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A Economia brasileira nas últimas décadas: avanços e problemas Introdução a Economia Módulo III – Unidade VII- Aula 22 Rafael Terra (UnB) 1 1) Visão geral da história Econômica • Desde meados do século passado, duas características se mostraram salientes na Economia Brasileira. 1. Crescimento do PIB relativamente alto no período pré 1980. 2. Quebra de tendência de crescimento a partir da década de 1980. 7 8 1) Visão geral da história Econômica • De 1948 a 2010: Taxas médias de crescimento do PIB e do PIB per capita de 5,2% e 2,8% ao ano, respectivamente. • EUA tiveram crescimento menor (3,2% a.a.). • Nota-se no entanto, um contraste entre o período 1948-1980 e 1980-2010. 9 1) Visão geral da história Econômica • Entre 1948 e 1980, o PIB per capita cresceu a taxa média de 4,6% a.a. • Entre 1981 e 2010, cresceu a taxa de 0,7% a.a. • No período de 1968 a 1973 (“Milagre Econômico”) houve crescimento excepcionalmente alto do PIB, 11,2% em média. 10 1) Visão geral da história Econômica • Na década de 70 o crescimento médio foi de 9% a.a. • De 1980 a 2010 houve alternância de períodos de crescimento mais e menos expressivos. • O que causou tais diferenças de crescimento no período pré e pós- década de 1980? 11 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indústria • O crescimento anterior a 1980 foi marcado pelo dinamismo da indústria, em especial, da indústria de transformação. • Entre 1947 e 1980 esta cresceu a uma taxa de 8,7% a.a. 12 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indústria • Entre 1948 e 1980 a indústria também se diversificou, produzindo bens de consumo não-duráveis (e.g. alimentos, vestuário), duráveis (e.g. carros) e bens de capital (e.g. máquinas voltadas à produção). • A queda no crescimento após 1980 também se deveu a indústria, que cresceu a apenas 1,4% a.a. 13 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indústria - Estímulos Governamentais • O desenvolvimento da indústria foi favorecido por estímulos do Governo. • Barreiras à importação (tarifas alfandegárias). – Essa era a principal fonte de receita até início do século XX. – Depois, passou a ter cada vez mais um caráter protecionista, inclusive por pressão do setor industrial. 14 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indústria - Estímulos Governamentais • Uma doutrina protecionista – Economistas associados à CEPAL liderados por Raul Prebisch e Celso Furtado. – Pontos Centrais: a especialização em produtos primários para exportação limitaria o crescimento no longo prazo. 15 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indústria - Estímulos Governamentais – Produtos primários: baixa elasticidade-renda, pouco sujeitos a melhorias técnicas e grandes aumentos de produtividade. – Produtos industriais: alta elasticidade-renda e sujeitos a grandes melhorias tecnológicas e de produtividade. 16 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indústria - Estímulos Governamentais – Países não devem se ater a lógica das Vantagens Comparativas. – Devem diversificar suas estruturas produtivas. – Devem desenvolver a indústria voltada para o mercado interno, substituindo importações. – A experiência do Brasil na década de 30 influenciou a disseminação dessa doutrina. 17 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indústria - Estímulos Governamentais • Exemplos de planos econômicos formulados com base nas ideias cepalinas são: Plano de Metas (1955-60) e II PND (1973-79). • O estímulo à indústria nesses planos abrangiam subsídios do Governo na forma de isenções de impostos, câmbio favorável para importação de equipamentos, e empréstimos de longo prazo. 18 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indústria - Investimento Externo • Em consequência das restrições à importações diversas empresas internacionais se estabeleceram ou ampliaram suas instalações no Brasil. • Houve, inclusive, associação do capital estrangeiro com o capital nacional para instalação de fábricas no Brasil. 19 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indústria – Taxas de Investimento • Mercado financeiro internacional favorecia a tomada de empréstimo até fim da década de 70. • A taxa de investimento como proporção do PIB aumentou fortemente na década de 70 (período de maior crescimento do PIB). Ver tabela 2. 20 21 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indústria – Taxas de Investimento • Na tabela 2, nota-se que a taxa de investimento se manteve nas décadas de 80 e 90. • Esse resultado é enganoso, pois houve aumento dos preços relativos dos bens de investimento. • O ideal é utilizar a taxa de investimento a preços constantes (coluna B). • Nota-se uma forte queda nesse indicador entre 1970 e 1999 (de 23,1% para 15,1% do PIB). 22 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indústria – Poupança Pública e Poupança Externa • Na década de 70, 1/3 da poupança total proveio da poupança do governo ou do exterior. 24 25 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indústria – Poupança Pública e Poupança Externa • A partir da década de 80, o Governo passa a contribuir negativamente para a poupança doméstica. • Isso pode explicar o baixo crescimento a partir dessa década. • O Governo financiava esse déficit emitindo títulos da dívida, adquiridos com recursos da poupança privada (que seriam investidos), i.e. provoca o conhecido efeito crowding-out. 26 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indústria – Os investimentos do Governo • O Governo pode investir – indiretamente, via capitalização de empresas como Petrobrás, transferência de recursos para o Tesouro e bancos de fomento como o BNDES, – ou diretamente, construindo estradas, portos ou usinas hidrelétricas, fatores que aumentam a produtividade. 27 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indústria – O investimentos do Governo • Redução do crescimento a partir da década de 80 tem sido atribuída a queda nos investimentos públicos. • Na tabela 4 isso fica claro pela evolução da taxa de formação Bruta de Capital do Setor Público. • Em 1969, esse valor era de 5,37% do PIB. • Em 2003 chegou 1,51% do PIB. 28 29 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indústria – Os investimentos do Governo • A elevação de gastos correntes (como folha salarial, previdência) “engessa” o orçamento. • Gastos correntes trazem mais benefícios políticos de curto prazo. E governos têm curta duração. • Para atingir algum equilíbrio fiscal, o governo corta gastos discricionários como o investimento. 30 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indústria – aspectos positivos • O modelo de crescimento anterior a década de 80 foi bem-sucedido. Permitiu a criação de um parque industrial dinâmico e diversificado. • Poucos países verificaram tal ritmo de crescimento no período. 31 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indústria – aspectos negativos • Distribuição de renda piorou no período. • O crescimento beneficiou poucos. • No que se refere à indústria, ressalta-se o baixo nível de competitividade. 32 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indústria – aspectos negativos • Visava-se a oferta de produtos para substituir importações. • Custo e eficiência eram fatores secundários. • Para automóveis, por exemplo, as barreiras à importação eliminavam a competição externa. 33 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indústria– aspectos negativos • Competição entre produtores nacionais praticamente não existiu no período. • Havia sim uma luta pelo apoio governamental via órgãos de fomento que forneciam crédito subsidiado. • Quem não conseguia tal apoio se encontrava em desvantagem. 34 2) Antes de 1980: crescimento liderado pela indústria – aspectos negativos • A pouca concorrência desestimulava investimentos em inovação, que carregam alto risco, mas podem proporcionar grandes ganhos. • Um ambiente competitivo estimula a adoção de inovações de modo a expulsar os inaptos do mercado. • O Resultado é um setor industrial despreparado para competir internacionalmente. 35 3) A crise dos anos 80: Antecedentes • Antecedentes (década de 70) – O aumento dos preços do petróleo aumentou o saldo de dólares aplicados no mercado financeiro pelos países da OPEP (petro-dólares). – A taxa de juros internacional se reduziu drasticamente. – Expansão do endividamento externo pelo Governo brasileiro para financiamento dos projetos de desenvolvimento como o II PND. 36 3) A crise dos anos 80: Antecedentes • Aumento da taxa de juros americana elevou o serviço da dívida externa do Brasil. • Em 1982, com a moratória do México, reduziu-se drasticamente a oferta de empréstimo, reduzindo a oferta de dólares e aumentando a taxa de juros cobrada. 37 3) A crise dos anos 80: Descontrole Fiscal • Problemas fiscais foram agravados após o fim do regime militar. • As demandas sociais represadas se tornaram evidentes e incorporadas na Constituição de 1988. • Os gastos aumentaram muito e houve perda de receitas com a descentralização. 38 3) A crise dos anos 80: Descontrole Fiscal • As dificuldades fiscais reduziram a capacidade do Governo estimular setores produtivos. • Ganhou força a ideia de privatização. 39 3) A crise dos anos 80: Setor externo • O surgimento de setores de rápido desenvolvimento tecnológico (como Tecnologia da Informação) trazia novas demandas de importação. • Tornou-se imperativo expandir e diversificar as exportações. • Restrições a importações desestimulavam a busca da eficiência e introdução de inovações. 40 3) A crise dos anos 80 : Setor externo • A elevação do serviço da dívida externa evidenciou a necessidade de elevar o saldo comercial do Balanço de Pagamentos (BP). • O modelo anterior de estímulos à exportação às custas dos demais setores se revelou insuficiente. • Se solidificou a ideia de uma maior abertura comercial, com aumento da competitividade da indústria. 41 3) A crise dos anos 80: Setor externo • A pressão de um ambiente internacional pela liberalização da economia se sentiu na “Rodada Uruguai” a partir de 1986 que culminou com a criação da “Organização Mundial do Comércio” em 1995. • A adesão do Brasil à OMC representou um compromisso com um padrão de comércio marcado pela ausência de grandes barreiras protecionistas. 42 3) A crise dos anos 80: Setor externo • Iniciou-se, então, um processo de redução de obstáculos à importação no final dos anos 80, com uma redução gradual das tarifas e medidas liberalizantes pelo Governo Collor. • Rompeu-se uma tradição de protecionismo à indústria nacional e um recuo da participação do estado na economia. 43 4) Inflação e política anti-inflacionária • Na década de 80 observamos uma grande aceleração inflacionária. • De uma média mensal de 2,4% em 1970-79, aumentou para 16,2% em 1980-89. • Iniciou-se um debate sobre a origem do processo inflacionário. 44 45 4) Inflação e política anti-inflacionária: Teorias de Inflação e política anti- inflacionária • Monetarismo x Estruturalismo • São duas interpretações do processo inflacionário. 46 4) Inflação e política anti-inflacionária: Monetarismo • Monetarismo – No Brasil defendida por Mario Henrique Simonsen e Roberto Campos. Nos EUA, por Milton Friedman. – Admitia a importância das pressões de demanda no processo inflacionário, ocasionadas por uma expansão monetária excessiva. 47 4) Inflação e política anti-inflacionária: Monetarismo – Essa expansão monetária pode advir • de déficits governamentais financiados por emissão de moeda. • Aumentos salariais acima dos ganhos de produtividade. – O remédio • Contenção de gastos • Aumento de receitas públicas • Disciplina Fiscal • Restrição monetária • Emissão de títulos da dívida para financiar déficits 48 4) Inflação e política anti-inflacionária: Estruturalismo • Causa básica da inflação – Inelasticidades de oferta. • O processo de industrialização e urbanização incrementara a demanda por certos bens e serviços que não podiam ser prontamente atendidas pela oferta. 49 4) Inflação e política anti-inflacionária: Estruturalismo • O remédio – Se aplicado o remédio de aperto monetário dos monetaristas haveria recessão sem resolver os problemas estruturais de oferta. – Os custos sociais da política monetaristas eram maiores que a inflação. – Recomendavam atacar os problemas estruturais que permitissem ampliar a oferta. 50 4) Inflação e política anti-inflacionária: O monetarismo na prática • Entre 1964 e 1967 Roberto Campos aplicou o receituário monetarista de forma “gradualista” para evitar efeitos recessivos. • Uma reforma tributária ampliou a receita. • Aplicou correção monetária aos títulos públicos (instrumento não inflacionário de financiamento de déficits) para torná-los atraentes para os investidores. 51 4) Inflação e política anti-inflacionária: O monetarismo na prática • Recorreu-se também a compressão salarial, reduzindo os custos de produção. • Isso contribuiu para uma queda na inflação. De 89,5% a.a. em 1964, caiu para 16,3% em 1970. • Inicialmente, houve retração pontual do crescimento em 1965. • No geral, o resultado reforçou a ideia monetarista sobre inflação. 52 4) Inflação e política anti-inflacionária: A inércia inflacionária • Os preços voltaram a subir no início da década de 1970. • O “choque do petróleo”, de 1973, representou um violento aumento nos preços. Os custos de produção se elevaram expressivamente e os preços finais acompanharam esse aumento. • O segundo choque do petróleo (1979) contribuiu para novas pressões de aumento de preços. 53 4) Inflação e política anti-inflacionária: A inércia inflacionária • Essa inflação tinha uma característica diferente. As taxas eram maiores (acima de 100% a.a. no início da década de 80 e maior que 200% a.a. no biênio 1984-85) e ocorriam junto a uma contração do PIB e do PIB per capita (caiu mais de 12% entre 1980 e 1983). 54 4) Inflação e política anti-inflacionária: A inércia inflacionária • Essa inflação teria um componente inercial, que fazia com que se repetisse nos períodos seguintes. • A correção monetária passara a ser uma prática generalizada à medida que a inflação aumentava. • Em 1979 a correção monetária automática dos salários a cada 6 meses é definida por lei. • Contratos de Aluguéis, prestações, salários, tudo passou a ser corrigido formalmente pela inflação. 55 4) Inflação e política anti-inflacionária: A inércia inflacionária • A inflação passada passou a determinar a inflação futura. • Quanto mais generalizada a indexação, maior a tendência de que a inflação de hoje venha a se refletir na inflação de amanhã. • Desenvolveu-se uma “cultura inflacionária”. 56 4) Inflação e política anti-inflacionária: A inércia inflacionária • A inflaçãoparecia evoluir por patamares. • Ao redor de 50% a.a. entre 1975 e 1979. • Próxima de 100% a.a. entre 1980 e 1982. • Próxima de 200% a.a. entre 1983 e 1985. • Um choque (e.g., a desvalorização cambial de 1983) que empurra os preços para cima, faria com que o nível maior de inflação se perpetuasse, por causa da inércia. 57 4) Inflação e política anti-inflacionária: O Plano Cruzado • Plano anti-inflacionário, posto em prática em fevereiro de 1986. • Considerava a inércia inflacionária a principal causa da inflação. • A solução para a inflação foi a do chamado “choque heterodoxo”. 58 4) Inflação e política anti-inflacionária: O Plano Cruzado • Os ingredientes do Plano eram: – 1)Fim da indexação formal. – 2)Nova unidade monetária, o “Cruzado”, que pretendia acabar com o efeito psicológico da inflação associada à moeda anterior. 59 4) Inflação e política anti-inflacionária: O Plano Cruzado – 3)Conversão dos salários em cruzados pela média real dos últimos 6 meses (para tornar desnecessária a indexação salarial). – 4)Congelamento de preços por certo período. • A inflação mensal manteve-se abaixo de 2% até outubro de 1986. • Depois de outubro a inflação retornou. 60 4) Inflação e política anti-inflacionária: O Plano Cruzado • A razão para a volta da inflação é que o plano provocou um choque de demanda. • Temendo protestos dos trabalhadores, o Governo determinou que o reajuste pela média dos 6 meses anteriores fosse acrescido de 8% em termos reais. • O salário mínimo foi reajustado em 16%. 61 4) Inflação e política anti-inflacionária: O Plano Cruzado • A redução súbita da inflação ocasionou uma redistribuição de renda para os mais pobres. • Com uma dada oferta, os preços foram pressionados. 62 4) Inflação e política anti-inflacionária: Outros Planos • Plano Bresser (1987) • Plano Verão (1989) • Plano Collor (1990) • Plano Collor II (1991) • Os efeitos desses planos foram cada vez menos duradouros. • Esses planos previam ações de contenção de demanda com desindexação da economia culminando com o bloqueio de ativos pelo Plano Collor. 63 4) Inflação e política anti-inflacionária: Outros Planos • Entre 1987 e 1994, o IPCA esteve entre 10% e 30% por 59 meses, e acima de 30% em 23 meses. • Em março de 1990 chegou a 82%. 64 4) Inflação e política anti-inflacionária: Fim da alta inflação – o Plano Real • Implantado em julho de 1994. • Buscava atacar os componentes inflacionários inerciais e de demanda. • Ao contrário dos anos 80, o Balanço de Pagamentos apresentava situação confortável. • A conta financeira viu o saldo crescer de US$1,8 bilhões em 89/91 para US$9,6 bilhões em 92/94. 65 4) Inflação e política anti-inflacionária: Fim da alta inflação – o Plano Real • Tal situação confortável do BP permitia a implantação da âncora cambial, com uma taxa de câmbio fixa e valorizada. • Isso facilitava importações e aumentava a oferta interna de bens. 66 4) Inflação e política anti-inflacionária: Fim da alta inflação – o Plano Real • Duas ações importantes foram tomadas antes da implementação do Plano Real. – A primeira foi a desvinculação de receitas governamentais (DRU) para melhorar a situação fiscal do Governo. – Logo em 1994, tal medida aumentou a receita, ao mesmo tempo em que se reduziam os gastos, reduzindo o déficit orçamentário. 67 4) Inflação e política anti-inflacionária: Fim da alta inflação – o Plano Real – A segunda ação buscava conquistar a confiança do público, dando garantia de que desta vez não haveria surpresas, choques, confiscos ou intervenções em contratos. – Essas medidas foram tomadas no âmbito do Programa de Ação Imediata (PAI). 68 4) Inflação e política anti-inflacionária: Fim da alta inflação – o Plano Real • Os principais elementos do Plano Real eram: 1. Eliminação da indexação formal. 2. Criação da URV (unidade real de valor), equivalente a 1US$, com valor em moeda nacional (Cruzeiro real) reajustada a cada dia. Era uma espécie de pré-moeda, transformada depois em real. 3. Conversão dos salários em URV, pela média dos 4 meses anteriores. 4. Novos contratos estabelecidos em URV até esta se tornar o real. 69 4) Inflação e política anti-inflacionária: Fim da alta inflação – o Plano Real • As medidas 2 e 4 equivalem a um congelamento de preços, para eliminar a cultura inflacionária. • A negociação entre empresas e trabalhadores acerca do salário em URV era um elemento importante para evitar distorções como no Plano Cruzado. 70 4) Inflação e política anti-inflacionária: Fim da alta inflação – o Plano Real • A implantação do plano foi acompanhada de uma política monetária restritiva (aumentando a taxa de juros), buscando conter a esperada expansão de demanda associada à drástica redução do imposto inflacionário. 71 4) Inflação e política anti-inflacionária: Fim da alta inflação – o Plano Real • O Plano Real foi um êxito de política econômica. • A média mensal de inflação foi de 0,63%, com inflação anual de 7,8%. • A inflação crônica parece efetivamente debelada. 72 4) Inflação e política anti-inflacionária: Fim da alta inflação – o Plano Real • Conseguiu-se eliminar em grande parte a cultura inflacionária. • Foram fatores importantes para debelar a inflação: – A introdução da URV – A âncora cambial 73 4) Inflação e política anti-inflacionária: Fim da alta inflação – o Plano Real • A âncora cambial foi importante em um primeiro momento, mas não depois, pois após a flutuação do câmbio em 1999 a inflação não se acelerou. • Outro fator que contribuiu para controlar a inflação foi a capacidade dos consumidores de não sancionar aumentos de preços, coisa que não era possível em um cenário de alta inflação. 74 4) Inflação e política anti-inflacionária: Fim da alta inflação – Metas de inflação • A partir de 1999 implantou-se as metas de inflação. • O Conselho Monetário Nacional define um valor (atualmente 4,5%), com uma tolerância para mais e para menos de 2%, que deve ser perseguido com os instrumentos de política monetária, e.g. taxa SELIC definida pelo COPOM a cada 45 dias. 75 5) Décadas de 1990 e 2000: Mudanças no setor externo • Nesse período verificam-se importantes mudanças no saldo de Transações Correntes e na Conta Financeira do BP. • Nos anos 80, o saldo da balança de serviços era muito negativo, por conta da dívida externa elevada. 76 5) Décadas de 1990 e 2000: Mudanças no setor externo • Subsidiava-se extensivamente às exportações para contrabalancear esse resultado negativo. • Promoveu-se uma maxidesvalorização de 30% da moeda nacional, aumentando as pressões inflacionárias. • Na primeira metade dos anos 90, com o Plano Brady, houve uma redução parcial dos débitos e dos juros, e alongamento dos prazos de pagamento. 77 5) Décadas de 1990 e 2000: Mudanças no setor externo • Na década de 90 houve expressivo influxo de capitais estrangeiros privados para investimentos em carteira buscando explorar os juros altos de países emergentes (frente a uma queda nos juros das economias desenvolvidas). 78 5) Décadas de 1990 e 2000: Mudanças no setor externo • Entre 1990 e 1994 , investimentos em carteira aumentaram US$ 16 bilhões. • Isso favoreceu a utilização da âncora cambial. • Com dólar mais barato, as importações aumentaram e ajudaram a segurar os preços. 79 5) Décadas de 1990 e 2000: Mudanças no setor externo• Até os anos 90, a taxa de câmbio era fixa, com minidesvalorizações periódicas, devido a inflação. • Com o plano Real foi adotado o sistema de bandas cambiais, i.e., o câmbio flutua dentre de um pequeno intervalo. Na prática, essa flutuação é tão pequena que o câmbio pode ser considerado fixo. 80 5)Taxa de câmbio: Flutuação em 1999 • O câmbio valorizado do Plano Real ajudou a conter a inflação, mas a balança comercial se tornou negativa. • Crises do México (95) e Tigres Asiáticos (97) provocaram saída de capitais, pressionando o câmbio. 81 82 5)Taxa de câmbio: Flutuação em 1999 • O Governo foi forçado a aumentar drasticamente a taxa de juros para atrair capitais e equilibrar o BP. • Esse aumento reduziu os investimentos e a atividade econômica. 83 5)Taxa de câmbio: Flutuação em 1999 • A situação tornou-se insustentável em janeiro 1999, com o BP com grande saldo negativo e perda de reservas. • O Bacen anunciou que a taxa de câmbio seria determinada pelo mercado (câmbio flexível). • O câmbio foi desvalorizado em 50%, passando de R$1,16/US$ para R$1,82 em 1999. 84 5)Taxa de câmbio: Flutuação em 1999 • No período 2000-04 a cotação subiu a R$2,62/US$ devido a uma alta especulativa ao redor da eleição de Lula em 2002. • De 2005 em diante o real tendeu a se valorizar, aumentando importações. 85 5) Taxa de câmbio: Flutuação em 1999 A conta de transações correntes • Condições favoráveis no cenário internacional (demanda da China) permitiram o aumento das exportações (tabela 6) de produtos primários. • Os valores das exportações aumentaram de US$12,6 bilhões para US$90 bilhões entre 2000 e 2010. 86 5) Taxa de câmbio: Flutuação em 1999 A conta de transações correntes • Houve temor de especialização do país em produtos primários (participação na pauta subiu de 25% para 45% entre 1990 e 2010). • Desde 2006 a rubrica Lucros e Dividendos passaram a ser mais importantes na conta Rendas, o que reflete uma maior importância do investimento estrangeiro direto. 87 5) Taxa de câmbio: Flutuação em 1999 A conta Financeira • Entrada de recursos na conta financeira cresceu fortemente nas últimas duas décadas. – Resultado do Investimento Direto e em Carteira. • Investimentos Diretos são mais desejáveis por serem de longo prazo. • Investimentos em carteira aumentam e diminuem de acordo com as conjunturas interna e externa. São muito voláteis. 88 89 6) O Estado na Economia: Mudanças e problemas • O papel do Estado na economia tem passado por modificações relevantes nas últimas três décadas. • A crise Fiscal dos anos 80 tornou inviável a manutenção da mesma participação do Estado. 90 6) O Estado na Economia: Mudanças e problemas • Devido a fixação de preços de empresas estatais pelo Governo, estas se tornaram incapazes de se financiarem. • Ganhou força a ideia de privatização para eliminar ineficiências e distorções. – Isso porque setores industriais constantemente beneficiados por subsídios governamentais não lograram êxito, ao passo que o agronegócio vinha prosperando fortemente e sem auxílio público. 91 6) O Estado na Economia: Mudanças e problemas • O Estado como Regulador – Normalmente defende-se que o estado aja tão somente como regulador. – Assim, evita-se a fixação monopolística dos preços. – Pode-se controlar também a qualidade dos produtos e serviços fornecidos em um ambiente com pouca competição. • Mas as agências reguladoras devem ser independentes. 92 6) Problemas das Finanças Públicas • Existem ainda problemas sérios a serem sanados nas Finanças Públicas brasileiras. • O déficit nominal (diferença entre despesas totais e receitas totais do setor público). • O déficit primário (diferença entre despesas totais excluídas as despesas com serviço da dívida e as receitas). É a economia do governo para o pagamento do serviço da dívida. 93 94 6) Problemas das Finanças Públicas • Na tabela 8 nota-se que o déficit primário é negativo (superávit). • Mas esse superávit vem se reduzindo desde 2004. • O Déficit nominal, por outro lado, é positivo e gira em torno de 3,5% do PIB. • Esse déficit nominal é financiado pela emissão de títulos da dívida pública, o que tende a aumentar a dívida pública ainda mais. 95 6) O lado das receitas • O aumento do endividamento tem ocorrido a despeito da expansão da carga tributária. • Entre 2000 e 2010, a dívida aumentou de 30% para 35% do PIB. • A carga tributária brasileira é alta e a estrutura é extremamente complexa, resultando em distorções/ineficiências na economia. 96 6) O lado das receitas • A constituição de 1988 aprofundou a descentralização de receitas, sem dividir as despesas. • O Governo Federal foi o maior prejudicado. • Por outro lado, a autonomia dos governos locais permitiu a ocorrência de guerra fiscal. 97 6) O lado das despesas • Os gastos sociais (saúde, educação e previdência social) absorvem 70% das receitas da União. • Dois terços correspondem à previdência social. • O Déficit previdenciário tem sido crescente, dobrou entre 1996 e 2006 (passou de 2% para 4% do PIB). 98 6) O lado das despesas • Metade do déficit se refere ao INSS (setor Privado) que beneficia 22 milhões de trabalhadores. • A outra metade do déficit se refere à previdência do servidor público, que beneficia apenas 1 milhão de trabalhadores. • Esse déficit era contornável enquanto o número de jovens trabalhando era muito grande relativamente aos mais velhos. 99 6) O lado das despesas • O ajuste fiscal do Governo para cobrir esse déficit é feito via redução dos Investimentos. • Com isso, o crescimento do país é prejudicado. 100 6) Reformas nas Finanças Públicas • Seria desejável uma reforma na estrutura tributária para torná-la mais simples e com níveis mais adequados para todos os entes federados. • O temor de perda de receitas não permite criar o consenso político necessário para a aprovação da reforma. 101 6) Reformas nas Finanças Públicas • Também faz-se necessário aumentar a eficiência dos gastos públicos, altamente ineficientes no Brasil. • Uma reforma no sistema previdenciário é inevitável e necessária. • O FUNPRESP é um primeiro passo para o equilíbrio previdenciário. 102 6) Perspectivas • Para promover um crescimento equilibrado de longo prazo algumas medidas são necessárias: • Estimular a poupança interna e os investimentos • Reduzir a carga tributária. • Ampliar e melhorar a educação. • Melhoria das instituições. • Melhoria de legislação relacionada a realização de negócios e trabalhista. 103
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