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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI CAMPUS ALTO PARAOPEBA CURSO DE GRADUAÇÃO ENGENHARIA DE BIOPROCESSOS Brunna D‟Onofre Couto, Camila Cristina Vieira Velloso e Maira Fernanda Alves Bueno RELATÓRIO DE SEPARAÇÃO E PURIFICAÇÃO DA ENZIMA INVERTASE Ouro Branco, MG. 2015 Trabalho apresentado à disciplina de Separação e Purificação de Produtos Biotecnológicos. Sumário 1. Introdução 1.1 Saccharomyces Cerevisiae síntese da enzima invertase 1.2 Rompimento Celular 1.3 Precipitação de Proteínas 1.4 Dosagem de Proteína Total e Atividade Enzimática 1.5 Cromatografia de Troca Iônica 2. Resultados e Discussão 2.1 Rompimento Celular 2.2 Precipitação da Invertase 2.3 Atividade Enzimática da Invertase 2.4 Cromatografia de Troca Aniônica 2.5 Dosagem de Proteína Total e Atividade Enzimática da Invertase 3. Conclusão 4. Referências Bibliográficas 1. Introdução 1.1. Saccharomyces Cerevisiae na síntese da enzima invertase A Saccharomyces cerevisiae é um dos microrganismos mais utilizados na produção da enzima invertase tanto em escala industrial quanto em laboratorial. Invertases ou β-D frutofuranosidase é uma enzima que catalisa a hidrólise da ligação glicosídica da sacarose de β–frutofuranosidase em frutofuranosídeos (SANTOS, 2010), convertendo-a em glicose e frutose. Comumente conhecida como invertase, catalisa a hidrólise da sacarose, levando à inversão da rotação óptica do meio reacional, causada pelo surgimento de frutose ao se observar em polarímetro. O produto de hidrólise da sacarose, o xarope de glicosefrutose, é conhecido como “açúcar invertido”, o qual apresenta diversas características interessantes em relação ao xarope de sacarose: maior poder educorante (devido à presença da frutose), maior possibilidade de concentração (os monossacarídeos formados são mais solúveis que o dissacarídeo original), ponto de ebulição mais alto e ponto de congelamento mais baixo (em virtude da maior pressão osmótica do produto) (SANTOS, 2010). De acordo com FLEURI, a parede celular da levedura Saccharomyces cerevisiae é formada por três componentes principais: glucana, um polímero de β-1,3 e β-1,6 glicose (48-60%), mananaproteínas (20-23%) e quitina, um polímero de β-1,4 N-acetilglicosamina (0,6-2,7%). A parede celular possui duas camadas principais: uma externa, composta de mananaproteínas e uma interna, de glucana. A parede celular de leveduras tem muitas funções: proteção física, estabilidade osmótica, suporte de enzimas, adesão célula/ célula e barreira de permeabilidade seletiva. Além disso, promove rigidez e transporte de nutrientes para o citoplasma, proporcionando a integridade, o metabolismo e o crescimento celular. Constitui cerca de 15 a 25% da massa seca da célula e não é uma estrutura estática e sim, uma estrutura em constante crescimento e mudança. Os componentes da parede celular são sintetizados e unidos entre si; estruturas especializadas, como os septos são formados em sincronia com o crescimento e divisão celular (FLEURI, 2005). A parede celular de leveduras é formada por uma camada de mananaproteínas que sobrepõe a camada de glucana, sendo uma estrutura dinâmica ajustável durante o ciclo celular e em resposta às condições ambientais como nutrientes, disponibilidade de O2, temperatura e pH. Perturbações na parede celular de leveduras desencadeiam mecanismos de reparo que reorganizam toda a estrutura molecular, para preservar a integridade da célula (FLEURI, 2005). A enzima invertase pertence a família GH32 de glicosídeos hidrolases, a qual engloba mais de 370 elementos, cujos são encontrados em vegetais (aspargo, beterraba, 23 cebola, chicória, entre outras) (SANTOS, 2010), bactérias, leveduras (Saccharomyces sp.) e fungos filamentosos (Aspergillus sp.) (SANTOS, 2010). A principal fonte de invertase industrial são as leveduras (Saccharomyces sp.), as quais produzem diferentes tipos dessa enzima: intracelulares, ligadas à parede, e, mais raramente, extracelulares, sendo que a externa possui resíduos de cisteína e a interna não. Da invertase produzida, 80% é extracelular, a qual é uma glicoproteína com cerca de 50% de carboidrato e 20% é intra, que não possui elevada quantidade de carboidratos em sua estrutura (SANTOS, 2010). A temperatura ótima de atuação da invertase é 55 ºC para soluções diluídas de sacarose e de 65 ºC a 70 ºC para soluções com concentração superior a 10%. Soluções acima de 20% de sacarose apresentam taxas decrescentes de hidrólise em virtude da reduzida disponibilidade de água no meio reacional (SANTOS, 2010). A termoestabilidade da invertase pode ser devido à estrutura terciária da proteína, a qual contém interações carboidrato – proteína, com ligações cruzadas na cadeia polipeptídica (SANTOS, 2010). Algumas das propriedades da invertase externa e interna estão apresentadas na Tabela1 (GÁSCON et al., 1981). Tabela 1: Propriedades da invertase externa e interna. Propriedades Invertase Externa Invertase Interna Massa Molecular (kDa) 270000 135000 % Carboidrato 50 3 Atividade Específica (U/mg de proteína) 2700 2900 Km (mM de Sacarose) 26 25 pH – estabilidade 3,0-7,5 6,0-9,0 pH ótimo 3,5-5,5 3,5-5,5 Fonte: GÁSCON et al., 1981. No presente trabalho, pretende-se purificar a invertase a partir de células de levedura Saccharomyces cerevisiae, as quais foram obtidas de extrato de levedura processado industrialmente. Esse microrganismo é o mais bem caracterizado para produção dessa enzima. A fim de atingir possível purificação da mesma, utilizaram-se as operações unitárias de rompimento celular, centrifugação, precipitação por sulfato de amônio, dosagem de proteína total e atividade enzimática e cromatografia adsortiva de troca aniônica. 1.2. Rompimento Celular De acordo com PESSOA Jr. & KILIKIAN (2005), o aumento pela demanda de produtos intracelulares, como proteínas e enzimas, pelas indústrias alimentícias e farmacêuticas tem evidenciado a importância dos processos de rompimento celular. Com os avanços de técnicas de reconhecimento de DNA, várias moléculas intracelulares têm sido sintetizadas a partir de procariotos e eucariotos, o que tem impulsionado o desenvolvimento de técnicas de rompimento celular. Segundo o mesmo autor, o rompimento celular ocorre após a etapa de separação e lavagem (clarificação) das células obtidas ao final do cultivo. Os critérios utilizados para a seleção da técnica de rompimento celular devem considerar alguns fatores, como: tamanho da célula, tolerância a tensões de cisalhamento, necessidade de controle de temperatura, tempo de operação, rendimento do processo, gasto de energia, custo e capital de investimento. Como o rompimento celular é a primeira etapa de separação de produtos intracelulares, sendo crucial para o processo de "downstream", pois qualquer dano causado à molécula de interesse compromete os próximos passos de purificação das mesmas, invalidando todos os processos subsequentes, podendo levar o um menor rendimento (NEVES, 2003). Os métodos de rompimento celular são divididos em métodos mecânicos como homogeneizador de alta pressão, moinho de bolas, prensa francesa e ultrassom e os não-mecânicos, que são o choque osmótico, congelamento/descongelamento, aquecimento e secagem. Tem os químicos, os quais são os que utilizam álcalis, solventes, detergentes e ácidos e, por último, o método enzimático, que faz a lise enzimáticaou inibição da síntese da parede celular. Também há os métodos alternativos como o liquidificador industrial, utilizado para romper tecido animal e vegetal (PESSOA Jr. & KILIKIAN, 2005). No entanto, os métodos mais utilizados para amplificação de escala piloto e industrial são os mecânicos e os métodos de rompimento químico e enzimático, apesar de específicos (NEVES, 2003), são de difícil reprodução em uma escala maior, devido aos vários parâmetros a ser controlados. Porém, para escolher um dos métodos de rompimento celular, primeiramente, deve-se ter conhecimento da morfologia, tamanho da célula, ou seja, conhecer a estrutura para escolher o método mais adequado. Células de mamíferos são facilmente rompidas por serem frágeis, sob baixas tensões de cisalhamento, por simples variação da pressão osmótica do meio, adição de detergentes ou aplicação de ultrassom de baixa intensidade, portanto requerem pouca energia para seu rompimento (PESSOA Jr. & KILIKIAN, 2005). Já células com estruturas de parede celular mais robusta são de difícil rompimento. Bactérias gram-negativas são mais fáceis de serem rompidas do que bactérias gram-positivas, devido à parede possuir menor quantidade de peptideoglicano. E as paredes celulares de leveduras e fungos são ainda mais difíceis de serem rompidas por possuírem estruturas mais complexas, devido sua composição de polissacarídeos (PESSOA Jr. & KILIKIAN, 2005). Como no presente trabalho se fez o rompimento celular da Saccharomyces cerevisiae, com fim de se obter a enzima invertase purificada, a qual é intracelular, foi escolhido o método de rompimento por moinho de bola. 1.3. Precipitação de Proteínas A precipitação é uma das etapas de clarificação de simples amplificação de escala, foi uma das primeiras técnicas utilizadas na separação de uma mistura proteica e é empregada há décadas (PESSOA Jr. & KILIKIAN, 2005). Sendo que, em soluções aquosas, tem-se a precipitação de proteínas, com posterior com recuperação do precipitado, o que compõe uma das mais importantes operações unitárias de processos de separação e purificação de proteínas (WATANABE, 2004). De acordo com PESSOA Jr. & KILIKIAN (2005) "Precipitados são agregados de diferentes moléculas proteicas, grandes o suficiente para serem observados a olho nu e sedimentam sob valor de força centrífuga relativamente baixa. O termo precipitação é usado para descrever a operação na qual perturbação, química ou física, em uma solução proteica, causa a formação de partículas insolúveis de proteínas, recuperadas posteriormente por uma operação de separação sólido-líquido”. Na precipitação de proteína podem-se utilizar sais neutros, solventes, polímeros, temperatura, ponto isoelétrico, entre outros como afinidade e íons metálicos, esses métodos não podem causar desnaturação da proteína, pois se deseja uma conformação ativa. A precipitação de proteínas em altas concentrações de sal é conhecida como "salting-out". O mecanismo de precipitação com sais ocorre devido à neutralização das cargas superficiais da camada de hidratação, favorecendo os agregados dos resíduos hidrofóbicos. Quando se adiciona o sal ao sistema, ele se dissocia; a água, que anteriormente estava solvatando as regiões hidrofóbicas da proteína, irá interagir mais fortemente com os íons de sal. De acordo com a termodinâmica (eq.1), há o aumento da entropia, por consequência, a energia livre de Gibbs diminui, favorecendo as interações hidrofóbicas, pois as proteínas têm sua solubilidade reduzida no meio aquoso (PESSOA Jr. & KILIKIAN, 2005). O sal mais utilizado em "salting-out" é o sulfato de amônio devido a sua alta solubilidade em água, à baixa densidade de suas soluções (WATANABE, 2004), ao fato de ter ação bactericida, evitar proteólise e possuir efeito estabilizante sobre as proteínas (PESSOA Jr. & KILIKIAN, 2005). (1). Já no mecanismo de precipitação por solvente orgânico, há redução da atividade de água, causada por diminuição da constante dielétrica do sistema, aumentando a energia livre do sistema. A fim de diminuí-la, a existência de grupos carregados na proteína não é favorecida, formando os aglomerados proteicos para neutralização das cargas. Ou seja, com aumento na concentração de solvente, a solvatação da água em regiões carregadas e hidrofílicas da superfície da proteína diminui, aumentando as interações eletrostáticas (PESSOA Jr. & KILIKIAN, 2005). A acetona e o etanol são os solventes orgânicos mais utilizados na precipitação, pois são completamente miscíveis em água (WATANABE, 2004), propriedade bactericida e apresentam densidade menor que água, fazendo com que a sedimentação do precipitado seja mais rápida (PESSOA Jr. & KILIKIAN, 2005). Na precipitação de proteínas utilizando polímeros, entende-se que o mecanismo é devido à exclusão da proteína do meio aquoso (PESSOA Jr. & KILIKIAN, 2005). O emprego de polímeros não iônicos, de alta massa molecular e solúveis em água, para a precipitação fracionada de proteínas foi introduzida por POLSON et al., em 1964, citado por WATANABE, 2004. O polietilenoglicol (PEG) é o mais usado, devido à variedade de graus de polimerização. A concentração necessária deste depende do tamanho da proteína e da massa molar do polímero e é inversamente proporcional à concentração da proteína (PESSOA Jr. & KILIKIAN, 2005). No entanto, quando feita por ajuste de pH, precipitação isoelétrica, adicionam-se ácidos ou bases até que o pH do meio seja igual ao ponto isoelétrico da proteína, onde a carga líquida da molécula é nula e a repulsão eletrostática entre as moléculas é mínima, prevalecendo as interações hidrofóbicas entre proteína e proteína (WATANABE, 2004). Por temperatura, há indução das interações hidrofóbicas, podendo causar desnaturação, sendo que sua diminuição provoca redução da solubilidade de proteínas; já com aumento, expõem grupos hidrofóbicos, formando aglomerados proteicos, porém, causa perda de estrutura terciária, o que não sendo um método muito usado somente quando a enzima é termoestável. O objetivo do experimento era efetuar a precipitação da invertase, tentando obter um bom rendimento. 1.4. Dosagem de Proteína Total e Atividade Enzimática A purificação de um produto biotecnológico requer diversas operações unitárias para que o mesmo seja completamente purificado. O grau de pureza varia de acordo com a aplicação deste produto, ou seja, para processos envolvendo produtos com grau de pureza elevado, se gasta mais recursos fazendo com que o valor agregado a esse seja alto. O estudo cinético de um processo químico ou bioquímico é uma etapa vital para investigar a formação de produtos. Um modelo cinético adequado permite uma fácil análise de dados e fornece uma estratégia para resolver problemas encontrados na etapa posterior, relacionada ao projeto de reatores (ALMEIDA, 2003). De uma maneira geral, a grande maioria das enzimas pode ser definida como proteínas globulares formadas por resíduos de aminoácidos unidos por ligações peptídicas. São catalisadores biológicos que diminuem a energia de ativação, acelerando uma reação termodinamicamente possível, sem alterar a constante de equilíbrio e a energia livre de reação (GÜRSEL et al., 2003; ISIK et al., 2003; BLANCH & CLARK, 1997). Os métodos para a determinação da concentração de proteínas totais são muito variados, no entanto, as metodologias mais utilizadas são as espectrofotométricas no ultravioleta e no visível. Ao longo dos anos, muitos métodos espectrofotométricos têm sido propostos para a determinação deproteínas totais, porém não existe uma metodologia considerada de uso universal para todos os meios. Os métodos geralmente mais utilizados são o do Biureto, de Lowry, de Bradford, de Smith e de absorção de proteínas no ultravioleta (ZAIA et al., 1998). A principal vantagem do método de Lowry é a sua alta sensibilidade e, por isto, tem sido utilizado para a determinação da concentração de proteínas totais em diversos meios (ZAIA et al., 1998). Apesar do método de Lowry apresentar uma grande sensibilidade para proteínas, o mesmo possui algumas desvantagens como estar sujeito a diversos interferentes. O método utilizado na prática foi o de Brandford. O método de Bradford emprega o corante Coomassie Brilliant Blue G-250 e baseia-se na interação de grupos ácidos e básicos de proteínas com grupos dissociados de corantes orgânicos, formando precipitados coloridos. O corante Coomassie Brilliant Blue liga-se primariamente à resíduos de aminoácidos aromáticos básicos, em especial à arginina, na superfície da proteína. Trata-se de um método que não apresenta tantos interferentes, como o método de Lowry. Apenas substâncias como SDS, Triton X-100, detergentes comerciais, tampões básicos, hidróxido de sódio e Tris (> 2,0 M) causam grandes interferências (PESSOA Jr. & KILIKIAN, 2005). O limite inferior de detecção do método de Lowry é de proteínas com massas molares de 3 a 5 kDa, e assim, aminoácidos ou pequenos peptídeos não se ligam. Já para o método de Bradford, apenas proteínas com massa molar superior a 10kDa são detectadas, razão pela qual, em alguns casos, obtém-se valores menores de concentração de proteína com o método de Bradford, em relação aos valores obtidos com o método de Lowry (PESSOA Jr. & KILIKIAN, 2005). Para determinação do rendimento e da pureza, além da quantificação de todas as proteínas, é necessário dispor de métodos específicos de quantificação da molécula alvo. Quantificação indireta é obtida com relativa facilidade quando a molécula considerada apresenta atividade biológica específica, como é o caso da invertase, por ser uma enzima, deve ser realizada a determinação da atividade enzimática da mesma. A atividade enzimática é por definição a velocidade inicial da reação específica catalisada pela enzima, determinada em condições padronizadas de pH, temperatura, força iônica e concentração do substrato, portanto, condições reprodutíveis. Defini-se uma unidade de atividade enzimática como a quantidade de produto liberado ou substrato consumido (µmol) em um minuto nas condições do ensaio (PESSOA Jr. & KILIKIAN, 2005). As proteínas a determinar são inicialmente diluídas para garantir uma gama de absorbâncias apropriada. O sistema reacional montado pelo método supracitado é quantificado por espectrometria. Os métodos de espectrometria, em específico os de absorção molecular (espectrofotometria), se valem da capacidade de todas as moléculas orgânicas serem capazes de absorver radiação eletromagnética, por conterem elétrons de valência que podem ser excitados para níveis mais altos de energia. Estas transições envolvem a excitação de elétrons não ligantes (n) para orbitais σ. Também pode ocorrer, e de forma mais comum, as transições de elétrons não ligantes ou π para o estado excitado π. Neste caso, a molécula precisa possuir um grupo funcional insaturado para fornecer tais elétrons. Essas moléculas orgânicas são chamadas de cromóforas (SKOOG et. al., 2002). 1.5. Cromatografia de Troca Iônica Segundo AULER, “o termo “cromatografia” é usado para indicar métodos de separação físico-químicos, os quais se baseiam na distribuição dos componentes entre a fase móvel e a fase estacionária. A descoberta da cromatografia é atribuída a Tswett, que, em 1903, foi o primeiro a separar pigmentos de folha em uma fase sólida polar e a interpretar este processo. Considerou-se que a época moderna da cromatografia começou na década de 30, quando Kuhn e Lederer “redescobriram” e aperfeiçoaram a cromatografia em coluna, repetindo as experiências de Tswett, separando e identificando as xantofilas da gema de ovo, usando uma coluna recheada com carbonato de cálcio pulverizado e éter de petróleo como fase móvel”. Os primórdios do processo chamado atualmente de troca iônica datam de vários séculos antes de Cristo. As primeiras descrições da cromatografia de troca iônica em coluna foram realizadas no século dezenove (SOUZA, 2005). A cromatografia por troca iônica também teve seu início com a síntese, por Adams e Holmes, das primeiras resinas de troca iônica, as quais eram baseadas em fenol e formaldeído e permitiam a troca catiônica. Posteriormente, as resinas de poliacrílico ou poliestireno entrecruzado com divinilbenzeno, com substituintes sulfônicos, carboxílicos ou alquilaminos, substituíram as originais (AULER, 2006). De acordo com AMARO, “a cromatografia de troca iônica em meio não aquoso foi aplicada, na década de 1950, para a separação de fitofármacos, utilizando resinas sulfônicas com baixo grau de ligações cruzadas, não apresentando, entretanto, bom desempenho na recuperação das moléculas de interesse. Em 1962, Kunin e colaboradores propuseram a utilização de suportes poliméricos macroporosos, com alto grau de ligações cruzadas, os quais não exibiam alteração de porosidade em meio não aquoso. Essas “novas” resinas macroporosas trocadoras de íons apresentaram melhores desempenhos de recuperação, tendo sido utilizadas na separação de antibióticos, proteínas e açúcares. Estudos recentes mostram a aplicação destas resinas também para alcaloides, inclusive àqueles presentes em extratos brutos vegetais”. A Cromatografia de Íons (CI), a qual foi desenvolvida por Small, inclui todos os métodos cromatográficos com mecanismos baseados em troca iônica. Segundo Sarzanini, a CI é um processo baseado na troca reversível de íons entre uma solução e um sólido, um material insolúvel polimérico ou inorgânico contendo íons fixos e contra- íons trocáveis. Os analitos são separados com base em suas diferentes afinidades (AULER, 2006). Por meio dessa cromatografia adsortiva se torna possível separar uma amostra contendo ácidos carboxílicos, bases orgânicas, peptídeos, aminoácidos, ácidos nucleicos, ânions inorgânicos, cátions metálicos e complexos que apresentam cargas (AULER, 2006). De acordo com Auler, “um trocador iônico compreende três elementos importantes: uma matriz insolúvel que pode ser orgânica ou inorgânica, natural ou sintética, sítios iônicos fixos e uma quantidade equivalente de íons de carga oposta àquelas fixadas nos sítios. Os grupos fixados são referidos como grupos funcionais e os íons associados (que estão próximos) são chamados de contra-íons”. Os trocadores iônicos a base de resina devem apresentar propriedades específicas, como a habilidade de trocar os íons com rapidez, boa estabilidade química em uma ampla faixa de pH e resistência à deformação durante a aplicação da amostra na coluna e quando são expostos à vazão da fase móvel (AULER, 2006). Neste trabalho, utilizou-se uma resina de carga positiva para possível adsorção da enzima invertase e posterior purificação da mesma. 2. Resultados e Discussão 2.1. Rompimento Celular Na escolha do método de rompimento foram analisados a estrutura e tamanho da célula, as características da enzima, como resistência a tensões de cisalhamento, a estabilidade, a temperatura, a localização da molécula dentro da célula, o método mais eficiente que irá liberar a maior concentração do produto de interesse e menor quantidade de contaminantes. As opções disponíveis eram liquidificador, grau e pistilo e moinhode bolas, dentre elas, decidiu-se que a mais viável era o moinho de bolas. Não se escolheu grau e pistilo devido a grande tensão de cisalhamento que o equipamento pode causar às células, tendo um maior número de contaminantes e dificultando os próximos passos de purificação. E não se optou pelo liquidificador, porque gera muito espuma, o que pode causar desnaturação da proteína-alvo, sendo um procedimento mais indicado para rompimento de células animais e vegetais, além de exigir um sistema mais complexo de refrigeração. Apesar das esferas de vidro disponíveis para o equipamento não estarem de acordo com o tamanho ideal encontrado da literatura, segundo JÚNIOR & KILIKIAN (2005), diâmetro de 0,5mm para células de leveduras, sendo essa de 7mm, considerando significativa perda de rendimento, já que de acordo os mesmos autores, esferas com diâmetros menores tendem a proporcionar rompimento mais eficiente, pois é maior a probabilidade de cisalhamento com as células intactas. O moinho de bolas utilizado no experimento tinha uma câmera cilíndrica, posicionada na horizontal. A movimentação da câmera, em vez de ser por um eixo de rotação contendo discos, é por ondas mecânicas em uma determinada frequência, que no caso poderia ser escolhida. Optou-se por 20 Hz de acordo com dados da literatura, servindo somente para experimentos realizados em laboratórios, devido ao elevado consumo de energia. O tempo também foi outro fator que se determinou, 9 minutos, e programou no equipamento. Levou-se em consideração o tamanho das esferas, já que a mesma estava 14 vezes maior que o recomendado, decidiu- se utilizar esse tempo para tentar uma melhor eficiência de rompimento e não prejudicar a estrutura terciária da invertase. O mecanismo de rompimento ocorre através das esferas, as quais se movimentam. Tem-se que a energia potencial será transformada em energia cinética e mecânica, gerando camadas, onde cada uma dessas possui uma velocidade diferente, transferindo energia cinética para as esferas, o que leva a formação de um fluxo turbulento e a tensão de cisalhamento, rompendo a célula. Logo, o rompimento ocorre devido à força de cisalhamento aplicada pelas esferas contra a parede celular da Saccharomyces cerevisiae. O volume da câmera cilíndrica horizontal era de 5 mL. De acordo com JÚNIOR & KILIKIAN (2005), a concentração celular mais recomendada para ocupar o volume da câmera é de 30 a 50% (v/v), sendo que concentrações menores geram menos calor, mas aumenta o consumo de energia por unidade de massa, fator importante para escala industrial. Carga de esferas de 80 a 85% do volume, observando que se a carga muito pequena aumenta a ocorrência de colisão suficiente para proporcionar boa desintegração, se muito grande, elas se chocarão e diminuirão a eficiência do processo, além de aumentarem a temperatura e o consumo de energia. Analisando esses parâmetros, decidiu utilizar 70% de volume de carga de esferas, já que as mesmas apresentavam tamanho elevado e 18% de concentração de leveduras; os 12% restante preencheu-se com tampão PBS. Como o objetivo era somente o rompimento e não ampliação de escala, não se preocupou com o consumo de energia por unidade de massa e sim com a eficiência de rompimento, e com uma menor quantidade de contaminantes, que, em experimentos posteriores, será analisada pela quantificação de proteínas totais e atividade enzimática da invertase. Logo: Após o rompimento celular, obtém-se um extrato bruto, sendo ele constituído por invertase, biomoléculas contaminantes e fragmentos celulares. Posteriormente, os compostos indesejáveis devem ser removidos por etapas do processo de clarificação. Para verificação se o procedimento ocorreu como esperado, analisou-se a atividade enzimática específica da invertase. Onde o extrato bruto deve apresentar uma maior atividade, já que ainda não se fez nenhuma etapa de purificação. 2.2. Precipitação da Invertase Primeiramente se fez um levantamento na literatura para saber-se quais são as concentrações ideais para a precipitação da invertase. Tem-se que, com etanol de 60-70%, acetona de 70-75%, sulfato de amônio de 45-55%. Todas as opções estavam disponíveis no laboratório. Dentre as condições oferecidas, se escolheu a precipitação por sulfato de amônio, pois oferece maior estabilidade para proteína, não há muita geração de calor, ação bactericida e proteolítica. Porém, se o objetivo fosse ampliação de escala não seria o ideal para a invertase, que é uma enzima muito utilizada na indústria farmacêutica e alimentícia. Pois, o sulfato de amônio apresenta características corrosivas, caráter ácido, difícil manuseio e disposição final. Quando presente em produtos alimentícios pode apresentar gosto ruim, é tóxico para uso clínico, tendo que ser removido (JÚNIOR & KILIKIAN, 2005). É importante destacar que todo o procedimento experimental foi efetuado no banho de gelo para evitar possível desnaturação. A eficiência do procedimento será analisada quando se fizer a análise de atividade enzimática da invertase. No pellet deve estar o sal com a invertase e no sobrenadante as proteínas contaminantes e uma concentração pequena de molécula-alvo, já que a concentração de sal necessária para a precipitação é diferente para cada proteína. 2.3. Atividade Enzimática da Invertase Após os processos de rompimento celular, centrifugação e precipitação realizaram-se a determinação da atividade enzimática das amostras e a dosagem de proteína total. A primeira etapa realizada para dosar a atividade enzimática de amostras é a preparação dessas amostras. As preparações foram feitas conforme medidas da tabela 2. Tabela 2: Dados para preparação das amostras para posterior leitura destas no espectofotômetro. Tubos Amostra Solução de Sacarose Tampão acetato Amostra DNS H2O 1ª Extrato Bruto 250 µL 200 µL 50 µL 500 µL 4,0 mL 1B Extrato Bruto 250 µL 200 µL 50 µL 500 µL 4,0 mL 2A Sobrenadante 250 µL 200 µL 50 µL 500 µL 4,0 mL 2B Sobrenadante 250 µL 200 µL 50 µL 500 µL 4,0 mL 3A "Pellet" 250 µL 200 µL 50 µL 500 µL 4,0 mL 3B "Pellet" 250 µL 200 µL 50 µL 500 µL 4,0 mL 4ª Branco 250 µL 250 µL - 500 µL 4,0 mL 5ª Branco - 500 µL - 500 µL 4,0 mL Fonte: Protocolo oferecido na aula prática “Determinação da atividade enzimática das amostras”. Figura 1: Preparação da amostra para dosagem enzimática após a precipitação com sulfato de amônio. A enzima sacarase ou invertase (β-fructofuranosidase) é uma enzima que catalisa a hidrólise da sacarose (açúcar não redutor) em glicose e frutose (dois açúcares redutores). Sacarose + H2O Glicose + Frutose (2) Na reação, 1 unidade (U) de invertase hidrolisa 1 mg/mL de sacarose a glicose e frutose por minuto, a pH 4,6 (25ºC). A reação segue determinando a quantidade de açúcares redutores libertados por ação da enzima, utilizando, a reação do ácido 3,5- dinitrosalicílico (DNS) e espectrofotometria. Durante o procedimento experimental, tomou-se o cuidado de aplicar as substâncias levando em consideração o tempo de reação. Esperava-se 1 minuto para aplicar a amostra ou DNS no próximo tubo, para que assim, todos os tubos tivessem o mesmo tempo de reação, apresentando resultados melhores e mais precisos. Na presença de um açúcar redutor, o DNS, é reduzido a 3-amino-5- nitrosalicílico, e apresenta uma cor laranja avermelhado. Através da leitura realizada no espectrofotômetro (Tabela 3) é possível calcular a concentração do açúcarredutor por intermédio de um gráfico de ajuste linear que relaciona as duas grandezas (Figura 2). Tabela 3: Leituras das absorbâncias à 540 nm das amostras no espectrofotômetro. Tubos Amostra Abs 540 nm 1A Extrato Bruto 0,963 1B Extrato Bruto 0,996 2A Sobrenadante 0 2B Sobrenadante 0,002 3A "Pellet" 0,226 3B "Pellet" 0,303 4A Branco 0,037 5A Branco 0,055 Fonte: Próprio Autor. O tubo branco é utilizado para minimizar os erros causados pela luz não absorvida pelo equipamento espectrofotômetro. Nos tubos brancos as absorbâncias corresponderam a 0 (UA). Isto ocorre porque no tubo nomeado como branco, não há solução de sacarose 2M e por isso não houve a formação de produto, pois invertase é a responsável por hidrolisar a sacarose à glicose e frutose e não havendo sacarose não é possível determinar a concentração do açúcar redutor. Quanto à coloração obtida, verifica-se que a invertase, ao reagir provoca o escurecimento da solução. Figura 2: Curva de Calibração feita no dia 07 de Outubro de 2015. A equação da reta (y = 5,42498557x - 0,01514512) foi obtida após a linearização da curva, como mostrado na Figura 2. A partir da equação abaixo, é possível calcular a concentração de proteínas para cada amostra da purificação, uma vez que „y‟ é a média da absorbância obtida das amostras em duplicata e „x‟ é a concentração de proteína em cada amostra (Tabela 4). (3) Tabela 4: Concentração de glicose em miligramas por mililitro nas amostras coletadas com base na curva padrão construída. Amostra Concentração de glicose (mg/mL) Extrato Bruto 0,1833450605 Sobrenadante 0,002976064472 "Pellet" 0,05154758258 Fonte: Próprio Autor. y = 5,42498557x - 0,01514512 R² = 0,98904344 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 A b s (5 4 0 n m ) Concentração de Glicose (mg/mL) Como houve atividade enzimática no extrato bruto, o moinho de bolas é considerado um bom método para o rompimento, apresentando eficiência. Sabe-se que no extrato bruto encontra-se a invertase - molécula de interesse, contaminantes e fragmentos celulares, os quais podem inibir um pouco a atividade enzimática da invertase, inibindo o seu sítio ativo. Mesmo assim, o extrato bruto deve apresentar uma maior atividade enzimática do que os próximos passos de purificação, o que realmente ocorreu. A concentração de glicose formada foi maior no “pellet” indicando a presença de maior concentração de invertase, como era esperado após a precipitação. Observa-se que houve perda de parte da invertase no sobrenadante, porém indica apenas cerca de 5,8% do que foi encontrado no “pellet”. Comparando a concentração de glicose que havia no extrato bruto e a formada nas demais frações, constata-se que houve uma grande perda da enzima de interesse, cerca de 70% dessa enzima foi perdida. Isso indica que provavelmente a invertase perdeu sua atividade enzimática, houve mudança da sua estrutura tridimensional, tornando-a inativa ou desnaturando-a, mesmo que o protocolo inclua o banho de gelo, cuja finalidade é evitar a inativação da enzima pela temperatura. Esse procedimento não seria adequado para ampliação e nem aplicação, pois o rendimento do processo, no primeiro passo, já foi muito baixo. A fim de confirmar o resultado mencionado, deve-se realizar novamente o procedimento supracitado, com possível alteração na concentração de sal utilizada. Caso permaneça com esse baixo rendimento, poderia ser feita uma precipitação com solvente, a fim de tentar obter um processo viável para purificação da invertase. Um dos motivos de ter havido essa perda de molécula alvo durante a precipitação com sulfato de amônio, pode ter sido a alta temperatura do dia em que foi realizado o experimento; a espuma formada durante a prática; as condições de precipitação escolhida, sendo que pode ter sido utilizada uma concentração de sal superior a necessária. O aumento da temperatura favorece a precipitação de proteínas por salting-out, mas o processo deve ser conduzido preferencialmente a 4ºC para reduzir o risco de desnaturação, sobretudo por ação de proteases (PESSOA Jr. & KILIKIAN, 2005). A Atividade enzimática da Invertase é dada pela seguinte fórmula: ( ) ( ) çã (4) Onde: AbsAmostra= Absorbância da Amostra; AbsBranco = Absorbância do Branco correspondente; Fator = Fator de contração da curva padrão de glicose (mg/mL); 540 = fator de conversão para atividade (u.m.a-1 x min -1) mol de grupos redutores, medidos como glicose por minuto, nas condições de reação utilizadas. Utilizando essa fórmula, obteve-se o resultado apresentado na Tabela 5. Tabela 5: Atividade Enzimática encontrada em todas as frações após a precipitação com sulfato de amônio. Amostra Atividade Enzimática da Invertase (U) Extrato Bruto 0,464388811 Sobrenadante 0 "Pellet" 0,010523467 Fonte: Próprio Autor. Observa-se, conforme já citado acima, que o sobrenadante não apresentou atividade enzimática, sendo um parâmetro positivo para o processo de purificação. Já no pellet, obteve-se atividade enzimática, a qual foi bem reduzida em relação ao extrato bruto. Tal fato já é esperado, pois, ao aumentar o número de operações unitárias, pode haver diminuição do rendimento. 2.4. Cromatografia de Troca Aniônica A cromatografia de troca-iônica é uma cromatografia adsortiva caracterizada pela ocorrência e prevalência de interações eletrostáticas entre as cargas opostas dos ligantes acoplados à resina e a proteína de interesse. No presente experimento, utilizou-se uma resina de troca aniônica, ou seja, uma resina cujos ligantes possuem carga positiva. De acordo com a literatura (TOMOTANI&VITOLO 2006), o pI (ponto isoelétrico) da invertase situa-se na faixa de pH de 3,4 a 4,5. Portanto, para que ocorresse a adsorção da invertase, sua carga líquida foi direcionada a ser negativa. Para isso, utilizou-se o tampão de equilibro Acetato de Sódio 100mM com pH 5, o qual é maior que o ponto isoelétrico da invertase, proporcionando que a mesma assuma carga negativa e se adsorva aos ligantes positivos. A amostra contendo o extrato bruto foi previamente filtrada em uma membrana de PVDF, com o auxílio de uma seringa, para retirar contaminantes maiores que poderiam prejudicar a integridade da resina e atrapalhar o processo cromatográfico. O loop do cromatógrafo possuía capacidade para 1 mL, cooperando para a passagem cuidadosa do fluxo. O volume da coluna utilizada foi de 5,0 mL e os volumes utilizados no equilíbrio, lavagem e eluição foram, respectivamente, 3, 3 e 7 volumes de coluna, totalizando 65 mL. Além disso, alterou-se o fluxo de alimentação a cada etapa, sendo ele 1 mL/min para o equilibro; 0,2 mL/min para adsorção, na qual foi aplicada 1 mL da amostra de extrato bruto; 0,5 mL/min para lavagem; 0,85 mL/min para eluição. O tampão A (acetato de sódio 100 mM em pH 5) foi o tampão de equilíbrio e adsorção; já o tampão B (acetato de sódio 100mM + 1M de NaCl em pH 5) foi o tampão de eluição, a qual foi feita em gradiente linear, já que era a primeira vez a ser feita essa cromatografia, logo não se sabia as concentrações dos tampões para eluição, sendo assim, não era possível utilizar o gradiente em passos. O resultado do processo cromatográfico está indicado no cromatograma obtidoa partir do equipamento AKTA Purifier®. Figura 3: Cromatograma obtido através da cromatografia de troca aniônica. Pode-se observar pela figura 3, que a amostra foi injetada no instante 0,0 demarcado pela linha vertical na cor roxa. Inicialmente, ocorreu a formação de um platô que é caracterizado pela liberação de moléculas não adsorvidas. Após atingir a linha basal, em 25 minutos, iniciou-se a aplicação do tampão B, responsável pela eluição das moléculas retidas na coluna, em gradiente linear. O pico de lavagem, o qual se iniciou com 16 minutos e terminou com 24 minutos, foi recolhido para posterior dosagem de proteína total e atividade enzimática da invertase. Neste pico saíram as moléculas que não adsorveram à resina. Logo após a lavagem, iniciou-se a aplicação do tampão B. Pode-se observar que, à medida que a concentração do tampão B aumentou, iniciou-se a formação de picos. Os primeiros dois picos da eluição não foram coletados, já que não havia detectado-os como picos. O terceiro pico da eluição foi coletado em 35,5 minutos até 36,6 minutos; o quarto foi em 35,6 minutos até 39, 5 minutos; o quinto e maior pico foi coletado de 39,6 minutos até 43,5 minutos. A eluição das proteínas adsorvidas na resina ocorreu devido ao aumento da força iônica, proporcionado pelo 1 M de NaCl presente no tampão B. O pH se manteve, logo, não influenciou no processo de dessorção. Ao adicionar o tampão B, o sal NaCl, que entrou em contato com o meio aquoso, dissocia-se gerando cátions Na+ e ânions Cl-. Dessa forma, os íons Cl- competem com a proteína pela ligação à resina, além disso, tanto os cátions quanto os ânions, podem se ligar aos resíduos carregados da molécula alvo, favorecendo sua eluição. Portanto, com o aumento do gradiente de concentração do tampão B, as moléculas adsorvidas, foram eluídas. Nota-se que o último pico a ser traçado no cromatograma precisou de 40% do tampão B para ser eluido. A não coletagem dos dois primeiros tubos trazem incertezas para a cromatografia, já que a molécula alvo invertase pode ter sido dessorvida nesses picos. É possível observar que os picos de eluição não possuem boa resolução, já que não têm adequada distância entre si; além disso, são espalhados e não, de fato, picos, dificultando até mesmo a definição do seu volume de eluição. Tais fatos podem ter acarretado na mistura das frações, prejudicando o processo de purificação e indicando que não ocorreu apropriada transferência de massa na cromatografia utilizada. Além disso, o processo pode não ter sido eficiente pela eluição ser ocasionada somente pela força iônica e não pela alteração de pH, para que a molécula alvo adquirisse carga oposta ao ligante e se dessorvesse da coluna. 2.5. Dosagem de Proteína Total e Atividade Enzimática da Invertase Após a cromatografia de troca iônica realizada, deve-se realizar a dosagem de proteína total e novamente determinar a atividade enzimática, para posteriormente identificar em qual das frações eluídas se encontra a molécula alvo de interesse. Figura 4: SDS PAGE das amostras obtidas após cromatografia de troca iônica. A: Não Adsorvido, B: Amostra Inicial, C: Penúltimo Pico, D: Último Pico, E: Albumina 66kDa, F: Padrão de Massa Molecular O corante mais comumente utilizado para detectar proteínas em um gel é o Coomassie Brilliant Blue R-250 (CBB). A coloração normalmente é feita com uma solução a 0.1 % de CBB em metanol:água:ácido acético glacial (45:45:10). A mistura ácido-metanol serve como um agente desnaturante que precipita e fixa as proteínas no gel, evitando que as proteínas sejam perdidas no processo de lavagem do gel. Quando se requer uma coloração mais sensível que detecte concentrações mais baixas de proteína, utiliza-se a coloração por prata. No processo de coloração o íon de prata (Ag+) é reduzido à prata metálica na proteína, onde a prata se deposita formando uma banda de cor marrom. A coloração por prata pode ser utilizada imediatamente após a eletroforese ou depois da coloração com CBB. A coloração por prata é pelo menos 100 vezes mais sensível que o CBB detectando proteínas em torno de 0.001 ug (1 ng). Outros corantes utilizados são o Sypro Orange (30 ng) e Sypro Ruby (10 ng). (WILSON & WALKER, 2010) De acordo com o resultado obtido no gel, observa-se que o corante Coomassie Brilliant Blue G-250 não apresentou um bom desempenho. Isso acontece, pois provavelmente a concentração das proteínas utilizada foi muito baixa. Para albumina, por exemplo, foi adicionado apenas cerca de 10µg (1µg/1µL) e 10µL de tampão, resultando em uma concentração final de apenas 1µg/µL, não sendo assim detectada pelo gel. A invertase existe em duas formas, proteína periplasmática glicosilada e proteína citosólica não glicosilada. A secreção de enzima localizada intracelularmente que corresponde à forma reprimida de invertase e um extracelular, contendo nove ou dez oligossacarídeos glicosilados ligados que corresponde à forma-reprimida de da enzima são regulados por repressão catabólica. A alta concentração de glicose no meio de cultura reprime completamente a produção da enzima, ao passo que a utilização de sacarose ou rafinose como fonte de carbono, permite desrepressão de síntese de invertase. Sabe-se que ambas estas enzimas são sintetizadas na matriz do mesmo gene estrutural e as suas porções de proteína tem uma massa molecular de 60 kDa (AAFIA ASLAM et al, 2013). A invertase possui peso molecular de aproximadamente 60 kDa, como mencionado anteriormente, o que não foi identificado em nenhum pico retirado segundo o gel de eletroforese. Uma das possibilidades é que a enzima esteja em concentração muito baixa e não apareceu no gel. Porém, só foi detectada proteína na banda da amostra inicial, indicando que possivelmente houve algum erro de pipetagem no experimento ou toda proteína ficou adsorvida na coluna, o que é o menos provável. Deve-se repetir o experimento com maior atenção e cuidado. Após aplicar as proteínas no gel, realizou-se a leitura dessas amostras no espectrofotômetro (Tabela 6) e tornou-se possível calcular a concentração de proteínas por intermédio de um gráfico de ajuste linear que relaciona as duas grandezas (Figura 5). Tabela 6: Leitura das absorbâncias nas diferentes frações da Cromatografia Tubos Amostra Abs 540 nm 1ª Amostra Inicial 0,495 1B Amostra Inicial 0,651 2A Não Adsorvido 0,073 2B Não Adsorvido 0,094 3A Pico Penúltimo 0,031 3B Pico Penúltimo 0,032 4A Pico último 0,026 5A Pico último 0,032 Fonte: Próprio Autor. Figura 5: Curva de Calibração feita no dia 19 de Novembro de 2015. A equação da reta (y = 23,43133333x + 0,09311282) foi obtida após a linearização da curva, como mostrado na Figura 5. A partir da equação abaixo, é possível calcular a concentração de proteínas para cada amostra da purificação, uma vez que „y‟ é a média da absorbância obtida das amostras em duplicata através do método de Bradford e „x‟ é a concentração de proteína em cada amostra (Tabela 7). (5) y = 23,43133333x + 0,09311282 R² = 0,98732845 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 A b s (5 9 5 n m ) BSA (mg/mL) Tabela 7: Concentração de proteína em miligramas por microlitro nas amostras coletadas com base na curva padrão construída. Amostra Concentração de proteína total (mg/mL) Amostra Inicial 0,020480575 Não adsorvido 0 Pico penúltimo 0 Pico último 0 Fonte: Próprio Autor. O método se baseiana observação de que o azul brilhante de Coomassie G-250 se converte da cor vermelha para azul após ligação à proteína. O complexo é formado rapidamente, permanece disperso em solução por um tempo relativamente longo, e tem um alto coeficiente de extinção, o que permite grande sensibilidade na dosagem das proteínas. Analisa-se pelos cálculos realizados, que nenhuma proteína saiu em nenhuma das frações (em nenhum dos picos e nem na fração não adsorvida). Neste caso, é necessário repetir o experimento, pois pode ser que as proteínas tenham ficado adsorvidas na coluna, ou não tenham sido pipetadas pelo grupo que realizou o experimento. Após realizar a dosagem de proteínas totais na amostra, fez-se a determinação da atividade enzimática, para identificação da Invertase nas frações. Figura 6: Preparação da amostra para dosagem enzimática após a cromatografia. Como mencionado anteriormente, na presença de um açúcar redutor, o DNS, é reduzido e apresenta uma cor laranja avermelhado. Utilizando a mesma curva padrão definida para primeira determinação de atividade enzimática, e através das leituras realizadas no espectrofotômetro (Tabela 8) foi possível calcular a concentração do açúcar redutor (Tabela 9). Tabela 8: Leituras das absorbâncias das amostras à 595 nm das amostras no espectrofotômetro. Amostra Abs 595 nm Último Pico 0 Último Pico 0 Penúltimo Pico 0,024 Penúltimo Pico 0,035 Não adsorvido 0,47 Não adsorvido 0,496 Amostra Inicial 3,783 Amostra Inicial 3,693 Fonte: Próprio Autor. Tabela 9: Concentração em miligramas por mililitro nas amostras coletadas com base na curva padrão construída. Amostra Concentração de glicose (mg/mL) Pico último 0,002791735 Pico penúltimo 0,008229537 Não Adsorvido 0,091824229 Amostra Inicial 0,691825825 Fonte: Próprio Autor. É possível observar que a cromatografia de troca iônica não foi eficiente nesse processo de separação e purificação da Invertase. A concentração de proteínas identificada na fração não adsorvida foi a maior, representando apenas de 13,3% da detectada na amostra inicial. O pico último e o pico penúltimo apresentaram, respectivamente, 0,4% e 1,2%, uma porcentagem muito irrisória. A proteína de interesse pode ter sido desnaturada ou se encontrar inativa após passar pela coluna, ou então, pode ter ficado ainda adsorvida na coluna, as condições usadas para eluição podem não ter sido suficientes para causar a desorção da proteína. Além dessas opções, pode ter ocorrido algum erro de pipetagem ou no procedimento, como por exemplo, não houve a coleta dos primeiros picos. Com a segunda suposição, deve-se tentar utilizar outras condições de eluição e analisar o resultado. Caso ainda não tenha atividade enzimática em nenhum dos picos e a atividade no não adsorvido permaneça baixa, deve-se analisar as condições utilizadas em todo o processo e as características da enzima novamente. Tabela 10: Dados para preparação das amostras para posterior leitura destas no espectofotômetro. Amostra Solução de Sacarose Tampão acetato Amostra DNS H2O Amostra Inicial 300 µL 1,5 µL 200 µL 500 µL - Amostra Inicial 300 µL 1,5 µL 200 µL 500 µL - Não Adsorvido 300 µL 1,5 µL 200 µL 500 µL - Não Adsorvido 300 µL 1,5 µL 200 µL 500 µL - Penúltimo Pico 300 µL 1,5 µL 200 µL - Penúltimo Pico 300 µL 1,5 µL 200 µL - Último Pico 300 µL 1,5 µL 200 µL 500 µL - Último Pico 300 µL 1,5 µL 200 µL 500 µL - Branco 300 µL 1,5 µL - 500 µL 200 µL Branco 300 µL 1,5 µL - 500 µL 200 µL Fonte: Dados informados pelo protocolo dado em sala de aula. A atividade enzimática da Invertase para essas frações foi calculada conforme a expressão 3 citada anteriormente, e a partir das soluções preparadas conforme tabela 10, e está expressa na tabela 11, onde se pode comprovar as discussões já feitas acima. Tabela 11: Atividade Enzimática encontrada em todas as frações após a cromatografia de troca iônica. Amostra Atividade Enzimática (UA) Último Pico 0 Penúltimo Pico 0,000296365 Não adsorvido 0,004852348 Amostra Inicial 0,037552956 Fonte: Próprio Autor. A tabela de purificação da invertase está representada abaixo. Tabela 12: Processo de purificação da invertase. Etapa Volume (mL) AE Específica (Units/mg) AE total (Units) Rendimento% Fator de Purificação Proteína (mg/mL) Proteína Total (mg) Extrato Bruto 1 0,037553 0,000769 100 1 0,020481 0,020481 Cromatografia – não adsorvido 4 0,004852 0 0 0,129 0 0 Cromatografia – pico último 2,98 0 0 0 0 0 0 Cromatografia – pico penúltimo 2,55 0,000296 0 0 0,008 0 0 Fonte: Próprio Autor. Observa-se que a tabela de purificação apresentou falhas significativas na dosagem de proteína total e/ou determinação da atividade enzimática. Além disso, não foram recolhidos os dois primeiros picos como mencionado anteriormente, o que aumentou ainda mais o erro experimental. Constata-se uma inconsistência no relatório, onde não foi encontrado nenhuma proteína ao realizar o método de Bradford, e foi encontrada atividade enzimática em algumas frações ao determinar a atividade enzimática. Provavelmente houve erro experimental ao realizar o protocolo, erro de pipetagem ou ainda erro no manuseio do espectrofotômetro. Recomenda-se refazer todos os procedimentos experimentais com maior atenção e com apenas um grupo, a fim de minimizar os erros. 3. Conclusão A Invertase é uma importante enzima para o meio industrial devido, principalmente, à produção de açúcar invertido. O processo de purificação realizado pode ser melhorado realizando a precipitação por solvente, ao invés da precipitação com sulfato de sódio, além de refazendo a cromatografia. Deve-se atentar ao realizar a dosagem de proteína total e atividade enzimática, para que as mesmas sejam mais precisar e coerentes. Observou-se que o rompimento foi a etapa mais eficiente do processo realizado na prática e que a precipitação por sal não foi uma boa etapa de clarificação. Percebeu-se também a importância dos processos de separação e purificação para a atuação do Engenheiro de Bioprocessos o qual deve sempre ter uma visão crítica e buscar conhecimentos teóricos antes de realizar qualquer procedimento experimental. 4. Referências Bibliográficas AAFIA ASLAM*, IKRAM-UL-HAQ AND SIKANDER ALI. Purification and characterization of two invertases from mutant strain of Saccharomyces Cerevisiae. Pak. J. Bot., 45(1): 285-291, 2013. ALMEIDA, A. C. S. Estudo do processo continuo para produção de açúcar invertido por vir enzimática. 2003. 99 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife. 2003. AMARO G. B. JUNIOR; EVARISTO C. B. JUNIOR; VALDIR F. V. JUNIOR; ANGELO C. PINTO; SERGIO F. CARVALHAES; MARIA APARECIDA M. MACIEL. 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