habermas -Teorias da comunicação

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HABERMAS
Quem é habermas?
Filósofo e sociólogo Alemão, nascido em 1929. 
Considerado um dos maiores intelectuais da atualidade e herdeiro de Frankfurt. 
Comunicação em 2 planos 
1) Estudo da esfera pública (déc.60)
2) Interação entre indivíduos = comunicar não é só trocar informações (a partir de 70). 
Interação como ação que ocorre em um contexto, no qual a vontade do indivíduo também conta. 
Nos 2 planos há uma preocupação da comunicação vista como um fenômeno central da condição humana. 
Plano 1: Esfera PUBLICA
Está ligada ao espaço público e ideia de Opinião Pública. 
Ágora, na Grécia Antiga e Fórum, em Roma. Idade Média ocorreu retração do espaço público e da Opinião pública. 
Só no século XVIII, com ascensão da burguesia, que reaparece um novo espaço de discussão. Imprensa tem papel fundamental nesse processo. 
O surgimento da esfera pública estava relacionado com um governo representativo e uma constituição liberal - e amplas liberdades civis básicas perante a lei (liberdades de expressão, de imprensa, de reunião, de associação e de julgamento justo. 
O associacionismo refletiu a força crescente de uma burguesia e os laços sociais de uma classe culta e rica. Era uma força constitutiva organizacional, que gerou reivindicações para mudanças políticas e culturais;
IMPRENSA E ESFERA PUBLICA
Reprodução em larga escala faz ideias circularem e altera relação do homem com o conhecimento. 
Ou seja, imprensa = fim do monopólio do conhecimento. 
Esfera publica = conjunto dos espaços de discussão social. A partir do livre debate, procura-se um entendimento. 
Mudanças políticas democratizantes emergiram com mais força em lugares em que urbanos que se transforaram:
1) arena da vida pública organizada (casas de encontros, teatros, museus, livrarias); 
2) crescimento da comunicação social (editoras, imprensa); 
3) surgimento de público leitor através de sociedades de leitura e bibliotecas; 
4) transportes melhorados e centros adaptados de sociabilidade (cafeterias, tavernas, clubes).
Os meios de comunicação asseguram a circulação de ideias. Uma vez lançada ao debate, pensamento pode ser contrariado ou apoiado. 
O jornal como meio político começa a ver seu fim no século XIX, quando jornais deixam progressivamente de ser instrumentos políticos e se articulam com empresas de comunicação. 
Do debate político à forma comercial
Jornalismo se liga ao mercado, através da Publicidade. Com isso, há uma alteração na esfera pública burguesa. Consequências:
Mídia se torna um instrumento econômico sem perder o caráter político. 
Surgem profissionais especializados na imprensa no tratamento de informações. Mais tarde, os publicitários. 
Organização da informação passa a ter um formato: notícia, anúncios, releases. 
O compromentimento do profissional de comunicação não deve ser com nenhum partido, mas sim com a notícia e o público. Só o jornalismo neutro e apartidário consegue publicidade. 
Democrática até que ponto?
Mas até que ponto, Habermas questiona, a dependência entre mídia e anunciantes não destrói as possibilidades democráticas da mídia? 
A nova esfera pública deixa de ser um espaço autônomo para ser colonizado pelas regras de mercado que regem os meios de comunicação. 
Na prática: caso HSBC/inglaterra
“Se grandes jornais permitem que corporações influenciem seu conteúdo por medo de perder receita publicitária, a democracia está em perigo”. A frase é de Peter Oborne, principal comentarista político do Daily Telegraph, que pediu demissão acusando o jornal britânico de suavizar sua cobertura jornalística em nome de um contrato publicitário.
O HSBC teria ajudado milhares de clientes a lavar dinheiro na Suíça. Depois de publicar seis artigos sobre a investigação sofrida pelo banco, funcionários do Telegraph receberam ordem de destruir todos os emails, anotações e documentos ligados ao inquérito.
Desde 2013, após o banco parar de anunciar no Telegraph, a publicação de matérias críticas sobre ele passou a ser desestimulada na redação.
A conta era extremamente valiosa para o jornal. Um ex-executivo do Telegraph teria dito que o HSBC é “o tipo de anunciante que você, literalmente, não pode se dar ao luxo de ofender”.
Assim, o jornal britânico queria reconquistar a conta do banco. 
Telegraph rediz artigo atacando jornalista que denunciou o impresso. Aproveita e alfineta outras organizações:
“Nos importamos profundamente com nossos leitores, com quem temos um laço de confiança. Não há tema, pauta, pessoa ou organização proibida” para seus jornalistas. Estamos orgulhosos de fazer aquilo que nossos críticos não podem ou não farão: combinar excelência jornalística com sucesso comercial. Nós o fazemos para vocês, nossos leitores. E vamos continuar fazendo”, conclui o artigo.
 Lembrando que: BBC é financiada pelo público e o Guardian é administrado por um fundo. Telegraph disse que tais veículos são "protegidos da realidade comercial”.
PLANO 2: OS USOS DA COMUNICAÇAO
A volta de Habermas aos estudos de comunicação fica centrada na interação entre os falantes. 
Uma conversa é um texto. Não tem existência autônoma. (contexto)
Linguagem enquanto ação. Existe na ação e apresenta resultados. Gera transformações nas pessoas que utilizam. (pragmática)
As regras de linguagem passam a existir no momento em que se fala. Diferença 
Os usos da lingua: na prática 
Lembram do caso do livro de Português com erros, em 2013? 
"Por uma Vida Melhor”. 
Para os linguistas : o grande incômodo, relacionado ao fato do livro relativizar o uso da norma culta, substituindo a concepção de “certo e errado” por “adequado e inadequado”, retrata a incompreensão da imprensa e população em relação ao escopo de atuação de pesquisadores que se ocupam em compreender e analisar os usos situados da linguagem.
Como estabelecer regras universais da fala, se a fala é um elemento variável? 
Linguagem como performance, com resultados práticos. 
Uma ação social é uma interação entre duas pessoas que, em determinado momento, compartilham entre si significados de acordo com uma série de regras aceitas por ambos. 
Exemplo pessoa pedindo informação ao trocador: 
a) uso do por favor, entonação de pergunta, sinais corporais que indiquem dúvida
b) a pergunta é formulada em termos que permitam uma resposta. 
c) há regras para se perguntar ao trocador. Número limitado de perguntas. Perguntar o signo dele ou se ele usa suspensórios não faz parte desse “script”
D) cobrador presume que sua resposta tem consequências reais. Resposta tem que ser dada em termos lógico-racionais.
Não pensamos sobre isso. Já temos internalizado e notamos as falhas. 
Acões racionais e estratégicas
Habermas entende que o uso da linguagem está sujeito a interferências. Se toda linguagem gera resultados, basta utilizar de uma maneira X para obtero resultado X de outra pessoa. 
Ação racional (para o entendimento mútuo) X ação estratégica (sucesso individual). 
Habermas defende, como proposta para a sociedade, que transitemos progressivamente da ação estratégica para a ação comunicativa. Nesse tipo de ação, a orientação deixa de ser exclusivamente para o sucesso individual, e passa a se denominar como orientação para o entendimento mútuo. 
Nesse novo âmbito, os atores procuram harmonizar seus interesses e planos de ação, através de um processo de discussão, buscando um consenso. 
Na ação estratégica a finalidade não abre espaço para ouvir os argumentos dos outros, enquanto no agir comunicativo há um espaço de diálogo, em que se pensa em conjunto sobre quais devem ser os melhores objetivos a serem buscados por um grupo social. 
O entendimento mútuo, do agir comunicativo, será um importante facilitador da coordenação de ações, e servirá de base para a defesa da democracia no cenário político, com a crítica da repressão, censura e de outras medidas que não propiciam o diálogo dentro da sociedade
Ao selecionar informações, o profissional da mídia faz um uso estratégico da comunicação, pois a informação selecionadagera um ação. As informações que não são selecionadas não tem existência social. 
Mídia como elemento central no processo histórico, na vida cotidiana e como instância que cria memória e ação.