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CCJ0009 - Teoria e Prática da Narrativa Jurídica (Caso Concreto 1)

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CCJ 0009 - Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
Caso Concreto 1 
Sabemos que uma das expectativas dos estudantes do Curso de Direito é iniciar, quanto antes, a produção das 
principais peças processuais, em especial a petição inicial. As disciplinas Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
(segundo período), Teoria e Prática da Argumentação Jurídica (terceiro período) e Teoria e Prática da 
Redação Jurídica (quarto período pretendem, juntas e progressivamente, ajudar você a desenvolver todas as 
habilidades e competências necessárias à consecução dessa tarefa, em especial: a) organização das idéias; b) 
seleção e combinação de informações; c) produção convincente dos argumentos; d) identificação das 
características estruturais de cada peça; e) redação em conformidade com a norma culta da língua etc. Para isso, é 
necessário, em primeiro lugar, identificar a macroestrutura linguística da peça, bem como os requisitos impostos 
pelo art. 282 do CPC: 
 
Art. 282 do CPC ? A petição inicial indicará: 
Inciso I-o juiz ou tribunal, a que é dirigida; 
Inciso II-os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu; 
Inciso III-o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; 
Inciso IV-o pedido, com as suas especificações; 
Inciso V-o valor da causa; 
Inciso VI-as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; 
Inciso VII-o requerimento para a citação do réu. 
No mesmo sentido, vejamos quais os requisitos exigidos, por exemplo, para a sentença. 
 
Art. 458 do CPC - São requisitos essenciais da sentença: 
Inciso I-O relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como o registro 
das principais ocorrências havidas no andamento do processo; 
Inciso II-Os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; 
Inciso III-O dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes lhe submeterem. 
 
Esses dois documentos ? bem como outros ? mostram-nos que há uma regularidade na organização das peças 
processuais: são indispensáveis a narrativa dos fatos importantes da lide, a fundamentação de um ponto de vista 
e aplicação da norma, em forma de pedido, decisão, etc. 
Não importa se a narrativa dos fatos será denominada ?dos fatos? (petição inicial) ou ?relatório? (sentença, 
parecer, acórdão). Também 
não cabe, neste momento, nomear a parte argumentativa como ?do direito? (petição inicial) ou fundamentação 
(parecer). Pretendemos 
apenas, nesta primeira aula, como já dissemos, que o estudante de Direito perceba que as peças processuais 
seguem, independente de 
suas peculiaridades, uma estrutura regular: narrar, fundamentar e pedir. 
Essa estrutura não existe sem motivação. Uma proposta teórica, internacionalmente conhecida, chamada Teoria 
Tridimensional do 
Direito, do jusfilósofo brasileiro Miguel Reale, defende que o Direito compõe-se de três dimensões: FATO, VALOR e 
NORMA. 
E como a universidade pensou as disciplinas de Português Jurídico diante dessa perspectiva? Adiante, uma síntese 
do que se pretende em cada matéria.Em Teoria e Prática da Narrativa Jurídica (segundo período), serão 
estudadas com profundidade todas as questões relativas à produção do texto narrativo, primeira dimensão do 
direito, que consiste na exposição de todos os fatos importantes para a adequada solução da lide. Teoria e 
Prática da Argumentação Jurídica (terceiro período) terá como objeto principal de estudo a Teoria da 
Argumentação, segundo a proposta de Chaïm Perelman, oportunidade em que as técnicas e estratégias para a 
produção do texto jurídico-argumentativo e a respectiva aplicação da norma serão minuciosamente analisadas. 
Por meio dos tipos de argumento, e todos os demais recursos linguísticos e discursivos disponíveis ao profissional 
do direito, o aluno será estimulado a defender as teses que julgar adequadas. Por fim, em Teoria e Prática da 
Redação Jurídica (quarto período), não mais produziremos isoladamente as partes narrativa ou argumentativa, 
mas uma peça inteira. Elegemos o parecer técnico-formal especialmente porque não será necessária capacidade 
postulatória para redigi-lo, ou seja, mesmo não sendo ainda advogado, em princípio, já se pode produzir esse 
documento com validade processual. 
Motivado por essa explicação, leia os casos concretos que seguem e responda à questão. 
 
Caso concreto 1 
O caso ocorreu em Teresópolis, Região Serrana do Rio de Janeiro, no ano de 2005. Uma mulher de 36 anos, 
desempregada, estava casada com um mecânico, também desempregado. Os dois moravam em um barraco de 10 
metros quadrados, junto com seus três filhos. O mais velho tinha seis anos de idade; o filho do meio, quatro; o 
caçula, um ano e meio. É importante mencionar que essa mulher, Marcela, estava gestando o quarto filho. No mês 
de fevereiro daquele ano, em decorrência das fortes chuvas, um deslizamento de terra arrastou, ladeira abaixo, o 
lar em que vivia essa família. A mãe conseguiu salvar os dois filhos mais velhos, entretanto o caçula, ainda 
aprendendo a andar, não conseguiu sair a tempo. Morreu soterrado. Por tudo o que aconteceu, Marcela entrou 
em trabalho de parto. Chegou ao hospital público mais próximo e foi submetida a uma cesariana. Assim que ouviu 
o choro do bebê, prematuro, pediu para segurá-lo um pouco no colo. A enfermeira o permitiu. Marcela beijou a 
criança e jogou-a para trás. O menino caiu no chão, sofreu traumatismo craniano e morreu. Perguntada por que 
tomara aquela atitude, disse que não gostaria que seu filho passasse por tudo o que os demais estavam passando: 
fome e miséria. Um exame realizado no Instituto Médico Legal apontou que Marcela se encontrava em estado 
puerperal[1] no momento em que matou o próprio filho. 
 
Caso concreto 2 
Este segundo caso ocorreu em São Paulo. A secretária Adriana Alves engravidou do namorado e, sem saber 
explicar por qual motivo, não contou o fato para ele; também não contou para mais ninguém. Seus pais, com 
quem morava, não sabiam de sua gravidez. Não compartilhou esse segredo com amigas ou colegas de trabalho. 
Definitivamente, ninguém conhecia a gestação de Adriana. Com o passar dos meses, Adriana não recebeu 
qualquer tipo de acompanhamento ou cuidado pré-natal especial; escondia a barriga com cintas e usava roupas 
largas. No mês de dezembro de 2006, quando participava de uma festa de final de ano, no escritório em que 
trabalha, sentiu-se mal e foi para casa. Sua intenção era realizar o parto sozinha e jogar a criança em um rio 
próximo à sua casa. Ocorre, porém, que o parto não transcorreu tranquilamente. Adriana teve complicações e teve 
de puxar à força a criança. Depois, matou-a afogada na bacia de água quente que separou para realizar o parto. 
Para se livrar da justiça, jogou a criança, já morta, no rio, enrolada em um saco preto. 
Muito debilitada, foi a um hospital buscar ajuda para si, mas não soube explicar o que aconteceu. Após breve 
investigação da Polícia, Adriana confessou tudo o que fizera. Exames comprovaram que ela não estava sob o 
estado puerperal. 
 
Questão 
a) Vimos que, em ambos os casos, as acusadas praticaram o mesmo fato (conduta), qual seja, ?matar alguém?. 
Entretanto, o Código Penal prevê diversos tipos penais para essa conduta, a depender das circunstâncias como o 
fato foi praticado. Produza uma "tabela" como a do exemplo abaixo. Indique, pelo menos, cinco artigos. 
 
Dispositivo: art. 157, § 3º do CP (latrocínio) 
Transcrição: art. 157: Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a 
pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de 
quatro a dez anos, e multa. 
§3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se 
resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. 
Comentário das especificidades:o agente tem o dolo de matar e de roubar. Nessa hipótese, o roubo é o crime-
fim, enquanto o homicídio é crime-meio. 
Dispositivo: art. 129, §3º do CP (lesão corporal seguida de morte) 
Transcrição: art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de 
produzí-lo: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
Comentário das especificidades: o agente pratica a lesão corporal de maneira dolosa e o homicídio de maneira 
culposa, ou seja, trata-se de um crime preterdoloso: dolo no antecedente e culpa no consequente. 
 
DISPOSITIVO TRANSCRIÇÃO COMENTÁRIO DAS 
ESPECIFICIDADE 
Art. 121 do CPB Matar alguém reclusão, de seis a vinte anos. 
Art. 123 do CPB Matar, sob a influência do 
estado puerperal, o próprio filho, 
durante o parto ou logo após 
detenção, de dois a seis anos. 
Art. 125 Provocar aborto, sem o 
consentimento da gestante 
reclusão, de três a dez anos. 
Art. 126 Provocar aborto com o 
consentimento da gestante 
reclusão, de um a quatro anos. 
Art. 124 Provocar aborto em si mesma 
ou consentir que outrem lhe 
provoque 
reclusão, de um a quatro anos. 
 
 
 
b) Ao perceber que as circunstâncias como a conduta é praticada influenciam substancialmente o crime imputado 
ao agente, o profissional do direito deve estar atento para selecionar todas as informações que não podem deixar 
de constar de sua exposição dos fatos. Identifique nos dois casos concretos quais informações não podem deixar 
de ser narradas e as indique em tópicos. 
 
MARCELA: 
• Deslizamento de terra 
• Perda do filho caçula 
• Estado Puerperal 
• Antecipação do parto 
• Situação socioeconômica desfavorável 
ADRIANA: 
• Escondeu a gravidez 
• Situação socioeconômica favorável 
• Planejou o crime 
• Não estava em estado puerperal 
 
c) Quais crimes praticaram Marcela e Adriana? Defenda seus pontos de vista em um parágrafo argumentativo. 
 
Marcela praticou infanticídio (Art 123, CP), visto que estava com sua consciência reduzida pelo domínio do estado 
puerperal. Adriana cometeu homicídio qualifidaco. 
 
Questões objetivas 
 
1 - Com relação à estrutura redacional da petição inicial, presente no artigo 282 do CPC, qual a opção que melhor 
representa a peça? 
 
a) endereçamento, qualificação do autor e do réu, narrativa dos fatos juridicamente relevantes do caso concreto, 
argumentação a favor da tese, pedido, provas e valor da causa. 
 
b) endereçamento, qualificação das partes, narrativa dos fatos juridicamente importantes do caso concreto, 
argumentação a favor das provas, pedido, provas e valor da causa. 
 
c) Qualificação do juiz ou do Tribunal que julgará a ação, argumentação a favor do pedido, narrativa dos fatos 
juridicamente importantes do caso concreto, pedido, valor da causa e provas. 
 
d) Qualificação pessoal do juiz, qualificação das partes, narrativa dos fatos juridicamente importantes do caso 
concreto, argumentação a favor do pedido, pedido, provas e valor da causa. 
 
RESPOSTA: "B". 
 
2 - Leia atentamente cada uma das afirmações sobre a redação da petição inicial e marque a INCORRETA. 
 
a) A petição inicial é um documento escrito elaborado pelo advogado para reivindicar os direitos de um cidadão ou 
instituição perante o Poder Judiciário, em face de outra pessoa (física ou jurídica) que responderá a processo 
judicial. 
 
b) Ainda que a petição inicial seja também conhecida como ?peça vestibular? ou ?peça exordial?, por se tratar de 
nome técnico, o ideal é não usar sinônimos para essa peça processual. 
 
c) A procedência do pedido depende das razões de fato e de direito anteriormente expostas na petição inicial. 
 
d) Não existe qualquer motivação lógica na exposição de fatos, fundamentos jurídicos e pedidos da petição inicial. 
Tal ordem é definida tão somente pela orientação do artigo 282 do CPC. 
 
RESPOSTA: "A".

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