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Resumo Direito empresarial Títulos de crédito

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1 
 
 
Títulos de crédito 
 
 O crédito Por Fauez Shafir 
 
A palavra crédito deriva do latim creditum, que por sua vez advém de credere, que significa confiar, ter 
fé. Assim sendo, o crédito representaria a confiança que alguém desperta em outrem. Daí, dizer-se que 
determinada pessoa tem crédito, no sentido de que esta pessoa desperta a confiança. 
 
Nas relações obrigacionais em geral, pelo menos um dos envolvidos tem direito a uma prestação e esse 
seu direito é entendido como um direito de crédito. Assim, no contrato de compra e venda, o vendedor 
que entregou a mercadoria tem um crédito, consistente no direito de receber o preço estipulado. 
Portanto, juridicamente, quando se fala do crédito, se fala de um direito do credor de uma relação 
obrigacional. 
 
 Conceito de título de crédito 
 
O conceito mais clássico é o de Cesare Vivante, pelo qual o “título de crédito é o documento necessário 
para o exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado”. Tal conceito é praticamente 
reproduzido pelo artigo 887 do CC/02, nos seguintes termos: “O título de crédito, documento 
necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando 
preencha os requisitos da lei”. 
 
Neste conceito estão presentes os três elementos essenciais de um título de crédito (a autonomia das 
obrigações, a literalidade e a cartularidade ou incorporação), que devem ser preenchidos para que um 
documento seja considerado um título de crédito. 
 
Obs.: Direito Cambial (cambiais) = Título de crédito. Por que Dir. Cambial? Porque o primeiro título de 
crédito foi a “letra de câmbio”, que surgiu na idade média e foi o único que predominou por longo 
tempo. 
 
 Função dos títulos de crédito 
 
A função primordial dos títulos de crédito é a de facilitar e agilizar a circulação de riquezas, permitindo o 
melhor desempenho das atividades econômicas. Os títulos de crédito se destinam “a tornar mais 
simples, rápida e segura a movimentação de bens e direitos”. 
 
Tem o objetivo de fundamentar as várias relações jurídicas, permitindo a circulação do crédito entre 
várias pessoas, de forma juridicamente segura e ágil. 
2 
 
 
 Atributos Essenciais: 
 
 Cartularidade: Aparece duas vezes no conceito do art. 887 do CC/02: “O título de crédito, 
documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz 
efeito quando preencha os requisitos da lei”. 
1º. “Documento necessário ao exercício do direito...”: Precisa oferecer o original. É 
necessário para transferir o crédito, não basta passar oralmente. Para o credor cobrar, 
precisa do original, cópia autenticada ou testemunhas não servem. Como decorrência 
dessa exigência do original, a posse do título pelo credor gera a presunção do crédito. E a 
posse do título pelo devedor gera a presunção de que a dívida foi paga. 
2º. “Somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei...”: necessário conter no 
documento as formas exigidas pela lei para que seja considerado válido como título de 
crédito. 
 
 Literalidade: art. 887 do CC/02: “...direito literal...” Significa que somente pode ser demandado 
aquilo que estiver literalmente lançado no título. Ou seja, só vale o que estiver literalmente no 
título. Qualquer outra combinação, por exemplo, fora da relação ou em outro documento do 
título cambial, não vale para esse título. Qualquer alteração, modificação tem que ser inserido 
diretamente no título para que possa valer. 
 
 Autonomia: O título de crédito uma vez em circulação, ganha autonomia frente a relação jurídica 
de base. 
 Ricardo e Luana estabelece um contrato que gera um título de crédito. Todavia, 
rompe-se o contrato e não se cumpre o estabelecido, porém a credora não 
devolve o título. Nesse caso, se ela tentar cobrar o título, certamente não 
conseguirá, pois o título não circulou. Entretanto, se a credora passar o título 
para frente, ele ganhará, o título, autonomia, e terá força própria, podendo ser 
exigido. Ressalte-se que, se o terceiro que recebeu o título cambial sabia da 
extinção do contrato, esse terceiro não poderá cobrá-lo, pois quebra o vínculo. 
Nessa situação, terá que se provar que o terceiro sabia que o contrato já tinha 
se rompido, o que é difícil. 
 
Depreende-se então que o título ganha autonomia quando é posto em movimento. Quando é 
repassada para outra pessoa diferente a relação negocial. 
 
 Atributos Não-essenciais: 
 
 Independência: Os títulos de créditos independentes, não dependem, de outro documento para 
surtir seus efeitos. 
 Cheque. Não precisa provar um contrato ou a entrega do produto, é um título 
independente. Exceção: Duplicata. Ela não é independente, depende da fatura. 
3 
 
 
 Abstração: Os títulos de crédito podem ser emitidos por qualquer razão lícita. Exceção: Títulos 
causais (duplicata). 
 
 Características: 
 
 Disciplina pelo Direito Empresarial: Instituto jurídico que segue a principiologia do Dir. 
Empresarial e não do Dir. Civil, é incorreto tentar aplicar a regra do Dir. Civil aos títulos de 
crédito. Ambos os institutos (empresarial e civil) compartilham alguns conceitos, mas não se 
confundem. 
 
 Bem móvel: viabiliza que circula mais facilmente, a transferência do título ocorre sem 
burocracias, pode se feita por mera tradição. 
 
 Natureza “pro solvendo”: o título é emitido como pagamento, mas só será considerado como 
pago efetivamente quando solver a dívida, o título não tem caráter de dívida já paga. A completa 
satisfação do débito requer o pagamento do título (a mera emissão ou transmissão não é 
suficiente). 
 
Obs.: “Pro soluto”: significa que a mera emissão ou transmissão deduz o pagamento, cumpre o 
pagamento apenas emitindo o titulo. Nesse caso tem que estar EXPRESSO. 
 
 Títulos de representação: Decorrência do atributo Cartularidade. Significa que os títulos de 
crédito devem ser apresentados no original, para o exercícios dos direitos dele decorrentes. 
 
 Obrigação quesível: como regra. O credor vai até o devedor para receber. Exceção: Duplicata. 
 
 Títulos de resgate: também é decorrência da Cartularidade. “resgatar o título”: ao efetuar o 
pagamento, o devedor tem que “pegar” (resgatar) o título de volta. Recibo não resolve, tem que 
ser o título original, pois assim o tira de circulação. O devedor tem o direito de não pagar caso o 
credor não queira entregar o título original ou assentar no próprio título a quitação. 
 
 Executividade: são os títulos de crédito executivos. Se as obrigações não forem cumpridas 
voluntariamente, poderá ser ajuizada uma ação de execução. 
 
 Formalismo: decorrência também da Cartularidade. Somente gera efeitos se atender a todos os 
requisitos da lei. 
 
 Solidariedade cambiária: A solidariedade cambiária é específica, não se confundindo com a 
solidariedade civil, embora ambas representem a obrigação de cada um dos codevedores de 
honrar a integralidade da dívida. No Dir. Cambiário, a locomoção do título (emissão, endosso e 
aval), gera a responsabilidade para aqueles por quem o título passou. 
4 
 
 
1º. Causa do débito: Na solidariedade civil há uma causa comum, na cambiária a obrigação 
de cada devedor decorre de uma causa distinta, para cada devedor (cada declaração de 
vontade autônoma). Além disso, na solidariedade civil há uma unidade de prestação, ao 
passo que na cambial existe uma pluralidade de prestações, tantas quantos forem os 
devedores do título. 
 
No Dir. Civil se a causa geradora do título findar, os devedores são liberados. 
Antônio 
 Bruna 
Carla Marcos 
 Yarley 
 
Uma únicarelação jurídica (ex.: aluguel). 
 
No Dir. cambiário, se se invalida uma relação autônoma, só o devedor solidário que o 
negócio foi invalidado é que se libera da obrigação, não se vincula aos outros. 
 
Relações autônomas 
 
José Maria Joaquim Joana 
 
 Negócio invalidado, só o Joaquim que se libera da obrigação. 
 
2º. Direito de regresso: Na solidariedade civil passiva, qualquer codevedor que paga a dívida 
terá direito de regresso contra os outros codevedores. Na solidariedade cambiária, nem 
todos os devedores terão direito de regresso, vale dizer, alguns devedores, ao pagarem o 
título, nada podem exigir dos outros coobrigados. Portanto, nos títulos de crédito nem 
sempre nasce o direito de regresso em razão do pagamento da obrigação por um dos 
codevedores solidários. 
 
Na solidariedade cambial, quando nascer o direito de regresso, ele só poderá ser exercido 
em face dos devedores anteriores, isto é, o pagamento feito por determinado devedor 
extingue a obrigação de todos os devedores posteriores a ele, não havendo mais como se 
cogitar desses codevedores posteriores. Imagina a situação abaixo: 
 
José Maria Joaquim Joana 
 
Joana é a credora nessa relação, sendo José, Maria e Joaquin codevedores. Se Joana 
cobra de Maria e ela paga, nasce para Maria o direito de regresso, que só poderá ser 
exercido em face de José, porquanto o direito de regresso só poderá ser manejado contra 
os devedores anteriores. 
 
5 
 
 
Ademais, na solidariedade civil, aquele que paga pode exigir a quota-parte dos demais, já 
nos títulos de crédito, todos são obrigados pela dívida inteira, mas, caso um deles pague, 
o direito de regresso contra os demais coobrigados é exercido por todo o valor do título e 
não pela quota-parte de cada um. 
 
 
 
O devedor principal não tem direito de regresso. É aquele que recebeu a vantagem, mas 
não desembolsou. 
 
3º. Início da solidariedade: No Dir. civil a solidariedade se dá no início da vigência do 
contrato (ficando a cobrança pendente do vencimento). Já no Dir. cambial a solidariedade 
dos codevedores só inicia quando o título for protestado (aqui são codevedores). O 
devedor original já é obrigado a partir do vencimento. Logo, só poderá cobrar dos 
codevedores se o título for protestado no prazo, pois este é o fator de validade para a 
solidariedade (tanto o protesto, quanto o prazo). 
 
Obs.: Em 2002 entrou em vigor o novo Código Civil que criou um capítulo sobre Títulos de Crédito, 
sendo que já havia leis especiais sobre certos títulos específicos (cheque, duplicata, etc.). Então, para 
quê a previsão dos títulos de crédito no Código Civil de 2002? Há no CC/02 o art. 903 o ditame de que o 
presente código só regula os títulos de crédito que não tem lei especial, havendo lei especial, este 
prevalece. Assim, leis especiais anteriores ao código continuam em vigor e sobrevindo nova lei especial 
tratando sobre algum título de crédito em específico, esta também prevalecerá. Então qual a finalidade 
do CC/02 tratar os títulos de crédito? Serviria para dois propósitos: 
 
1º. Criar uma teoria geral dos títulos de crédito. Assim permite-se criar um título de crédito 
atípico às leis especiais, mas que será regido pelo CC/02. 
2º. Suprir eventuais lacunas da lei especial. 
 
Letra de Câmbio 
 Característica: é um título de crédito no qual uma pessoa (chamada sacador) declara que 
outra pessoa (chamada sacado) pagará a outrem (chamado tomador) uma quantia certa, 
podendo estipular local e data para o pagamento. 
 
 Letra de cambio 
Sacador Tomador 
 (garantidor) (beneficiário, credor) 
 
 Ordem de 
 pagamento 
 
 
Sacado (devedor, uma vez aceito) 
6 
 
 
 
O sacador ou emitente é aquele que emite a letra, aquele que dá a ordem de pagamento para o 
sacado e responde pelo não cumprimento por parte deste. O sacado, por sua vez, é aquele a 
quem é dirigida a ordem de pagamento, mas só se torna obrigado a cumprir essa ordem se 
assumir a obrigação assinando o título. Por derradeiro, temos o tomador ou beneficiário que é o 
credor originário do título, isto é, que vai receber o valor constante do título. Em síntese: o 
sacador dá uma ordem ao sacado para que ele pague determinada quantia ao beneficiário. 
 
 Regra Legal: Considerando a importância das letras de câmbio para o comércio 
internacional, percebeu-se a necessidade de uma uniformização no tratamento dos títulos, 
especialmente na letra de câmbio. Tal uniformização era necessária para facilitar as trocas 
econômicas realizadas entre vários países. Havia um conflito, quanto a essas relações 
internacionais, de qual lei deveria prevalecer se, por exemplo, do Japão, Brasil ou EUA. 
 
Japão Brasil 
 (sacador) (tomador) 
 
 
 EUA 
(sacado) 
 
Em 1930 houve uma convenção realizada em Genebra, com a participação de vários países para 
unificar o tratado sobre a Letra de Câmbio. Foi então feito a Lei Uniforme sobre Letras de 
Câmbio, que ficou conhecido como Lei Uniforme de Genebra (LUG), representando a tentativa 
de uma legislação comum entre vários atores do comercio internacional. 
 
Dada a dificuldade natural de um consenso sobre todos os pontos da legislação, se houve por 
bem distinguir dois tipos de normas na LUG, quais sejam: as necessárias e imprescindíveis à 
uniformização, isto é, de aceitação obrigatória pelos signatários, e as não necessárias, em relação 
às quais poderiam ser feitas reservas. Em suma, nem todo o texto da LUG precisa ser seguido 
pelos países signatários. 
 
Todavia, a LUG não foi ratificada de imediato pelo Brasil e o que vigorava, nesse ínterim, era o 
Decreto 2.044/1908(Define a letra de câmbio e a nota promissória e regula as Operações 
Cambiais). Porém, na década de sessenta, com fortes pressões da comunidade internacional, a 
Lei Uniforme sobre Letras de Câmbio foi ratificada em 1966. 
 
Na ditadura, o ditador Castello Branco, então presidente, ratificou o tratado através do Decreto-
Lei 57.663/66 (Promulga as Convenções para adoção de uma lei uniforme em matéria de letras 
de câmbio e notas promissórias), tendo o anexo I trazido o texto da LUG e o anexo II trazido as 
reservas que poderiam ser feitas a esse texto. É bom ressaltar que o texto adotado no Brasil é 
uma cópia, com pequenas diferenças, da tradução portuguesa, a qual é objeto de grandes 
críticas também em Portugal, pela imprecisão da terminologia adotada. Logo, tem que se 
estudar o anexo I do Decreto-Lei 57.663 e não a sua redação diretamente. 
 
7 
 
 
 
 
 Requisitos: os títulos de créditos são documentos de legitimação que possuem toda uma 
proteção especial em razão disso, nem todo documento pode ser considerado um título de 
crédito. Nesta matéria, vige o formalismo, pelo qual um documento só será considerado título 
de crédito se atender os requisitos impostos pela lei. Desse modo, um documento só será 
considerado uma letra de câmbio se possuir os requisitos determinados pela legislação. 
 
Dentre esses requisitos impostos por lei, podemos diferenciar os requisitos essenciais, que não 
podem estar ausentes de forma alguma, e os requisitos não essenciais, ou, a nosso ver, melhor 
chamados como supríveis, em relação aos quais há uma opção, isto é, o requisito pode estar 
ausente desde que seja suprido por outra indicação. 
 
 Requisitos Essenciais: são os requisitos que não podem faltar em nenhuma hipótese, sob 
pena de não estarmos diante de uma letra de cambio. A falta dos requisitos essenciais torna o 
título um mero documento probatório e não uma letra de câmbio. 
 
1º. Cláusula Cambial: conforme artigo 1º da LUG, o documento deve conter menção ao 
termo “letra” na declaração de vontade. Diante da variedadede títulos de crédito, é 
fundamental identificar qual é o título que está representado naquele documento e nada 
mais lógico do que identifica-lo pelo próprio nome, não se admitindo o uso de expressões 
equivalentes. 
 
 Exemplo: “Senhor José das Couves, pague por essa única via de letra ao senhor...”. 
 
O documento tem que deixar claro de que se trata de uma letra de câmbio, tem que estar 
descrito na declaração de vontade. 
 
2º. “Mandato” puro e simples de pagamento certo (ordem de pagamento): o correto é 
“mandado”, foi redigido erroneamente na LUG. Direcionado ao sacado. O termo “pura e 
simples” aduz que deverá ser livre de condições. Caso tenha colocado condições no 
documento, este será considerado não escrito. As condições, caso inseridas, não 
invalidam o documento, apenas serão ignorados. 
 
O termo “pagamento certo” tem que delimitar claramente o quanto deverá ser pago. A 
quantia a ser paga deverá ser especificada em algarismo e por extenso. Se houver 
8 
 
 
contradição entre o número em algarismo e o por extenso, prevalecerá a que estiver por 
extenso. 
 R$ 1.000,00 (dois mil reais) Este, o valor extenso, prevalecerá. 
 
Erros de ortografia não invalidam o documento e o seu valor, enquanto não retirar a 
certeza. 
 
3º. Tomador (nome do beneficiário): é um título “à ordem”, pois tem o beneficiário 
identificado. As letras de cambio não podem ser títulos ao portador e, por isso, é 
fundamental indicar o nome da pessoa que deve ser paga (tomador ou beneficiário). 
 
4º. Sacado: deve indicar a quem a ordem é dirigida, isto é, o título deve identificar o sacado. 
Essa indicação do sacado não lhe traz qualquer responsabilidade, a qual decorrerá do 
eventual aceite firmado no título. 
 
5º. Data de emissão: também deve constar de uma letra de câmbio a data na qual ela foi 
sacada. Tal marco temporal é importante para aferir, por exemplo, a capacidade de o 
sacador se obrigar no momento em que emitiu o título. 
 
6º. Assinatura do sacador: Nos títulos de crédito, como a letra de câmbio, a fonte da 
obrigação cambiária é uma declaração unilateral de vontade, a qual, deve constar do 
documento. Assim, é requisito essencial da letra de câmbio a assinatura do sacador, vale 
dizer, a declaração unilateral de vontade apta a fazer nascer o título. 
 
 Requisitos não-essenciais (requisitos supríveis): a LUG indica outros três cuja ausência 
não afasta necessariamente a validade do documento como letra de câmbio. Nesses casos, sua 
ausência pode ser suprida por outros elementos da letra ou pela própria lei. 
 
1º. Época de pagamento (data de vencimento): se a letra de cambio for emitida sem essa 
informação, quando o pagamento deverá ser feito, a letra será considerada vencível à 
vista. Presume que o título vence contra apresentação ao sacado. 
 
Obs.: nessa situação a letra deve ser apresentada em até 1 (um) ano da data de emissão. 
 
A data de pagamento não precisa ser detalhada, mas precisa ser inequívoca. Não pode 
trazer dúvidas. 
 Natal de 2018 – é determinável. 
 Carnaval de 2019 – é determinável. 
 Meados de dezembro – é determinável, pois pela LUG é no dia 15 para a Letra 
de câmbio. 
 Início de setembro – é determinável, é o primeiro dia. 
 Final de setembro – é determinável, é o último dia. 
 
Obs.: Vencimento em feriado: é prorrogado para o primeiro dia útil. Dia útil, pela LUG, é 
o dia de expediente bancário normal (frise-se: normal). 
 25 de dezembro = 26 de dezembro se não for sábado ou domingo. 
 
9 
 
 
2º. Do lugar do pagamento: há uma liberdade entre os negociantes para definir o local do 
pagamento. 
 Do Brasil, define que na Rússia será o local do pagamento. 
 
Todavia, caso não se indique o lugar de pagamento, a letra deve ser paga no local ao lado 
do nome do sacado e que também será considerado o seu domicílio. Não havendo 
nenhuma das duas indicações, o documento não vale como letra de câmbio. 
 
3º. Lugar de emissão: o local de emissão, que serve especialmente para identificar a 
legislação aplicável àquele título. A cobrança será regulada pelas normas do lugar do 
pagamento. Com relação ao funcionamento, será regulado pelo lugar da emissão da 
letra. 
 
Caso essa informação não conste do título, considera-se como tal o local indicado na 
qualificação do sacador (normalmente o seu próprio endereço). 
 
Obs.: Campos em branco: podem ser preenchidos pelo portador do título (art. 10 da LUG). 
 
 Declarações cambiárias: Uma letra de câmbio representa, em última análise, uma 
declaração de vontade do sacador (saque), no sentido de ordenar ao sacado o pagamento de 
determinada quantia em proveito do beneficiário. A par dessa declaração, que sempre existirá, 
podem surgir outras declarações de vontade na letra de câmbio, com a intenção de assumir a 
obrigação pelo pagamento do título (aceite), de transferir o título (endosso), ou de garantir o 
pagamento desse título (aval). 
 
Todas essas declarações de vontade que se fazem no título são chamadas de declarações 
cambiais. O saque é declaração originária e necessária porque o título surge graças a ele. O 
aceite, o endosso e o aval são declarações cambiárias eventuais ou sucessivas, na medida em 
que não precisam existir em um título. 
 
 Aceite: 
 
1º. Conceito: é o ato unilateral do sacado por meio do qual ele manifesta concordância com 
a ordem de pagamento que lhe é atribuída e se torna o devedor direto (devedor principal 
não tem direito a reembolso) de um título de crédito. O aceite é sempre facultativo e 
representa o “ato formal segundo o qual o sacado se obriga a efetuar, no vencimento, o 
pagamento da ordem que lhe é dada”. 
 
Em suma, o aceite é a manifestação de vontade do sacado no sentido de que irá pagar a 
letra, ou seja, é o ato pelo qual ele assume o compromisso de cumprir a ordem que lhe foi 
dada. Sem o aceite o sacado é um mero nome constante do título. Com o aceite ele se 
torna obrigado a pagar o título. De qualquer forma, trata-se de uma declaração cambiária 
sucessiva e acessória, vale dizer, não essencial, pois a letra existe mesmo que não haja o 
aceite. 
 
2º. Efeitos: com o aceite ocorrem dois efeitos: 
I. O sacado passa a ser chamado de “aceitante”; 
II. O sacado se obriga ao pagamento no vencimento, como devedor principal. 
 
10 
 
 
Obs.: O aceite não exonera o sacador, mas o torna devedor indireto (ou coobrigado). 
 
3º. Local e forma do aceite: Para simplificar e agilizar a atuação do sacado, a legislação 
presume como aceite a simples assinatura do sacado na frente do título, no anverso da 
letra de câmbio, mesmo sem qualquer indicação. Gera presunção absoluta, não podendo 
ser contestado no Dir. Cambial. Caso o sacado assine o título no verso, tal assinatura só 
será considerada um aceite se for complementada por uma declaração (não há fórmula 
solene) que indique que aquela assinatura é um aceite, como expressões do tipo 
aceitação, aceitante ou de acordo. 
I. Apresentação do título ao sacado, que deverá ser feito até a data de 
vencimento do título: é obrigação do credor procurar o sacado e confirmar o 
aceite. Se ele não buscar o aceite e vencer o dia de pagamento, o credor perde o 
direito de crédito contra todos (perde o crédito cambial, sua validade enquanto 
letra de câmbio). Se o título não tiver data, é vencível à vista. No ato da 
apresentação em até um ano de sua emissão ao sacado. 
II. O sacado pode exigir a representação no dia útil seguinte: Apresentado o título 
ao sacado para o aceite, ele pode ter a intenção de confirmar a autenticidade e o 
dever de assumir tal obrigação. Assim sendo, o sacado tem o direito de pedir a 
reapresentação do título no primeiro dia subsequente, garantindo-se assim a 
oportunidade de o sacado confirmar o que foi combinado com o sacador. Trata-
se de um direito dosacado, logo, não há possibilidade de negativa a tal pedido. 
Se o credor procura o sacado no dia do vencimento do título e o sacado pede 
para ele voltar no outro dia, onde o título já terá vencido, o beneficiário, ante o 
pedido de reapresentação, terá que colher prova no próprio título (documentos 
avulsos e provas outras não valem, princípio da literalidade). 
 
4º. Data do aceite: não é requisito obrigatório. Uma vez proferido o aceite, presume-se que 
foi antes do vencimento. Presunção absoluta. Caso o sacado receba após a data de 
vencimento, ele tem que informar a data no título. Caso não coloque, ainda que afirme 
ter recebido, prevalece a lei que diz que foi antes, mesmo que com testemunhas. 
 
5º. Aceite deve ser puro e simples: ou aceita ou não. Não pode haver condições e nem 
ressalvas. Mas há três exceções: 
I. Aceite parcial: onde o sacado assina e detalha qual valor ele aceita se 
responsabilizar, até qual montante. 
II. Indicação de outro lugar de câmbio: o sacado pode indicar outro lugar. 
III. Indicação de outra pessoa para efetivar o pagamento: não está transferindo a 
responsabilidade do pagamento, ainda é responsável, apenas indicando outro que 
efetuará o pagamento. Não é uma transferência de responsabilidade, mas apenas 
quem vai pagar. Ex. Preposto. 
 
Qualquer outra condição ou ressalva considera-se não escrita. Ou seja, caso haja condição 
ou ressalva, o título não será anulado, apenas será afastado a condição e tal título será 
considerado puro e simples com as informações dele constante. 
 
6º. Recusa do aceite: é uma prerrogativa do sacado. Nas letras de câmbio, o aceite não é 
obrigatório, isto é, o sacado tem a faculdade de aceitar ou não a ordem que lhe foi dada. 
Sua simples indicação como sacado não lhe imputa qualquer responsabilidade, cabendo 
a ele assumir ou não responsabilidade pelo pagamento do título. 
11 
 
 
 
Mesmo que o sacador seja credor dele, ou tenha remetido dinheiro para ele, é o sacado 
que escolhe se irá ou não responder pelo pagamento do título. Caso o sacado dê o 
aceite, ele se torna devedor principal e direto do título. Caso não dê o aceite, não surge 
qualquer obrigação da sua parte, isto é, ele não integra a relação cambiária. Para o 
sacado, a recusa do aceite não gera qualquer efeito. 
 
Efeitos da recusa: 
I. Exoneração total do sacado como devedor cambial. 
II. O sacador se torna o devedor principal. 
III. Vencimento antecipado da letra de câmbio. Todos os que assinaram o título e se 
tornaram devedores da letra (sacador, endossantes e avalistas) serão chamados a 
pagar o título imediatamente, mesmo antes da data prevista, pois garantiram que 
o sacado iria aceitar e efetuar o pagamento. 
 
Todavia, para exercer esse direito da cobrança antecipada do título, exige-se que o 
beneficiário prove essa recusa do aceite. Tal prova, contudo, deve ser feita de forma 
solene, isto é, a lei exige como prova da recusa do aceite o protesto lavrado pelo 
competente cartório (LUG – art. 44). Não basta a declaração de recusa do sacado, a prova 
da falta de aceite será sempre feita pelo competente cartório de forma solene, atestando 
de forma indiscutível essa ausência do aceite. 
 
Obs.: se há apenas o aceite parcial, o valor remanescente que não foi aceito, tem que ser 
protestado. 
 
7º. Retenção do título pelo sacado: A apresentação para aceite envolve a colocação 
material do título à disposição do sacado, não sendo suficiente a mera notificação do 
sacado para que dê o aceite. Nesse caso, a legislação não estabelece o prazo no qual 
deverá haver a devolução do título, sendo razoável entender-se que o prazo é de 24 
horas, caso não haja nenhum prazo combinado entre as partes. Passado esse prazo, a 
retenção do título se mostra indevida, autorizando o beneficiário a lançar mão de 
medidas para reaver o título. Com a revogação do procedimento especial para reaver o 
título, as medidas tomadas nesse sentido se inserem dentro das medidas gerais da tutela 
de urgência, no sentido da busca e apreensão do título. 
 
 Endosso: 
 
1º. Conceito: meio de transferência cambial do crédito mencionado a letra de câmbio. A 
cessão de crédito não se confunde com o endosso. São institutos diferentes. 
 
 
Sacador Tomador endossatário 
 Endossante 
 endosso 
Sacado 
Aceitante 
 
12 
 
 
 
 
2º. Forma e local: Basta a assinatura do detentor no verso do título + entrega do original do 
título ao endossatário (princípio da cartularidade). Para simplificar e agilizar o endosso, 
entende-se que a simples assinatura do beneficiário no verso (dorso) do título é 
suficiente para representar a manifestação de vontade apta a transferir o título. Embora 
esse seja o padrão formal para o endosso, é certo que nossa legislação admite uma 
segunda forma para tal declaração de vontade. Também vale como endosso a 
assinatura do beneficiário na face (anverso) do título, desde que acompanhada de 
alguma expressão que demonstre que a intenção ali era transferir o título (Pague-se a, 
Transfiro para...). 
 
Caso o espaço no documento não seja suficiente para realizar o endosso, deve-se colar 
uma folha de papel (anexo, alongue ou alongamento) ao título e realizar o endosso 
nessa folha, que, para todos os efeitos, é o próprio título de crédito. 
 
Obs.: o aceitante não tem que conferir a autenticidade da assinatura, apenas se há o 
endosso no verso do original do título. O aceitante, portanto, precisa do original + 
endosso (endosso, assinatura). 
 
3º. Endosso modal: endosso com termo, encargo ou condição. 
I. Termo: É o momento em que começa ou se extingue a eficácia do negócio 
jurídico, podendo ter como unidade de medida a hora, o dia, o mês ou o ano. 
II. Encargo: subordina a um ônus, uma obrigação. 
III. Condição: condicionado a evento futuro e incerto. 
 
Juridicamente, não é possível no Direito Cambial. Se tiver esses “elementos acidentais”, 
estes serão considerados não escritos, será subsumido como título puro e simples. 
 
4º. Espécies: O endosso pode identificar ou não a pessoa que vai receber o título. Ao 
endossar o título, o beneficiário deixa de ser o credor daquela obrigação, passando a 
assumir outra condição, a de endossante. A condição de credor pertencerá a quem 
recebe o título por meio do endosso, o endossatário. A indicação ou não do nome do 
endossatário permitirá qualificar o endosso, como em branco ou em preto. 
 
I. “Em preto”: No endosso em preto, o endossante indica a quem está sendo 
transferido o título, isto é, é mencionado o endossatário do título. Identifica o 
endossatário. 
II. “Em branco”: não identifica o endossatário. Não mencionando o nome do 
endossatário, estamos diante do endosso em branco, que só poderá ser lançado 
no verso do título (LUG – art. 13). Neste caso, o título pode passar a circular como 
se fosse ao portador, isto é, a simples tradição do documento pode ser suficiente 
13 
 
 
para transferi-lo. O título não se torna ao portador, uma vez que já houve a 
indicação de um beneficiário para o título, apenas sua circulação passa a seguir as 
regras dos títulos ao portador. 
 
O endosso em branco, libera o endossatário de eventual responsabilidade, vez 
que não aparecerá na cadeia cambial. 
 
Sacador tomador “em branco” 
 Endossante endossatário 
 
Aceitante Endosso 
 
5º. Verificações obrigatórias do devedor direto de um título endossado: 
 
I. Exigir a exibição do título original + 
II. Verificar a regularidade da cadeia dos endossos. 
Obs.: não á obrigação de conferência da autenticidade das assinaturas. 
 
Havendo irregularidade, o aceitante não é obrigado a pagar. 
 
José Ricardo Júlio Gomes João Silva 
Sacador tomador _ _ ? _ _ endossatário/endossante 
 Endosso? 
 
Bruna Joaquim Barbosa 
Aceitanteendossatário/endossante 
 
 
 
 Pedro Augusto 
 endossatário 
 
 
Na cadeia acima, pode-se observar que falta o endosso do tomador Ricardo para o Júlio, 
logo é uma cadeia cambial irregular. Portanto, o aceitante não é obrigado a cumpri-lo. 
 
6º. Responsabilidade do endossante: como regra, o endossante garante o pagamento do 
título se o devedor principal não pagar. Exceção: é possível o endosso “sem garantia” por 
decisão do endossante. 
 Escreve na letra de câmbio: “...endosso sem garantia” ou “sem 
responsabilidade”. 
 
 Aval: 
 
1º. Conceito: Declaração cambial unilateral prestada por terceiro (chamado avalista), 
prometendo ao credor que saldará o débito caso o devedor principal não o faça no 
vencimento. 
Obs.: o aval pode ser total ou parcial. 
 
Letra de cambio (verso) 
Júlio Gomes 
João Barbosa 
Joaquim Augusto 
14 
 
 
2º. Aval X Fiança: Embora ambos sejam garantias pessoais, é certo que não há uma 
identidade entre os dois institutos, que se diferenciam em diversos aspectos. 
 
 
Aval Fiança 
Tipo de obrigação Títulos de Crédito Contrato 
Natureza Jurídica Declaração Cambial Declaração bilateral (contratual) 
Troca do garantidor 
insolvente ou 
incapaz 
Não pode ser exigida a troca Pode ser exigida a troca 
Solidariedade Regra (solidariedade cambial) 
Não é regra. A regra é subsidiária. Exceção: 
"opção" do fiador pela solidariedade. 
Benefício de ordem 
e benefício de 
divisão 
Não existe 
Haverá para o fiador se a obrigação for 
subsidiária. 
Possibilidade de 
cobrança pelo 
garantidor 
Não é possível Possível 
Limitação de tempo 
da garantia 
Impossível Possível 
Garantidor casado Polêmico Necessária a outorga conjugal 
 
Polêmica: Há duas posições do STJ para o mesmo assunto: 
 
1. Posição de uma turma do STJ no sentido de que necessita da outorga conjugal, pois as leis 
especiais são omissas. 
 
2. Há outra posição aduzindo que, títulos em espécies ou típicos (que tem lei especial), não é 
necessária a outorga conjugal. Entendo que se a Lei Especial nada regulou nesse sentido, é 
porque não é necessário. 
 
3º. Avalista: Qualquer pessoa capaz, inclusive quem já é obrigado. 
 
4º. Forma e local do aval: No próprio título. Se for no 
Anverso (face): Basta a assinatura do avalista. 
Verso: Assinatura do avalista + explicação da intenção. Ex.: “por aval”. “por garantia”. 
 
Como saber se a assinatura na frente do título é o aceite ou o aval? Se a assinatura na face do título for 
do sacado, será um aceite; se for de qualquer outra pessoa, presume-se que se trata de um aval. 
 
5º. Avalizado: A pessoa por quem se dá o aval é chamada de avalizado, cuja identificação é 
fundamental para definir os contornos do direitos e dos deveres do avalista. O avalista se 
obriga nos mesmos termos de quem for o avalizado. 
 
Sacador Tomador 
 
Sacado João 
 
 (avalizado) José Pedro (avalista) 
 
 Maria 
15 
 
 
Se Pedro for avalista de José, nesse caso, a única pessoa que pode cobrar Pedro é a Maria. José não 
cobrar o avalista, pois o avalizado não pode cobrar o avalista. 
 
Todavia, suponha-se que Pedro seja o avalista do tomador, nesse caso, Pedro poderá ser cobrado por 
Maria, José e João. 
 
I. Quem deverá indicar o avalizado é o avalista. 
 
Lembrando que a obrigação do avalista não é subsidiária, ele “figura” como devedor solidário, logo, se 
ele pagar a dívida, ele poderá se voltar contra os outros. O avalista pode cobrar até mesmo o avalizado, 
bem com todos anterior a ele. 
 
II. Se o avalista não indicar o avalizado. 
 
Se o avalista não indicar quem será avalizado, a lei indicará. E nesta toada, define a lei que o avalizado 
será o aceitante. Caso o título não tenha aceitante, presume-se avalizado o sacador. 
 
6º. Responsabilidade do avalista: o avalista é devedor solidário do título de crédito, no 
sentido de que ele será obrigado a pagar a integralidade da obrigação, mesmo que o 
avalizado possua bens. Além de ser um devedor solidário, ele poderá ser um devedor 
principal ou indireto, uma vez que ele responde da mesma forma que o avalizado. 
 
7º. Unilateralidade do aval: Art. 32 da LUG. Ou seja, mesmo que o avalizado, por alguma 
razão, saia da cadeia cambial, o avalista continua coobrigado, a responsabilidade dele é o 
crédito e não o avalista. 
 
8º. Aval parcial: O aval parcial é perfeitamente admitido, ou seja, o avalista pode garantir o 
pagamento de apenas uma parte da obrigação constante do título (LUG - art. 30). 
 
9º. Direito de regresso (reembolso): existe contra os coobrigados anteriores ao avalista na 
cadeia cambial. O avalista ocupa na letra, a mesma posição do avalizado e, por isso, ao 
pagar o título, terá direito de regresso contra o avalizado e contra as mesmas pessoas 
contra quem o avalizado teria o direito de regresso. 
 
10º. Avalista casado: Depende da outorga conjugal? A LUG é silente. Todavia o CC/02 diz que 
é necessário (art. 903). O STJ entendia que sim, era necessário a outorga. Porém, mais 
recentemente uma turma do STJ entendeu que não precisa da outorga, pois se a LUG nada 
regulou é porque não precisava. Portanto, se é necessário ou não a outorga conjugal, 
dependerá da turma colegiada. 
 
 Pagamento: 
 
1º. Conceito: chegado o vencimento, a princípio, deve ocorrer pagamento da obrigação, isto 
é, deveria ser cumprida a ordem que foi dada na letra de câmbio, aqui entendida como a 
entrega do dinheiro. Tal ato representa a forma normal de extinção das obrigações 
assumidas em um título de crédito. 
 
16 
 
 
2º. Apresentação: Nos títulos à vista, a apresentação deverá ocorrer até um ano após a 
emissão do título. Nos demais tipos de vencimento, a apresentação deve ser feita no dia 
do vencimento ou em um dos 2 dias uteis seguintes. 
 
3º. Vencimento antecipado (art. 43, LUG): Normalmente a letra de câmbio só vence na data 
nela designada. Todavia, determinados fatos podem provocar o seu vencimento 
antecipado. 
I. Recusa do aceite (formalizada pelo protesto1) 
II. Falência do sacado 
III. Insolvência do sacado 
IV. Liquidação extrajudicial do sacado 
 
4º. Pagamento antecipado: O devedor pode ter o interesse de pagar o título 
antecipadamente, nesse caso, o credor não é obrigado a receber antes do vencimento da 
letra. 
 
5º. Obrigações do devedor: Devido à alta rotatividade da letra, muitas vezes o devedor já 
não sabe mais quem é o credor. Por isso é necessário o devedor se assegurar ao fazer o 
pagamento, pois quem paga mal, paga duas vezes. Assim, a LUG criou um rol das 
“verificações” que o devedor deverá fazer ao efetuar o pagamento: 
I. Exigir o original do título. Após o pagamento, reter o original do título. 
Obs.: se o credor não puder entregar o título, deve então escrever na letra que 
recebeu o pagamento. 
II. Conferir a regularidade da cadeia de endosso (explicado na pág. 13). 
 
6º. Pagamento parcial: o credor não é obrigado a receber o pagamento parcial. Ao contrário 
do Dir. Contratual onde, por uma ação de consignação de pagamento, pode força o 
credor a receber parcialmente a princípio. 
 
Se o credor concordar receber parcialmente, deve escrever no próprio título que recebeu 
aquele valor pago. 
 
7º. Devedores: 
 
I. Devedor direto (principal): 
 Aceitante: é aquele a quem a ordem é dada, contra quem a ordem é dirigida. 
Obs.: O sacador poderá ser devedor principal se a letra não for aceita. 
 
II. Devedor indireto (coobrigados): 
 Sacador (se a letra for aceita): é aquele que dá a ordem, aquele que cria e emite a 
letra, dando a ordem de pagamento - é também denominado credor. 
 Endossantes: a pessoa que endossa o título, chamada endossante, transfere a outrem 
chamado endossatário, a propriedade da letra. 
 Avalistas: é alguém chamadopara tomar a pior posição do negócio, a de simplesmente 
prometer pagar. A rigor, o avalista garante a prestação da pessoa que indica, ou seja, 
promete adimplir a obrigação de pessoa cera. 
 
 
1
 Protesto: É a prova literal de que o título foi apresentado para aceite ou para pagamento e nenhumas dessas providências 
foram atendidas pelo sacado. 
17 
 
 
 Ações judiciais 
 
Caso o título não seja pago no vencimento, poderá ser realizado o protesto, o qual, contudo, é apenas 
um meio de prova. Para receber a obrigação não paga, o caminho indicado é o Poder Judiciário. Dentre 
os caminhos oferecidos para a busca da satisfação do crédito, o meio normal de buscar a satisfação 
desse crédito é a chamada ação cambial. 
 
1º. Ação cambial: ação de execução. 
 
2º. Foro competente: o foro competente para processar a ação cambial é o do local do 
pagamento. 
 
3º. Prazos prescricionais: a ação cambial terá prazos diversificados de acordo com o titulo 
exequendo e com a pessoa executada. Impende ressaltar que os prazos aqui narrados se 
referem apenas à execução, não abrangendo outras ações que podem ser usados pelo 
credor dos títulos de crédito. 
I. Devedor direto: Três anos contado do vencimento, contra o devedor principal 
(aceitante e seus avalistas). 
II. Devedores indiretos: Um ano contado do protesto, contra os devedores 
indiretos (sacador, endossantes e respectivos avalistas). No caso dos devedores 
indiretos, a obrigação solidária surge a partir do protesto, antes disso são só 
devedores em potenciais, tanto que, não sendo protestado o título, este perde 
os efeitos e não poderá cobrar os solidários. 
III. Direito de regresso: Seis meses contados do pagamento ou do ajuizamento da 
ação, para o exercício de direito de regresso por aquele que pagou contra os 
demais codevedores. 
 
Obs¹.: se for cobrar todo mundo da cadeia cambial, usa-se o menor prazo, no caso, a de um ano. Pois se 
considerar três anos, prescreverá o prazo de um ano contra os devedores indiretos. 
 
Obs².: se o credor perder esses prazos, não mais poderá mover a ação cambial, repise-se que é a ação 
cambial. Porém, não deixará de ser credor, podendo utilizar-se dos meios civis. A exemplo, poderá 
mover a Ação Fundamental (rito comum), todavia, somente em face daquele com quem manteve a 
relação jurídica que ensejou o título. 
 
Sacador Tomador 
 Negócio que ensejou o pagamento pelo endosso do título. 
 endossos 
Aceitante A B C 
 
C só poderá cobrar, na ação fundamental, de B, 
com quem teve uma relação jurídica. 
 
 Nota promissória 
 
 Conceito: Trata-se de uma promessa direta do devedor ao credor e, nisso, se apresenta sua principal 
diferença em relação à letra de câmbio. Na nota promissória, quem cria o título assume o compromisso 
de pagar diretamente a obrigação que está ali incorporada, não dando qualquer ordem à terceiro. 
18 
 
 
Nela intervêm necessariamente dois sujeitos: o emitente ou promitente e o beneficiário ou tomador. O 
primeiro é aquele que assume o compromisso de pagar certa quantia, é o devedor principal do título. Já 
o beneficiário é aquele quem se deve paga, isto é, o credor da promessa de pagamento. 
 
 Emitente Beneficiário 
 
 
 Endossos 
 A B C 
 
 Avalista 
 
 Regulada pela LUG: Como em todo título, um documento só poderá ser considerado uma nota 
promissória se contiver os requisitos impostos pela legislação (LUG – art. 75). 
 
 Requisitos: 
1º. Clausula cambial: o primeiro requisito essencial, comum a todo título, é a identificação do nome 
do título, chamada de cláusula cambial. Assim, para a nota promissória é essencial que o 
documento possua a denominação “nota promissória”. 
 
2º. Promessa pura e simples de pagar quantia certa: em toda nota promissória deve haver uma 
promessa de pagamento, o emitente deve prometer ao beneficiário pagar determinada quantia 
no vencimento. 
I. Deve se tratar de uma promessa pura e simples, isto é, sem condições ou encargos. Se 
tiver condições ou encargos no título, estes serão considerados não escritos. 
II. Quantia por extenso. Não é obrigatório colocar em algarismos. Caso se coloque também 
em algarismos e est entre em contradição com o número por extenso, prevalecerá a do 
por extenso. 
 
3º. Época do vencimento: Ausência dessa data o vencimento será à vista. Obs.: o não pagamento é 
provado pelo protesto. 
 
4º. Lugar do pagamento: o local onde o emitente deve honrara promessa que foi feita. Na falta de 
indicação desse lugar: 
I. Considera-se o lugar de emissão, onde o título foi passado; 
II. Na falta do anterior, o lugar será considerado o lugar do domicílio do emitente. 
 
5º. Beneficiário: requisito essencial é o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga. 
Nossa legislação não admite a nota promissória ao portador e, nessa condição, é essencial 
identificar o credor originário que poderá receber a promessa, ou transferir o direito de receber 
a referida promessa. 
 
 
 
19 
 
 
 Diferenças: Nota promissória e letra de câmbio 
1º. Nota promissória não tem aceite. 
2º. As referencias da LUG ao “aceitante” se aplicam ao emitente. 
3º. Aval sem indicação do avalizado se considera como tal o emitente. 
 
 Cheque 
 
 Conceito: É uma ordem de pagamento dada por uma pessoa (emitente ou sacador) que mantém 
contrato com uma instituição financeira (sacado) para que essa pague, imediatamente, determinada 
quantia a beneficiário indicado ou a sua ordem. É ordem de pagamento à vista. 
1º. Emitente: é aquele que dá a ordem para efetuar o pagamento, em razão dos fundos disponíves 
na conta de depósito mantida junto ao sacado. 
2º. Sacado: é a instituição financeira a quem é dada a ordem de pagar, a vista dos fundos do 
emitente mantidos em conta de depósito. 
3º. Beneficiário (tomador ou portador): é aquele que tem o direito de receber o valor constate do 
título. 
 
 Emitente Sacado 
 
 
 Beneficiário 
 
 Regra legal: Há dois níveis de regulamentação: 
1º. A Lei nº 7.357/85 (Lei do Cheque) – representa a atual disciplina do cheque, observadas a lei 
uniforme de Genebra sobre cheques. Mas no texto dessa lei de cheque, o art. 69 criou um 2º 
nível de legislação; 
2º. Consta expressamente a atribuição de certos poderes para o Banco Central (Conselho Monetário 
Nacional - CMN), estipule regras complementares. 
 
 Talonário de cheque: requisito obrigatório, o próprio banco fornece as folhas de cheques. 
 
 Requisitos: 
1º. A cláusula cambial: a denominação “cheque” no texto do título. 
 
2º. Ordem incondicional: (não pode criar condições) de pagar quantia certa. A indicação do valor do 
cheque, deverá ser feita em algarismos e por extenso, prevalecendo esta última no caso de 
divergência. Se vincular o cheque a alguma condição, essa condição será considerada não escrita, 
principalmente se vinculam o pagamento a certa data, que é o caso do cheque pré-datado. O 
“bom para” é desconsiderado no título de crédito. 
 
 
20 
 
 
3º. Indicação do sacado: outro requisito do cheque é o nome do banco sacado, isto é, daquele a 
quem a ordem é dirigida. Como é o sacado que deverá efetuar o ato do pagamento, é essencial 
que ele seja conhecido, para que o credor do cheque possa apresenta-lo para pagamento. 
 
4º. Lugar do pagamento: Cidade (serve para saber onde será ajuizada a ação). Se essa informação 
estiver ausente é considerado o endereço do sacado. 
 
5º. Data de emissão: é fundamental que conste a data de emissão do cheque, para aferir a 
capacidade do emitente no momento da assinatura do cheque, bem como para aferir oprazo de 
apresentação do cheque e, consequentemente, o prazo prescricional. Passando o prazo de 
apresentação, começa a correr o de prescrição. Ao final do prazo de apresentação começa o de 
prescrição, que é de 6 meses. Se passar o prazo, perde o direito. Se a data for ilegível ou 
inexistente, não é valido o cheque. 
 
6º. Lugar de emissão: tal indicação é fundamental para saber qual será o prazo de apresentação. 
I. Prazo de 30 dias: cheque na mesma cidade de pagamento. 
II. Prazo de 60 dias: cheque emitido em cidade diferente do pagamento. 
 
7º. Assinatura do emitente: é requisito a assinatura do emitente de próprio punho ou por meio de 
procurador com poderes especiais. Tal assinatura poderá ser impressa por uma chancela 
mecânica (ex. carimbo, impressora), obedecidos os parâmetros das normas regulamentares. 
I. O banco sacado tem que conferir a autenticidade da assinatura do emitente. Somente o 
cheque é o único título de crédito que exige a conferência da assinatura pelo sacado.

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