Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Resenha do filme: “A PRAYER FOR RAIN” Ravi Kumar1 Louise Muniz Pereira 2 O filme trata da história de Dilip, um rapaz indiano que começa a trabalhar em uma indústria que produz pesticidas em larga escala e, que assim como todos os outros operários sonham com um futuro melhor e próspero, porém foi interrompida com o grave acidente causado por essa indústria gerando morte e sofrimento a população local. Ravi Kumar destaca de forma real o desastre de Bhopal em 1984. Ele mostra a forma de trabalho dos operários indianos, que por sua vez era extremamente inadequada, pois não se havia treinamentos e tampouco proteção e cuidados com os empregados e, principalmente com os moradores ao redor da indústria. Por se tratar de um local inóspito a empresa se aproveita da fraca organização do governo do país para fazer a sua maneira os seus projetos de crescimentos sem necessitar de cumprir leis ou assessorar a população e conseguir apenas produzir em massa a quantidade que precisa para a venda para os países produtores de alimentos. No filme, mostra claramente o descaso das pessoas quanto aos problemas que vão acontecendo como: o operário que ao consertar uma das válvulas de IMC (isocianato de metila) associado ao seu suor culminou a sua morte ou logo no inicio quando um dos trabalhadores afirma ao médico que se sente fraco com a quantidade de gás inalada. A negligência era tanta a ponto de o médico também ser omisso a afirmar que era uma empresa segura e incapaz de gerar algum mal. O roteiro feito por Ravi Kumar e David Brooks ainda destaca a história do jornalista Motwani que tenta mesmo sem sucesso mostrar ao governo local, aos médicos e a população que algo estava errado na filial da Union Carbide em Bophal e que era muito importante conter a indústria o quanto antes. Motwani conta com uma pequena ajuda da jornalista Eva Gascon onde tenta conversar com o dono da indústria a fim de saber o que está acontecendo, porém por não ser o foco jornalístico dela, ela deixa a cidade e assim não ajuda ou colabora muito com jornalista indiano e a cidade de Bhopal. Quanto ao dono da empresa Union Carbide Warren Anderson, ele vai ao país para uma inspeção rotineira e também para expandir a empresa, por sua vez, por ser 1 Diretor do filme 2 Cursando a disciplina toxicologia do 1/2017. Estudante de farmácia, matricula 13/0031411 um país de terceiro mundo não se atenta ou passa de forma grosseira o modo de trabalho destes indianos. Vale ressaltar que, os responsáveis e chefes de segurança da indústria tentam camuflar ou não deixam tão aparente como trabalham, apenas querem mostrar que fazem uma grande produção e, que gastos ou cuidados importantes são desnecessários já que imaginavam que nada aconteceria com eles não fosse notório. O foco principal era a produção e o crescimento rápido, independente de como isso aconteceria se com suborno ou não. O diretor tenta trazer ao filme também o cotidiano das pessoas ao redor dessa situação para que entendamos que não se havia um entendimento grande da dimensão de tamanho perigo do contato por via dérmica e inalatória dos pesticidas aos seres humanos e animais. E, com certeza a higiene, por se tratar de um local de extrema pobreza e da cultura local, também facilita a disseminação à sociedade. O filme é uma história real do que aconteceu em Bhopal onde ocorreu um vazamento do gás isocianato de metila no subterrâneo da empresa na Índia. A versão do filme mostra que foi devido a uma série de erros dos operários (não monitoramento da temperatura, não inspeção regular das válvulas, não usar água no local e equipamentos adequados) culminaram no acidente que matou e deixou milhares de pessoas com sequelas e que ainda hoje sofrem com o alto grau de intoxicação de produtos letais produzidos durante os anos que a empresa permaneceu no local e que ainda hoje se mantém presentes em grau altíssimo no solo, água e ar. Trazendo para a toxicologia, o inseticida que era produzido na fábrica era o Sevin (1-naftol – N- Metilcarbamato), este tem a ação de atacar o sistema nervoso dos insetos. A empresa produzia o pesticida reagindo o isocianato de metila (ICM) com o 1-naftol, o ICM era depositado em tanques com capacidade de armazenar 42 toneladas em abrigos subterrâneos construídos de concreto para que não ficassem expostos a alta temperatura do país. No que mostra no filme, um dos funcionários em dia normal de rotina conectando uma mangueira de água em um dos canos que passava por dentro da fábrica percebeu que a sujeira que veio com essa água entupiu o cano, o que fez a água voltar, atravessar os canos que cortavam a fábrica e entrar em um dos tanques que armazenavam cerca de 40 toneladas de isocianato de metila. A reação entre a água e o isocianato de metila é exotérmica, ou seja, libera calor e, por sua vez, aquece a mistura e acelera ainda mais a reação, o que consequentemente gera mais aquecimento e a reação passa a ocorrer de forma incontrolável. Essa reação química imprevista resultou em gases letais que vazaram da fábrica e foram levados pelo vento para a cidade de Bhopal. Estima-se que quase três mil pessoas morreram por asfixia ainda dormindo. Outros milhares de pessoas que mostra claramente no filme, saíram pelas ruas vomitando sangue, com dificuldade de respirar e com os olhos queimando devido o isocianato de metila ser muito irritante, e solúvel em água e ferve a uma temperatura muito próxima à do corpo. Portanto, quando a pessoa inala baixas concentrações de isocianato de metila, ele afeta primeiro as partes úmidas, como boca, garganta, vias respiratórias e olhos. Em altas concentrações, ele atinge as partes mais profundas do pulmão, destruindo-as, o sangue então inunda esse órgão, e a pessoa acaba afogando-se em seu próprio sangue. A nuvem de gases tóxicos demorou dias para dissipar-se, por isso muitas pessoas morreram nos dias seguintes. Além dos muitos casos de natimortos e abortos, esse desastre resultou em cinco mil pessoas mortas, cinquenta mil com graves sequelas, inclusive crianças que nasceram de pessoas atingidas pelos gases, e duzentas mil atingidas em menor grau. Após o desastre Warren Anderson e seus executivos se isentaram do ocorrido afirmando terem avisado que os funcionários sabiam que não podiam utilizar água junto com os produtos tóxicos da empresa, ou por afirmarem terem sofrido uma sabotagem ou pior terem afirmado ter sofrido um ataque de seus rivais. Sabe-se hoje que a indústria foi abandonada, o diretor não pediu desculpas, tampouco ajudou à população a erguer e foi apenas mais uma vez ao país, porém ficou preso por um tempo a fim de dar esclarecimentos e nunca mais voltou. A culpa recaiu aos funcionários que estavam presentes no dia do ocorrido e que foram julgados com uma multa irrisória. A indenização é a terceira maior do mundo, a cada pessoa morta e que sofreu por sequelas em Bhopal, porém não se tem previsão e nem esperança de receber. Após assistir o filme analiso que países de terceiro mundo são muito vulneráveis e, infelizmente nos deparamos com isso nos dias atuais. O que aconteceu em Bhopal é um retrato claro de como é tratada a população destes locais subdesenvolvidos que são sedes de empresas que já foram banidas de seus países de origem ou que possuem leis que realmente funcionam. A falta de leis vigentes tanto ambiental como governamental que por base cobra por boas práticas de produção e apoio a população fazem com que não ocorram acidentes tão graves e que a empresa se responsabilize por um provável incidente. No Brasil passamos por situações semelhantes de descaso, temosuso de praguicidas extintos do mundo inteiro sendo usado aqui, e por mais que tenha uma lei modelo no mundo ela não seja realmente aplicada. Finalizo afirmando que o filme nos mostra que acidentes como este em Bhopal sirva de alerta para a o mundo de que o uso e a produção desordenada de produtos tóxicos trazem riscos a população a médio e longo prazo. A conscientização tanto da empresa, quanto dos funcionários e das pessoas que utilizam desses agroquímicos fará a diferença para um mundo melhor.
Compartilhar