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TGDPri Roteiro 4

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Perguntas 4
Qual é a origem da função social da propriedade?
A partir da metade do século XIX o grande individualismo e formalismo predominantes na época começaram a ser alvos de uma violenta crítica, incumbindo na revisão do formalismo que caracterizava os direitos subjetivos e as liberdades individuais, a fim de se buscar soluções que os harmonizassem com os interesses da sociedade. 
Neste contexto, Auguste Comte propôs a ideia de que a propriedade teria uma função social, devendo ser exercida em prol da coletividade e não em benefício do seu titular, diante da primazia absoluta da sociedade sobre os seus membros. Assim, atribui-se a Comte a primeira versão moderna do conceito, embora haja a influência de diversas outras correntes de pensamento.
Por que as primeiras elaborações da função social da propriedade (como a de Auguste Comte) são consideradas incompatíveis com a ideia de direito subjetivo?
Porque enquanto Comte defendia que a propriedade teria uma função social, devendo ser exercida em prol da coletividade e não em benefício do seu titular, diante da primazia absoluta da sociedade sobre seus membros, os direitos subjetivos e as liberdades individuais eram entendidos como imunidades em relação ao Estado, sendo alheios ao contexto social.
A abordagem de Comte e as primeiras elaborações do conceito de função social da propriedade eram consideradas incompatíveis pois eram muito radicais, quase extinguindo o aspecto individualista dos direitos subjetivos, mitigando a individualidade e reduzindo-os à sua função social.
Por que Duguit propõe a extinção dos direitos subjetivos e a sua substituição pelas situações jurídicas?
Duguit propôs a extinção dos direitos subjetivos, sob o fundamento de que os indivíduos teriam apenas funções sociais a cumprir. Apesar disso, Duguit não era contra a propriedade privada, entendendo que a sua extinção implicaria, inclusive no retorno à barbárie. Portanto, a verdadeira razão da inconformidade do autor decorreria da circunstância de que os direitos subjetivos estavam associados ao interesse egoístico dos seus titulares. Para o autor, o conceito de direito subjetivo no século XIX não abarcava deveres, assim, visava migrar para um conceito que incluísse esses deveres (como o de situação jurídica, que designa posições que envolvam direitos e deveres).
Quais as principais características do Estado Social e em que este altera a compreensão dos direitos subjetivos?
O Estado social traz as constituições, com os direitos sociais (de segunda geração) e os direitos coletivos. Quanto à compreensão dos direitos subjetivos, a ênfase excessiva no aspecto social, muitas vezes confundindo com os interesses do Estado, e também na dimensão funcional dos direitos subjetivos acabou sendo indevidamente utilizada pelos Estados totalitários, como uma justificativa para a opressão do indivíduo.
No Estado Social, há um agigantamento do Estado, que toma para si a função de distribuição da solidariedade social, mas não há um cuidado em manter essa solidariedade nas relações entre os indivíduos. Há uma enorme preocupação com a igualdade social, mas muitas vezes, deixa-se o aspecto privado de lado. Assim, consequentemente, mitiga-se a esfera individualista dos direitos subjetivos, olhando-se apenas sua função social, além de que os direitos subjetivos ainda são vistos como relações entre o indivíduo e o Estado. A ênfase excessiva no aspecto social, diversas vezes confundindo os interesses do Estado, e também na dimensão funcional dos direitos subjetivos acabou sendo indevidamente utilizada pelos Estados totalitários, como uma justificativa para a opressão do indivíduo.
O que são as dimensões passiva e ativa da função social? E o conteúdo mínimo dos direitos subjetivos?
Segundo a doutrina predominante, a função social apresenta uma dimensão negativa (ou passiva), representando um limite, na proibição ao abuso de direito, e uma dimensão ativa, impulsiva, a qual não pode, entretanto, comprometer o “núcleo duro” da propriedade e dos direitos subjetivos, o qual seria seu conteúdo mínimo. Dessa forma, a propriedade apresenta uma função social, mas não se reduz a ela.
A dimensão passiva — ou negativa — da função social é aquela que impõe limites ao exercício do direito; é a função social limite para que não haja o abuso de direito. Já a dimensão ativa — ou positiva, impulsiva — é aquela impõe deveres positivos de conduta. Todavia, a dimensão ativa da função social não pode comprometer o “núcleo duro” do direito subjetivo, seu conteúdo mínimo. Este, por sua vez, seria a esfera essencial sem a qual o direito deixaria de atender também aos interesses do titular, a sua esfera individualista. Ou seja, deve-se encontrar um equilíbrio entre o âmbito privado e o exercício da função social.
A propriedade é uma situação jurídica complexa? Por quê?
Sim, considerando que uma situação jurídica complexa é aquela em que ambos os polos da relação jurídica têm direitos e deveres, no caso da propriedade, pelo lado do proprietário, este tem, simultaneamente, o direito de usufruir de sua propriedade e um dever de destinar a ela uma função social; e, pelo lado da sociedade, enquanto é dotada de um direito quanto à mesma função social da propriedade, carrega também um dever geral de abstenção que mantenha o conteúdo mínimo do direito subjetivo do proprietário.	
Como a doutrina brasileira define a função social?
De acordo com Konrad Hesse, a funcionalização dos direitos não pode violar o âmbito em que a pessoa deve atuar como ser autônomo, pois não é lícito converter o indivíduo em um meio para os fins sociais. A doutrina brasileira predominantemente acolhe tal entendimento. Para Fábio Konder Comparato, o próprio termo “função” já traz em si a necessidade do direcionamento da propriedade a uma finalidade social, criando para o proprietário um poder-dever. Segundo Eros Grau, “a função social da propriedade atua como fonte da imposição de comportamentos positivos – prestação de fazer, portanto, e não, meramente, de não fazer – ao detentor do poder que deflui da propriedade. Entretanto, os autores ressaltam a necessidade de que a individualidade seja preservada.
O entendimento da doutrina brasileira é que o próprio termo “função” já traz em si a necessidade do direcionamento da propriedade a uma finalidade social, criando para o proprietário um poder-dever. A função social da propriedade atua como fonte da imposição de comportamentos positivos ao detentor do poder que deflui da propriedade (Eros Grau). Entretanto, adota o posicionamento de que o direito subjetivo possui função social, mas não se reduz a ela. A funcionalização dos direitos não pode violar o âmbito em que a pessoa deve atuar como ser autônomo, pois não é lícito converter o individuo em mero meio para os fins sociais.
Quais as maiores dificuldades do Estado social no que diz respeito à emancipação dos indivíduos?
As dificuldades do Estado social são: os direitos subjetivos ainda vistos como relações entre o indivíduo e o Estado; a ideia de um Estado-Providência, que gera clientelismo e não cidadania; e a concentração das relações de solidariedade apenas no Estado.
O agigantamento do Estado no paradigma do Estado Social cria a ideia deu Estado-Providência, que gera clientelismo e não cidadania. Além disso, tem-se uma concentração das relações de solidariedade apenas no Estado, assim, as relações sociais carecem de intersubjetividade e solidariedade.
A função social da propriedade legitima a ocupação de terras por movimentos sociais?

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