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MÉTODOS DE PESQUISA Prezados estudantes O texto abaixo foi construído para auxiliá-los na elaboração do projeto de pesquisa. Existem diversos exemplos de pesquisas muito bacanas, a fim de ilustrar os tipos de pesquisas expostos. Peço que leiam- inclusive os artigos – para que sanem as dúvidas que porventura existam. Cordialmente Profa. Milena Do ponto de vista de sua natureza: ·Pesquisa básica: objetiva gerar conhecimentos novos para avanço da ciência sem aplicação prática prevista. É feita para aumentar o conhecimento sobre algum assunto, sem que se tenha na pesquisa uma aplicação imediata. Muitas vezes, este tipo de pesquisa é meramente teórica, com a intenção de ampliar a compreensão de certos fenômenos ou comportamento, mas não procura resolver ou tratar esses problemas. A pesquisa básica abastece as inovações da ciência aplicada · Pesquisa aplicada: objetiva gerar conhecimentos para aplicações práticas dirigidos à solução de problemas específicos. É realizada com objetivo de obter conhecimento que será usado a curto ou médio prazo. É realizada ou para determinar os possíveis usos para as descobertas da pesquisa básica ou para definir novos métodos ou maneiras de alcançar um certo objetivo específico e pré-determinado. Aplica o conhecimento visando utilidade econômica e social. Alguns exemplos de pesquisa aplicada em psicologia incluem: Investigar qual abordagem de tratamento é mais eficaz para redução da ansiedade; Pesquisar qual estratégia de trabalho é a melhor para motivar trabalhadores, etc; Os exemplos citados exploram problemas do mundo real. Esta aplicação prática e imediata dos resultados é o que distingue a pesquisa aplicada da pesquisa básica, que se concentra em questões teóricas. Apesar disso, pesquisadores também sugerem que a pesquisa básica e pesquisa aplicada são, de fato, intimamente ligadas. A pesquisa básica, muitas vezes, informa à pesquisa aplicada, e a pesquisa aplicada, muitas vezes, ajuda os pesquisadores básicos a refinar suas teorias. Do ponto de vista da forma de abordagem ao problema: Em uma pesquisa, a abordagem qualitativa ou quantitativa depende do objetivo da pesquisa. · Pesquisa quantitativa: Suponhamos que o objetivo do pesquisador seja medir, quantificar, o grau de satisfação dos colaboradores de uma empresa sobre o novo modelo de gestão. Para tanto, ele teria de optar pela pesquisa quantitativa, haja vista que ela se traduz por tudo aquilo que pode ser quantificável, ou seja, ele iria traduzir em números as opiniões e informações dadas pelos respondentes, para então obter a análise dos dados e, posteriormente, chegar a uma conclusão. Partindo do princípio de que essa modalidade requer o uso de estatísticas e de recursos, como, por exemplo, percentagens, média, mediana, coeficiente de correlação, entre outros, como o objetivo é o de apurar as opiniões explícitas dos entrevistados, o questionário representa um dos meios mais eficazes para testar de forma precisa as hipóteses levantadas. Por meio de questões do tipo “fechadas”, apresenta-se um conjunto de alternativas de respostas no intuito de se obter aquela que melhor representa o ponto de vista da pessoa entrevistada. Ao delinear de forma precisa e clara o que se deseja, tal procedimento garante uniformidade de entendimento por parte dos entrevistados, o que contribui para a eficácia, a precisão e a padronização dos resultados. Assim, a amostra exige um número maior de entrevistados para garantir maior precisão nos resultados, que serão projetados para a população representada. O entrevistador identifica as pessoas a serem entrevistadas por meio de critérios previamente definidos: por sexo, por idade, por ramo de atividade, por localização geográfica etc. As entrevistas não exigem um local previamente estabelecido. O importante é que sejam aplicadas individualmente e sigam as regras de seleção da amostra. · Pesquisa qualitativa: considera que existe uma relação entre o mundo e o sujeito que não pode ser traduzida em números, o pesquisador tende a analisar seus dados indutivamente, isto é, parte de dados particulares da experiência sensível. O pesquisador busca entender ou interpretar questões sociais, emocionais, culturais, comportamentos, interações ou vivências. Conforme Minayo (2010, p. 57), o método qualitativo pode ser definido como: [...] é o que se aplica ao estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das percepções e das opiniões, produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam. [...] As abordagens qualitativas se conformam melhor a investigações de grupos e segmentos delimitados e focalizados, de histórias sociais sob a ótica dos atores, de relações e para análises de discursos e de documentos. De acordo com Godoy (1995, p. 62), as características fundamentais da pesquisa qualitativa são: o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental; a preocupação do investigador com o significado que as pessoas dão às coisas e à vida e o fato da coleta de dados produzir textos, não tabelas ou gráficos. Deve-se ter como foco a intenção de compreender o fenômeno quando observado minuciosamente e quanto mais o pesquisador se apropria de detalhes, melhor se torna a compreensão da experiência que foi compartilhada pelo sujeito. Neste tipo de pesquisa não há preocupação em projetar resultados para a população. O número de entrevistados geralmente é pequeno. São realizadas por meio de entrevistas em profundidade ou de discussões em grupo. Para as discussões em grupo (grupo de discussão ou grupo focal), as pessoas (em média de 6 a 8 ) são convidadas para um bate- papo sobre o tema da pesquisa. As falas são gravadas ou filmadas (depende do objetivo da pesquisa). Nas entrevistas em profundidade, é feito o pré-agendamento do entrevistado e a sua aplicação é individual, em local reservado, também sendo utilizado o gravador ou vídeo. Do ponto de vista dos objetivos: Pesquisa exploratória: objetiva proporcionar maior familiaridade com um problema; envolve levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos; assume em geral a forma de pesquisas bibliográficas e estudos de caso. Os assuntos das pesquisas exploratórias, geralmente, são pouco conhecidos e, por isto, este tipo de pesquisa costuma envolver grandes levantamentos bibliográficos e exemplos que facilitem o entendimento do assunto, além de entrevistas com pessoas que passam pelo problema ou já o superaram. Para Aaker, Kumar & Day (2004), a pesquisa exploratória costuma envolver uma abordagem qualitativa, tal como o uso de grupos de discussão. Exemplo de uma pesquisa exploratória: “PESQUISA EXPLORATÓRIA DA VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA POR MEIO DA LINGUAGEM” (FONTE: http://www.revistas.usp.br/flp/article/view/76190 Pesquisa descritiva: Esse tipo de pesquisa busca descrever um fenômeno ou situação em detalhe, especialmente o que está ocorrendo, permitindo abranger, com exatidão, as características de um indivíduo, uma situação, ou um grupo, bem como desvendar a relação entre os eventos. A elaboração das questões de pesquisa exige um profundo conhecimento do problema a ser pesquisado. Seu interesse maior está em descrever um determinado fenômeno/realidade, mas não em explicar seus “porquês”. É como se tirassem um retrato de uma situação. Se queremos saber como é determinada situação, como pensam determinadas pessoas ou grupos, como ocorre determinado fenômeno, eu escolho a pesquisa descritiva. Exemplo: “Empregabilidade do psicólogo: análise da percepção de alunos,ex-alunos, professores universitários e selecionadores” (Fonte: http://www.ufjf.br/psicologiaempesquisa/files/2015/05/PP_v9n1_40-49.pdf) Pesquisa explicativa: objetiva identificar os fatores que determinam fenômenos, explica o porquê das coisas; assume em geral as formas de pesquisa experimental. Segundo Gil (1999), a pesquisa explicativa tem como objetivo básico a identificação dos fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência de um fenômeno. É o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, pois tenta explicar a razão e as relações de causa e efeito dos fenômenos. Para Lakatos & Marconi (2001), este tipo de pesquisa visa estabelecer relações de causa-efeito por meio da manipulação direta das variáveis relativas ao objeto de estudo, buscando identificar as causas do fenômeno. Busca: a teorização e reflexão a partir do objeto de estudo; registrar os fatos, analisar e interpretar; e identificar os fatores que contribuem para a ocorrência dos fenômenos ou variáveis que afetam o processo. Explica o porquê das coisas. Do ponto de vista dos procedimentos técnicos: Pesquisa bibliográfica: A pesquisa bibliográfica é básica e obrigatória em qualquer modalidade de pesquisa. De forma geral, qualquer informação publicada (impressa ou eletrônica) é passível de se tornar uma fonte de consulta. Segundo Vergara (2000), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído, principalmente, de livros e artigos científicos e é importante para o levantamento de informações básicas sobre os aspectos direta e indiretamente ligados à nossa temática. A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de fornecer ao investigador um instrumental analítico para qualquer outro tipo de pesquisa, mas também pode esgotar-se em si mesma. Em suma, todo trabalho científico, toda pesquisa, deve ter o apoio e o embasamento na pesquisa bibliográfica, para que não se desperdice tempo com um problema que já foi solucionado e possa chegar a conclusões inovadoras (LAKATOS & MARCONI, 2001). A pesquisa bibliográfica pode ser dividida em dois tipos: Revisão narrativa: É a mais comum das pesquisas bibliográficas. Nesta, a seleção dos estudos podem estar sujeitas à subjetividade dos autores. É adequada para a fundamentação teórica de artigos, dissertações, teses, trabalhos de conclusão de cursos em geral. Os artigos de revisão narrativa são publicações amplas, apropriadas para descrever e discutir o desenvolvimento ou o "estado da arte" de um determinado assunto, sob ponto de vista teórico ou contextual. As revisões narrativas constituem, basicamente, na interpretação e análise crítica pessoal do autor. Um artigo de Revisão Narrativa é constituído de: Introdução, Desenvolvimento (texto dividido em seções definidas pelo autor com títulos e subtítulos de acordo com as abordagens do assunto), Considerações Finais e Referências. Geralmente este tipo de Revisão é chamada somente de “Pesquisa Bibliográfica”. Exemplo: “DESIGUALDADES DE GÊNERO: UMA REVISÃO NARRATIVA”. (Fonte: http://www.uesb.br/revista/rsc/v11/v11n3a09.pdf) Revisão sistemática de literatura: A revisão sistemática é uma síntese rigorosa de todas as pesquisas relacionadas com uma questão específica. Tem como objetivo sintetizar os resultados de diversos estudos primários, bem como analisá-los criticamente. Busca responder a uma pergunta de pesquisa claramente formulada. Utiliza métodos sistemáticos e explícitos para recuperar, selecionar e avaliar os resultados de estudos relevantes. Por ser sistemática deve: ser planejada; indicar claramente as evidências a serem incluídas; indicar e delimitar a área de busca; apontar previamente os descritores para a busca; evitar ao máximo a apreensão subjetiva dos fatos observados; indicar o campo e a cronologia da revisão. É uma metodologia rigorosa proposta para: identificar os estudos sobre um tema em questão, aplicando métodos explícitos e sistematizados de busca; avaliar a qualidade e validade desses estudos. Para superar possíveis vieses em cada etapa exige-se o planejamento de um protocolo rigoroso sobre busca e seleção. Para realizar uma revisão sistemática, deve-se seguir os seguintes passos (Baseados no Diagrama Prisma): 1. Delimitação da questão norteadora (Problema de pesquisa) 2. Delimitação do objetivo da pesquisa (Objetivo geral) 3. Escolha das bases de dados (exemplo: Scielo, Pepisic, BVS...) 4. Definição dos descritores para a busca (palavras-chave que vão identificar seu objetivo de estudo) 5. Armazenamento dos resultados (todos os artigos que tenham relação com o seu tema de estudo devem ser contabilizados/arquivados) 6. Seleção dos artigos pelo resumo, de acordo com os critérios de inclusão (aqueles que venham ao encontro dos seus objetivos) os e exclusão ( os que não tenham relação exata com o seu objetivo de pesquisa) 7. Obtenção dos dados dos artigos selecionados (interessante produzir uma tabela constando o nome do artigo, o autor, o ano de publicação e o tema) 8. Avaliação dos artigos 9. Síntese e interpretação dos dados. Exemplos: a) Famílias constituídas por lésbicas, gays e bissexuais: revisão sistemática de literatura (Fonte: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 389X2016000300014&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt) b) Revisão sistemática de estudos da psicologia brasileira sobre preconceito racial (Fonte: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 389X2016000100012&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt) c) Psicodinâmica do trabalho no Brasil: revisão sistemática da literatura. (Fonte: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 389X2015000400002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Pesquisa documental: De acordo com Gil (2008), a pesquisa documental guarda estreitas semelhanças com a pesquisa bibliográfica. A principal diferença entre as duas é a natureza das fontes: na pesquisa bibliográfica os assuntos abordados recebem contribuições de diversos autores; na pesquisa documental, os materiais utilizados geralmente não receberam ainda uma tratamento analítico (por exemplo, documentos conservados em arquivos de órgãos público e privados: cartas pessoais, fotografias, filmes, gravações, diários, memorandos, ofícios, atas de reunião, boletins etc). A pesquisa documental permite: o estudo de pessoas as quais não temos acesso físico, porque não estão mais vivas ou por problemas de distância; constitui uma fonte não reativa, as informações neles contidas permanecem as mesmas após longos períodos de tempo; os documentos podem ser considerados uma fonte natural de informação à medida que, por terem origem em um determinado contexto histórico, econômico e social, retrata e fornece dados sobre esse mesmo contexto; e, por fim, é apropriada para estudar, entre outras situações, longos períodos de tempo. (GODOY, 1995). Exemplo: “Práticas de castigos escolares: enlaces históricos entre normas e cotidiano” (Fonte: http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/conjectura/article/view/1648) Pesquisa experimental: A pesquisa experimental consiste na determinação de um objeto de estudo, na seleção das variáveis capazes de influenciá-lo e na definição das normas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. Neste tipo de investigação manipula-se deliberadamente algum aspecto da realidade. É usada para obter evidências de relações de causa e efeito. Em outras palavras, este tipo de pesquisa adota o critério da manipulação de uma ou mais variáveis independentes (causas), sob controle, observando e interpretando as reações e modificações ocorridas no objeto de pesquisa (efeito – variável dependente). O experimento é imprescindível e a interpretaçãodeve ter fundamentação teórica. Em resumo: A pesquisa experimental consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. Procura-se interferir na realidade, manipulando-se a variável independente (X) a fim de observar o que acontece com a variável dependente (Y). Portanto, a pesquisa experimental pretende dizer de que modo ou por que causas um determinado fenômeno é produzido. Pode ser traduzida na expressão: “Se, então” Variáveis: são aspectos, propriedades, características individuais ou fatores observáveis ou mensuráveis de um fenômeno. São divididas em quatro tipos CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A RELAÇÃO EXPRESSA VARIÁVEL INDEPENDENTE É aquela que é fator fundamental para que ocorra um determinado resultado; é a condição ou causa para um determinado efeito ou conseqüência; é o estímulo que condiciona uma resposta. VARIÁVEL DEPENDENTE É aquele fator ou propriedade que é efeito, resultado, conseqüência ou resposta de algo que foi estimulado; não é manipulada, mas é o efeito observado como resultado da manipulação da variável independente. VARIÁVEL DE CONTROLE É aquele fator ou propriedade que poderia afetar a variável dependente, mas que é neutralizado ou anulado através de sua manipulação deliberada, para não interferir na relação entre a variável independente e a dependente. Exemplo de variáveis: Digamos que seu objetivo seja investigar se a exposição a cenas de violência na TV induz as crianças ao comportamento violentos. Esta pesquisa foi realizada e ocorreu da seguinte forma: As crianças que participaram da pesquisa foram divididas em 2 grupos. Metade das crianças assistiu a uma cena de um filme violento e a outra metade assistiu a uma cena de filme não violento. Depois, cada criança foi levada a uma sala onde tinha 20 oportunidades de ajudar ou machucar outra criança que supostamente estava na sala ao lado. Resultado: crianças que assistiram à cena violenta tenderam a escolher a opção de machucar. (Liebert e Baron, 1972, citados por Shaffer, 2009, p. 20) Neste caso, a variável independente é: Tipos de cenas assistidas (com violência e sem violência). A variável dependente é: A reação das crianças (ajudar ou machucar). Assim: VI (variável independente): - É o aspecto do ambiente que foi manipulado. - São os procedimentos a que os participantes são expostos. - É o suposto elemento causal. Variável Dependente (VD) é o comportamento ou aspecto do desenvolvimento que presumivelmente depende da VI. Variável Controle (VC) é o espaço no qual as crianças estavam, isto é, numa sala, controlada, sem outras interferências a não ser a imagem na televisão. Etapas da Pesquisa Experimental: 1. Levantar a questão ou um problema e o objetivo. 2. Reunir algumas informações que sejam pertinentes ao problema. 3. Criar uma hipótese que explique o problema. 4. Testar a hipótese através de experiências ou da coleta de mais informações. 5. Abandonar ou modificar a hipótese de acordo com o resultado da experiência. 6. Fundamentar teoricamente o resultado da pesquisa. Exemplo: a) O efeito da música na redução de ansiedade em pacientes submetidos a cateterismo cardíaco. (Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2005002300012) Pesquisas transversais e Longitudinais: pensemos nas seguintes questões: Crianças de 4, 6 e 8 anos são igualmente influenciadas pela violência televisionada? As crianças que, numa pesquisa sobre violência televisionada, apresentaram níveis mais elevados de agressividade têm mais chances de se tornarem adolescentes e adultos mais agressivos? Quando se pretende estudar mudanças ou continuidades no desenvolvimento no decorrer do tempo, alguns modelos de pesquisa podem ser especialmente importantes, como a pesquisa transversal e a pesquisa longitudinal. Na pesquisa transversal, pessoas de idades diferentes (por exemplo, um grupo de crianças de 4 anos, um grupo de crianças de 6 anos e outro de crianças de 8 anos) são estudadas ao mesmo tempo. Cada participante é testado uma vez. As pesquisas transversais são usadas para reunir informações sobre uma população em único ponto no tempo. Exemplo: a) Formação em psicologia e educação inclusiva: um estudo transversal (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572011000200005) b) ESTUDO TRANSVERSAL COM ESTUDANTES DE PSICOLOGIA SOBRE CONCEITOS DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA. (http://132.248.9.34/hevila/Psicologiaargumento/2009/vol27/no56/7.pdf) Na pesquisa longitudinal, as mesmas pessoas são estudadas ao longo do tempo (até mesmo por décadas). Fornece dados sobre: - sequências de mudanças - consistência/inconsistência individual – origem. Os sujeitos são os mesmos. Foco no desenvolvimento e na MUDANÇA. Exemplo: Dados longitudinais em educação: um componente essencial da abordagem de valor agregado no que se refere à avaliação de desempenho escolar. (http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1607/1607.pdf) Pesquisas de Levantamento (Survey): O método Survey para Mello (2013) é um método de coleta de informações diretamente de pessoas a respeito de suas ideias, sentimentos, saúde, planos, crenças e de fundo social, educacional e financeiro, sem contudo, explorar os motivos que levam os sujeitos a pensar ou agir de determinada forma. É uma pesquisa quantitativa. A coleta de informações é feita através de questionários, aplicados no público alvo escolhido para realização da pesquisa, a fim de obter descrições quantitativas de uma população. Para Mello (2013) o questionário deve ser administrado pelo pesquisador, que pode enviá-lo aos entrevistados por meio impresso ou eletrônico, sendo possível oferecer assistência ou não para o preenchimento ou fazer a pesquisa presencialmente ou anda via telefone. A principal diferença do método de pesquisa survey de um censo, por exemplo, tem uma amostra bem definida da população, enquanto o censo busca uma enumeração da população toda. A amostra deve ser representativa da população. Este tipo de pesquisa também pode ser descrita como a aquisição de informações sobre as características, ações ou opiniões de determinado grupo de pessoas, como representantes de uma população. Exemplo básico: “pesquisar as opções de viagens entre grupos de terceira idade”. Dois tipos de amostragem podem ser aplicados: amostragem probabilística e amostragem não- probabilística. Em uma amostra probabilística, toda a unidade de amostra, pode ser escolhida com a mesma chance, isso faz com que, de ambos, esse modelo seja o mais representativo da população. Para que ocorra esta seleção ótima, a seleção aleatória (ou randômica) feita, geralmente, por sorteios em tabelas de números aleatórios ou por programas de computador, contribui muito para o processo. A amostragem probabilística pode ser Estratificada e Não-estratificada. (DUARTE 2010) Segundo Freitas et al. (2000), o modelo estratificado certifica-se que todos os tipos de participantes estejam representados, sendo originada uma amostra de cada subgrupo da população escolhida. Para Duarte (2010) Tal estratificação pode ser proporcional ao tamanho da população ou não proporcional. Já a amostra probabilística não-estratificada, não considera níveis ou subníveis, sendo os elementos são escolhidos sem ser considerada nenhuma segmentação. Na amostra não-probabilística é utilizado algum critério para seleção dos elementos, o que resulta que nem todos os indivíduos da população poderão ser selecionados (DUARTE 2010). Freitas et al. (2000), classifica seis tipos de amostra não-probabilística, quesão: por conveniência, mais similares ou mais diferentes, por quotas, bola de neve (indicação por outros participantes) ; casos críticos (pessoas chave) e casos típicos. (Dica: relembrem as aulas do Prof. Eduardo) Exemplo: As percepções dos estudantes mineiros sobre a incidência de comportamentos de indisciplina em sala de aula: um estudo baseado nos dados do SIMAVE/PROEB 2007. (Fonte:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1413- 24782014000800010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt) Estudo de caso: envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que se permita o amplo e detalhado conhecimento. Alguns pesquisadores como Becker (1994) e Goldenberg (1997) afirmam que o estudo de caso tem origem na pesquisa médica e na pesquisa psicológica, com a análise de modo detalhado de um caso individual que explica a dinâmica e a patologia de uma doença dada. Com este procedimento se supõe que se pode adquirir conhecimento do fenômeno estudado a partir da exploração intensa de um único caso. Além das áreas médica e psicológica, tornou-se uma das principais modalidades de pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais. Para maiores informações, leiam o texto: O Estudo de Caso como Modalidade de Pesquisa. (http://sociedades.cardiol.br/socerj/revista/2007_05/a2007_v20_n05_art10.pdf) Exemplos de estudo de caso: a) Psicólogo escolar e educação infantil: um estudo de caso (Fonte: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-98432006000100002) b) Violência entre pares: um estudo de caso numa escola pública de Esteio/RS. (Fonte: http://www.scielo.br/pdf/pee/v16n1/09.pdf) c) COMUNICANDO NOTÍCIAS DIFÍCEIS: UM ESTUDO DE CASO (fonte: http://www.cesumar.br/prppge/pesquisa/epcc2013/oit_mostra/ana_claudia_rodrigues.pdf) Pesquisa participante: pesquisa desenvolvida pela interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas. A Pesquisa Participante busca envolver aquele que pesquisa e aquele que é pesquisado no estudo do problema a ser superado, conhecendo sua causa, construindo coletivamente as possíveis soluções. A pesquisa será feita com o envolvimento do sujeito-objeto. O pesquisador não só passa a ser objeto de estudo, assim como os sujeitos-objetos são igualmente pesquisadores onde todos, pesquisador e pesquisados, identificam os problemas, buscam-se conhecer o que já é conhecido a respeito do problema, discutem as possíveis soluções e partem para a ação, seguido de uma avaliação dos resultados obtidos. Configura-se como alicerce de um dos pressupostos primogênitos e mais importantes da pesquisa participante a crítica que a mesma dirige ao tradicional postulado, nas ciências sociais, de "neutralidade" ou de distanciamento entre o sujeito e o "objeto" da pesquisa. Por meio de tal crítica, consolida-se, na pesquisa participante, a prescrição não somente da inserção do pesquisador no grupo, comunidade ou cultura que pretende compreender, mas também a participação efetiva daqueles que estão a ser pesquisados no transcorrer de todo o processo de pesquisa. Outro aspecto-base das pesquisas de natureza participante refere-se ao fato de as mesmas possuírem, necessariamente, um caráter aplicado, já que, além de ocorrerem in loco, tratando sempre de "situações reais", demandam a devolução do conhecimento obtido junto aos grupos com os quais se trabalhou, na perspectiva de transformação da realidade. (SOARES, 2006) Pesquisa Etnográfica: A pesquisa etnográfica constitui um método de investigação utilizado na obtenção e tratamento de dados a partir do contato intersubjetivo entre o pesquisador e a cultura e costumes de um determinado grupo, sendo este seu objeto de estudo. É indicado tanto na compreensão da cultura de sociedades primitivas quanto nas formas sociais contemporâneas de fenômenos urbanos. Para saber mais sobre a pesquisa etnográfica, ler o seguinte artigo: CONTRIBUINDO PARA DESVELAR A COMPLEXIDADE DO COTIDIANO ATRAVÉS DA PESQUISA ETNOGRÁFICA EM PSICOLOGIA (Fonte: http://www.revistas.usp.br/psicousp/article/view/63371) Exemplo: ESCOLA E RELAÇÕES COMUNITÁRIAS: Um estudo etnográfico. (Fonte: http://www.e- publicacoes.uerj.br/index.php/polemica/article/view/8637/6522) PESQUISA DE CAMPO: procede à investigação de fatos e fenômenos exatamente como ocorrem no real, à coleta de dados referentes aos mesmos e, finalmente, à análise e interpretação desses dados, com base numa fundamentação teórica consistente, objetivando compreender e explicar o problema pesquisado. Isto significa que: qualquer pesquisa onde você tenha que “ir a campo”, isto é, uma pesquisa de campo. Ela se contrapõe à pesquisa bibliográfica. TÉCNICAS DE COLTA DE DADOS 1. Observação naturalista e/ou participante. 2. Entrevista (formulação de perguntas ao investigado). Pode ser estruturada, não estruturada ou semi- estruturada. Também pode ser grupal ou individual. 3. Questionário (Tipos de Perguntas: abertas, fechadas ou ambas) 4. Testes 5. Inventários 6. Documentos 7. Dinâmicas grupais Alguns canais estão sendo bastante utilizados para pesquisa: Entrevista pela internet, análise de memes, de Facebook, Whatzapp.... Existem muitos instrumentos de coleta de dados e todso dependerão dos objetivos da pesquisa. Importante: Todo e qualquer método, bem como a escolha dos instrumentos de coleta depende do objetivo da pesquisa!! Referências utilizadas e indicadas BECKER, HS. Métodos de pesquisa em ciências sociais. 2a ed. São Paulo: HUCITEC; 1994. DUARTE, A.W.B.D. Survey. In: OLIVEIRA, D.A.; DUARTE, A.M.C.; VIEIRA, L.M.F. DICIONÁRIO: trabalho, profissão e condição docente. Belo Horizonte: UFMG/Faculdade de Educação, 2010. CDROM. Disponível em http://www.gestrado.org/?pg=dicionario-verbetes&id=203. Acesso em 28/10/2016. FREITAS, Henrique et al. O método de pesquisa survey. Revista de Administração, São Paulo, v. 35, n. 3, p.105-112, jul. 2000. Trimestral. Disponível em: <http://www.unisc.br/portal/upload/com_arquivo/o_metodo_de_pesquisa_survey.pdf>. Acesso em: 20 out. 2013. GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1994. 207p. GODOY, Arilda S. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. In Pesquisa qualitativa- tipos fundamentais, In Revista de Administração de Empresas, v. 35 n.3 Mai/Jun 1995, p. 20-29. MINAYO, M.C. de S. O desafio do conhecimento: Pesquisa Qualitativa em Saúde.(12ª edição). São Paulo: Hucitec-Abrasco. 2010 GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar. Rio de Janeiro: Record; 1997. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 4.ed., São Paulo, Atlas, 2001. 288p. SHAFFER, David. Introdução à Psicologia do desenvolvimento e suas estratégias de pesquisa. In Psicologia do desenvolvimento: infância e adolescência (pp ).. São Paulo: Pioneira Thomson, Complementares: BEE, Helen. Perguntas básicas. In A criança em desenvolvimento. Porto Alegre: Artmed, PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; & FELDMAN, R. D. (2009). Desenvolvimento Humano. (10a. ed). São Paulo: McGraw-Hill. MELLO, Carlos (Org.). Métodos quantitativos: pesquisa, levantamento ou survey. Disponível em: <http://www.carlosmello.unifei.edu.br/Disciplinas/Mestrado/PCM-10/Slides- Mestrado/Metodologia_Pesquisa_2012-Slide_Aula_9_Mestrado.pdf>. Acesso em: 20 out. 2016. SOARES, Leandro Queiroz; FERREIRA, Mário César. Pesquisa participante como opção metodológia para investigação de práticas de assédio moral no trabalho. Rev. Psicol., Organ. Trab., Florianópolis , v. 6, n. 2, p. 85-109, dez. 2006 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984- 66572006000200005&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 28 out. 2016. .
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