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Texto A Economia brasileira nas últimas décadas: avanços e problemas

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A Economia brasileira nas últimas 
décadas: avanços e problemas 
Introdução a Economia 
Módulo III – Unidade VII- Aula 22 
Rafael Terra (UnB) 
 
1 
1) Visão geral da história Econômica 
• Desde meados do século passado, duas 
características se mostraram salientes na 
Economia Brasileira. 
1. Crescimento do PIB relativamente alto no 
período pré 1980. 
2. Quebra de tendência de crescimento a partir da 
década de 1980. 
 
7 
8 
1) Visão geral da história Econômica 
• De 1948 a 2010: Taxas médias de crescimento 
do PIB e do PIB per capita de 5,2% e 2,8% ao 
ano, respectivamente. 
• EUA tiveram crescimento menor (3,2% a.a.). 
• Nota-se no entanto, um contraste entre o 
período 1948-1980 e 1980-2010. 
9 
1) Visão geral da história Econômica 
• Entre 1948 e 1980, o PIB per capita cresceu a 
taxa média de 4,6% a.a. 
• Entre 1981 e 2010, cresceu a taxa de 0,7% a.a. 
• No período de 1968 a 1973 (“Milagre 
Econômico”) houve crescimento 
excepcionalmente alto do PIB, 11,2% em 
média. 
10 
1) Visão geral da história Econômica 
• Na década de 70 o crescimento médio foi de 
9% a.a. 
• De 1980 a 2010 houve alternância de períodos 
de crescimento mais e menos expressivos. 
• O que causou tais diferenças de crescimento 
no período pré e pós- década de 1980? 
11 
2) Antes de 1980: crescimento 
liderado pela indústria 
• O crescimento anterior a 1980 foi marcado 
pelo dinamismo da indústria, em especial, da 
indústria de transformação. 
• Entre 1947 e 1980 esta cresceu a uma taxa de 
8,7% a.a. 
12 
2) Antes de 1980: crescimento 
liderado pela indústria 
• Entre 1948 e 1980 a indústria também se 
diversificou, produzindo bens de consumo 
não-duráveis (e.g. alimentos, vestuário), 
duráveis (e.g. carros) e bens de capital (e.g. 
máquinas voltadas à produção). 
• A queda no crescimento após 1980 também 
se deveu a indústria, que cresceu a apenas 
1,4% a.a. 
 
13 
2) Antes de 1980: crescimento liderado 
pela indústria - Estímulos Governamentais 
• O desenvolvimento da indústria foi favorecido 
por estímulos do Governo. 
• Barreiras à importação (tarifas alfandegárias). 
– Essa era a principal fonte de receita até início do 
século XX. 
– Depois, passou a ter cada vez mais um caráter 
protecionista, inclusive por pressão do setor 
industrial. 
14 
2) Antes de 1980: crescimento liderado 
pela indústria - Estímulos Governamentais 
• Uma doutrina protecionista 
– Economistas associados à CEPAL liderados por 
Raul Prebisch e Celso Furtado. 
– Pontos Centrais: a especialização em produtos 
primários para exportação limitaria o crescimento 
no longo prazo. 
15 
2) Antes de 1980: crescimento liderado 
pela indústria - Estímulos Governamentais 
– Produtos primários: baixa elasticidade-renda, 
pouco sujeitos a melhorias técnicas e grandes 
aumentos de produtividade. 
– Produtos industriais: alta elasticidade-renda e 
sujeitos a grandes melhorias tecnológicas e de 
produtividade. 
16 
2) Antes de 1980: crescimento liderado 
pela indústria - Estímulos Governamentais 
– Países não devem se ater a lógica das Vantagens 
Comparativas. 
– Devem diversificar suas estruturas produtivas. 
– Devem desenvolver a indústria voltada para o 
mercado interno, substituindo importações. 
– A experiência do Brasil na década de 30 
influenciou a disseminação dessa doutrina. 
17 
2) Antes de 1980: crescimento liderado 
pela indústria - Estímulos Governamentais 
• Exemplos de planos econômicos formulados 
com base nas ideias cepalinas são: Plano de 
Metas (1955-60) e II PND (1973-79). 
• O estímulo à indústria nesses planos 
abrangiam subsídios do Governo na forma de 
isenções de impostos, câmbio favorável para 
importação de equipamentos, e empréstimos 
de longo prazo. 
18 
2) Antes de 1980: crescimento liderado 
pela indústria - Investimento Externo 
• Em consequência das restrições à importações 
diversas empresas internacionais se 
estabeleceram ou ampliaram suas instalações 
no Brasil. 
• Houve, inclusive, associação do capital 
estrangeiro com o capital nacional para 
instalação de fábricas no Brasil. 
19 
2) Antes de 1980: crescimento liderado 
pela indústria – Taxas de Investimento 
• Mercado financeiro internacional favorecia a 
tomada de empréstimo até fim da década de 
70. 
• A taxa de investimento como proporção do 
PIB aumentou fortemente na década de 70 
(período de maior crescimento do PIB). Ver 
tabela 2. 
 
20 
21 
2) Antes de 1980: crescimento liderado 
pela indústria – Taxas de Investimento 
• Na tabela 2, nota-se que a taxa de investimento 
se manteve nas décadas de 80 e 90. 
• Esse resultado é enganoso, pois houve aumento 
dos preços relativos dos bens de investimento. 
• O ideal é utilizar a taxa de investimento a preços 
constantes (coluna B). 
• Nota-se uma forte queda nesse indicador entre 
1970 e 1999 (de 23,1% para 15,1% do PIB). 
22 
2) Antes de 1980: crescimento liderado pela 
indústria – Poupança Pública e Poupança 
Externa 
• Na década de 70, 1/3 da poupança total 
proveio da poupança do governo ou do 
exterior. 
24 
25 
2) Antes de 1980: crescimento liderado 
pela indústria – Poupança Pública e 
Poupança Externa 
• A partir da década de 80, o Governo passa a 
contribuir negativamente para a poupança 
doméstica. 
• Isso pode explicar o baixo crescimento a partir 
dessa década. 
• O Governo financiava esse déficit emitindo 
títulos da dívida, adquiridos com recursos da 
poupança privada (que seriam investidos), i.e. 
provoca o conhecido efeito crowding-out. 
26 
2) Antes de 1980: crescimento liderado 
pela indústria – Os investimentos do 
Governo 
• O Governo pode investir 
– indiretamente, via capitalização de empresas 
como Petrobrás, transferência de recursos para o 
Tesouro e bancos de fomento como o BNDES, 
– ou diretamente, construindo estradas, portos ou 
usinas hidrelétricas, fatores que aumentam a 
produtividade. 
27 
2) Antes de 1980: crescimento liderado 
pela indústria – O investimentos do 
Governo 
• Redução do crescimento a partir da década de 
80 tem sido atribuída a queda nos 
investimentos públicos. 
• Na tabela 4 isso fica claro pela evolução da 
taxa de formação Bruta de Capital do Setor 
Público. 
• Em 1969, esse valor era de 5,37% do PIB. 
• Em 2003 chegou 1,51% do PIB. 
28 
29 
2) Antes de 1980: crescimento liderado 
pela indústria – Os investimentos do 
Governo 
• A elevação de gastos correntes (como folha 
salarial, previdência) “engessa” o orçamento. 
• Gastos correntes trazem mais benefícios 
políticos de curto prazo. E governos têm curta 
duração. 
• Para atingir algum equilíbrio fiscal, o governo 
corta gastos discricionários como o 
investimento. 
30 
2) Antes de 1980: crescimento liderado pela 
indústria – aspectos positivos 
• O modelo de crescimento anterior a década 
de 80 foi bem-sucedido. Permitiu a criação de 
um parque industrial dinâmico e diversificado. 
• Poucos países verificaram tal ritmo de 
crescimento no período. 
 
31 
2) Antes de 1980: crescimento liderado pela 
indústria – aspectos negativos 
• Distribuição de renda piorou no período. 
• O crescimento beneficiou poucos. 
• No que se refere à indústria, ressalta-se o 
baixo nível de competitividade. 
32 
2) Antes de 1980: crescimento liderado 
pela indústria – aspectos negativos 
• Visava-se a oferta de produtos para substituir 
importações. 
• Custo e eficiência eram fatores secundários. 
• Para automóveis, por exemplo, as barreiras à 
importação eliminavam a competição externa. 
 
 
33 
2) Antes de 1980: crescimento liderado 
pela indústria– aspectos negativos 
• Competição entre produtores nacionais 
praticamente não existiu no período. 
• Havia sim uma luta pelo apoio governamental 
via órgãos de fomento que forneciam crédito 
subsidiado. 
• Quem não conseguia tal apoio se encontrava 
em desvantagem. 
34 
2) Antes de 1980: crescimento liderado 
pela indústria – aspectos negativos 
• A pouca concorrência desestimulava 
investimentos em inovação, que carregam alto 
risco, mas podem proporcionar grandes ganhos. 
• Um ambiente competitivo estimula a adoção de 
inovações de modo a expulsar os inaptos do 
mercado. 
• O Resultado é um setor industrial despreparado 
para competir internacionalmente. 
35 
3) A crise dos anos 80: Antecedentes 
• Antecedentes (década de 70) 
– O aumento dos preços do petróleo aumentou o 
saldo de dólares aplicados no mercado financeiro 
pelos países da OPEP (petro-dólares). 
– A taxa de juros internacional se reduziu 
drasticamente. 
– Expansão do endividamento externo pelo 
Governo brasileiro para financiamento dos 
projetos de desenvolvimento como o II PND. 
 
 36 
3) A crise dos anos 80: Antecedentes 
• Aumento da taxa de juros americana elevou o 
serviço da dívida externa do Brasil. 
• Em 1982, com a moratória do México, 
reduziu-se drasticamente a oferta de 
empréstimo, reduzindo a oferta de dólares e 
aumentando a taxa de juros cobrada. 
37 
3) A crise dos anos 80: Descontrole 
Fiscal 
• Problemas fiscais foram agravados após o fim 
do regime militar. 
• As demandas sociais represadas se tornaram 
evidentes e incorporadas na Constituição de 
1988. 
• Os gastos aumentaram muito e houve perda 
de receitas com a descentralização. 
 
38 
3) A crise dos anos 80: Descontrole 
Fiscal 
• As dificuldades fiscais reduziram a capacidade 
do Governo estimular setores produtivos. 
• Ganhou força a ideia de privatização. 
 
39 
3) A crise dos anos 80: Setor externo 
• O surgimento de setores de rápido 
desenvolvimento tecnológico (como 
Tecnologia da Informação) trazia novas 
demandas de importação. 
• Tornou-se imperativo expandir e diversificar as 
exportações. 
• Restrições a importações desestimulavam a 
busca da eficiência e introdução de inovações. 
40 
3) A crise dos anos 80 : Setor externo 
• A elevação do serviço da dívida externa 
evidenciou a necessidade de elevar o saldo 
comercial do Balanço de Pagamentos (BP). 
• O modelo anterior de estímulos à exportação 
às custas dos demais setores se revelou 
insuficiente. 
• Se solidificou a ideia de uma maior abertura 
comercial, com aumento da competitividade 
da indústria. 
41 
3) A crise dos anos 80: Setor externo 
• A pressão de um ambiente internacional pela 
liberalização da economia se sentiu na 
“Rodada Uruguai” a partir de 1986 que 
culminou com a criação da “Organização 
Mundial do Comércio” em 1995. 
• A adesão do Brasil à OMC representou um 
compromisso com um padrão de comércio 
marcado pela ausência de grandes barreiras 
protecionistas. 
42 
3) A crise dos anos 80: Setor externo 
• Iniciou-se, então, um processo de redução de 
obstáculos à importação no final dos anos 80, 
com uma redução gradual das tarifas e 
medidas liberalizantes pelo Governo Collor. 
• Rompeu-se uma tradição de protecionismo à 
indústria nacional e um recuo da participação 
do estado na economia. 
43 
4) Inflação e política anti-inflacionária 
• Na década de 80 observamos uma grande 
aceleração inflacionária. 
• De uma média mensal de 2,4% em 1970-79, 
aumentou para 16,2% em 1980-89. 
• Iniciou-se um debate sobre a origem do 
processo inflacionário. 
44 
45 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
Teorias de Inflação e política anti-
inflacionária 
• Monetarismo x Estruturalismo 
• São duas interpretações do processo 
inflacionário. 
46 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
Monetarismo 
• Monetarismo 
– No Brasil defendida por Mario Henrique Simonsen 
e Roberto Campos. Nos EUA, por Milton 
Friedman. 
– Admitia a importância das pressões de demanda 
no processo inflacionário, ocasionadas por uma 
expansão monetária excessiva. 
47 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
Monetarismo 
– Essa expansão monetária pode advir 
• de déficits governamentais financiados por emissão de 
moeda. 
• Aumentos salariais acima dos ganhos de produtividade. 
– O remédio 
• Contenção de gastos 
• Aumento de receitas públicas 
• Disciplina Fiscal 
• Restrição monetária 
• Emissão de títulos da dívida para financiar déficits 
 
48 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
Estruturalismo 
• Causa básica da inflação 
– Inelasticidades de oferta. 
• O processo de industrialização e urbanização 
incrementara a demanda por certos bens e serviços 
que não podiam ser prontamente atendidas pela 
oferta. 
49 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
Estruturalismo 
• O remédio 
– Se aplicado o remédio de aperto monetário dos 
monetaristas haveria recessão sem resolver os 
problemas estruturais de oferta. 
– Os custos sociais da política monetaristas eram 
maiores que a inflação. 
– Recomendavam atacar os problemas estruturais 
que permitissem ampliar a oferta. 
 
 
50 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
O monetarismo na prática 
• Entre 1964 e 1967 Roberto Campos aplicou o 
receituário monetarista de forma 
“gradualista” para evitar efeitos recessivos. 
• Uma reforma tributária ampliou a receita. 
• Aplicou correção monetária aos títulos 
públicos (instrumento não inflacionário de 
financiamento de déficits) para torná-los 
atraentes para os investidores. 
51 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
O monetarismo na prática 
• Recorreu-se também a compressão salarial, 
reduzindo os custos de produção. 
• Isso contribuiu para uma queda na inflação. 
De 89,5% a.a. em 1964, caiu para 16,3% em 
1970. 
• Inicialmente, houve retração pontual do 
crescimento em 1965. 
• No geral, o resultado reforçou a ideia 
monetarista sobre inflação. 
52 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
A inércia inflacionária 
• Os preços voltaram a subir no início da década 
de 1970. 
• O “choque do petróleo”, de 1973, representou 
um violento aumento nos preços. Os custos de 
produção se elevaram expressivamente e os 
preços finais acompanharam esse aumento. 
• O segundo choque do petróleo (1979) 
contribuiu para novas pressões de aumento 
de preços. 
53 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
A inércia inflacionária 
• Essa inflação tinha uma característica 
diferente. As taxas eram maiores (acima de 
100% a.a. no início da década de 80 e maior 
que 200% a.a. no biênio 1984-85) e ocorriam 
junto a uma contração do PIB e do PIB per 
capita (caiu mais de 12% entre 1980 e 1983). 
54 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
A inércia inflacionária 
• Essa inflação teria um componente inercial, que 
fazia com que se repetisse nos períodos 
seguintes. 
• A correção monetária passara a ser uma prática 
generalizada à medida que a inflação aumentava. 
• Em 1979 a correção monetária automática dos 
salários a cada 6 meses é definida por lei. 
• Contratos de Aluguéis, prestações, salários, tudo 
passou a ser corrigido formalmente pela inflação. 
55 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
A inércia inflacionária 
• A inflação passada passou a determinar a 
inflação futura. 
• Quanto mais generalizada a indexação, maior 
a tendência de que a inflação de hoje venha a 
se refletir na inflação de amanhã. 
• Desenvolveu-se uma “cultura inflacionária”. 
56 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
A inércia inflacionária 
• A inflaçãoparecia evoluir por patamares. 
• Ao redor de 50% a.a. entre 1975 e 1979. 
• Próxima de 100% a.a. entre 1980 e 1982. 
• Próxima de 200% a.a. entre 1983 e 1985. 
• Um choque (e.g., a desvalorização cambial de 
1983) que empurra os preços para cima, faria 
com que o nível maior de inflação se 
perpetuasse, por causa da inércia. 
57 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
O Plano Cruzado 
• Plano anti-inflacionário, posto em prática em 
fevereiro de 1986. 
• Considerava a inércia inflacionária a principal 
causa da inflação. 
• A solução para a inflação foi a do chamado 
“choque heterodoxo”. 
58 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
O Plano Cruzado 
• Os ingredientes do Plano eram: 
– 1)Fim da indexação formal. 
– 2)Nova unidade monetária, o “Cruzado”, que 
pretendia acabar com o efeito psicológico da 
inflação associada à moeda anterior. 
59 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
O Plano Cruzado 
– 3)Conversão dos salários em cruzados pela média 
real dos últimos 6 meses (para tornar 
desnecessária a indexação salarial). 
– 4)Congelamento de preços por certo período. 
 
• A inflação mensal manteve-se abaixo de 2% 
até outubro de 1986. 
• Depois de outubro a inflação retornou. 
 
60 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
O Plano Cruzado 
• A razão para a volta da inflação é que o plano 
provocou um choque de demanda. 
• Temendo protestos dos trabalhadores, o 
Governo determinou que o reajuste pela 
média dos 6 meses anteriores fosse acrescido 
de 8% em termos reais. 
• O salário mínimo foi reajustado em 16%. 
 
61 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
O Plano Cruzado 
• A redução súbita da inflação ocasionou uma 
redistribuição de renda para os mais pobres. 
• Com uma dada oferta, os preços foram 
pressionados. 
62 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
Outros Planos 
• Plano Bresser (1987) 
• Plano Verão (1989) 
• Plano Collor (1990) 
• Plano Collor II (1991) 
• Os efeitos desses planos foram cada vez menos 
duradouros. 
• Esses planos previam ações de contenção de 
demanda com desindexação da economia 
culminando com o bloqueio de ativos pelo Plano 
Collor. 
 
63 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
Outros Planos 
• Entre 1987 e 1994, o IPCA esteve entre 10% e 
30% por 59 meses, e acima de 30% em 23 
meses. 
• Em março de 1990 chegou a 82%. 
64 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
Fim da alta inflação – o Plano Real 
• Implantado em julho de 1994. 
• Buscava atacar os componentes inflacionários 
inerciais e de demanda. 
• Ao contrário dos anos 80, o Balanço de 
Pagamentos apresentava situação confortável. 
• A conta financeira viu o saldo crescer de 
US$1,8 bilhões em 89/91 para US$9,6 bilhões 
em 92/94. 
 
65 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
Fim da alta inflação – o Plano Real 
• Tal situação confortável do BP permitia a 
implantação da âncora cambial, com uma taxa 
de câmbio fixa e valorizada. 
• Isso facilitava importações e aumentava a 
oferta interna de bens. 
 
66 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
Fim da alta inflação – o Plano Real 
• Duas ações importantes foram tomadas antes 
da implementação do Plano Real. 
– A primeira foi a desvinculação de receitas 
governamentais (DRU) para melhorar a situação 
fiscal do Governo. 
– Logo em 1994, tal medida aumentou a receita, ao 
mesmo tempo em que se reduziam os gastos, 
reduzindo o déficit orçamentário. 
67 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
Fim da alta inflação – o Plano Real 
– A segunda ação buscava conquistar a confiança do 
público, dando garantia de que desta vez não 
haveria surpresas, choques, confiscos ou 
intervenções em contratos. 
– Essas medidas foram tomadas no âmbito do 
Programa de Ação Imediata (PAI). 
68 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
Fim da alta inflação – o Plano Real 
• Os principais elementos do Plano Real eram: 
1. Eliminação da indexação formal. 
2. Criação da URV (unidade real de valor), 
equivalente a 1US$, com valor em moeda 
nacional (Cruzeiro real) reajustada a cada dia. 
Era uma espécie de pré-moeda, transformada 
depois em real. 
3. Conversão dos salários em URV, pela média dos 
4 meses anteriores. 
4. Novos contratos estabelecidos em URV até esta 
se tornar o real. 
69 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
Fim da alta inflação – o Plano Real 
• As medidas 2 e 4 equivalem a um 
congelamento de preços, para eliminar a 
cultura inflacionária. 
• A negociação entre empresas e trabalhadores 
acerca do salário em URV era um elemento 
importante para evitar distorções como no 
Plano Cruzado. 
 
70 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
Fim da alta inflação – o Plano Real 
• A implantação do plano foi acompanhada de 
uma política monetária restritiva 
(aumentando a taxa de juros), buscando 
conter a esperada expansão de demanda 
associada à drástica redução do imposto 
inflacionário. 
 
71 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
Fim da alta inflação – o Plano Real 
• O Plano Real foi um êxito de política 
econômica. 
• A média mensal de inflação foi de 0,63%, com 
inflação anual de 7,8%. 
• A inflação crônica parece efetivamente 
debelada. 
72 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
Fim da alta inflação – o Plano Real 
• Conseguiu-se eliminar em grande parte a 
cultura inflacionária. 
• Foram fatores importantes para debelar a 
inflação: 
– A introdução da URV 
– A âncora cambial 
73 
4) Inflação e política anti-inflacionária: 
Fim da alta inflação – o Plano Real 
• A âncora cambial foi importante em um 
primeiro momento, mas não depois, pois após 
a flutuação do câmbio em 1999 a inflação não 
se acelerou. 
• Outro fator que contribuiu para controlar a 
inflação foi a capacidade dos consumidores de 
não sancionar aumentos de preços, coisa que 
não era possível em um cenário de alta 
inflação. 
 
74 
4) Inflação e política anti-inflacionária: Fim 
da alta inflação – Metas de inflação 
• A partir de 1999 implantou-se as metas de 
inflação. 
• O Conselho Monetário Nacional define um 
valor (atualmente 4,5%), com uma tolerância 
para mais e para menos de 2%, que deve ser 
perseguido com os instrumentos de política 
monetária, e.g. taxa SELIC definida pelo 
COPOM a cada 45 dias. 
75 
5) Décadas de 1990 e 2000: Mudanças 
no setor externo 
• Nesse período verificam-se importantes 
mudanças no saldo de Transações Correntes e 
na Conta Financeira do BP. 
• Nos anos 80, o saldo da balança de serviços 
era muito negativo, por conta da dívida 
externa elevada. 
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5) Décadas de 1990 e 2000: Mudanças 
no setor externo 
• Subsidiava-se extensivamente às exportações 
para contrabalancear esse resultado negativo. 
• Promoveu-se uma maxidesvalorização de 30% 
da moeda nacional, aumentando as pressões 
inflacionárias. 
• Na primeira metade dos anos 90, com o Plano 
Brady, houve uma redução parcial dos débitos 
e dos juros, e alongamento dos prazos de 
pagamento. 
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5) Décadas de 1990 e 2000: Mudanças 
no setor externo 
• Na década de 90 houve expressivo influxo de 
capitais estrangeiros privados para 
investimentos em carteira buscando explorar 
os juros altos de países emergentes (frente a 
uma queda nos juros das economias 
desenvolvidas). 
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5) Décadas de 1990 e 2000: Mudanças 
no setor externo 
• Entre 1990 e 1994 , investimentos em carteira 
aumentaram US$ 16 bilhões. 
• Isso favoreceu a utilização da âncora cambial. 
• Com dólar mais barato, as importações 
aumentaram e ajudaram a segurar os preços. 
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5) Décadas de 1990 e 2000: Mudanças 
no setor externo• Até os anos 90, a taxa de câmbio era fixa, com 
minidesvalorizações periódicas, devido a 
inflação. 
• Com o plano Real foi adotado o sistema de 
bandas cambiais, i.e., o câmbio flutua dentre 
de um pequeno intervalo. Na prática, essa 
flutuação é tão pequena que o câmbio pode 
ser considerado fixo. 
 
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5)Taxa de câmbio: Flutuação em 1999 
• O câmbio valorizado do Plano Real ajudou a 
conter a inflação, mas a balança comercial se 
tornou negativa. 
• Crises do México (95) e Tigres Asiáticos (97) 
provocaram saída de capitais, pressionando o 
câmbio. 
 
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5)Taxa de câmbio: Flutuação em 1999 
• O Governo foi forçado a aumentar 
drasticamente a taxa de juros para atrair 
capitais e equilibrar o BP. 
• Esse aumento reduziu os investimentos e a 
atividade econômica. 
 
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5)Taxa de câmbio: Flutuação em 1999 
• A situação tornou-se insustentável em janeiro 
1999, com o BP com grande saldo negativo e 
perda de reservas. 
• O Bacen anunciou que a taxa de câmbio seria 
determinada pelo mercado (câmbio flexível). 
• O câmbio foi desvalorizado em 50%, passando 
de R$1,16/US$ para R$1,82 em 1999. 
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5)Taxa de câmbio: Flutuação em 1999 
• No período 2000-04 a cotação subiu a 
R$2,62/US$ devido a uma alta especulativa ao 
redor da eleição de Lula em 2002. 
• De 2005 em diante o real tendeu a se 
valorizar, aumentando importações. 
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5) Taxa de câmbio: Flutuação em 1999 
A conta de transações correntes 
• Condições favoráveis no cenário internacional 
(demanda da China) permitiram o aumento 
das exportações (tabela 6) de produtos 
primários. 
• Os valores das exportações aumentaram de 
US$12,6 bilhões para US$90 bilhões entre 
2000 e 2010. 
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5) Taxa de câmbio: Flutuação em 1999 
A conta de transações correntes 
• Houve temor de especialização do país em 
produtos primários (participação na pauta 
subiu de 25% para 45% entre 1990 e 2010). 
• Desde 2006 a rubrica Lucros e Dividendos 
passaram a ser mais importantes na conta 
Rendas, o que reflete uma maior importância 
do investimento estrangeiro direto. 
 
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5) Taxa de câmbio: Flutuação em 1999 
A conta Financeira 
• Entrada de recursos na conta financeira 
cresceu fortemente nas últimas duas décadas. 
– Resultado do Investimento Direto e em Carteira. 
• Investimentos Diretos são mais desejáveis por 
serem de longo prazo. 
• Investimentos em carteira aumentam e 
diminuem de acordo com as conjunturas 
interna e externa. São muito voláteis. 
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6) O Estado na Economia: Mudanças e 
problemas 
• O papel do Estado na economia tem passado 
por modificações relevantes nas últimas três 
décadas. 
• A crise Fiscal dos anos 80 tornou inviável a 
manutenção da mesma participação do 
Estado. 
 
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6) O Estado na Economia: Mudanças e 
problemas 
• Devido a fixação de preços de empresas 
estatais pelo Governo, estas se tornaram 
incapazes de se financiarem. 
• Ganhou força a ideia de privatização para 
eliminar ineficiências e distorções. 
– Isso porque setores industriais constantemente 
beneficiados por subsídios governamentais não 
lograram êxito, ao passo que o agronegócio vinha 
prosperando fortemente e sem auxílio público. 
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6) O Estado na Economia: Mudanças e 
problemas 
• O Estado como Regulador 
– Normalmente defende-se que o estado aja tão 
somente como regulador. 
– Assim, evita-se a fixação monopolística dos 
preços. 
– Pode-se controlar também a qualidade dos 
produtos e serviços fornecidos em um ambiente 
com pouca competição. 
• Mas as agências reguladoras devem ser 
independentes. 
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6) Problemas das Finanças Públicas 
• Existem ainda problemas sérios a serem 
sanados nas Finanças Públicas brasileiras. 
• O déficit nominal (diferença entre despesas 
totais e receitas totais do setor público). 
• O déficit primário (diferença entre despesas 
totais excluídas as despesas com serviço da 
dívida e as receitas). É a economia do governo 
para o pagamento do serviço da dívida. 
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6) Problemas das Finanças Públicas 
• Na tabela 8 nota-se que o déficit primário é 
negativo (superávit). 
• Mas esse superávit vem se reduzindo desde 
2004. 
• O Déficit nominal, por outro lado, é positivo e 
gira em torno de 3,5% do PIB. 
• Esse déficit nominal é financiado pela emissão 
de títulos da dívida pública, o que tende a 
aumentar a dívida pública ainda mais. 
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6) O lado das receitas 
• O aumento do endividamento tem ocorrido a 
despeito da expansão da carga tributária. 
• Entre 2000 e 2010, a dívida aumentou de 30% 
para 35% do PIB. 
• A carga tributária brasileira é alta e a estrutura 
é extremamente complexa, resultando em 
distorções/ineficiências na economia. 
 
 
96 
6) O lado das receitas 
• A constituição de 1988 aprofundou a 
descentralização de receitas, sem dividir as 
despesas. 
• O Governo Federal foi o maior prejudicado. 
• Por outro lado, a autonomia dos governos 
locais permitiu a ocorrência de guerra fiscal. 
97 
6) O lado das despesas 
• Os gastos sociais (saúde, educação e 
previdência social) absorvem 70% das receitas 
da União. 
• Dois terços correspondem à previdência 
social. 
• O Déficit previdenciário tem sido crescente, 
dobrou entre 1996 e 2006 (passou de 2% para 
4% do PIB). 
 
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6) O lado das despesas 
• Metade do déficit se refere ao INSS (setor 
Privado) que beneficia 22 milhões de 
trabalhadores. 
• A outra metade do déficit se refere à 
previdência do servidor público, que beneficia 
apenas 1 milhão de trabalhadores. 
• Esse déficit era contornável enquanto o 
número de jovens trabalhando era muito 
grande relativamente aos mais velhos. 
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6) O lado das despesas 
• O ajuste fiscal do Governo para cobrir esse 
déficit é feito via redução dos Investimentos. 
• Com isso, o crescimento do país é 
prejudicado. 
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6) Reformas nas Finanças Públicas 
• Seria desejável uma reforma na estrutura 
tributária para torná-la mais simples e com 
níveis mais adequados para todos os entes 
federados. 
• O temor de perda de receitas não permite 
criar o consenso político necessário para a 
aprovação da reforma. 
 
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6) Reformas nas Finanças Públicas 
• Também faz-se necessário aumentar a 
eficiência dos gastos públicos, altamente 
ineficientes no Brasil. 
• Uma reforma no sistema previdenciário é 
inevitável e necessária. 
• O FUNPRESP é um primeiro passo para o 
equilíbrio previdenciário. 
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6) Perspectivas 
• Para promover um crescimento equilibrado de 
longo prazo algumas medidas são necessárias: 
• Estimular a poupança interna e os 
investimentos 
• Reduzir a carga tributária. 
• Ampliar e melhorar a educação. 
• Melhoria das instituições. 
• Melhoria de legislação relacionada a 
realização de negócios e trabalhista. 
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