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Investimento e poupança Introdução a Economia Módulo II – Unidade V- Aula 13 Rafael Terra (UnB) 1 Referências • Referência: Baseado no capítulo 26 do livro “Introdução à economia” de Gregory Mankiw. 2 Definições Básicas • Poupança é o montante de recursos não consumidos em determinado período, para serem consumidos em um período posterior. • Investimento é o montante de recursos aplicado na aquisição de capital físico ou humano, ou na produção de conhecimento, com o intuito de promover a produção de bens e serviços. 3 Definições Básicas • Note que os termos Poupança e investimento podem causar confusão. • Ao aplicar seu dinheiro poupado em CDB, por exemplo, você está poupando, não investindo. • Investimento refere-se normalmente a compra de novo capital (equipamentos e prédios) ou aquisição de capital humano. 4 Recursos para Empréstimos • Imagine que você queira iniciar um negócio próprio. Como obter recursos? – De sua própria poupança. – De outras fontes (mais provável): amigos, parentes, agiota, bancos, etc. • Seu negócio será muito provavelmente financiado pela poupança de outras pessoas em troca da promessa de pagamento de juros. 5 Sistema Financeiro • Normalmente essa operação de contratação de crédito ocorre por meio do “sistema financeiro”. • Sistema Financeiro: é composto por instituições que ajudam a promover o encontro de pessoas que poupam com aquelas que investem. 6 Poupança e crescimento • Países que poupam grande parte de seus PIBs têm mais recursos para investir em capital, o que aumenta a produtividade e o padrão de vida no futuro. 7 Perguntas principais • Como a economia coordena poupança e investimento? • O que reúne poupadores e investidores? • O que garante a oferta de fundos daqueles que querem poupar seja igual a demanda daqueles que querem investir? • Veremos as respostas a essas perguntas nessa aula. 8 Instituições Financeiras • Ao usar o sistema financeiro, poupadores têm a expectativa de receber juros em uma data futura. • Tomadores têm consciência que devem pagar juros, esperando lucros e benefícios futuros de seus investimentos. 10 Instituições Financeiras • O sistema financeiro é composto por diversas instituições. • O sistema se divide entre: mercados financeiros e intermediários financeiros. 11 Mercados Financeiros • São instituições por meio das quais uma pessoa que queira poupar pode oferecer fundos diretamente a alguém que deseje tomar empréstimo. Exemplos: a) Mercado de Títulos; e b) Mercado de Ações. 12 Mercado de Títulos • Para tomar empréstimo, uma empresa vende um título, que é um certificado de dívidas que especifica as obrigações do tomador. • Esse certificado identifica as datas de vencimento intermediárias e final, e as taxas de juros. 13 Mercado de Títulos • Pode-se esperar até o vencimento e receber o principal e os juros, ou negociar o título antes do vencimento. • Selic: Mercado de títulos públicos. • Cetip: Mercado de títulos privados (e.g. debêntures). 14 Mercado de Títulos • Quem pode se financiar por esse mercado? • Geralmente, grandes empresas, o Governo Federal e os Governos locais podem se financiar emitindo títulos. • Esses títulos têm 3 características principais; – 1) prazo do título (duração até o vencimento): pode ser de longo ou curto prazo. Há inclusive títulos eternos, denominados “perpetuidades” na Inglaterra. Títulos de longo prazo pagam prêmio maior, pois carregam mais riscos. 15 Mercado de Títulos – 2)Risco de crédito: é a probabilidade de que o tomador deixe de pagar parte dos juros ou do principal (inadimplência). – Se o risco é alto, os juros cobrados serão maiores, e.g. título da dívida brasileira paga juros maior que o da dívida americana, pois o risco de calote é maior. 16 Mercado de Títulos – Junk bonds são títulos emitidos por empresas em dificuldades financeiras. Têm, portanto, alto risco e pagam altas taxas de juros. – Agências que medem o risco: Standard & Poor’s, Moody’s , Fitch. – 3) Tratamento Tributário: Os juros são considerados renda tributável e devem pagar imposto de renda. 17 O Mercado de Ações • Outra maneira de levantar fundos para investir é por meio do Mercado de ações. • Ações são frações da propriedade da empresa. • O financiamento por ações se chama “financiamento patrimonial”. • O financiamento por títulos é denominado “financiamento por endividamento”. 18 O Mercado de Ações • Os credores se beneficiarão mais comprando ações se a empresa for lucrativa. • Se a empresa estiver em dificuldades financeiras, os credores se beneficiarão mais da compra de títulos (credores têm prioridade para receber). • Conclusão: Ações oferecem mais riscos mas podem pagar maiores retornos. 19 O Mercado de Ações • Após emitidas, ações são negociadas em bolsas de valores, e.g. BM&F/Bovespa, Bolsa de Nova York e Nasdaq. • Preços de ações são determinados pela oferta e pela demanda. – Se há expectativas boas em relação aos dividendos pagos, o preço aumenta. – Se as expectativas são ruins, o preço da ação cai. 20 Mercado de Ações • Índice de de preços de ações: é calculado como a média de um grupo de ações, e.g. Ibovespa (66 principais ações), Dow Jones (30 principais) e Standard & Poor’s (500 principais). • Tais índices auxiliam na observação das condições econômicas presente e futura de um país. 21 Intermediários Financeiros • São instituições que se situam entre poupadores e tomadores, e.g. bancos e fundos mútuos. 22 Bancos • Pequenos investidores não conseguem se financiar emitindo títulos ou ações e recorrem aos bancos para empréstimos. • O principal negócio do banco é receber depósitos, pagar uma taxa de juros por eles, e emprestar a juros maiores. • A essa diferença de taxas de juros é dado o nome de “spread bancário”. 23 Fundos Mútuos • É um intermediário financeiro. É uma instituição que vende cotas ao público e usa o resultado da venda para comprar uma seleção ou carteira de títulos, diversos tipos de ações, ou ambos. • O cotista aceita os riscos associados à carteira. 24 Fundos Mútuos • Permite que pessoas com poucos recursos diversifiquem as aplicações diminuindo a exposição ao risco. • Permite que pessoas comuns tenham acesso às habilidades de administradores financeiros profissionais. 25 Poupança e Investimento nas Contas da Renda Nacional • Poupança e Investimento são determinantes importantes do crescimento econômico de longo prazo. • Como o mercado financeiro tem um papel fundamental na determinação da poupança e do investimento, economistas precisam entender tanto seu funcionamento quanto quais políticas afetam o mercado. 27 Algumas identidades importantes • Sabemos que o PIB a valores de mercado é definido como • 𝑌 = 𝐶 + 𝐼 + 𝐺 + 𝐸𝐿 (1) • Y=PIB (renda ou despesa total) • C=consumo • I=investimento privado • G= Despesas do Governo • EL=X-M (ou exportações líquidas) 28 Algumas identidades importantes • Supondo uma Economia Fechada (para simplificar), então EL=0. • A expressão do PIB nesse caso será • 𝑌 = 𝐶 + 𝐼 + 𝐺 (2) • Cada unidade de produto é consumida, investida ou comprada pelo Governo. Rearranjando temos • 𝑌 − 𝐶 − 𝐺 = 𝐼 (3) 29 Algumas identidades importantes • Além disso, sabemos que • 𝑌 − 𝐶 − 𝐺 = 𝑆 (4)• Isto é, na economia fechada, tudo que não é consumido pelas famílias ou gasto pelo setor público, é poupado. • Assim temos que • 𝑆 = 𝐼 (5) • Isto é, a poupança é igual ao investimento. 30 Algumas identidades importantes • Seja T o montante líquido arrecadado de impostos (excluindo as transferências realizadas para as famílias como seguridade social, Bolsa Família, etc). Então, somando e subtraindo o montante de arrecadação líquida T em (4) temos • 𝑌 − 𝑇 − 𝐶 + (𝑇 − 𝐺) = 𝑆 (6) 31 Algumas identidades importantes • Dado • 𝑌 − 𝑇 − 𝐶 = 𝑆𝑃 (poupança privada) e • 𝑇 − 𝐺 = 𝑆𝐺 (poupança pública) • Então, • 𝑆 = 𝑆𝑃 + 𝑆𝐺 32 Algumas identidades importantes • Se • 𝑇 >G temos superávit, e a poupança pública é positiva. • 𝑇 <G temos déficit, e a poupança pública é negativa. 33 Algumas identidades importantes • A identidade 𝑺 = 𝑰 é garantida pelo mercado financeiro. Ela é válida para o país como um todo, não para cada família individualmente. 34 O mercado de Fundos Disponíveis para Empréstimos (visão clássica) • Hipóteses para uma análise simplificada: – Supõe-se que haja apenas um mercado de fundos disponíveis para empréstimos. – Poupadores vão ao mercado para depositar suas poupanças e tomadores para obter crédito. – Supõe-se também que haja somente uma taxa de juros que representa o retorno da poupança e o custo do empréstimo (i.e. não existe spread). • Vejamos a oferta e a demanda por fundos. 35 Oferta e demanda de fundos para empréstimos • A taxa de juros é o preço do empréstimo. • Se a taxa de juros sobe, o empréstimo fica mais caro e a demanda por fundos (p/ investimento) cai. • Se a taxa de juros é baixa, o empréstimo é mais barato e a demanda por fundos para investimento aumenta. 37 Oferta e demanda de fundos para empréstimos • Por outro lado... • Taxas de juros elevadas incentivam a poupança aumentando a oferta de recursos emprestáveis. • Taxa de juros baixas reduzem o incentivo à poupança. • O equilíbrio entre oferta e demanda por fundos se dá pelo ajuste da taxa de juros real (que elimina excessos de demanda e oferta). 38 Oferta e demanda de fundos para empréstimos 39 Efeitos de Políticas • Veremos os efeitos de 3 políticas: • 1) política de incentivos à poupança • 2) política de incentivos ao investimento. • 3) Déficits e Superávits orçamentários do Governo. 40 Política 1: Incentivos à poupança • Se o Brasil aumentasse sua taxa de poupança, a produtividade e o PIB aumentariam. • Como as pessoas respondem a incentivos, as leis tributárias que impõem IR sobre rendimentos de poupança podem desencorajar a propensão a poupar das pessoas. • Uma possível política de incentivo à poupança consiste em dar um tratamento tributário diferenciado aos poupadores, reduzindo a alíquota de IR sobre rendimentos. 42 Política 1: Incentivos à poupança Reduzindo o IR sobre rendimentos da poupança 43 Política 1: Incentivos à poupança Reduzindo o IR sobre rendimentos da poupança • Essa oferta maior de fundos cria um excesso de oferta. • Para absorver esse excesso de oferta os demandantes exigem juros menor sobre os fundos emprestáveis. • A taxa de juros se reduzirá até que a oferta e a demanda por fundos se igualem, sem excesso de oferta, e a um nível de empréstimos maior. 44 Política 2: Incentivos ao Investimento • Uma possível política de incentivos ao investimento consiste em dar uma vantagem tributária para qualquer empresa que construa uma nova fábrica ou compre equipamento novo. • Tal política, na prática, aumentaria a demanda por fundos para investimento para cada taxa de juros, mas não afeta a curva de oferta de fundos. 45 Política 2: Incentivos ao Investimento 46 Política 2: Incentivos ao Investimento • Após o incentivo tributário, à taxa de juros vigente, haveria excesso de demanda por fundos. • Só com o aumento da taxa de juros é que a demanda e ofertas se equilibram, em 6%, e com uma quantidade de empréstimos maior, R$1.400 bilhões. 47 Política 3: Déficits e Superávits Orçamentários do Governo • Lembre-se que o déficit ocorre quando G>T. • O financiamento dos déficits se dá por meio de venda de títulos públicos. O Governo contrai, portanto, dívida pública. • Superávit ocorre quando T>G. • Se T=G diz-se que o orçamento é equilibrado. 48 Política 3: Déficits e Superávits Orçamentários do Governo • Um déficit reduz a poupança pública, que será negativa. • Isso reduz a poupança nacional e a oferta de fundos p/ empréstimos. • A curva de oferta se desloca para a esquerda, pois cada para cada nível de taxa de juros haverá menos recursos disponíveis. 49 Política 3: Déficits e Superávits Orçamentários do Governo • Exemplo: Considere que à taxa de juros inicial haverá excesso de demanda, só equilibrado via aumento da taxa de juros de 5% para 6%. O montante emprestado para investimento se reduz de R$1.200 bilhões para R$800 bilhões. • Essa queda do investimento em virtude de um déficit público é chamada “Efeito deslocamento” ou “crowding-out”. 50 Política 3: Déficits e Superávits Orçamentários do Governo • Portanto, déficits orçamentários causam redução da poupança nacional, aumento na taxa de juros e queda do Investimento, reduzindo a taxa de crescimento da renda per capita. • Isto é, a renda per capita, em si, permanece estagnada, pois o gasto público substitui o investimento, mas a taxa de crescimento se reduz. 51 Política 3: Déficits e Superávits Orçamentários do Governo • Superávits têm efeito oposto. Aumentam a poupança do governo e a poupança total. • Com mais fundos ofertados à mesma taxa de juros, haverá excesso de oferta de fundos, e a taxa de juros deverá baixar para que a oferta se iguale a demanda. 52
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