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INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL - FONTES DO DIREITO PENAL CONCEITO DE DIREITO PENAL: é o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo do estado, tendo em vista os fatos de natureza criminal e as medidas aplicáveis a quem os pratica. CARACTERISTICAS DO DIREITO PENAL RAMO DO DIREITO PÚBLICO – regula as relações entre o particular e o estado – princípio da supremacia do interesse público sobre o privado. CIÊNCIA CULTURAL – o direito penal cuida do “dever ser” (regras de conduta e comportamento) e não do “ser” (ciência natural). CIÊNCIA FINALISTA – o direito penal tem por finalidade garantir a sobrevivência e a paz da sociedade pela tutela de seus bens fundamentais. CIÊNCIA DOGMÁTICA – o direito penal tem por fundamento o direito positivo – é um conjunto de normas jurídicas positivadas e vigentes – é um direito legislado e não um conjunto de decisões. SANCIONADOR – o direito penal estabelece sanções para o descumprimento de sua norma. DIREITO PENAL OBJETIVO E SUBJETIVO DIREITO PENAL OBJETIVO: conjunto de normas jurídicas vigentes que definem ou descrevem, abstratamente, a conduta criminosa e cominam a respectiva pena, estabelecendo as regras de sua aplicação. DIREITO PENAL SUBJETIVO: JUS PUNIENDI – é o direito de punir, também chamado por alguns doutrinadores de poder de punir do estado – consiste no poder do estado de criar normas e a possibilidade de, a partir delas, impor e executar penas. O jus puniendi é monopólio estatal. O direito de punir do estado não é absoluto, é limitado por princípios constitucionais e legais que estudaremos mais adiante como o principio da reserva legal. FONTE DO DIREITO PENAL É o lugar de onde o direito penal provém. FONTE MATERIAL, DE PRODUÇÃO OU SUBSTANCIAL: é aquela que se refere ao órgão incumbido de sua elaboração. De acordo com a Constituição Federal, a União (Congresso Nacional) é a fonte de produção do Direito Penal no Brasil (art. 22, I). Conforme previsão do parágrafo único do art. 22 da CF, lei complementar federal poderá autorizar os Estados a legislar em matéria penal sobre questões específicas, ou seja, matérias relacionadas em lei complementar que tenham interesse meramente local. Trata-se de competência suplementar, que pode ou não ser delegada aos Estados- Membros, os quais não podem legislar sobre matéria fundamental de Direito Penal. FONTE FORMAL, DE COGNIÇÃO OU DE CONHECIMENTO: é a que se refere ao modo pelo qual o Direito Penal se exterioriza, a lei, inclusive tratados e convenções. (medida provisória não é fonte imediata do direito penal, pois não é lei). DIFERENÇA ENTRE NORMA E LEI A norma é o mandamento de um comportamento normal, retirado do senso comum de justiça de uma coletividade, como, por exemplo, não matar. Desse modo, a norma é uma regra proibitiva não escrita, extraída do espírito dos membros da sociedade. A lei, por sua vez, é a regra escrita, expressa, que funciona como veiculo da norma. O legislador, levando em conta que o normal é não praticar determinado ato, descreve-o como crime, associando-lhe uma pena. Assim, a lei é DESCRITIVA e NÃO PROIBITIVA, ao contrário da norma, que proíbe. Nem toda norma é lei. Assim a principal característica da lei penal consiste no fato de não ser proibitiva e sim descritiva. A LEI PENAL É COMPOSTA DE DUAS PARTES a) preceito primário: descrição da conduta b) preceito secundário: sanção. Exemplo: Artigo 121 código penal: Homicídio simples Art. 121. Matar alguém: (preceito primário) Pena - reclusão, de seis a vinte anos. (preceito secundário) CLASSIFICAÇÃO DA LEI PENAL A lei penal se classifica em duas espécies: a) leis incriminadoras – define ou descreve abstratamente as condutas incriminadoras e comina as respectivas penas. b) leis não incriminadoras - As leis não incriminadoras, por sua vez, subdividem-se em: a) leis não incriminadoras permissivas - são aquelas que tornam lícitas determinadas condutas tipificadas (descritas) em leis. Exemplo artigo 23 do código penal. b) leis não incriminadoras finais, complementares ou explicativas. são aquelas que esclarecem o conteúdo de outras leis e delimitam o âmbito de sua aplicação., Exemplo Art. 150 § 4º do CP e art. 327 do CP. CARACTERÍSTICAS DAS NORMAS PENAIS a) Exclusividade: somente as normas penais definem crimes e cominam penas; b) Imperatividade: impõem-se coativamente a todos; c) Generalidade: têm eficácia erga omnes, dirigindo-se inclusive aos inimputáveis; d) Impessoalidade: dirigem-se impessoal e indistintamente a todos. NORMA PENAL EM BRANCO É aquela cujo preceito secundário está completo (a sanção), permanecendo indeterminado o seu conteúdo (a definição legal do crime está incompleta). Exemplo: artigo 237 do código penal. CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS PENAIS EM BRANCO a) Normas penais em branco em sentido lato ou homogêneas: o complemento provém da mesma fonte formal, isto é, emana da mesma fonte legislativa; (237-CP). b) Normas penais em branco em sentido estrito ou heterogêneas: o complemento provém de fonte formal diversa, ou seja, há diversificação quanto ao órgão de elaboração da norma. – Ex. – LEI DE DROGAS, ART 33. COSTUME É o conjunto de normas de comportamento a que as pessoas obedecem de maneira uniforme e constante, pela convicção de sua obrigatoriedade jurídica. ESPÉCIES DE COSTUME: a) contra legem: inaplicabilidade da norma jurídica em face do desuso, da inobservância constante e uniforme da lei; b) secundum legem: traça regras sobre a aplicação da lei penal, estabelece uniformidade na interpretação ou aplicação da lei; c) praeter legem: preenche lacunas da lei. QUESTÕES IMPORTANTES NO BRASIL, O COSTUME “CONTRA LEGEM” REVOGA A LEI? Não, em face do que dispõe o art. 2º, § 1º, da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual uma lei só pode ser revogada por outra. EM NOSSO PAÍS, PODE O COSTUME “PRAETER LEGEM” CRIAR DELITOS? Tendo em vista o princípio da reserva legal, o costume não cria delitos, nem comina penas. QUAL A DIFERENÇA ENTRE HÁBITO E COSTUME? A diferença é que, ao contrário do costume, no hábito inexiste a convicção da obrigatoriedade jurídica do comportamento. PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO São princípios que se fundam em premissas éticas extraídas do material legislativo, isto é, do ordenamento jurídico. São o alicerce do ordenamento jurídico. Dispõe o art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil que, “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”. OBS: A analogia não é fonte do direito, é apenas método pelo qual se aplica a fonte formal imediata, isto é, a lei do caso semelhante, ao fato não regulado expressamente pela norma jurídica. Na lacuna da legislação aplica-se em primeiro lugar outra lei (a do caso análogo), através da atividade conhecida como analogia, de modo que, não existindo lei de caso parecido aplicável por semelhança, recorrer-se-á então às fontes formais mediatas, que são os costumes e os princípios gerais do direito. FORMAS DE PROCEDIMENTO INTERPRETATIVO a) eqüidade: é a correspondência jurídica e ética da norma ao caso concreto – o Juiz deve procurar a solução mais justa possível, tratando as partes com igualdade; b) doutrina: consiste nos estudos, nas investigações e reflexões teóricas dos cultores do direito; c) jurisprudência: é a repetição constante de decisõesno mesmo sentido em casos semelhantes. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL Princípio de legalidade, da anterioridade ou da reserva legal – art. 1º CP – art. 5º XXXIX - CF – não há crime sem lei anterior que o defina, não há pena sem prévia cominação legal. Princípio da intranscendência ou da pessoalidade da a pena – art. 5º, XLV – CF – Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação ou perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido. Princípio da irretroatividade da lei penal – art. 5º, XL CF – A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. Princípio da individualização da pena – art. 5º XLVI CF – A lei regulará a individualização da pena – vide art. 59 CP. Princípio da não extradição de brasileiro p art. 5º LI, CF – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei. Princípio da presunção de inocência – art. 5º LVII – CF – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Princípio da insignificância ou bagatela – O direito penal não deve se preocupar com bagatelas, do mesmo modo não podem ser criados tipos incriminadores que descrevam condutas incapazes de lesar o bem jurídico. Princípio da alteridade – O fato típico pressupõe uma atitude que transcenda a esfera individual do autor e seja capaz de atingir o interesse do outro (altero). Ninguém pode ser punido por ter feito mal só a si mesmo. Princípio da intervenção mínima do direito penal – A lei só deve prever as penas estritamente necessárias. Somente haverá direito penal naqueles raros episódios em que a lei descreve um fato como crime. Princípio da humanidade – Proibição de tortura e de tratamento desumano ou degradante (art. 5º III CF), de pena de morte, de banimento, de trabalhos forçados e de penas cruéis (art. 5º XLVII CF)
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