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Apostila CNNAQ - Curso Nacional de Normatização de Atendimento ao Queimado

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1
Curso Nacional de Normatização 
de Atendimento ao Queimado 
CNNAQ 
 
 
 
 
Curso Nacional de Normatização de Atendimento ao 
Queimado 
 
 
 
 
 
 
ÍNDICE 
 
 
CAPÍTULO 1: Avaliação e cuidados iniciais. 
CAPÍTULO 2: Manuseio das vias aéreas e lesões por inalação. 
CAPÍTULO 3: Choque e ressuscitação com líquidos. 
CAPÍTULO 4: Manuseio da ferida. 
CAPÍTULO 5: Lesões por eletricidade. 
CAPÍTULO 6: Lesões por produtos químicos. 
CAPÍTULO 7: Queimaduras térmicas pediátricas. 
CAPÍTULO 8: Estabilização, encaminhamento e transporte. 
 
 
 
 
 
 
 APÊNDICE 
 
 
 
9 Emergências por radiação 
9 Necrólise epidérmica tóxica. 
9 Lesões por frio. 
9 Hipertermia. 
9 Abuso de crianças. 
9 Paciente grávida queimada. 
 
 
 
 
 
 
 
 2
Curso Nacional de Normatização 
de Atendimento ao Queimado 
CNNAQ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
A resposta fisiológica de lesões por queimaduras é complexa. Os resultados 
estão influenciados pela rapidez e pela adequada estabilização e ressuscitação 
do paciente. 
O requerimento de líquidos nas primeiras 24 horas é importante com respeito 
ao volume. 
Na presença de uma lesão por inalação, deve-se fazer um diagnóstico precoce 
e modificar as medidas de ressuscitação. As queimaduras químicas e elétricas 
requerem medidas especiais por parte da equipe de saúde. 
Este curso está planejado para médicos, enfermeiras e auxiliares que devem 
assistir pacientes com queimaduras químicas, elétricas ou térmicas. 
Serão apresentados casos problemas. Serão efetuadas simulações clínicas 
baseadas em situações reais para demonstrar a aplicação prática dos 
princípios discutidos neste curso. 
O curso finaliza com uma avaliação dos participantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3
Curso Nacional de Normatização 
de Atendimento ao Queimado 
CNNAQ 
 
 
CAPÍTULO 1- AVALIAÇÃO E CUIDADOS INICIAIS 
 
 
 
OBJETIVOS 
 
Após completar este capítulo o aluno deve estar em condições de: 
 
9 Identificar os componentes primários e secundários de atenção ao 
paciente queimado. 
9 Distinguir entre uma queimadura de espessura parcial e total 
9 Aplicar a regra dos nove 
9 Entender os critérios de encaminhamento 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A queimadura é a lesão resultante da exposição a chamas, líquidos quentes, 
contato com objetos quentes, exposição a cáusticos, produtos químicos ou 
radiação, ou descarga de corrente elétrica. 
Os seguintes itens são importantes, para o manejo inicial dos pacientes 
queimados. 
 
9 Estrutura e funções da pele 
9 Definições relacionadas com profundidade e extensão da queimadura 
9 Classificação das queimaduras 
9 Avaliação e manobras de estabilização 
 
 
 
ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE 
 
A- Estrutura 
 
A pele está composta por 2 camadas; a epiderme e a derme. A epiderme é a 
camada mais superficial e a derme a mais profunda. 
A epiderme está composta somente por células; 98% de queratinócitos e os 
2% restantes de melanócitos, células de Markel e de Langherans. A derme tem 
como principal célula representativa o fibroblasto e contêm os anexos 
 
(glândula sebácea, folículo piloso, glândula sudorípara) e terminais sensoriais 
para dor, tato, pressão e temperatura. Existem dois plexos arteriovenosos; um 
superficial em contato com a epiderme e um profundo em contato com o tecido 
celular subcutâneo. 
 
 
 4
Curso Nacional de Normatização 
de Atendimento ao Queimado 
CNNAQ 
 
 
B- Funções 
 
A pele possui quatro funções cruciais para a vida. 
 
9 Proteção contra infecções. 
9 Prevenção de perda de líquidos. 
9 Regulação da temperatura corporal. 
9 Contato sensorial com o meio ambiente. 
 
 
DETERMINAÇÃO DA GRAVIDADE DA QUEIMADURA 
 
As queimaduras de grande magnitude que afetam as funções precedentes 
podem chegar a comprometer a vida. 
A gravidade com respeito à vida depende da profundidade e da extensão. 
A gravidade com respeito à seqüela depende da profundidade e da localização. 
 
PROFUNDIDADE 
 
A profundidade da queimadura depende da temperatura e do tempo de 
exposição à fonte de calor. Também é importante considerar a espessura da 
pele afetada; deve-se levar em conta que nas crianças e em pessoas da 
terceira idade, a pele é mais fina. 
Geralmente nestas idades, as queimaduras apresentam-se de forma mais 
profundas de sua aparência inicial. 
Queimaduras de 1º grau: comprometem a epiderme, existe vermelhidão e 
hipersensibilidade. 
Queimaduras de 2º grau: comprometem a epiderme e parte da derme, 
aparece bolha e edema. 
Como afeta as terminações sensitivas podem ser muito dolorosas. Estas se 
dividem em 2º grau superficial e em 2º grau profundo. 
Queimaduras de 3º grau: destruição das 2 camadas de pele de forma 
completa. O aspecto é geralmente branco ou marrom e ressecado. Estão 
destruídas todas as terminações sensitivas, fato este que gera analgesia. 
 
 
A queimadura profunda da pele forma uma escara. (tecido necrosado que 
deverá ser eliminado, e coberto com um auto-enxerto). 
 
 
 
EXTENSÃO DA QUEIMADURA 
 
 
 5
Curso Nacional de Normatização 
de Atendimento ao Queimado 
CNNAQ 
 
 
É de grande utilidade a regra dos 9 e a regra da palma da mão. A palma da 
mão do paciente, incluindo as digitais, corresponde a 1% da superfície 
corporal. 
 
. 
Grupos de gravidade de Benaim 
 
Tendo em base a extensão e a profundidade da ferida, categorizaram-se os 
pacientes em 4 grupos: Leve, Moderado, Graves e Críticos; utilizando números 
romanos para sua identificação. (Ver tabela abaixo) 
 
 
PROFUNDIDADE GRUPO I GRUPO II GRUPO III GRUPO IV 
 LEVE MODERADO GRAVE CRÍTICO 
 Superficiais Até 10% 11 a 30% 31 a 60% Mais de 60% 
 Intermediárias Até 5% 6 a 15% 16 a 45% Mais de 45% 
 Profundas Até 1% 2 a 5% 6 a 30% Mais de 30% 
 
 
INTERNAÇÃO EM CENTROS DE QUEIMADOS 
 
Características do Centro de Queimados 
 
Deve ter infra-estrutura necessária para tratar pacientes queimados graves e 
críticos, assim como deve contar também com um grupo de profissionais 
interdisciplinar especialmente treinado. 
 
 
 
 
Critérios de internação 
 
Serão tratados em Centros de Queimados os seguintes pacientes: 
1) Queimaduras de espessura parcial (AB) com mais de 10% da superfície 
corporal. 
2) Queimaduras que comprometam rosto, mãos, pés, genitais, períneo e 
articulações. 
3) Queimaduras “B” (3º grau) em qualquer idade. 
4) Queimaduras por eletricidade. 
 
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Curso Nacional de Normatização 
de Atendimento ao Queimado 
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5) Queimaduras por produtos químicos. 
6) Lesões por inalação. 
7) Queimaduras em pacientes com patologias pré-existentes que podem 
complicar seu manuseio ou aumentar os riscos de morte. 
8) Qualquer paciente com queimadura e trauma concomitante, no qual a 
queimadura possua maior risco de causa de morte. No caso de o trauma 
apresentar a principal causa de morte, deve-se estabilizá-lo na Unidade de 
Trauma, e logo encaminhá-lo à Unidade de Queimados. O julgamento do 
médico avaliador especialista em trauma de acordo com os protocolos de 
triagem será de grande utilidade. 
9) Crianças em hospitais que não tenham pessoal qualificado para 
atendimento. 
10) Queimaduras em pacientes que apresentem problemas especiais: sociais, 
emocionais ou um grande processo de reabilitação. 
11) Queimadurasque circundam membros: tórax, abdômen e pescoço. 
 
 
AVALIAÇÃO INICIAL, MANUSEIO E ESTABILIZAÇÃO DE QUEIMADOS 
GRAVES E CRÍTICOS. 
 
Avaliação inicial 
 
É igual como em qualquer paciente traumatizado. Segundo o seguinte: 
 
9 Via aérea com controle de coluna cervical. 
9 Ventilação. 
9 Circulação. 
9 Déficit neurológico. 
9 Exposição. 
9 Ressuscitação. (utilização de líquidos). 
 
 
 
A- A via aérea com controle de coluna cervical. 
 
Deve-se avaliar imediatamente: 
 
9 Expansão torácica. 
9 Mobilidade da mandíbula. 
9 Verificar que a via aérea superior esteja livre. 
9 Auscultar os campos pulmonares e verificar os ruídos. 
9 Verificar a freqüência respiratória. 
9 Estabilizar a coluna cervical, antes de realizar qualquer movimento de 
flexão e/ou extensão. 
 
 
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Curso Nacional de Normatização 
de Atendimento ao Queimado 
CNNAQ 
 
B - Boa respiração 
 
Começar com oxigênio de alto fluxo, 15 litros a 100% utilizando máscara 
aberta. Caso a queimadura seja profunda, de forma a circundar o tórax, é 
necessária escarotomia imediata para melhorar a expansão torácica. 
 
C- Circulação 
 
Avaliar a cor da pele; sensibilidade; estado de consciência; pulsação e 
preenchimento capilar, tanto em membros superiores como em membros 
inferiores. No caso de queimaduras profundas que circundem membros a 
necessidade de escarotomias é imediata (antes das 3 primeiras horas). 
 
D- Déficit neurológico 
 
O paciente queimado está inicialmente alerta e orientado. Caso não esteja, 
deve-se pensar em uma lesão associada; presença de substâncias psicoativas, 
hipoxia ou mesmo alterações neurológicas pré-existentes. 
Determinar o grau de consciência com o seguinte teste: 
 
9 Alerta. 
9 Resposta a estímulo verbal. 
9 Resposta somente a estímulo doloroso. 
9 Sem resposta. 
 
E- Exposição 
 
Deve-se retirar do paciente todas as suas roupas e adereços. Não é necessário 
retirar as roupas aderidas à pele. 
 
F- Fluido terapia Ressuscitação 
 
Começar infusão intravenosa com Ringer-Lactato. 
 
 
2) Avaliação secundária 
 
 
 
Desde a cabeça aos pés para determinar se existe lesão associada. A 
queimadura é a lesão mais facilmente visível. Não se deve esquecer de 
fraturas, luxações e grandes hematomas, que podem ser formados por ruptura 
arterial. 
Circunstâncias do acidente 
 
9 Causa das queimaduras. 
9 Se fora em ambiente fechado. 
9 Se há possibilidade de inalação de fumaça. 
 
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9 Se houve agentes químicos presentes. 
9 Se existe trauma associado. 
 
História clínica 
 
Enfermidades pré-existentes ou associadas (diabetes, hipertensão ou 
alterações renais). 
Medicação recebida, utilização de: bebidas alcoólicas, cigarros ou 
entorpecentes. 
Alergias. 
Imunização Antitetânica. 
 
Manuseio inicial 
 
Interromper o processo de produção da queimadura, dependendo do tipo, 
extensão da lesão e do tempo de transporte. As seguintes medidas serão 
tomadas no local do acidente ou na recepção na sala de choque: 
 
9 Retirar as roupas das zonas afetadas; afastar todas as áreas 
comprometidas do contato com o produto químico ou afastá-las da fonte de 
calor ou do contato em caso de queimadura por eletricidade. 
9 Retirar anéis relógios ou outros adereços dos membros afetados para evitar 
o efeito torniquete que produz o edema. 
 
Precauções universais 
 
Todos os membros da equipe avaliadora devem estar protegidos para que não 
haja contaminação com as secreções produzidas no paciente queimado. 
 
Manuseio das vias aéreas 
 
Administrar oxigênio. Estar preparado para aspirar e manter o suporte 
ventilatório manual. Dar oxigênio a 100% a todo paciente com queimaduras 
profundas de mais de 20% da superfície corporal. Estar preparado 
precocemente para uma entubação endotraqueal para evitar assim, uma 
traqueostomia. Quando indicado o procedimento devido à urgência de se 
manter as vias aéreas permeáveis, deve-se constatar a integridade da coluna 
cervical através de uma radiografia de perfil, antes da entubação. 
A lesão por inalação será tratada em capítulo à parte. 
 
Manuseio circulatório 
 
O choque da queimadura se deve a um aumento da permeabilidade capilar 
transitória, o que produz saída de plasma com suas proteínas para o espaço 
extra vascular. 
 
 
 
 9
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Administrar Ringer Lactato intravenoso, com cânula periférica grossa, se 
possível em zonas não queimadas. Em caso contrário, pode-se colocar em 
qualquer zona. 
Tanto antes quanto possível o paciente deve ser avaliado quanto seu peso e 
extensão da área queimada para se estabelecer uma fórmula. No lugar do 
acidente deve-se colocar a via venosa periférica caso o traslado dure mais de 
30 minutos. (Não colocar nunca via central). Uma fórmula de hidratarão útil 
para as primeiras horas é de 2 a 4ml de Ringer Lactato por peso corporal por 
cada 1% da superfície corporal queimada. Nas primeiras 8 horas administrar a 
metade do calculado para as primeiras 24 horas. Os 25% restantes nas 8 horas 
seguintes e os outros 25% nas últimas 8 horas. “Não se deve administrar uma 
quantidade em litros maior que 10% do peso do paciente num período de 24 
horas”. 
Monitorar os sinais vitais a cada hora, durante as primeiras 24 horas: 
 
9 Diurese: de 50 a 100 ml/hora. 
9 PVC: de 5 a 10 cm de água. 
9 Freqüência respiratória. 
9 Freqüência do pulso. 
 
Colocação de sonda nasogástrica: a todo paciente que possa haver suspeita 
de vômito. 
Colocação de sonda vesical: necessária para verificar a diurese horária. 
Diminuição da dor: a morfina por via intravenosa é o recomendável. Não 
administrar por via intramuscular nem subcutânea, já que não atua devido ao 
fato de o líquido extracelular estar aumentado. 
Verificar a circulação distal dos membros de forma regular. Em queimaduras 
profundas que circundem os membros, o edema de tecido sadio por debaixo da 
escara vai diminuindo gradualmente o retorno venoso. Caso este chegue ao 
ponto em que comece diminuir o fluxo arterial, a isquemia e a necrose 
aumentam. “Deve-se realizar escarotomia ou fasciotomia” 
Oferecer apoio emocional: um psicólogo é necessário junto à equipe desde a 
chegada do paciente; tanto para a vítima como para os familiares. 
Lidando com situações de suicídio: levar em conta as situações de auto-
agressão. O paciente pode estar lúcido e muitas vezes ao ver que não obteve 
sucesso naquilo que desejava, nega a situação. Alguns pontos muito 
importantes a considerar sobre o manuseio do suicídio são: 
 
9 Recentes problemas familiares, conjugais, econômicos ou de saúde. 
9 Expressões de falta de esperança. 
9 Antecedentes de alcoolismo ou uso de drogas. 
9 Antecedentes de problemas emocionais. 
9 Antecedentes psiquiátricos. 
É necessária a presença de um psicólogo ou de um psiquiatra. 
 
 
 
 
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PROCEDIMENTOS ESPECIAIS PARA QUEIMADURAS ESPECÍFICAS 
 
 
Queimaduras térmicas 
 
Cobrir as zonas afetadas com um lençol limpo. Desta maneira, protegem-se as 
queimaduras intermediárias de correntes de ar, que causam dor. O gelo não 
deve ser aplicado de forma direta sobre a lesão, pois pode tornar mais 
profunda a queimadura. A água fria só é aplicada em queimaduras de baixa 
extensão; se aplicada em superfícies com mais de 10% do corpo queimado 
corre-se o risco de produzir-se hipotermia. 
 
Queimaduras por eletricidadeAo percorrer o corpo, a corrente elétrica de alta voltagem produz danos 
internos. Tanto aquela de baixa como alta voltagem podem produzir alterações 
cardíacas (disritmias). Um monitoramento cardíaco contínuo deve ser efetuado 
por pelo menos 24 horas pós-descarga. Apesar de a lesão no ponto de entrada 
e de saída da corrente poder parecer pequena, a lesão interna pode ser maior. 
 
Queimaduras por produtos químicos 
 
O agente químico deve ser eliminado o quanto antes com grande quantidade 
de água; se este estiver em pó deve-se escovar e logo em seguida lavar a 
região com bastante água. Retirar todas as roupas que tenham o produto. As 
lesões nos olhos são tratadas com irrigação permanente com solução 
fisiológica estéril. 
 
ESTUDOS INICIAIS DE LABORATÓRIO 
 
Sempre é necessário ter os seguintes estudos à chegada do paciente: 
9 Hematócrito. 
9 Eletrólitos. 
9 Uremia. 
9 Urina completa. 
9 Radiografia de tórax 
 
Análises especiais 
 
9 Glicemia. 
9 Gases arteriais. 
9 Eletrocardiograma (Obrigatório em lesões por eletricidade) 
9 Carboxihemoglobinograma. (Intoxicação por CO) 
 
 
RESUMO 
 
Qualquer queimadura pode ser uma lesão séria. 
 
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O plano terapêutico dependerá da extensão, profundidade, etiologia e idade do 
paciente. Todo médico deve levar em conta o local para onde encaminhar um 
paciente queimado que requeira internação. 
Deve contatar o médico especialista em queimados que receberá o paciente 
para adequar o tratamento e seu traslado. 
 
 
BIBLIOGRAFIA. 
 
Bell RM, Krantz, BE: Initial Assesment. In Mattox KL, Feliciano DV, 
Moore 
EE, eds. Trauma, McGraw-Hill, United States of America, 2000, 153-170. 
(Provee una reseña a la evaluación inicial de pacientes lastimados). 
 
Cancio LC, Mozingo DW, Pruitt BA Jr: Administrando cuidados efectivos 
de urgencia a lesiones termales severas, J crit Illnesss 12(2):85-95, 
1997. (Provee una reseña de la evaluación inicial de pacientes con 
queimaduras). 
 
Mozingo DW, Barillo DJ, Pruitt BA Jr: Reanimación aguda y manejo de 
traslado de pacientes lesionados termalmente, Trauma Quarterly 
11(2):94-113, 1994. (Provee una reseña de la estabilización y envío de 
pacientes queimados). 
 
Pruitt BA Jr, goodwin CW Jr, Pruitt SK: Burns. In: Sabiston DC Jr., Libro 
de Texto de Cirugía Sabiston. Philadelphia, Pennsylvania, W.B. 
Saunders Company, 1997: 221-252. (Provee un panorama del cuidado 
de queimaduras). 
 
Warden GD: Reanimación de Líquidos y Manejo Temprano. In: Herndon 
DN, ed. Cuidado Total de Queimaduras. WB Saunders Company Ltd, 
Philadelphia, Pennsylvania, 1996:53-60. (Provee un panorama de la 
reanimación de líquidos en queimaduras). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 2- MANUSEIO DE VIAS AÉREAS 
 
 
 
OBJETIVOS 
 
Após completar este capítulo o aluno deve estar em condições de: 
 
9 Citar 3 tipos de lesão por inalação. 
9 Discutir a fisiopatologia e o manuseio. 
9 Discutir problemas específicos em crianças com lesão por inalação. 
 
INTRODUÇÃO 
 
A lesão por inalação se manifesta por patologia e disfunção das vias aéreas e 
do sistema respiratório, que pode ser verificada nos 5 primeiros dias após a 
inalação de fumaça ou produtos irritantes de combustão incompleta. 
9 Envenenamento com monóxido de carbono. 
9 Lesão por inalação sobre a glote. 
9 Lesão por inalação abaixo da glote 
 
FISIOPATOLOGIA 
 
Intoxicação com monóxido de carbono 
 
A maioria das vítimas de um incêndio sofre asfixia ou intoxicação com 
monóxido de carbono. 
Valores de Carboxihemoglobina entre 50 a 70% ou mais são encontrados nas 
vítimas fatais. A hemoglobina tem 200 vezes mais afinidade pelo CO do que 
pelo oxigênio, produzindo hipoxia nos tecidos. 
A hipoxia pode causar dano ao parênquima pulmonar como também ao 
cérebro; esta situação apresenta maior urgência. Valores entre 40 e 60% 
causam obnubilação ou perda de consciência. Níveis entre 15 e 40% causam 
disfunção do SNC com diferentes sintomas. Os valores inferiores a 15% podem 
ser assintomáticos. 
Os pacientes com níveis altos de Carboxihemoglobina (> que 30%), 
apresentam em mucosas e pele cor avermelhada; estão hipóxicos, sem 
cianoses e sem taquipnéia. Dada a variedade de sintomas, é útil efetuar um 
Carboxihemoglobinograma ante a suspeita de intoxicação com CO. 
 
Lesão por inalação acima da glote (supraglótica) 
 
Exceto em raras ocasiões (aspiração de líquidos quentes ou explosões em 
câmera hiperbárica) as lesões são sempre nas vias aéreas superiores. 
A alta temperatura na região supraglótica pode produzir obstrução em qualquer 
momento da ressuscitação. 
 
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Em pacientes hipovolêmicos o edema supra glótico pode aparecer somente 
após de haver começado a hidratação. 
 
Lesão por inalação abaixo da glote (infra-glótica) 
 
Normalmente é química. 
Inclui: 
 
9 Diminuição da atividade ciliar. 
9 Eritema. 
9 Hipersecreção. 
9 Edema. 
9 Ulceração da mucosa. 
9 Incremento do fluxo sangüíneo. 
9 Espasmo de brônquios e bronquíolos. 
 
A resposta dos tecidos abaixo da glote tem relação com a quantidade e o tipo 
de substâncias voláteis inaladas e clinicamente não se pode pré-dizer como 
será a evolução. 
A insuficiência respiratória é usual. Os produtos que produzem esta lesão são: 
amônio, cloro, cloreto de hidrogênio, fosfato, aldeídos, óxido sulfúrico e óxido 
nítrico. 
Durante os primeiros minutos aparece traqueobronquites e espasmos. 
Enquanto que a lesão por inalação abaixo da glote sem queimadura tem um 
prognóstico relativamente bom; uma queimadura com mais de 20% da 
superfície corporal mascara esse prognóstico, especialmente se os sinais de 
insuficiência aparecem dentro das primeiras horas da lesão. 
Qualquer paciente em que se suspeite possível lesão por inalação subglótica 
requer pelo menos 24 horas de internação para observação. 
Apesar da profilaxia antibiótica não estar justificada em um paciente queimado, 
o diagnóstico precoce de uma lesão por inalação e o tratamento de uma 
bronquite bacteriana a indicam. 
 
Manuseio inicial 
 
Qualquer paciente com suspeita de intoxicação e/ou lesão por inalação deve 
receber de forma imediata oxigênio umidificado com máscara a 100%. 
No caso de estridor ou ruído ao respirar, significa obstrução da via aérea 
superior e requer a imediata entubação orotraqueal. Se possível, é conveniente 
que seja nasotraqueal. 
Depois de comprovado por auscultação e Rx que o tubo se encontra bem 
colocado, deve-se mantê-lo no lugar com um ponto de sutura ou cadarço. 
Deve-se recordar que uma extubação espontânea, obriga a uma 
traqueostomia, pois caso haja edema, é muito difícil uma reintrodução. 
 
 
 
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Análises especiais 
 
Até que esteja restabelecido o bom funcionamento da via aérea, é necessário 
que sejam determinados os gases sangüíneos e a carboxihemoglobinemia. 
 
História do acidente 
 
9 Houve perda de consciência? 
9 Houve inalação de produtos químicos por combustão? 
9 Foi em lugar fechado? 
 
Exame físico 
 
9 Escarro carbonáceo. 
9 Queimadura facial com destruição de vibrissas nasais. 
9 Agitação. Ansiedade; estupor; taquipnéia; cianoses ou outro sintoma 
que faça pensar em hipoxemia. 
9 Ronqueira; tosse; barulhos respiratórios guturais. 
9 Roncosdurante a auscultação. 
9 Eritema ou edema de naso-orofaringe. 
 
Tratamento de cada tipo de lesão por inalação 
 
Intoxicação por monóxido de carbono 
 
Deve-se administrar oxigênio umidificado com máscara a 100%, até que os 
calores caiam a 15%. 
A oxigenoterapia hiperbárica é de muita utilidade. 
 
Lesão por inalação supraglótica 
 
A obstrução da via aérea superior pode ocorrer muito rapidamente. O paciente 
com queimadura faríngea e estridor tem alta possibilidade de desenvolver 
obstrução da via aérea por edema; assim sendo, deve ser entubado 
precocemente, antes de ser direcionado a uma Unidade de Queimados. Uma 
entubação de emergência com edema durante o traslado é muito insegura e 
arriscada. 
 
Lesão por inalação infraglótica 
 
O paciente terá sintomas de lesão bronquial e bronquiolar, especialmente 
broncorréia. Antes do traslado, deve-se entubar e eliminar secreções. Em 
algumas ocasiões, a lesão só se apresenta em nível alveolocapilar, aparece 
tardiamente e é diagnosticada pela alteração dos gases no sangue e com Rx 
normal de pulmão. 
Estes pacientes devem ser assistidos mecanicamente com um respirador que 
permita o manuseio de volumes. 
 
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Sempre o traslado deve ser coordenado com a Unidade de Queimados, para 
evitar acidentes com a mudança de respiradores. 
Nas queimaduras que circundam o tórax, deve-se realizar escarotomias. Não 
se deve administrar corticóides em pacientes com qualquer tipo de lesão por 
inalação. 
 
Lesão por inalação em crianças 
 
Como as crianças têm as vias aéreas de menor calibre, o aparecimento de 
edema faz com estas sejam obstruídas mais rapidamente que no adulto. Se 
necessária entubação há que se ter cuidado ao escolher a medida do tubo; se 
pequeno, é fácil que ocorra a extubação. 
 
Resumo 
 
Existem três tipos diferentes de lesão por inalação: a intoxicação por CO; a 
supraglótica e a infraglótica. 
A série de sintomas associados com os tipos de lesão por inalação são tão 
imprevisíveis que fazem com que o paciente deva ser observado muito 
cuidadosamente. 
Todo paciente com suspeita, deve receber oxigênio umidificado com mascar a 
100%. Deve-se entubar precocemente; excepcionalmente traqueostomia. Todo 
paciente queimado com lesão por inalação deve ser encaminhado a uma 
Unidade de Queimados, com prévia coordenação com o médico que está 
encaminhando. 
 
BIBLIOGRAFIA. 
 
Herndon DN, Barrow RE, Linares HA, Rutan RL, Prien T, Traber LD, 
Traber DL. Lesão por Inhalación en pacientes queimados: efectos y 
tratamiento. Las queimaduras, 14: 249-56, 1988. (Provee una reseña 
del manejo clínico de una lesão por inhalación). 
 
Fitzpatrick JC, Cioffi WG Jr. Ayuda ventilatoria después de una lesão 
por inhalación y queimaduras. Respir Care //clin N Am 3 (1):21-49, 
1997. (Provee una reseña del manejo clínico de una lesão por 
inhalación). 
 
Hanston P, Butera R, Clemessy JL, Michel A, Baud FJ. Complicaciones 
tempranas y valor de las observaciones clínicas iniciales en víctimas de 
inhalación de humo sin queimaduras. Pecho 111(3):671-5, 1997. 
(Provee una reseña del diagnóstico de una lesão por inhalación). 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 3- CHOQUE E HIDRATAÇÃO 
 
 
 
Objetivos 
 
O aluno deve: 
 
9 Discutir as mudanças hemodinâmicas pós-queimadura. 
9 Poder estabelecer os requerimentos de líquidos. 
9 Descrever o monitoramento da ressuscitação. 
9 Enunciar as complicações comuns das queimaduras e da terapia 
hídrica. 
9 Identificar os pacientes que requerem uma ressuscitação especial. 
 
Introdução 
 
A ressuscitação hídrica de qualquer paciente queimado, deve ter como objetivo 
a manutenção das funções vitais e evitar complicações, de uma insuficiente ou 
excessiva hidratação. Um adequado conhecimento dos efeitos locais e 
sistêmicos que ocasiona a queimadura facilita o manuseio do paciente no 
período inicial. 
 
Efeitos locais e sistêmicos 
 
Resposta sistêmica 
 
O notório incremento da resistência vascular periférica acompanhada por uma 
diminuição do gasto cardíaco é uma das primeiras manifestações dos efeitos 
sistêmicos em pacientes queimados graves e críticos. Estas mudanças iniciais 
parecem não estar relacionadas com a hipovolemia, e são atribuídas a efeitos 
humorais e neurogênicos. Ao formar-se o edema na área da lesão, o volume 
plasmático diminui e cai o gasto cardíaco. A pressão arterial baixa e o 
hematócrito sobe por hemoconcentração. A magnitude e duração da resposta 
sistêmica são proporcionais à extensão e profundidade da lesão. 
 
Resposta hemodinâmica à hidratação 
 
O efeito agregado a estas mudanças fisiopatológicas são uma diminuição e 
redistribuição do fluxo sangüíneo nos tecidos. A administração de adequadas 
quantidades de líquidos restitui o gasto cardíaco e a circulação adequada nos 
tecidos não queimados. 
 
Resposta celular 
 
A temperatura a que os tecidos estão expostos e a duração da exposição são 
os fatores que determinam a gravidade da lesão local. 
 
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Em áreas de queimaduras profundas, a coagulação das proteínas causa morte 
celular com tromboses de pequenos vasos e necroses de terminais nervosos. 
Em áreas de menor profundidade existe uma “zona de estase”; as células são 
lesionadas e diminui a circulação. A reparação e a sobrevivência das células 
danificadas depende de uma pronta e adequada reidratação para corrigir a 
hipovolemia. 
 
Reposição de líquidos 
 
O edema que se forma no tecido danificado e morto, chega ao máximo nas 
segundas 24 horas pós-queimadura. Com adequada reposição hídrica, resolve-
se por evaporação de água pela lesão e por eliminação de água por via renal. 
Um excesso de líquidos aumenta o edema. 
O choque e a falha orgânica (mais comum à falha renal) ocorrem como 
conseqüência da hipovolemia em pacientes com grande extensão, que 
recebem uma reposição de líquidos insuficiente. 
Nas primeiras 12 a 18 horas após a lesão, produz-se uma alteração da 
permeabilidade capilar, fazendo com que o plasma saia desde os pequenos 
casos ao interstício. 
 
Estimação das necessidades de líquidos para as primeiras 48 horas 
 
As necessidades de líquidos têm relações diretas com a extensão da 
queimadura, com o peso corporal do paciente e a etiologia. A idade influi na 
relação de requerimento de líquidos e o tamanho do corpo. As crianças têm 
maior superfície corporal por unidade de massa. 
Para o cálculo deve-se pesar o paciente ou mesmo obter uma estimativa 
através de entrevista com o mesmo ou dos familiares. Deve-se efetuar 
rapidamente o cálculo de extensão da lesão mediante exaustivo exame físico. 
Se possível, colocar uma cânula grande em uma via venosa periférica, em 
zona não queimada. Ao contrário, aplicar em uma zona queimada. Se não for 
possível, pode-se utilizar a via femoral. 
 
 
Cálculo de líquidos para as primeiras 24 horas 
 
¾ Adultos: Ringer-Lactato de 2 a 4 ml x Kg de peso x % SCQT 
¾ Crianças: Ringer-Lactato de 3 a 4 ml x Kg de peso x % SCQT 
 
A metade se administra nas primeiras 8 horas; esse é o tempo em que a 
permeabilidade capilar está mais aumentada. A metade restante se administra 
nas 16 horas seguintes do primeiro dia. Assim deve-se regular segundo os 
parâmetros horários do paciente. Utilizar 10% do peso do paicente em litros por 
24 horas 
Composição do líquido a administrar 
 
Primeiras 24 horas18
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Devem-se administrar somente cristalóides, evitando qualquer colóide. Por 
estar alterada a permeabilidade capilar, os colóides passam ao interstício e 
atraem mais líquido para fora do sistema arteriovenoso. 
 
Segundas 24 horas 
 
A permeabilidade capilar começa a se normalizar a partir das 18 horas pós-
queimadura. Pode-se começar a administrar colóides. 
A administração de grandes volumes de Ringer-Lactato produz depressão dos 
valores de sódio no plasma a níveis de 130uEq/l. 
Adultos e crianças: 0.3 a 0.5 ml de líquidos com colóides x Kg de peso x % 
SCQT. 
 
Monitoramento da ressuscitação 
 
Cada paciente responde de forma diferente à ressuscitação. Deve-se adequá-
la segundo a pressão venosa central e a diurese. 
 
Diurese horária 
 
É imprescindível a colocação de uma sonda Foley. Deve-se monitorar a 
diurese em: 
Adultos e crianças com mais de 30 Kg.: de 30 a 50 ml x hora 
Crianças (pesando menos de 30 Kg): 1 ml x kilo x hora 
 
 
Manuseio da oligúria 
 
A oligúria associada com elevação da resistência vascular periférica e redução 
do gasto cardíaco é mais freqüente, como resultado de uma inadequada 
administração de líquidos. Nestas circunstâncias os diuréticos não estão 
indicados. Esta oligúria normalmente responde com aumento da administração 
de líquidos. 
Uso de diuréticos: em pacientes com grandes extensões queimadas que 
apresentam oligúria apesar do aporte de líquido, deve-se administrar diuréticos 
para prevenir falhas renais agudas; se estes receberam a fórmula pré-
estabelecida e não há sinais de perdas de sangue agregadas. 
 
Manuseio da mioglobinúria e da hemoglobinúria 
 
Os pacientes com lesões por alta voltagem (mais de 1000 volts) e os pacientes 
com lesões severas dos tecidos moles por trauma mecânico, podem ter 
quantidades significativas de mioglobina e hemoglobina na urina. Em adulto, 
caso consiga com a fórmula instaurada a manutenção de uma diurese entre 75 
e 100 ml/hora será suficiente para a eliminação dos pigmentos e não é 
necessário o uso de diuréticos. Caso não haja resposta com o aumento do 
aporte de líquidos, deve-se acrescentar 12,5g. de manitol por cada litro de 
fluido. 
 
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Quando restabelecida a diurese aos valores normais, continua-se com a 
terapia hídrica, contudo sem diuréticos. 
Devemos recordar que os pigmentos hemáticos são mais solúveis em um meio 
alcalino, podendo assim acrescentar bicarbonato de sódio, para manter a urina 
alcalinizada. 
 
Condições gerais do paciente 
 
Estas são um reflexo de como progride a terapia de hidratação. A ansiedade e 
a palidez são sinais iniciais de hipovolemia e hipoxia. O aporte de líquidos e a 
assistência ventilatória podem ser necessários. 
 
¾ Pressão arterial 
A verificação deve ser efetuada um membro não queimado; caso 
contrário a medição, que pode aumentar o edema é mais difícil e 
aparecem valores menores de P.A; não se deve interpretar e administrar 
mais líquidos, que produzirão uma sobrecarga cardíaca. 
Em pacientes do grupo IV (críticos) e com os 4 membros afetados, deve-
se colocar uma via arterial. 
 
¾ Ritmo cardíaco 
É relativo para o monitoramento da ressuscitação. Considera-se valores 
normais entre 100 e 120 x por minuto. 
O hematócrito e a hemoglobina durante as primeiras 24 horas, 
praticamente não são de utilidade. 
Se nas primeiras 24 horas existe uma caída brusca de hematócrito, 
pode-se pensar que exista uma lesão hemorrágica associada; neste 
caso deve-se administrar glóbulos vermelhos até que se consiga manter 
valores entre 30 e 35%. 
 
Química plasmática e sangue arterial 
 
Deve-se obter um basal em todo paciente com mais de 30% da superfície 
corporal e naqueles que exista suspeita de lesão por inalação. 
Nos pacientes que requeiram amostras de gases no sangue com repetição, 
deve-se canular a artéria para que não a lesione com múltiplas extrações. 
 
Radiografias 
 
Obter Rx de tórax diariamente durante a primeira semana em pacientes críticos 
(IV) ou com lesão por inalação. 
Eletrocardiograma 
 
Nos pacientes com queimaduras por alta voltagem, investigar a existência de 
disritmias. Todo paciente com antecedentes cardiológicos requer 
monitoramento permanente. 
 
 
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Complicações da fluidoterapia 
 
Edema pulmonar agudo 
 
Não é freqüente nas primeiras 48 horas pós-queimaduras em pacientes com 
uma adequada fluidoterapia. Se o edema de pulmão aparece em pacientes 
com limitada reserva miocárdica, administrar drogas inotrópicas e diminuir o 
aporte de líquidos. 
 
Acidoses 
 
A causa mais comum é a inadequada perfusão dos tecidos por incremento dos 
valores de ácido lático. Esta situação em geral reverte com o aumento do 
aporte de líquidos. Geralmente não é necessário o uso de bicarbonato, apenas 
o faz quando a acidose não reverte com a hidratação. 
 
Hipercalemia 
 
Durante a ressuscitação deve-se administrar apenas Ringer-Lactato que 
contem pouco “K”. A liberação do potássio produzido pelos glóbulos vermelhos 
danificados pelo calor eleva os níveis na circulação. Em geral a eliminação 
pelos rins é suficiente em casos de valores elevados para que haja 
normalização. 
Em alguns casos com grande destruição de tecidos, a excreção urinária pode 
não ser suficiente e deve-se tratar com bicarbonato de sódio, glicose e insulina. 
 
Hiponatremia 
 
Com o uso de Ringer-Lactato geralmente produz-se uma caída dos valores de 
sódio a 130mEq/l ao final das primeiras 24 horas de tratamento. 
Isto não representa um déficit salino, assim sendo, não é necessária 
administração de sódio extra. 
Com um apropriado manuseio de líquidos, por evaporação e pela urina 
normaliza-se e balanceia-se os níveis de Na. 
 
Pacientes que requerem especial manuseio de líquidos 
 
As fórmulas são um guia, devem ser adequadas às necessidade de cada 
paciente e pode haver necessidade de maior quantidade nos seguintes casos: 
 
9 Pacientes com lesão por eletricidade (alta voltagem). 
9 Pacientes com lesão por inalação. 
9 Pacientes em que a hidratação começou tardiamente. 
9 Pacientes com desidratação prévia. 
9 Pacientes com queimaduras químicas por ingestão. 
 
Deve-se ter especial cuidado com aqueles pacientes muito sensíveis à 
hiperidratação, já que podem sofrer sobrecarga cardíaca. 
 
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9 Pacientes com patologias cardiopulmonares prévias. 
9 Pacientes maiores de 50 anos de idade. 
9 Crianças menores de 2 anos de idade. 
 
Considerações sobre a hidratação nas crianças 
 
A maior superfície por unidade de peso que caracteriza as crianças requer a 
administração de maiores volumes de líquidos. 
A hipoglicemia pode ocorrer; a reserva de glicose cai bruscamente nas 
crianças pelos altos níveis de esteróides e catecolaminas circulantes nas 
primeiras horas pós-queimadura. Caso isto ocorra, deve-se administrar solução 
glicosada com eletrólitos. 
A obnubilação progressiva, convulsões ou outros sinais de irritação do sistema 
nervoso central deve-nos fazer pensar em edema cerebral por excessivo 
aporte de líquido; nestes pacientes deve-se diminuir o aporte, administrar 
diurético e instalar hiperventilação para reduzir o Pa CO2 a níveis entre 25 a 30 
Torr. 
 
 
 BIBLIOGRAFIA. 
 
Engrav LH, Colescott PL, Kemalyan N, Heimback DM, Gibran NS, Solem 
LD, Dimick AR, Gamelli RL, Lentz CW. Una biopsia del uso del la 
Fórmula de Baxter para reanimarqueimaduras o ¿Lo hacemos como lo 
hizo Charlie? J Burn Care Rahbil 2000; 21(2):9-95. (Provee una reseña 
de la fórmula Baxter) 
 
Graves TA, Cioffi WG, McManus WF, Mason AD, Pruitt BA. 
Reanimación de líquidos de infantes y niños con quemadura termal 
masiva. J Trauma 28: 1656-9, 1988. (Provee guías en la reanimación 
de niños) 
 
Navar PD, Saffle JR, Warden GD. Efectos de la Lesión por Inhalación 
en los requisitos después de una lesão termal. Am J Surg 1985;150:716-
720. (Reseña de reanimación de aquellos con quemadura simultánea 
cutánea y lesão por inhalación) 
 
Warden GD. Reanimación de Líquidos y Manejo Temprano. In: 
Herndon DN, ed. Cuidado total de queimaduras. Third Ed. London: WB 
Saunders, 1997:53-60. (Reseña de prácticas en reanimación de 
queimaduras) 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 4- MANUSEIO DA FERIDA (QUEIMADURA) 
 
 
 
Objetivos 
 
Após completar este capítulo o aluno deve estar em condições de: 
 
9 Diferenciar uma queimadura de espessura parcial de uma de espessura 
total. 
9 Descrever a técnica de escarotomia em membros superiores, inferiores 
e tórax. 
9 Discutir o manuseio de pacientes com queimadura em áreas especiais. 
9 Descrever o manuseio de pacientes com queimaduras por alcatrão. 
 
Introdução 
 
Em geral o tratamento da lesão local por queimadura, fica para depois que o 
paciente tenha sido ressuscitado; mas há que se levar em conta os resultados 
definitivos com relação às seqüelas; dependendo do efetivo tratamento local. 
Logo após a resposta multiparenquimatosa produzida pela queimadura, a 
aparição de complicações e a alta do paciente estão intimamente relacionadas 
ao bom manuseio da lesão local. 
 
Fisiopatologia da lesão local 
 
Dano celular 
 
A pele humana pode tolerar sem danos temperaturas até 44ºC. Acima deste 
valor diferentes lesões são produzidas. O grau da lesão tem direta relação com 
a temperatura e com o tempo de exposição. A área central da lesão, que teve 
maior contato coma fonte de calor, está coagulada com necrose celular; esta é 
chamada zona de coagulação. 
Perifericamente à zona necrosada, existe uma área com células lesionadas, 
que podem sobreviver em circunstâncias ideais, mas em geral esta zona sofre 
necrose após as primeiras 24 horas; é a chamada zona de estase. Até a 
periferia existe a zona de hiperemia que possui uma lesão mínima e se 
recupera em cerca de 7 a 10 dias. 
A profundidade da queimadura determina o tipo de tratamento a ser realizado, 
necessidade de enxertos e por último, os resultados funcionais e estéticos. 
 
Profundidade 
 
Queimadura epidérmica ou de primeiro grau: se caracteriza por e 
vermelhidão. Após 5 a 7 dias ocorre escamação das células lesionadas, que 
dão lugar às novas células, sem deixar cicatriz. 
 
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Queimaduras dermoepidérmicas: podem ser dérmicas superficiais ou de 2º 
grau superficial; os queratinócitos dos apêndices (glândulas sudoríparas e 
sebáceas) ficam viáveis, o que permite epitelização em cerca de duas 
semanas. 
As dérmicas profundas, são as que habitualmente se convertem em profundas 
e se curam espontaneamente em 3 ou 4 semanas; sempre deixam cicatrizes. 
Queimaduras totais ou profundas, ou de 3° grau: nunca se curam 
espontaneamente, pois estão comprometidas todas as camadas da pele. Só 
podem ser curadas epitelizando-se desde as bordas ou com enxertos de pele 
obtidos de áreas saudáveis. 
 
Acumulação de líquidos 
 
Além de dano celular, a clássica reação inflamatória gerada pela queimadura 
se caracteriza pela acumulação de líquido, eletrólitos e proteínas na área 
lesionada. 
 
Manuseio inicial 
 
A avaliação e o tratamento inicial sempre são prioritários em relação à ferida, 
porque o objetivo primário é salvar a vida. 
 
Escarotomia do tórax 
 
A freqüência respiratória e a profundidade das inspirações devem ser 
controladas durante o período de ressuscitação. Quando há uma queimadura 
profunda que circunde o membro e impeça a expansão torácica, deve-se 
realizar uma escarotomia até a fáscia muscular, sem rompê-la, 
longitudinalmente desde a linha axilar anterior em forma bilateral; caso não seja 
suficiente, deve-se conectar com incisões entre as duas linhas, ficando em 
forma de tabuleiro. 
 
Escarotomia das extremidades 
 
A acumulação de líquidos abaixo de um tecido necrosado não extendível, 
origina uma compressão dos vasos sangüíneos e dos nervos. 
Todos os anéis, relógios e outros adereços devem ser retirados do membro 
afetado para evitar uma possível isquemia distal. A cor da pele dos dedos, 
parestesias e diminuição no preenchimento capilar assim como também a falta 
de pulsos periféricos nos sugere pensar na necessidade de uma escarotomia 
descompressiva. 
Qualquer dos seguintes sintomas indica a necessidade de uma escarotomia: 
 
9 Cianoses. 
9 Parestesias progressivas. 
9 Diminuição ou ausência de pulsos. 
9 Sensação de frio nas extremidades. 
 
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O uso de um medidor de fluxo ultrassônico é o método mais seguro para 
determinar alterações no fluxo sangüíneo e para comprovar se a escarotomia 
apresentou resultados efetivos. 
A escarotomia pode ser realizada na cama do paciente, mas com uma técnica 
cirúrgica adequada, pincelando com anti-séptico e com campos cirúrgicos 
estéreis. Não é necessário o uso de anestesia pelo fato de a escara não 
apresentar sensibilidade. Baixas doses de morfina por via intravenosa são úteis 
para controlar a ansiedade. 
Sempre é útil realizar duas escarotomias, uma em cada lado do membro 
afetado e deve-se chegar até a fáscia para que seja bem liberado o tecido 
necrosado, que produz a constrição. Deve-se evitar lesionar estruturas nobres 
como tendões, artérias e nervos, devendo assim ter especial cuidado nas 
seguintes regiões: 
 
¾ Membro superior: passar à frente da epitróclea para evitar lesionar o 
nervo cubital. 
¾ Membro inferior: passar à frente do maléolo tibial interno para evitar 
lesionar o pacote tibial posterior. Passar à frente do perônio para evitar 
lesionar o nervo ciático poplíteo externo. 
¾ Nos dedos: fazer a incisão longitudinal e bilateral, na união do começo 
das pregas interfalângicas, para evitar assim a lesão do pacote vascular. 
 
Traslado ao centro de encaminhamento 
 
Não é necessário efetuar uma grande limpeza da ferida ou aplicar tópicos 
antimicrobianos se o traslado for realizado dentro das primeiras 24 horas. As 
feridas só devem ser cobertas com compressas estéreis. Para minimizar a 
perda de calor deve-se cobrir o paciente com mantas adequadas. Se por algum 
motivo o traslado demorar, deve haver comunicação direta entre o médico 
encaminhador e o médico receptor para adequação do traslado. 
 
Queimaduras em zonas especiais 
 
Têm um tratamento específico. Recomenda-se consulta com o médico receptor 
em caso de queimaduras no rosto, olhos, pescoço, axilas, cotovelos, mãos, 
períneo, joelhos e pés. 
 
Queimaduras faciais 
 
São consideradas lesões graves e sempre requerem internação, deve ser 
considerada a possibilidade de lesão por inalação. Devido à grande 
vascularização do rosto, acompanha-se sempre um importante edema. Para 
minimizá-lo, o paciente deve estar deitado com elevação da cabeça de 30º a 
40º com respeito ao tronco, se não estiver em choque. 
O rosto sempre deve ser lavado com água destilada ou com solução fisiológica, 
para não irritar as mucosas (olhos, nariz ou boca) com agentes anti-sépticos.É recomendável o uso da máscara úmida renovada a cada 2 horas. 
 
 
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Queimaduras oculares 
 
O exame ocular deve ser rápido, já que quando aparece o edema torna-se 
muito difícil. 
A fluorescência pode ser utilizada para identificar lesões na córnea. As 
queimaduras químicas são lavadas permanentemente com solução fisiológica. 
Pode-se colocar gotas ou cremes com antibióticos, se detectada úlcera de 
córnea. 
Não se deve utilizar colírios que contenham corticóides. A tarsorrafia nunca 
está indicada na etapa aguda. 
 
Queimaduras nas orelhas 
 
Requerem um exame para comprovar a permeabilidade do conduto auditivo 
externo. É importante determinar o aparecimento de otite externa e média, 
especialmente nas crianças. Deve-se evitar pressão sobre o pavilhão auricular; 
não utilizar bandagens compressivas nem apoiar sobre almofada. 
 
Queimaduras nas mãos 
 
As mãos mal tratadas podem ficar com importantes seqüelas funcionais, 
especialmente se comprometida a palma. O mais importante é determinar a 
vascularização, para realizar ou não a escarotomia. A presença de pulso radial 
não exclui a síndrome comportamental. O preenchimento capilar diminuído 
pode nos guiar a uma descompressão. Elevar as mãos acima do nível do 
coração diminui o edema. Também ajuda a mobilização ativa, durante 5 
minutos a cada hora. Não é recomendável efetuar grandes coberturas durante 
as primeiras 24 horas se há suspeita de compromisso vascular, pois fica 
impedida a observação. 
 
Queimaduras nos pés 
 
Deve-se verificar a circulação, elevar os membros e evitar as grandes 
coberturas. 
 
Queimaduras de genitais e períneo 
 
As queimaduras no pênis requerem a imediata colocação de uma sonda de 
Foley, para manter a permeabilidade da uretra. O cateter deve ser fixado para 
minimizar os traumas mecânicos na parede da uretra. 
Nas queimaduras profundas que circundem o órgão, deve-se efetuar a 
escarotomia dorsal. 
No escroto podem-se formar muitos edemas e não se há necessidade de um 
tratamento específico. 
As queimaduras vulvares profundas também requerem a colocação de uma 
sonda de Foley. Apesar das queimaduras do períneo serem difíceis de 
manusear, é pouco provável que haja necessidade de uma colostomia. 
 
 
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Queimaduras térmicas especiais 
 
Queimaduras por alcatrão (brasa) 
 
São sempre por contato; o composto betuminoso não é absorvido e não é 
tóxico. 
O tratamento de emergência consiste em esfriar o alcatrão com água fria. 
A remoção da brasa não é emergencial, a água fria está indicada para deter o 
processo de queimadura. O alcatrão aderido deve ser coberto com gaze 
vaselinada e gaze seca para promover a emulsificação. A adição de óleo de 
girassol ajuda neste processo. 
 
 
 
 BIBLIOGRAFIA. 
 
Sheridan, RL. Evaluación y manejo de lesão de queimaduras. 
Dermatology Nursing 2000; 12(1): 21-8. (Una reseña de métodos de 
evaluación de la profundidad y tamaño de las queimaduras) 
 
Wiewbelhaus, PA, Hansen, SL. Lo que usted debe saber acerca del 
manejo de emergencias en queimaduras. Nursing 2001; 24(1): 45-51. 
(Una reseña de la evaluación de una lesão de quemadura). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 5- QUEIMADURAS POR ELETRICIDADE 
 
 
 
Objetivos 
 
Após completar este capítulo o aluno deve estar em condições de: 
 
9 Descrever as mudanças fisiopatológicas que ocorrem nas queimaduras 
por eletricidade. 
9 Discutir as técnicas especializadas para manusear o paciente 
9 Destacar os princípios do manuseio inicial 
 
Introdução 
 
As queimaduras elétricas se dividem arbitrariamente em alta e baixa voltagem 
se estão acima ou abaixo dos 1000 volts respectivamente. 
As lesões por alta voltagem são em geral entre 7200 e 19000 volts, mas podem 
ocorrer em categorias superiores a 100.000 e 1.000.000 volts. As lesões 
domésticas na Argentina são de correntes de 220 e as industriais de 380 volts. 
 
Fisiopatologia 
 
A lesão produzida pela eletricidade é resultado da conversão da energia 
elétrica em calor. As mãos e pulsos são as portas de entrada mais comuns e 
os pés a fonte de saída. 
Os tecidos têm diferentes resistências ao percorrer da corrente. O nervo é o 
que apresenta menor e o osso a maior resistência, respectivamente. 
Por efeito Joule, o passar da corrente em um tecido de ata resistência como o 
ossos, eleva a temperatura do mesmo, produzindo queimaduras nas estruturas 
vizinhas. 
A passagem de corrente de alta voltagem por células produz o fenômeno de 
eletroporação (produção de poros na membrana celular) que leva em curto 
prazo a célula à morte. A passagem da corrente por um membro apresenta 
como resultado a necrose muscular abaixo do tecido são. 
Estas lesões são extremamente difíceis de avaliar clinicamente; pode haver um 
severo dano muscular e de tecidos ao redor do osso, contudo, a pele pode 
apresentar-se intacta. 
 
Tipo de lesão dos tecidos 
 
1) Queimadura cutânea sem lesão de tecidos profundos. É produzida 
quando há fogo nas roupas e não há passagem de corrente elétrica 
através do paciente. 
2) Queimadura cutânea mais lesão profunda dos tecidos como gordura, 
fáscia, músculo e osso. A lesão muscular está associada com a 
 
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3) liberação de mioglobina, a qual deverá ser excretada pelo rim. 
Dependendo da quantidade de pigmentos liberados, a urina poderá ser 
rosada, vermelha ou marrom. É difícil e não é necessário diferenciar 
entre mioglobina e hemoglobina. Os dois são indicativos de lesão de 
tecidos e representam um risco para o rim. 
 
Lesões por raio 
 
Este tipo de lesão não é esporádica; mata cerce de 50 pessoas por ano na 
Argentina. 
É uma corrente direta de 100.000 volts ou mais e de 200.000 ampéres e pode 
atuar por 2 mecanismos diferentes. 
 
Ação direta 
 
A corrente gerada pelo raio, freqüentemente passa pela superfície do corpo e 
não através deste. As queimaduras cutâneas são superficiais, apresentando o 
que foi dado o nome de patrão arborescente. 
 
Explosão-Clarão 
 
O mecanismo de explosão-clarão é produzido quando a corrente não alcança o 
paciente, mas há formação de fogo no ambiente ou o calor produzido pela 
descarga afeta a vítima. 
 
Manuseio da queimadura elétrica 
 
Estabelecer o tipo de lesão 
 
Obter informações do acidente: Onde e como ocorreu? O paciente perdeu a 
consciência ou teve amnésia? Teve algum trauma agregado? Sofreu parada 
cardíaca ou disritmia? 
 
Exame físico 
 
Identificar os pontos de contato: entradas e saídas. 
 
9 Retirar todas as roupas e acessórios. 
9 Examinar os pés e as mãos. 
9 Raspar a cabeça se houver pontos de contato com a mesma. 
9 Estimar a extensão da queimadura. 
9 Efetuar um exame neurológico central e periférico. 
9 Verificar lesões medulares, fraturas de ossos largos e luxações. 
 
 
 
Manter a via aérea permeável 
 
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Colocar um tubo endotraqueal, se indicado. 
 
Ressuscitação 
 
Deve-se colocar uma ou mais vias centrais. O líquido de escolha é Ringer-
Lactato, administrado com as fórmulas já pré-estabelecidas, levando em conta 
queem geral, a necessidade é maior do que o valor estimado. 
 
Colocação de sonda de Foley 
 
Exame de urina 
 
Caso haja pigmentos, a diurese deve ser mantida entre 75 a 100 ml por hora, 
até que a cor da urina se clareie. Uma ampola de bicarbonato de sódio (50 
mEq) por litro de Ringer-Lactato pode ser administrada em forma intravenosa 
para a manutenção do pH sangüíneo dentro de valores aceitáveis. O 
procedimento deve ser mantido até a eliminação dos pigmentos na urina. Se a 
diurese não responder ao tratamento, bem como não houver clareamento da 
urina, deve-se realizar uma infusão de manitol. 
 
Monitoramento com eletrocardiograma 
 
Deve-se efetuar um ECG logo após a chegada do paciente. O monitoramento 
deve ser mantido contínuo durante as primeiras 24 horas. 
 
Manutenção da circulação periférica 
 
Em qualquer membro comprometido deve-se controlar a cada hora a pulsação 
periférica; o preenchimento capilar, a sensibilidade e a cor da pele. Se algum 
destes sinais apresentar compromisso vascular, deve-se realizar uma 
descompressão imediata. 
 
Fasciotomia 
 
Em queimaduras por alta voltagem, apesar de não haver queimaduras 
profundas que circundem o órgão/membro, pode-se desenvolver uma síndrome 
comportamental, devido ao fato de o músculo afetado se edemaciar abaixo da 
fáscia. Clinicamente se manifesta como um músculo sem função e encontra-se 
muito túrgido à palpação. 
 
1) Membro superior 
 
A musculatura do antebraço é muito suscetível à isquemia. Se 
necessária uma fasciotomia, deve-se cuidar para não lesionar o nervo 
cubital; pode-se utilizar anestesia local. É realizada com bisturi 
elétrico, incidindo a pele; celular subcutâneo e fáscia. Deve haver 
especial atenção ao local onde estivera o relógio, pulseiras e anéis. 
 
 
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Pode ser necessário efetuar uma liberação do túnel do carpo, caso a 
fasciotomia não melhore a vascularização. 
 
2) Membro inferior 
 
Os quatro compartimentos são suscetíveis à isquemia por edema 
subfascial. A fasciotomia deve ser efetuada com 2 incisões. A externa 
deve começar pela frente da cabeça do perônio e seguir cerca de 
25cm sobre a diáfise do mesmo distalmente. Abrir a fáscia tendo 
cuidado para não lesionar o nervo ciático poplíteo externo. A interna 
começa sobre a inserção do gêmeo interno e segue distalmente, até 
a borda interna do tendão de Aquiles. Deve ter cuidado para não 
lesionar a veia safena interna. 
A perda de sangue pode ser considerável e é controlada com um 
bisturi elétrico. Caso a fasciotomia seja feita precocemente, é possível 
que não sangre devido à hipovolemia e à vasoconstrição periférica; 
contudo, deve-se estar preparado para o sangramento que pode 
aparecer quando o paciente sair do choque. 
 
Queimaduras elétricas em pacientes pediátricos 
 
Nas crianças são comuns as lesões de baixa voltagem produzidas no lar. O 
habitual é que se coloque um cabo na boca ou a introdução de objetos 
metálicos em tomadas elétricas. Em geral produz-se pequenas lesões 
cutâneas, mas podem ser profundas. As lesões, tanto de comissuras labiais 
como de língua não devem ser tratadas cirurgicamente nas primeiras 72 horas. 
Antes da tomada de intervenção cirúrgica, deve-se esperar que desapareça o 
edema. 
 
 
BIBLIOGRAFIA. 
 
Hunt JL, Mason AD, Jr., Masterson TS, Pruitt BA, Jr. La fisiopatología de 
las lesiones de quemadura elétrica aguda. J. Trauma. 1976;16:335-40. 
 
Hunt JL, McManus WF, Haney WP, Pruitt BA, Jr., Lesiones vasculares 
en queimaduras eléctricas agudas. J Trauma. 1974;14:461-73. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 6- QUEIMADURAS QUÍMICAS 
 
 
Objetivos 
 
 
Após completar este capítulo o aluno deve estar em condições de: 
 
9 Citar 3 classes de lesões por produtos químicos 
9 Discutir o manuseio inicial. 
9 Descrever o tratamento de queimaduras oculares, por petróleo e ácido. 
 
Introdução 
 
Em qualquer momento da vida cotidiana de uma pessoa pode haver exposição 
a produtos químicos tanto no lar, no trabalho como em locais de distração. 
Os produtos químicos são classificados em: bases, ácidos ou componentes 
orgânicos. 
 
Classificação 
 
As bases: incluem os hidróxidos, carbonatos ou sodas cáusticas como as de 
sódio, potássio, amônio, lítio, boro e cálcio. A maioria é encontrada em líquidos 
limpadores e cimentos. 
Os ácidos: o ácido clorídrico forma parte de quase todos os elementos de 
limpeza para o banho. O ácido oxálico é utilizado como removedor. O ácido 
muriático é utilizado como redutor de pH de piscinas. O ácido sulfúrico é 
utilizado como purificador nas indústrias. 
Os compostos orgânicos: incluem os fenóis, cresóis e derivados de petróleo; 
produzem lesões por contato e têm efeitos sistêmicos. Os fenóis são utilizados 
como desinfetantes, os cresóis e derivados de petróleo são utilizados nas 
residências e indústria. 
 
Fatores que determinam a gravidade 
 
9 Agente. 
9 Concentração. 
9 Volume. 
9 Duração do contato. 
 
Tratamento 
 
Todas as pessoas que tiverem contato com um paciente com queimaduras por 
produtos químicos devem estar protegidas, utilizando roupas impermeáveis e 
luvas. 
O tratamento inicial consiste em remover as roupas saturadas com o agente, 
incluindo roupa íntima, meias e calçados. Escovar a seco a pele do paciente, 
 
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caso o agente seja sólido e logo irrigar com grande quantidade de água (banho 
de ducha); nunca por imersão. Não existe outro agente superior à água. Não se 
deve neutralizar o produto químico, pois será gerada uma reação exotérmica 
com aumento da temperatura local que contribui para tornar a lesão mais 
profunda. A irrigação deve continuar até que o paciente tenha sensação de 
alívio. 
 
Queimaduras químicas específicas 
 
Lesões oculares por bases 
 
As bases se juntam às proteínas dos tecidos e necessitam de uma irrigação 
prolongada para serem diluídas e para que a progressão da lesão seja detida. 
Pode-se efetuar com água ou solução fisiológica. O paciente pode apresentar 
edema e espasmos nas pálpebras. Se necessário, forçar a abertura para que 
seja feita uma efetiva irrigação. Deve-se deixar uma tubulação em ângulo 
externo do olho em gotejamento de solução fisiológica contínuo até 
encaminhamento do mesmo a uma Unidade de Queimados. 
(Dispositivo ocular de Morgan para irrigação contínua) 
 
Lesões por petróleo e seus derivados 
 
A gasolina e o diesel são produtos derivados do petróleo que causam lesões 
nos tecidos. 
O contato prolongado com estes produtos, pelo processo conhecido como 
“lipidação”, podem produzir uma queimadura química de diferentes graus de 
profundidade. 
Se absorvidos de forma exagerada, estes hidrocarbonetos podem produzir 
problemas respiratórios, hepáticos e renais. As enzimas hepáticas serão 
elevadas após 24 horas. Pode-se produzir também uma intoxicação por 
chumbo caso o composto contenha chumbo tetra etílico. 
 
Ácido fluorídrico 
 
É o ácido inorgânico mais reativo nos tecidos e causa as lesões mais sérias e 
profundas. Esta destruição de tecidos é produzida quando o íon flúor se 
combina com proteínas. Caso o íon se combine com cálcio ou magnésio, 
obtem-se fluoreto de Ca ou Mg, os quais não são agressivos. 
O tratamento imediato consiste em abundante lavagem com água ou água com 
gluconato de cálcio a 10%, injeção subcutânea e intralesional. Este 
procedimento acalma a dor de forma imediata. 
As lesões com este ácido,frequentemente ocorrem nas mãos e nos dedos. 
Deve-se ter em conta que uma lesão de 2% da superfície corporal não 
tratada antes das 3 horas consecutivas, pode ser “letal”. 
 
 
 
 
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BIBLIOGRAFIA. 
 
Kirkpatrick JJ, Enion DS, and Burd DA, Hydrofluoric acid burns: a review. 
Burns 21:483-493, 1995. (Una reseña de la fisiología de quemadura de 
ácido hidrofluórico y manejo). 
 
Wagoner MD, Chemical injuries of the eye: current concepts in 
pathophysiology and therapy. Surv Ophthalmol 41:275-313, 1997. (Una 
reseña del manejo de una quemadura química ocular) 
 
Smith KJ, The prevention and treatment of cutaneous injury secondary to 
chemical warefare agents. Dermatologin Clinics 17:41-60, 1999. (Una 
reseña del manejo de una quemadura química secundaria relacionada a 
agentes usados en la guerra) 
 
Mazingo DW, Smith AA, McManus WF, Pruitt BA, Mason AD. Chemical 
Burns. J. Trauma 1988; 28:642-47. (Una reseña extensa de 
queimaduras químicas) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 7- QUEIMADURAS PEDIÁTRICAS 
 
 
 
Objetivos 
 
O aluno deve estar em condições de diferenciar entre um adulto e uma criança 
o seguinte: 
 
9 Superfície corporal com relação ao peso. 
9 Regulação da temperatura. 
9 Espessura da pele. 
9 Discutir o manuseio inicial das queimaduras térmicas, elétricas e 
químicas em crianças. 
 
Introdução 
 
A cada ano mais de 300 crianças morrem na Argentina por queimaduras e 
cerca de 1200 ficam com importantes seqüelas estéticas. 
As queimaduras por líquidos quentes são as mais comuns em crianças 
menores de 3 anos e por fogo direto naquelas em maior faixa etária. 
 
Fisiopatologia 
 
Superfície corporal 
 
 
As crianças têm maior superfície corporal por kilo de peso que os adultos. 
Uma criança de 7kilos é só um décimo de um adulto com 70 kilos, mas tem um 
terço da superfície corporal desse adulto. Como conseqüência deste fato, a 
criança requer maior aporte de líquidos na etapa de ressuscitação. 
As crianças abaixo dos 2 anos têm a pele mais fina, o que resulta no fato de 
que a uma mesma temperatura e tempo de exposição, a queimadura é mais 
profunda. As queimaduras que ao início aparecem como intermediárias, 
geralmente terminam sendo profundas. 
 
Regulação da temperatura 
 
Também tem relação com a maior superfície corporal; a criança perde mais 
temperatura e, além disso, por apresentar menos massa muscular tem menor 
produção de calor. 
Em crianças menores de 6 meses, deve-se manter uma temperatura ambiente 
adequada de 36º a 37ºC para que não percam calor. 
Nos adultos, exposições por 30 segundos a 54ºC produzem queimaduras. Em 
uma criança, à mesma temperatura, é necessária apenas uma exposição de 10 
segundos. A 60ºC, temperatura habitual de líquidos quentes no lar, a lesão em 
uma criança é formada em apenas 5 segundos. 
 
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Avaliação inicial 
 
Os antecedentes são importantes; não devemos deixar de recordar a 
possibilidade de abuso infantil em crianças menores de 4 anos. 
 
Extensão 
 
Levar em conta a diferença cefalopodálica com respeito ao adulto; a regra dos 
9 modificada ou a regra de Pulansky e Tenninson podem ser de grande 
utilidade. 
 
Via aérea 
 
As crianças podem apresentar sinais de lesão por inalação mais precocemente 
que os adultos. A entubação endotraqueal está indicada quando há suspeita de 
comprometimento da via aérea supra-glótica. A entubação deve ser efetuada 
por alguém bem treinado (anestesista pediátrico). A laringe da criança está 
localizada de modo mais proximal que no adulto; o que requere maior 
angulação da cânula. 
Devido a esta diferença anatômica necessita-se um especialista em crianças. 
O diâmetro das narinas pode ser utilizado para a escolha do tubo a ser 
colocado. Tentativas frustradas de repetidas entubações produzem mais 
edema nas via aéreas superiores. 
A traqueostomia nunca está indicada; é preferível colocar uma agulha grossa 
percutânea transitória. 
Toda criança com suspeita de lesão por inalação deve ser transladada tão 
rápido quanto possível a uma Unidade de Queimados Pediátrica. 
 
Circulação 
 
Toda criança com queimaduras em mais de 10% da superfície corporal, de 
qualquer tipo de profundidade, deve ser internada, pois necessita de colocação 
de via venosa. Em crianças sempre se deve colocar uma sonda nasogástrica, 
já que com o choro tragam muito ar. 
A fórmula para as primeiras 24 horas é: 3 a 4 ml x Kg x SCQ de Ringer-Lactato; 
a metade do calculado utiliza-se nas primeiras 8 horas e a metade restante nas 
16 horas seguintes. 
Deve-se recordar a possível hipoglicemia; ao 2° dia, é recomendável adicionar 
5% de glicose. 
As necessidades de manutenção são: 
100 ml x Kg x os primeiros 10 kilos de peso corporal + 
50 ml x Kg x os 11 a 20 kilos + 
20 ml x Kg desde os 20 kilos para cima. 
 
Exemplo de uma criança de 23 kilos 
 
1000 ml + 500 ml + 60 ml = 1.560 ml para 24 horas de manutenção. 
Lembrar que as fórmulas são apenas estimativas. 
 
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A via intra óssea é uma alternativa válida para salvar a vida, quando não é 
encontrada uma via permeável e se realiza na tuberosidade anterior da tíbia 
com uma cânula grossa. 
A diurese em crianças com peso menor que 30 kilos deve se de 1 ml x Kg X 
hora. Para mais de 30 kilos deve ser entre 30 e 50 ml por hora. 
 
Cuidado com a ferida 
 
Lembrar que há um processo de queimadura; retirar as roupas; fazer um 
exame completo corporal, para determinar a extensão e profundidade, e cobrir 
com compressas estéreis. Não utilizar tópicos locais. Abrigar o paciente para 
que não entre em hipotermia. 
 
Escarotomia 
 
É igual ao adulto. Vale recordar que a criança se esgota facilmente do ponto de 
vista respiratório pelo fato de as queimaduras profundas que circundam o tórax 
requererem sempre uma escarotomia. 
Para determinar a circulação nos membros, é necessário dispor de um 
Doppler. 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
Sheridan RL. The seriously burned child: resuscitaion through 
reintegration - part 1 (1998;28:105-27) y parte 2 (1998;28:139-67). 
Current Problems in Pediatrics. (Una comprensiva reseña del manejo de 
lesiones de quemadura en niños). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 8- ESTABILIZAÇÃO, ENCAMINHAMENTO E 
TRANSPORTE 
 
Objetivos 
 
O aluno deve: 
 
9 Descrever a estabilização pré-transferência. 
9 Descrever os procedimentos de transferência. 
 
Introdução 
 
Todo paciente com queimaduras térmicas, elétricas ou químicas requer uma 
avaliação imediata em um Centro Assistencial. 
Os profissionais da saúde devem avaliar o paciente para um possível 
encaminhamento caso não haja recursos suficientes para o tratamento do 
mesmo. O paciente deve ser sempre avaliado levando-se em conta a 
possibilidade da presença de lesões associadas. 
Todos os procedimentos realizados devem estar anotados para o momento da 
transferência á Unidade de Queimados; enviar a maior quantidade de 
informações possíveis sobre o caso. 
 
Critérios para encaminhar um paciente a umaUnidade de Queimados 
 
1) Pacientes com queimaduras intermediárias (AB) com mais de 10% da 
superfície corporal 
2) Queimaduras de qualquer tipo que envolvam rosto, pescoço, mãos, 
períneo, genitais, pés e articulações. 
3) Queimaduras profundas de qualquer extensão. 
4) Queimaduras por eletricidade. 
5) Queimaduras por produtos químicos. 
6) Pacientes com lesão por inalação. 
7) Pacientes com patologia pré-existente. 
8) Pacientes com queimaduras e trauma concomitante, no qual a 
queimadura represente maior risco à vida. 
9) Crianças queimadas que estejam em um hospital que não tenha uma 
Unidade Pediátrica especializada em queimados. 
10) Pacientes queimados que tenham alterações psiquiátricas; emocionais 
e problemas para sua reabilitação. 
 
Os pacientes que estejam em ambos extremos da vida têm maior risco ante 
uma lesão por queimadura. 
O Grupo Interdisciplinar treinado para o tratamento de pacientes queimados 
(cirurgiões, clínicos, enfermeiras, psicólogos, nutricionistas e kinesiólogos), têm 
maiores resultados no tratamento dos pacientes, obtendo um menor tempo de 
 
 
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internação, menores seqüelas estéticas e funcionais, com uma reinserção 
social mais rápida. 
 
Estabilização e preparação para a transferência 
 
Uma vez tomada a decisão de transferir o paciente, é essencial que o mesmo 
esteja clinicamente estabilizado. Os principais já foram descritos em outros 
capítulos, mas vale a pena recordar: 
 
9 Estabilização respiratória: manter permeável as vias aéreas 
superiores. Avaliar a lesão por inalação. Administrar oxigênio 
umidificado a 100% caso haja suspeita de uma intoxicação por 
monóxido de carbono (CO). 
 
9 Estabilização Hemodinâmica: colocar uma via venosa em uma zona 
não queimada. Aplicar a fórmula com Ringer-Lactato. Colocar uma 
sonda de Foley. Medir a diurese, fazendo com que sejam obtidos 
valores de 50 a 100 ml por hora. 
 
9 Estabilização Gastrointestinal: não administrar alimentação antes 
nem durante a transferência. Caso a queimadura seja superior a 20% 
da superfície corporal, deve-se colocar uma sonda nasogástrica. 
 
9 Estabilização da Queimadura: lavagem com água e sabão. Cobrir 
com compressas estéreis. Não colocar tópicos bactericidas. Cobrir o 
paciente para evitar a hipotermia. 
 
9 Estabilização da Dor: a administração de morfina é realizada 
unicamente por via intravenosa. 
 
9 Imunização Antitetânica: deve-se aplicar assim que se consiga a 
estabilização hemodinâmica. (Soro e vacina). 
 
9 Documentação: recomenda-se enviar o paciente com o seguinte 
modelo de planilha, para simplificar a coleta de dados. (Ver página 38). 
Além disso, denúncia policial. O paciente deve ser acompanhado por 
um familiar adulto em seu traslado. 
 
Processo de transferência 
 
O contato médico-médico é essencial por via telefônica; o médico 
encaminhador informará sobre os antecedentes, estado atual e os resultados 
dos primeiros exames laboratoriais. Desta forma o médico receptor terá uma 
idéia do estado do paciente, para decidir sua internação segundo o grupo de 
gravidade. Segue um exemplo de planilha para transferência: 
 
 
 
 
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 PLANILHA DE TRANSFERÊNCIA 
 
Data ___/___/___ Hora___ ___ 
 
Médico encaminhador: _____________________________________Telefone: ______________ 
 
Nome do paciente: _______________________________________________________________ 
 
Idade:_____ Sexo:_________ Altura:__________Peso:________ 
 
Data e hora do acidente:_____________ Etiologia:________________________________ 
 
Zonas comprometidas:___________________________________________________________ 
 
Lesões concomitantes:_________________________________________________________ 
 
Alergias:_____________________________ Medicação:_______________________________ 
 
Medicação prévia ao acidente: ___________________________________________________ 
 
Antecedentes patológicos: ________________________________________________________ 
 
Tétanos: _______________ Analgésicos: ____________________________ (Via/Dose/Horário) 
 
Lesão por inalação: SIM NÃO Entubação: SIM NÃO O2 _______________________ 
 
Lesão que circunde membro: SIM NÃO Onde:___________________Pulso distal: SIM NÃO 
 
Escarotomias: SIM NÃO Onde: ________________________Pulso post: SIM NÂO 
 
Via venosa N° 1: __________________________ Gotas x´ ____ Total desde a____________ 
 
Via venosa N° 2: __________________________ Gotas x´ ____ Queimadura___________ ml 
 
Diurese (Foley) desde a lesão: ______________________________ ml 
 
Rx Tórax: _______________________________________________________________________ 
 
Outros Rx: ______________________________________________________________________ 
 
Estado na saída: Pulso: _________________ x minuto 
 F. Resp.: ______________ x minuto 
 P. Arterial: _____________ Max. _______________ Min. 
 
Resultados de Laboratório: _______________________________________________________ 
________________________________________________________________________________ 
________________________________________________________________________________ 
 
Modo de transporte: Ambulância: Avião: Helicóptero: 
 
Assinatura e rubrica do Médico encaminhador: _______________________________________ 
 Este documento informa sobre o paciente à Unidade de Queimados 
 
 40
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BIBLIOGRAFIA. 
 
Sheridan R, Weber J, Prelack K, Petras L, Lydon M, Tompkins R. 
Early burn center transfer shortens the length of hospitalization and 
reduces complications in children with serious burn injuries. J Burn 
Care Rehabil 1999 Sep–Oct. 2000;20:347–50. (Demonstrates that 
delay in transfer of seriously burned patients compromises outcome, 
increases length of hospitalization and increases costs.) 
 
Vestrup JA. Interinstitutional transfers to a trauma center. American 
Journal of Surgery. 1990;159:462–5. (Reviews protocols for transfer 
of seriously injured patients.) 
 
Young JS, Bassam D, Cephas GA, Brady WJ, Butler K, Pomphrey 
M. Interhospital versus direct scene transfer of major trauma 
patients in a rural trauma system. American Surgeon. 1998;64:88–
91. (Reviews indications for transfer of seriously injured patients 
directly to specialty centers.) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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APÊNDICE I 
 
Lesões por radiação 
 
Os órgãos e tecidos submetidos à irradiação alteram seu DNA celular. As 
células podem ser: stem cells (células imaturas), células em diferenciação e 
células maduras. As células maduras são as que menos sofrem lesões; ao 
contrário, as células imaturas, que possuem grande atividade mitótica, são as 
mais vulneráveis ao desenvolvimento de uma lesão em seu aparelho de 
replicação celular. 
Biologicamente a incapacidade de reprodução faz com que uma célula ou tipo 
celular termine por extingüir-se. 
Logicamente aquelas células maduras em órgãos que requerem freqüentes 
mudanças, são aquelas que apresentam manifestações clínicas mais precoces. 
As células sangüíneas e aquelas

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