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AGRAVO DE INSTRUMENTO A 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, decidiu por unanimidade, no julgamento do Recurso Especial nº 1.679.909, da relatoria do Ministro Luis Felipe Salomão, que cabe agravo de instrumento contra alegações de incompetência, embora não haja esta previsão no rol do artigo 1.015 do Código de Processo Civil, até então, considerado taxativo. Para o relator os agravos podem questionar decisões relacionadas a arguições de incompetência, como a exceção de suspeição, uma vez que o artigo 64, §2º, do CPC coloca que estas alegações devem ser resolvidas imediatamente, verbis: "Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação. [...] § 2o Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação de incompetência.". Considerando que este tipo de decisão tem natureza de interlocutória, a lista do artigo 1.015, do CPC, até então tida por taxativa, deve ser interpretada de forma mais ampla, segundo o Ministro, cabendo, portanto, agravo de instrumento da interlocutória que decide sobre as alegações de incompetência, uma vez que imprescindível o seu julgamento antes da sentença. No caso julgado, ocorreu uma exceção de suspeição promovida pela parte contra um juiz de primeiro grau, de cuja decisão foi interposto agravo de instrumento que não foi conhecido por não se encontrar a hipótese prevista no rol do artigo 1.015, CPC. O principal argumento foi no sentido de que conforme os ensinamentos do professor Freddie Didier Jr., o artigo 1.015, contempla em seu inciso III, a hipótese de agravo de instrumento contra a decisão que rejeita a alegação de convenção de arbitragem. O doutrinador traz que tal inciso aborda uma questão de competência, no caso, arbitral. O Ministro relator conclui que se é possível discutir a competência arbitral via agravo de instrumento, seria também possível a discussão de competências de juízo, por ambas possuírem a mesma ratio, no sentido de objetivarem o afastamento do juízo incompetente para a causa, não se podendo esperar a solução da questão apenas em preliminar de apelação. O agravo de instrumento pode ser utilizado para questionar a competência do juízo, mesmo que isso não esteja expressamente previsto no novo Código de Processo Civil. Esse foi o entendimento do ministro Luis Felipe Salomão, em um caso no qual a primeira instância negou exceção de incompetência. Caso concreto Com base nesse entendimento, a 4ª Turma do STJ determinou nova apreciação, pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, de agravo de instrumento contra decisão de primeira instância que rejeitou exceção de incompetência. A exceção de incompetência havia sido arguida com fundamento no CPC de 1973, já revogado. Na primeira instância, o incidente foi resolvido, de forma contrária à pretensão dos autores da ação, com base no CPC/2015. Submetido o agravo de instrumento ao TJ-RS, o recurso não foi conhecido. Segundo o TJ-RS, ao caso em análise deveriam ser aplicadas as disposições do novo CPC, em que não há previsão expressa de interposição de agravo de instrumento para as hipóteses de exceção de incompetência. Direito intertemporal O ministro Salomão — relator da matéria na 4ª Turma — explicou que o CPC/2015 concentrou na contestação diversas formas de resposta à petição inicial, inclusive questões sobre a incompetência relativa e a incorreção do valor da causa. Todavia, o relator lembrou que a lei nova deve respeitar atos processuais já realizados, incidindo sobre aqueles que estão pendentes sem retroagir para prejudicar direitos processuais adquiridos. No caso analisado, o ministro destacou que a exceção de incompetência foi apresentada sob a vigência do CPC/1973 e, por isso, as partes mantiveram o direito de ver seu incidente decidido nos moldes do código revogado. UNINABUCO GABRIELA CASSIA DA SILVA SOUZA 01204854 PROCESSO CIVIL III RECIFE 2017 AGRAVO DE INSTRUMENTO
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