luis P. de Sousa, o Decreto nº 18.303, de 30 de junho, dirimindo as dúvidas suscitadas pelas legislações anteriores, no que diz respeito ao provimento dos cargos de amanuense do Arquivo Nacional. Diante dos conflitos existentes apontando interesses divergentes entre a Biblioteca Nacional, o Arquivo Nacional e o Museu Histórico Nacional, o que veio a influenciar no funcionamento regular do Curso Técnico, em 17 de novembro de 1931 é editado o Decreto nº 20.673, restabelecendo, na Biblioteca Nacional, o Curso de Biblioteconomia. Entretanto, não se observa idêntico critério para com o Arquivo Nacional em relação ao seu Curso de Diplomática. Veemente protesto quanto ao estado de abandono a que foi relegado o Arquivo Nacional verifica-se quando da posse, em 1958, de seu novo Diretor José Honório Rodrigues (1958-1963). Em 1959, Rodrigues publica relatório 8, ocasião em que expõe as entranhas da instituição, suas mazelas, conflitos internos e externos, os desmandos gerenciais observados ao longo de diferentes gestões e, também, analisa a situação dos funcionários existentes para o desempenho das atribuições institucionais, quer em termos de quantificação, quer de aprimoramento técnico. Cita a falta de iniciativa para a realização de cursos e concursos ou sequer o auxílio que a instituição deveria proporcionar ao Departamento Administrativo do Serviço Público/DASP, na promoção dos mesmos. Quanto ao Curso Técnico, refere-se ao mesmo como não organizado e não iniciado e cita que, desde 1930, na gestão de João Alcides Bezerra Cavalcanti (1922-1938), este declarava que o mesmo deveria ser “incorporado à Universidade do Rio de Janeiro“9 (sic) e, em 1932, propunha 14 criação autônoma de curso técnico próprio para o Arquivo Nacional, a exemplo da Biblioteca Nacional e do Museu Histórico Nacional que passaram a ter os seus operando de modo independente. Na ocasião, Alcides Bezerra já alimentava a esperança que, “em futuro não mui remoto, contará o Arquivo Nacional, com um corpo de competentes arquivistas” e expôs, em quase todos os seus relatórios, a necessidade de melhor formação de arquivistas. Entendia que não se devia por em plano subalterno “o caráter superior do curso técnico que pressupõe nos candidatos conhecimentos de várias matérias do curso de humanidades”. Até sua saída, em 1938, Bezerra insistiu na criação de um curso próprio destinado à formação de arquivistas, mas sem acolhida na nova gestão do Diretor Eugênio Vilhena de Moraes (1938-1958). Ainda no relatório de 1959, Rodrigues tece ácidas críticas à gestão de Vilhena de Moraes, mencionando que foram vinte anos para o desprestígio da carreira, ao classificar o arquivista equiparando-o ao escriturário ou datilógrafo, considerando que o plano de classificação de cargos transforma a carreira de Arquivologista na de Documentalista, mantendo o Arquivista como carreira auxiliar, nivelando-o com a de auxiliar de bibliotecário, escriturário e datilógrafo. Rodrigues, ao longo de toda sua gestão, preocupou-se em tirar os arquivistas de sua posição inferior propondo dar a estes as funções de organização, planejamento e coordenação, enquanto que ao arquivista auxiliar seriam confiadas as funções de execução, pois somente assim, restaurando não só a nomenclatura - mas também as funções - propiciariam condições para recrutar pessoal de maior eficiência e capacidade. Elevando os requisitos para o exercício das funções da carreira com a exigência de ingredientes psicológicos e capacidade técnica, conforme preconizado por Phillip Bauer10, estariam sendo criadas as condições mínimas e indispensáveis para que os Cursos de Arquivo despertassem maior interesse que os de carreiras similares, sem o que não seria possível levar adiante a reforma do Arquivo Nacional. No ano de 1959, após várias manifestações favoráveis no sentido de dotar o Arquivo Nacional de instrumentação própria, a exemplo das existentes 15 no Museu Histórico Nacional e na Biblioteca Nacional, com o objetivo de aperfeiçoamento do seu quadro de funcionários, o Diretor-Geral do Departamento Administrativo do Serviço Público/DASP, Antonio B. dos Santos, emite a Portaria nº 299, de 11 de julho, criando, no âmbito da Escola de Serviço Público dos Cursos de Administração do DASP, o Curso Avulso de Aperfeiçoamento de Pessoal para Arquivos antiga aspiração do Arquivo Nacional realizada, atribuindo competência à Diretora dos Cursos de Administração, Stella de Souza Pessanha, para baixar as Instruções Reguladoras de funcionamento do mesmo, Tal providência torna-se concreta quando da publicação simultânea das respectivas Instruções Reguladoras que tem por finalidade “aperfeiçoar pessoal para os diferentessetores de chefias dos Arquivos (sic)”. Neste dispositivo legal são definidas as regras operacionais do Curso, tais como: 1. forma de sua organização, com duração de quatro meses com seis aulas semanais compreendendo o estudo das seguintes disciplinas: Classificação e Catalogação de Arquivos; Organização e Administração de Arquivos; História Administrativa do Brasil; Pesquisa Histórica; Evolução da Historiografia; Paleografia e Diplomática; e Notariado. 2. forma das matrículas, permitida aos arquivologistas, arquivista11, documentaristas, bibliotecários, bibliotecários-auxiliares, oficiais- administrativos e pesquisadores, assistentes de administração e outros servidores, a critério do Diretor dos Cursos de Administração, dentre outras; 3.orientação didática, definindo que o estabelecimento do programa caberia ao professor-coordenador de comum acordo com os professores designados e sob a orientação do Diretor dos Cursos de Administração; 4. condições de habilitação, estabelecendo uma prova final para cada matéria, além de trabalhos práticos facultativos, considerando-se habilitados os alunos que obtivessem média global igual ou superior a sete, respeitando o mínimo de cinco, por matéria. Dentre os professores dos primeiros Cursos do DASP de preparação para pessoal de arquivo, podemos citar Arthur César Ferreira Reis, ex- governador do Estado do Amazonas e ex-professor da Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas; Maria Luiza Stallard Dannemann; Lizia Cunha; Rui Vieira da Cunha; Nilza Teixeira Soares; Dioclécio Leite de Macedo (D.Hilário de Macedo); Zilda Galhando; Eulália Maria Hope e D.Frank Swatin que, também, contou com o concurso do professor 16 Henri Boullier de Branche, Diretor dos Arquivos de Sarthe (Le Mans)/França, convidado pelo Diretor do Arquivo Nacional, José Honório Rodrigues. Boullier, em 6 de setembro de 1960, já retornado a Le Mans, envia para José Honório Rodrigues documento sob o título “Relatório Sobre o Arquivo Nacional do Brasil”, contendo sugestões, dentre outras, acerca da formação especializada para os arquivistas.12 Em 10 de novembro de 1960, José Honório Rodrigues, defensor ferrenho de políticas públicas que objetivassem dotar o Arquivo Nacional das condições técnico-operacionais indispensáveis à preservação do acervo documental existente, em seu prefácio à 1ª edição publicada do “Relatório Boulier de Branche”, faz comentários sobre o quadro de Arquivistas nacionais, corroborando o pensamento do autor. O Mandato Universitário para o Curso de Arquivologia. Foram incontáveis as manifestações de apoio para a valorização das funções Arquivísticas com o desejo expresso para criação de curso de nível superior. Entre 15 e 20 de outubro de 1972, a cidade do Rio de Janeiro abrigou o I Congresso Brasileiro de Arquivologia. Novas vozes se ergueram em prol da concretização do sonho de implantação de cursos de nível superior e técnico para o profissional de arquivo. Dentre os ferrenhos defensores podemos citar o Professor José Pedro Pinto Esposel, Presidente da Associação dos Arquivistas Brasileiros, nas palavras proferidas na sessão solene de abertura do Congresso, realizada nas dependências do plenário do Palácio Tiradentes, em 15 de outubro e Raul Lima, Diretor do Arquivo Nacional, no mesmo evento. Destaque há que se dar para a Professora Astréa de Moraes e Castro, com a apresentação de seu trabalho na segunda sessão, realizada em 17 de outubro, no Palácio Tiradentes, sob o título “A Formação e a Profissão do Arquivista no Brasil”, quando faz considerações sobre sua experiência em países europeus e apresenta projeto que ofereceu ao Conselho Federal de Educação, propondo a criação do Curso Superior de Arquivos. Sugere o “curriculum” para o referido curso e os respectivos programas, mencionando 17 fatos e procedimentos ocorridos e adotados em outros países e ressaltando os conhecimentos que o arquivista deve possuir tendo, por fim, anexado o parecer do Relator do projeto, Professor Vicente Sobriño Porto, na Câmara do Ensino Superior, aprovado sob o nº. 212/72, de 07 de março de 1972. O Curso Superior de Arquivo proposto, com duração de três a cinco anos, apresentava sua constituição curricular sedimentada nas seguintes disciplinas: Técnica e Ciência dos Arquivos; História do Brasil; Geografia Geral e Cartográfica; História do Brasil; História do Direito e das Instituições Brasileiras e Portuguesas; Notariado; Heráldica; Genealogia; Bibliografia; Paleografia, Diplomática e Sigilografia; Noções de Estatística; Noções de Contabilidade Geral e Pública; Organização Administrativa e Constitucional Brasileira; Francês e Inglês; Conservação de Documentos; Reprodução de Documentos e Informática. Essa primeira medida concreta, corroborada com o beneplácito do Ministério da Educação e Cultura, ensejou o Diretor do Arquivo Nacional, Raul do Rego Lima (1970 - 1980), a propor à Universidade Federal do Rio de Janeiro � UFRJ, a elevação do Curso Permanente de Arquivo ao nível superior, fato concretizado quando, em 28 de setembro de 1973, é assinado o Termo de Acordo entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro � UFRJ, e o Arquivo Nacional 13, reconhecendo o alto valor do Curso Permanente de Arquivo, outorgando-lhe mandato Universitário para a sua realização. Em julho de 1974, através da Seção dos Cursos do Arquivo Nacional, realizou-se concurso vestibular para admissão no Curso Permanente de Arquivos. Do processo seletivo, com caráter eliminatório, constaram as seguintes matérias: Português. Língua Estrangeira (francês ou inglês), Geografia do Brasil, História do Brasil e Conhecimentos Gerais. Nesse primeiro concurso vestibular, ainda não reconhecido como de nível superior, acorreram 166 inscritos para uma entrada de 50 vagas, com período letivo a iniciar-se em 12 de agosto do mesmo ano. Em 1976, o Curso Permanente de Arquivos do Arquivo Nacional, situado na Praça da República, volta a sofrer modificações em sua estrutura curricular 14, a fim de se adaptar às novas exigências do status alcançado em 1973, como de nível superior, bem como das novas 18 demandas da sociedade em relação às funções arquivísticas, conforme distribuição das disciplinas em dois momentos denominados de Tronco Comum ou Primeiro Ciclo e Parte Diversificada ou Tronco Profissional. Ao primeiro couberam as disciplinas: Introdução ao Estudo do Direito; Introdução ao Estudo da História; Introdução à Contabilidade; Noções de Estatística; Arquivo I, II, III, IV, V e VI; Documentação; Introdução à Administração; História do Brasil; Paleografia e Diplomática; Notariado; Inglês; Introdução à Comunicação; Administração; Introdução à Metodologia Científica; Estudo de Problemas Brasileiros; História da Historiografia Brasileira; Heráldica e Genealogia; Reprografia. Ao segundo corresponderam as disciplinas: Notariado; Noções de Pesquisa Histórica; Heráldica e Genealogia; Paleografia e Diplomática; Cronologia; História Eclesiástica; Arranjo e Descrição de Documentos; Técnica de Exposições; Destinação dos Documentos; Imunologia dos Documentos; Patologia dos Documentos; Reprografia; Técnica de Divulgação; Noções da História das Ciências; Técnicas Especiais de Classificação; Computação em Arquivologia; Recursos Audiovisuais; Noções de Administração de Empresas; Noções de História da Tecnologia; Arquivos de Plantas, Desenhos, Mapas e Material Iconográfico. A vinculação do Curso Permanente de Arquivos ao Arquivo Nacional tem sua trajetória modificada no ano de 1977 quando acontece a sua transferência para a Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado do Rio de Janeiro � FEFIERJ, Instituição criada no ano de 1969 sob a denominação de Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado da Guanabara � FEFIEG 15, com a finalidade de reunire integrar, sob a forma jurídica de fundação de direito público, os estabelecimentos isolados do sistema federal de ensino bem como lhe é permitido realizar convênios ou agregar outras instituições em sua estrutura orgânica. A FEFIEG teve sua denominação alterada, no ano de 1975 16, para Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado do Rio de Janeiro � FEFIERJ, considerando que a fusão dos Estados da Guanabara e do Estado do Rio de Janeiro, deu origem ao novo Estado do Rio de Janeiro. Em 1977, o Curso Permanente de Arquivo do Arquivo Nacional foi transferido para essa instituição de ensino superior 17, 19 passando a denominar-se Curso de Arquivologia, onde permanece como o pioneiro entre as instituições de ensino superior. Em 1979, a FEFIERJ, buscando a integração de todos os seus cursos em um núcleo único e coeso, vê seus propósitos alcançados com a aprovação, no Congresso Nacional, da Lei nº. 6.665, de 05 de agosto, que a transforma em universidade, passando a denominação de Universidade do Rio de Janeiro - UNIRIO. Como se pode depreender das questões ora abordadas sobre o processo histórico de construção do Curso de Arquivologia, desde suas origens nos idos de 1911 até a sua consolidação definitiva na, então, FEFIERJ, hoje Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro � UNIRIO, decorreram sessenta e seis anos de percalços e transtornos provenientes nem tanto das diferentes estruturas de ensino adotadas mas, fundamentalmente, pela falta de definição de diretrizes claras voltadas para as nobres funções arquivísticas e que realmente pudessem ser viabilizadas, abstendo-se das disputas políticas internas entre as instituições envolvidas. NOTAS 1 Marrou, Henri Irénnée. História da Educação na Antiguidade, trad. Mário Leônidas Casanova/SP, E.P.U. Ltda., Brasília, INL, 4a ed. 1975. 2 www.wsc.jor.br/romances/ferrador/explicativo.htm - acessada em 10.12.2004. 3 Houaiss assim define diplomática: 1. ciência que tem por objeto os diplomas, cartas e outros documentos oficiais, para determinar sua autenticidade, sua integridade e época ou data em que foi feito; 2. ciência e arte da leitura e decifração de diplomas e outros documentos antigos; 3. estudo da história e das diversas formas dos documentos legais e administrativos. 4 Descrição ou representação de um país, região ou área geográfica particular, num mapa ou carta, que explicita visualmente, através de código(s), as suas características mais notáveis. Houaiss. 5 Numismática: ciência que tem por objeto de estudo as moedas e medalhas. Sigilografia: parte da arqueologia e da diplomática que tem por objetivo o estudo dos selos. Houaiss. 6 Ciência que estuda as inscrições lapidares dos monumentos antigos. Idem. 7 Correspondência do Diretor Interino da Biblioteca Nacional, datada de 05 de abril de 1923, relacionando os seguintes alunos: Jonas Paulo Fernandes, Heitor José Pereira Guimarães, Mário Gomes de Araújo, Adolpho Câmara da Motta, Joaquim Menezes de Oliva, Rufino de Loy, Emmanuel Eduardo Gaudie Ley, Adolpho Jacome Martins Pereira Filho, Optaciano Alves do Valle, Aurélio de Moraes Britto e Ruy de Gouvêa Nobre. 8 Rodrigues, J.Honório, A Situação do Arquivo Nacional, outubro de 1959, publicado pelo Ministério da Justiça e Negócios Interiores 9 Tudo indica tratar-se da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ, então denominada Universidade do Brasil. 20 10 G. Phillip Bauer, Recruitment, Training and Promotion in the National Archives, separata do American Archivist s.d. págs. 291-305. 11 A diferença entre uma categoria funcional e outra se deve pelo status, considerando-se o arquivologista em nível hierárquico superior ao arquivista. 12 Boullier, Henri de Branche, in Relatório sobre o Arquivo Nacional do Brasil. Publicação Técnica n. 21, Ant. 17. 2a.ed., Arquivo Nacional. Ministério da Justiça, 1972, RJ. 13 Publicado no DOU de 25.10.1973, Seção I - Parte II, pág. 3602. 14 Regimento do Curso Permanente de Arquivo aprovado em 13.05.1976 pelo Diretor-Geral do Arquivo Nacional. 15 Decreto-Lei nº. 773, de 20.08.1969. 16 Decreto nº. 76.832, de 17.12.1975. 17 Decreto nº. 79.329, de 02.03.1977 REFERÊNCIAS - Acervo do Arquivo Nacional: Correspondência do Diretor Interino da Biblioteca Nacional, datada de 05 de abril de 1923. - ______________________. Portaria nº 299, de 11 de julho de 1959, da Escola de Serviço Público do DASP. Cria, na Escola de Serviço Público dos Cursos de Administração, o Curso Avulso de Aperfeiçoamento de Pessoal para Arquivos. - _______________________. Portaria nº 5, de 1 de agosto de 1960. Cria os Cursos do Arquivo Nacional e aprova as Instruções para o seu funcionamento. - _______________________. Regimento do Curso Permanente de Arquivo aprovado em 13.05.1976 pelo Diretor-Geral do Arquivo Nacional. - Acervo da Biblioteca do Ministério da Fazenda. Portaria nº 600/B, de 15 de outubro de 1975, do Ministro de Estado da Justiça, publicada no DOU de 16 de outubro de 1975. Aprova o regimento interno do Arquivo Nacional. - Boullier, Henri de Branche, in Relatório sobre o Arquivo Nacional do Brasil. Publicação Técnica n. 21, Ant. 17. 2a.ed., Arquivo Nacional. Ministério da Justiça, 1972, RJ. - Brasil. Arquivo Nacional. Disponível em <http://www.arquivonacional.gov.br/>. - _____. Senado Federal. Disponível em: <http://senadofederal.gov.br/sf>. Legislação. - ______. Decreto nº 20673, de 17 de novembro de 1931. Restabelece, na Biblioteca Nacional, o curso de Biblioteconomia. 21 - ______. Decreto nº 43176, de 4 de fevereiro de 1958. Dispõe sobre a realização de cursos de Administração Geral no DASP, em regime de acordo com o Ministério da Educação e Cultura. - ______. Decreto nº 44862, de 21 de novembro de 1958. Aprova o regimento do Arquivo Nacional. - ______. Decreto-Lei nº 773, de 20 de agosto de 1968. Prove sobre a ciração da Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado da Guanabara (FEFIEG). - ______. Decreto-Lei nº 1028, de 21 de outubro de 1969. Aprova o estatuto da Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado da Guanabara. - ______. Decreto nº 76832, de 17 de dezembro de 1975. Altera a denominação da Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado da Guanabara. - ______. Decreto nº 79329, de 2 de março de 1977. Transfere à Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado do Rio de Janeiro - FEFIERJ - o Curso Permanente de Arquivo, do Arquivo nacional, do ministério da Justiça , com a denominação de Curso de Arquivologia. - ______. Lei nº 6546, de 4 de julho de 1978. Dispõe sobre a profissão de Arquivista e de Técnico de Arquivo. - ______. Decreto nº 82308, de 25 de setembro de 1978. Institui o Sistema Nacional de Arquivo (SINAR). - ______. Decreto nº 82590, de 6 de novembro de 1978. Regulamenta a Lei nº 6546, que dispõe sobre a regulamentação das profissões de Arquivista e Técnico de Arquivo. - ______. Lei nº 6655, de 5 de junho de 1979. Transforma a Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado do Rio de Janeiro - FEFIERJ - em Universidade do Rio de Janeiro - UNIRIO. - ______. Regulamento nº 2, de 2 de janeiro de 1838. Dá instruções sobre o Arquivo Público provisoriamente estabelecido na Secretaria de Estado dos Negócios do Império. 22 - ______. Lei nº 2356, de31 de dezembro de 1910. Fixa a despesa geral da República dos Estados Unidos do Brasil para o exercício de 1911e dá outras providências. - ______. Decreto nº 8835, de 11 de julho de 1911. Aprova o regulamento da Biblioteca Nacional. - ______. Decreto nº 9197, de 9 de dezembro de 1911. Aprova o regulamento do Arquivo Nacional. - ______. Decreto nº 14852, de 1 de junho de 1921. Modifica diversos artigos do regulamento do Arquivo Nacional. - ______. Decreto nº 15596, de 2 de agosto de 1922. Cria o Museu Histórico nacional e aprova seu regulamento. - ______. Decreto nº 15670, de 6 de setembro de 1922. Aprova o regulamento para a Biblioteca Nacional. - ______. Decreto nº 16036, de 14 de maio de 1923. Aprova o regulamento para o Arquivo Nacional. - ______. Decreto nº 18303, de 30 de junho de 1928. Torna aplicável ao Arquivo Nacional o disposto no artigo 153 do regulamento anexo ao decreto nº 15670 de 1922. - Dicionário Eletrônico Houaiss, versão 1.0 - dezembro 2001. Editora Objetiva. - DOU de 25.10.1973, Seção I - Parte II, pág. 3602. Termo de acordo entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro e o Arquivo Nacional, para outorga de mandado Universitário ao segundo, para o Curso Permanente de Arquivos. - G. Phillip Bauer, Recruitment, Training and Promotion in the National Archives, separata do American Archivist s.d. págs. 291-305. - <http://www.wsc.jor.br/romances/ferrador/explicativo.htm> acesso em 102004. - Marrou, Henri Irénnée. História da Educação na Antiguidade, trad. Mário Leônidas Casanova/SP, E.P.U. Ltda., Brasília, INL, 4a ed. 1975. - Rodrigues, J.Honório, A Situação do Arquivo Nacional, outubro de 1959, publicado pelo Ministério da Justiça e Negócios Interiores.
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