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Unidade II texto 3

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Unidade II – texto 3
VIII – A interpretação
- Hans Kelsen
A essência da interpretação. Interpretação autêntica e não-autêntica
Relativa indeterminação do ato de aplicação do Direito
Relação de determinação ou vinculação: a norma do escalão superior regula o ato através do qual é produzida a norma do escalão inferior, ou o ato de execução, determina o processo e eventualmente o conteúdo em que esta norma é posta. Esta determinação, porém, nunca é completa, pois a norma superior não pode vincular em todas as direções o ato através do qual é aplicada.
Moldura – a norma do escalão superior tem sempre o caráter de um quadro ou moldura a preencher pelo ato de produção normativa ou de execução que a aplica.
Indeterminação intencional do ato de aplicação do Direito
Todo o ato jurídico em que o Direito é aplicado é, em parte, determinado pelo Direito e, em parte indeterminado.
O estabelecimento de uma norma simplesmente geral opera-se sempre sob o pressuposto de que a norma individual que resulta da sua aplicação continua o processo de determinação que constitui o sentido da seriação escalonada ou gradual das normas jurídicas.
Indeterminação intencional: a autoridade administrativa é autorizada a determinar as disposições de diferentes maneiras, ou a faculdade de decidir no caso concreto, podendo ser fixado na própria lei um limite máximo e um mínimo.
Indeterminação não-intencional do ato de aplicação do Direito
	A indeterminação do ato jurídico pode ser a consequência não intencional da própria constituição da norma jurídica que deve ser aplicada pelo ato em questão.
O sentido verbal da norma não é unívoco, o órgão que tem de aplicar a norma encontra-se perante várias significações possíveis;
O que executa a norma crê poder presumir que entre a expressão verbal da norma e a vontade da autoridade legisladora, que se há de exprimir através daquela expressão verbal, existe uma discrepância; ou
Duas normas, que pretendem valer simultaneamente, se contradizem total ou parcialmente.
Discrepância entre vontade e expressão:
Completa
Parcial – quando a vontade do legislador ou a intenção das partes correspondem pelo menos a uma das várias significações que a expressão verbal da norma veicula.
O Direito a aplicar como uma moldura dentro da qual há várias possibilidades de aplicação
O Direito a aplicar forma uma moldura dentro da qual existem várias possibilidades de aplicação, pelo que é conforme ao Direito todo ato que se mantenha dentro deste quadro ou moldura, que preencha esta moldura em qualquer sentido possível.
Interpretação = fixação por via cognoscitiva do sentido do objeto a interpretar. O resultado de uma interpretação jurídica somente pode ser a fixação da moldura que representa o Direito a interpretar e, consequentemente, o conhecimento das várias possibilidades que dentro desta moldura existem.
	A interpretação de uma lei não deve necessariamente conduzir a uma única solução como sendo a única correta, mas possivelmente a várias soluções que têm igual valor, se bem que apenas uma delas se torne Direito positivo no ato do órgão aplicador do Direito.
Os chamados métodos de interpretação
	Do ponto de vista do Direito positivo, não há qualquer critério com base no qual uma das possibilidades inscritas na moldura do Direito a aplicar possa ser preferida à outra. 
	A necessidade de uma interpretação resulta justamente do fato de a norma a aplicar ou o sistema das normas deixarem várias possibilidades em aberto, ou seja, não conterem qualquer decisão sobre a questão de saber qual dos interesses em jogo é o de maior valor, mas deixarem antes esta decisão, a determinação da posição relativa dos interesses, a um ato de produção normativa que ainda vai ser posto.
A interpretação como ato de conhecimento ou como ato de vontade
	A questão de saber qual é, dentre as possibilidades que se apresentam nos quadros do Direito a aplicar, a “correta” não é sequer uma questão de conhecimento dirigido ao Direito positivo, não é um problema de teoria do Direito, mas um problema de política do Direito. 
	A tarefa que consiste em obter a única sentença justa (certa) é idêntica à tarefa de quem se propõe a criar as únicas leis justas (certas).
Diferença: quantitativa – a vinculação do legislador sob aspecto material é muito mais reduzida que a vinculação do juiz.
	Na aplicação da lei, para além da moldura dentro da qual se tem de manter o ato a pôr possa ter ainda uma atividade cognosciva do órgão aplicador do Direito. Não é um conhecimento do Direito positivo, mas de outras normas que podem ter incidência:
Normas de moral;
Normas de justiça;
Juízos sociais de valor;
Interesse do Estado;
Progresso; etc.
São determinações que não resultam do próprio Direito positivo.
	Na aplicação do Direito por um órgão jurídico, a interpretação cognosciva do Direito a aplicar combina-se com um ato de vontade em que o órgão aplicador do Direito efetua uma escolha entre as possibilidades reveladas através daquela mesma interpretação cognosciva. produção de norma inferior
Autêntica, isto é, criadora de Direito é a interpretação feita através de um órgão aplicador do Direito ainda quando cria Direito apenas para um caso concreto.
A interpretação pelo órgão jurídico pode se produzir completamente fora da moldura. pode cria-se direito desde que o ato deste órgão tenha transitado em julgado.
A interpretação da ciência jurídica
É puramente cognoscitiva do sentido das normas jurídicas.
Não é criação jurídica.
É incapaz de colmatar as lacunas do Direito (função de um órgão aplicador do mesmo)
	A interpretação jurídico-científica não pode fazer senão estabelecer as possíveis significações de uma norma jurídica, não pode tomar qualquer decisão entre as possibilidades por si reveladas.
Plurissignificação das normas – interpretação jurídico-científica tem de evitar a ficção de que uma norma jurídica apenas permite uma só interpretação. Isto é ficção da jurisprudência tradicional para consolidar o ideal da segurança jurídica.

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