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Espanha, França, Itália e Polônia são os mercados europeus que contam, em termos de PIB e população. É como nos Estados Unidos: se você não estiver no Texas, na Flórida, em Nova York, em Chicago e na Califórnia, não conta. Queríamos nos tornar europeus. Todos os europeus bebem Coca-Cola, compram móveis na IKEA e gostam de carros. Parecia relativamente fácil criar uma franquia pan-europeia para financiamento ao consumidor. Já estávamos na Alemanha e na Espanha, então, olhamos para a Itália e compramos uma participação no San Paolo IMI em 2003. Entre 2003 e 2006, houve outras aquisições, em outros países europeus. Em 2006, a SCF começou a investir fora da União Europeia (UE); primeiramente, nos Estados Unidos, com a aquisição da Drive U.S., e depois, em 2007, no México e na Rússia. Ainda em 2007, Inciarte também investiu em novas instalações para operações no Chile, que começaram a funcionar em 2008. (Figura 2 – resumo das aquisições da SCF.) Conforme aumentava a cobertura geográfica da SCF, Inciarte voltava sua atenção para a organização da divisão e o impacto de sua marca. Javier San Félix, ex-Chief Operating Officer da SCF, que agora liderava uma das áreas de negócios da SCF, explicou: Quando entrei, em 2004, a SCF era uma mera soma de diversas unidades localizadas em diferentes países, com diferentes modelos de negócios, operações, plataforma da TI e abordagens de marketing. Queríamos fazer com que o todo valesse mais do que a soma das partes. Primeiramente, integramos as diferentes marcas. A marca SCF não era conhecida fora do grupo [Santander], pois cada empresa afiliada mantinha seu próprio nome. Mudamos seus nomes para SCF. Então, centralizamos as decisões com relação a financiamento e, finalmente, centralizamos os centros de dados dos clientes. Em junho de 2008, a SCF já operava em 20 países. Dentro do Santander, correspondia a 5% do total de mão de obra do grupo e gerava quase 8% dos lucros totais do banco. O maior mercado continuava sendo a Alemanha. (Figura 3 – dados financeiros da SCF.) O mercado europeu de financiamento ao consumidor Ainda há grandes diferenças entres os países europeus em termos de tamanho do mercado de crédito ao consumidor, relação entre crédito ao consumidor e PIB (penetração) e mix de produtos ao consumidor. Essas diferenças se devem a diferentes níveis de maturidade do mercado, desenvolvimento econômico, regulamentação local e fatores culturais. — Salarich Financiamento ao consumidor incluía qualquer tipo de empréstimo para financiar compras do consumidor, com exceção de hipoteca para compra de imóveis. Essa certamente não era uma invenção do século XX. No século XIX, lojas ofereciam crédito para vendas a seus clientes regulares e lojas de penhores funcionavam na Europa desde a Idade Média. Mas foi o crescimento do setor de Do N ot Co py or Po st This document is authorized for educator review use only by Ricardo Guarita, HE OTHER until February 2016. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 712-P04 Santander Consumer Finance 4 manufatura de bens duráveis na era entre guerras e pós-Segunda Guerra que transformou o crédito ao consumidor em uma característica aceitável da sociedade moderna. Inovações em avaliação de risco, processamento de dados e financiamento; todos esses fatores contribuíam para um boom nos empréstimos, começando no final da década de 1980. No final de 2007, empréstimo a varejo aos consumidores – exceto hipotecas – correspondiam a US$ 6 trilhões em saldos devedores, dos quais 51,5% estavam nas Américas, 30% na Europa e 18,6% na Ásia.1 Os Estados Unidos eram, havia tempo, e continuavam sendo, o maior mercado, com US$ 2,5 trilhões em empréstimos em aberto. (Figura 4 – números do mercado estadunidense.) Desde a década de 1980, o setor de empréstimos ao consumidor na Europa tinha crescido em importância econômica e sofisticação.2 (Figura 5 – crédito ao consumidor na Europa.) San Félix descreveu a mudança: “O maior propulsor é a semelhança crescente entre os europeus e os estadunidenses, em termos de padrões de consumo. Estamos consumindo mais, e isso leva a um crescimento do crédito ao consumidor. No entanto, na Europa, a penetração do empréstimo ao consumidor começava em um nível bem mais baixo do que nos Estados Unidos. É difícil prever se alcançaremos 100% dos níveis estadunidenses”. Como enfatizou o Diretor de Análise de Investimento da SCF: “O estadunidense médio ainda tem mais do que duas vezes o valor de endividamento do europeu médio (EU15)”. No final de 2006, empréstimos ao consumidor na Europa representavam cerca de € 1 trilhão em empréstimos em aberto.3 Embora menor do que o dos EUA, o mercado de crédito ao consumidor europeu também tinha características diferenciadas que o tornavam qualitativamente diferente. Em primeiro lugar, o risco médio de inadimplência dos empréstimos ao consumidor na Europa era geralmente mais baixo. Um gerente de área comentou: “Comparado aos Estados Unidos, é como se estivéssemos na terra dos sonhos, na Europa. Podemos dormir bem todas as noites, porque nosso risco é muito previsível”. Em segundo lugar, os empréstimos na Europa eram menos baseados em mutuários sub-prime (de alto risco). As taxas de juros normalmente não eram ajustadas para levar em conta o risco individual, e uma parte menor dos empréstimos estava em contas rotativas.i Um gerente de área explicou: “Os europeus não brincam com juros. Crédito rotativo tende a ser aplicado apenas a cartões de crédito e saques de conta corrente a descoberto. Empréstimos pessoais (e hipotecas) tendem a ter taxas fixas. Isso é justo para o cliente. Queremos dar uma visão completa ao cliente que vai enfrentar 16 meses de prestações. Não queremos surpresas”. As características institucionais dos mercados de crédito europeus também limitavam as possibilidades de gerir produtos de risco. Bureaus de crédito trabalhavam em nível nacional, e cada país impunha diferentes padrões para coleta, processamento e distribuição de dados. Nenhum dos bureaus nacionais oferecia pontuações de crédito. Alguns países, como a França, haviam centralizado bancos de dados de classificação de crédito que registravam apenas episódios negativos. Novos empréstimos eram avaliados por meio dessa “lista negra”, mas não havia dados positivos centralizados, incluindo volume total de empréstimos em aberto. A Alemanha dava algumas informações a mais, mas não o suficiente para avaliação do risco de novos clientes. Um gerente de área afirmou: “A agência diz se o cliente está em atraso ou se não terminou de pagar seus empréstimos anteriores. Ela não nos dá informação atual e positiva. Assim, fica difícil ajustar o preço i Empréstimos subprime eram empréstimos com taxa mais alta do que a básica (prime), uma taxa de juros de referência usada pelos bancos para empréstimos a clientes. Precificação com base em risco era a prática de determinar a taxa de juros de um empréstimo analisando também o perfil de risco do mutuário. Crédito rotativo era um tipo de crédito que não tinha número fixo de pagamentos. Do N ot Co py or Po st This document is authorized for educator review use only by Ricardo Guarita, HE OTHER until February 2016. Copying or posting is an infringement of copyright. Permissions@hbsp.harvard.edu or 617.783.7860 Santander Consumer Finance 712-P04 5 do empréstimo ao perfil de risco do cliente”. No Reino Unido, onde crédito era dado a mutuários mais arriscados do que na maioria dos países europeus, três agências particulares de referência de crédito davam informações positivas aos credores,4 mas elas eram explicitamente proibidas de criar uma lista negra de empréstimos e não podiam processar os dados brutos