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resumo direito penal 1

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1º Trabalho em grupo elaborado pela professora Elvira Rojas
	FACULDADE 
	Direito Penal I – 2012
1) Qual é a finalidade do direito penal? Nas palavras de Nilo Batista, a missão do direito penal é a proteção de bens jurídicos, através da cominação, aplicação e execução da pena. A pena, portanto, é simplesmente o instrumento de coerção de que se vale o Direito Penal para a proteção dos bens, valores e interesses mais significativos da sociedade. Com o direito penal objetiva-se tutelar os bens que, por serem extremamente valiosos, não do ponto de vista econômico, mas sim político, e que não podem ser suficientemente protegidos pelos demais ramos do Direito. Mas a missão do direito penal, não é só criar normas incriminadoras, pode acontecer que, em virtude da constante mutação porque passa a sociedade dia após dia, bens que em outros tempos eram tidos como fundamentais e, por isso mereciam a proteção do Direito Penal, hoje podem não gozar mais desse status, por não ser mais interessante para a sociedade punir. Nesse caso, o direito penal deve afastar-se e deixar que outros ramos do direito assumam tal tutela.
2) O princípio da legalidade, aliado ao princípio da anterioridade, assegura que não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. Destarte, vamos considerar que, o agente tenha sido condenado por um crime, e que já tenha uma sentença transitada em julgado. Entretanto, surge lei nova que deixa de considerar tal conduta como fato punível. Você como magistrado, resolveria de que forma essa questão? Art. 2º “ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo único: a lei posterior que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado”. Pode ocorrer que o legislador atento as mutações da sociedade, resolve não mais continuar a incriminar determinada conduta, retirando do ordenamento jurídico-penal a infração que a previa, pois passou a entender que o DP não mais se fazia necessário à proteção de determinado bem, nesse caso temos a chamada abolitio criminis, está prevista no art. 2º do CP . Descriminalizando aquela conduta até então punida pelo direito penal, o Estado abre mão de seu ius puniendi e, por conseguinte, declara a extinção da punibilidade (art. 107, III do CP) de todos os fatos ocorridos anteriormente à edição da lei nova.
3) Um cidadão sueco tentou matar o presidente do Brasil, que se encontrava em visita oficial à Suécia. Nessa hipótese, o crime praticado não ficará sujeito à lei brasileira, tendo em vista que, pelo princípio da territorialidade, só se aplica a lei brasileira nos limites de seu território, respeitando o princípio da soberania dos Estados? Dê embasamento legal. Essa pergunta, só pode ter como resposta a negativa, tendo em vista que, é explícito o art. 7º, I, alínea “a”quando diz que será aplicada a lei brasileira sem qualquer condicionante aos crimes elencados no art. 7º, I do CP, dentre eles, os crimes contra a vida do Presidente da República. Isso porque existem certos bens de extrema relevância para o Brasil, e que por isso mesmo devem ser tutelados pela norma penal brasileira, independentemente de ter ocorrido nos limites de seu território ou fora dele. É o conhecido princípio da defesa ou proteção, que leva em conta a nacionalidade do bem jurídico lesado.
4) Qual a diferença entre interpretação extensiva, interpretação analógica e analogia?
a) Ocorre a interpretação extensiva quando, para que se possa conhecer a exata amplitude da lei, o intérprete necessita alargar seu alcance, haja vista, ter aquela dito menos do que efetivamente pretendia (lex minus dixit quam voluit).
b) Interpretação analógica quer dizer que existe uma fórmula casuística, que servirá de norte ao exegeta, em seguida, segue uma fórmula genérica. 	Após uma enumeração casuística, o legislador, traz uma formulação genérica que deve ser interpretada de acordo com os casos anteriormente elencados, segundo leciona o mestre Fernando Capez. A norma regula o caso de modo expresso, embora genericamente. Um exemplo dessa espécie de interpretação pode ser encontrado no Código Penal, nos incisos III e IV, do parágrafo 2.º do artigo 121, in verbis:
 
“Art. 121. Matar alguém:
(...)	§2.º Se o homicídio é cometido:
(...)
III- com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou que possa resultar perigo comum;
IV- à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido.
 
Da análise dos trechos grifados, é fácil observar como se realiza a interpretação analógica. Ao elencar os tipos de homicídio qualificado, o artigo supra citado enumera, no inciso III, algumas das condutas que o qualifica. Após feita a enumeração, vem uma formulação genérica, materializada na expressão “outro meio insidioso ou cruel, ou que possa resultar perigo comum” Mas como o intérprete faz a interpretação analógica, a fim de descobrir quais são esses outros casos que a lei não enumera? A partir de e de acordo com os casos elencados anteriormente (“com emprego de veneno, fogo, explosivo..”). A mesma observação é feita em relação ao inciso IV do mesmo artigo 121, ora transcrito.
 
c) Analogia: Segundo Régis Prado: “por analogia, costuma-se fazer referência a um raciocínio que permite transferir a solução prevista para determinado caso a outro não regulado expressamente pelo ordenamento jurídico, mas que comparte com o primeiro, certos caracteres essenciais”. Quando se inicia o estudo da analogia em DP, devemos partir da seguinte premissa: é terminantemente proibido, em virtude do principio da legalidade, o recurso à analogia quando esta for utilizada de modo a prejudicar o agente, seja ampliando o rol de circunstâncias agravantes, seja ampliando o conteúdo dos tipos penais incriminadores a fim de abranger hipótese não previstas expressamente pelo legislador, etc. Já com relação a aplicação da analogia in bonam partem, além de ser perfeitamente viável, é muitas vezes necessária para que ao interpretarmos a lei penal não cheguemos a soluções absurdas. Pode-se até dizer o seguinte, não cabe analogia em normas penais incriminadoras, mas cabe analogia em normas penais não incriminadoras, desde que seja in bonam partem.
5) Qual das afirmativas abaixo é falsa? Justifique sua resposta.
a) a parte especial compõem-se apenas de normas incriminadoras;
b) as normas incriminadoras compõem-se de preceito primário e preceito secundário; 
c) o preceito primário descreve a conduta que se deve praticar ou que não se deve praticar;
d) o preceito secundário é a sanção penal;
e) há normas não incriminadoras na parte geral.
Justificativa: O CP é composto de 2 partes: GERAL (art. 1º ao 120) e ESPECIAL ( 121 a 361). É a parte geral do Código destinada à edição das normas que vão orientar o intérprete quando da verificação da ocorrência, em tese, de determinada infração penal. Ex: normas destinadas à aplicação da lei penal, preocupando-se o legislador em esclarecer, quando se considera praticado o delito, ou seja, o tempo de crime, cuida de conceitos fundamentais à existência do delito como a conduta do agente (doloso ou culposa), bem como o nexo de causalidade entre a conduta e o resultado; etc. A parte especial do Código, embora contenha normas de conteúdo explicativo, como aquela que define o conceito de funcionário público (art. 327), ou mesmo causas que excluam o crime ou isentem o agente de pena, é destinada, precipuamente, a definir os delitos e a cominar as penas.
6) Considere a seguinte situação hipotética: se no interior de uma embarcação não-mercante brasileira, nem de natureza privada, que esteja navegando em alto-mar, um cidadão russo praticar lesão corporal grave em um dos tripulantes, aplicar-se-á, obrigatoriamente, a hipótese, a lei penalbrasileira, em face do princípio da territorialidade ou a lei da Rússia, face ao princípio da personalidade ativa do agente russo? Nesse caso será aplicado o art. 5º, parágrafo 1º do CP, ou seja, aplica-se a lei brasileira no navio brasileiro porque este está, em alto-mar. É o princípio da territorialidade tendo em vista que, a embarcação brasileira é considerada, para efeitos penais, como extensão do território nacional. 
7) O princípio da Legalidade é também denominado por alguns doutrinadores:
a) Reserva legal.
b) Common Law.
c) Analogia legal.
d) Liberdade legal.
e) Interpretação legal
8) O que é abolitio criminis? Ocorre a abolitio criminis quando a lei posterior deixa de considerar um fato que anteriormente era criminoso. Trata-se de lei posterior que revoga o tipo penal incriminador, passando o fato a ser considerado atípico.
b) O que significa novatio legis in mellius e novatio legis in pejus? O parágrafo único do artigo 2o do Código Penal determina que: Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
A lei nova, editada posteriormente à conduta do agente, pode conter dispositivos que beneficiem ou que prejudiquem o mesmo. Se beneficiá-lo, será considerada uma novatio legis in mellius. Se prejudicá-lo será considerada uma novatio legis in pejus. Ex: aumenta a pena cominada ao crime.
A novatio legis in mellius terá sempre efeito retroativo, sendo aplicada aos fatos ocorridos anteriormente à sua vigência, ainda que já tenha havido sentença com trânsito em julgado. Ex: diminui a pena cominada ao crime.
9) O que é tempo do crime? Tempo do crime é o momento em que se considera o crime praticado. Essa noção é necessária para resolver problemas de confronto de leis que se sucedem no tempo. 
b) Em qual artigo do CP está localizado? no Art. 4º, descrito da seguinte forma: Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
c) Quais são as teorias que brigam a respeito do chamado “tempo de crime”? explique cada uma delas.
Várias teorias procuram identificá-lo:
I- teoria da atividade – tempo do crime é o da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
II- teoria do resultado – o tempo do crime é o da ocorrência do resultado, não importando o tempo da conduta comissiva ou omissiva
III-) teoria mista ou da ubiqüidade – considera os dois fatores. O tempo do crime será o da ação ou omissão, bem como o do momento do resultado.
d) Qual é a teoria adotada pelo CP? Código Penal adotou a teoria da ATIVIDADE para explicar o tempo do crime.
10) Após ler a afirmativa abaixo, coloque F se for (falso) ou V se for (verdadeiro) e depois justifique:
Na hipótese de três leis sucessivas: quanto ao fato praticado na vigência da primeira lei, a lei posterior, ou seja a segunda lei, que não é a do tempo do crime, retroagirá, por ser mais benigna, para alcançar o fato praticado na vigência da primeira, mas não poderá ser ultrativa em relação à terceira lei, que não é a do tempo que o mesmo foi julgado, e, assim, essa última deverá ser aplicada ainda que menos benigna.
Resp: FALSO. Pode sim, ser utilizada a segunda lei, em relação à terceira lei, isso porque, existe a chamada lei intermediária, que é aquela que não era vigente à data do fato nem à data da prolação da sentença. Deve ser aplicada sempre que, comparativamente a ambas, for mais benéfica, o que faz surgir uma retroativiade em relação à lei anterior e uma ultra-atividade em relação a uma lei mais nova. Esse é o pensamento de alguns doutrinadores, mas, no direito penal, nada é absoluto.
TIPO B
1) Dê o conceito de direito penal. Para Bitencourt apresenta-se como um conjunto de normas jurídicas que tem por objeto a determinação de infrações de natureza penal e suas sanções correspondentes – penas e medidas de segurança. Esse conjunto de normas e princípios, devidamente sistematizados, tem a finalidade de tornar possível a convivência humana, ganhando aplicação prática nos casos ocorrentes, observando rigorosos princípios de justiça. Com esse sentido, recebe também a denominação de Ciência Penal, desempenhando igualmente uma função criadora, liberando-se das amarras do texto legal ou da dita vontade estática do legislador, assumindo seu verdadeiro papel, reconhecidamente valorativo e essencialmente crítico, no contexto da modernidade jurídica. Para Zaffaroni “Direito penal designa-se – conjunta e separadamente – duas coisas distintas: 1) o conjunto de leis penais, isto é, a legislação penal; ou 2) o sistema de interpretação dessa legislação, ou seja, o saber do Direito Penal”. Para Mezger: direito penal é o conjunto de normas jurídicas que regulam o exercício do poder punitivo do Estado, associando ao delito, como pressuposto, a pena como conseqüência. Para Magalhães Noronha: é o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado, tendo em vista os fatos de natureza criminal e as medidas aplicáveis a quem os pratica. Para Frederico Marques: é o conjunto de normas que ligam ao crime, como fato, a pena como conseqüência, e disciplinam também as relações jurídicas daí derivadas, para estabelecer a aplicabilidade de medidas de segurança e a tutela do direito de liberdade em face do poder de punir do Estado. E ainda diz, para dar uma noção precisa de direito penal, é indispensável que nele se compreendam todas as relações jurídicas que as normas penais disciplinam, inclusive as que derivam dessa sistematização ordenadora do delito e da pena. 
2) Com referência à aplicação da lei penal, julgue os itens abaixo, mostrando qual está certo e qual está errado e por que?
a) A lei penal mais benéfica é retroativa e ultrativa, enquanto a mais severa, não tem extratividade. Justifique. Certo, trata-se de lei penal no tempo, vide art. 2º e art. 5º , XL da CF. A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. Ultrativa, porque seus efeitos perduram mesmo após o fim de sua vigência. Retroativa, porque, se a lei posterior for mais favorável do que a lei vigente à época do fato, será descartada a lei anterior mais grave e será aplicada a lei posterior mais favorável aos fatos que ocorreram antes mesmo de a lei entrar em vigor, vide parágrafo único do art. 2º do CP
b) A lei posterior, que de qualquer modo favoreça o agente, aplicar-se-á aos fatos anteriores, decididos por sentença condenatória, desde que, em trâmite recurso interposto pela defesa. Justifique. Errado. Vide art. 2º, A lei posterior que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se a fatos anteriores, ainda que decidos por sentença condenatória transitada em julgado. O trânsito em julgado ocorre quando a decisão se torna irrecorrível, portanto, não importa se esta pendente de apreciação recurso de acusação ou de defesa, estando o processo encerrado ou não, aplicar-se-á desde logo a lei penal mais benéfica.
c) A lei penal excepcional ou temporária aplicar-se-á aos fatos ocorridos durante o período de sua vigência, Uma vez cessadas as circunstâncias que a determinaram, não se aplica mais a lei penal, ainda que, seja mais benéfica. Justifique. Errado, vide art. 3º, A regra geral, em direito é a aplicação da lei vigente à época dos fatos (tempus regit actum). As leis excepcionais ou temporárias, são ultra-ativas ou seja, continuam a produzir efeitos aos fatos praticados durante a sua época de vigência, ainda que tenham sido revogados (art. 3º do CP) o objetivo é manter o seu poder intimidativo. Sendo as leis intermitentes, benéficas ou não serão aplicadas de qualquer forma, porque, essas leis não respeitam a regra do art. 2º do CP, ou seja, o princípio da retroatividade benéfica. Se o fizessem seriam inócuas, pois, cessado o prazo de sua vigência todos os criminosos que estivessem sendo punidos pela prática de infrações penais nesse período excepcional ou temporário teriam benefícios. 
3) Com relação aosprincípios da legalidade e da anterioridade, responda as seguintes indagações:
a) A medida provisória, por ter força de lei, mesmo antes de sua aprovação pelo Congresso Nacional, pode instituir crime ou pena criminal? De forma alguma, pois é tranqüila a orientação da doutrina e da jurisprudência no sentido de que não é possível criar crimes ou instituir penas por meio de medida provisória (art. 62 da CF) espécie normativa que tem força de lei, mas não é lei. O princípio da legalidade, exige que o crime e a pena sejam criados por meio de lei. A lei é a única fonte do direito penal, quando se quer proibir ou impor condutas sob ameaça de sanção. Trata-se de um fixador do conteúdo das normas penais incriminadoras. Tudo que não for expressamente proibido é licito em Direito Penal. É um principio fundamental do direito penal. Pelo princípio da legalidade, a elaboração das normas incriminadoras é função exclusiva da lei, emanada pelo poder legislativo, respeitado o processo previsto na CF. Nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma pena criminal pode ser aplicada sem que antes da ocorrência desse fato exista uma lei definindo-o como crime e cominando-lhe sanção correspondente. Está insculpido no artigo 1º do CP e no art. 5º XXXIX da CF/88 “não haverá crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem previa cominação legal”. É para controlar o poder punitivo do Estado. Segundo Von Liszt é a carta magna do delinqüente. 
4) Zé Bolinha, menor de idade, deu início a um seqüestro, em 14 de janeiro de 2009, na época, contava com 17 anos e 6 meses, além disso, a lei que vigorava a época, preceituava que, seqüestrar alguém - a pena era de 4 a 10 anos. Como o valor pedido por Zé Bolinha era muito alto a família pediu um tempo para conseguir a quantia, o que foi aceito pelo seqüestrador. No dia 19 de julho do mesmo ano, entrou em vigor uma nova lei, que aumentou a pena do crime de seqüestro para 5 a 15 anos. Enquanto isso, as negociações rolavam. No dia 31 de outubro, a polícia civil, conseguiu localizar o cativeiro, prender em flagrante Zé Bolinha e libertar a vítima. Nesse caso, qual lei será aplicada a Zé Bolinha e como ficará a situação dele? Explique como profissional do direito.
Conforme aprendemos em sala de aula, o crime de seqüestro é um crime permanente (é aquele cujo momento consumativo se prolonga no tempo por vontade do agente. A consumação ocorre no momento em que a vítima é privada de sua liberdade, mas a infração continua consumando-se no tempo, enquanto a vítima ficar com o agente). Pelo artigo 4º considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão ainda que outro seja o momento do resultado. Entretanto, ressalta-se que, nos casos de crimes permanentes, aqueles cuja ação do agente se prolonga no tempo, como o seqüestro, considera-se que a lei aplicada deverá ser a do momento da cessação da prática criminosa. É considerado tempo do crime todo o período em que se desenvolver a atividade delituosa. No caso em questão, quando Zé Bolinha foi encontrado, já havia completado 18 anos, sendo considerado imputável para todos os fins penais. Não obstante ter dado início ao seqüestro quando ainda era menor. Para reforçar nosso entendimento vide súmula 711 do STF.
5) Durante a visita da presidenta do Brasil à Colômbia, Zé Bolinha, brasileiro, dispara, tiros de arma de fogo contra aquela, sem, no entanto, atingir o alvo. Preso pela polícia Colombiana, consegue evadir-se e se refugia na casa dos seus pais, em São Luis do Maranhão. Nesse caso, será passível de condenação pela lei brasileira? Explique dando embasamento como operador jurídico. Sim, porque embora cometido no exterior, o delito foi praticado contra a vida do presidente da República (art. 7º, I, a do CP), por brasileiro (art. 7º , II, b, do CP), além disso o agente, ingressou em território nacional, podendo ser aplicado o art. 7º parágrafo 2º , a, b, c, d e “e”. 
6) Praticado um crime em avião brasileiro, pertencente a FAB (Força Aérea Brasileira) no aeroporto de Miami, qual lei será aplicada e porque? Será a lei brasileira, de acordo com o art. 5º , parágrafo 1º , as aeronaves brasileiras públicas ou a serviço do governo são consideradas extensões do território nacional.
7) No direito penal, de que modo se faz a contagem dos meses do ano? O parâmetro é o calendário comum para a contagem de prazos, é o gregoriano, no qual os meses não são contados em números de dias, mas de um certo dia do mês à véspera do dia idêntico do mês seguinte, sem preocupação de verificar feriados ou anos bissextos. Segue-se o disposto na lei 810/49: arts 1º “Considera-se ano o período de 12 meses contado do dia do início ao dia e mês correspondentes do ano seguinte”; 2º “Considera-se mês o período do tempo contado do dia do inicio ao dia correspondente do mês seguinte e 3º “Quando no ano ou mês do vencimento não houver o dia correspondente ao do início do prazo, este findará no primeiro dia subseqüente”. Vide art. 10 do CP.
8) Qual a diferença entre crime ou delito e contravenção penal? 
Para o direito penal, crime e delito são sinônimos, mas não se confundem com contravenção. Enquanto para alguns sistemas, como o francês, esses três elementos se distinguem (critério tripartido), para o Brasil (assim como na Alemanha e na Itália) utiliza-se o critério bipartido – crimes e delitos, como sinônimos, de um lado, e contravenções penais, de outro. Infração penal, por sua vez, é gênero relativo a essas duas espécies.
No artigo 1o da Lei de Introdução ao Código penal vem a distinção entre crime e contravenção: Art. 1º. Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples
ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
As contravenções penais são infrações menos graves que os crimes, são delitos-anões, segundo Nelson Hungria, ofendem bens jurídicos não tão importantes quanto os protegidos pela lei, quando tipificam como crime.
9) O código Penal, em relação à aplicação da Lei Penal no tempo, determina a:
a) retroatividade irrestrita apenas no caso de Abolitio Criminis.
b) Irretroatividade para os fatos já transitados em julgado
c) retroatividade da lei posterior mais benigna desde que o fato ainda não tenha transitado em julgado.
d) retroatividade irrestrita da lei posterior mais benigna.
10) Disserte sobre o princípio da humanidade. Esse princípio quer nos mostrar que, O direito penal deve pautar-se pela benevolência, garantindo o bem-estar da coletividade, incluindo-se o dos condenados. Estes não devem ser excluídos da sociedade, somente porque infringiram a norma penal, tratados como se não fossem seres humanos, mas animais ou coisas. 
Por isso estipula a Constituição não haverá penas: 
a) de morte (exceção feita à época de guerra declarada, conforme descrito no Código Penal Militar); b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento, e) cruéis (art. 5º XLVII), bem como, deverá ser assegurado o respeito a integridade física e moral do preso, (art. 5º , III, XLVII, XLIX e L). 
A pena não pode passar da pessoa do delinqüente. Esse princípio diz que o poder punitivo estatal não pode aplicar sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a constituição físico-psíquico dos condenados.
TIPO C
1) Como é composto o atual código penal? O código penal é composto de duas partes: geral (art. 1º a 120) e especial (art. 121 a 361). A parte geral do Código Penal, destinada à edição das normas que vão orientar o intérprete quando da verificação da ocorrência, em tese, de determinada infração penal. Ali encontramos normas destinadas à aplicação da lei penal, preocupando-se o legislador em esclarecer, quando se considera praticado o delito, ou seja, o tempo do crime; cuida de conceitos fundamentais à existência do delito, como a conduta do agente (dolosa ou culposa), bemcomo o nexo de causalidade entre esta e o resultado; elenca causas que excluem o crime, afastando sua ilicitude ou isentando o agente de pena; dita regras que tocam diretamente à execução da pena infligida ao condenado, bem como a aplicação de medida de segurança ao inimputável ou semi-imputável; enumera causas de extinção da punibilidade; enfim, ocupa-se de regras que são aplicadas não só aos crimes previstos no CP, como também a toda legislação extravagante. A parte especial do Código Penal, embora contenha normas de conteúdo explicativo, como aquela que define o conceito de funcionário público (art. 327) ou mesmo causas que excluam o crime ou isentam o agente de pena, é destinada, precipuamente, a definir os delitos e a cominar as penas. O Código penal é um decreto-lei de no 2.848 de 7 de dezembro de 1940. Entretanto, a lei no 7.209/1984, revogou tão somente, a parte geral do código penal.
2) Zé Bolinha, foi definitivamente condenado pela prática de crime punido com reclusão de 2 a 6 anos. Após o cumprimento de metade da pena a ele aplicada, adveio um nova lei, que passou a punir o crime por ele praticado com reclusão de 6 a 10 anos. Nesse caso como ficará a situação de Zé Bolinha? A lei penal mais maléfica, novatio legis in pejus, não pode retroagir para prejudicar Zé Bolinha. No caso em tela, devemos observar se a nova lei piora ou melhora a condição do réu. No caso apresentado, vemos nitidamente que piora. Além disso, a regra geral, em direito é a aplicação da lei vigente à época dos fatos (tempus regit actum). A exceção é a extra-atividade, ou seja, a possibilidade de aplicação de uma lei a fatos ocorridos fora do âmbito de sua vigência. Chama-se de extra-atividade, a capacidade que tem a lei penal de se movimentar no tempo regulando fatos ocorridos durante a sua vigência, mesmo depois de ter sido revogada, ou de retroagir no tempo, a fim de regular situações ocorridas anteriormente à sua vigência, desde que benéficas ao agente. Temos, portanto a extra-atividade como gênero, de onde as espécies são a ultra-atividade e a retroatividade. No caso exposto, a lei só poderia retroagir se fosse para beneficiar o réu/Zé Bolinha (in mellius), nunca in pejus.
3) Diz o art. 5º do Código Penal: “Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional”. Sobre a lei penal no espaço, considere as seguintes afirmativas:
a) Como regra, são submetidas à lei brasileira os crimes cometidos dentro da área terrestre, do espaço aéreo, das águas fluviais e marítimas.
b) Consideram-se extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro, onde quer que se encontrem.
c) É aplicável a lei brasileira aos crimes praticados à bordo de embarcações estrangeiras de propriedade privada que se encontrem em alto-mar.
d) Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir.
Assinale a alternativa correta.
1) somente as afirmativas a e b são verdadeiras.
2) somente as afirmativas a, b e c são verdadeiras.
3) somente as afirmativas a, b e d são verdadeiras.
4) somente as afirmativas c e d são verdadeiras.
5) somente as afirmativas b e c são verdadeiras.
RESP: a letra “b” . Vide art. 7º , II, “a” do CP. A aplicação da lei brasileira, neste caso, depende de entrar o agente no território nacional, ser o fato também punível no país em que foi praticado, estar o crime incluído entre aqueles que a lei brasileira autoriza a extradição, não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena, não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
4) Quais das teorias solucionam o problema do lugar em que o crime se considera praticado? O Código Penal brasileiro adotou a teoria MISTA ou da UBIQÜIDADE. De acordo com seu artigo 6o: Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
b) Por que o CP adotou essa teoria? Por que com essa adoção, da teoria da ubiqüidade resolve problemas de Direito Penal internacional. Ex.: Um sujeito, na Argentina, envia carta-bomba que explode com seu destinatário, no Brasil. Se a Argentina adotar a teoria da atividade e o Brasil a do resultado, o agente ficaria impune.
5) Quanto a norma penal em branco, marque a alternativa correta e após justifique
a) não há preceito primário e nem sanção;
b) não há preceito primário e nem secundário;
c) o juiz é quem cria o tipo penal;
d) o preceito apresenta lacunas que devem ser completadas com outra disposição legal.
Justifique: normas penais em branco: são aquelas em que há uma necessidade de complementação para que se possa compreender o âmbito de aplicação de seu preceito primário. Isso quer dizer que embora haja uma descrição da conduta proibida, essa descrição requer, obrigatoriamente, um complemento extraído de um outro diploma, leis, decretos, regulamentos etc para que possam efetivamente ser entendidos os limites da proibição ou imposição feitos pela lei penal, uma vez que, sem esse complemento, torna-se impossível a sua aplicação. Diz-se em branco porque seu preceito primário não é completo. Para que se consiga compreender o âmbito de sua aplicação é preciso que ele seja complementado por um outro diploma. Muitas vezes esse complemento de que necessita a norma penal em branco é fornecido por outra lei, ou, como vimos outro diploma que não uma lei em sentido estrito. Por isso a doutrina divide as normas penais em branco em dois grupos: normas penais em branco homogênea e, normas penais em branco heterogênea. 
6) O Delegado de Polícia Maurílio, lavra durante o seu plantão no 1º distrito Policial da Capital, no dia 30 de Abril de 2010 um boletim de ocorrência referente a uma agressão a faca praticada por Zé Ruela contra Miramar. O fato ocorreu, no dia em que Zé Ruela completaria 18 anos, na verdade 20 minutos antes de completar a maioridade penal. Segundo relato das testemunhas, o crime aconteceu em virtude da bebedeira que rolava solta na festa, notadamente, no aniversário de Zé Ruela. O aniversariante e Miramar começaram a discutir por causa do futebol e, no calor da discussão, aquele, desferiu oito facadas no tórax e abdômen de no convidado. Zé Ruela fugiu do local e Miramar foi socorrido e levado à Santa Casa local, aonde veio o óbito, 5 horas após a internação. Nesse caso, como ficaria a situação legal de Zé Ruela? Conforme o art. 4º preceitua: “considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado (teoria da atividade)”. No caso analisado, o agente ainda era menor de idade no momento da ação, o que o torna inimputável em relação ao crime cometido. Nesse caso, crime o menor não praticou, o delegado deve registrar o fato como ato infracional de homicídio e enviar a ocorrência para a delegacia especializada de atendimento a infância e juventude, e não para a delegacia de homicídios.
7) O que é, e quais são as partes que compõe a norma penal incriminadora? Possuem a função de definir as infrações penais, proibindo ou impondo condutas, sob ameaça de pena. São as normas penais em sentido estrito, proibitivas ou mandamentais.
Ao observarmos os tipos penais incriminadores, percebemos que existem duas espécies de preceitos:
- preceito primário – preceptum iuris – faz a descrição detalhada e perfeita de uma conduta que se procura proibir ou impor.
- preceito secundário – sanctio iuris – individualiza a pena, cominando-a em abstrato.
8) O que é direito penal objetivo e direito penal subjetivo? 
Direito Penal objetivo – é o conjunto de normas editadas pelo Estado, definindo crimes e contravenções, isto é, impondo ou proibindo determinadas condutas sob a ameaça de sanção ou medidade segurança, bem como todas as outras que cuidem de questões de natureza penal, estejam ou não codificadas.
Direito Penal subjetivo – é a possibilidade que tem o Estado de criar e fazer cumprir suas normas, executando as decisões condenatórias proferidas pelo Judiciário. É o próprio ius puniendi. Mesmo nos crimes de ação penal privada, o Estado não transfere o seu ius puniendi ao particular. O que este detém é o ius persequendi ou o ius accusationis, ou seja, o direito de vir a juízo e pleitear a condenação de seu agressor, e não o direito de executar, por si só a sentença condenatória.
9) Dê o conceito de analogia. Após explique, se é aceitável o recurso da analogia em direito penal.
Conceito: é forma de auto-integração da norma, consistente em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a disposição legal relativa a um caso semelhante. É o raciocínio que permite transferir a solução prevista para determinado caso a outro não regulado expressamente pelo ordenamento jurídico, mas que comparte com o primeiro certos caracteres essenciais ou a mesma ou suficiente razão.
b) No Direito Penal é terminantemente proibido, em virtude do princípio da legalidade, o recurso à analogia quando esta for utilizada de modo a prejudicar o agente, seja ampliando o rol de circunstâncias agravantes, seja ampliando o conteúdo dos tipos penais incriminadores, a fim de abranger hipóteses não previstas expressamente pelo legislador.
Portanto, daí se inferem duas hipóteses de analogia:
I) analogia in bonam partem – é a analogia benéfica ao agente. 
II) analogia in malam partem – é a aplicação de uma norma que define o ilícito penal, sanção, ou consagre qualificadora, causa especial de aumento de pena ou agravante (occidentalia delicti) a uma hipótese não contemplada, mas que se assemelha ao caso típico. 
10) Com relação a uma lei penal nova que, deixa de incriminar um fato que anteriormente era considerado crime, é incorreto afirmar que:
a) Tendo havido instauração de inquérito policial para apurar a ocorrência, essa deve ser arquivada; mas, se já houver sido oferecida a denúncia, de igual forma, deve o magistrado sequer recebê-la.
b) A abolitio criminis faz com que sejam extintos todos os efeitos penais, bem como o dever de indenizar a vítima na esfera civil.
c) O condenado, apenas pela prática desse crime retornará à condição de réu primário.
d) Quem já está cumprindo pena privativa de liberdade, condenado pela prática de crime que deixou de ser considerado como tal, deverá deixar de cumprir a pena imposta.
TIPO D
1) Vivaldino, foi preso pela prática de determinado crime, cuja pena vai de 4 a 8 anos e, já na fase da execução da pena, uma nova lei tornou mais branda a pena para aquele delito. Nessa situação, Vivaldino cumprirá a pena imposta na legislação anterior, baseado no tempus regit actum (o ato é regido pela lei do seu tempo) e no princípio da irretroatividade da lei penal? Explique dando embasamento legal. A regra geral, em direito penal é a aplicação da lei vigente à época dos fatos (tempus regit actum). Entretanto, não podemos olvidar que no direito penal, também impera o entendimento que toda regra comporta exceções, e baseado nessa assertiva, a aplicação da lei penal no tempo admite a chamada extra atividade, no caso a retroatividade da lei penal benéfica, mesmo que aplicado a fatos ocorridos anteriormente à sua entrada em vigor, ou seja antes do período de sua vigência. Observa-se também que o examinador ao criar o problema, valeu-se do princípio da irretroatividade da lei penal. Se analisarmos o tipo penal, notadamente o seu art. 2º do CP, veremos que o legislador descreve claramente a retroatividade da lei penal benéfica ou seja, o princípio da retroatividade da lei benéfica e não da irretroatividade da lei penal. Vale ressaltar que o trânsito em julgado, compete ao juiz da execução, a aplicação da lei mais benigna, vide art. 611 do STF.
2) O que são normas penais em branco? E como elas se dividem?
São aquelas em que há uma necessidade de complementação para que se possa compreender o âmbito de aplicação de seu preceito primário. Embora haja uma descrição da conduta proibida, essa descrição requer, obrigatoriamente, um complemento extraído de outro diploma, uma vez que, sem o complemento, torna-se impossível sua aplicação.
As normas penais em branco se dividem em dois grupos:
- normas penais em branco homogêneas (ou em sentido amplo) – se o seu complemento é oriundo da mesma espécie legislativa que editou a norma que necessita do complemento. Lei complementando lei.
- normas penais em branco heterogêneas (ou em sentido estrito) – seu complemento é oriundo de fonte diversa daquela que a editou. Regulamento complementando lei.
3) Em 15/12/2009, ocorre em toda região norte do país forte estiagem, ocasionando situação de calamidade pública pela falta de chuva. As reservas de água dos Estados afetados alcançam níveis baixos, faltando inclusive água potável para a população. Em virtude do período anormal, é editada uma lei que tipifica a conduta de uso desnecessário de água, com uma pena que vai de 2 a 6 anos de reclusão. João da Silva, desprezando a nova lei, usa de forma abusiva a água. Por intermédio, de uma denúncia anônima, é preso em flagrante quando lavava o passeio de sua casa, conduzido a delegacia, lavra-se o flagrante e instaura o IP. Em 18/12/2010, o processo referente à conduta de João da Silva está em fase de instrução criminal. Em 15/01/2011, a estiagem acaba, com a chegada das chuvas, normalizando por completo o abastecimento da água na região afetada, ocasionando a auto-revogação da lei que tipificou a conduta de uso desnecessário de água. Neste caso, como fica a situação jurídica de João da Silva, tendo em vista que o processo nem foi julgado, ainda? As leis excepcionais e temporárias são aquelas que vigoram durante o tempo determinado pelo legislador. Ex: editada para atender uma calamidade pública. Essas leis continuam a regular o período ou as circunstancias nelas previstas, embora ultrapassado o prazo ou as circunstâncias nelas previstas, embora ultrapassado o prazo ou as circunstâncias de sua vigência. Elas são autolimitadoras ou auto-revogadoras. São ultra-ativas, uma vez que sua vigência se protrai no tempo, para o período previsto. Essas leis não respeitam a regra do art. 2º do CP, ou seja, o princípio da retroatividade benéfica. Se o fizessem seriam inócuas, pois, cessado o prazo de sua vigência todos os criminosos que estivessem sendo punidos pela prática de infrações penais nesse período excepcional ou temporário teriam benefícios. Portanto essas leis temporárias e excepcionais são ultra-ativas ou seja, continuam a produzir efeitos aos fatos praticados durante a sua época de vigência, ainda que tenham sido revogados (art. 3º do CP) o objetivo é manter o seu poder intimidativo (Nucci, Alberto Silva Franco, Frederico Marques).
4) Quanto a aplicação da lei penal no espaço, leia as afirmativas, concordando (V) ou discordando (F), dando a resposta certa, mas, explicando como operadores do direito:
a) O princípio básico que norteia a aplicação da lei penal brasileira é o da territorialidade absoluta? Errado, O artigo 5º, caput do CP determina a aplicação da lei brasileira, sem prejuízo de convenção, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. É a regra da territorialidade. Pela redação do mencionado artigo, percebe-se que no Brasil não se adotou a teoria absoluta da territorialidade, mas sim uma teoria conhecida como temperada, haja vista que o Estado, mesmo sendo soberano, em determinadas situações, pode abrir mão da aplicação de sua legislação, em virtude de convenções, tratados e regras de direito internacional, tal como previsto no caput do art. já citado. Assim, eventualmente, a lei estrangeira poderá ser aplicada ao crime cometido no Brasil, sempre que assim dispuserem tratados ratificados pelo nosso país.
b) Os crimes praticados fora do território brasileiro, em altomar, especificamente a bordo de embarcações ou aeronaves nacionais privadas, e ali não forem julgados, são hipóteses de extraterritorialidade condicionada? Errado, não basta que os crimes sejam praticados em território estrangeiro e aí não serem julgados. Se os crimes foram praticados em alto-mar ( que não é território nem brasileiro, nem de qualquer país estrangeiro, aplica-se a lei do pavilhão, isto é do país cuja bandeira estiver hasteada no mastro do navio e a lei do país em que o avião estiver matriculado. 
5) Relativamente a jurisprudência do STJ e do STF, assinale a alternativa incorreta:
a) segundo o princípio da legalidade, a elaboração das normas incriminadoras e das respectivas sanções constitui função exclusiva da lei.
b) o Estatuto do desarmamento, ao estabelecer o prazo de 180 dias para que os possuidores e proprietários de armas de fogo sem registro regularizassem a situação ou as entregassem à Polícia Federal, criou uma situação peculiar, pois, durante esse período, a conduta de possuir arma de fogo deixou de ser considerada típica.
c) o sistema constitucional brasileiro autoriza que se apliquem leis penais supervenientes mais gravosas a fatos delituosos cometidos em momento anterior ao da edição da lex gravior.
d) A missão do direito penal moderno consiste em tutelar os bens jurídicos mais relevantes. Em decorrência disso, a intervenção penal deve ter o caráter fragmentário, protegendo apenas os bens jurídicos mais importantes e em caso de lesões de maior gravidade. 
6) A priori, como são feitas as seleções de bens jurídicos penais? Sendo a finalidade do direito penal a proteção dos bens essenciais ao convívio em sociedade, deverá o legislador fazer a sua seleção. Embora, esse critério não seja mais seguro, pois há uma forte conotação subjetiva, até do próprio legislador, podemos afirmar que a primeira fonte de pesquisa é a Constituição. Os valores abrigados pela CF, tais como a liberdade, a segurança, o bem estar social, a igualdade e a justiça, são de tal grandeza que o direito penal não poderá virar-lhe as costas servindo a lei maior de norte ao legislador na seleção de bens tidos como fundamentais. A CF, faz duplo papel, de um lado orienta o legislador, elegendo bens considerados indispensáveis a manutenção da sociedade, de outro impede que esse mesmo legislador, proíba ou imponha determinados comportamentos, violando direitos fundamentais, consagrados pela CF.
7) A norma que preceitua: “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”, constitui o que se denomina princípio da:
a) Irretroatividade da lei mais severa.
b) Abolitio ciminis.
c) Retroatividade da lei mais benéfica.
d) Reserva legal ou anterioridade.
e) Ultra-atividade.
8) Tiririca, brasileiro, mata Mariquinha que é americana e foge para o Brasil. As autoridades dos EUA, sabendo desse fato, pedem a extradição de Tiririca, para que seja punido pelas leis do país onde ocorreu o fato. Qual a solução jurídica dada pelo grupo, nesse caso? E que tribunal será competente para julgá-lo? 
O Brasil, não pode extraditar nacional, está descrito na constituição, nesse caso, não há outra alternativa, a não ser julgar Tiririca aqui, até mesmo para não haver impunidade. Ele será julgado por qual tribunal? A competência para o julgamento de Tiririca da Justiça Estadual da Capital do Estado, onde ele residiu por último, ou se nunca residiu no Brasil, competente, será o DF, vide art. 88 do CPP. Princípio da nacionalidade ativa ou nacionalidade ou da personalidade ativa ( leva em conta a nacionalidade brasileira do agente do delito). art. 7º, II, do CP, alínea “b”: praticado por brasileiro. Qual é a justificativa para a criação desse inciso? Leva-se em conta que não pode extraditar brasileiro, art. 5º , LI da CF. 
9) Como se contam os prazos de natureza penal? conforme estabelece o art. 10 do CP, o dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Assim, não interessa a que horas do dia o sujeito foi preso, se 11 horas da manhã ou 23 horas desde dia, já que, para efeito de contagem, é computado como um dia inteiro. Do mesmo modo, não importa se o prazo começou a correr domingo ou feriado, computando-se um ou outro como primeiro dia. Isso porque estamos falando de prazos penais e não de prazos processuais penais.
10) A polícia Federal do Amapá, em ação desenvolvida com a Marinha do Brasil e com a Marinha da França, apreendeu, em águas internacionais, uma embarcação pesqueira com 800 quilos de Cocaína. Os tripulantes, todos brasileiros, foram presos. Considerando apenas os dados enunciados, é aplicável a lei brasileira porque:
a) a embarcação se encontrava em alto-mar.
b) o crime de tráfico internacional de drogas foi praticado por brasileiro.
c) a lei francesa não é aplicável;
d) a embarcação é brasileira.
e) entre as polícias, a França tem prioridade sobre o Brasil.
TIPO E
1) Explique com suas palavras o princípio da legalidade, reserva legal e anterioridade. Após, dê exemplo para ficar bem compreendido.
a) Princípio da legalidade: alguns autores entendem que esse princípio é sinônimo da reserva legal, outros, que é gênero cuja espécie é a reserva legal e anterioridade da lei.
O Estado de direito e o princípio da legalidade são dois conceitos intimamente relacionados, pois que num verdadeiro Estado de Direito, criado com a função de retirar o poder absoluto das mãos do soberano, exige-se a subordinação de todos perante a lei.
A lei é a única fonte do direito penal, quando se quer proibir ou impor condutas sob ameaça de sanção. Trata-se de um fixador do conteúdo das normas penais incriminadoras. Tudo que não for expressamente proibido é lícito em Direito Penal. É um principio fundamental do direito penal. 
Pelo princípio da legalidade, a elaboração das normas incriminadoras é função exclusiva da lei, emanada pelo poder legislativo, respeitado o processo previsto na CF. 
Nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma pena criminal pode ser aplicada sem que antes da ocorrência desse fato exista uma lei definindo-o como crime e cominando-lhe sanção correspondente. 
Está insculpido no artigo 1º do CP e no art. 5º XXXIX da CF/88 “não haverá crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem previa cominação legal”. É para controlar o poder punitivo do Estado. Segundo Von Liszt é a carta magna do delinqüente. 
Quais são as funções da legalidade: 
a) proibir a retroatividade da lei penal (nullum crimen nulla poena sine lege praevia) ; 
b) proibir a criação de crimes e penas pelos costumes (nullum crimen nulla poena sine lege scripta); 
c) proibir o emprego da analogia para criar crimes, fundamentar ou agravar as penas (nullum crimen nulla poena sine lege stricta); 
d) proibir incriminações vagas e indeterminadas (nullum crimen nulla poena sine lege certa). 
O inciso XL do art. 5º da CF, em reforço ao princípio da legalidade previsto no inciso XXXIX, diz que a lei não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. 
A regra constitucional, é a da irretroatividade da lei penal; a exceção é a retroatividade, desde que seja para beneficiar o agente. Com essa vertente do princípio da legalidade tem-se a certeza de que ninguém será punido por um fato que, ao tempo da ação ou da omissão, era tido como um indiferente penal, haja vista a inexistência de qualquer lei penal incriminando-o. A certeza da proibição somente decorre da lei. 
O princípio da legalidade, veda também o recurso da analogia in malam partem para criar hipóteses que, de alguma forma, venham prejudicar o agente, seja criando crimes, seja incluindo novas causas de aumento de pena, de circunstâncias agravantes, etc etc. se o fato não foi previsto expressamente pelo legislador, não pode o intérprete socorrer-se da analogia a fim de tentar abranger fatos similares aos legislados em prejuízo do agente.
b) Reserva Legal: é um princípio que controla o poder punitivo do Estado e que confine sua aplicação em limites que excluam toda a arbitrariedadede excesso do poder punitivo. É uma efetiva limitação ao poder punitivo estatal. 
É um princípio fundamental do Direito penal, Feuerbach, no início do século XIX, consagrou o princípio da reserva legal através da fórmula latina nullum crimen, nulla poena sine lege. 
	
O princípio da reserva legal não impõe somente a existência de lei anterior ao fato cometido pelo agente, definindo as infrações penais. Obriga ainda que no preceito primário do tipo penal incriminador haja uma definição precisa da conduta proibida ou imposta, sendo vedada, portanto, com base em tal princípio, a criação de tipos que contenham conceitos vagos ou imprecisos. A lei deve ser taxativa. 
O princípio da reserva legal é um imperativo que não admite desvios nem exceções e representa uma conquista da consciência jurídica que obedece as exigências de justiça que somente os regimes totalitários o têm negado. Pelo princípio da legalidade, a elaboração de normas incriminadoras é função exclusiva da lei, isto é, nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma pena criminal pode ser aplicada sem que antes da ocorrência desse fato exista uma lei definindo-o como crime e cominando-lhe sanção correspondente. A lei deve definir com precisão e de forma cristalina a conduta proibida. A constituição brasileira determina em seu art. 5º, inciso XXXIX, não há crime sem lei anterior que o defina, não há pena sem previa cominação legal.
Legalidade formal e legalidade material: um direito penal que procura estar inserido sob uma ótica garantista deve, obrigatoriamente, discernir os critérios de legalidade formal e material, sendo ambos indispensáveis à aplicação da lei penal. Os sistemas das normas sobre a produção de normas – habitualmente estabelecido, em nossos ordenamentos, com fundamento constitucional – não se compõe somente de normas formais sobre a competência ou sobre os procedimentos de formação das leis (obediência ao trâmite procedimental previsto na CF para que determinado diploma legal possa vir a fazer parte do ordenamento jurídico. Ex como será feita uma lei ordinária). Inclui também as normas substanciais, como o princípio da igualdade e os direitos fundamentais, que de modo diverso limitam e vinculam o poder legislativo excluindo ou impondo-lhe determinados conteúdos. Assim, uma norma – por exemplo, uma lei que viola o princípio constitucional da igualdade – por mais que tenha existência forma ou vigência, pode muito bem ser inválida e como tal suscetível de anulação por contraste com uma norma substancial sobre sua produção”. (nullum crimen nulla poena sine lege valida)
Vigência e validade da lei: o conceito de vigência da lei penal estaria para a legalidade formal, assim como o conceito de validade estaria para a legalidade material. A lei penal formalmente editada pelo Estado pode, decorrido o período de vacatio legis, ser considerada em vigor. Contudo, a sua vigência não é suficiente, ainda, para que ela possa vir a ser efetivamente aplicada. Assim somente depois de conferir sua conformidade com o texto constitucional é que ela terá plena aplicabilidade, sendo considerada, portanto válida. Segundo Ferrajoli, num ordenamento jurídico dotado de Constituição rígida, para que uma norma seja válida ademais de vigente não basta que haja sido emanada com as formas predispostas para sua produção, senão que também é necessário que seus conteúdos substanciais respeitem os princípios e os direitos fundamentais estabelecidos na Constituição.
Somente a lei em sentido estrito poder criar tipos penais proibindo condutas sob ameaça de pena. Quando falamos em lei em sentido estrito, estamos nos referindo às chamadas leis ordinárias.
c) Princípio da anterioridade da lei: Por expressa previsão na Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, inc. XXXIX, e o Código Penal em seu art. 1º, onde “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”, nullum crimen, nulla poena sine lege praevia, desta feita, antes da ocorrência de um fato criminoso deve existir uma lei definindo-o como tal e prevendo a sanção correspondente. 
Pelo princípio da anterioridade é que a lei baliza o comportamento do cidadão mesmo antes de este se verificar, traçando normas e regulando a sua conduta. A conduta é predeterminada pelo legislador antes mesmo de sua ocorrência.
2) Sobre a norma penal, assinale a alternativa CORRETA:
a) A lei penal pode retroagir em qualquer caso;
b) A lei penal brasileira aplica-se a todos os crimes ocorridos no Brasil;
c) Admite-se a interpretação extensiva in bonam partem (em favor do réu).
d) A lei penal brasileira não se aplica a nenhum crime ocorrido fora do território nacional.
3) Quais são os princípios que regem a aplicação da extraterritorialidade da lei penal? princípio da justiça universal, universalidade ou cosmopolita; princípio da nacionalidade ativa ou da personalidade ativa; da nacionalidade ou personalidade passiva; princípio da bandeira ou representação.
4) Leia o artigo 7º, parágrafo 1º do CP e diga se há alguma inconstitucionalidade nesse artigo ou aberração em relação ao princípio nen bis in idem (ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo crime)? Há sim, se observarmos a leitura do mesmo, veremos que ocorre o chamado bis in idem, que é a proibição a dupla punição pelo mesmo fato. Isso porque, existe uma Convenção Americana de Direitos Humanos, em vigor no Brasil, aceito pelo nosso país, que deve ser respeitada. Aliás, está inserida tal obediência no art. 5º, parágrafo 2º da CF. Entretanto, tal conduta, praticada pelo nosso legislador, só não é mais aberrante, por causa da existência do art. 8º do CP, quando preceitua que, a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada quando idênticas.
5) Paulo, brasileiro, residente na França, furta carteira de outro brasileiro (Marcos) em uma avenida de Paris. Apanhado pela polícia francesa, é julgado e condenado a 5 anos de detenção, mas, não cumpre sua pena, tendo em vista que, voltou imediatamente ao Brasil, quando soube da sua condenação. Após dois anos, andando pela Av. Atlântica, no Rio de Janeiro, é reconhecido pela vítima, que chama a polícia e relata o fato, ocorrido em Paris. Nesse caso, como ficará a situação de Paulo? 
A lei penal brasileira, poderá puni-lo, tendo em vista, o que diz o art. 7º, inciso II, alínea b, combinado com o parágrafo 2º, alínea “d” do mesmo artigo, permite tal ato. Isso porque, há uma condenação na França, que não foi cumprida, por que Paulo, brasileiro, fugiu para não cumpri-la. Além disso, ele entrou no Brasil, podendo então responder pelo crime em tela, mesmo que tenha sido praticado em país alienígena, conforme o art. 7º do CP, acima mencionado.
6) É possível suprir lacuna da lei em norma penal incriminadora? Não. O problema da lacuna da lei penal, é resolvido de forma diferente, conforme se trate de norma penal incriminadora (a que define crimes, por exemplo). 
Tudo aquilo que não for expressamente proibido é permitido em DP. As condutas que o legislador deseja proibir ou impor, sob ameaça de sanção, devem vir descritas de forma clara e precisa, de modo que o agente as conheça e as entenda sem maiores dificuldades. O campo de abrangência do DP, dado seu caráter fragmentário, é muito limitado. Se não há previsão expressa da conduta que se quer atribuir ao agente, é sinal de que esta não mereceu a atenção do legislador. ENTRETANTO, quando se inicia o estudo da analogia em DP, devemos partir da seguinte premissa: é terminantemente proibido, em virtude do princípio da legalidade, o recurso à analogia quando esta for utilizada de modo a prejudicar o agente, seja ampliando o rol de circunstâncias agravantes, seja ampliando o conteúdo dos tipos penais incriminadores a fim de abranger hipótese não prevista expressamente pelo legislador, etc, mas, a aplicação da analogia in bonam partem, além de ser perfeitamente viável, é muitas vezes necessária para que ao interpretarmosa lei penal não cheguemos a soluções absurdas. A analogia in bonam partem é aquela que é benéfica ao agente, cabe então analogia in bonam partem para os casos de norma penal não-incriminadora. Não cabendo analogia in malam partem.
Aplicando-se a analogia no campo do direito civil, observemos que o art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil diz que: quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito. Com essa fórmula, mesmo que para determinado caso não haja norma expressa regulando-o, o juiz não pode eximir-se de julgá-lo, embora ocorra uma lacuna na lei. Só que, o mesmo não ocorre com o sistema jurídico-penal, que se tem por perfeito em normas penais incriminadoras. 
7) Um avião da GOL ( aeronave privada) está sobrevoando o território estrangeiro (alienígena) especificamente a Inglaterra, nesse ínterim, ocorre lá dentro um crime. Um Africano dá um tiro em um Chileno. De quem é o interesse para julgar tal infração penal? Qual a solução jurídica dada pelo grupo, nesse caso? O interesse do Brasil é entregar o autor do delito às autoridades Inglesas. Porém é possível que, pelas leis do país alienígena ( Inglaterra), não haja previsão legal para essa hipótese. Assim sendo, o foro competente é o da bandeira da aeronave. Só nesse caso vai aplicar a lei brasileira.
Mas, atenção o Brasil, só vai punir caso o governo estrangeiro não tenha interesse em punir o criminoso. Princípio da bandeira ou representação ( leva em consideração a bandeira brasileira da embarcação ou da aeronave privada situada em território estrangeiro). Art. 7º, II, do CP, alínea “c”: praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 
8) A norma inserida no art. 7º , inciso II, alínea “b”, do CP – Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro (...) os crimes (...) praticados por brasileiro – encerra o principio
a) da universalidade ou da justiça mundial.
b) da territorialidade.
c) da nacionalidade ou da personalidade ativa.
d) real, de defesa ou da proteção dos interesses.
Questão 9 e 10: Coloque V se for Verdadeira ou F, se for Falsa.
I- A lei brasileira não se aplica aos crimes contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público, se praticados no estrangeiro. FALSO. 
II- Um estrangeiro que pratica crime contra a vida do presidente da República fica sujeito à lei brasileira, mesmo que o fato tenha ocorrido no exterior, em face do princípio da nacionalidade ou personalidade. FALSO, princípio da defesa ou proteção.
III- Pelo princípio da extraterritorialidade, sujeita-se à lei brasileira, embora cometido em outro país, o crime de genocídio, quando o agente for brasileiro ou seja aqui domiciliado. VERDADEIRO. 
IV- A lei brasileira pode ser aplicada em todos os crimes praticados contra o Presidente da República em qualquer lugar do mundo. Tal possibilidade é baseada na aplicação do princípio da Soberania do Estado. FALSO. Vide art. 7º, I, “a”.
V- Considerando que uma aeronave privada brasileira estivesse sobrevoando território estrangeiro quando uma passageira praticou crime de aborto no seu interior, nessa situação, segundo o princípio da representação ou da bandeira, a competência para processar e julgar o feito seria da justiça brasileira, independentemente de o feito ser ou não julgado no território estrangeiro. FALSO. vide art. 7º , inciso II, alínea “c” do CP.
VI- Frente ao princípio da extraterritorialidade penal, pode-se afiançar que, a aplicação da lei penal estende-se quanto à propriedade privada de brasileiro quando a sua embarcação esteja atracada no exterior. FALSO. vide art. 5º, parágrafo 2º do CP. 
11) Assinalar a alternativa correta.
Conhecido empresário nacional vinha lesando a ordem tributária estadual e federal desde o início da década de 1960, quando vigorava a Lei no 4.729/65, e continuou a sua prática criminosa, perpetrada mensalmente, após o advento da Lei no 8.137/90 (lei penal mais grave), tendo sido descoberto em maio de 1992.
a) Aplica-se a lei penal posterior, porque o crime continuado é crime único apenas para fins de aplicação da pena, constituindo-se em um concurso material privilegiado por razões de política criminal.
b) Não se aplica a lei penal mais grave, porque o crime continuado é crime único, aplicando-se o princípio da ultraatividade da lei penal mais benigna.
c) Aplicam-se cumulativamente a lei penal mais grave para os crimes consumados após a sua vigência e a lei penal anterior para os que se consumarem durante a vigência desta.
d) Aplica-se a lei penal apenas do crime mais grave, porque se trata de crime único, permanente, pelo princípio da legalidade, solucionando-se o concurso aparente de normas pela aplicação do princípio da consunção. 
Explicando: o que significa crime continuado? a continuação delitiva está conceituada no art. 71, caput, do Código Penal: “Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços)”. 
Se o agente praticou a série de crimes, sob o império de duas leis, sendo a mais grave a posterior, será aplicada a novatio legis, mesmo que mais severa. Isso porque o sujeito ativo tinha a possibilidade de orientar-se de acordo com os novos ditames, ao invés de prosseguir na senda criminosa.
É orientação jurisprudencial do STF, a qual, inclusive, deu ensejo à edição da súmula 711.
No entanto, em caso de novatio legis incriminadora, constituem indiferente penal os fatos cometidos antes da sua vigência, devendo o agente ser responsabilizado por aqueles praticados após a sua entrada em vigor, a título de continuidade delitiva se presentes os requisitos legais.
Tratando-se de abolitio criminis, a lei nova retroage, alcançando os fatos praticados antes de sua vigência.
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