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Apostila - Direito Civil (01.09.14)

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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Civil - Prof. Me. Rodrigo Armbruster Candioto 
 
1. NOÇÕES CONCEITUAIS SOBRE O DIREITO 
A conceituação do direito, embora pareça despicienda, é 
informação útil ao civilista para que possa compreender o 
pressuposto elementar da própria existência do Direito Civil. 
Aliás, já se disse, com acerto: “quem sabe o que é o Direito sabe o 
que tem que resolver em cada questão jurídica”. De fato, a ideia 
geral que se absorve sobre o Direito influenciará a solução de 
questões concretas, como o dever fundamental de respeito à 
pessoa humana. Daí a relevância da conceituação. 
O Direito, enquanto fenômeno integrado na sociedade enfeixa um 
duplo aspecto: o homem adapta-se ao direito, que organiza e 
disciplina a sua vida em sociedade, enquanto o direito retrata as 
necessidades humanas dentro da sociedade. Não há, pois, como 
entender o fenômeno jurídico dissociado da sociedade. Rudolf von 
Ihering, em oportuna passagem, chegou mesmo a disparar que 
“não lhe basta (ao direito) uma pretensão normativa, é preciso que 
se lhe dê efetividade social”. 
 
O direito existe para pacificar e disciplinar a vida em sociedade e, 
por outro lado, tem de espelhar as necessidades dessa sociedade. 
 
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Ruggiero e Maroi conceituam o Direito, almejando demonstrar o 
seu sentido social: “o direito é a norma das ações humanas na vida 
social, estabelecida por uma organização soberana e imposta 
coativamente à observância de todos”. 
É a ciência do dever ser, traçando regras mínimas para a 
convivência em sociedade, mantendo condições de equilíbrio. 
Nesse sentir, Gustav Radbruch conceitua o Direito como “conjunto 
das normas gerais e positivas, que regulam a vida social”. 
Daí ser lícito, e fundamental, concluir que o direito – e 
particularmente o Direito Civil – forma-se a partir da influência 
sociocultural das civilizações, com os reflexos de cada momento 
histórico. Em arremate, é propício refletir: o direito surge ao longo 
de um processo histórico, dialético e cultural, como uma técnica, 
um procedimento de solução de conflitos de interesses e, 
simultaneamente, como um conjunto sistematizado de normas de 
aplicação aos problemas da vida social, fundamentado e legitimado 
por determinados valores sociais. 
 
2. ACEPÇÕES DA PALAVRA DIREITO 
Etimologicamente, originou-se a palavra direito do latim directum, 
originado do verbo dirigere (composição de di e regere, significando 
reger, governar), dando ideia daquilo que é reto, trazendo consigo a 
metáfora de que o direito deve ser uma linha reta, direta, 
consoante as regras traçadas para a convivência. Sílvio Rodrigues 
observa que, como fenômeno, o direito pode ser percebido através 
de mais de um ângulo. Sem dúvida. É possível fazer referência ao 
Direito como a lei (conjunto de normas jurídicas). De outra banda, 
também é possível falar em Direito para afirmar a prerrogativa 
conferida a alguém para se comportar de determinado modo. Dos 
vários sentidos, importa apresentar algumas distinções 
fundamentais, não esquecendo que todos eles fazem parte de uma 
mesma realidade, formando um todo essencialmente unitário. 
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3. DIREITO OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO 
 
A expressão direito objetivo refere-se às normas jurídicas. Os 
adeptos do latim dizem do direito objetivo: ius est norma agendi 
(direito é a norma de agir). O conceito de norma abrange tanto as 
regras (comandos concretos) quanto os princípios (diretrizes 
abstratas). 
A expressão direito subjetivo refere-se a uma faculdade 
incorporada à chamada esfera jurídica do sujeito em decorrência de 
previsão do direito objetivo. Cuida-se da faculdade de um sujeito 
realizar uma conduta comissiva (ação) ou omissiva (omissão) ou 
exigi-la de outro sujeito. Do direito subjetivo dizem os romanistas: 
iusfacultas agendi (direito é a faculdade de agir). Por se tratar de 
faculdade, o exercício efetivo de um direito subjetivo depende da 
vontade do próprio sujeito; ninguém pode forçar outrem a exercer 
direito subjetivo. 
 
 
 
SÍNTESE: 
O direito objetivo refere-se ao ordenamento jurídico vigente, 
enquanto o direito subjetivo diz respeito ao poder que o titular 
tem de fazer valerem seus direitos individuais, podendo exigir ou 
pretender de alguém um comportamento específico. 
No direito subjetivo há uma ideia de direito-dever. Ao dever do 
sujeito passivo corresponde um direito do sujeito ativo. 
Ex: casamento (contraentes e juiz de paz). 
 
 
 
 
 
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4. DIREITO NATURAL E POSITIVO 
A filosofia do Direito questiona sobre a origem dos direitos. 
Diversas são as teorias que procuram responder à questão. 
Identificam-se nessas teorias duas correntes principais: a dos que 
creem que os direitos não são criados pelo ser humano - chamados 
de jusnaturalistas - e a dos que creem que sim, os direitos são 
criação humana - chamados de positivistas. 
Para os jusnaturalistas, os direitos são naturais - decorrentes de 
Deus, segundo alguns, e imanentes ao humano, ou seja, 
decorrentes de sua própria natureza, segundo outros. 
Para os positivistas, por outro lado, os direitos são criação das 
sociedades, que os "escrevem", pelo que se diz que os direitos são 
postos, de onde vem à expressão direito positivo. 
 
 
5. DIREITO E MORAL 
Critérios de distinção entre Direito e moral: 
 
 
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TODAS AS AÇÕES HUMANAS INTERESAM AO DIREITO? 
A AÇÃO HUMANA QUE É JURIDICAMENTE CONDENÁVEL O É PELA 
MORAL? 
A AÇÃO HUMANA QUE NÃO É JURIDICAMENTE CONDENÁVEL O É 
PELA MORAL? 
Nem tudo o que é moral é jurídico, pois a justiça é apenas uma 
parte do objeto da moral. 
 
 
TEORIAS QUE PODEM EXPLICAR MELHOR O CAMPO DE 
APLICAÇÃO ENTRE O DIREITO E MORAL 
Teoria dos Círculos Concêntricos 
"Teoria dos círculos concêntricos (Jeremy Bentham), segundo a qual 
a ordem jurídica estaria incluída totalmente no campo da Moral. Os 
dois círculos (Moral e Direito) seriam concêntricos, com o maior 
pertencendo à Moral. Assim, o campo moral é mais amplo do que o 
do Direito e este se subordina à Moral". 
Teoria dos Círculos Secantes 
"Teoria dos círculos secantes de Claude du Pasquier, segundo a qual 
Direito e Moral coexistem, não se separam, pois há um campo de 
competência comum onde há regras com qualidade jurídica e que 
têm caráter moral. Toda norma jurídica tem conteúdo moral, mas 
nem todo conteúdo moral tem conteúdo jurídico“. 
Teoria dos Círculos Independentes 
Hans Kelsen, criador da ‘Teoria Pura do Direito’ diz que Direito é o 
que está normatizado e Moral são os atos que são praticados de 
acordo com princípios éticos, ainda que haja aspectos morais que 
sejam normatizados, Direito é Direito e Moral é Moral. 
Teoria do Mínimo Ético 
"Teoria do mínimo ético, desenvolvida por Georg Jellinek, segundo 
a qual o Direito representa apenas o mínimo de Moral obrigatório 
para que a sociedade possa sobreviver". 
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6. DIREITO PÚBLICO E PRIVADO 
Entende-se o direito público como o destinado a disciplinar os 
interesses gerais da coletividade. Diz respeito à sociedade política, 
estruturando-lhe organização, serviços, tutela dos direitos 
individuais e repressão dos delitos. 
Nesta esfera, estudar-se-iam, como seus ramos, o Direito 
Constitucional, Direito Administrativo, Direito Penal, Direito 
Processual (Judiciário), Direito Internacional, Direito Econômico, 
Direito Tributário, dentre outros. 
 
Já o direito privado é o conjunto de preceitos reguladores das 
relações dos indivíduos entre si. 
Seriam considerados seus ramos o próprio Direito Civil, além do 
Direito Comercial e o Direito Internacional Privado. 
 
 
 
 
 
 
ATENÇÃO: 
O fato de pertencer ao ramo do direito privado não quer dizer que 
as normas componentes do sistema sejam todas de cunho 
individual. Assim, no próprio Direito de Família, especial ramo do 
Direito Civil, várias de suas regras são cogentes, de ordem pública, 
inderrogáveis pela simples vontade das partes (como as referentes 
ao casamento, ao estado de filiação etc.). 
 
 
 
 
 
 
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Alguns autores, como Roberto Senise Lisboa, fundados na teoria 
social formulada por Paul Roubier, propõem uma nova divisão do 
direito, reconhecida a superação da sua histórica dualidade: 
público, privado e social ou misto, que constituiria em tertium 
genus (terceiro tipo), derivado de fenômenos históricos, vindo 
atender à necessidade de proteção de interesses coletivizados, que 
alcançam a sociedade como um todo. 
Exemplos de direitos sociais seriam o Direito do Trabalho, o Direito 
Previdenciário, o Direito Ambiental, o Direito do Consumidor, o 
Direito Urbanístico, o Direito da Infância e Juventude e o Direito 
Agrário. 
 
Apesar da “suposta” utilidade didática, parece adequado não mais 
falar em ramos do direito, e sim em um verdadeiro escalonamento 
verticalizado e hierárquico das normas, apresentando-se a 
Constituição como norma de validade de todo o sistema, situação 
essa decorrente do princípio da unidade do ordenamento e da 
supremacia da Constituição (força normativa da Constituição — 
Konrad Hesse). 
Fala-se, então, em uma necessária e inevitável releitura dos 
institutos, notadamente os de direito civil (e privado), sob a ótica 
constitucional, conforme o quadro a seguir: 
 
 
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NORMAS CONSTITUCIONAIS 
Segundo Rodrigo César Rebello Pinho “o direito constitucional é o 
ramo do direito público interno que estuda a Constituição, ou seja, 
a lei fundamental de organização do Estado, bem como os seus 
limites:a) forma de Estado (unitário ou federal); b) forma de 
governo (Monarquia ou República); c) sistema de governo 
(parlamentarismo ou presidencialismo); d) modo de aquisição, 
exercício e perda do poder político; e) órgãos de atuação do Estado 
(Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário); f) principais postulados 
da ordem econômica e social; g) limites à atuação do Estado 
(direitos fundamentais da pessoa humana)”. 
 
 
NORMAS SUPRALEGAIS 
O trâmite de integração da norma internacional no direito interno possui, 
resumidamente, quatro fases distintas, a saber: 
1) celebração do tratado internacional (negociação, conclusão e 
assinatura) pelo Órgão do Poder Executivo (art. 84, VIII — Presidente da 
República); 
2) aprovação (referendo ou “ratificação” lato sensu), pelo Parlamento, do 
tratado, acordo ou ato internacional, por intermédio de decreto 
legislativo, resolvendo-o definitivamente (Congresso Nacional — art. 49, 
I); 
c) troca ou depósito dos instrumentos de ratificação (ou adesão, caso não 
tenha tido prévia celebração) pelo Órgão do Poder Executivo em âmbito 
internacional; 
d) promulgação por decreto presidencial, seguida da publicação do texto 
em português no Diário Oficial. Neste momento o tratado, acordo ou ato 
internacional adquire executoriedade no plano do direito positivo interno, 
guardando estrita relação de paridade normativa com as leis ordinárias 
(salvo nas hipóteses em que o tratado ou convenção internacional versar 
sobre direitos humanos e tiver sido incorporado (a) com a natureza 
supralegal ou constitucional). 
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 Quem elabora e quem modifica a constituição federal?
NORMAS INFRACONSTITUCIONAIS 
(Tratados Internacionais comuns e as Leis infraconstitucionais) 
 
 
1) TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS CUJA MATÉRIA 
NÃO TRATA DE DIREITOS HUMANOS 
2) LEI 
A doutrina conceitua lei como a norma geral, abstrata, inovadora, 
imperativa, coativa, permanente e emanada de autoridade 
competente de acordo com as competências legislativas previstas 
na Constituição Federal. 
A lei pode ser: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Ordinária
 Complementar
 Delegada
3) MEDIDA PROVISÓRIA 
A medida provisória é adotada pelo Presidente da República, por ato 
monocrático, unipessoal, sem a participação do Legislativo, chamado a 
discuti-la somente em momento posterior, quando já adotada pelo 
Executivo, com força de lei e produzindo os seus efeitos jurídicos. 
4) DECRETO LEGISLATIVO 
É o instrumento normativo por meio do qual serão materializadas as 
competências exclusivas do Congresso Nacional, alinhadas nos incisos I a 
XVII do art. 49 da CF/88. As regras sobre o seu procedimento vêm 
contempladas nos Regimentos Internos das Casas ou do Congresso. 
5) RESOLUÇÃO 
Por meio das resoluções regulamentam-se as matérias de competência 
privativa da Câmara dos Deputados (art. 51), do Senado Federal (art. 52) e 
algumas de competência do Congresso Nacional, fixadas, além das poucas 
hipóteses constitucionais, regimentalmente. 
 
7. ORDENAMENTO E SISTEMAS JURÍDICOS 
Ordenamento jurídico é um quase sinônimo do direito objetivo, 
referindo-se, especificamente, a todas as normas aplicáveis a uma 
determinada sociedade. Ao falarmos em ordenamento jurídico 
brasileiro, referimo-nos a todas as normas que vigem na República 
Federativa do Brasil. Já a expressão sistemas jurídicos refere-se à 
estrutura e à dinâmica do ordenamento jurídico, ou seja, trata-se 
da organização das fontes do Direito e da doutrina, do sistema de 
ramificações do Direito, do sistema de solução de conflitos etc. Os 
países herdam seus sistemas jurídicos de seus fundadores. Em 
geral,o que realmente varia é o ordenamento, na medida em que 
novas normas jurídicas são criadas. 
No ocidente, os dois grandes sistemas jurídicos, adotados pela 
grande maioria dos países, são o sistema romano-germânico e o 
sistema anglo-saxão. 
 
 
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DIREITO CIVIL 
1) CONCEITO DE DIREITO CIVIL 
Etimologicamente, Direito Civil vem do latim cives (cidadão) e se 
dirige à regulamentação das relações sociais travadas entre as 
pessoas, desde o nascimento (e mesmo antes dele, especialmente 
na atualidade por conta das descobertas científicas e do avanço da 
tecnologia) até a morte (e, inclusive, depois dela). 
Por isso, Carlos Roberto Gonçalves afirma que o “Direito civil é o 
direito comum, o que rege as relações entre os particulares. 
Disciplina a vida das pessoas desde a concepção – e mesmo antes 
dela, quando permite que se contemple a prole eventual (CC, art. 
1.799, I) e confere relevância ao embrião excedentário (CC, art. 
1.597, IV) – até a morte, e ainda depois dela, reconhecendo a 
eficácia post mortem do testamento (CC, art. 1.857) e exigindo 
respeito à memória dos mortos (CC, art. 12, parágrafo único)”. 
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O Direito Civil é o ramo do direito privado tendente a reger as 
relações humanas. Enfim, é o direito comum a todas as pessoas, 
disciplinando o seu modo de ser e de agir. É, pois, o direito da vida 
do homem. 
De acordo com Cristiano Chaves é “um direito poroso, aberto, 
sensível aos avanços que a tecnologia e a capacidade intelectual do 
homem impuserem e eficaz para regular os novos conflitos que se 
descortinam. Este o Direito Civil contemporâneo, forjado na 
legalidade constitucional, com o propósito de se moldar a cada 
tempo e lugar, na busca da garantia da dignidade do homem – por 
quem e para quem foi criado”. 
 
 
 
Sob o ponto de vista estrutural, o Direito Civil está dividido em dois 
diferentes campos: a parte geral e a parte especial. A partir disso, 
após apresentar, na chamada parte geral, os elementos 
componentes de uma relação jurídica, sobre os quais se assenta 
toda a base de uma relação privada (são, em visão simplificada, os 
conceitos fundamentais relativos ao sujeito, ao objeto e ao fato 
propulsor de uma relação jurídica, aqui transformados em pessoas, 
bens e fatos jurídicos), cuida o Direito Civil da parte especial – 
dividida, por seu turno, em relações de trânsito jurídico, atinentes à 
circulação de riquezas (estudadas pelo Direito das Obrigações, 
incluindo a Teoria Geral das Obrigações, o Direito Contratual e a 
Responsabilidade Civil), às titularidades (ou seja, às relações 
apropriativas, que são disciplinadas pelos Direitos Reais) e, por 
derradeiro, às relações de afeto (que tocam ao Direito de Família e 
ao Direito das Sucessões). 
 
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2) HISTÓRIA DO DIREITO CIVIL 
PERÍODO COLONIAL 
- Ordenações Afonsinas (1446) 
- Ordenações Manuelinas (início do século XVI) 
- Ordenações Filipinas (1603) 
 -- INDEPENDÊNCIA DO BRASIL (1822) 
-- PRIMEIRO REINADO (1822 – 1831) 
- Constituição Politica do Imperio do Brazil (1824) 
 Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Politicos dos 
Cidadãos Brazileiros, que tem por base a liberdade, a segurança 
individual, e a propriedade, é garantida pela Constituição do 
Imperio, pela maneira seguinte. 
XVIII. Organizar–se-ha quanto antes um Codigo Civil, e Criminal, 
fundado nas solidas bases da Justiça, e Equidade. 
 
SEGUNDO REINADO (1840 – 1889) 
- 1865: Teixeira de Freitas foi encarregado de redigir o projeto de 
código civil. Esse jurista ofereceu um trabalho preparatório, 
denominado Esboço, que era publicado parcialmente, à medida que 
o elaborava. Foram publicados 1702 artigos em 1865, enquanto 
posteriormente deveriam ser publicados 1314 artigos, relativos aos 
direitos reais. O governo imperial começou a apressar a tarefa do 
jurista. Freitas enviou uma carta ao Governo em que relatava a 
necessidade de rever o projeto. O autor renunciou à tarefa e ao 
encargo, em 1866. O “Esboço Teixeira de Freitas”, como ficou 
imortalizado o seu projeto, serviu como substrato para a 
elaboração do Código Civil argentino, por Dalmacio Vélez Sarsfield, 
em 1871, além de inspirar também o BGB alemão. - 1872: Frustrada 
a tarefa confiada a Freitas, o governo imperial confiou a missão a 
Nabuco de Araújo, em 1872, que faleceu tendo deixado apenas 
algum rascunho de 182 artigos redigidos, isto em 1878. 
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- 1881: A terceira tentativa de dotar a nação de um Código Civil 
coube ao jurista mineiro Joaquim Felício dos Santos. Sua obra, 
apresentada em 1881, foi denominada "Apontamentos para o 
Projeto do Código Civil Brasileiro". Nomeou-se uma comissão para 
estudar o projeto, que terminou por apresentar parecer 
desfavorável. A Câmara dos Deputados não chegou a se pronunciar 
sobre o projeto e a comissão foi dissolvida em 1886. Quando 
sobreveio a República, malogrou-se mais esta tentativa de 
codificação. 
 
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA (1889) 
- 1890: O Ministro Campos Sales encarregou o jurista Coelho 
Rodrigues de organizar o projeto do Código Civil. Concluído em 
Genebra em 11/01/1893, não foi aceito pelo Governo, em virtude 
de parecer contrário da comissão que o examinou. 
- 1895: O Senado nomeou uma comissão especial incumbida de 
indicar qual dos projetos abandonados poderia servir de base ao 
futuro Código, e em 06/11/1896 resolveu autorizar o Governo a 
contratar um jurisconsulto ou uma comissão de jurisconsultos para 
que procedesse à revisão do Projeto de Coelho Rodrigues. 
Lembrou-se do nome de Clóvis Beviláqua, jurista cearense e 
professor da Faculdade do Recife, que recomendou aproveitar 
tanto quanto possível o projeto de Coelho Rodrigues. 
Clóvis Beviláqua transferiu-se para o Rio de Janeiro e em pouco 
mais de seis meses desincumbiu-se da missão, no ano de 1899. 
- 1902: Numerosas foram as reuniões para críticas e emendas do 
projeto até ser encaminhado à Câmara dos Deputados, onde a 
chamada "Comissão dos 21" redigiu oito volumes de atas. Em 1902, 
a Câmara aprovou o Projeto e o remeteu ao Senado. 
- 1912: O Senado concluiu sua tarefa e remeteu o Projeto à Câmara, 
com grande número de emendas. Tais emendas foram na maior 
parte de redação; apenas 186 modificaram a substância do Projeto. 
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- 1915: As comissões reunidas da Câmara e do Senado prepararam 
a redação definitiva, sendo o Projeto aprovado em dezembro de 
1915, sancionado e promulgado em 01/01/16, convertendo-se na 
Lei nº 3071/16, para entrar em vigor no dia 01/01/17. 
 
CÓDIGO CIVIL DE 1916 
- Fruto de uma sociedade agrícola, parcamente alfabetizada, cujos 
ideais eram piegas e burgueses. 
- A exemplo do Código Civil alemão, o Código de 1916 possuía uma 
parte geral, em que são reguladas as noções e relações jurídicas das 
pessoas, dos bens e dos fatos jurídicos. A seguir, pela ordem, vinha 
a parte especial: direito de família, direito das coisas, direito das 
obrigações e direito das sucessões. O Código vinha precedido de 
uma Lei de Introdução, depois substituída pelo Decreto-lei nº 
4657/42, para a solução dos conflitos intertemporais e de direito 
internacional privado. 
- Nascido sob a égide do liberalismo econômico buscou 
proteger os direitos e liberdades do indivíduo contra as 
ingerências do Estado. 
 
- preocupava-se em regular, do ponto de vista formal, a atuação 
dos sujeitos de direito (o contratante, o proprietário, o marido e o 
testador) em todas as suas dimensões. O Código almejava a 
completude, pretendia regrar todas as situações jurídicas de 
interesse da pessoa humana. A Codificação Civil de 1916 pretendia 
se consagrar como verdadeira “constituição do direito privado”. 
Aduz Francisco Amaral: “Na parte do direito de família, sancionava 
o patriarcalismo doméstico da sociedade que o gerou, traduzido no 
absolutismo do poder marital e no pátrio poder. Tímido no 
reconhecimento dos direitos da filiação ilegítima, preocupava-se 
com a falsa moral de seu tempo... Individualista por natureza, 
garantiu o direito de propriedade característico da estrutura 
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político-social do país e assegurou ampla liberdade contratual, na 
forma mais pura do liberalismo econômico... O Código Civil 
brasileiro era, assim, produto da sua época e das forças sociais 
imperantes no meio em que surgiu. Feito por homens identificados 
com a ideologia dominante, traduzia o sistema normativo de um 
regime capitalista colonial” (Direito civil, cit., p. 127-128). 
 
 
 
 
 
 
 
MICROSSISTEMAS JURÍDICOS 
 
Preleciona, a propósito, Gustavo Tepedino (Temas, cit., p. 11-12): 
“Não há dúvida que a aludida relação estabelecida entre o Código 
Civil e as leis especiais, tanto na fase da excepcionalidade quanto na 
fase da especialização, constituía uma espécie de monossistema, 
onde o Código Civil era o grande centro de referência e as demais 
leis especiais funcionavam como satélites, ao seu redor. Com as 
modificações aqui relatadas, vislumbrou-se o chamado 
polissistema, onde gravitariam universos isolados, que 
normatizariam inteiras matérias a prescindir do Código Civil. Tais 
universos legislativos foram identificados pela mencionada doutrina 
como microssistemas, que funcionariam com inteira independência 
temática, a despeito dos princípios do Código Civil. O Código Civil 
passaria, portanto, a ter uma função meramente residual, aplicável 
tão somente em relação às matérias não reguladas pelas leis 
especiais”. 
 
 
 
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- Década de 40: Surgiram as primeiras tentativas de modificação da 
lei vigente, com o surgimento de um Anteprojeto de Código de 
Obrigações, elaborado pelos grandes juristas Orosimbo Nonato, 
Philadelpho Azevedo e Hannemann Guimarães, que se prendeu 
apenas à Parte Geral das Obrigações. 
- 1963: Projeto de modificação do código apresentado por Orlando 
Gomes em 31/03/1963. 
- 1963: Em 25/12/1963, Caio Mário da Silva Pereira apresenta o 
Código das Obrigações. 
- 1969: Comissão nomeada pelo Ministro da Justiça para elaborar 
novo Código, em vez de fazer tão-somente uma revisão. 
- 1972: Surgimento de um anteprojeto elaborado sob a supervisão 
do grande mestre e filósofo do Direito, Miguel Reale. A comissão 
era integrada pelos profs. Agostinho de Arruda Alvim (Direito das 
Obrigações), Sylvio Marcondes (Atividade Negocial), Ebert Vianna 
Chamoun (Direito das Coisas), Clóvis do Couto e Silva (Direito da 
Família) e Torquato Castro (Direito das Sucessões). 
 
 
Esse Anteprojeto tinha a intenção de preservar, no que fosse 
possível, e no aspecto geral, a estrutura e as disposições do Código 
de 1916, mas reformulando-o, no âmbito especial, com base nos 
valores éticos e sociais revelados pela experiência legislativa e 
jurisprudencial. Procurou atualizar a técnica deste último, que em 
muitos pontos foi superado pelos progressos da Ciência Jurídica, 
bem como afastar-se das concepções individualistas que nortearam 
esse diploma para seguir orientação compatível com a socialização 
do direito contemporâneo, sem se descuidar do valor fundamental 
da pessoa humana. 
 
 
 
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- 1973: Publicação do Anteprojeto após ter recebido muitas 
emendas. 
- 1975: Após numerosas modificações, foi elaborado o Projeto 
definitivo que, tendo sido apresentado ao Poder Executivo, foi 
enviado ao Congresso Nacional, onde se transformou no Projeto de 
Lei nº 634-A, de 1975. 
- 1984: Em 17/05/84, foi publicada a redação final do projeto 
aprovada pela Câmara dos Deputados, com algumas alterações. 
 
 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
Conforme assenta Luis Roberto Barros, “A Constituição, liberta da 
tutela indevida do regime militar, adquiriu força normativa e foi 
alçada, ainda que tardiamente, ao centro do sistema jurídico, 
fundamento e filtro de toda a legislação infraconstitucional. Sua 
supremacia, antes apenas formal, entrou na vida do país e das 
instituições”. 
Conforme salientam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, 
o legislador constituinte “ao reunificar o sistema jurídico em seu 
eixo fundamental (vértice axiológico), estabelecendo como 
princípios norteadores da República Federativa do Brasil a 
dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), a solidariedade social (art. 
3º) e a igualdade substancial (arts. 3º e 5º), além da erradicação da 
pobreza e redução das desigualdades sociais, promovendo o bem 
de todos (art. 3º, III e IV), a Lex Fundamentalis de 1988 realizou uma 
interpenetração do direito público e do direito privado, redefinindo 
os seus espaços, até então estanques e isolados. Tanto o direito 
público quanto o privado devem obediência aos princípios 
fundamentais constitucionais, que deixam de ser neutros, visando 
ressaltar a prevalência do bem-estar da pessoa humana”. 
 
 
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Sob essa perspectiva, tem-se anunciado o surgimento de uma nova 
disciplina ou ramo metodológico denominado Direito Civil-
Constitucional, que estuda o direito privado à luz das regras 
constitucionais.O Direito Civil Constitucional (ou Constitucionalização do Direito 
Civil ou Direito Civil Constitucionalizado) é o processo de elevação 
ao plano constitucional dos princípios fundamentais do direito civil 
(propriedade, contrato, família), que passam a condicionar a 
observância pelos cidadãos, e a aplicação pelos tribunais, da 
legislação infraconstitucional. 
Trata-se, pois, de uma alteração na estrutura intrínseca dos 
institutos e conceitos fundamentais de Direito Civil, reoxigenando-
os e determinando a necessidade de uma redefinição de seus 
contornos, à luz da nova tábua valorativa determinada pela 
Constituição cidadã. 
Características: 
- encontra-se baseado em uma visão unitária do sistema. 
- a fonte primária do direito civil – e de todo o ordenamento 
jurídico – é a Constituição da República, que, com os seus princípios 
e as suas normas, confere uma nova feição à ciência civilista. 
 
IMPORTANTE: 
A expressão Direito Civil Constitucional (ou Constitucionalização do 
Direito Civil ou Direito Civil Constitucionalizado) não pode ser 
tomado como uma simples adjetivação, dando a impressão de que, 
com elementos externos, exteriores, alteram-se algumas categorias 
que continuariam as mesmas em suas estruturas internas. 
Efetivamente, “há de se advertir, no entanto, desde logo, que os 
adjetivos não poderão significar a superposição de elementos 
exógenos do direito público sobre conceitos estratificados, mas 
uma interpenetração do direito público e privado, de tal maneira a 
se reelaborar a dogmática do direito civil” (Gustavo Tepedino). 
 
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NÃO CONFUNDIR: Direito Civil Constitucional e Publicização do 
Direito Civil 
A Publicização do Direito Civil resulta de uma interferência estatal em 
determinadas relações privadas, com o escopo de nivelar à posição das 
partes, evitando que a superioridade econômica de uma delas 
prejudique a outra e conferindo certa dose de caráter público a uma 
relação cuja natureza, originariamente, era estritamente privada. 
Exemplo: O contrato de trabalho, cuja essência, por igual, é de uma 
relação entre particulares (privada, portanto), exige a presença do 
Estado, limitando a vontade das partes e estabelecendo regras 
protetivas para o hipossuficiente (o trabalhador), de modo a superar o 
natural desequilíbrio jurídico existente entre as partes. 
 
“O direito civil está em crise?” 
2002: A Lei nº 10406, de 10 de janeiro de 2002, foi sancionada e 
promulgada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso em 10 de 
janeiro de 2002. Tendo sido publicada no Diário Oficial da União de 
11 de janeiro de 2002, entrou em vigor no dia 12 de janeiro de 
2003. O Código Civil de 2002 “nasceu velho e, descompromissado 
com o seu tempo, desconhece as relações jurídicas e problemas 
mais atuais do homem. Tome-se como exemplo o Livro do Direito 
de Família que desconhece o DNA e suas importantes influências na 
determinação da filiação, a pluralidade dos modelos familiares e o 
avanço da biotecnologia, dentre outros graves equívocos e 
omissões. Outrossim, ‘é demagógico porque, engenheiro de obras 
feitas, pretende consagrar direitos que, na verdade, estão tutelados 
em nossa cultura jurídica pelo menos desde o pacto político de 
outubro de 1988’, como desfecha com mestria o genial Gustavo 
Tepedino (Revista Trimestral de Direito Civil 7:VI). Vale o exemplo 
da anulação de casamento com base no anterior defloramento da 
mulher – logicamente ignorado pelo marido – que já não tinha 
qualquer cabimento desde a CF/88 e tão invocado pelos defensores 
do Código Civil como grande e exuberante novidade...”. 
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