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Módulo 3 – texto 2
Direitos fundamentais
A democracia e os direitos do homem
- Ronald Dworkin
A charada da democracia
Constitucionalismo – confere a juízes não eleitos o poder de contestar as decisões dos poderes executivo ou legislativo designados democraticamente, a partir do momento em que elas violem, a seus olhos, os direitos do homem assegurados pela Constituição.
	Muitos consideram o constitucionalismo antidemocrático, pois subordina cidadãos comuns a uma elite de juízes. Outros, no entanto, sustentam o contrário, argumentando que o constitucionalismo protege os direitos humanos, que são a alma da democracia. Não pode ser democrático que maiorias venham a recusar direitos a minorias.
O que é a democracia? O que significa governo do povo?
Designa o governo da maioria do povo, de modo que em caso de desacordo entre os cidadãos a decisão democrática é sempre e unicamente aquela que defende a maioria. Portanto, o constitucionalismo é incompatível com a democracia.
	Se considerarmos a democracia apenas como o governo da maioria, sem incluir alusão aos direitos humanos, torna-se impossível justificar ou explicar a afirmação de que a democracia estabelece o governo de seus cidadãos, na medida em que nada na ideia do poder legislativo ou político de uma maioria significa que um indivíduo governe o que quer que seja. Se considerarmos nossa ação individual, com um direito de voto para todas as questões na cena política, essa ideia só se justificaria pela posse de um direito de veto, de que naturalmente ninguém dispõe na democracia.
A democracia como parceria
	A única maneira de explicar a afirmação de que a democracia dá ao cidadão o poder de governar é abandonar a ideia de que a existência de leis e políticas defendidas pela maioria dos cidadãos individualmente basta para garantir a democracia. É preciso encontrar um outro meio de compreender a ideia de que a democracia é o governo povo.
Povo = não simples conjunto de indivíduos agindo independentemente uns dos outros, mas homens agindo em conjunto.
	Cada um tem sua participação no sucesso ou fracasso, como sócio de um empreendimento coletivo, e não apenas em virtude de sua participação individual.
	Se pensarmos na democracia nesses termos, diremos que ela é a forma de governo na qual os cidadãos agem como parceiros de um coempreendimento governamental – mesmo quando protestam ou votam contra os representantes que ganham ou a política estabelecida.
	Nós nos governamos como parceiros, cada cidadão podendo considerar as ações da sociedade inteira como, indiretamente, suas próprias ações.
	Temos de tentar organizar nossa política de maneira a que todos os cidadãos tenham motivos para se sentir parceiros. Constitucionalismo: os cidadãos só podem sentir-se parceiros num empreendimento coletivo de governo dos cidadãos se lhes são assegurados direitos individuais:
Direitos antidiscriminatórios;
Liberdade de expressão;
Direitos econômicos;
Liberdades de consciência – liberdade de religião ou de ética pessoal, por exemplo.
	A parceria é uma questão de respeito mútuo: não posso ser parceiro de uma sociedade cujas leis me declaram cidadão de segunda classe.
	Haverá discordância quanto à maneira como esses direitos devem ser definidos com precisão, assim como sobre qual deles deveria prevalecer em caso de conflito.
	Se a nação decidiu que a melhor maneira de definir e garantir tais direitos é adotar uma Constituição de princípio moral interpretada e aplicada por juízes, estando estes excluídos do jogo político, a objeção de que a Constituição seja necessariamente antidemocrática é totalmente deslocada.
O constitucionalismo não é inimigo da democracia, mas um meio essencial a sua existência.

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