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Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves AlmozaraProfessora Amanda Alves AlmozaraProfessora Amanda Alves AlmozaraProfessora Amanda Alves Almozara Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS Índice 1. Finanças públicas na Constituição Federal e Estadual. 2. Normas gerais de direito financeiro (Lei nº 4.320, de 17/3/1964). 3. Despesa pública. Conceito e classificação. Princípio da legalidade. Técnica de execução da despesa pública: empenho, liquidação e pagamento. 4. Receita pública. Conceito. Ingressos e receitas. Classificação: receitas originárias e receitas derivadas. Preço público e sua distinção com a taxa. Manual de Procedimento da Receita Pública. 5. Orçamento. Conceito e espécies. Natureza jurídica. Princípios orçamentários. Fiscalização e controle interno e externo dos orçamentos. 6. Crédito público. Conceito. Empréstimos públicos: classificação, fases, condições, garantias, amortização e conversão. 7. Dívida ativa de natureza tributária e não tributária. Dívida pública: conceito, disciplina constitucional, classificação e extinção. 8. Disciplina constitucional e legal dos precatórios. 9. Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n. 101, de 04/05/2000). 10. Instituição e funcionamento de fundos especiais na Administração do Estado de São Paulo (Decreto-Lei Complementar nº 16 de 02/04/1970- Estadual). Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS 1. Finanças públicas na Constituição Federal e Estadual 1.1. Distinção entre ciência das finanças e direito financeiro. A atividade financeira do Estado é objeto de estudo tanto da Ciência das Finanças como do Direito Financeiro. Em que pese o objeto seja o mesmo para ambas disciplinas, elas possuem abordagens e enfoques diversos. Com efeito, a Ciência das Finanças é uma ciência especulativa e informativa, não normativa (pré-normativa), suas normas são descritivas (recomendações econômicas). A atividade financeira é encarada de modo teórico, visando municiar os agentes públicos de elementos necessários à formulação da política financeira do Estado (Kiyoshi Harada, op. cit., p. 38). Obviamente, seus estudos servem de base para a tomada das decisões de política financeira. Agora, uma vez tomada a decisão política que envolva a busca de recursos para satisfazer as necessidade públicas, ou seja, todas aquelas iniciativas públicas com repercussão nas despesas, receitas, orçamentos e empréstimos públicos, não estaremos mais no campo de atuação da Ciência das Finanças, mas sim do Direito Financeiro. O Direito Financeiro, destarte, é formado pelo conjunto de regras e princípios jurídicos (normativos), de caráter prescritivo e cogente. Nas sintéticas palavras de Regis Fernandes de Oliveira (op. cit., p. 16) e de Celso Bastos (op. cit, p. 14), a disciplina jurídica da atividade financeira do Estado denomina-se Direito Financeiro. O principal interesse tutelado pelo Direito Financeiro, segundo Celso Bastos (op. cit. p. 17), é o interesse dos entes públicos de obterem meios econômicos com que financiar os gastos públicos e conseguirem um emprego correto dos aludidos meios. A sua autonomia didática está constitucionalmente consagrada no artigo 24, I, da Constituição Federal, segundo o qual compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre direito financeiro. Apesar da omissão quanto aos Municípios, o artigo 30, inciso I, da Lei Maior também acaba assegurando a eles a competência para legislar sobre suas próprias finanças públicas. 1.2. Conceito de atividade financeira. Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS Atividade financeira é o conjunto de ações do Estado para a obtenção da receita e a realização dos gastos para o atendimento das necessidades públicas. As finanças públicas representam a gama de dispêndio utilizada pelo Estado para o atendimento das necessidades públicas, ou seja, para a realização dos seus próprios fins. Aliomar Baleeiro (Uma introdução à Ciência das Finanças, 6ª ed., Forense, 1969, p. 18) ensina que a atividade financeira consiste em obter, criar, gerir e despender o dinheiro indispensável às necessidades, cuja satisfação o Estado assumiu ou cometeu àquelas outras pessoas de direito público. Em um breve esquema, a atividade financeira pode ser assim representada: (entradas) (saídas) Receitas Públicas $dinheiro público$ Despesas Públicas Orçamentos Públicos (controle das entradas e das saídas) 1.2.1. Manifestações ou desdobramentos da atividade financeira do Estado: • Despesas Públicas: gastar, investir para realizar o bem comum. • Receitas Públicas: receber definitivamente recursos financeiros para possibilitar os gastos com o bem comum. • Orçamentos Públicos: gerir, administrar os gastos e as receitas, para viabilizar a realização do bem comum. • Empréstimos (ou Créditos) Públicos: receber recursos emprestados para suprir ausência de caixa ou, então, para fins de investimentos voltados para a consecução do bem comum. Por outro lado, a assunção de empréstimos também gera uma conseqüente despesa para o Estado (pagamento dos juros e amortização do principal). 1.2.2. As cinco características da atividade financeira do Estado (por Celso Bastos): � Presença constante de uma pessoa jurídica de direito público (União, Estados, Distrito Federal, Municípios e respectivas autarquias). � Atividade de conteúdo econômico. � Conteúdo monetário. � Instrumentalidade da atividade financeira (ela não é um fim em si mesma, mas sim um meio para se atingir as necessidades públicas). � Instrumentalidade e política econômica (trata-se de um instrumento essencial para a Política Econômica do País). 1.3. Das Finanças Públicas na Constituição Federal. Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS Inúmeros são os dispositivos constitucionais que cuidam do Direito Financeiro e das finanças, a saber: (a leitura desses artigos da Constituição Federal é recomendada!) CONSTITUIÇÃO FEDERAL • art. 31: fiscalização do município; • art. 48, inc. II: competênciasdo Congresso Nacional; • art. 49, incs. IX e X: competência exclusiva do Congresso Nacional; • art. 52, incs. I, II, V, VI, VII, VIII, IX e parágrafo único: competência privativa do Senado Federal; • art. 61, inc. II, “b”: leis de iniciativa privativa do Presidente da República; • art. 63, inc. I: proibição do aumento de despesas; • art. 70: competência da fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas; • art. 71: competência do Tribunal de Contas da União; • art. 72: solicitação de esclarecimentos pela Comissão Mista Permanente; • art. 73: características do Tribunal de Contas da União; • art. 74: controle interno exercido pelos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário; • art. 75: aplicabilidade das normas supra na organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios; • arts. 157, 158 e 159: dispositivos acerca da repartição das receitas tributárias; • art. 160: vedação da retenção ou restrição à entrega e ao emprego dos recursos atribuídos aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; • art. 161: competência da lei complementar em matéria de repartição de receitas tributárias; • art. 162: divulgação da União quanto aos montantes de cada um dos tributos arrecadados, recursos recebidos, valores de origem tributária entregues e a entregar, e a expressão numérica dos critérios de rateio; • art. 163: competência para a lei complementar, em matéria de finanças públicas; • art. 164: exercício exclusivo do Banco Central na emissão de moeda; • art. 165: leis de iniciativa do Poder Executivo; • art. 166: normas sobre apreciação dos projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais; • art. 167: vedações no tocante ao orçamento; • art. 168: prazo para entrega dos recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Ministério Público; • art. 169: limitação da despesa com o pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios. Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS • art. 33: pagamento do valor dos precatórios judiciais, pendentes na data da promulgação da Constituição; • art. 35: forma de cumprimento do art. 165, § 7.º; • art. 36: ratificação pelo Congresso Nacional dos fundos existentes na data da promulgação da Constituição; • art. 38: limitação pela União, Estados, Distrito Federal e municípios de despesas com pessoal; • art. 71: instituição do Fundo Social de Emergência; • art. 72: rol dos valores que integram o Fundo Social de Emergência; • arts. 74 e 75: dispõem a respeito da contribuição provisória sobre movimentação financeira; • art. 76: desvinculação de 20% de algumas receitas da União; • art. 77: recursos mínimos a serem aplicados nas ações e serviços públicos de saúde; • art. 78: normas sobre liquidação de precatórios. 1.4. Das Finanças Públicas na Constituição Estadual de São Paulo As finanças públicas na Constituição do Estado de São Paulo seguem a mesma linha de disposição da Constituição Federal. Portanto, após a leitura atenta dos dispositivos constitucionais acima enumerados, faça a leitura dos dispositivos da Constituição Estadual, que tratam das Finanças Públicas. Os conceitos trazidos nesses artigos serão objeto de estudo no decorrer de nossas aulas. (a leitura desses artigos da Constituição do Estado de São Paulo é recomendada!) CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO CAPÍTULO II DAS FINANÇAS PÚBLICAS Artigo 169 - A despesa de pessoal ativo e inativo ficará sujeita aos limites estabelecidos na lei complementar a que se refere o artigo 169 da Constituição Federal. Parágrafo único - A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos ou a alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público, só poderão ser feitas: 1 - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes; 2 - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista. Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS Artigo 170 - O Poder Executivo publicará e enviará ao Legislativo, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária. §1º - Até dez dias antes do encerramento do prazo de que trata este artigo, as autoridades nele referidas remeterão ao Poder Executivo as informações necessárias. §2º - Os Poderes Judiciário e Legislativo, bem como o Tribunal de Contas e o Ministério Público, publicarão seus relatórios, nos termos deste artigo. Artigo 171 - Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na forma da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, da Constituição Federal. (NR)- Redação dada pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/2/2006. Artigo 172 - Os recursos financeiros, provenientes da exploração de gás natural, que couberem ao Estado por força do disposto no artigo 20, § 1º da Constituição Federal, serão aplicados preferencialmente na construção, desenvolvimento e manutenção do sistema estadual de gás canalizado. Artigo 173 - São agentes financeiros do Tesouro Estadual os hoje denominados Banco do Estado de São Paulo S/A e Caixa Econômica do Estado de São Paulo S/A. CAPÍTULO III Dos Orçamentos Artigo 174 - Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão, com observância dos preceitos correspondentes da Constituição Federal: I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais. §1º - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá as diretrizes, objetivos e metas da administração pública estadual para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. §2º - A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública estadual, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. §3º - Os planos e programas estaduais previstos nesta Constituição serão elaborados em consonância com o plano plurianual. §4º - A lei orçamentária anual compreenderá: 1 - o orçamento fiscal referente aos Poderes do Estado, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público;Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS 2 - o orçamento de investimentos das empresas em que o Estado, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; 3 - o orçamento de seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta e indireta, bem como os fundos e fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público. 4 - o orçamento da verba necessária ao pagamento de débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes dos precatórios judiciais apresentados até 1º de julho, a serem consignados diretamente ao Poder Judiciário, ressalvados os créditos de natureza alimentícia e as obrigações definidas em lei como de pequeno valor. (NR) - Item acrescentado pela Emenda Constitucional nº 21, de 14/2/2006. §5º - A matéria do projeto das leis a que se refere o "caput" deste artigo será organizada e compatibilizada em todos os seus aspectos setoriais e regionais pelo órgão central de planejamento do Estado. §6º - O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo dos efeitos decorrentes de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia. §7º - Os orçamentos previstos no §4º, itens 1 e 2, deste artigo, compatibilizados com o plano plurianual, terão, entre suas funções, a de reduzir desigualdades inter-regionais. §8º - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei. §9º - O Governador enviará à Assembléia Legislativa: 1 - até 15 de agosto do primeiro ano do mandato do Governador eleito, o projeto de lei dispondo sobre o plano plurianual; 2 - até 30 de abril, anualmente, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias; e 3 - até 30 de setembro, de cada ano, o projeto de lei da proposta orçamentária para o exercício subseqüente. (NR) - Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de 23/1/2008. Artigo 175 - Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais, bem como suas emendas, serão apreciados pela Assembléia Legislativa. § 1º - As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem serão admitidas desde que: 1 - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias; 2 - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre: a) dotações para pessoal e seus encargos; b) serviço da dívida; c) transferências tributárias constitucionais para Municípios 3 - sejam relacionadas: a) com correção de erros ou omissões; b) com os dispositivos do texto do projeto de lei. §2º - As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual. Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS §3º - O Governador poderá enviar mensagem ao Legislativo para propor modificações nos projetos a que se refere este artigo, enquanto não iniciada, na Comissão competente, a votação da parte cuja alteração é proposta. §4º - Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no que não contrariar o disposto nesta seção, as demais normas relativas ao processo legislativo. §5º - Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes, poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa. Artigo 176 - São vedados: I - o início de programas, projetos e atividades não incluídos na lei orçamentária anual; II - a realização de despesas ou assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais; III - a realização de operações de crédito que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com fim preciso, aprovados pelo Poder Legislativo, por maioria absoluta; IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas as permissões previstas no artigo 167, IV, da Constituição Federal e a destinação de recursos para a pesquisa científica e tecnológica, conforme dispõe o artigo 218, §5º, da Constituição Federal; V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes; VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa; VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados; VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir “déficit” de empresas, fundações e fundos, inclusive dos mencionados no artigo 165, §5º, da Constituição Federal. IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa. §1º - Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade. §2º - Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro subseqüente. Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS 2. Normas gerais de direito financeiro (Lei nº 4.320, de 17/3/1964) 2.1. Federação e atividade financeira. O Brasil é um Estado federal, ou seja, todas as suas entidades (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) são autônomas entre si. Como salienta Michel Temer (Elementos de Direito Constitucional, 13ª ed., Malheiros Editores, 1997, p. 63), é essencial à caracterização de um Estado federal a presença cumulativa de três requisitos: a) descentralização política fixada na Constituição (ou, então, repartição constitucional de competências); b) participação da vontade das ordens jurídicas parciais na vontade criadora da ordem jurídica nacional; e c) possibilidade de autoconstituição; existência de Constituições locais. Obviamente, o princípio federalista (cláusula pétrea) afetará diretamente a atividade financeira dos órgãos estatais, afinal de contas a autonomia financeira é uma imposição do princípio. Com efeito, só se pode falar em independência ou em autonomia de uma entidade federada, na presença de recursos financeiros próprios e suficientes para tal entidade tocar plena e livremente suas atividades sem a necessidade de mendigar ou depender de recursos voluntários advindos de uma outra entidade (especialmente, da União). Fazendo um paralelo com as pessoas físicas,as entidades federadas têm o direito “à vida”, um direito à existência consagrado pela Carta Constitucional, decorrente do federalismo. Para que haja uma existência duradoura, livre e ampla de todas as entidades federadas, impõe-se a autonomia financeira, pela qual cada entidade federada tem o poder-dever de desenvolver independentemente sua atividade financeira, sem a intromissão de outro ente político. No Brasil, a par das discussões doutrinárias envolvendo o seu status de “entidade federada”, os Municípios também são tratados como entidades federadas pelo Direito Financeiro, como se depreende do art. 1º, da Lei nº 4.320/64 e do art. 2º, I, da Lei Complementar nº 101/00 (Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF). Por decorrência do federalismo brasileiro e da competência concorrente sobre a matéria, a União apenas interferirá nas finanças públicas estaduais e municipais na elaboração das chamadas normas gerais, isto é, leis nacionais (e não federais) que atingem tanto os Estados e os Municípios, como a própria União. Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS 2.2. Características das normas gerais. Consoante lição de Luís Roberto Barroso (Temas de Direito Constitucional, 2ª ed., Rio de Janeiro, Renovar, 2002, p.186-187), as normas gerais apresentam as seguintes características: � Estabelecem princípios, diretrizes, linhas mestras; � Não podem entrar em pormenores ou detalhes, nem, muito menos, esgotar o assunto legislado; � Devem referir-se a questões fundamentais; e � Não são normas de aplicação direta. 2.3. Distinção entre lei nacional e lei federal. Vale frisar que essas normas gerais (leis nacionais) não se confundem com as leis federais. A propósito, Regis Fernandes de Oliveira assim explica a diferença entre elas (op. cit., p. 21): De outro lado, não se pode esquecer da existência de leis nacionais, ou seja, as que, expedidas pelo Congresso Nacional valem para todo o território nacional, alcançando todas as pessoas que nele estejam e são de cumprimento obrigatório pelos Estados e Municípios e Distrito Federal e Territórios (caso do Código Civil, de Processo Civil, p. ex.). Ao lado delas existem as leis federais. Editadas pela mesma Casa de Leis, apenas alcançam as pessoas vinculadas à União, sem vínculo, portanto, para as demais entidades federadas. O Estatuto dos Funcionários Públicos da União, p. ex., é lei federal, ou seja, tem seu âmbito de incidência limitado àqueles que mantêm vínculo funcional estatutário com a União. Não alcança outro servidor público. Como ensina Kelsen, o âmbito espacial de validade e o âmbito pessoal são diferentes. São exemplos de normas gerais de direito financeiro: Lei n° 4.320/64 e a Lei Complementar n° 101/00 (Lei de Responsabilidade Fiscal). Como já consignado, compete concorrentemente à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios legislar sobre direito financeiro, nos termos dos arts. 24, I, e 30, I, da Constituição. Aplicam-se, por decorrência, os §§ do artigo 24, e o inciso II do art. 30, pelos quais cabe somente à União instituir as normas gerais de direito financeiro, aplicáveis a todos os entes federados, por serem leis de cunho nacional, tal como a lei de licitações públicas (Lei nº 8.666/93), os Códigos Penal, Civil, de Processo Civil, Processo Penal, Tributário, Ambiental, dentre outros. Logo, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não podem dispor sobre normas gerais de direito financeiro, sob pena de inconstitucionalidade. Na ADINMC 2.124/RO, Relator Ministro Néri da Silveira, o STF decretou a inconstitucionalidade de um dispositivo da Constituição do Estado de Rondônia Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS que disciplinou sobre tema reservado à competência da União de dispor sobre normas gerais financeiras. Quanto aos Estados, Distrito Federal e Municípios, eles possuem competência para suplementar o tema, mas sempre acatando as normas gerais. Por derradeiro, vale assinalar que as normas gerais têm função meramente uniformizadora, ou seja, de padronizar a legislação afeta à matéria para todas as entidades federadas, sendo vedado à União qualquer estipulação legal de forma pormenorizada, de tal forma que esgote o assunto abordado, retirando, por via reflexa, a competência dos demais entes federados de legislarem concorrentemente sobre direito financeiro, de interesse estritamente estadual, distrital ou municipal. Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS 3. Despesa pública. 3.1. Conceito. A decisão de realizar uma despesa pública é uma decisão política, consistente no gasto de dinheiro público feito com o propósito de saldar uma obrigação de pagar. Essa decisão política deve estar expressamente autorizada na legislação orçamentária. Deve-se conceituar a despesa pública sob os pontos de vista orçamentário e científico. Aliomar Baleeiro ensina que a despesa pública, sob o enfoque orçamentário, é “a aplicação de certa quantia em dinheiro, por parte da autoridade ou agente público competente, dentro de uma autorização legislativa, para execução de um fim a cargo do governo”. Adotando-se um critério exclusivamente científico, parece-nos perfeito o conceito de Ricardo Lobo Torres: “a despesa pública é a soma de gastos realizados pelo Estado para a realização de obras e para a prestação de serviços públicos”. Por outro lado, segundo Morselli, por despesa pública deve-se entender a inversão ou distribuição de riqueza que as entidades públicas realizam, objetivando a produção dos serviços reclamados para satisfação das necessidades públicas e para fazer face a outras exigências da vida pública, as quais não são chamadas propriamente serviços. Pelo menos dois requisitos são intrínsecos à noção de despesa pública: a) realização de um gasto, em atendimento a uma necessidade pública; e b) autorização orçamentária. 3.2. CLASSIFICAÇÃO - art. 12 a 21 da Lei nº 4320/64. A classificação da despesa talvez represente o ponto do programa de maior complexidade, haja vista a ausência de critérios objetivos na distribuição das despesas pelos diversos grupos, conforme faz a Lei 4.320/64. Não haveria problema algum e, as dificuldades encontradas na prática seriam facilmente superadas pelo singelo motivo de que os profissionais que lidam com a matéria têm a lei a seu lado, o que não ocorre com os “concursandos”, que tem que estar com a classificação na mente, o que se toma muitas vezes difícil, repita-se, pela falta de critério observada na classificação legal. Mas em alguns pontos, há certa lógica, e é com base nestas situações que será discorrido o tema em questão. O conceito de lucro simplifica muito o problema de classificação na empresa privada, ao passo que o benefício público e a relação, às vezes de natureza Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de DireitoFinanceiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS privada, que a entidade governamental deve manter, pelo contrário, trazem certas complicações ao processo de classificar operações governamentais. A classificação dada pela lei é uma classificação econômica, que dá ênfase aos efeitos dos gastos sobre a economia. Para melhor entendê-la, torna-se necessário, em cada caso, responder às seguintes indagações: Que recursos se destinam à manutenção? Que recursos se destinam à ampliação da capacidade instalada? Que recursos se destinam à transferência? QUADRO INICIAL Despesa de custeio Despesa Corrente Transferências Correntes Subv.sociais Despesa Subv. econ. Despesas de Capital Investimento Inversão Financeira Transferência de Capital PS: com este simples quadro, já se consegue resolver diversas questões objetivas de concurso. Leiam as considerações a seguir sempre com este quadro à mão. 1º) DESPESAS CORRENTES: constituem o grupo de despesas da Administração Pública para a manutenção e o funcionamento dos serviços públicos em geral, quer através da Administração direta, quer através da administração indireta. Lembrem-se que, nas despesas correntes, há uma variação no patrimônio do ente – aqui há efetivamente um GASTO. Portanto, são aquelas que casam uma variação negativa no patrimônio público e são necessárias à execução dos serviços públicos e à vida do Estado, sendo, assim, verdadeiras despesas operacionais e economicamente improdutivas: a) Despesa de Custeio: Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS Art. 12, § 1º da lei 1320/64 - Classificam-se como despesas de custeio as dotações para a manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis. A definição é incompleta, uma vez que cuidou unicamente de manutenção, criando uma imagem estática da administração, quando na maior parte das vezes as despesas de custeio se destinam à operação de serviços. Em síntese, as despesas de custeio são dotações para: 1 - manutenção e operação de serviços já criados. 2- obras de conservação e adaptação de bens imóveis já construídos Temos, assim, que são feitas objetivando assegurar o funcionamento dos serviços públicos, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis, recebendo o Estado, em contraprestação, bens e serviços (art. 12, §12, e art. 13): 1. Pessoal civil 2. Pessoal militar 3. Material de consumo 4. Serviços de terceiros 5. Encargos diversos etc. b) Transferências Correntes: Art. 12, § 2º da Lei 4320/64 - Classificam-se como transferências correntes as dotações para despesas às quais não corresponda contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e subvenções destinadas a atender à manutenção de outras entidades de direito público ou privado. As transferências correntes podem ter as seguintes características básicas: • não correspondem a uma contraprestação direta e imediata em bens e serviços: transferências de assistência e previdência social; (Gasto com inativos e pensionistas) • destinadas a atender à manutenção de outras entidades de Direito Público ou privado, através, principalmente das chamadas "subvenções". Em relação a estas serão observadas as normas dos art. 16 a 19 da Lei. Evidentemente, aqui há a contraprestação de bens e/ou serviços. O art. 12, § 3º, dispõe acerca das subvenções sociais e econômicas, que destinam-se a cobrir as despesas de custeio operacional das entidades beneficiadas. (Isto é importante: transferências correntes são para despesas, de custeio das beneficiadas, ao passo que, conforme será visto, as Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS transferências de capital destinam-se a investimentos e inversões financeiras das beneficiadas) Acompanhe: Art. 12 § 3º Consideram-se subvenções, para os efeitos desta lei, as transferências destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades beneficiadas, distinguindo-se como: I - subvenções sociais, as que se destinem a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, sem finalidade lucrativa; II - subvenções econômicas, as que se destinem a empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril. Classificam-se as subvenções da seguinte forma: 1º) Social - Instituições públicas ou privadas - Caráter assistencial ou cultural (sem fim lucrativo) 2º) Econômica - Empresas públicas ou privadas - Caráter industrial, comercial, ou agrícola(c/lucro) Art. 16 da Lei 4320/64 Art. 16. Fundamentalmente e nos limites das possibilidades financeiras a concessão de subvenções sociais visará à prestação de serviços essenciais de assistência social, médica e educacional, sempre que a suplementação de recursos de origem privada aplicados a esses objetivos, revelar-se mais econômica. Parágrafo único. O valor das subvenções, sempre que possível, será calculado com base em unidades de serviços efetivamente prestados ou postos à disposição dos interessados obedecidos os padrões mínimos de eficiência prèviamente fixados. Como se depreende do texto do art. 16, as subvenções sociais devem constituir fundamentalmente, suplementação aos recursos de origem privada aplicados na prestação de serviços essenciais de assistência social, médica e educacional. São supletivas da iniciativa privada em assuntos sociais. Se o ente governamental desejar ou puder entrar neste campo de atividades, deverá fazê-lo diretamente por sua ação, reservando as subvenções apenas para suplementar e interessar a iniciativa dos particulares. Art. 18 da Lei 4320/64 Art. 18. A cobertura dos déficits de manutenção das empresas públicas, de natureza autárquica ou não, far-se-á mediante subvenções econômicas expressamente incluídas nas despesas correntes do orçamento da União, do Estado, do Município ou do Distrito Federal. Parágrafo único. Consideram-se, igualmente, como subvenções econômicas: Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS a) as dotações destinadas a cobrir a diferença entre os preços de mercado e os preços de revenda, pelo Governo, de gêneros alimentícios ou outros materiais; b) as dotações destinadas ao pagamento de bonificações a produtores de determinados gêneros ou materiais. O art. 18, a seu turno, cuida das subvenções econômicas e dispõe que as mesmas se destinam à cobertura dos déficits de manutenção de empresas públicas, quer dizer, de entidades da Administração indireta. Entende-se agora melhor porque as subvenções econômicas são transferências correntes: destinam-se à cobertura de déficits de manutenção, ou em outras palavras, quando as despesas de custeio são superiores às receitas correntes. A leitura do art. 18 leva a crer que, ao utilizara expressão "empresas públicas", o legislador quis generalizar, para todos os organismos que não são do Governo direto, tanto que enfatizou: empresas públicas, de natureza autárquica ou não. Seria o caso de afirmar entidades da administração indireta. No art. 18, parágrafo único, a lei especifica outros dois casos de subvenções econômicas, ambos, igualmente, para cobrir déficits ou ajudar na manutenção de preços aos produtores. Da mais alta relevância o art. 19, moralizando a concessão de subvenções, e determinando que, em caso de empresa de fins lucrativos, sua concessão somente será autorizada por lei especial Art. 19. A Lei de Orçamento não consignará ajuda financeira, a qualquer título, a empresa de fins lucrativos, salvo quando se tratar de subvenções cuja concessão tenha sido expressamente autorizada em lei especial. 2º) DESPESAS DE CAPITAL - Constituem o grupo de despesas da Administração Pública, direta ou indireta, com intenção de adquirir ou constituir bens de capital que contribuirão para a produção ou geração de novos bens ou serviços. Procura-se fazer alguma coisa produtiva, que vai dar um fruto futuramente a) Investimento: Art. 12, § 4o - Em tese, o investimento é aquela despesa de capital que poderá gerar serviços e consequentemente produzir um incremento ao Produto Nacional. Daí o investimento ser tão grato ao espírito dos economistas, que sem dúvida gostariam de transformar todo o orçamento público num grande orçamento de investimento. Mas todo investimento é feito para ser operado e produzir um resultado, sempre positivo. Na empresa privada, esse resultado é o lucro; no Governo, o resultado esperado é o benefício social proporcionado às populações. Ex.: Compra de material permanente. (OBS: Material permanente - mais de 2 anos. Menos de 2 anos, é de consumo). ART. 12, § 4º DA LEI 4320/64 - Classificam-se como investimentos as dotações para o planejamento e a execução de obras, inclusive as destinadas Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS à aquisição de imóveis considerados necessários à realização destas últimas, bem como para os programas especiais de trabalho, aquisição de instalações, equipamentos e material permanente e constituição ou aumento do capital de empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro. Obs.: Art. 20, parágrafo único - exceção ao princípio da especificidade - visto no ponto 02 e previsto no art. 5o, uma vez que permite que os programas especiais de trabalho, de que resultem investimentos, sejam custeados por dotações globais. Por programas especiais de trabalho, entende-se aqueles que a Administração Pública desenvolve através de planejamento a ser executado a longo prazo e que, sempre, resultem em investimento. Art. 20 Parágrafo único. Os programas especiais de trabalho que, por sua natureza, não possam cumprir-se subordinadamente às normas gerais de execução da despesa poderão ser custeadas por dotações globais, classificadas entre as Despesas de Capital. b) Inversão Financeira – Art. 12, § 5º da Lei 4320/64. Art. 12, § 5º. Classificam-se como Inversões Financeiras as dotações destinadas a: I - aquisição de imóveis, ou de bens de capital já em utilização; II - aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento do capital; III - constituição ou aumento do capital de entidades ou empresas que visem a objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações bancárias ou de seguros. Ex.: Compra de imóvel pronto, compra de ações de empresas A distinção entre Inversões Financeiras e Investimentos é puramente econômica. Investimento é toda despesa de capital que gera serviços e, em conseqüência, acréscimo ao PIB (Produto Interno Bruto). Produto Nacional Bruto - definição meramente ilustrativa, não havendo necessidade de decorar - As despesas com o consumo pessoal, as compras governamentais de bens e serviços, a formação de capital no setor privado e as exportações líquidas de bens e serviços. Equivale ao Produto total da nação, sem dupla contagem. Produto interno bruto - PIB mais ou menos a renda líquida enviada ao exterior, (consideração igualmente ilustrativa) A inversão financeira, por sua vez, é a despesa de capital que, ao contrário dos Investimentos, não geraria serviços e incremento ao PIB. Assim, a aquisição de um prédio já pronto para instalação de um serviço público é Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS Inversão Financeira, pois mudou-se tão-somente a estrutura de propriedade do bem, mas não a composição do PIB. Mas a construção de um novo edifício é um Investimento, pois que agora estão sendo gerados serviços e em conseqüência se incrementa algo ao PIB. c) Transferência de capital: Assim como as transferências correntes se referem a despesas de custeio das entidades beneficiadas, as transferências de capital se destinarão a investimentos ou inversões financeiras. Consta do orçamento mas é destinado a outro setor. Ex: Linha vermelha - saiu do orçamento da União o orçamento do Estado. Quando o governo transfere verba para o município, para o metro etc., é transferência de capital. As transferências de capital se dividem em auxílios e contribuições. O que distingue um e outro é que o auxílio deriva diretamente da lei de orçamento – são meras autorizações orçamentárias, ao passo que as contribuições derivam de lei especial anterior. Incluem-se, entre as transferências de capital, as dotações para amortização da dívida pública e diferenças de câmbio. Atenção: A amortização do principal é classificada como transferência de capital, ao passo que o pagamento dos juros é transferência (corrente, segundo o esquema da Lei. Art. 21 da lei 4320/64 - Seria descabido o Poder Público concorrer para o aumento do patrimônio das empresas de fins lucrativos, com transferências de recursos que se originam de fontes públicas de receita. Art. 21. A Lei de Orçamento não consignará auxílio para investimentos que se devam incorporar ao patrimônio das empresas privadas de fins lucrativos. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se às transferências de capital à conta de fundos especiais ou dotações sob regime excepcional de aplicação Porém, a proibição contida no artigo ora comentado diz respeito apenas às empresas de fins lucrativos. Se a entidade não tem este objetivo, poderá ser beneficiada com auxílio para investimento. Observação: Transferências A Administração tirando dinheiro de seu orçamento para ajudar empresas, fundações, etc. No mecanismo das transferências há, em sua expressão mais simples, duas entidades: a que faz a transferência, que denominaremos de doadora, e a que recebe, a qual será aqui chamada de beneficiada. As transferências se podem realizar do setor público para o setor privado, tal como uma subvenção da União a uma empresa privada que explora serviço Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS considerado de interesse público, mas deficitário. Podem ainda ocorrer no próprio setor público,como, por exemplo, na transferência da União para um Estado a fim de que este realize certos serviços. A classificação dada pelo anexo da Lei é equivocada e, muitas despesas tipicamente de custeio estão elencadas entre as transferências correntes, como por exemplo o Salário-família, benefícios da Previdência Social, contribuições para o PIS-PASEP e o pagamento de inativos. Isto demonstra a dificuldade de classificação das transações governamentais, por ausência de critério técnico- científico, apesar da matéria ser estudada desde os idos de 1939. 3.3. Princípio da legalidade. A despesa pública, para que possa ser realizada, exige inclusão em lei orçamentária. Logo, devido a tal exigência, necessário o respeito ao princípio da legalidade, Assim, o princípio da legalidade preside as realizações de despesas. Portanto, a inobservância de normas legais poderá resultar ao agente público crime de responsabilidade. Ainda, no caso de o agente ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento, constituir-se-á ato de improbidade administrativa. 3.4. Técnica de execução da despesa pública: empenho, liquidação e pagamento. Após a previsão da despesa na lei orçamentária (princípio da legalidade), e a realização de licitação (se necessária), ainda devem ser seguidas quatro etapas para a execução definitiva da despesa. Ressalte-se que não se subordinam a essas etapas as despesas públicas constituídas judicialmente, que são pagas por meio de precatórios, conforme se verá mais adiante. O procedimento das despesas públicas está previsto nos arts. 58-79, da Lei n° 4.320/64. 1ª etapa: Empenho da despesa. O art. 58 prescreve que o empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição. Este ato administrativo é documentado (não necessariamente em papel, mas também de forma digital) na chamada “nota de empenho”, que indicará: a) nome do credor; b) representação e valor da despesa; c) dedução da despesa do saldo da dotação orçamentária própria. Conforme ensina José Afonso da Silva (Orçamento-programa no Brasil, RT, 1973, p. 337), o empenho consiste na reserva de recursos na dotação inicial ou saldo inexistente para garantir a fornecedores, executores de obras ou prestadores de serviços pelo fornecimento de materiais, execução de obras ou Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS prestação de serviços. Enfim, o empenho não cria a obrigação de pagar, mas sim busca evitar a paralisação prematura do fornecimento ou do serviço por falta de verbas, na medida em que destaca nos fundos orçamentários a quantia necessária para a obrigação a assumir. Portanto, pode ser cancelado e anulado unilateralmente pela autoridade administrativa. O empenho, nos ensinamentos de Kiyoshi Harada (op. cit. p. 48) limita-se a diminuir do determinado item orçamentário a quantia necessária ao pagamento do débito, o que permitirá à unidade orçamentária (agrupamento de serviços com dotações próprias) o acompanhamento constante da execução orçamentária, não só evitando as anulações por falta de verba, como também possibilitando o reforço oportuno de determinada dotação, antes do vencimento da dívida. O art. 16, §4°, da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/00), determina que essa etapa do empenho só poderá ser realizada, na hipótese de empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras, se a despesa estiver devidamente acompanhada dos dois requisitos do caput do artigo, a saber: I – estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes; II – declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias. De acordo com o art. 36, da Lei nº 4.320/64, constituem restos a pagar as diferenças empenhadas durante o exercício, mas que não foram pagas até 31 de dezembro, ficando o seu pagamento transferido para o exercício seguinte de acordo com as verbas previstas no orçamento (art. 35, II, da Lei nº 4.320/64). No intuito de coibir a transmissão de “heranças” indesejáveis para os sucessores, a LRF, em seu artigo 42, dispõe que é vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos dois últimos quadrimestres do seu mandato, contrair obrigações de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito. A inobservância desta determinação legal impede a concessão de transferências voluntárias para o ente público, como se denota do art. 25, §1º, IV, “c”, também da LC 101/00. Ademais, a infração do dispositivo configura crime definido no art. 359-C, do Código Penal, com redação dada pela Lei nº 10.028/2000: Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício ou, caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa. Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS De acordo com o art. 4º, da LRF, o empenho também deverá ser limitado quando: a) não for atingida a meta fiscal fixada no orçamento, como determina o art. 9º, da LRF; e b) quando o ente federado não obedecer o limite da dívida pública (art. 31, §1º, II, LRF). 2ª etapa: Liquidação. O art. 63, da Lei nº 6.430/64, estabelece que a liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito, devendo ser apurada a origem e o objeto do que se deve pagar, a importância exata a pagar e a quem se deve pagar a importância. A liquidação deverá ser feita sempre antes do pagamento, ou seja, é pré- requisito para o pagamento. Nas despesas por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá por base o contrato, ajuste ou acordo, nota de empenho e os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço (art. 63, §3°). Portanto, apesar do nome sugerir o pagamento (“liquidação”) da despesa, esta etapa antecede ao pagamento, consistindo, basicamente, num momento de verificação, conferência de que o credor realizou sua prestação e, por conseguinte, faz jus à sua remuneração. 3ª etapa: Ordem de pagamento. O art. 64 define a ordem de pagamento como o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa seja paga, expressamente documentado e processado pelos serviços de contabilidade. 4ª etapa: Pagamento. Será realizado por tesouraria ou pagadoria regularmente instituídos por estabelecimentos bancários credenciados. Com o pagamento, o órgão estatal cumpre sua obrigação. O art. 68, da Lei nº 6.430/64, prevê um regime de adiantamento, aplicável aos casos de despesas expressamente definidas em lei, consistente na entrega de numerário a servidor, sempre precedida de empenho, para o fim de realizar despesas que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação.Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS 4. Receita pública 4.1. Conceito. Receita é recurso obtido para fazer frente às despesas, salientando-se uma vez mais que, em conjunto com estas últimas, formam o orçamento. A qualidade de ser pública, de acordo com a doutrina de Celso Ribeiro Bastos, advém de ser o ente arrecadante pessoa jurídica de direito público. Assim, se arrecadada por pessoa jurídica de direito privado, deixaria a receita de ser pública. O conceito mais preciso é dado por Aliomar Baleeiro, segundo o qual, “receita pública é a entrada que, integrando-se no patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o seu vulto, como elemento novo e positivo”. De se salientar que entrada é todo dinheiro que ingressa nos cofres públicos, podendo ser classificadas, as entradas, em provisórias e definitivas. Enquanto as primeiras destinam-se à posterior devolução, a exemplo dos créditos obtidos por força de empréstimos compulsórios, cauções e fianças, as entradas definitivas destinam-se a permanecer nos cofres públicos, para cumprimento das finalidades do Estado. A título de exemplo, temos os valores arrecadados por meio de impostos e taxas. Com efeito, receita refere-se ao conceito de entrada definitiva. 4.2. Ingressos e Receitas. Ingressos e receitas públicas não podem ter seus conceitos confundidos, ou seja, todo ingresso de dinheiro aos cofres públicos representa uma entrada, porém, nem todo ingresso equivale a uma receita pública (assim como, acima mencionado, nem toda entrada corresponde a uma receita). Entrada ou ingresso é todo dinheiro recolhido aos cofres públicos, mesmo sujeito à restituição. A noção compreende as importâncias e valores realizados a qualquer título. Assim, os tributos (impostos, taxas, e contribuição de melhoria) e as rendas da atividade econômica do Estado (preços), não restituíveis, são ingressos ou entradas. À semelhança, as fianças, cauções, empréstimos públicos, posto que restituíveis. Receita é a quantia recolhida aos cofres públicos não sujeita a restituição, ou, por outra, a importância que integra o patrimônio do Estado em caráter definitivo. Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS Na lição de Aliomar Baleeiro receita pública é a entrada que, integrando-se no patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo vem acrescer o seu vulto como elemento novo e positivo. Associando os princípios expostos, concluímos que toda receita (em sentido estrito) é entrada, mas a recíproca não é verdadeira. Na doutrina, dividem-se as receitas em dois grandes grupos, como será versado a seguir. 4.3. Classificação. Diversos critérios são doutrinariamente apontados para a classificação das receitas públicas. Serão vistos aqui os mais importantes. A primeira classificação a ser dada é a que distingue as receitas públicas em ordinárias e extraordinárias Receitas ordinárias - são periódicas e compõem permanentemente o orçamento do Estado. Receitas extraordinárias - são produzidas excepcionalmente, tais como as doações e os impostos extraordinários. A mais utilizada das classificações é, contudo, a que distingue as receitas públicas em originárias e derivadas. Receitas derivadas - são as provenientes da economia privada, como o são os tributos, os ingressos parafiscais e as multas. Receitas originárias - decorrem da exploração do patrimônio do Estado, compreendendo os preços públicos, as compensações financeiras e os ingressos comerciais. Receitas Derivadas Receitas Originárias Tributo Móveis / Imóveis Ingresso Parafiscais Preços Públicos Multa Patrim. Compensação Financeira Comerciais / Industriais 4.3.1. Classificação Doutrinária O número de classificações apontadas pela doutrina é grande, variando de acordo com o critério adotado. Nesta oportunidade, passamos a apresentar aquelas que possuem maior utilidade para os fins que se prestam esse curso: a) Quanto à periodicidade do ingresso da receita Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS Esse critério leva em consideração a previsibilidade do ingresso da receita aos cofres públicos, podendo, de acordo com o critério, existir receitas extraordinárias e receitas ordinárias. • extraordinárias: são as receitas cujo ingresso ocorre eventualmente, sem possibilidade de previsão em situações de anormalidade. Decorrem da instituição de impostos extraordinários, faculdade permeada no inciso II do artigo 154 da Constituição Federal; • ordinárias: que possuem ingresso constante, previsível, regular. São recebidas em decorrência do desenvolvimento regular da atividade estatal, como no caso das receitas oriundas da cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Há uma corrente na doutrina que ainda traz uma terceira classificação em relação à periodicidade de ingresso, fazendo menção às receitas adicionais, que são as não previstas no orçamento, ou previstas de maneira insuficiente. b) Quanto à origem das receitas públicas Critério que considera a causa do ingresso da receita, o motivo que possibilitou o ingresso aos cofres públicos, podendo as receitas, segundo esse critério, dividirem-se em originárias ou derivadas. • Originárias: resultantes do domínio privado do Estado, ou seja, da atuação deste sob o regime de direito privado, como uma empresa privada em busca de lucro na exploração de atividade econômica, da exploração de seus próprios bens ou serviços. A título de exemplo, temos as receitas oriundas da cobrança de tarifas. • Derivadas: decorrentes das parcelas de riquezas que o Estado, face ao seu poder de autoridade, pode retirar de seus subordinados para a realização de seus fins, visando sempre o bem-estar geral. Decorrem da exploração do patrimônio ou de rendas de seus subordinados. A título de exemplo, podemos citar a receita advinda da cobrança de tributos. Existe corrente doutrinária que traz uma terceira classificação baseada na origem da receita. Tal corrente denomina a receita de receita pública transferida, que também deriva do patrimônio do particular; entretanto não é cobrada pelo ente que utilizará tal receita, isto é, é cobrada por pessoa política diversa do destinatário da arrecadação. 4.3.2. Classificação Legal Leva em consideração o que determina o artigo 11 da Lei n. 4.320/64, a qual institui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, Estados, Municípios e Distrito Federal. Segundo o diploma legal, as receitas são divididas em receitas correntes e receitas de capital. Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS Trata-se de classificação decorrente da destinação a que se dá à receita pública. Em um primeiro momento, analisemos a visão geral das disposiçõeslegais: Receitas correntes: segundo dispõe o § 1.º do artigo 11 da citada lei, são as receitas destinadas a atender às despesas correntes (despesas de custeio). Tratam-se das receitas resultantes da atuação do Estado, utilizando-se de prerrogativas provenientes do regime jurídico da Administração, isto é, atuando, fazendo-se valer de seu poder de império. Assim, são receitas provenientes da cobrança de tributos, de contribuições e outros. Receitas de capital: a teor do disposto no § 2.º do artigo 11 da lei, de capital são as receitas destinadas a atender às despesas classificadas como despesas de capital (decorrentes de investimentos) e ao superávit do orçamento (saldo positivo, quando da confrontação entre receita e despesa). Referem-se às receitas obtidas em decorrência de negociações entre o Estado e uma pessoa física ou jurídica, de direito público ou de direito privado. A título de exemplo, podemos citar as receitas decorrentes de alienação de bens, operações de crédito e amortização de empréstimos, dentre outros. I- Entradas ou Ingressos Patrimoniais (preço quase privado) a) Originárias empresariais (preço público) II- Receitas (stricto sensu) b) Derivadas Tributos taxas contribuição de melhoria impostos Temos, assim, que a análise do art. 11 e parágrafos permite identificar a receita pública como "todo ingresso" de recursos financeiros ao tesouro público, com ou sem contrapartida no passivo e independentemente de aumento patrimonial. Entendimento idêntico pode ser buscado através da análise do art. 56 da lei, que estabelece o PRINCÍPIO DA UNIDADE DE TESOURARIA, determinando que todo ingresso de dinheiro deve ser centralizado no tesouro público e contabilizado como receita, ou corrente ou de capital. Não como contabilizá-lo como mera "entrada de caixa" ou sob a rubrica "receita provisória", que não existe na Lei 4.320/64. Receitas Públicas (lato sensu) Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS Desta forma, entrou para os cofres do governo, é receita pública e vai ser classificada de acordo com o que dispõe o art. 11, que classifica as receitas por categorias'económicas; ou seja, em receitas correntes e receitas de capital OBS: Ao contrário da despesa, que sempre foi motivo de preocupação por parte dos técnicos de orçamento na busca de um esquema capaz de refletir com exatidão as transações governamentais, a classificação da receita, com as características originais dadas pela Lei não chegou a sofrer grandes modificações. O texto objetivo de que se vale o art. 11, divide, de forma expressa as receitas pelas categorias económicas, evitando qualquer conceito doutrinário, especificando, no § 1o quais são estas receitas. RECEITAS CORRENTES: � Receita Tributária - no âmbito de cada esfera governamental é aquela oriunda de sua competência de tributar, conforme o disposto na Constituição. � Receita de contribuições - é a resultante de contribuições sociais e contribuições económicas � Receita patrimonial - refere-se ao resultado financeiro da fruição do património, seja decorrente de bens mobiliários ou imobiliários, seja advinda de participação societária � Receita agropecuária - é a resultante das atividades ou explorações agropecuárias, envolvendo as produções vegetal e animal e seus derivados, bem como atividades de beneficiamento ou transformações desses produtos, em instalações existentes nos próprios estabelecimentos � Receita Industrial � Receita de Serviços - é a derivada de prestação de serviços de comércio, transportes, comunicações, serviços hospitalares, etc. � Receitas transferidas - são as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas jurídicas quando destinadas a atender a despesas de manutenção ou funcionamento, conforme condições estabelecidas pela entidade repassadora. Outras Receitas correntes - exemplos: juros de mora, multas, indenizações e restituições e outras Receitas de Capital Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS OBS: Para se aferir corretamente as receitas de capital não basta a análise do § 2o do art. 11, uma vez que a lei, no § 4o do mesmo artigo faz referência a item não previsto no § 2o A redação do art. 11, § 2o é cristalina: • Constituição de dívidas são operações de crédito, ou seja, tomada de empréstimos por parte do Estado. • Conversão em espécie de bens ou direitos é, em suma, alienação, transformando-se o bem ou direito em dinheiro. • Recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender a despesas classificáveis como Despesa de Capital - é a definição, na verdade, das transferências de capital vista no ponto anterior, só que, agora, analisadas pelo lado de quem recebe. QUESTÃO - O superavit do orçamento corrente - Superavit do orçamento corrente significa a diferença entre a soma de todas as receitas correntes e a soma de todas as despesas correntes; o saldo positivo constitui o que a lei chama de superavit do orçamento corrente. O § 2o do art. 11, que classifica o superavit como receita de capital parece em contradição como o § 3o, que diz que este não constituirá item da receita orçamentaria. Porém, na verdade, não há contradição. O que o dispositivo quer dizer é que o superavit do orçamento corrente pode ser utilizado para cobrir despesas de capital, mas não deve estar elencado expressamente entre as receitas de capital, porque senão estaria sendo computado duas vezes como receita. Apurada a diferença (superavit) no Anexo l da lei, o saldo positivo será adicionado às Receitas de Capital a fim de que estas atendam às despesas de capital, mas não de forma expressa. O dispositivo apenas significa que o orçamento corrente passou a financiar o orçamento de capital Basta ver o § 4o do art. 11, quanto trata do esquema de classificação da receita para se concluir que o superavit do orçamento corrente não figura ali. Não se trata de nova fonte de receita. 4.4. Preço Público e a sua distinção com a Taxa. Em que pese à existência de constante confusão entre preço público e taxa, e embora o produto de ambos venha a fazer parte da receita pública, os institutos não se confundem. Assim, temos que taxa é uma das espécies tributárias. Trata-se de tributo vinculado a uma atuação estatal, tendo, por conseqüência, sua cobrança submetida ao regime de direito público. Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS É considerada uma obrigação ex lege (decorrente da lei, e não de disposição de vontade das partes), ou seja, só pode ser exigida dos particulares “em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição”, de acordo com o disposto no artigo 145, inciso II, da Constituição Federal. Preço público, de modo diverso, é simplesmenteuma tarifa, significando a contraprestação paga pelos serviços solicitados ao Estado ou pelos bens por ele vendidos. Assim, trata-se de uma obrigação ex voluntate (decorrente da vontade das partes, sendo que uma das partes presentes é o Estado), sendo necessário um contrato, expresso ou tácito, entre as partes, logo, seu regime jurídico é de direito privado. A teor do disposto na Súmula n. 545 do Supremo Tribunal Federal: “Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu”. Cabe a cobrança de preço público quando se está diante de “coisa em comércio”, enquanto que a taxa será cobrada quando houver determinação legal. (ver tabela da aula de direito tributário – tema taxas) A comparação que segue entre taxa e preço público foi retirada do Código Tributário Nacional Comentado, coordenado por Vladimir Passos de Freitas, Revista dos Tribunais, artigo 77: Taxa: • exercício do poder de polícia; • utilização efetiva ou potencial do serviço público; • remuneração por serviços públicos essenciais ou cuja atividade econômica não compete originariamente à iniciativa privada. Preço Público: • remunera serviços que não têm natureza de públicos; • atividade monopolizada; • pressupõe contratação; • serviços não essenciais, que admitem concessão. Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS 5. Orçamento. Conceito e espécies. Natureza jurídica. Princípios orçamentários. 5.1. Noções Gerais. Os orçamentos públicos controlam as receitas e despesas estatais, podendo ser definido como a peça jurídica que contém a autorização de despesas e previsão de receitas. Os verbos correspondentes para essa manifestação da atividade financeira são administrar, controlar, orçar, gerir. Tem natureza legal, uma vez que é por meio de leis (preceitos normativos emanados do Poder Legislativo) que se estabelece o orçamento (art. 165, CF). Aliás, o princípio da legalidade norteia toda a atividade orçamentária, configurando crime contra as Finanças Públicas a realização ou assunção de despesas sem prévia estipulação na lei orçamentária (Lei nº 10.028/2000, que inseriu vários artigos no Código Penal). A lei orçamentária é uma lei especial que fixa as despesas e prevê as receitas públicas, não podendo conter outra matéria estranha ao orçamento. Aliás, o processo legislativo da lei orçamentária é especial, nos termos do art. 166 da Lei Maior. Por outro lado, não se trata de um ato normativo, mas sim de um ato político- administrativo (apenas “formalmente” pode ser considerada como uma lei), consoante entendimento do Plenário do STF, na ADIn 1.640-7, julgada em 12/02/98, DJ de 03/04/98, ementário 1905-01, relator Ministro Sydney Sanches. Por conseguinte, não cabe a propositura de uma ação direta de inconstitucionalidade contra lei orçamentária. A ementa do julgado citado foi assim redigida: EMENTA DIREITO CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA – CPMF. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE “DA UTILIZAÇÃO DE RECURSOS DA C.P.M.F.” COMO PREVISTA NA LEI N° 9.438/97. LEI ORÇAMENTÁRIA: ATO POLÍTICO-ADMINISTRATIVO – E NÃO NORMATIVO. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO: ART. 102, I, “A”, DA C.F. 1. Não há, na presente Ação Direta de Inconstitucionalidade, a impugnação de um ato normativo. Não se pretende a suspensão cautelar nem a declaração final de inconstitucionalidade de uma norma, e sim de uma destinação de recursos, prevista em lei formal, mas de natureza e efeitos político-administrativos concretos, hipótese em que, na conformidade dos precedentes da Corte, descabe o controle concentrado de constitucionalidade como previsto no art. 102, I, “a”, da Constituição Federal, pois ali se exige que se trate de ato normativo. Precedentes. Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS 2. Isso não impede que eventuais prejudicados se valham das vias adequadas ao controle difuso de constitucionalidade, sustentando a inconstitucionalidade da destinação de recursos, como prevista na Lei em questão. 3. Ação Direta de Inconstitucionalidade não conhecida, prejudicado, pois, o requerimento de medida cautelar. Plenário. Decisão unânime. Neste mesmo sentido, vale a pena transcrever as lições de Luiz Emydgio F. da Rosa Jr. (Manual de Direito Financeiro & Direito Tributário, p. 86-87): Ademais, o orçamento, por não ser lei em sentido material, não cria tributos mas apenas os calcula, sendo os tributos instituídos por outras leis totalmente distintas da lei do orçamento. (...) Resumindo, entendemos que o orçamento é lei formal, que por ser disciplinada pela Constituição em seção diferente daquela própria das leis, deve também ser considerada lei especial, mas seu conteúdo é de mero ato de administração. Isso porque fixa as despesas públicas e prevê as receitas públicas, não podendo versar sobre outra matéria que não seja a orçamentária. Enfim, a lei orçamentária possui apenas a “roupagem” (o rótulo) de lei – daí ser considerada uma lei “formal”; entretanto, seu conteúdo é de um ato administrativo ou, como definiu o STF, um ato político-administrativo, sem materialidade normativa (logo, não é uma lei “material”), cujas características são a da generalidade e da abstração. De fato, a lei orçamentária apresenta-se como um ato (e não norma) de efeitos concretos e específicos. Relativamente às despesas públicas, a lei orçamentária apresenta-se como um ato-condição, na medida em que uma despesa só poderá ser realizada se houver previsão orçamentária. Neste aspecto, aparece a função autorizante do Poder Legislativo, por meio da qual este Órgão não apenas controla a atividade financeira, como também autoriza certos atos administrativos carregados de conteúdo político, participando diretamente com o Executivo na construção e concretização de um plano de governo. Quanto às receitas públicas, o orçamento traz uma meta de arrecadação, é dizer, uma previsão que servirá de norte para a execução orçamentária. A propósito, se a meta não for atingida, algumas medidas deverão ser adotadas, a fim de se evitar um desequilíbrio nas contas, tais como a limitação de empenho e de movimentação financeira (arts. 4º, I, e §1º; 9º; 11-13, todos da LRF). Por outro lado, na medida em que fixa as despesas e estima as receitas, percebe-se que o orçamento possui um caráter intermediário na atividade financeira do Estado, ou seja, situa-se entre (no meio) as outras manifestações da atividade financeira estatal. Aulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito FinanceiroAulas de Direito Financeiro Professora Amanda Alves Almozara _____________________________________________________________________________________ FEDERAL CONCURSOS Além de toda essa conotação jurídica, o orçamento possui, ainda, aspectos políticos e econômicos. Quanto ao aspecto político, Kiyoshi Harada explica que o orçamento reflete o plano de ação do governo, sempre elaborado com base em uma decisão política (Direito Financeiro e Direito Tributário, p. 82). O mesmo autor comenta a respeito da feição econômica do orçamento (p. 83): É inegável o aspecto
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