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GESTÃO DO FATOR HUMANO UNIDADE I SUMÁRIO 1 APRESENTAÇÃO ....................................................................................... 2 2 GESTÃO DE PESSOAS: EVOLUÇÃO HISTÓRICA .......................................... 2 2.1 A Administração Científica .......................................................................................... 3 2.2 Escola das Relações Humanas ..................................................................................... 4 2.3 Relações Industriais ..................................................................................................... 4 2.4 Recursos Humanos ...................................................................................................... 4 2.5 Gestão de Pessoas ....................................................................................................... 5 3 A GESTÃO DE PESSOAS NO BRASIL ........................................................... 5 3.1 O perfil das gerações nesses últimos 80 anos (1930 – 2010) ..................................... 6 4 CADA GESTOR É UM GESTOR DE PESSOAS ................................................ 7 5 SUBSISTEMA RECRUTAMENTO E SELEÇÃO ................................................ 8 5.1 Desafios da contratação ............................................................................................. 8 5.2 Recrutamento ............................................................................................................. 9 5.3 Seleção ...................................................................................................................... 13 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 20 1 APRESENTAÇÃO As pessoas sempre foram fundamentais no ambiente empresarial, mas hoje desempenham um papel central para a obtenção de vantagens competitivas, principalmente nos setores baseados no conhecimento. Seguramente não há como atingir e assegurar uma vantagem competitiva para a organização sem a ação determinada das pessoas. São elas, as pessoas, que produzem, vendem, criam, decidem, lideram, planejam, assumem desafios e conduzem o negócio. Entretanto, em geral, nos ambientes organizacionais também são encontradas aquelas que resistem às mudanças ou inovações, que não possuem interesse ou motivação, que adotam posturas gerenciais que travam o crescimento. Enfim, são as pessoas que determinam o sucesso ou o insucesso do empreendimento. No cenário contemporâneo, lidar com esse quadro diversificado e extremamente complexo não é um privilégio exclusivo dos profissionais de Gestão de Pessoas. Esse papel, a partir dos tempos globalizados, passou a ser compartilhado com cada um dos gestores que fazem parte da organização. Portanto, não seria fora de propósito afirmar que cada gestor é, essencialmente, um gestor de pessoas. Ao titular do setor de Gestão de Pessoas, ou Recursos Humanos, fica reservada a responsabilidade de interagir estrategicamente em todos os níveis da organização com a finalidade de gerar condições e clima favorável para que as pessoas possam efetivamente colocar em prática suas competências a serviço do sucesso das organizações. Dada a relevância do papel dos gestores na gestão de pessoas, iniciaremos este estudo resgatando o desenvolvimento histórico desta atividade. 2 GESTÃO DE PESSOAS: EVOLUÇÃO HISTÓRICA É certo que as relações do trabalho tiveram origem na Revolução Industrial, em meados do século XVIII, na Inglaterra. A conclusão é óbvia, uma vez que as ondas migratórias provenientes do campo para os primeiros centros industriais requeriam algumas regras básicas. Algo como identificar a característica física (força), fator essencial para os trabalhos braçais nas minas de carvão. Naturalmente não havia leis que protegessem os trabalhadores de todas as idades, inclusive grandes levas de menores que, segundo dados históricos, a partir de oito anos eram submetidos a regimes de 16, 18 horas diárias, sob condições as mais rudes e inseguras. Os movimentos que se sucederam ao longo da história, reivindicatórios de condições mais humanas, resultaram em conflitos, como o Ludismo e o “Trade‐unions” (vide destaque). Saltamos para o ano de 1890, considerado como o ano do surgimento do departamento pessoal, nos USA. Ocorreu na empresa NCR Corporation. A função do “personnel office" era resumidamente selecionar os melhores candidatos, entre multidões de candidatos, “aqueles que poderiam tornar‐se empregados eficientes ao menor custo possível” (Springer e Springer, 1990). O surgimento do Departamento Pessoal, segundo a autora, Beverly Springer, ocorreu quando “os empregados se tornaram um fator de produção cujos custos deveriam ser administrados tão racionalmente quanto os custos de outros fatores de produção”. Essa forma de gestão sugeria que o Departamento Pessoal deveria preocupar‐se com os “procedimentos e os processos que fizessem o homem trabalhar de maneira mais efetiva possível: produtividade, recompensa e eficiência de custo” (FISCHER, 2002). Um modelo perfeitamente integrado à Administração Científica, que dominou as relações do trabalho durante as primeiras décadas do século XX. 2.1 A Administração Científica Três nomes são destacados: Frederick W. Taylor (1856 – 1915), nos Estados Unidos, Henry Fayol (1841 – 1925), na França e Henry Ford (1863 – 1947). O taylorismo se fundamentava no estudo de tempos e movimentos, como forma de racionalizar e simplificar os movimentos requeridos para a execução das tarefas operacionais, economizando tempo. Segundo Gil (2001), “envolvia uma verdadeira revolução mental por parte de empregados e empregadores”, referindo‐se à necessidade de abandonarem o conceito de atividade artesanal, que significava executar todas as fases de uma tarefa para dar lugar à especialização: uma única tarefa do processo, de forma coordenada e repetitiva. O fayolismo também adepto da linha da divisão do trabalho, formulou doutrinas administrativas que atribuíam aos trabalhadores capacidade técnica baseada em quatro princípios: 1) Planejar: visualizar o futuro e traçar programa de ação; 2) Organizar: constituir o duplo organismo material e social da empresa; 3) Dirigir: orientar a organização; 4) Controlar: verificar se as normas e regras estabelecidas estão sendo seguidas. MOVIMENTO LUDISTA (1811 – 1812) Reclamações contra as máquinas inventadas após a revolução para poupar a mãodeobra já eram normais. Em 1811 eclodiu o movimento ludista, uma forma radical de protesto. O nome deriva de Ned Ludd, um dos líderes do movimento. Os ludistas chamaram muito a atenção por seus atos. Invadiram fábricas e destruíram máquinas que, segundo eles, por serem mais eficientes que os homens, tiravam seus trabalhos, requerendo, contudo, duras horas de jornada de trabalho. Os manifestantes sofreram uma violenta repressão, foram condenados à prisão, à deportação e até à forca. Os ludistas ficaram lembrados como “os quebradores de máquinas”. TRADEUNIONS. Os empregados das fábricas também formaram associações denominadas “trade unions”, que tiveram uma evolução lenta em suas reivindicações. Na segunda metade do século XIX, os trade unions evoluíram para os sindicatos, forma de organização dos trabalhadores com um considerável nívelde ideologização e organização, pois o século XIX foi um período muito fértil na produção de ideias antiliberais que serviram à luta da classe operária, seja para obtenção de conquistas na relação com o capitalismo, seja na organização do movimento revolucionário cuja meta era construir o socialismo objetivando o comunismo. O mais eficiente e principal instrumento de luta das “trade unions” era a greve. O fordismo aplicou os conceitos de produção em massa, para otimizar a produção e reduzir custos. A Escola da Administração Científica, que foi responsável por grande impulso na produção industrial, começou a ser contestada por um novo movimento, surgido a partir dos anos 1920, denominado “Escola das Relações Humanas”. 2.2 Escola das Relações Humanas Seu mentor, o psicólogo americano Elton Mayo (1890‐1949), encabeçou as primeiras experiências entre a administração e a psicologia, determinando uma nova fase na história da gestão de pessoas. A essência do movimento estava em deixar de concentrar‐se exclusivamente na tarefa, nos custos e no resultado da produção, para atuar sobre o comportamento das pessoas. Estudos pioneiros no campo do comportamento humano foram desenvolvidos por Mayo e seus seguidores, que culminaram por demonstrar a influência de fatores psicológicos e sociais no produto final do trabalho. Em 1927, Mayo desenvolveu uma experiência pioneira no campo do comportamento humano no trabalho, em Chicago (USA). O objetivo foi estudar as influências da iluminação na produtividade, índice de acidentes e fadiga. O estudo demonstrou a influência de fatores psicológicos e sociais no produto final do trabalho. Com base nesse e em diversos outros estudos, as organizações passaram a valorizar as relações humanas do trabalho, voltando as atenções para temas como comunicação, motivação e liderança. 2.3 Relações Industriais Até o início dos anos 1940, o Departamento de Pessoal nas organizações industriais tinha característica puramente normativa. Limitava‐se à pagadoria e à manutenção da disciplina interna, pelo cumprimento das normas internas e legais. O recrudescimento do movimento sindical, ocorrido destacadamente a partir do final da Segunda Grande Guerra, provocou mudanças no cenário das relações trabalhistas, nessa época marcado pela intensificação de conflitos e greves. A nova forma de administrar pessoas recebeu o nome de Relações Industriais. No Brasil, esse termo foi incorporado ao vocabulário corporativo no final dos anos 1950, tendo sido praticado até os anos 1970. 2.4 Recursos Humanos Mudanças importantes passaram a ocorrer a partir dos anos 1970, quando o papel das pessoas nas organizações passou a ser visto como estratégico. O movimento foi no sentido de se vincular a gestão de pessoas às estratégias da organização. Segundo Fischer (2002), essa linha de pensamento trouxe novo conceito articulador do modelo de gestão: a busca de orientação estratégica para as políticas e práticas de RH. Seria preciso, a partir de então, intensificar os esforços de adaptação do modelo às necessidades da empresa. 2.5 Gestão de Pessoas A partir dos anos 1980, grandes transformações passaram a ocorrer em todo o mundo. Os movimentos de globalização começaram a ganhar corpo. Empresas passaram a ser desafiadas por movimentos de ordem ambiental e organizacional, pelo desenvolvimento tecnológico, pela competitividade e pela revolução nas comunicações, fatores que desafiaram as empresas a se reinventarem rapidamente. Esses movimentos fizeram despontar a importância da presença humana nas organizações. Nunca o HOMEM foi tão percebido como fundamental no processo. 3 A GESTÃO DE PESSOAS NO BRASIL Os anos 1930, marcam o grande impulso na industrialização brasileira, até então predominantemente agrícola, encerrando um ciclo em que a lavoura do café era a grande sustentação da economia brasileira, respondendo por cerca de 70% das exportações brasileiras. O parque industrial brasileiro dos anos 20 registrava cerca de 13 mil empresas, a grande maioria dos setores têxtil e alimentício. Dentre medidas governamentais ou acontecimentos internacionais que impactaram as relações trabalhistas brasileiras, as mais importantes foram: Anos 1930 • Criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (1930). • Departamento Nacional do Trabalho (1931). • Constituição de 1937 atrelava os sindicatos ao Estado. Greves proibidas. Anos 1940 • Criação do Imposto Sindical (1940). • SENAI (1942). • Criação da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (1943). • Constituição de 1946 legitima o direito de greve. Anos 1950 • Petrobras (1953). • Indústria automobilística (1957). Anos 1960 • Comando Geral dos Trabalhadores – CGT (1962). • Golpe Militar (1964). Anos 1970 • Milagre brasileiro. Grandes obras: Transamazônica, Ponte Rio–Niterói (1968 a 1973). • Choques do Petróleo (1973). Anos 1980 • Recessão econômica (1982); inflação “galopante”; onda de demissões em massa. • Reengenharias. • Downsizing. • Avanços tecnológicos. Presença dos microcomputadores. • Queda do Muro de Berlim. Fim da “Guerra Fria” (1989). Anos 1990 • Abertura da economia brasileira, integração ao mercado mundial (1990). • Revolução das comunicações: internet (1994). • Estabilidade monetária – Plano Real (1994). • Movimento pela responsabilidade social das empresas. Anos 2000 • Fusões e aquisições. • Crise financeira internacional (2008). 3.1 O perfil das gerações nesses últimos 80 anos (1930 – 2010) O ambiente organizacional é compartilhado por membros de diversas gerações. De modo geral, as posições mais estratégicas são ocupadas por profissionais da faixa etária mais alta, a partir dos 45 anos. Na outra ponta vamos enxergar os profissionais iniciantes, que estão na casa dos 20 anos. Há também as faixas intermediárias. Estudos sobre esse tema sugerem a existência de ao menos três gerações em plena atividade nas organizações: “baby boomers”, nascidos entre 1946 e 1964; “geração X”, nascidos entre 1965 e 1977 e “geração Y”, nascidos entre 1978 e 1900. Há também a presença de duas outras gerações, com menor representatividade numérica: a “geração Z”, nascidos a partir de 1990 e entrando agora no mercado de trabalho, e a “Geração Master”, representando os nascidos entre 1930 e 1945, que estão saindo do mercado. Recomendamos aos alunos um aprofundamento sobre esse tema, que é de fundamental importância para convivência produtiva nos ambientes organizacionais. O que nos interessa em particular neste artigo é chamar a atenção para o fato de que, na fase da formação pessoal e profissional, cada geração foi influenciada por acontecimentos políticos, sociais e econômicos próprios de sua época, e que definem os principais traços quanto à maneira de ser, pensar e de agir dentro das organizações. Para ilustrar, definimos algumas características de cada geração: • Geração Master: viveu sob um regime de economia protegida, presenciou os anos das grandes depressões econômicas e as tensões e incertezas da Segunda Guerra Mundial. Foi educada profissionalmente sob o princípio de que um emprego é para toda a vida. Nesse contexto, fidelidade e lealdade são princípios inquestionáveis. • Geração “Baby Boomers”: geração do pós‐guerra. Teve como missão “consertar o mundo” do pós‐guerra. Presenciou os anos da Guerra‐Fria e, ao chegar ao mercado de trabalho, nos anos 1960, promoveu uma revolução de costumes em todas as áreas.Herdou da geração anterior traços de lealdade e fidelidade às organizações (a chamada cultura do emprego vitalício). É desse tempo a prática do “contrato psicológico”, que era retratado pelo acordo entre patrões e empregados: “Respeite nossas normas, a hierarquia, trabalhe direito que nós lhe garantiremos emprego até a sua aposentadoria”. O emprego chegava a ser um valor superior à própria família; o “baby‐boomer” vivia para trabalhar. O tempo de permanência numa mesma empresa chegava a ser acima de 20 ou 30 anos. • Geração X: chegou ao mercado do trabalho nos anos 1980, quando os efeitos das crises do petróleo (ocorrida nos anos 1970) e a pressão pela abertura dos mercados (globalização) começaram a produzir seus primeiros efeitos: demissões em massa, reengenharias etc. Ao assistir seus pais ou irmãos mais velhos, até então ‘estáveis’ serem demitidos em massa, percebeu que as empresas deixavam de ser um lugar seguro para desenvolver suas carreiras. O tempo de permanência nas empresas passou a ser de 10 a 15 anos. Inverteu‐se a importância atribuída ao trabalho. Diferentemente de seus antecessores que “viviam para trabalhar”, passaram a “trabalhar para viver”. A família vinha em primeiro lugar; depois o trabalho. Ao invés de “viver para trabalhar”, como seus antecessores, deixavam em segundo plano a dedicação ao emprego. As mulheres passaram a marcar presença mais efetiva no mercado de trabalho. • Geração Y: chegou ao mercado de trabalho nos anos 1990, já num cenário globalizado, e quando a revolução das comunicações (internet, telefonia celular) estava em plena aceleração. Como as mulheres estavam definitivamente presentes do mercado de trabalho, as crianças foram educadas em creches ou escolas infantis, o que acelerou a sua educação. Muito “plugada” à internet, seus contatos sociais são mais virtuais, o que passou a ser uma característica nas relações entre pessoas nas organizações. A lealdade deixou de ser ao emprego para ser sobre sua carreira. Tem pressa em fazer carreira e privilegia o “estado da arte” em termos de tecnologia para o trabalho. A faixa média de tempo de permanência nas empresas tem sido de 3 a 5 anos. • Geração Z. recém‐chegada ao mercado de trabalho, ainda não é possível definir claramente suas características, mas é possível prever que as relações serão cada vez mais, virtuais. Compreender as características pessoais de cada geração e promover interação harmoniosa e eficaz é, sem qualquer dúvida, o caminho mais curto para o sucesso da organização. Esta é uma tarefa que cabe a cada gestor e, em particular, o de pessoas. 4 CADA GESTOR É UM GESTOR DE PESSOAS Como vimos, até meados os anos 1980, a tarefa de gerenciar pessoas cabia exclusivamente ao “Chefe de Pessoal ou Gerente de Relações Industriais”. Desde a contratação até a demissão, passando pelas recompensas e punições, todas as ações estavam centradas neste personagem. Seu poder sobre as pessoas acabava trazendo para si a aura de “durão”, “xerife”, disciplinador. Aos demais gerentes ou chefes cabia unicamente utilizar esse “recurso humano” e, em caso de reclamação, solicitar reposição ou reparo ao chefe de pessoal. Tudo isso mudou. Hoje cada gerente, cada chefe, líder ou qualquer nomenclatura associada a comando, antes de tudo é um Gerente de Recursos Humanos ou, mais modernamente, Gestor de Pessoas. Ao antigo Chefe de Pessoal, que evoluiu para Gestor de Pessoas, é atribuída a missão de atrair talentos para a organização e garantir a sua permanência (retê‐los). Essa missão só pode ser alcançada se ele compartilhar essa responsabilidade com os demais gestores. A ele (RH), cabe a atividade de criar cenários e condições propícias para que as pessoas se sintam motivadas, confortáveis e confiantes para desenvolverem suas carreiras. Para isso, a formulação de políticas justas, compatíveis e intimamente vinculadas à estratégia da empresa são pontos críticos de sucesso. A cada gestor – finanças, comercial, produção etc. – delega‐se a responsabilidade de desenvolver suas equipes e levá‐las ao sucesso, utilizando recursos disponíveis, treinando e avaliando, por meios das melhores práticas de liderança. 5 SUBSISTEMA RECRUTAMENTO E SELEÇÃO A missão da administração de Recursos Humanos é, resumidamente, atrair e reter talentos. Essa é a missão e o grande desafio dos profissionais da área. Quando nos referimos ao subsistema Recrutamento e Seleção, estamos tratando exclusivamente da missão “atrair talentos”. Entenda “talento” como o candidato que, além das qualificações técnicas básicas, apresenta uma gama de comportamentos intimamente alinhados à cultura e aos valores da empresa. Na verdade, o peso desses comportamentos é significativamente superior ao peso do conhecimento técnico que o candidato carrega. Fácil de explicar: conhecimento técnico se adquire, se houver atitude e disposição pessoal para tal; adequação de comportamentos culturais nem sempre é um processo com resultados garantidos. 5.1 Desafios da contratação Não faz muito tempo, um candidato perfeito para qualquer organização poderia ser definido como o aquele que reunisse a maior experiência profissional dentre os demais, ou seja: o melhor, sob o ponto de vista técnico. Outros fatores importantes também influenciavam na escolha do “talento”, como a estabilidade nos empregos anteriores. Um candidato que apresentasse um pequeno número de registros de emprego em sua carteira de trabalho retratava a imagem de fiel ao emprego, significando entre outros aspectos, uma contratação de baixo risco. Esse cenário mudou a partir dos anos 1980, período em que acontecimentos significativos mudaram radicalmente o curso da economia mundial. São desse tempo as primeiras grandes ondas de desemprego em massa, o “downsizing”, as reengenharias. Paralelamente, o gigantesco salto tecnológico e as aberturas comerciais que se sucederam em todo o planeta resultaram no desaparecimento de milhares de empresas, incapazes de se adaptar ao novo mercado, em razão da concorrência acirrada. No mercado de trabalho as mudanças também foram impactantes. As empresas já não mais conseguiriam assegurar a cultura do emprego vitalício, fruto do paternalismo. Desapareceu a figura do profissional disposto a permanecer numa mesma empresa por vinte, trinta, quarenta anos, colocando o trabalho como razão da vida. Ou daquele que naturalmente transferia os rumos de sua carreira ao seu empregador. Ou ainda daquele que tinha como garantias de emprego a lealdade e a disciplina. No mundo atual nenhuma dessas atitudes têm valor para a empresa ou para os profissionais. A realidade atual do mercado de trabalho possui as seguintes características: • Os profissionais, notadamente os das gerações “X” e “Y”: − Têm consciência de que a carreira é um patrimônio pessoal, intransferível. − São fiéis às suas carreiras, não às empresas. − Querem crescer rapidamente. − Colocam a qualidade de vida e a família em primeiros planos; depois o trabalho. • As empresas: − Têm consciência que más contratações representam custos diretos e indiretos altíssimos; − Trabalham com quadros cada vez mais enxutos porque os altos custos dos encargos trabalhistas podem reduzir sua competitividade no mercado. − Mantém relações de emprego objetivando “retorno”. Essas tendências trouxeram importância destacada para a gestão de pessoas, a começar pela consciênciade que o primeiro passo importante é a contratação acertada. 5.2 Recrutamento Segundo Chiavenato (1995), “é um conjunto de procedimentos que visa a atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização. É basicamente um sistema de informação, através do qual a organização divulga e oferece ao mercado de recursos humanos, oportunidades de emprego que pretende preencher”. A tarefa de recrutar envolve as seguintes fases: • Identificação do perfil do cargo a ser preenchido O conhecimento pleno do que o cargo requer do futuro ocupante bem como as competências básicas são o ponto de partida mais seguro para o sucesso da contratação. Se o selecionador(a) não tiver esse quadro perfeitamente conhecido, o risco de uma contratação equivocada estará mais presente. A descrição de cargo é um documento válido e bastante utilizável para esta fase, porque normalmente traz as principais tarefas e registra conhecimentos, habilidades e atitudes requeridas. Apesar de ser útil, ela não supera a eficiência resultante de uma reunião pessoal entre selecionador e requisitante, a fim de conhecer detalhes que a descrição não mostra, como o valor estratégico daquela contratação em particular, planos para o novo contratado, visão de futuro para aquela posição etc. Ao conhecer detalhadamente os contornos da posição a ser ocupada, o trabalho do selecionador(a) será facilitado, uma vez que ele planejará as futuras entrevistas com mais foco para garantir a contratação do “homem certo no lugar certo”. • Fontes de Recrutamento O selecionador(a) terá diante de si inúmeras alternativas para ativar o processo de busca de candidatos, a começar pelo mais próximo, que é o recrutamento interno: − Recrutamento Interno Existem inúmeras vantagens de se promover o recrutamento interno. As mais expressivas são: a) Os “candidatos” já são conhecidos; b) Já estão aculturados à empresa; c) É rápido; d) É econômico; e) Demonstra que a empresa privilegia os colaboradores; f) Demonstra que existe oportunidade de carreira; g) Aproveita investimentos da empresa em treinamento e desenvolvimento; Mas há também desvantagens, ou pelo menos pontos que devem ser tratados com muita habilidade para não promover constrangimentos internos. Explica‐se: entrevistar uma pessoa e recusá‐la pode prejudicar o relacionamento entre ambas. Na prática tem se observado que muitas vezes bons funcionários, recusados em seleções internas, apresentam baixa no desempenho, nem sempre recuperáveis. As condutas mais adequadas para o selecionador amenizar eventuais constrangimentos são: a) Divulgar com absoluta transparência os pré‐requisitos considerados essenciais para a ocupação da vaga; b) Idem com relação a requisitos de ordem pessoal como padrão de desempenho, histórico disciplinar, questão salarial etc.; c) Deixar claro que a seleção externa desenvolve‐se paralelamente; d) Explicar que a empresa pode optar por candidato externo, caso os internos não supram os requisitos essenciais; e) Sessões de aconselhamento para os candidatos recusados. O recrutamento interno pode também provocar atritos entre setores, principalmente aqueles taxados de “fornecedores naturais de mão‐de‐obra interna”, que geralmente se veem prejudicados por não conseguirem estabilidade em seu próprio quadro de pessoal. Outra situação que precisa ser avaliada cuidadosamente é para a eventual não adaptação do funcionário à nova função. O retorno à função de origem nem sempre é recomendado porque: a) Pode já ter sido preenchida por outro candidato; b) Pode expor o recusado a comentários danosos à sua imagem profissional. Entre vantagens e desvantagens do recrutamento interno, as vantagens prevalecem. Todavia, segundo muitos autores, praticar forçosamente o recrutamento interno não é uma política recomendada, porque inibe a importação de “novas mentes”. − Revistas e Jornais É um procedimento bastante utilizado porque atrai muitos candidatos. A eficácia do anúncio dependerá da publicação no veículo de comunicação mais compatível com a vaga a ser anunciada. Para isso, é preciso ter respostas para as seguintes perguntas: (a) Que público lê esse jornal?; (b) Qual é a tiragem? Há também a questão do dia a ser anunciado. Anúncios publicados em semanas com feriados prolongados ou emendados costumam ser ineficazes. O anúncio é fechado ou aberto? Anúncio fechado é aquele em que a empresa se mantém no anonimato. A opção por anúncios fechados dá‐se geralmente em razão de: a) Vaga confidencial. Ninguém no mercado ou dentro da própria empresa pode ter conhecimento das intenções da empresa; b) Vaga estratégica. O concorrente não pode ter conhecimento da contratação para não disparar ações defensivas (ex.: redução de preços de produtos); c) Mesmos cargos. A repetição de anúncio do mesmo cargo, por rotatividade interna ou dificuldade de contratação, pode provocar um efeito indesejável à sua imagem: “Por que ninguém para nessa empresa?”. Anúncios fechados podem restringir o envio de currículos. Exemplo: uma pessoa empregada com intenção de mudar de emprego pode temer que o anunciante seja a própria empresa. Já o anúncio aberto pode atrair grandes quantidades de currículos se a empresa for conhecida e reconhecida como grande empregadora. Poderá, também, ser utilizada como “jogada estratégica” para incomodar concorrentes, dependendo evidentemente da posição anunciada. Anúncios em jornais já foram a principal fonte de recrutamento utilizada pelas empresas. A partir do surgimento das agências.com (sites gratuitos), em meados dos anos 1990, os cadernos de classificados de emprego tiveram redução acentuada. − Sites Gratuitos É uma fonte de recrutamento em alta, possivelmente a mais praticada atualmente. Consiste no seguinte: o candidato deposita o seu currículo no site da empresa, pagando de acordo com o período desejado: uma semana, um mês, vários meses. As empresas, por meio de seus setores de recrutamento, consultam a empresa e acessam os currículos, de acordo com requisitos procurados. Na maioria dos casos essa disponibilidade de currículos é gratuita para as empresas. Há também a alternativa de sites de headhunters e consultores de outplacement que disponibilizam gratuitamente currículos de candidatos, a quem assessoram. − Agências de Emprego As tradicionais agências de emprego também tiveram sua época de ouro. Hoje elas têm como carro chefe a oferta de serviços temporários. A assessoria para recrutamento de profissionais é cobrada das empresas tomadoras do serviço, com taxas que variam de 50% a 120% do salário contratual. − Headhunters Esta modalidade geralmente é utilizada por empresas para contratações de profissionais de alto nível, funções qualificadas e complexas. O custo para a utilização dessa assessoria é alto, algo em torno de 15% a 20% do salário anual do contratado, porém é altamente eficaz em termos de rapidez, uma vez que esses profissionais mantém cadastros muito eficientes. − “Trabalhe Conosco” Muitas empresas utilizam seu próprio banco de currículos para captar vagas no mercado. A prática é simples e eficiente: por meio de convites feitos em anúncios em jornais ou via site, os candidatos registram‐se no ícone “Trabalhe Conosco”. Para a empresa é um recurso rápido e econômico. Nas empresasconsideradas “melhores empresas para se trabalhar”, ou naquelas que, pelo ramo de atividade, recebem grande quantidade de visitas, essa modalidade é altamente utilizada. − Outras fontes de recrutamento O rol de fontes de recrutamento é interminável. Algumas muito praticadas pelas empresas são: anúncios em portaria, anúncios em universidades, sistema de apresentação de candidatos pelos próprios colaboradores, sindicatos, associações de profissionais. • Triagem inicial Feita a captação de currículos por meio das fontes escolhidas (uma ou várias), a tarefa do selecionador é fazer uma pré‐triagem que resultará nos candidatos a serem convocados para entrevistas iniciais, abrindo a fase de seleção. Nessa primeira triagem são verificados aspectos como: a) Localidade residencial, o que pode ser eliminatório para cargos operacionais ou auxiliares, caso o candidato resida longe do futuro trabalho; b) Padrão salarial, o qual deve ser compatível com a faixa salarial da empresa, de forma que haja espaço para eventual negociação (para mais ou para menos); c) Qualificações básicas, que devem ser familiares aos requisitos anunciados; d) Escolaridade essencial; e) Conhecimentos e habilidades específicas. Ex.: idiomas, informática, determinado treinamento, conhecimentos destacados etc. f) Outras questões como: idade, estabilidade, empresas em que trabalhou etc. Em algumas situações – dados omitidos no CV ou detalhamento sobre uma ou outra informação – o entrevistador(a) tem a alternativa de manter contato telefônico com o candidato, antes de agendar a primeira entrevista. A fase de recrutamento é encerrada com o agendamento da primeira entrevista pessoal. 5.3 Seleção As considerações feitas neste capítulo não estão direcionadas exclusivamente à figura do selecionador(a). Elas são aplicáveis especialmente aos gestores de linha, a quem cabe a escolha final decisiva de candidatos. Seleção é essencialmente um processo de escolha, com a finalidade de identificar entre os candidatos o que preenche ou mais se aproxima dos requisitos exigidos pelo cargo. Chiavenato (1995) fornece os seguintes conceitos: • A seleção é uma atividade obstativa de escolha, de opção e decisão, de filtragem da entrada, de classificação e, portanto, restritiva. • A seleção pode ser definida singelamente como a escolha do homem certo para o cargo certo. A responsabilidade pela condução da seleção é muito grande para o profissional de seleção, principalmente em empresas que atribuem importância estratégica ao processo de escolha das pessoas que farão parte de seu quadro de colaboradores. Todavia, o processo de seleção é repleto de subjetividades, de impressões, de suposições. Muitas vezes eles são conduzidos por gestores não preparados para conduzirem uma entrevista, ou que escondem interesses pessoais em determinada contratação. Apesar de inúmeras técnicas consagradas de seleção, entre elas, entrevistas por competências, dinâmicas de grupo, entrevistas coletivas, não se pode garantir que elas garantirão a escolha do candidato ideal. Quando muito pode‐se afirmar que elas minimizam os riscos de uma contratação equivocada. A arte da seleção consiste em identificar candidatos que, muito além de suas qualificações técnicas, possuam qualificações pessoais alinhadas à cultura da empresa. Essas qualificações dizem respeito a comportamentos ou atitudes considerados fundamentais para a “inclusão” do candidato no ambiente de trabalho. Exemplos: trabalhar em equipe, aceitar determinados valores da organização, construir relacionamentos. Harris et al. (1999), diz que “as organizações mais eficazes em contratação vinculam suas estratégias relativas a essas atividades à sua cultura corporativa... Organizações alinhadas conhecem seu objetivo central, incorporando‐o em tudo que fazem em relação à contratação”. A primeira impressão é fundamental A seleção é uma via de duas mãos. Da mesma forma como a empresa escolhe o melhor candidato, este também poderá decidir por aceitar ou recusar a oferta da empresa. Para isso, pesará em sua decisão não só a imagem da empresa no mercado de trabalho e a proposta em si, como a forma como foi atendido e conduzido durante todo o processo seletivo. Atender um candidato como se fosse um cliente é a recomendação de Harris et al. (1999): “As empresas alinhadas conhecem as qualidades e características do candidato ideal exatamente como conhecem as qualidades e características de seu cliente. Costumam investir recursos significativos para conhecer e compreender os clientes. Contudo, as empresas não alinhadas raramente investem o mesmo nível de recursos para conhecer e compreender seu candidato ideal. Para muitas empresas, o candidato é qualquer um que responda ao anúncio classificado ou que preencha uma ficha de inscrição”. Peter Drucker deixou um registro que expressa o descaso de muitas empresas em relação aos processos de contratação de colaboradores: “A atividade gerencial mais importante, e também a mais negligenciada, é a contratação de um novo colaborador”. Custos da Má Contratação Contratar sem qualidade esconde custos significativos para as organizações. A permanência de um colaborador não alinhado significa tempo dedicado a treinamento desperdiçado, além da baixa produtividade. Uma vez demitido, os custos decorrentes podem ser classificados como diretos e indiretos. Os diretos são os menores. Já os custos indiretos, não mensuráveis com precisão, impactam pesadamente a imagem e a eficiência das organizações. • Custos diretos − Custos indenizatórios. − Despesas com anúncios, agências perdidos. − Despesas com novos anúncios, agências etc. • Custos indiretos − Sobrecarga de trabalho para os que ficam, enquanto não se providencia a reposição da vaga. Elevação do nível de estresse. − Queda da qualidade, pelo acúmulo de funções. − Insegurança com relação ao emprego, quando as demissões são frequentes. − Não formação de equipes. − Fuga de bons candidatos como consequência da imagem construída pela empresa “nessa empresa não para ninguém”. − Horas de treinamento formal ou informal desperdiçados. As fases e os recursos do processo de seleção • Entrevistas Entrevistas constituem a fase mais importante do processo seletivo. São elas que mais influenciam na decisão sobre a contratação ou não do candidato. O sucesso de uma entrevista depende de uma série de fatores, a começar pelo seu planejamento. Entrevistas improvisadas, sem que o entrevistador tenha dado ao menos uma vista no currículo correm o risco de serem evasivas. A competência pessoal do entrevistador evidentemente é ponto crítico de sucesso em qualquer entrevista. A esse respeito, Gil (2001) faz a seguinte consideração: A eficácia da entrevista tem muito a ver com a competência técnica do entrevistador. Muitos deles reduzem a entrevista a um simples bate‐papo, sem qualquer planejamento prévio e sem uniformidade, o que concorre para a limitação de seu valor enquanto instrumento rigoroso de seleção. Outra particularidade crítica na entrevista é a subjetividade a que ela está sujeita por parte de qualquer entrevistador. “O problema da subjetividade constitui, sem dúvida, a mais séria limitação da entrevista. A avaliação que o entrevistador faz do candidato depende muito de seu quadro de referência pessoal, o que dificulta aobtenção de dados uniformes (GIL, 2001). Para assegurar que a entrevista resulte em observações seguras e confiáveis, sugerem‐se os seguintes cuidados: a) Análise do currículo e/ou laudo do candidato, geralmente feita pelo entrevistador(a), destacando pontos relevantes, baseados no perfil requerido, os quais constituirão a base da entrevista; b) Elaboração do roteiro da entrevista, listando as abordagens essenciais; c) Escolha de local apropriado para que o candidato sinta‐se à vontade e o entrevistador não esteja sujeito a interrupções; d) Condução da entrevista. A condução da entrevista Considerando‐se que a entrevista foi devidamente planejada, as perguntas serão colocadas naturalmente pelo entrevistador nos momentos mais apropriados, ampliando‐se as chances de tornar a entrevista agradável para ambas as partes e, sobretudo, rica em informações. O entrevistador deve utilizar algumas técnicas de entrevista, objetivando extrair respostas com qualidade. Gil (2001) oferece a seguinte sugestão: a) As perguntas que requerem respostas “sim” ou “não” devem ser evitadas, porque desencorajam o candidato a falar; b) As perguntas que exigem respostas elaboradas (“Qual sua opinião a respeito do vale‐refeição?, por exemplo) são recomendadas para fazer o candidato falar; c) Não devem ser feitas perguntas que induzam a respostas predeterminadas; d) As perguntas hipotéticas (do tipo “e se”, “caso”) ajudam na compreensão das habilidades intelectuais do candidato; e) Devem ser evitadas perguntas que coloquem o candidato na defensiva; f) Deve‐se formular uma única pergunta de cada vez; g) As perguntas devem ter um propósito definido; h) As perguntas de longas respostas ajudam a observar e a avaliar o candidato; i) Convém deixar que o candidato exponha os fatos a seu modo, com ampla liberdade de expressão. A função do entrevistador é conduzir a entrevista e isto leva à dedução de que ele deve falar o mínimo necessário. Seu tempo deve ser dedicado a observar os mínimos detalhes da fala do candidato, a fim de não perder informações relevantes. Anotações devem ser feitas com naturalidade para não desviar a atenção do entrevistado. Entrevistas coletivas Uma técnica de entrevista muito adotada por empresas é a entrevista coletiva: um grupo de entrevistadores entrevista um único candidato. Esse grupo geralmente é formado pelo representante do RH, o gestor requisitante e gestores convidados. Algumas vantagens são expressivas: a) Maior quantidade de informações por parte do candidato; b) Maior qualidade de perguntas e de análise de respostas: enquanto um entrevistador pergunta, os demais analisam e formulam novas perguntas; c) Comprometimento na escolha. Como a escolha será decidida pelo “comitê”, é natural que haverá o comprometimento coletivo. O sucesso do emprego da entrevista coletiva dependerá do preparo dos entrevistadores, o que implica o cumprimento de todas as etapas já comentadas: planejamento, análise prévia do currículo do candidato, organização de local etc. A entrevista coletiva é altamente recomendável para cargos em que competências como facilidade de expressão, controle emocional, resistência à pressão sejam destacadas. Entrevistas com foco em competências A técnica de entrevista com foco em competência tem sido amplamente utilizada nas organizações trazendo contribuições importantes para a melhor segurança na contratação de novos colaboradores. Ela está baseada na suposição de que comportamentos passados tendem a se repetir no futuro. Nessa linha, o entrevistador conduz a entrevista investigando situações ou experiências reais vividas pelo candidato, com a finalidade a avaliá‐las em relação às competências requeridas para a função a ser ocupada. As perguntas utilizadas na entrevista por competência devem: a) Ser claras e objetivas; b) Ser abertas e específicas; c) Ter foco nas competências requeridas para a função; d) Utilizar o verbo de ação no passado; e) Investigar como aconteceu determinada ação. Alguns exemplos: a) “Conte‐me um projeto que você conduziu pessoalmente e como foi o resultado”. b) “Relate uma grande ideia que você tenha dado e como foi a sua aplicação”. c) “Relate o conflito mais difícil que você teve que lidar como gestor e como se saiu”. d) “Conte‐me sobre mudanças que você implantou na sua rotina de trabalho”. Avaliação e conclusão da entrevista Encerrada a entrevista, este é o melhor momento para se fazer a avaliação e a conclusão da entrevista, uma vez que as informações estão frescas na memória. Um bom exercício consiste em listar todos os pontos positivos percebidos durante a entrevista e os restritivos, sem perder o foco naquilo que é relevante para a ocupação do cargo (perfil do cargo). Nesse momento o entrevistador deve tomar todo o cuidado para afastar qualquer tendência de utilizar valores pessoais. • Testes práticos e teóricos Testes são recursos valiosos para subsidiar a escolha do candidato e reduzir os riscos de contratações equivocadas. Os mais comuns são: a) Testes práticos São recomendados para funções de natureza operacional, nos quais devem ser observados aspectos como destreza manual, habilidades específicas. Exemplos: o desenvolvimento de uma planilha Excel, para um candidato a uma função administrativa; uma operação num torno mecânico etc. b) Testes teóricos São recomendados para funções de natureza intelectual, com o objetivo de identificar o nível de atualização do candidato em relação a determinado tema, naturalmente relacionado à função a ser ocupada. A elaboração de um texto sobre um tema específico, além da visão que o candidato revela sobre ele, dará ao selecionador impressões sobre a habilidade de escrita, gramática etc. c) Testes psicométricos É a medida objetiva e estandardizada de amostra do comportamento. Geralmente refere‐se a capacidades, aptidões, interesses ou características do comportamento humano, e envolve a determinação do “quanto”, isto é, da quantidade de presença, daquelas aptidões... (CHIAVENATO, 1995). Os testes psicométricos baseiam‐se nas diferenças individuais que podem ser físicas, intelectuais e de personalidade e analisam o que varia e quanto varia a aptidão do indivíduo em relação ao conjunto de indivíduos tomada como padrão de comparação. Alguns exemplos: IFP (Inventário Fatorial da Personalidade), que avalia a personalidade; HTP (teste projetivo: desenho de casa, árvore, pessoas etc.), que manifesta algum aspecto da sua história ou da personalidade. Naturalmente são testes aplicáveis exclusivamente por psicólogos. d) Dinâmica de Grupo A grande contribuição da aplicação de técnica de dinâmica de grupo na seleção de candidatos é que ela permite aos avaliadores (representante do RH, requisitante e outros convidados), observar o candidato em ação, demonstrando na prática as habilidades e atitudes que projeta. O sucesso, no entanto, dependerá da adequada formulação do tema para discussão ou jogo colocado para o grupo. A simulação deverá provocar o surgimento de informações que estejam na base do processo seletivo: o perfil de competências do cargo. A dinâmica poderá ser aplicada no início do processo seletivo, quando houver uma quantidade razoável de candidatos. Neste caso ela deverá ser utilizada como triagem, ou seja, descartando os candidatos visivelmente não alinhados ao perfil da vaga.A aplicação da dinâmica na fase final do processo é adequada quando houver uma quantidade de candidatos, já aprovados nas fases anteriores do processo, portanto qualificados para a ocupação. A aplicação da dinâmica ajudará o requisitante a tomar a decisão da escolha. Algumas recomendações para a utilização da técnica: a) Estabelecer objetivos claros – resultados preestabelecidos; b) Definir como serão medidos os resultados; c) Identificação dos participantes: cargo, nível cultural, habilidades destacadas; d) Material de apoio; e) Espaço apropriado; f) Tempo de aplicação. BIBLIOGRAFIA CHIAVENATO, Idalberto. Como transformar RH (de um centro de despesas) em um centro de lucro. São Paulo: Makron, 1996. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas. São Paulo: Campus, 2010. FISCHER, André Luiz et al. As pessoas nas organizações. São Paulo: Editora Gente, 2002. GIL, Antonio Carlos. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis operacionais. São Paulo: Atlas, 2001. SPRINGER, B.; SPRINGER, S. Human resource management in the US. In: PIEPER, Rudiger. Human Resource Management: an international comparison. Berlim: Walter de Gruyter, 1990. TOFFLER, Alvin. Criando uma nova civilização: a política da terceira onda. Rio de Janeiro: Record, 1994. VERGARA, Sylvia Constant. Gestão de pessoas. São Paulo: Atlas. 2005.
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