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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS - FMU ESCOLA DE ENGENHARIA A presença da mulher na Construção Civil Caroline Vicentine R.A. 5611146 E-mail: carol_vincentine@yahoo.com.br Dilma Kelly Abreu R.A. 6254011 E-mail: dilmaabreu29@gmail.com Edna Martins R.A. 4941121 E-mail: ednacristinabarbosa1@gmail.com Fabiano Ferreira R.A. 6332280 E-mail: fferreiradasilva@gmail.com Larissa Reis R.A. 6556198 E-mail: larissa.rocha@outlook.com Profª. Ylara Hellmeister Pedrosa Bacharelado em Engenharia Civil – 3º Ano RESUMO Historicamente, a engenharia sempre foi vista como uma atividade realizada por homens e foi somente após a segunda metade no século XX que ocorreram mudanças nesse quadro. O artigo procurou discutir a evolução da presença feminina no emprego e nas escolas de engenharia por intermédio da análise de estatísticas oficiais, bem como conhecer as experiências e vivências profissionais de engenheiros (as), suas análises e avaliações sobre a profissão e sobre o lugar das mulheres dentro dela. O artigo discute também alguns dos limites de gênero com que as engenheiras se depararam na sua inserção em determinadas áreas de trabalho e no desenvolvimento de suas carreiras. Palavras-chave: engenharia; evolução; presença feminina; 1. INTRODUÇÃO 1.1. Justificativa As mulheres já são maioria no mundo. Hoje elas representam 52% da população mundial. No Brasil, no último quarto de século, cerca de 20 milhões de brasileiras passaram a integrar o mercado de trabalho do país. (IBGE) Porém, em algumas profissões os homens ainda são maior número. É o caso da construção civil, que continua sendo uma área predominantemente masculina, mas este cenário está mudando. Este artigo analisa a presença das mulheres no campo profissional da construção civil nos últimos anos no Brasil, mostrando a evolução da área e como elas vêm se destacando cada vez mais neste campo profissional. 1.2. Objetivos Seguindo está perspectiva, este artigo tem por objetivo mostrar análise de dados estatísticos de crescimento das mulheres nesse campo, os fatores que está destacando as mulheres dos homens e as mudanças no canteiro de obras para receber a mão de obra feminina. Realizando uma análise existe ainda muita 2 desigualdade entre homens e mulheres, mas com muita luta as mulheres vem conquistando sua igualdade no mercado de trabalho (IBGE, 2015). 2. PARTICIPAÇÃO DE MULHERES EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA Dentre os primeiros estudos publicados em periódicos científicos está o de Alice Rossi (Rossi, 1965). Publicado em uma das mais respeitosas revistas científicas do mundo, a Science, o artigo discute a participação de mulheres trabalhando em atividades de ciência e tecnologia nos Estados Unidos, nos anos de 1950 e 1960. Os dados desse estudo mostraram uma participação muito reduzida de mulheres empregadas em algumas áreas, nas engenharias elas representavam cerca de 1% do total de empregados (LETA, 2003). O mercado da construção civil até pouco tempo era dominado por homens, agora os empregos nesse setor deixaram de ser exclusividade masculina. Sendo comum encontrar muitas mulheres trabalhando em diferentes funções nos canteiros de obras (pedreiras, engenheiras, técnicas em segurança do trabalho, instaladoras, funções administrativas, ou no comando das empresas) (SEBRAE, 2014). No Brasil, a presença das mulheres na construção civil ainda é bem inferior se comparada à presença masculina. Porém, nessa última década, a participação feminina no setor aumentou cerca de 8%. Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em 2010, as mulheres já somavam mais de 200 mil trabalhadoras do setor de construção civil com carteira assinada no País, quase o dobro do registrado em 2006. Porém, é importante ressaltar que a presença feminina na construção civil pode ir muito além do que se aponta nas estatísticas oficiais, no Brasil existem muitas mulheres que trabalham na área de forma autônoma. (CERBRAS, 2013) Os diversos fatores que contribuem para ingresso cada vez maior de mulheres no mercado da construção civil é a falta de mão de obra masculina qualificada, o aumento da demanda na área, a oportunidade de melhorar a renda e a qualidade de execução do trabalho. O principal diferencial da presença de mulheres nessa profissão é que elas são muito mais detalhistas e cuidadosas ao manusear os equipamentos. Elas são mais dedicadas e requisitadas que os homens para as atividades que exigem mais paciência e precisão. O comprometimento e dedicação também trazem reflexos econômicos positivos. Elas costumam chegar no horário, o alcoolismo aparece em proporção 3 menor entre as trabalhadoras, não abandonam a obra antes de concluí-la, utilizam corretamente os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e ferramentas, reduzindo em muito os custos com acidentes de trabalho e desgaste dos materiais. (HUGO RODRIGUES, 2013). Com a demanda do mercado superaquecido no Brasil registra um grande crescimento de mão de obra feminina no mercado. Algumas barreiras conseguiram ser quebradas e muitos profissionais da área estão percebendo que a mera força física deixou de ser critério decisivo na hora da contratação (SEBRAE, 2014). Imagem 1 – Mulher na construção civil (Fonte: SEBRAE – 2014) 3. PRIMEIRAS ENGENHERAS CIVIS NO BRASIL Em 1910 foi inaugurado o ensino de engenharia formal no Brasil, com a criação da Academia Real Militar, embora já existissem alguns cursos isolados, como a famosa “Aula de fortificação”, em 1719. Nessa época as mulheres ainda estavam impedidas de estudar em cursos universitários, mudando esse quadro a partir de 1879 com a Reforma de Leônicio de Carvalho (CABRAL, 2010). As primeiras mulheres engenheiras começaram a conquistar seu espaço no início do século XX, desafiaram convenções e enfrentaram rejeição e hostilidade, lutaram contra as limitações e contra preconceitos, que ainda hoje são impostos pela sociedade. Em 1917, formou-se a primeira mulher engenheira, Edwiges Maria Becker, pela escola politécnica do antigo Distrito Federal no Rio de Janeiro. (MENINAENGENHEIRA, 2014). 4 O numero de mulheres nesta área ainda e pouco comparado ao número de homens, porém atualmente em qualquer universidade nos cursos de Engenharia já é possível encontrar muitas mulheres que optam por esta profissão. O número ainda não e igual ao do sexo oposto, mais já superaram a ideologia esta não é profissão para mulher (BARBOSA E LIMA, 2013). 3.1. Edwiges Maria Becker Hom´meil A primeira engenheira foi “Edwiges Maria Becker Hom´meil” formada em 1917 pela Escola Politécnica do antigo Distrito Federal (RJ) (MATHEUS M. SOUSA - 2016). Além de ter sido uma excelente profissional, se tornou uma militante no movimento dos direitos civis e de reconhecimentos profissional, ajudou junto a outras mulheres a derrubar o marco delimitador – (CARLA GIOVANA CABRAL - 2010), aumentando o número de mulheres no ensino superior, e derrubando o mito de que as mulheres são menos capazes. 3.1. Enedina Alves Marques Nascida em 1913, em Curitiba (PR), Enedina Alves Marques, foi a primeira mulher negra a concluir o curso de engenharia civil, na década de 40. Formada em 1945, na Universidade Federal do Paraná, ao lado de 32 colegas homens. Ultrapassou barreiras por ser pobre, mulher e negra. Assim que formada, Enedina se registrou no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Paraná (CREA/PR), e trabalhou como auxiliar de engenharia, fiscal de obrasdo Estado e como chefe da Divisão de Engenharia da Seção de Estatística do Estado, além de ter participado de projetos como construção da usina hidrelétrica Capivari-Cachoeira e de várias escolas, como o Colégio Estadual do Paraná. (REIS, 2015). Em 1947 foi admitida no Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica do Paraná, trabalhando no plano hidrelétrico de aproveitamento das águas dos rios Capivari, Cachoeira e Iguaçu onde visitava a barragem da Usina Capivari-Cachoeira de macacão surrado e arma na cintura, mandando tiros para o alto para ser respeitada (FISENGE, 2016). 5 Imagem 2 – Enedina Alves Marques (Fonte: Site famosos que partiram – 2015). 4. ENGENHEIROS E ENGENHEIRAS: TENDÊNCIAS RECENTES DO EMPREGO E DA RENDA Segundo a PNAD de 2002, havia no Brasil 306.986 profissionais que se declararam ocupados como engenheiros, dos quais 273.037 eram do sexo masculino e 33.949, do feminino. O contraponto indica que apenas 45% do total de ocupados estavam empregados. Ou seja, 55% dos que se declararam ocupados como engenheiros são autônomos, empresários ou procuram emprego e não foram localizadas informações sistematizadas sobre as formas como eles se inserem na profissão e no mercado de trabalho. Observe-se ainda que o tamanho do segmento formal varia segundo o sexo do profissional: entre as engenheiras ocupadas, a parcela com empregos formais (59%) é bem mais importante do que a encontrada entre os engenheiros (43,7%), provavelmente devido ao maior peso do emprego público entre elas (Lombardi, 2006). 6 TABELA I ENGENHEIROS OCUPADOS E EMPREGADOS BRASIL EM 2002 SEGUNDO O GÊNERO: Imagem 3 – Tabela de engenheiros ocupados segundo o gênero (Fontes: Fibge/PNAD, 2002, ocupados (Brasil, 2002); MTE/Rais 2002, empregados (Brasil, 2002)). 5. O DIFERENCIAL DAS MULHERES NO SETOR DA CONTRUÇÃO CIVIL Assim como em outras atividades profissionais, algumas características inerentes ao gênero são apontadas como fatores que tornam as mulheres tão capacitadas quanto aos homens para o trabalho em obras as principais vantagens são: As mulheres são extremamente cuidadosas, delicadas na execução das tarefas, além de concentração e limpeza. (SEBRAE, 2014) Encontram-se nas mulheres o perfil ideal para realização de atividades que requerem atenção a todos os detalhes, e que sejam perfeccionistas e capricho, como: pintura, assentamento de peças cerâmicas e diversas instalações. (SEBRAE, 2014) O comprometimento e dedicação também são fatores positivo. São pontuais, o alcoolismo destaca-se em proporção menor entre as mulheres, não abandonam a obra antes de sua conclusão, a utilização de forma correta dos EPIs e ferramentas, reduzindo os custos em acidentes de trabalho e desgaste dos materiais. (SEBRAE, 2014) Segundo o MTE, o valor médio pago a profissionais na construção civil no primeiro trimestre de 2012 ficou em R$ 1.066,36, sendo que as mulheres puxam a média para cima, pois receberam 5,65% a mais que os homens, devido apresentarem mais qualificadas e instruídas (SEBRAE, 2014). 7 Imagem 4 – Comparação entre salários feminino e masculino na construção civil em 2014 (Fonte: SEBRAE, 2014) 6. COMO PREPARAR O CANTEIRO DE OBRAS PARA RECEBER A MÃO DE OBRA FEMININA Para a inserção da mulher nos canteiros de obras, independentemente do setor em que atuará, são necessárias algumas adequações, pois um canteiro de obra ainda é um espaço amplamente dominado por homens. Sendo assim, devido a diferenças de natureza física entre homens e mulheres, alguns cuidados são necessários para aprimorar seu rendimento na profissão, como por exemplo (SEBRAE, 2014): Locação de alojamento para as mulheres; Uso de cores diferenciadas nos banheiros femininos; Programas específicos para a saúde da mulher; 7. PROGAMAS DE INCENTIVOS PARA A CONTRATAÇÃO DE MULHERES NA CONSTRUÇÃO CIVIL Além das vantagens apresentadas acima, algumas iniciativas vêm sendo desenvolvidas no sentido de aumentar a presença de mulheres nos canteiros de 8 obras, pois mesmo com os grandes avanços da mulher nesta área, o preconceito ainda é um dos fatores apontados que dificulta na contratação. (SEBRAE, 2014) Uma dessas Iniciativas é o programa Mulheres Construindo Autonomia na Construção Civil, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM). Esse programa atual na qualificação e na formação de mulheres para inclusão no mercado da construção civil. É uma ação conjunta entre secretaria e governos estaduais e municipais. Outro exemplo é o projeto de Mulheres na Construção, desenvolvido pela Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), que proporciona qualificação profissional as beneficiárias dos programas sociais de transferências de rendas. Esse programa já qualificou 322 profissionais, em um investimento de cerca de R$ 1,1 milhão. Além disso oferece aulas de legislação, gênero, direito da mulher, cultura patriarcal e condições femininas para as turmas de azulejista e pintoras. (SEBRAE, 2014) O projeto Mão de Massa idealizado pela engenheira civil, Deise Graving, é uma proposta pioneira para transformar a vida de mulheres, com escolaridade igual ou superior ao 5º ano do Ensino Fundamental, visando a formação de profissionais e inserção de pedreiras, carpinteiras, pintoras e eletricista em canteiros de obras. Esta qualificação e os materiais para iniciação é gratuita. (SEBRAE, 2014) 8. O PRECONCEITO Historicamente, o mundo da engenharia foi aprendido como sendo duro e fisicamente exigente, dando origem a uma associação ao gênero masculino. Nos dias atuais, ainda muitos acreditam na ideia de que canteiro de obra não é lugar de mulher. Desconstruir estes preconceitos e estereótipos não ocorre da noite para o dia, porém muitas mulheres que cursam engenharia civil estão dispostas a superar este desafio (FARIA, 2015). Um estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese) no Estado de São Paulo, realizado entre 2003 e 2013, apontou que a participação das mulheres na engenharia civil é de 22,9%, para Lia Sá, engenheira civil pela Universidade Federal do Pará, essa baixa participação no mercado ocorre devido a vários fatores. A demanda por mobilidade é um desses fatores inibidores, pois além de elaborar projetos, de obrigação de engenheiros e engenheiras civis acompanhar a execução das obras. Alguns canteiros de obras 9 ficam longe das residências, exigindo a mudança de endereço, onde as mulheres acabam desistindo desta função devido a filhos e cônjuges que não permite a ausência por períodos prolongados. Outro fator apontado pela engenheira, é a diferença de salários entres homens e mulheres. Afirma que na esfera privada, a desigualdade é significativa, pois não a uma obrigação de um plano de cargos e salários, no que acaba desestimulando muitas mulheres, fazendo que as mesmas exerçam atividades administrativas e de planejamentos dentro de escritórios. (FARIA, 2015) A discriminação existe nas diversas profissões, nas salas de aulas, no ambiente de trabalho e nas diferenças salariais. Segundo a engenheira civil e associada da ABES-SP, Sandra Beatriz Giron, o preconceito ainda existe, “A sociedade tenta igualdade, mas isso são só palavras. A realidade é outra. A mulher consegue posição, mas com muita, muita luta. ” (ABES-SP, 2014) 10 9. CONCLUSÃO Apesar de historicamente a engenharia sempreter sido vista como uma profissão para homens, as mulheres alcançaram o seu espaço na profissão. Podemos enxergar que, as barreiras encontradas pelas mulheres na engenharia são tanto veladas, como explícitas. Dentre todas as barreiras encontradas pelas engenheiras, provavelmente uma das maiores tenha sido o preconceito. São apresentadas justificativas de que a mulher apresenta dificuldades de entendimento nas disciplinas na área de exatas, é sexo frágil, o trabalho de engenheira requer o tempo que elas não podem abdicar, trazendo a nossa realidade a discriminação, nos ambientes acadêmicos e de trabalho como fator real. Outro desafio encontrado reside na necessidade da prova permanente da competência profissional, como maneira da mulher se afirmar diante do grupo de homens, sendo eles colegas, subordinados ou superiores, em ambiente predominantemente masculino, como no caso a engenharia. 11 10. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Engenheiras brasileiras: inserção e limites de gênero no campo profissional Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100- 15742006000100008>. Acesso em: 09 out. 2016 [2] ABES-SP - Mulheres na Engenharia: uma história de luta e dedicação. Disponível em:< http://abes-sp.org.br/noticias/19-noticias-abes/6289-mulheres-na- engenharia-uma-historia-de-luta-e-dedicacao>.Acesso em: 26 out. 2016 [3] CABRAL, Carla; As Pioneiras na Engenharia. Disponível em: <http://files.dirppg.ct.utfpr.edu.br/ppgte/eventos/cictg/conteudo_cd/E2_Pioneiras_na_ Engenharia.pdf> Acesso em: 23 out. 2016 [4] CERBRAS. Mulheres na construção civil. Ceará,2013. Disponível em:< http://blog.cerbras.com.br/index.php/mulheres-na-construcao-civil/>. Acesso em: 25 out. 2016 [5] FARIA, Renato; Engenheira Lia Sá comenta conquistas e desafios das mulheres na construção civil. Disponível em:<http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/215/artigo338502-2.aspx >. Acesso em: 27 out. 2016 [6] FISENGE – Fisenge faz homenagem a engenheiras pioneiras. Disponível em:<http://www.sengerj.org.br/posts/1829-fisenge-faz-homenagem-a- engenheiras-pioneiras>. Acesso em: 26 out. 2016 [7] RAMOS, Cherolee. Mulheres na Engenharia. Disponível em:< https://mulheresnaengenharia.wordpress.com/2013/11/02/a-pobre- negra-enedina-pioneira-da-engenharia/> Acesso em: 24 out. 2016 12 [8] REIS, Luciana – Enedina Alves: conheça a história da primeira mulher negra a se formar em engenharia. Disponível em:< http://blogdaengenharia.com/enedina-alves-conheca-historia-da- primeira-mulher-negra-se-formar-engenheira/> Acesso em: 26 out. 2016 [9] SEBRAE. A presença das mulheres na construção. São Paulo,2014. Disponível em: <http://www.sebraemercados.com.br/wp- content/uploads/2015/10/2014_05_20_BO_ConstCivil_MulheresNaCC_valid.pdf>. Acesso em: 26
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