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1
O PROCESSO HISTÓRICO DE CONSTRUÇÃO DO CURSO DE 
ARQUIVOLOGIA NO BRASIL 
 
Augusto Maia 
Aluno do Mestrado em Educação 
 
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) 
 
RESUMO 
 
O trabalho tem por objeto de pesquisa a identificação da trajetória histórica do 
atual Arquivo Nacional com enfoque na abordagem da estruturação dos 
primeiros ensinamentos da arquivologia através dos diferentes cursos 
implementados ora na Biblioteca Nacional, ora no Museu Histórico Nacional e, 
por fim, no Arquivo Nacional, com o reconhecimento, em 1973, de seu status 
universitário até sua transferência definitiva para a Federação das Escolas 
Federais Isoladas do Estado da Guanabara � FEFIEG, que teve sua 
denominação modificada quando da fusão dos estados da Guanabara e do Rio 
de Janeiro, passando, então, para Federação das Escolas Federais Isoladas 
do Estado do Rio de Janeiro � FEFIERJ, atual Universidade Federal do Estado 
do Rio de Janeiro � UNIRIO, contemplando, em seus diferentes momentos 
históricos, direcionamento dos currículos para atender às novas áreas do 
conhecimento, visando a acompanhar a evolução científico-tecnológica, 
determinativas à formação arquivística. A pesquisa histórica foi realizada e 
centrada com suporte no acervo histórico-documental do Arquivo Nacional, da 
Biblioteca do Ministério da Fazenda e da Biblioteca Central da UNIRIO, bem 
como em publicações editadas pela Associação dos Arquivistas do Brasil. 
Buscou-se, também, pesquisar a legislação pertinente ao tema abordado 
através do suporte eletrônico do Senado Federal. O levantamento bibliográfico 
e documental permite apontar, como resultado de pesquisa, que no processo 
de construção do Curso de Arquivologia, desde 1911, decorreram-se anos de 
descasos e transtornos provenientes, fundamentalmente, da carência de 
 2
diretrizes claras e objetivas para as funções arquivísticas e de uma firme e 
sólida política pública para o setor, em âmbito nacional. 
 
 Breves Comentários. 
 
 Preocupações com os documentos não são temas apenas do momento 
atual. Amenemope, primeiro arquivista real de Ramsés II (1298 – 1232), já 
cuidava do assunto.1 
 Na França, o estudo de Arquivo é realizado pela “École des Chartes”, 
que constitui um modelo de formação arquivística para o mundo todo. Os 
arquivos franceses contam com quadros de funcionários de grande gabarito 
saídos dessa escola. Lá, não se destrói qualquer documento sem o “visto” do 
Arquivo Nacional e as entidades públicas são assistidas por arquivistas dos 
“Archives Nationales” que têm a missão de orientar, exercer vigilância técnica e 
avaliar os documentos antes do seu recolhimento ao depósito geral. 
 Certas leis, como as da Austrália e as de Israel, prevêem, mesmo, 
punições pecuniárias severas contra os funcionários que destroem seus 
documentos sem a autorização dos Arquivos. 
Na Espanha, a “Escuela de Documentalistas” prepara bibliotecários e 
arquivistas para o cuidado técnico e científico dos documentos. 
Na Itália existem escolas de doutrina arquivística e paleográfica no 
Instituto de Estudos Superiores, havendo sempre necessidade de estágio 
prático no Arquivo de Estado ou no Arquivo Geral. Há, ainda, concursos de 
seleção para o ingresso nos cargos públicos e estes são feitos de acordo com 
os diversos graus da carreira. 
Na Inglaterra, há a “School of Librarianship and Archives”. São muito 
concorridos os cursos de arquivo. Segundo informações de especialistas do 
Arquivo Geral em Londres, os candidatos aos cursos de arquivo ou 
biblioteconomia devem possuir um diploma universitário. Os arquivistas do 
Public Record Office são professores nas Universidades e muitos deles ainda 
possuem curso em Liverpool. 
 
 3
No Brasil, exemplos como os citados, infelizmente, estão omissos quer 
na definição de políticas públicas setoriais, quer no planejamento de nossos 
cursos universitários e, consequentemente, têm trazido prejuízos que jamais 
poderemos sanar. Por outro lado, os depósitos de documentos são os mais 
descurados pelas administrações públicas, quer federal, estaduais e 
municipais, que reservam para eles, em geral, galpões úmidos, habitat 
preferido por insetos, fungos e roedores, conhecidos como “Arquivo Morto”. 
 
O Arquivista e a Arquivologia: o que significa ser; o que faz e onde 
trabalha?
 
 Para a compreensão do tema a ser abordado creio ser necessário que 
se busque conceituar o que é Arquivologia e o que significa ser um arquivista, o 
que faz e onde trabalha ou exerce suas funções. 
Segundo a definição que encontramos no Dicionário Eletrônico Houaiss 
da Língua Portuguesa, o arquivista é aquele “que ou quem é responsável por 
um arquivo; papelista”. 
O arquivista é aquele que planeja, projeta e administra a organização de 
arquivos, analisando, classificando, selecionando, restaurando e conservando 
documentos, e para o desempenho de tais funções, busca o apoio nas 
modernas técnicas de microfilmagem, informática, preservação e restauração 
de documentos. O trabalho do arquivista é indispensável nas pesquisas 
históricas, sendo, ele próprio, um pesquisador. Seu campo de trabalho são os 
arquivos públicos, os privados e os pessoais, tais como: bancários, 
audiovisuais, cartográficos, computacionais, contábeis, eclesiásticos, 
empresariais, escolares, fotográficos, históricos, médicos, micrográficos, 
policiais e de imigração, atuando, também, em centros culturais e laboratórios 
de conservação e restauração de documentos. A Arquivologia, por representar 
o estudo, conhecimento, ciência ou tratado relativo à organização dos arquivos, 
tem por objetivo resgatar a memória do país, das instituições e da comunidade 
bem como disseminar a cultura, perpetuando a História. 
 
 
 4
 
A Arquivologia e os primeiros passos no Brasil. O Arquivo Nacional na 
Era Imperial.
 
 
 A trajetória histórica da arquivologia, no Brasil, dá seus primeiros passos 
durante o Império. Em 1808, acontece fato histórico com a instalação da sede 
da monarquia portuguesa no Rio de Janeiro, em conseqüência da invasão de 
Portugal pelas tropas francesas comandadas por Napoleão Bonaparte. 
Exemplo marcante foi a transferência do precioso acervo da Real Biblioteca da 
Ajuda que, em 1807, reunia cerca de 60 mil peças, entre livros, manuscritos, 
incunábulos, gravuras, mapas, moedas e medalhas, trazido para o Brasil em 
três etapas (a primeira em1810 e as outras duas em 1811), pouco depois da 
transferência da Família Real - D. Maria I, o príncipe regente D. João, sua 
esposa e seus oito filhos - e de parte da Corte para o novo País, então colônia. 
A Biblioteca foi acomodada, inicialmente, nas salas do andar superior do 
Hospital da Ordem Terceira do Carmo (Alvará de 27 de julho de 1810), cujo 
prédio se localizava na Rua Detrás do Carmo, atual Rua do Carmo, nas 
proximidades do Paço Imperial. Estas acomodações, entretanto, foram 
consideradas inadequadas a tão valioso acervo, e no dia 29 de outubro de 
1810, data atribuída à fundação oficial da Biblioteca Nacional, um decreto do 
príncipe regente determinou que, no lugar que havia servido de catacumbas 
aos religiosos do Carmo, se erigisse e acomodasse a "minha Real Biblioteca e 
instrumentos de física e matemática, fazendo-se à custa da Real Fazenda toda 
a despesa conducente ao arranjamento e manutenção do referido 
estabelecimento". Mas as obras para a acomodação da Biblioteca e, 
conseqüentemente, a transferência do acervo, somente foram concluídas em 
1813. Ainda durante o processo de instalação dos livros, a partir de 1810, a 
consulta ao acervo da Biblioteca passou a ser facultada a estudiosos, mediante 
consentimento régio. Em 1814, já organizado o acervo, a consulta foi, 
finalmente, franqueada ao público. 
 Assim, passando o poder central português ser exercido na nova capital, 
noRio de Janeiro, documentos, atos legislativos, jurídicos aqui foram gerados 
 5
tendo efeitos no Brasil e em Portugal. Para se preservar tal memória 
documental, em 2 de janeiro de 1838, durante a regência de Pedro de Araújo 
Lima, futuro marquês de Olinda, é criado o Arquivo Público do Império, com a 
aprovação do Regulamento nº 2, conforme já previa a Constituição Política do 
Império, promulgada em 25 de março de 1824. Assim criado, o Arquivo instala-
se, provisoriamente, na Secretaria de Estado dos Negócios do Império, tendo 
sua primeira sede no edifício do Ministério do Império, na Rua da Guarda 
Velha, atual Avenida Treze de Maio, com a finalidade de guardar os 
documentos públicos. O Arquivo foi organizado em três seções: 1) 
Administrativa - responsável pelos documentos dos poderes Executivo e 
Moderador; 2) Legislativa – incumbida da guarda dos documentos produzidos 
pelo Poder Legislativo; e 3) Histórica. 
 Em 1844, o Arquivo Público do Império se instala na segunda sede, 
situada na Praça do Comércio, na Rua Direita, atual Rua Primeiro de Março, 
mas, em 1845, retorna para sua primeira sede na Rua da Guarda Velha. Nos 
idos de 1852, mais precisamente em 30 de junho, o Arquivo Público do Império 
vem a sofrer um incêndio, catástrofe essa que, apesar de não ter significado a 
perda de documentos, pois foram retirados em tempo hábil, redundou em um 
trabalho de reorganização dos mesmos, já que todo o esforço até então 
realizado foi perdido. Em 1854, o Arquivo Público do Império teve sua sede 
novamente transferida para o segundo andar do Convento de Santo Antônio 
que, em 1º de novembro de 1856, vem a sofrer as conseqüências de outro 
incêndio, sem que esta nova tragédia venha a afetar as instalações do Arquivo. 
 Em 1870, ocorre nova mudança de sede, transferindo-se para o antigo 
prédio do Recolhimento do Parto dos Terceiros da Ordem do Carmo, situado 
na Rua dos Ourives, não existente nos dias atuais, pois, com a abertura da 
Avenida Central (hoje Avenida Rio Branco) desapareceu o trecho que se 
situava entre a Ruas do Ouvidor e a Rua Sete de Setembro ficando aquela 
desmembrada em duas partes: uma é a atual Rua Miguel Couto e a outra a 
atual Rua Rodrigo Silva. 2 
 Em 1876, o Arquivo Público do Império passa por um processo de 
reorganização tendo, ao modelo de 1838, sido acrescido nova seção, a 
 6
Judiciária, bem como foram definidas as formas pelas quais os documentos 
gerados deveriam ser incorporados ao acervo documental da instituição, que 
passou a contar com o cargo de Agente Auxiliar do Diretor, com atribuições de 
identificar e obter documentos, julgados de importância, junto às províncias. É 
nesta ocasião, quando o Arquivo Público do Império, tendo como seu diretor 
Joaquim Pires Machado Portela (1873-1898), consegue obter do Parlamento 
que lhe sejam enviados os originais dos atos legislativos e administrativos e 
que também passaria a ter competência para adquirir e conservar os 
documentos concernentes ao direito público, à legislação, à história e à 
geografia do Brasil. Deste momento até o ano de 1886, podemos mencionar 
como fato importante institucional, o lançamento da primeira publicação do 
Arquivo Público do Império, que foi o Catálogo das Cartas Régias, Provisões, 
Alvarás, Avisos e Portarias, compreendendo o período de 1662 a 1821, 
acervos existentes no Arquivo e dirigidos, “salvo expressa indicação em 
contrário, ao governador do Rio de Janeiro, e, depois de 1763, ao Vice-Rei do 
Brasil”. 
 
O Arquivo Nacional na Era Republicana 
 
 Somente em 1893, após a Proclamação da República em 1889, o 
Arquivo Público do Império tem sua denominação modificada para Arquivo 
Público Nacional, sendo reorganizado em duas seções gerais: 1) Legislativa e 
Administrativa e 2) Judiciária e Histórica. 
 Fato importante, em tal momento histórico, é quando o Arquivo Público 
Nacional coloca à disposição do Ministério do Exterior os documentos 
necessários para a realização da defesa dos diretos brasileiros nas questões 
envolvendo os limites territoriais com a Guiana Inglesa e os títulos de posse da 
Ilha da Trindade, no Atlântico Sul, ocupada pela Inglaterra. 
 Nova mudança de sede volta a afetar os trabalhos da instituição quando, 
em 1907, passa a ocupar as instalações da antiga sede do Museu Nacional 
que, anteriormente, abrigara a Casa dos Pássaros, adquirida por D. João VI, na 
Praça da República. 
 7
 No ano de 1910, sendo Presidente da República Hermes Rodrigues da 
Fonseca, é sancionada, em 31 de dezembro, a Lei nº 2.356, que “fixa a 
despeza geral da República dos Estados Unidos do Brazil para o exercício de 
1.911 e dá outras providências”. A princípio, pela simples leitura da sua 
ementa, poder-se-ia não dar a atenção devida ao tema. Entretanto, a exemplo 
da vasta legislação brasileira, podemos observar enxertados em seu corpo 
temas outros bastante diversificados. Assim, no art. 3º da referida legislação 
encontramos dispositivo legal autorizativo ao Poder Executivo para: “I. 
reorganizar a Secretaria de Estado de Justiça e Negócios Interiores, bem 
como as repartições dependentes da mesma secretaria e a Força Policial 
do Districto Federal, abrindo para isto os necessarios creditos, assim como 
para execução das reformas autorizadas neste artigo” (grifo nosso). O Arquivo 
Nacional, sendo uma repartição dependente da Secretaria de Estado de 
Justiça e Negócios Interiores, é considerado, assim, no processo de 
reorganização administrativa. 
 Na mesma lei que fixa a despesa geral da República dos Estados 
Unidos do Brasil para o exercício de 1911, ainda no artigo terceiro, 
encontramos enxertada temática diferenciada de seu objetivo principal quando 
é dada autorização para reformar a instrução superior e secundária mantida 
pela União, mantendo-as sob conveniente fiscalização, sem privilégio de 
qualquer espécie. Ao tratar dos institutos de ensino superior, aborda a questão 
em dois momentos. No primeiro, em que “concede a personalidade jurídica e 
competência para administrar os seus patrimônios, lançar taxas de matrícula e 
de exame e mais emolumentos por diplomas e certidões, arrecadando todas as 
quantias para tal provimento de sua economia, não podendo, também sem 
anuência do Governo Federal, alienar seus bens”. No segundo, aborda 
questões permissivas à completa liberdade na organização dos programas de 
seus cursos, nas condições de matrícula, exigindo o exame de admissão para 
o ingresso em seus cursos, no regime de exames e disciplina escolar. Aos 
institutos de ensino secundário é conferida idêntica faculdade aos de ensino 
superior, citada no primeiro momento, além de dar ao seu ensino um caráter 
 8
prático, “libertando-o da condição subalterna de curso preparatório ao ensino 
superior” e de autonomia em sua disciplina. 
 Em 1911, com fundamentação na legislação do ano de 1910 
citada, o Presidente do Brasil, Hermes Rodrigues da Fonseca e o Ministro 
de Estado da Justiça e Negócios Interiores, Rivadávia da Cunha Corrêa, 
editam o Decreto nº 9.197, de 09 de dezembro, instrumento legal este 
destinado à aprovação do Regulamento para o “Archivo Nacional”, tendo o 
artigo 1º estabelecido a subordinação ao Ministério da Justiça e Negócios 
Interiores e definido suas missão institucional, ou seja: “... adquirir e 
conservar cuidadosamente, sob classificação systematica, todos os 
documentos concernentes á administração, á história e á geographia 
do Brazil e quaesquer outros que o Governo determinar” (grifo nosso). 
 Entretanto, para que o Arquivo Nacional pudesse levar a efeito sua 
nobre missão, deveria contar com um quadro de servidores capacitados ao 
desempenho de suas funções, capacitação esta objetivamente destinada à 
preparação técnica e instrumental daqueles que viessem a ter sob sua 
responsabilidade atribuições específicas com a guarda, conservação e 
preservaçãoda documentação arquivistica. Assim pensando, o legislador 
estabeleceu, no artigo 10 do citado regulamento: 
 Fica instituído no Archivo Nacional um curso de diplomática 3, em 
que se ensinarão a paleographia com exercícios práticos, a 
chronologia e a critica histórica, a technologia diplomática e regras de 
classificação. Funccionará uma vez por semana, começando 12 
mezes depois da approvação deste regulamento, devendo ser feitas, 
opportunamente, as instrucções epeciaes. Paragrapho único. Os 
logares de professores do curso de diplomatica serão exercidos 
por funccionarios do Archivo Nacional. (grifo nosso) 
 
 As disciplinas componentes da estrutura do Curso de Diplomática 
revelam a preocupação dos responsáveis pelas políticas públicas em dar início 
ao processo de sistematização das atividades voltadas para a preparação e 
qualificação daqueles servidores que, diretamente, deveriam atuar em funções 
direcionadas para o trato sistematizado das funções documentais. O Arquivo 
Nacional, à época, contava com um quadro efetivo de empregados que, dentre 
outras categorias, podemos identificar (art.29) 4 arquivistas, 3 sub-arquivistas e 
9 amanuenses entendido este como o que escreve textos à mão; escrevente, 
 9
copista, secretário; funcionário de repartição pública que geralmente fazia 
cópias, registros e cuidava da correspondência. Os funcionários desta última 
categoria, para serem nomeados nos cargos previstos, deveriam obedecer ao 
pré-requisito estabelecido no parágrafo terceiro do art. 30: 
 Á dos amanuenses precederá concurso no qual candidatos, depois 
de provarem que têm, pelo menos, 18 annos de idade e bom 
procedimento civil e moral, mostrar-se-hão habilitados em – 
grammatica e língua nacional; arithmetica até theoria das 
proporções inclusive; elementos de chronologia,de historia e 
geographia geral, e chorographia 4 e historia do Brazil; traducção da 
língua franceza e da ingleza para a nacional; em calligraphia e 
manuscriptos antigos; em redacção de peças officiaes e em noções 
de direito publico e administrativo; em bibliographia; numismática; 
iconographia e conhecimentos de archivos. O processo dos 
concursos será regido por instrucções expedidas pelo Governo, sob 
proposta do director. Depois de funccionar a aula de diplomática, 
ninguém poderá entrar em concurso para amanuense ser ter 
cursado a dita aula. 
 
 Portanto, a institucionalização do curso de diplomática tornou-se, aí, pré-
requisito para habilitação em concurso para aqueles interessados na 
habilitação, em concurso, para o preenchimento formal do cargo de 
amanuense. 
 Podemos observar, quando da criação do Arquivo Nacional, os primeiros 
passos para a sistematização das funções arquivísticas, tais como, 
capacitação profissional de seus funcionários diretamente atuantes nas 
atividades fins institucionais bem como o estabelecimento de um plano geral 
de classificação de documentos com suas divisões e subdivisões “a ser 
exemplificado em um quadro synoptico ordenado pelo diretor do Archivo, que 
formulará tambem o plano de organização da bibliotheca, da mappotheca e 
do museu historico.” (art. 59). 
 Também, no decreto de criação do Arquivo Nacional, é citada a 
existência de dois setores distintos denominados “bibliotheca do Archivo” e 
“museu histórico” (art. 7 e art. 9, respectivamente), este último como veremos 
posteriormente, embrião do Museu Histórico Nacional. 
 Em 1922, sendo Presidente da República Epitácio Pessoa e Ministro de 
Estado da Justiça e Negócios Interiores Joaquim Ferreira Chaves é editado o 
Decreto n. 15.596, de 02 de agosto, instrumento legal de criação do Museu 
 10
Histórico Nacional e de aprovação de seu Regulamento. Nele, diferentes 
alterações podem ser observadas nas estruturas de funcionamento do Arquivo 
Nacional, modificações estas que nos levam a interpretação de uma forte 
atuação política para a criação da nova instituição e da diminuição da 
influência exercida quer pela Biblioteca Nacional, quer pelo Arquivo Nacional, 
considerando, para tal avaliação, a grande influência de seu primeiro diretor, 
Gustavo Barroso. Em 1922, no governo Epitácio Pessoa, o conjunto 
arquitetônico do Museu Histórico Nacional sofre grandes transformações, para 
sediar o Palácio das Grandes Indústrias da Exposição Internacional, parte das 
comemorações do Centenário da Independência. Em outubro desse mesmo 
ano o Museu Histórico Nacional inicia suas atividades. Por determinação do 
Presidente Epitácio Pessoa, o Pavilhão abrigou, em duas de suas salas, o 
núcleo inicial do Museu Histórico Nacional. 
Com o encerramento da Exposição, o Museu veio ocupando 
progressivamente toda a área por ela utilizada. Ao Museu Histórico Nacional, 
de acordo com o item 1, art. 83, do Decreto 15.596, de 1922, é incorporado o 
“museu histórico”, setor até então pertencente ao Arquivo Nacional. Pelo 
Regulamento do Museu Histórico Nacional é criado o cargo de 3º. Oficial com 
atribuições definidas como de encarregar-se dos trabalhos de escrita ou 
outros para que tiverem sido designados, assim como prestar serviços na 
biblioteca e no arquivo de qualquer das seções que deles necessitar, 
auxiliando os demais oficiais na colocação e conservação dos livros e 
documentos, na organização dos catálogos e na consulta pública, funções 
típicas das atribuições de arquivista, dentre outras. Tais funções, no Arquivo 
Nacional eram exercidas pelos arquivistas e sub-arquivistas. 
 Quanto aos cursos, com a criação do Museu Histórico Nacional, novas 
modificações são introduzidas no sistema de aprimoramento técnico dos 
servidores com a implantação do “Curso Thecnico” que absorve as 
atribuições anteriores do curso de Diplomática existente no Arquivo Nacional. 
O Curso Técnico foi criado, na concepção dos legisladores, para atender as 
necessidades de especialização dos funcionários do Museu Histórico 
Nacional, da Biblioteca Nacional e do Arquivo Nacional. Pela avaliação das 
 11
disciplinas que deram a estrutura curricular do Curso Técnico, em contraponto 
com as definidas para o Curso de Diplomática, do Arquivo Nacional e as do 
curso de Biblioteconomia, instituído pelo Decreto nº 8.835, de 11 de julho de 
1911 que aprova o Regulamento da Biblioteca Nacional, observa-se que o 
Curso Técnico absorveu, também, as disciplinas dos outros dois, ensejando o 
cancelamento dos demais, o que vem a ocorrer formalmente quando da 
edição dos Decretos nº 15.670, de 06 de setembro de 1922 e o Decreto nº 
16.036, de 14 de maio de 1923, que aprovam os novos regulamentos da 
Biblioteca Nacional e do Arquivo Nacional, respectivamente. 
 O Curso Técnico, assim institucionalizado, destinou-se a atender a 
demanda proveniente dos candidatos ao cargo de 3º Oficial a aos amanuenses 
da Biblioteca Nacional e do Arquivo Nacional. Sua estrutura de ensino 
contemplava as seguintes disciplinas, desenvolvidas em um período letivo de 
dois anos, assim distribuídas: 1) primeiro ano: História Literária, Paleografia e 
Epigrafia, História Política e Administrativa do Brasil, Arqueologia e História da 
Arte; 2) segundo ano: Bibliografia, Cronologia e Diplomática, Numismática e 
Sigilografia, Iconografia e Cartografia. 
 Os membros docentes eram recrutados entre o corpo de funcionários de 
cada uma das instituições envolvidas, designados pelos respectivos diretores, 
sendo as disciplinas lecionadas nos locais onde eram comuns. Assim, no 
Museu Histórico Nacional eram ministradas as disciplinas de Arqueologia, 
História da Arte, Numismática 5 e Sigilografia. À Biblioteca Nacional 
competiam as disciplinas de História Literária, Bibliografia, Paleografia 
Epigrafia 6, Iconografia e Cartografia e as disciplinas de História Política e 
Administrativa do Brasil, Cronologia e Diplomática eram de atribuição do 
Arquivo Nacional. 
 Distribuídas as disciplinas pelas instituiçõesenvolvidas, iniciou-se o 
processo de abertura de inscrições, no período compreendido entre 16 a 31 
de março de 1922, para os candidatos à primeira turma do curso técnico, 
tendo as aulas do primeiro ano começadas em abril e encerradas em 
novembro de 1923. As matrículas realizaram-se na Biblioteca Nacional e os 
candidatos deveriam apresentar a certidão de aprovação nos exames de 
 12
português, francês, latim, aritmética, geografia e história universal, 
especialmente corografia e história do Brasil, exames que seriam prestados 
em instituto federal ou fiscalizados pelo governo. Estabeleceram-se aulas com 
duração de uma hora, destinando-se a cada disciplina três horas de aula em 
cada duas semanas, sendo ministrados conhecimentos de classificação e 
administração de bibliotecas; mapotecas; arquivo; museus históricos e 
gabinetes de estampas; de moedas e medalhas, não apenas conteúdos 
teóricos, mas, também, com exercícios práticos. Aos interessados na 
realização do curso técnico e portadores de habilitação ou certificação em 
algum curso semelhante no exterior permitiu-se que poderiam ser admitidos 
em um exame de seleção a posteriori. 
 A avaliação dos alunos dava-se quando do encerramento das aulas, 
através da realização de exames prestados em cada matéria para aqueles 
com freqüência de mais da metade das aulas e levados a efeito, conforme a 
matéria, obedecida a estrutura das disciplinas estabelecida em cada uma das 
instituições, e perante uma comissão composta pelo diretor e dois 
professores, um dos quais, preferencialmente, deveria ser o ministrante da 
disciplina motivo da avaliação. O critério de avaliação dava-se através de uma 
prova escrita, com duração de duas horas e de uma prova oral, esta não 
podendo ultrapassar trinta minutos de duração. Para as avaliações escritas 
correspondentes aos conhecimentos de paleografia, epigrafia, arqueologia, 
história da arte, bibliografia, cronologia e cartografia definiu-se que teriam 
caráter de provas práticas de descrição e classificação de objetos 
pertencentes às coleções dos estabelecimentos em que tais matérias seriam 
lecionadas. A pontuação de cada prova quer escrita, quer oral, 
corresponderiam notas variando entre um a cinco pontos, considerando-se 
aprovado na matéria aquele que obtivesse no mínimo doze pontos como 
soma das notas dos três membros da comissão examinadora. Para aqueles 
que ao final do curso fossem considerados aprovados em todas as disciplinas 
ter-se-ia a expedição de certificados de habilitação, contendo declaração do 
número de pontos obtidos em cada exame. 
 13
 Como o processo de inscrição originou-se na Biblioteca Nacional, 
caberia a esta enviar para os diretores das demais instituições envolvidas a 
relação dos alunos matriculados. Na primeira turma do curso técnico, em abril 
de 1923, foram inscritos onze alunos. 7 
 Observa-se, com a duplicidade de instrumentos legais distintos, dando 
ênfase ao Curso Técnico, certo jogo de interesse político que vem por à tona 
conflitos institucionais até que, em 1928, é editado, agora no governo do 
presidente Washington Luis P. de Sousa, o Decreto nº 18.303, de 30 de 
junho, dirimindo as dúvidas suscitadas pelas legislações anteriores, no que 
diz respeito ao provimento dos cargos de amanuense do Arquivo Nacional. 
 Diante dos conflitos existentes apontando interesses divergentes entre a 
Biblioteca Nacional, o Arquivo Nacional e o Museu Histórico Nacional, o que 
veio a influenciar no funcionamento regular do Curso Técnico, em 17 de 
novembro de 1931 é editado o Decreto nº 20.673, restabelecendo, na 
Biblioteca Nacional, o Curso de Biblioteconomia. Entretanto, não se observa 
idêntico critério para com o Arquivo Nacional em relação ao seu Curso de 
Diplomática. 
 Veemente protesto quanto ao estado de abandono a que foi relegado o 
Arquivo Nacional verifica-se quando da posse, em 1958, de seu novo Diretor 
José Honório Rodrigues (1958-1963). Em 1959, Rodrigues publica relatório 8, 
ocasião em que expõe as entranhas da instituição, suas mazelas, conflitos 
internos e externos, os desmandos gerenciais observados ao longo de 
diferentes gestões e, também, analisa a situação dos funcionários existentes 
para o desempenho das atribuições institucionais, quer em termos de 
quantificação, quer de aprimoramento técnico. Cita a falta de iniciativa para a 
realização de cursos e concursos ou sequer o auxílio que a instituição deveria 
proporcionar ao Departamento Administrativo do Serviço Público/DASP, na 
promoção dos mesmos. 
 Quanto ao Curso Técnico, refere-se ao mesmo como não organizado e 
não iniciado e cita que, desde 1930, na gestão de João Alcides Bezerra 
Cavalcanti (1922-1938), este declarava que o mesmo deveria ser 
“incorporado à Universidade do Rio de Janeiro“9 (sic) e, em 1932, propunha 
 14
criação autônoma de curso técnico próprio para o Arquivo Nacional, a 
exemplo da Biblioteca Nacional e do Museu Histórico Nacional que passaram 
a ter os seus operando de modo independente. Na ocasião, Alcides Bezerra 
já alimentava a esperança que, “em futuro não mui remoto, contará o Arquivo 
Nacional, com um corpo de competentes arquivistas” e expôs, em quase 
todos os seus relatórios, a necessidade de melhor formação de arquivistas. 
Entendia que não se devia por em plano subalterno “o caráter superior do 
curso técnico que pressupõe nos candidatos conhecimentos de várias 
matérias do curso de humanidades”. Até sua saída, em 1938, Bezerra insistiu 
na criação de um curso próprio destinado à formação de arquivistas, mas sem 
acolhida na nova gestão do Diretor Eugênio Vilhena de Moraes (1938-1958). 
 Ainda no relatório de 1959, Rodrigues tece ácidas críticas à gestão de 
Vilhena de Moraes, mencionando que foram vinte anos para o desprestígio da 
carreira, ao classificar o arquivista equiparando-o ao escriturário ou 
datilógrafo, considerando que o plano de classificação de cargos transforma a 
carreira de Arquivologista na de Documentalista, mantendo o Arquivista como 
carreira auxiliar, nivelando-o com a de auxiliar de bibliotecário, escriturário e 
datilógrafo. 
 Rodrigues, ao longo de toda sua gestão, preocupou-se em tirar os 
arquivistas de sua posição inferior propondo dar a estes as funções de 
organização, planejamento e coordenação, enquanto que ao arquivista 
auxiliar seriam confiadas as funções de execução, pois somente assim, 
restaurando não só a nomenclatura - mas também as funções - propiciariam 
condições para recrutar pessoal de maior eficiência e capacidade. Elevando 
os requisitos para o exercício das funções da carreira com a exigência de 
ingredientes psicológicos e capacidade técnica, conforme preconizado por 
Phillip Bauer10, estariam sendo criadas as condições mínimas e 
indispensáveis para que os Cursos de Arquivo despertassem maior interesse 
que os de carreiras similares, sem o que não seria possível levar adiante a 
reforma do Arquivo Nacional. 
 No ano de 1959, após várias manifestações favoráveis no sentido de 
dotar o Arquivo Nacional de instrumentação própria, a exemplo das existentes 
 15
no Museu Histórico Nacional e na Biblioteca Nacional, com o objetivo de 
aperfeiçoamento do seu quadro de funcionários, o Diretor-Geral do 
Departamento Administrativo do Serviço Público/DASP, Antonio B. dos 
Santos, emite a Portaria nº 299, de 11 de julho, criando, no âmbito da Escola 
de Serviço Público dos Cursos de Administração do DASP, o Curso Avulso de 
Aperfeiçoamento de Pessoal para Arquivos antiga aspiração do Arquivo 
Nacional realizada, atribuindo competência à Diretora dos Cursos de 
Administração, Stella de Souza Pessanha, para baixar as Instruções 
Reguladoras de funcionamento do mesmo, Tal providência torna-se concreta 
quando da publicação simultânea das respectivas Instruções Reguladoras 
que tem por finalidade “aperfeiçoar pessoal para os diferentessetores de 
chefias dos Arquivos (sic)”. Neste dispositivo legal são definidas as regras 
operacionais do Curso, tais como: 
1. forma de sua organização, com duração de quatro meses com seis 
aulas semanais compreendendo o estudo das seguintes disciplinas: 
Classificação e Catalogação de Arquivos; Organização e 
Administração de Arquivos; História Administrativa do Brasil; 
Pesquisa Histórica; Evolução da Historiografia; Paleografia e 
Diplomática; e Notariado. 
2. forma das matrículas, permitida aos arquivologistas, arquivista11, 
documentaristas, bibliotecários, bibliotecários-auxiliares, oficiais-
administrativos e pesquisadores, assistentes de administração e 
outros servidores, a critério do Diretor dos Cursos de Administração, 
dentre outras; 
3.orientação didática, definindo que o estabelecimento do programa 
caberia ao professor-coordenador de comum acordo com os 
professores designados e sob a orientação do Diretor dos Cursos de 
Administração; 
4. condições de habilitação, estabelecendo uma prova final para cada 
matéria, além de trabalhos práticos facultativos, considerando-se 
habilitados os alunos que obtivessem média global igual ou superior a 
sete, respeitando o mínimo de cinco, por matéria. 
 
 Dentre os professores dos primeiros Cursos do DASP de preparação 
para pessoal de arquivo, podemos citar Arthur César Ferreira Reis, ex-
governador do Estado do Amazonas e ex-professor da Escola Brasileira de 
Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas; Maria Luiza Stallard 
Dannemann; Lizia Cunha; Rui Vieira da Cunha; Nilza Teixeira Soares; 
Dioclécio Leite de Macedo (D.Hilário de Macedo); Zilda Galhando; Eulália Maria 
Hope e D.Frank Swatin que, também, contou com o concurso do professor 
 16
Henri Boullier de Branche, Diretor dos Arquivos de Sarthe (Le Mans)/França, 
convidado pelo Diretor do Arquivo Nacional, José Honório Rodrigues. Boullier, 
em 6 de setembro de 1960, já retornado a Le Mans, envia para José Honório 
Rodrigues documento sob o título “Relatório Sobre o Arquivo Nacional do 
Brasil”, contendo sugestões, dentre outras, acerca da formação especializada 
para os arquivistas.12 
 Em 10 de novembro de 1960, José Honório Rodrigues, defensor 
ferrenho de políticas públicas que objetivassem dotar o Arquivo Nacional das 
condições técnico-operacionais indispensáveis à preservação do acervo 
documental existente, em seu prefácio à 1ª edição publicada do “Relatório 
Boulier de Branche”, faz comentários sobre o quadro de Arquivistas nacionais, 
corroborando o pensamento do autor. 
 
O Mandato Universitário para o Curso de Arquivologia. 
 
Foram incontáveis as manifestações de apoio para a valorização das 
funções Arquivísticas com o desejo expresso para criação de curso de nível 
superior. Entre 15 e 20 de outubro de 1972, a cidade do Rio de Janeiro abrigou 
o I Congresso Brasileiro de Arquivologia. Novas vozes se ergueram em prol da 
concretização do sonho de implantação de cursos de nível superior e técnico 
para o profissional de arquivo. Dentre os ferrenhos defensores podemos citar o 
Professor José Pedro Pinto Esposel, Presidente da Associação dos Arquivistas 
Brasileiros, nas palavras proferidas na sessão solene de abertura do 
Congresso, realizada nas dependências do plenário do Palácio Tiradentes, em 
15 de outubro e Raul Lima, Diretor do Arquivo Nacional, no mesmo evento. 
Destaque há que se dar para a Professora Astréa de Moraes e Castro, 
com a apresentação de seu trabalho na segunda sessão, realizada em 17 de 
outubro, no Palácio Tiradentes, sob o título “A Formação e a Profissão do 
Arquivista no Brasil”, quando faz considerações sobre sua experiência em 
países europeus e apresenta projeto que ofereceu ao Conselho Federal de 
Educação, propondo a criação do Curso Superior de Arquivos. Sugere o 
“curriculum” para o referido curso e os respectivos programas, mencionando 
 17
fatos e procedimentos ocorridos e adotados em outros países e ressaltando os 
conhecimentos que o arquivista deve possuir tendo, por fim, anexado o parecer 
do Relator do projeto, Professor Vicente Sobriño Porto, na Câmara do Ensino 
Superior, aprovado sob o nº. 212/72, de 07 de março de 1972. 
 O Curso Superior de Arquivo proposto, com duração de três a cinco 
anos, apresentava sua constituição curricular sedimentada nas seguintes 
disciplinas: Técnica e Ciência dos Arquivos; História do Brasil; Geografia Geral 
e Cartográfica; História do Brasil; História do Direito e das Instituições 
Brasileiras e Portuguesas; Notariado; Heráldica; Genealogia; Bibliografia; 
Paleografia, Diplomática e Sigilografia; Noções de Estatística; Noções de 
Contabilidade Geral e Pública; Organização Administrativa e Constitucional 
Brasileira; Francês e Inglês; Conservação de Documentos; Reprodução de 
Documentos e Informática. 
 Essa primeira medida concreta, corroborada com o beneplácito do 
Ministério da Educação e Cultura, ensejou o Diretor do Arquivo Nacional, Raul 
do Rego Lima (1970 - 1980), a propor à Universidade Federal do Rio de 
Janeiro � UFRJ, a elevação do Curso Permanente de Arquivo ao nível 
superior, fato concretizado quando, em 28 de setembro de 1973, é assinado o 
Termo de Acordo entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro � UFRJ, e o 
Arquivo Nacional 13, reconhecendo o alto valor do Curso Permanente de 
Arquivo, outorgando-lhe mandato Universitário para a sua realização. 
 Em julho de 1974, através da Seção dos Cursos do Arquivo Nacional, 
realizou-se concurso vestibular para admissão no Curso Permanente de 
Arquivos. Do processo seletivo, com caráter eliminatório, constaram as 
seguintes matérias: Português. Língua Estrangeira (francês ou inglês), 
Geografia do Brasil, História do Brasil e Conhecimentos Gerais. Nesse primeiro 
concurso vestibular, ainda não reconhecido como de nível superior, acorreram 
166 inscritos para uma entrada de 50 vagas, com período letivo a iniciar-se em 
12 de agosto do mesmo ano. Em 1976, o Curso Permanente de Arquivos do 
Arquivo Nacional, situado na Praça da República, volta a sofrer modificações 
em sua estrutura curricular 14, a fim de se adaptar às novas exigências do 
status alcançado em 1973, como de nível superior, bem como das novas 
 18
demandas da sociedade em relação às funções arquivísticas, conforme 
distribuição das disciplinas em dois momentos denominados de Tronco Comum 
ou Primeiro Ciclo e Parte Diversificada ou Tronco Profissional. Ao primeiro 
couberam as disciplinas: Introdução ao Estudo do Direito; Introdução ao Estudo 
da História; Introdução à Contabilidade; Noções de Estatística; Arquivo I, II, III, 
IV, V e VI; Documentação; Introdução à Administração; História do Brasil; 
Paleografia e Diplomática; Notariado; Inglês; Introdução à Comunicação; 
Administração; Introdução à Metodologia Científica; Estudo de Problemas 
Brasileiros; História da Historiografia Brasileira; Heráldica e Genealogia; 
Reprografia. Ao segundo corresponderam as disciplinas: Notariado; Noções de 
Pesquisa Histórica; Heráldica e Genealogia; Paleografia e Diplomática; 
Cronologia; História Eclesiástica; Arranjo e Descrição de Documentos; Técnica 
de Exposições; Destinação dos Documentos; Imunologia dos Documentos; 
Patologia dos Documentos; Reprografia; Técnica de Divulgação; Noções da 
História das Ciências; Técnicas Especiais de Classificação; Computação em 
Arquivologia; Recursos Audiovisuais; Noções de Administração de Empresas; 
Noções de História da Tecnologia; Arquivos de Plantas, Desenhos, Mapas e 
Material Iconográfico. 
 A vinculação do Curso Permanente de Arquivos ao Arquivo Nacional 
tem sua trajetória modificada no ano de 1977 quando acontece a sua 
transferência para a Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado do 
Rio de Janeiro � FEFIERJ, Instituição criada no ano de 1969 sob a 
denominação de Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado da 
Guanabara � FEFIEG 15, com a finalidade de reunire integrar, sob a forma 
jurídica de fundação de direito público, os estabelecimentos isolados do 
sistema federal de ensino bem como lhe é permitido realizar convênios ou 
agregar outras instituições em sua estrutura orgânica. A FEFIEG teve sua 
denominação alterada, no ano de 1975 16, para Federação das Escolas 
Federais Isoladas do Estado do Rio de Janeiro � FEFIERJ, considerando que 
a fusão dos Estados da Guanabara e do Estado do Rio de Janeiro, deu origem 
ao novo Estado do Rio de Janeiro. Em 1977, o Curso Permanente de Arquivo 
do Arquivo Nacional foi transferido para essa instituição de ensino superior 17, 
 19
passando a denominar-se Curso de Arquivologia, onde permanece como o 
pioneiro entre as instituições de ensino superior. 
 Em 1979, a FEFIERJ, buscando a integração de todos os seus cursos 
em um núcleo único e coeso, vê seus propósitos alcançados com a aprovação, 
no Congresso Nacional, da Lei nº. 6.665, de 05 de agosto, que a transforma 
em universidade, passando a denominação de Universidade do Rio de Janeiro 
- UNIRIO. 
 Como se pode depreender das questões ora abordadas sobre o 
processo histórico de construção do Curso de Arquivologia, desde suas origens 
nos idos de 1911 até a sua consolidação definitiva na, então, FEFIERJ, hoje 
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro � UNIRIO, decorreram 
sessenta e seis anos de percalços e transtornos provenientes nem tanto das 
diferentes estruturas de ensino adotadas mas, fundamentalmente, pela falta de 
definição de diretrizes claras voltadas para as nobres funções arquivísticas e 
que realmente pudessem ser viabilizadas, abstendo-se das disputas políticas 
internas entre as instituições envolvidas. 
 
 
NOTAS 
 
 
1
 Marrou, Henri Irénnée. História da Educação na Antiguidade, trad. Mário Leônidas Casanova/SP, 
E.P.U. Ltda., Brasília, INL, 4a ed. 1975. 
2
 www.wsc.jor.br/romances/ferrador/explicativo.htm - acessada em 10.12.2004. 
3
 Houaiss assim define diplomática: 
 
1.
 ciência que tem por objeto os diplomas, cartas e outros documentos oficiais, para determinar sua 
autenticidade, sua integridade e época ou data em que foi feito; 2. ciência e arte da leitura e decifração de 
diplomas e outros documentos antigos; 3. estudo da história e das diversas formas dos documentos legais 
e administrativos. 
4
 Descrição ou representação de um país, região ou área geográfica particular, num mapa ou carta, que 
explicita visualmente, através de código(s), as suas características mais notáveis. Houaiss. 
5
 
Numismática: ciência que tem por objeto de estudo as moedas e medalhas. Sigilografia: parte da 
arqueologia e da diplomática que tem por objetivo o estudo dos selos. Houaiss. 
6
 Ciência que estuda as inscrições lapidares dos monumentos antigos. Idem. 
7
 Correspondência do Diretor Interino da Biblioteca Nacional, datada de 05 de abril de 1923, 
relacionando os seguintes alunos: Jonas Paulo Fernandes, Heitor José Pereira Guimarães, Mário Gomes 
de Araújo, Adolpho Câmara da Motta, Joaquim Menezes de Oliva, Rufino de Loy, Emmanuel Eduardo 
Gaudie Ley, Adolpho Jacome Martins Pereira Filho, Optaciano Alves do Valle, Aurélio de Moraes Britto 
e Ruy de Gouvêa Nobre. 
8
 Rodrigues, J.Honório, A Situação do Arquivo Nacional, outubro de 1959, publicado pelo Ministério da 
Justiça e Negócios Interiores 
9
 Tudo indica tratar-se da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ, então denominada Universidade 
do Brasil. 
 20
 
10
 G. Phillip Bauer, Recruitment, Training and Promotion in the National Archives, separata do American 
Archivist s.d. págs. 291-305. 
11
 A diferença entre uma categoria funcional e outra se deve pelo status, considerando-se o arquivologista 
em nível hierárquico superior ao arquivista. 
12
 Boullier, Henri de Branche, in Relatório sobre o Arquivo Nacional do Brasil. Publicação Técnica n. 21, 
Ant. 17. 2a.ed., Arquivo Nacional. Ministério da Justiça, 1972, RJ. 
13
 Publicado no DOU de 25.10.1973, Seção I - Parte II, pág. 3602. 
14
 Regimento do Curso Permanente de Arquivo aprovado em 13.05.1976 pelo Diretor-Geral do Arquivo 
Nacional. 
15
 Decreto-Lei nº. 773, de 20.08.1969. 
16
 Decreto nº. 76.832, de 17.12.1975. 
17
 Decreto nº. 79.329, de 02.03.1977 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
- Acervo do Arquivo Nacional: Correspondência do Diretor Interino da Biblioteca 
Nacional, datada de 05 de abril de 1923. 
- ______________________. Portaria nº 299, de 11 de julho de 1959, da 
Escola de Serviço Público do DASP. Cria, na Escola de Serviço Público dos 
Cursos de Administração, o Curso Avulso de Aperfeiçoamento de Pessoal para 
Arquivos. 
- _______________________. Portaria nº 5, de 1 de agosto de 1960. Cria os 
Cursos do Arquivo Nacional e aprova as Instruções para o seu funcionamento. 
- _______________________. Regimento do Curso Permanente de Arquivo 
aprovado em 13.05.1976 pelo Diretor-Geral do Arquivo Nacional. 
- Acervo da Biblioteca do Ministério da Fazenda. Portaria nº 600/B, de 15 de 
outubro de 1975, do Ministro de Estado da Justiça, publicada no DOU de 16 de 
outubro de 1975. Aprova o regimento interno do Arquivo Nacional. 
- Boullier, Henri de Branche, in Relatório sobre o Arquivo Nacional do Brasil. 
Publicação Técnica n. 21, Ant. 17. 2a.ed., Arquivo Nacional. Ministério da 
Justiça, 1972, RJ. 
- Brasil. Arquivo Nacional. Disponível em <http://www.arquivonacional.gov.br/>. 
- _____. Senado Federal. Disponível em: <http://senadofederal.gov.br/sf>. 
Legislação. 
- ______. Decreto nº 20673, de 17 de novembro de 1931. Restabelece, na 
Biblioteca Nacional, o curso de Biblioteconomia. 
 21
 
- ______. Decreto nº 43176, de 4 de fevereiro de 1958. Dispõe sobre a 
realização de cursos de Administração Geral no DASP, em regime de acordo 
com o Ministério da Educação e Cultura. 
- ______. Decreto nº 44862, de 21 de novembro de 1958. Aprova o regimento 
do Arquivo Nacional. 
- ______. Decreto-Lei nº 773, de 20 de agosto de 1968. Prove sobre a ciração 
da Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado da Guanabara 
(FEFIEG). 
- ______. Decreto-Lei nº 1028, de 21 de outubro de 1969. Aprova o estatuto da 
Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado da Guanabara. 
- ______. Decreto nº 76832, de 17 de dezembro de 1975. Altera a 
denominação da Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado da 
Guanabara. 
- ______. Decreto nº 79329, de 2 de março de 1977. Transfere à Federação 
das Escolas Federais Isoladas do Estado do Rio de Janeiro - FEFIERJ - o 
Curso Permanente de Arquivo, do Arquivo nacional, do ministério da Justiça , 
com a denominação de Curso de Arquivologia. 
- ______. Lei nº 6546, de 4 de julho de 1978. Dispõe sobre a profissão de 
Arquivista e de Técnico de Arquivo. 
- ______. Decreto nº 82308, de 25 de setembro de 1978. Institui o Sistema 
Nacional de Arquivo (SINAR). 
- ______. Decreto nº 82590, de 6 de novembro de 1978. Regulamenta a Lei nº 
6546, que dispõe sobre a regulamentação das profissões de Arquivista e 
Técnico de Arquivo. 
- ______. Lei nº 6655, de 5 de junho de 1979. Transforma a Federação das 
Escolas Federais Isoladas do Estado do Rio de Janeiro - FEFIERJ - em 
Universidade do Rio de Janeiro - UNIRIO. 
- ______. Regulamento nº 2, de 2 de janeiro de 1838. Dá instruções sobre o 
Arquivo Público provisoriamente estabelecido na Secretaria de Estado dos 
Negócios do Império. 
 22
 
- ______. Lei nº 2356, de31 de dezembro de 1910. Fixa a despesa geral da 
República dos Estados Unidos do Brasil para o exercício de 1911e dá outras 
providências. 
- ______. Decreto nº 8835, de 11 de julho de 1911. Aprova o regulamento da 
Biblioteca Nacional. 
- ______. Decreto nº 9197, de 9 de dezembro de 1911. Aprova o regulamento 
do Arquivo Nacional. 
- ______. Decreto nº 14852, de 1 de junho de 1921. Modifica diversos artigos 
do regulamento do Arquivo Nacional. 
- ______. Decreto nº 15596, de 2 de agosto de 1922. Cria o Museu Histórico 
nacional e aprova seu regulamento. 
- ______. Decreto nº 15670, de 6 de setembro de 1922. Aprova o regulamento 
para a Biblioteca Nacional. 
- ______. Decreto nº 16036, de 14 de maio de 1923. Aprova o regulamento 
para o Arquivo Nacional. 
- ______. Decreto nº 18303, de 30 de junho de 1928. Torna aplicável ao 
Arquivo Nacional o disposto no artigo 153 do regulamento anexo ao decreto nº 
15670 de 1922. 
- Dicionário Eletrônico Houaiss, versão 1.0 - dezembro 2001. Editora Objetiva. 
- DOU de 25.10.1973, Seção I - Parte II, pág. 3602. Termo de acordo entre a 
Universidade Federal do Rio de Janeiro e o Arquivo Nacional, para outorga de 
mandado Universitário ao segundo, para o Curso Permanente de Arquivos. 
- G. Phillip Bauer, Recruitment, Training and Promotion in the National 
Archives, separata do American Archivist s.d. págs. 291-305. 
- <http://www.wsc.jor.br/romances/ferrador/explicativo.htm> acesso em 102004. 
- Marrou, Henri Irénnée. História da Educação na Antiguidade, trad. Mário 
Leônidas Casanova/SP, E.P.U. Ltda., Brasília, INL, 4a ed. 1975. 
- Rodrigues, J.Honório, A Situação do Arquivo Nacional, outubro de 1959, 
publicado pelo Ministério da Justiça e Negócios Interiores.

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