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Resumo Direito Romano 1 Bi,

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Texto 1: Cultura Jurídica Europeia – Síntese de um milénio 
1.	A história do direito na formação dos juristas
?Importância da História do Direito na formação dos juristas:
•	Interpretação do direito atual;
•	Identificação de valores jurídicos duradouros;
•	Sensibilidade jurídica;
•	Alarga horizontes culturais;
•	Melhora a argumentação;
•	Aumenta o poder de persuasão.
Missão da história do direito: problematizar o pressuposto implícito e acrítico das disciplinas dogmáticas, que visam criar certezas acerca do direito vigente ? Direito é RACIONAL, NECÉSSARIO, DEFINITIVO.
A História do Direito realiza esta missão dizendo que o direito existe sempre “em sociedade”, e que as soluções jurídicas são sempre contingentes em relação a um dado envolvimento. ? Sempre locais. 
2.	História do direito como discurso legitimador
A história do direito pode também ter um caráter legitimador, ou seja, fomentando a obediência daqueles que vão ter a liberdade limitada pelas normas. Essa disciplina desempenhou este papel legitimador durante um longo período da história jurídica europeia, principalmente nas soluções jurídicas, pois era por meio da história que essa durabilidade das normas podia ser comprovada. 
O uso da história desse tipo foi corrente até ao século XIX, principalmente durante o Antigo Regime, e, até hoje, podemos encontrar umas certas propostas semelhantes sobre o interesse da história jurídica. Por exemplo, quando se diz que ela pode ajudar a definir o conteúdo da constituição – como pretendeu os constitucionalismos do início do século. 
Ao dizer que o direito surge do próprio espirito da nação, depositado nas suas tradições culturais e jurídicas, afirma-se que a história jurídica devia desempenhar um papel dogmático fundamental, tanto ao revelar o direito tradicional, como ao proteger o direito contemporâneo contra as inovações arbitrárias. 
Hoje, com a ideia de progresso, a tradição deixou de ser a principal estrutura de legitimação, enfraquecendo a história do direito como fonte do espírito nacional no Ocidente.
Encarar a história como uma via para revelação do “espirito nacional”, levantaria diversos problemas metodológicos muitos sérios, pois a história mais do que descrever, ela cria, a partir do ponto de vista do historiador; desse modo, o próprio espírito nacional é uma construção intelectual do historiador.
Conceitos como pessoa, liberdade, democracia, família, obrigação, contrato, propriedade, roubo, homicídio, são conhecidos como construções jurídicas desde os inicios da história do direito europeu. Entretanto, as palavras, nas suas diferentes ocorrências históricas, estão intimamente ligadas aos diferentes contextos, sociais ou textuais, de cada ocorrência. Por exemplo:
•	Família:antes, abrangia não apenas as relações de parentesco, mas também não parentes (como os criados ou os escravos);
•	Obrigação: no direito romano seria “vinculo jurídico”, mas era entendido num sentidomaterialístico, como uma vinculação do corpo do devedor à dívida, o que explicava que, em caso de não cumprimento, poderia haver prisões por dívida
•	Liberdade:na Grécia antiga significava a não escravidão, mas depois incorpora a ideia deautodeterminação, de liberdade de agir politicamente
•	Estado:utilizado em relação aos detentores do poder; contudo não tinha as características que determinavam um Estado – exclusivismo, soberania plena, extensos privilégios “de império” relativamente aos particulares -, tal como entendemos.
Nesta história progressiva, o elemento legitimador é o contraste entre o direito histórico, rude e imperfeito, e o direito dos nossos dias, produto de um imenso trabalho agregativo de aperfeiçoamento, levado a cabo por uma cadeia de juristas memoráveis. 
A história progressista promove uma sacralização do presente, glorificando como meta, como o único horizonte possível da evolução humana e tem inspirado a chamada “teoria da modernização”, a qual propõe uma política do direito baseada num padrão de evolução artificialmente considerado como universal, caracterizado pela linearidade do progresso. 
Deve-se notar que a questão da submissão da narrativa do historiador aos conceitos e representações do presente tem sido muito discutida desde o século passado, pode ser uma situação inevitável, já que o historiador nunca se consegue libertar das imagens, preconceitos do presente. E há também quem - nomeadamente no domínio da história do direito – considere que esta leitura “atualizante” da história é a condição para que os factos históricos nos digam algo, sejam inteligíveis, permitam tirar lições. 
Os juristas têm um papel central na política quotidiana, embora com o inerente preço de uma exposição permanente à crítica social. Uma estratégia de defesa deste grupo é a de desdramatizar a natureza política de cada decisão jurídica e, com isso, o seu caráter político. 
Uma forma de “despolitizar” a intervenção dos juristas é a apresentar o veredicto jurídico como uma opção puramente técnica ou científica, distanciada nos conflitos sociais subjacentes.
Se construir uma imagem dos juristas como acadêmicos distantes e neutrais será mais fácil de neutralizar a política da decisão jurídica, já que as preocupações são meramente teóricas, abstratas e eruditas, promovendo assim, uma imagem das faculdades de direito como templos da ciência, onde seriam formadas tais criaturas incorpóreas 
A onda de medievismo que dominou a historiografia jurídica continental até os anos 60 – contemporânea do manifesto de Kelsen no sentido de “purificar “a ciência jurídica de ingredientes políticos – teve esse efeito de legitimação pela ciência, justamente numa época de fortíssimos conflitos políticos-ideológicos em que os juristas tiveram que desempenhar uma importante função “arbitral”.
Texto 2: Historiadores Latinos – Tito Lívio
•	O autor vê a história como velha e conhecida, enquanto outros historiadores procuram acrescentar novos fatos a ela
•	A história anterior à fundação de Roma não é documentada, apenas conhecida através de narrativas e mitos
•	O texto relata algumas histórias relacionadas à história de Roma, do Consulado até a Ditadura
1.	O rapto das Sabinas
•	Roma passava por seu ápice de poder, mas sofria com a falta de mulheres para garantir a descendência
•	Rômulo enviou embaixadores às cidades vizinhas para propor alianças de casamento
•	Os povos vizinhos temiam o grande poderio de Roma, além de não desejarem que o sangue puro de seu povo fosse misturado, rejeitando assim qualquer acordo
•	Rômulo, então, determinou que fossem realizados jogos em homenagem a Netuno, chamados de Consuais
•	Os povos vizinhos atendem ao espetáculo, e durante sua realização, os jovens romanos arrebata as jovens mulheres que assistiam 
•	Os pais das jovens revoltaram-se, enquanto Rômulo explicou a cada uma delas que o evento só se sucedera devido a soberba de seus pais em rejeitar união com seus vizinhos
•	Pediu também que abandonassem a ira, aceitando o matrimônio. Os maridos, então, tornaram-se afetuosos e apaixonados, cumprindo com seu dever enquanto marido e suprindo a saudade que as esposas sentiriam de sua pátria
2.	Tarpéia
•	Os sabinos, sob o comando de Tito Tácio, invadiram Roma
•	A filha do comandante romano, Tarpeia, ofereceu a Tácio trair Roma se os sabinos lhe dessem o ouro que carregavam em seus braços
•	Tácio aceitou, mas como desprezo à traição, atirou em Tarpeia tanto o ouro que levava como seu escudo, e assim fizeram os outros soldados, matando Tarpeia enterrada pelo ouro
3.	Instituições de Numa Pompílio
•	Quando Numa toma posse do reino, decide fundá-lo novamente através do direito, das leis e dos bons costumes
•	Como os ânimos estavam sempre exaltados devido às guerras, era difícil para que o povo se acostumasse; com isso, Numa fundou o templo de Jano. Se suas portas estivessem abertas, a cidade estava em guerra
•	Com o fim da guerra, decide gerar o medo dos Deuses na população, fingindo ter encontros noturnos com a deusa Egéria
•	Dividiu o ano em doze meses de acordo com
o curso da lua e criou os sacerdotes
•	Com isso, as pessoas passaram a preocupar-se com os deuses ao invés da guerra, e deixaram de temer as leis e os castigos, utilizando a boa-fé e o juramento
•	Assim conseguiram o respeito das cidades vizinhas, que passaram a considerar um sacrilégio violar uma cidade que se dedicava tão intensamente aos deuses
•	Desse modo, a cidade de Roma era engrandecida, sucessivamente, pelas guerras e pela paz (Rômulo/Numa Pompílio)
4.	Lucrécia
•	Estavam os homens reunidos na casa de Sexto Tarquínio, cada um exaltando sua própria esposa
•	Colatino não disse nada a respeito da sua, afirmando que Lucrécia provaria sua superioridade às demais em poucas horas
•	Decidiram ir para Roma de surpresa, para ver o que suas esposas faziam enquanto estavam ausentes
•	Enquanto todas as outras mulheres ocupavam-se de grandes banquetes, Lucrécia trabalhava a lã em meio às criadas, levando a vitória sobre as outras esposas
•	Alguns dias depois, Sexto Tarquínio vai até a Colácia com a intenção de estuprar Lucrécia; como a mulher resistiu até mesmo diante de ameaças de morte, Tarquínio disse que iria colocar um escravo nu ao seu lado e mata-lo, acusando-a de adultério
•	Diante dessa ameaça Lucrécia cedeu. Chamou então seu pai em Roma e seu marido, pedindo-lhes que trouxessem um amigo de confiança
•	Lucrécia relatou o acontecido, garantindo-lhes que não teve culpa do ocorrido. No entanto, não poderia viver sendo um exemplo de adultério, portanto, matou-se
5.	Consulado e ditadura
•	A partir da morte de Lucrécia, passaram a serem elegidos dois cônsules, com o mandato limitado a um ano, para que, se tivessem a intenção de agir mal, um coibisse o outro.
•	Foram também expulsos todos os homens com o nome Tarquínio. O antigo rei, Sexto Tarquínio, reuniu então diversos homens para conseguir reconquistar seu trono. Os romanos venceram a primeira batalha
•	Após um ano, Tarquínio declarou guerra aos romanos, sendo novamente vencido 
•	No terceiro ano, como não pôde reaver o trono, retirou-se para Túsculo e lá viveu por 14 anos, envelhecendo com a esposa
•	9 anos após a expulsão dos reis, o genro de Tarquínio reuniu um exército com o objetivo de vingar o sogro, instaurando uma ditadura em Roma
Texto 3: A Cidade Antiga – Livro II
1.	Religião como elemento constitutivo da família antiga
•	Nas antigas gerações era comum encontrar famílias reunidas em torno de altares em diversos momentos do dia
•	Ao lado das casas encontram-se túmulos, onde repousam as gerações antepassadas, as quais não eram separadas da família: reúnem-se em torno do túmulo, oferecendo banquetes fúnebres, pedindo em troca proteção, campos férteis e uma casa próspera
•	Os membros da família não ocupam o mesmo papel, provando que a geração não definia a família antiga, nem os laços afetivos
•	As leis de sucessão representam o conceito de família, não seguindo qualquer ordem de nascimento
•	Desse modo, o poder residia no pai ou marido, sendo uma instituição primordial. Ao contrário do que se pensa, esse poder não surgiu de uma autoridade paterna, mas sim, dos princípios da religião
•	A família antiga é uma associação religiosa unida pela religião dos antepassados
•	Os membros são levados em conta dentro da família quando ligados pelo culto, garantindo também o direito à herança
2.	Casamento
•	O casamento foi a primeira instituição doméstica estabelecida pela religião
•	A religião não pertencia exclusivamente ao homem; desde pequena a filha segue a religião do pai, adorando seu deus. Com o casamento, deve deixar o deus de sua infância para seguir um deus desconhecido. Não pode continuar invocando seus deuses, pois não se pode invocar dois lares ao mesmo tempo
•	Desse modo, não há nada mais valioso do que o casamento, já que o homem compartilha os rituais próprios de sua casa com uma pessoa “estranha” a eles
•	O casamento seria como um rito de iniciação, realizado em casa e invocando os deuses domésticos
?Gregos:
•	A cerimônia era composta por 3 atos, uma na casa paterna (declaração do pai), uma na casa do marido (canto sagrado) e outra na passagem de uma para outra (simulação de rapto)
?Romanos: 
•	Assemelhava-se ao casamento grego, sendo composto, também, por 3 atos
•	A jovem deixa o lar paterno, mas só o pai pode livra-la desse laço. É então conduzida à casa do marido, onde simula-se um rapto
•	A mulher casada passa a cultuar os deuses do marido, desligando-se da religião da casa de seu pai
•	A religião ensina o homem que o casamento não é somente afeição, mas sim, uma união pelo laço de um mesmo culto. Por ser uma união tão forte, a poligamia não era permitida
•	O casamento poderia ser facilmente rompido, mas o casamento religioso não. Para isso, era necessária uma nova cerimônia religiosa, para desunir o que a própria religião havia unido. Desse modo, a mulher renunciava a religião e os deuses do marido
3.	Crenças relativas aos mortos
•	Depois da morte, o homem era considerado uma pessoa feliz e divina, desde que seus descendentes lhe oferecessem continuamente banquetes fúnebres
•	A felicidade do morto não dependia da conduta que tivera em vida, mas sim, da conduta de seus descendentes. Daí derivava a regra de que a família devia perpetuar-se através da não extinção de seus descendentes
4.	O direito de propriedade
•	As populações gregas sempre reconheceram e praticaram a propriedade privada; apesar de terem absolutos direitos de propriedade sobre o solo, muitas vezes tinham que reunir em comum suas colheitas
•	Os gregos seguiam, portanto, uma ordem inversa à natural, aplicando o direito de propriedade antes ao solo do que à colheita
•	A religião doméstica, a família e a propriedade tiveram uma relação evidente em sua origem, parecendo ser inseparáveis
•	A ideia de propriedade privada estava intimamente relacionada com a religião, já que cada lar tinha seus antepassados e seus próprios deuses
•	A família, assim como o lar e seus deuses, deverá ocupar sempre esse mesmo lugar, que será então sua propriedade
•	Duas casas não poderiam dividir uma mesma parede, por exemplo, porque assim o recinto sagrado dos deuses domésticos desapareceria. Desse modo, nunca houve uma vida em comunidade entre os antigos
•	A religião também ensinou a construir casas, já que os homens deveriam criar formas de proteger o altar religioso de seus lares, aprimorando cada vez mais as construções
•	O domicílio era inviolável, e, segundo a tradição romana, os deuses domésticos afugentavam ladrões e inimigos
•	Cada família possuía um túmulo comum, onde eram enterrados todos os seus antepassados, não podendo jamais um estranho ser sepultado nesse mesmo túmulo
•	O solo onde repousam os mortos é inalienável e imprescritível; mesmo que a propriedade seja vendida, a família continua proprietária do túmulo
•	Entre a maior parte das sociedades primitivas, foi pela religião que se estabeleceu o direito de propriedade, não pelas leis.
•	Em muitas cidades antigas, a propriedade não poderia ser vendida, já que ela pertencia aos antepassados e àqueles que ainda iriam nascer, formando um só corpo com a família
•	A Lei das XII Tábuas, em Roma, permitiu a venda do campo, mas não do túmulo; depois, permitiu a divisão da propriedade entre irmãos, diante da realização de uma nova cerimônia religiosa. Até que a venda passou a ser permitida, mas somente através de um sacrifício aos deuses
•	Por esse motivo existia a escravidão por dívidas: o corpo do homem deveria responder por sua dívida, mas não a terra, porque ela era propriedade da família
5.	Direito de sucessão
•	Com a continuação do culto doméstico mesmo após a morte do homem, o direito de propriedade também permanece
•	A pessoa que recebia a herança, portanto, deveria ficar encarregada de realizar os cultos domésticos e os banquetes fúnebres
•	Como a religião era hereditária, o mesmo acontecia com a propriedade; já que o filho (não a filha!!) é a continuação natural do culto, é também o herdeiro dos bens
•	Portanto, a regra da hereditariedade deriva da crença e da
religião dos homens. O filho herda de pleno direito, não havendo a necessidade de realização de testamento. Também não há a possibilidade de negação da herança. Não há uma doação, apenas uma continuação
Texto 4: A Cidade Antiga - Livro II
1.	A autoridade na família:
O direito privado existiu antes da cidade. Quando as leis começaram a ser escritas, esse direito já estava estabelecido, vivo, enraizado nos costumes, fortalecido pela adesão universal. 
?	O direito não é obra de um legislador; pelo contrário, foi imposto ao legislado, pois, já se existiam princípios postos na sociedade e, nesse sentido, foram usados como base de influência, nascendoespontaneamente. 
?	Família composta por: pai, mãe, filho e escravos. Esse grupo deveria ter disciplina. A autoridade máxima será a religião doméstica – deus que os gregos chamam de lar-chefe. 
o	A religião coloca o homem à frente da família. O texto chama de “primeiro junto ao lar” – nos atos religiosos exerce a maior função. 
o	A mulher não exerce uma posição tão elevada. Apesar de fazer parte de todos os atos religiosos, não é a senhora do lar.
2.	Com relação a mulher:
?	O direito romano, direito grego e direito hindu, os quais originaram-se dessas crenças religiosas, concordam em considerar a mulher como menor: jamais terá seu próprio lar, jamais será chefe de um culto. E sempre ficará depende do homem mais próximo - pai, irmão, marido, filhos. 
o	O marido tem tal autoridade sobre ela, que pode, antes de morrer, designar-lhe um tutor, ou mesmo escolher-lhe novo marido.
?	Palavra MANUS: assinala o poder do marido. Poder não exercido através da força, mas sim, derivado do direito privado, das crenças religiosas.
3.	Com relação às crianças: 
?	A religião afirma que o filho deverá somente ajudar o pai em suas funções sagradas.
?	O lar é indivisível, e a propriedade é como ele - os irmãos não se separam pela morte do pai – e muito menos durante a vida. Fundamentado no direito primitivo, os filhos continuam unidos ao lar paterno, e por consequência, submetidos à sua autoridade.Enquanto ele viver, são considerados menores.
4.	Com relação ao pai:
?	Ele tem poder para se fazer obedecer: ele é sacerdote, é herdeiro do lar e continuador dos antepassados.
?	Pater: a história dessa palavra dá ideia do poder que o pai exerceu por muito tempo na família. Demonstra o sentimento de veneração que era a dado a ele, como um pontífice ou soberano.
5.	Enumeração dos direitos que compunham o poder paterno:
Poder ilimitado – ligado em três categorias: pai de família, como chefe religioso, como senhor da propriedade ou como juiz.
I.	O pai é o chefe supremo da religião doméstica. Responsável pela perpetuidade do culto e, por consequência, pela perpetuidade da família.
Direitos: de reconhecer a criança no ato do nascimento, ou de rejeitá-la; de repudiar a mulher – apenas em caso de esterilidade, já que a família não poderia ser extinta. Direito de casar a filha, isto é, de ceder a outro o poder que tem sobre ela.
II.	A propriedade não havia sido concebida, a princípio, como um direito individual, mas como direito da família. A fortuna pertencia aos antepassados e descendentes. 
A propriedade era: indivisível e repousava sobre a cabeça do pai. Nada pertencia aos outros componentes da família. Até mesmo aquilo que o filho homem conseguia do seu trabalho era dado ao soberano pai. 
Assim como descrito na lei das Doze Tábuas, o próprio filho era considerado propriedade do pai, portanto, o pai poderia vender o filho.
III.	As mulheres não podiam comparecer perante a justiça, mesmo como testemunhas, já que não se pode comparecer à justiçapessoas que estão sob poder de outras, isto é, a mulher, o filho e o escravo. De toda a família, somente o pai poderia apresentar-se diante do tribunal da cidade. Então o pai ficava responsável pelos delitos cometidos pelos seus.
A ideia de que o pai era o juiz da famíliaé justificada pelo poder que o pai tinha para matar a mulher e os filhos, se tivessem uma conduta errada; os componentes da família não poderiam procurar outro juiz além dele. O pai poderia: excluir o filho da família, e tinha direito de adotar estranhos - mas a religião o proibia de fazê-lo, se tivesse filhos. 
6.	Capítulo IX – A antiga moral da família
Essa parte do texto fala um pouco sobre como se dava essa religião doméstica em que as grandes sociedades ainda não estavam formadas: os deuses não pertenciam senão a uma família – o culto era secreto, e a religião não deveria ser propagada. Seguia uma antiga moral, que prescrevia o isolamento das famílias.
Contudo, até mesmo depois da formação das grandes cidades, essa crença, embora, estando divergente aoestado social, ainda subsistiria por muito tempo, pois o homem não se liberta facilmente das opiniões que uma vez o dominaram. 
A religião doméstica surgiu a partir da noção de que os homens não conheceram nenhuma outra forma de sociedade além de família. Cada família tem sua religião, seus deuses, seu sacerdócio. O isolamento religioso é sua lei; seu culto é seu segredo. Não era permitido admitir na família nenhum estranho, sendo o único estranho permitido o escravo. Adentrando a família, o servo adquiria o culto e o direito de orar, e, portanto, perdia a liberdade, pois a religião era como uma cadeia que o retinha. Não se casava senão com sua autorização e seus filhos continuavam a dever-lhe obediência. 
Portanto, a família poderia ser formada por um número muito grande de pessoas. A família era mantida graças ao seu direito particular, que a tornava indivisível. Foi de um número indefinido de sociedades dessa natureza que a raça ariana parece haver sido composta durante uma longa série de séculos.

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