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Biodireito Unidade II

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Unidade II
Unidade II
1. Cirurgia plástica e a questão da obrigação de meio e de resultado do médico
A obrigação do médico é de meio, visto que tem o dever de usar prudência e diligência normais 
na prestação do serviço para atingir um resultado.
Infere-se daí que sua obrigação não consiste num resultado certo e determinado a ser conseguido, 
mas tão somente numa atividade prudente e diligente em benefício do seu paciente.
Quem procura um médico quer o restabelecimento de sua saúde, mas esse resultado não é o 
objeto do contrato de prestação de serviços profissionais pelo médico, pois o doente tem o direito de 
exigir que ele o trate diligente e conscientemente, de acordo com os progressos da medicina.
Se o tratamento não trouxer cura ao paciente, esse fato não o isentará de pagar o serviço médico 
cirúrgico que lhe foi prestado.
Há que se ressaltar que o médico, em certos casos, tem a obrigação de resultado, de modo que 
seu paciente pode exigir-lhe a produção de um resultado, sem o qual haverá o inadimplemento 
da relação obrigacional. Se se tem em vista o resultado em si mesmo, a obrigação só se considera 
adimplida com a efetiva produção do resultado colimado.
O médico tem a obrigação de meio na cirurgia plástica ou reparadora que visa reintegrar a 
pessoa humana em suas possibilidades sociais, a fim de corrigir várias deformações, tais como lábio 
leporino e mutilações, etc.
Na hipótese da cosmetologia cirúrgica sem nenhuma ação curativa, há a responsabilidade 
criminal e a possibilidade de indenização civil. Frise-se que tais situações ocorrerão no insucesso da 
operação caso ocorra o dano estético, ou seja, não ocorrer o resultado esperado.
O consentimento do paciente acerca de possíveis danos não isenta o médico acerca da 
responsabilidade em caso de procedimento estético.
O médico que realizar procedimento cirúrgico estético facial deverá comunicar à polícia a 
identidade do paciente que a ela se submeteu, descrevendo minuciosamente a operação, no prazo 
de 72 horas, contadas da recuperação do paciente.
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2. Adequação do sexo do intersexual e do transexual
Iniciando o estudo acerca do tema, há que se conceituar a transexualidade como sendo a condição 
sexual da pessoa que rejeita sua identidade genética e a própria anatomia de seu gênero, identificando-
se psicologicamente com o gênero oposto.
O transexual apresenta uma anomalia surgida no desenvolvimento da estrutura nervosa central, por 
ocasião do seu estado embrionário ou em tese diversa há uma impregnação hormonal diversa.
Independente da origem do problema, fato é que a identidade sexual é um princípio constitucional 
atinente ao direito da personalidade. Daí decorre o questionamento de que é possível o procedimento 
cirúrgico para alteração de sexo.
Não se pode duvidar da licitude da cirurgia reparadora nos estados intersexuais, e quanto mais cedo 
for realizada, maior será a adaptação sociopsicossexual.
A intervenção cirúrgica visa à determinação sexual, sendo, portanto, corretiva, pois a intersexual 
não tem a preocupação de manter um sexo ou outro, de definir a qual pertence, devido à sua 
sexualidade dúbia.
O Conselho Federal de Medicina, por meio da Resolução nº 1482/97, permitiu a realização de cirurgia 
de transgenitalização.
O transexual é um ser policirúrgico, pois, operada a mudança sexual, são necessárias várias cirurgias 
plásticas, exemplificando rinoplastia, intervenção nos pômulos, dentre outras tantas.
Se houver entendimento de que a cirurgia de conversão sexual, adaptando o sexo físico ao psicológico, 
tem por escopo beneficiar a saúde mental do transexual e a sua sociabilidade, ela só pode dar-se com o 
consenso esclarecido do paciente maior e capaz, nem mesmo o representante legal, no caso de incapaz, 
poderá suprir sua vontade, salvo na hipótese de hermafroditismo, porque nesta operação será curadora, 
visando corrigir uma anomalia psíquica.
3. Problemas Jurídicos decorrentes da Mudança de Sexo
Deve-se assegurar a quem passou pela cirurgia de transgenitalização o direito a um nome que 
não o exponha à situação vexatória, o que se daria se continuasse com um prenome que não condiz 
com sua aparência física.
A jurisprudência brasileira tem entendido que se deve permitir a alteração do prenome, colocando-
se no lugar reservado a sexo o termo “transexual”, por ser esta a condição física e psíquica da pessoa, 
para garantir que outrem não seja induzido ao erro.
Deve ser feita a adequação do prenome ao novo sexo do transexual operado sem qualquer 
referência discriminatória na carteira de identidade, de trabalho, no título de eleitor, no CPF, ou 
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averbação sigilosa no registro de nascimento, porque isso impediria sua plena integração social e 
afetiva e obstaria seu direito ao esquecimento do estado anterior, que lhe causou tanto sofrimento.
Se houver engano, anula-se o casamento por erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge.
Haverá, após a cirurgia de adequação sexual, modificação em relação aos benefícios 
previdenciários, por meio de procedimento judicial, tramitando em segredo de justiça, aplicando-se 
a regra da proporcionalidade.
No que tange à questão sucessória, basta comprovar o estado de filiação que passou pelo 
procedimento de transgenitalização.
No âmbito esportivo, não haverá problemas, visto que esse baseia-se na questão hormonal.
Na seara trabalhista, não poderá haver discriminação, devendo-se respeitar a dignidade da 
pessoa humana.
4. Origem e Conceito
O surgimento de transplante de órgãos como modalidade terapêutica deve-se, em grande parte, 
à Medicina mitológica. A possibilidade de prolongamento da vida, substituindo-se partes do corpo, 
foi conceitualmente inspirada por algumas lendas. Há menção de estágios críticos do transplante em 
lendas, sendo as regras utilizadas até a data de hoje.
A Medicina relata que nos séculos XV e XVI ocorreram as primeiras tentativas de utilizar tecidos 
procedentes de pessoas e animais para serem aproveitados. Contudo, as operações culminaram em 
fracasso, visto serem primitivos os procedimentos adotados, sem levar em conta as infecções contraídas.
Transplante é a amputação ou ablação de órgão, com função própria, de um organismo para ser 
instalado em outro ou exercer as mesmas funções. É também denominado enxerto vital. Pode-se afirmar 
ser o transplante como uma transferência, feita por meio de uma cirurgia, de tecido, órgãos ou partes do 
corpo humano na mesma pessoa, entre mais de uma ou, ainda, entre uma pessoa e um animal.
Por isso, tem-se a classificação a seguir:
A) Autotransplante ou autoenxerto: há transferência de órgão ou tecido de uma parte do organismo 
para outra, sendo doador e receptor a mesma pessoa.
Exemplo: Ponte de Safena.
O autotransplante pode ocorrer com a anuência da própria pessoa, registrada em seu prontuário 
médico ou se ela for incapaz, com a de um de seus pais ou responsável legal.
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B) Isotransplante: transplante de tecidos ou órgão em gêmeos univitelinos, ou seja, em pessoas que 
possuem os mesmos caracteres genéticos.
C) Alotransplante: o doador vivo ou morto e o receptor de órgão ou tecido não possuem características 
genéticas idênticas.
D) Xenotransplante:transferência de órgão ou tecido de animal para um ser humano. Exemplo: Caso 
Baby Face – coração de babuíno em um recém-nascido.
5. Direito ao uso de partes separadas do próprio corpo ou de alheio
O direito às partes separadas do corpo vivo ou morto integra a personalidade humana. Não podem 
ser cedidas a título oneroso, por força da Constituição Federal, artigo 199, parágrafo 4º e Lei n. 9434/97, 
artigo 1º.
Como as partes separadas acidental ou voluntariamente do corpo são consideradas coisas, 
pertencendo à pessoa que destacou.
O corpo é disponível dentro de certos limites e para salvaguardar interesses superiores.
Nesse sentido, pode-se dispor das partes do corpo humano renováveis, ou ainda, aquelas não 
renováveis, desde que sirvam para salvaguardar a vida ou preservar a saúde do interessado ou de 
terceiro, ou para fins científicos.
6. Importância dos transplantes de órgãos
O progresso da ciência médica das técnicas cirúrgicas e da imunogenética, trazendo a possibilidade 
de se efetuarem transplantes, houve uma valorização do corpo humano como repositório de tecidos e 
órgãos, gerando uma série de questões ético-jurídicas.
O transplante de órgãos e tecidos, apesar de ter sido uma das mais notáveis conquistas cientificas, 
apresenta ainda muitos obstáculos a serem vencidos.
Na busca de uma segurança para essas intervenções cirúrgicas, deve-se:
• transplantes devem ser realizados quando for a única opção;
• equipe médica deverá ter muita experiência;
• equipes para atendimento do paciente antes e depois da cirurgia;
• diagnóstico da realidade da morte do doador deverá ser seguro e certo;
• finalidade deverá ser o bem-estar do paciente;
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• eleição do doador deverá basear-se nas condições perfeitas do órgão ou tecido doado;
• inexistência de discriminação do receptor;
• consentimento livre e esclarecido do receptor.
7. Transplante na legislação brasileira
Pode ocorrer a doação presumida de órgãos e tecidos, com efeito post mortem, mediante a morte 
encefálica.
O doador post mortem não pode ter manifestado de forma diversa em vida.
A doação de órgãos e tecidos intervivos é permitida a qualquer pessoa capaz, desde que se trate de 
órgãos duplos.
É necessária que a doação seja realizada de forma gratuita, sendo certo que o Sistema Nacional de 
Transplante deverá desenvolver o processo de captação e distribuição de tecidos e órgãos.
7.1 Lei n. 9434/97
Em 5 de fevereiro de 1997, foi publicada a lei que regulamenta a doação de órgãos, tecidos e partes 
do corpo humano para fins de transplante e tratamento.
A Lei n. 9434/97 contém 25 artigos, distribuídos em 6 capítulos a saber:
I. Disposições Gerais;
II. Disposição Post Mortem de Tecidos, Órgãos e Partes do Corpo Humano para fins de Transplante;
III. Disposição de Tecidos, Órgãos e Partes do Corpo Humano Vivo para Fins de
Transplante ou Tratamento;
IV. Disposições Complementares;
V. Sanções Penais e Administrativas;
VI. Disposições Finais.
8. Compreensão do Tema
É necessário esclarecer ab initio que o transplante em qualquer das suas modalidades somente 
pode ocorrer em paciente com doença progressiva ou incapacitante, irreversível por outras técnicas 
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terapêuticas. Esse tratamento deverá ser levado a efeito por estabelecimento de saúde, público ou 
particular, e por equipes médicas devidamente credenciadas pelo SUS e mediante autorização. Antes do 
procedimento, todos os exames de compatibilidade devem estar prontos.
Não pode haver transplante de órgãos, tecidos de portadores de doenças constantes em listas de 
exclusão expedidas pelo órgão central do SNT.
A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplantes ou 
tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, mediante a utilização de critérios 
clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina, salvo quando tal 
morte se verificar por parada cardíaca irreversível, comprovada por resultado incontestável de exame 
eletrocardiográfico.
Depois de constatada a morte encefálica opera-se a retirada de órgãos e tecidos para fins de 
tratamento e transplante no organismo receptor.
Na operação de retirada em transplante de tecidos e órgãos, o corpo do morto deverá passar pela 
manutenção homeostática, que é uma técnica que garante circulação e a oxigenação do corpo para 
evitar deterioração de certos órgãos e tecidos.
Efetuada a retirada, o cadáver deverá ser condignamente recomposto, de modo a recuperar, tanto 
quanto possível, sua aparência anterior, cobrindo-se as regiões com ausência de pele e enchendo as 
cavidades resultantes da ablação com material adequado para então ser entregue a seus familiares ou 
responsáveis legais para sepultamento ou cremação.
Para a determinação da morte encefálica irreversível, a Resolução nº 1480/97 do Conselho Federal 
de Medicina determina os critérios a seguir:
— Clínicos: coma aperceptivo com arreatividade inespecífica, dolorosa e vegetativa, de causa 
definida, ausência de reflexo corneano, oculoencefálico, óculovestibular e vômito e positividade 
do teste de apneia, excluindo desses critérios os casos de intoxicação metabólica, por droga e 
hipotermia;
— Complementares: ausência das atividades bioelétricas ou metabólicas cerebrais, ou da perfusão 
encefálica.
9. Modos de Doação de Órgãos
1. Consentimento (Opting in system): é utilizado nos Estados Unidos, Canadá, México e Inglaterra, 
exigindo a anuência expressa do doador ou de sua família. Pelo princípio do consenso afirmativo, 
cada um deve manifestar a vontade de doar ou não seus tecidos e órgãos para fins terapêuticos 
ou de transplante.
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2. Informação: é utilizado na Itália, sendo certo que não havendo manifestação do doador, com o 
seu óbito, faz-se uma comunicação a seus familiares sobre a vontade de se retirarem os órgãos e 
tecidos dele para salvar vidas humanas.
3. Declaração obrigatória: está calcado na estrutura bilateral do consentimento e oposição. Assim, 
resta ao legislador a disciplina do eventual significado do silêncio.
4. Oposição ou Dissentimento (Opting out system): Aústria, Dinamarca, Suécia, Bélgica, Austrália, 
França, etc. Concede ao doador a possibilidade de opor-se à retirada post mortem de seus órgãos 
e tecidos.
No Brasil, a Lei n. 9434/97 em seu artigo 4º determina que salvo manifestação em contrário presume-
se autorizada a doação de órgãos e tecidos para a finalidade terapêutica e ou de transplantes.
A Justiça prevê que a pessoa pode em qualquer documento de identificação declarar ser ou não 
doador de órgãos (RG, OAB, etc.).
O Decreto nº 2268/97 regulamenta a Lei nº 9434/97 e determina que dos dois médicos que determinam 
a morte encefálica do paciente, um ao menos seja neurologista, com título reconhecido no País.
Em se tratando de transplante ou tratamento in vivo, essa somente ocorrerá se houver necessidade 
terapêutica comprovadamente indispensável e inadiável do indivíduo receptor.
Restou garantido o direito à integridade do homem. Ocorre que a doutrina diverge sobre a natureza 
jurídica do direito à integridade do homem. Tradicionalmente sustenta-se que constitui um direito 
de propriedade. Trata-se da concepção de que o ser humano existencial é intangível e que a violação 
do corpo humano só seria possível por meio de expresso consentimentodo titular, portanto, desde 
que não se conjugue à violação fática nenhuma violação de direito. Contudo, nos dias de hoje, esse 
posicionamento jus romanista não encontrará acolhida.
É inaceitável tratar o corpo humano e a integridade física como direito de propriedade, pois, em sendo 
proprietário, o homem teria o amplo poder de disposição. Daí que a mutilação e a destruição do próprio 
corpo resultariam autorizadas. Em drástica análise, o suicídio seria legitimado. Portanto, não há que se 
confundir o direito à integridade física como poder do proprietário, de dispor da coisa que lhe pertence.
A Lei nº 9434 autorizou a doação de órgãos duplos quando a retirada não impeça o organismo do 
doador de continuar vivendo, sem risco para a sua integridade, sem comprometimento de suas aptidões 
vitais à saúde mental.
Ora, a autorização é dada quando houve garantia de vida de ambos, doador e receptor, sob pena de 
admitir-se, em nome da ciência, verdadeiros homicídios, em face de experimentações indiscriminadas.
Na Lei nº 9434/97, há regras destinadas a emprestar sentido e efetividade a outras, no sistema de 
responsabilidade civil, no que tange ao tema de retirada e recepção de órgãos.
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A lei cuida de dois momentos extremos, o antecedente e o consequente à doação, tema, por sua vez, 
central de todo o texto. Havia e há, realmente, necessidade, a todo tempo de precatar-se o legislador 
dos riscos da excepcionalidade do procedimento, que entra em colisão como os diretos fundamentais 
da personalidade.
O sistema de sanções, a merecer, entretanto, aperfeiçoamento, haveria e há de ser a pedra de toque 
da disciplina legal.
10. Direito à morte digna. Direitos do Paciente. Eutanásia. Distanásia. Ortotanásia e Mistanásia
A partir da implementação da Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, Lei dos Transplantes, temos em 
seu art. 3º que “é considerada para fins de término da vida humana a morte encefálica”.
A Resolução do Conselho Federal de Medicina de nº 1480/97 estabelece que o momento da morte 
encefálica, que é o critério adotado para que se possa fazer transplantes de órgãos, é caracterizado pelo 
coma aperceptivo, com ausência de atividade motora, supraespiral e apneia.
Desta forma, sob a ótica jurídica, a morte apenas ocorre após a cessação da atividade cerebral. Antes 
disso, o paciente ou o doente terminal encontra-se no processo de morrer, razão pela qual deve ser 
assegurado, também, o direito de morrer dignamente.
A vida, portanto, não pode ser sempre tratada através do imperativo de que ela é um dever de 
viver, porque pode levar à falsa percepção de que qualquer vida, e até mesmo a que não se reveste de 
qualidade ou de dignidade, deve ser obstinadamente perseguida.
Isso poderia levar a situações extremamente desumanas e cruéis, impedindo o livre exercício a uma 
morte digna e até mesmo e em excepcionais situações o próprio direito à morte.
O direito de morrer com dignidade não se confunde com o direito de morrer, pois aquele é fruto 
da reivindicação por vários direitos, como a dignidade da pessoa humana, a liberdade, autonomia, a 
consciência, e refere-se ao desejo de se ter uma morte humana e, porque não dizer, uma morte com 
feição humana, alcançada sem prolongamento da agonia por parte de um tratamento inútil. Já no 
direito de morrer, deparamo-nos com situações em que se provoca ou se antecipa a morte.
10.1 Da eutanásia, da ortotanásia e da distanásia – o início e fim da personalidade
A personalidade é um conjunto de características próprias da pessoa e apoia os direitos e deveres 
que dela emanam. É objeto de direito, já que é o primeiro bem da pessoa, lhe pertencendo como primeira 
utilidade, para sobreviver e se adaptar às condições do ambiente em que se encontra.
Os direitos da personalidade foram criados para dar ao Direito, mecanismos eficientes para tutelar 
três princípios básicos constitucionais: o princípio da dignidade da pessoa humana, da igualdade e da 
solidariedade.
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Os direitos da personalidade são direitos inatos à pessoa humana e objetiva resguardar a sua 
dignidade. Tem por característica a generalidade, a extrapatrimonialidade, a indisponibilidade, o caráter 
absoluto, a imprescritibilidade e a intransmissilibilidade.
10.2 Do fim da personalidade
Como vimos anteriormente, desde a implementação da Lei nº 9434, de 4 de fevereiro de 1997 – Lei 
dos Transplantes, temos, conforme prescrito em seu art. 3º, que é considerada para fins de término da 
vida humana a morte encefálica.
É com essa mesma visão que, na Resolução do Conselho Federal de Medicina de nº 1408/97, estabelece-se 
que o momento da morte encefálica é o critério adotado para que se possam fazer transplantes de órgãos.
Dessa forma, sob a ótica jurídica, a morte apenas ocorre após a cessação da atividade cerebral.
Porém, na atualidade, há diversas discussões a respeito da vida, da sua disponibilidade, sobre o 
direito de decidir sobre si mesmo, e até mesmo sobre o próprio morrer, ou seja, sua terminalidade.
Isto porque com a rápida evolução biotecnológica, o prolongamento da vida a qualquer custo é um 
ato costumeiro. Contudo, há de se ressaltar que a dignidade e a qualidade de vida são questões de maior 
relevância que o simples prolongamento desta de forma desmedida, muitas vezes, cruel.
Uma das questões mais discutidas é quanto ao paciente terminal ou daquele cuja doença se 
encontra em situação de irreversibilidade. Há discussões pautadas nos princípios constitucionais, como, 
por exemplo, o direito à vida, liberdade e dignidade da pessoa humana e também nos princípios da 
bioética, como, por exemplo, autonomia, beneficência e outro.
Discute-se qual o direito que deve prevalecer quando o tema abordado é o direito de escolha de como 
proceder no final da vida. Para alguns autores, o direito à vida é absoluto e veda a liberdade de escolha 
através de uma morte que o paciente considera digna, impondo-lhe, muitas vezes, um prolongamento 
de vida cruel, desumano e irreversível.
Para outros autores, especialmente os voltados para bioética, o direito à vida deve estar em harmonia 
com a dignidade da pessoa humana, a pessoa tem de ser avaliada física, mental, espiritual e moralmente 
e pesar qual direito deve prevalecer sobre o outro, através do princípio da ponderação e da razoabilidade, 
para que assegure ao paciente o direito à morte digna.
Assim, se a paciente tem o direito constitucional de viver com dignidade, tem também o direito de 
morrer com dignidade, na medida em que o morrer faz parte da totalidade da vida.
Debate-se, também, a respeito da medicina paliativa, no caso de enfermidade terminal e irreversível. 
Não existe mais possibilidade de cura, mas é dada ao paciente a melhor qualidade de vida possível, até 
o final de sua vida, cuidando não somente dos problemas de ordem física, como o controle da dor e de 
outros sintomas, mas também a psicológica, social e espiritual do existir.
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Nesse sentido, verifica-se que a defesa do direito de morrer dignamente não se traduz em defender 
todo e qualquer procedimento que cause a morte do paciente, mas reconhecer sua liberdade e 
autodeterminação.
Por fim, hoje, há diversas discussões que implicam na terminalidade da vida e a sua regulamentação 
jurídica no ordenamento brasileiro, como é o caso da Eutanásia, daOrtotanásia, da Distanásia e do 
Suicídio Assistido.
10.3 Da eutanásiaEutanásia (Morte boa)
Palavra derivada do grego, a eutanásia significa (eu = boa, thánatos=morte) deve ser entendida 
como uma conduta intencional, que visa abreviar a vida de um paciente que está acometido por uma 
doença incurável que lhe causa insuportáveis dores e sofrimento, por piedade e em seu interesse.
Na Eutanásia, o paciente não é necessariamente terminal, alcançando, também, situações não menos 
complexas, como, por exemplo, as relacionadas aos pacientes em estado vegetativo.
Assim, o que motiva o autor da eutanásia é a compaixão para com o próximo, isto é, o que se busca 
é fazer um “bem”, àquele paciente.
A eutanásia pode ser ativa ou passiva.
É considerada ativa quando por ação deliberada provocar a morte sem sofrimento do paciente, por 
fins piedosos, e é considerada passiva quando, objetivando minorar o sofrimento do paciente terminal, 
não se inicia uma ação médica ou pela interrupção de um tratamento já iniciado.
Atualmente, no Brasil, a eutanásia é uma conduta tipicamente dada como exemplo de homicídio 
privilegiado, por relevante valor moral (art. 121, § 1º do Código Penal).
10.4 Da ortotanásia
Ortotanásia (Morte no tempo certo)
A ortotanásia é o comportamento do médico que, frente a uma morte iminente e inevitável, suspende 
a realização de atos para prolongar a vida do paciente, que o levariam a um tratamento fútil e a um 
sofrimento desnecessário e passa a emprestar-lhe os cuidados paliativos adequados para que venha a 
falecer com dignidade.
Por isso, a Ortotanásia pode ser considerada como a conduta correta frente à morte, a qual será 
realizada a seu tempo e modo, já que não antecipará ou retardará, mas, sim, aceitará que, tendo iniciado 
o processo mortal, deve-se continuar a respeitar a dignidade do ser humano, não submetendo o paciente 
a uma verdadeira tortura terapêutica.
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Nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos 
disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando 
sempre em consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu 
representante legal.
Vê-se, assim, que, na Ortotanásia, a morte é um ato de autonomia existencial, ou seja, não se trata 
de uma decisão médica, o paciente é que decide pela limitação do tratamento terapêutico e a cuidados 
paliativos. Isto é, cuidados que geram apenas condições de uma morte digna, ou seja, alívio da dor, 
conforto de familiares, assistência espiritual, entre outros.
Cabe ressaltar que, para a realização da Ortotanásia, deve-se observar o início do processo mortal e 
a ausência de qualquer possibilidade de salvar o paciente, pois, havendo chance de salvar o paciente, o 
médico deve continuar no tratamento, visto que, não poderá ser considerado tratamento inútil ou fútil.
Ademais, conforme previsto na Constituição Federal em seu art. 5º, III, o direito à vida não obriga 
às pessoas que resistam obstinadamente à morte, quando a vida não se mostra mais possível, isto 
porque, não é lícito exigir de qualquer pessoa que se submeta a tratamento cruel e desumano, devendo 
prevalecer a dignidade da pessoa humana, com respeito ao bem-estar físico, mental, social e espiritual 
do paciente terminal.
Cabe ressaltar que a Resolução nº 1931/2009 – Novo Código de Ética Médica autoriza a Ortotanásia 
e veda a Eutanásia.
Por fim, vemos que a Ortotanásia é lícita no Brasil, visto que não há qualquer norma que a criminalize, 
seja no Código Penal, seja em leis penais extravagantes. Estando, portanto, de acordo com o princípio da 
legalidade, visto que o que a lei não proíbe, é permitido.
10.5 Da Distanásia – Morte Miserável
É o ato médico que prolonga a vida além do momento natural.
Trata-se de excesso terapêutico para manter uma pessoa viva e com grande sofrimento.
Com a evolução da ciência e da medicina, o prolongamento da vida em situação precária é comum. 
Porém, mais importante que o prolongamento da existência humana é a preocupação com a qualidade 
de vida dessa existência.
É certo que é direito da pessoa ter a seu favor a utilização de todos os meios que a medicina dispõe 
para sua sobrevivência. Contudo, há de se observar se é da vontade do paciente que sejam empregadas 
técnicas que prolonguem ou atrasem o processo de morte iminente, infalível e inevitável. Prolongando, 
portanto, a sua agonia.
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Segundo assevera Gisele Mendes de Carvalho:
“Distanásia consiste no emprego de recursos médicos com objetivo de prolongar ao máximo possível 
a vida [...] o ato de protrair o processo de falecimento iminente em que se encontra o paciente terminal, 
vez que implica num tratamento inútil”.
Nesse sentido, a Distanásia, que também é denominada como obstinação terapêutica, caracteriza-
se por um excesso de medidas terapêuticas que não levam o paciente à cura, mas que lhe impõe 
sofrimento e dor. É um tratamento sem possibilidade de reversão que só protelará o momento da morte.
Cabe observar que, enquanto a eutanásia provoca a morte antes da hora, a Distanásia leva a uma 
morte tardia e inútil.
10.6 Do suicídio assistido
O suicídio assistido é realizado pela própria pessoa, que dá fim à própria vida sem intervenção direta 
de terceiro, apesar de sua participação por motivos humanitários, prestando assistência material ou 
moral para a realização do ato, visto que a pessoa não consegue realizar sozinha sua intenção de morrer.
Pode ser realizado por ação, como, por exemplo, prescrição de doses altas de medicação e indicação 
de uso, ou de modo passivo, através de indução ou instigamento.
A consequência do suicídio assistido é o de uma morte tranquila e sem dor, após manifestação 
prévia de consentimento, havendo a participação de um terceiro, que o faz motivado por um espírito de 
misericórdia e de respeito ao próximo.
Porém, aquele que auxiliar uma pessoa a praticar suicídio, mesmo que por motivos misericordiosos, 
responderá pelo crime previsto no art. 122 do Código Penal.
10.7 Diferenças entre ortotanásia e eutanásia Passiva
A ortotanásia e a eutanásia passiva tratam de situações fáticas distintas, muito embora, para alguns 
autores, são consideradas como sinônimo.
Na realidade, ambos os comportamentos convergem no sentido de agirem por compaixão ao 
próximo, proporcionando uma morte sem dor ou sofrimento por meio de uma omissão na prestação ou 
na continuidade do tratamento.Todavia, divergem quanto ao início do processo mortal. Enquanto na 
ortotanásia a causa do evento morte já se iniciou, na eutanásia passiva esta omissão é que será a causa 
do resultado.
Embora sutil, a distinção entre eutanásia passiva e ortotanásia tem toda relevância, na medida em 
que responde pela diferença de tratamento jurídico proposto: a licitude desta e a ilicitude daquela.
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Na eutanásia passiva, omitem-se ou suspendem-se arbitrariamente condutas que ainda eram 
indicadas e proporcionais, que ainda poderiam beneficiar o paciente. Já as condutas médicas restritivas 
são lastreadas em critérios médico-científicos de indicação ou não indicação de uma medida, conforme 
a sua utilidade para o paciente, optando-se conscientemente pela abstenção, quando a medida já não 
exerce a função de prolongar artificialmente, sem melhorar a existência terminal.
Não há, portanto, que se identificar genericamente eutanásia passiva e ortotanásia. A ortotanásia,aqui configurada pelas condutas médicas restritivas, é o objetivo médico quando já não se pode buscar 
a cura: visa prover o conforto ao paciente, sem interferir no momento da morte, sem encurtar o tempo 
natural da vida nem adiá-lo indevida e artificialmente, para que a morte chegue na hora certa, quando 
o organismo efetivamente alcançou um grau de deterioração incontornável.
Por fim, cabe salientar que, no Brasil, a ortotanásia não é crime, não podendo ser confundida com 
eutanásia passiva, que é tipificada no Código Penal, visto que pode levar a se entender erroneamente 
que a consequência jurídica de um comportamento aplica-se ao outro.
Por derradeiro, reforça-se que a ortotanásia consiste no respeito ao princípio da autonomia da 
vontade, que é um corolário da dignidade da pessoa humana e está em consonância com esse princípio 
e com o direito à vida.
11. Experiência com Seres Humanos. Tribunal de Nuremberg. Engenharia Genética. Clonagem 
Humana
O artigo 22 da Declaração Universal dos Direitos Humanos diz que a seguridade social é um direito 
de todos e pode assegurar uma vida digna. Assim, todos os profissionais da saúde devem zelar pelos 
direitos dos pacientes.
No caso em tela, as Diretrizes e Normas reguladoras da Pesquisa em Seres Humanos, Res. 196/96 
da CNS, estabelece normas de conduta para proteger a integridade física, psíquica, saúde, dignidade, 
liberdade, bem-estar, vida e os direitos dos envolvidos em experiências científicas.
O primeiro Código Internacional de Ética para pesquisas com seres humanos foi o de Nuremberg, em 
1947, face às atrocidades praticadas por médicos nazistas comandadas por Mengele.
O Código de Nuremberg estabeleceu procedimentos éticos a serem seguidos em experiências com 
seres humanos. O principal direito era o consentimento livre do participante.
Anterior ao Código de Nuremberg, houve a determinação por meio do Comitê Médico Americano de 
que seriam necessários: consentimento voluntário do experimentado, consentimento prévio dos riscos 
da pesquisa em animais e o da execução, proteção e acompanhamento médico na pesquisa.
No que diz respeito à engenharia genética, pode-se dizer que esta consiste no emprego de técnicas 
científicas dirigidas à modificação da constituição genética das células e organismos, mediante 
manipulação de genes.
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O conjunto de informações contidas nos cromossomos de uma célula denomina-se genoma e o DNA 
é o portador da mensagem genética, podendo ser imaginado como uma longa fita onde estão escritas, 
em letras químicas, os caracteres de cada ser humano, sendo, por isso, sua imagem científica.
A engenharia genética aponta para a possibilidade de interferência precoce não somente na terapia 
de alterações patológicas detectadas tecnicamente, mas também em caracteres da personalidade e no 
comportamento do ser humano, pois o genoma humano totalmente mapeado fornecerá à medicina 
informações sobre a maneira de funcionamento do corpo humano, dando condições para a criação de 
remédios melhores, para o emprego da terapia gênica.
Na engenharia genética estão incluídas as noções de manipulação genética, reprodução assistida, 
diagnose genética, terapia gênica e clonagem, pois tende à modificação do patrimônio hereditário do 
ser humano.
O respeito que o ser humano deve a si mesmo é a verdadeira medida da atuação do direito para 
assegurar a adequação da conduta dos cientistas às pautas axiológicas que realizem e concretizem o 
fundamento constitucional da dignidade humana, por isso deve-se:
• evitar experimentação genética;
• limitar as experiências à utilização de material genético não humano;
• admitir, apenas sob rigoroso controle.
O tema da clonagem humana desde há muito é objeto de discussão por parte da sociedade como 
um todo e, de certa forma, traz em si uma nebulosa mitificação.
Assim, indaga-se:
a) É admissível a clonagem?
b) É possível a clonagem para retirar a possibilidade de indivíduos deformados?
c) É possível a eugenia positiva?
Por isso, a abordagem será no sentido dos problemas morais, sociais e políticos.
Até o advento da Lei nº 11.105/2005, a matéria era tratada como assunto especulativo.
Com o advento da Lei de Biossegurança, temos uma manifestação cautelosa do legislador, o qual 
proibiu a clonagem humana, levando-nos a entender que essa proibição não se limita à clonagem 
reprodutiva, mas se estende também à clonagem terapêutica.
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O artigo 5º Caput da Lei nº 11.105/2005 permite, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de 
células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos apenas pela técnica de fertilização in vitro.
A fertilização in vitro é definida pelo Decreto nº 5591/2005, como a fusão de gametas realizada por 
qualquer técnica de fecundação extracorpórea.
O artigo 6º da Lei de Biossegurança proíbe expressamente a clonagem humana, sem distinguir 
suas espécies.
11.1 Clonagem terapêutica
A questão está diretamente relacionada à aplicação dos princípios da responsabilidade e da 
precaução, amplamente discutidos no universo biojurídico.
O surgimento está diretamente ligado à proteção das gerações presentes e futuras das atividades 
que, devido à sua incerteza científica, apresentam risco potencial.
O princípio da responsabilidade revela o dever jurídico em que se coloca a pessoa, a fim de satisfazer 
a obrigação convencionada ou suportar as sanções legais a ela impostas.
No que tange à clonagem, a atuação desses princípios fundamentaria sua proibição, pois a precaução 
não estaria garantida diante de tantos riscos sérios e irreversíveis, que são empiricamente demonstrados 
em pesquisas científicas. Estreitamente ligada à precaução está a responsabilidade para com as gerações 
futuras e presentes. Assim, o risco da clonagem é muito grande em face de resultados questionáveis.
Outra questão que demanda abordagem diz respeito à universalização do acesso da técnica a todos, 
dentro de uma ampla concepção de justiça distributiva. É muito comum que apenas uma pequena 
parcela da população receba os benefícios do desenvolvimento tecnológico, acentuando o abismo das 
classes sociais.
O terceiro ponto a ser tratado é o que se refere à eugenia positiva, pois isso poderia interferir nos 
aspectos fenotípicos e de personalidade do indivíduo por meio de repetição de modelos. Ora, a repetição 
de modelos caracterizaria o empobrecimento do genoma humano.
Assim, a única hipótese plausível para a aceitação da clonagem humana reprodutiva seria a possível 
ocorrência de uma doença genética recessiva que recaia sobre um dos cônjuges, portanto, no interesse 
de impedir que a criança tenha o material genético aproveitado no projeto parental.
11.2 Clonagem terapêutica e manipulação de células-tronco
Células-tronco são aquelas que detêm a capacidade de gerar cópias idênticas de si mesmas, podendo 
diferenciar-se em vários tecidos. As células-tronco possuem a potencialidade de recuperar órgãos e 
tecidos danificados.
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O desenvolvimento das pesquisas com células-tronco ocorreu no período de escassez de doação de órgãos.
Nem todas as células-tronco possuem a mesma capacidade de diferenciação. As células-tronco 
encontradas em embriões de três a quatro dias de vida possuem alta capacidade de diferenciação 
celular, podendo transformar-se em quaisquer tecidos.
Um indivíduo adulto possui células-tronco, todavia, essascélulas detêm menor potencial de cura, 
não se transformando em muitos tecidos.
Infere-se da explicação supra que a utilização das células-tronco pode ocorrer fora do processo de 
clonagem, pois indivíduos adultos também possuem.
Meios de obtenção de células-tronco: a) indivíduos adultos; b) embriões excedentes decorrentes de 
reprodução assistida; e c) embriões advindos de clonagem humana.
A Lei de Biossegurança permitiu, no Brasil, a utilização de células-tronco embrionárias advindas da 
reprodução medicamente assistida, embora a clonagem tenha sido proibida.
11.3 Relação médico-paciente. Consentimento livre e esclarecido. Escolas de sigilo profissional
A relação médico-paciente é também uma relação jurídica em que o Biodireito tem interesse, pois a 
vida se relaciona com quem cuida da vida e a Medicina é uma das áreas da Saúde que maior proximidade 
tem com o paciente.
A relação médico-paciente é, em primeira instância, humana. Nós sabemos do egoísmo, da vaidade 
e do materialismo do homem, de modo como dizia Thomas Hobbes: o homem é o lobo do homem e, 
hoje, já se assiste doenças inventadas por laboratórios com a única finalidade de vender medicamentos 
e, dessa forma, enriquecer materialmente.
Claro que este aspecto diz diretamente ao Biodireito e suas premissas.
A terapêutica tem início no momento em que o paciente pensa em consultar o médico. Nesse instante, 
passam por sua cabeça noções que terão influência na escolha do médico, no seu comportamento e na 
reação ao próprio tratamento. Também a sala de espera faz parte da terapêutica. A sala de espera, como 
o nome diz, é um ponto de encontro, de união de pessoas com queixas afins. Queixa sobre a precária 
condição de sofrimento da condição humana. Na sala de espera começam os pacientes a falar de si, 
entre si, de suas identificações com o que sentem, de suas fantasias e dificuldades. É muito importante 
este ar de sala de espera, com seu ambiente típico de poltronas, cadeiras e revistas, muitas vezes, velhas.
Sabemos que muitos médicos e também muitos pacientes preferem uma relação assimétrica:
“O motivo da consulta é o início da descoberta do enigma do corpo, o sujeito falando do que 
sente, a percepção dos sentidos, o mundo do paciente acontecendo ali à minha frente. O paciente, ali, 
dizendo da sua dor, do seu sofrimento, da sua condição humana, e eu, com as minhas limitações, tento 
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compreender o que o paciente está querendo dizer. O abdômen é um local muito propício à projeção 
psíquica e jogos de identificação com familiares. É também um local de doenças de fundo orgânico e 
lembro-me sempre disso; apenas procuro não me restringir a essa dimensão.
Cada ser humano que se aproxima de mim é aguardado como desejo meu de tentar saber ‘coisas’ suas: 
quem é? O que quer saber de mim? O que espera que eu diga ou faça? O que quer dizer com o seu sintoma?
Esse primeiro momento que se aproxima da entrevista é descompromissado, de modo que permita 
ao doente que diga o que quiser. Procura-se não se preocupar com o modelo de anamnese.
Há, assim, dois momentos que não podem ser dissociados, porque são complementares: um 
preocupado em permitir que aflorem os sentimentos e fantasias íntimas do paciente, e outro, mais 
clínico, preocupado em ver a parte orgânica.
Procuro tomar as anotações sempre na frente do paciente, mas poderia fazê-lo após a sua saída, para 
que ele não perceba o que anoto, o que valorizo o que chama a sua atenção. Anoto tanto as informações 
objetivas, assim como as frases que me chamam a atenção. Como a entrevista não é psicanalítica 
(também é, embora não seja psicanálise), posso colocar posições de encaminhamento, fazer perguntas, 
observações. Como médico, estou à vontade para dizer e anotar o que me parece significativo, ainda que 
os pacientes possam, sabendo que há anotações, não dizer tudo. Aliás, é impossível dizer tudo. Nem na 
hora da morte se diz tudo, fica sempre muito por se dizer.
Em seguida, o paciente é pesado, pede-se que se deite na maca, verifica-se a pressão arterial, dados 
do exame físico geral, exame físico especial e, ao terminar, solicita-se que o paciente volte a sentar em 
frente à mesa de consulta. Com isso, a função de atendimento está cumprida, inclusive no imaginário 
do paciente: ele espera um comportamento médico, e isso também faz parte da terapia.
Não se deve dizer de chofre ao paciente sua hipótese diagnóstica; são pedidos exames de propedêutica 
armada, exames esses complementares para um diagnóstico possível. A medicação deve, num primeiro 
instante, ser realizada sintomaticamente. Há na doença sempre uma possibilidade de origem psíquica 
e outra de origem orgânica. Toda doença tem um fundo orgânico e psicológico, portanto, as duas 
possibilidades devem ser sempre pensadas. Se o paciente procura seu médico, é porque em sua mente há 
uma possibilidade de que algo orgânico esteja acontecendo com ele e, por isso, devemos ser rigorosos 
na tentativa de que algo orgânico possa existir. Mas, um fato é certo: procurar um médico é sinal de que 
há algo não indo bem.
Toda doença tem um significado especial na vida do paciente, uma inscrição de iniciação. Por isso, 
pergunto-lhe, ao final da investigação clínica, o que imagina ter. Mesmo nos ‘casos’ em que há uma causa 
orgânica da doença, a imaginação vai além da causa; ela tem um valor, tem uma história. Poderíamos 
dizer, usando noutro contexto uma ideia de Rezende: ao falar da parte emocional, ou ‘humana’, os 
doentes sentem uma angústia muito grande e, com frequência, não querem saber, ou não deixam que 
seja levantada a hipótese emocional. Ela está recalcada no seu mundo inconsciente. Eles vão ao médico, 
mas não querem que ele veja o que pode haver de errado além do corpo.
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Alguns reconhecem que há algo de “nervoso” com eles, outros sugerem que têm úlcera, porque são 
‘nervosos’. É o imaginário funcionando: acha que têm câncer, porque o pai teve sintomas semelhantes, 
ou alguém na família.
No retorno, ao paciente, cerca de duas semanas depois, sugiro-lhe hipóteses sobre suas ‘doenças’, 
relacionando-as como seu vivido. Em ‘casos’ de resultados negativos de exame, o paciente tende a 
duvidar de si, da sua dor, às vezes até de sua sanidade, em vez de aceitar que não tem nada, se sente a 
dor real. Outras vezes, fico com a impressão de que o paciente tem um tipo de satisfação perversa ao 
descobrir que tem uma doença!
Tenta-se, junto com o paciente, saber o sentido do seu sintoma. Esse processo de explicitação é 
curioso, não é uma terapia psicológica e não pode perder sua dimensão clínica, mas, como no método 
psicodinâmico, não devemos dar conselhos nem fico explicando para o paciente o que está acontecendo. 
É uma coisa diferente. Mesmo nos ‘casos’ em que há um fundo orgânico bem estabelecido, a preocupação 
com os sentidos do sintoma tem função terapêutica.
Um exemplo interessante: certa vez, uma paciente apresentou um tumor abdominal (um 
lipossarcoma). Os exames confirmaram o diagnóstico, de modo que se pode dizer sem dúvida que havia 
uma base orgânica bem estabelecida; mas, para a paciente, o tumor era o “terceiro filho que não quis 
ter”! Além do orgânico e por causa dele, desenvolve-se o imaginário que também precisa estar na clínica.
Esse é, em linhas gerais, meu procedimento de consulta e de investigação, particularmente no que 
difere do modo como a maioria dos médicos está acostumada a atuar. Naturalmente, a apresentação é 
esquemática e redutora, não reproduzindo a riqueza e a unicidade do fenômeno.
O paciente vai embora. Talvez volteem um mês ou dois, dependendo das exigências do tratamento, 
do caso específico.
Não sei quem será o próximo paciente. No momento em que ele entrar, farei questão de cumprimentá-
lo e de transformar essa relação numa relação em primeira instância humana. Não sou um tratador de 
estômagos. Nunca nenhum estômago chegou andando em meu consultório. Sempre vieram dentro de 
seres humanos e a eles pertenciam.
Na consulta, o doente fala do corpo, diz a sua queixa. O médico pergunta, faz a anamnese e o 
exame físico, procurando estabelecer um diagnóstico, normalmente sujeito à confirmação por exames 
suplementares. Uma vez feito o diagnóstico, faz o encaminhamento, medicando-o, indicando a cirurgia, 
pedindo uma interconsulta, dispensando o paciente etc. Essa é a clínica tradicional.
A consulta dura cerca de 15 minutos. Esse é o tempo sugerido pela OMS. Esse modo de conduzir 
a duração e a frequência das consultas pode ser produtivo do ponto de vista administrativo, mas 
pouco contribui para a terapêutica. O fato é que no atropelo da medicina de massa, em que o 
médico não conhece o paciente e é impossível a formação de vínculo, já é previsto o fracasso 
da terapêutica. A duração de 15 minutos para uma consulta, conforme preconizado pela OMS e 
estipulado pelo Ministério da Saúde e da Previdência, não considera as necessidades subjetivas do 
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paciente. Conforme já disse, penso que a terapêutica médica inclui também as consultas, não se 
reduzindo ao meramente técnico.
Já nos hospitais universitários, a consulta tende a ser mais detalhada e demorada, podendo durar 
até mais de 30 minutos. No entanto, não há, nesse caso, continuidade de tratamento; o retorno do 
paciente é feito com outro aluno, o que impede a possibilidade da criação de vínculo como paciente. 
É importante notar que a maior duração da consulta decorre de interesses pedagógicos e acadêmicos. 
Além disso, o tempo de espera para que o paciente seja consultado é bastante grande, às vezes meses. A 
questão política e a visão aquartelada dos hospitais já foram exaustivamente demonstradas por Michel 
Foucault. Na maioria das vezes, o tempo médio de retorno nos consultórios é de cinco a dez minutos. O 
paciente mostra os resultados dos exames e o médico mantém o tratamento, suspende-o ou estabelece 
uma nova conduta.
O vínculo não deveria ser com a indústria farmacêutica, mas, infelizmente, cada vez mais os interesses 
econômicos estão presentes e o médico acaba, por vezes, receitando o que a indústria farmacêutica 
quer que ele receite.
Para formar vínculo, vamos agora lembrar de Melanie Klein, psicanalista nascida em Viena e famosa 
por seus estudos sobre a técnica de brincar das crianças e por seus estudos sobre os primeiros anos da 
vida da pessoa e por suas teorias a respeito da relação mãe-bebê. Ela começou a fazer seus estudos 
após os 37 anos, escreveu sobre o próprio filho. Sua obra é densa e não pretendemos aqui discuti-la em 
detalhes. De fato, interessa recuperar um único aspecto de seu trabalho: a noção de vínculo.
Melanie Klein mostra, no caso Dick, a importância da presença do afeto na formação da personalidade. 
Dick, não construindo vínculo afetivo, mostrava-se incapaz de perceber a diferença entre um móvel e 
uma pessoa ou de discriminar entre a presença e a ausência. ‘A ausência de vínculo não permitia que 
ele ‘simbolizasse’, isto é, que desse um sentido àquilo que fazia’: o comportamento de Dick carecia de 
sentido e de propósito, e não tinha relação com nenhum afeto ou angústia.
Estabelecendo o vínculo, a criança pode recomeçar a falar, e falar coisas de que já sabia, ou seja, 
Dick pode usar livremente o símbolo. O símbolo estabelece vínculo entre as palavras, entre as pessoas; 
ele reúne, junta, vincula. Com isso, ‘junto com o aumento de interesse e o estabelecimento de uma 
transferência cada vez mais intensa para comigo, havia aparecido a relação de objeto que, até então, 
fazia falta. Durante esses meses, sua atitude para com a mãe e a ama-seca tornou-se afetuosa e normal.
Também na relação médico-paciente é importante a formação de vínculo. Já percebemos a 
importância do caráter psicológico, afetivo, que existem em muitas queixas de pacientes que procuram 
o médico. Essas queixas só poderão ser percebidas pelo paciente como algo que tem relação com a sua 
vida se puderem ser simbolizadas, interpretadas. A não formação de vínculo entre o paciente e o médico 
deve contribuir negativamente para o sucesso da terapia”.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) apresenta duas resoluções a 1368/2002 e a 1369/2002, a 
primeira sobre o preenchimento e guarda do prontuário médico e a guarda dos referidos prontuários.
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11.4 Considerações finais
Todos os temas relacionados ao Biodireito esbarram na perspectiva de proteção ou violação de 
direitos humanos. O ponto comum de debate de vários aspectos – como a relação médico-paciente, a 
possibilidade de objeção e consciência, a perspectiva de conduzir a própria morte, a manifestação em se 
proceder à doação dos órgãos – versa não raro sobre a autodeterminação da pessoa.
12. Crise ambiental e ecodesenvolvimento
A Bioética e o Biodireito estão intimamente relacionados com o meio ambiente, por ser este um bem 
essencial à sadia qualidade de vida.
A sociedade e o Poder Público deverão preservar e defender o meio ambiente para que seja possível 
atingir o equilíbrio ecológico, tão imprescindível à vida em todas as suas formas.
Todos têm obrigação de reconhecer o direito ao meio ambiente e de proteger os interesses ambientais, 
pois os demais direitos humanos básicos supõem um meio ambiente saudável.
O desenvolvimento econômico e a sobrevivência da espécie humana, fauna, flora requerem o 
saneamento da terra e uma boa administração dos recursos naturais.
O ser humano, a sociedade e o Poder Público não se conscientizaram da importância da preservação 
da natureza.
Em todas as partes do mundo, afere-se uma crise ambiental, provocada pelas agressões à natureza para 
atender às necessidades humanas e sociais. Em nome do progresso econômico e social, desenvolveram-
se técnicas inadequadas de exploração da natureza.
12.1 Constitucionalismo ecológico e direito ambiental
Os direitos fundamentais do homem são os que ele possui pelo simples fato de ser homem, por sua 
natureza humana e pela dignidade que lhe é inerente, não resultam eles de uma concessão jurídico-
estatal e, por essa razão, a sociedade política tem o dever de consagrá-los e de garanti-los.
O direito ao meio ambiente sadio e ecologicamente equilibrado e o de impedir a degradação ambiental 
são outorgados a todos e tutelados normativamente, tanto no âmbito interno como no internacional.
Considera-se meio ambiente como bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de 
vida, obrigando o Poder Público a preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais.
12.2 Biodiversidade e preservação de ecossistemas
O meio ambiente é definido pelo conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem 
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas, sendo os 
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recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais, subterrâneas, o estuário, o mar 
territorial, o solo, o subsolo e os elementos da biosfera, fauna e flora.
Tem-se o meio ambiente natural, o meio ambiente artificial, o meio ambiente culturale o meio 
ambiente do trabalho.
O meio ambiente ecologicamente equilibrado pode salvaguardar a diversidade biológica, ou 
seja, a variabilidade de organismos vivos de todas as origens e os complexos ecológicos de que 
fazem parte. Assim, preservado estaria a diversidade das espécies, a diversidade entre espécies e o 
ecossistema.
12.3 Flora e Fauna. Uma visão do biodireito
Deve haver o controle ou uma limitação às condutas humanas, visto que, sem isto, a flora e 
fauna correriam o risco de extinção e até mesmo poderiam perder sua função ecológica.
A participação na manutenção e no equilíbrio do ecossistema não acarretaria desequilíbrio do 
meio ambiente. Se uma floresta, que abriga inúmeros ecossistemas diferentes, sendo cada um deles 
essencial na natureza, for devastada, esse fato afetaria as gerações presentes e futuras.
12.4 Estrutura dos sistemas de sobrevivência da espécie humana
O homem, dentro da biodiversidade da natureza, bem como sendo a espécie dominante da Terra e 
detentora das riquezas desta, a ele compete a preservação das demais espécies que povoam o planeta.
Urge a conscientização de todos quanto aos grandes riscos decorrentes dessa desordem ecológica, 
dando preponderância ao ecodesenvolvimento. É necessária a conciliação entre o desenvolvimento, 
a preservação ecológica e a melhoria da qualidade de vida humana.
12.5 Meio ambiente e preservação da biodiversidade dos ecossistemas
Ocorrendo o desrespeito ao meio ambiente, haverá a sucumbência da biodiversidade.
A biodiversidade é um valor importante e fundamental para a vida humana, por ensejar o 
desequilíbrio ecológico, prejudicando todo o ecossistema e o próprio homem.
Necessário será evitar a extinção das espécies e respeitar o meio ambiente, pois cada ecossistema 
desempenha verdadeira função na natureza, sob pena de acarretar o desequilíbrio ambiental, que 
constitui grave ameaça à biodiversidade do planeta Terra e à humanidade.
A preservação da biodiversidade dos ecossistemas somente seria possível pelo uso sustentável, 
ou melhor, pela utilização de componentes da diversidade biológica de modo e em ritmo tais que 
não levem a longo prazo, à diminuição da diversidade biológica, mantendo assim seu potencial para 
atender às necessidades e aspirações das gerações presentes e futuras.
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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