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Trabalho sobre Prisão Cautelar

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
IVAN NAKAMURA PAIVA
PRISÃO CAUTELAR: 
CONCEITOS, CARACTERÍSTICAS E CAUTELARIDADE
MOGI DAS CRUZES
2015
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
IVAN NAKAMURA PAIVA
PRISÃO CAUTELAR: 
CONCEITOS, CARACTERÍSTICAS E CAUTELARIDADE
Direito Processual Penal II
Trabalho de Curso apresentado no Curso de Ciências Jurídicas da Universidade de Mogi das Cruzes como parte dos requisitos para obtenção do título de Licenciado Bacharel em Direito, sob a orientação do Mestre Vanderlei Lemos.
MOGI DAS CRUZES - SP
2015
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO:
O presente artigo é baseado em estudos bibliográficos com referências à alguns autores, dos quais se destacam: Tourinho Filho, Denilson Feitosa, Aury Lopes Junior, entre outros e foi elaborado afim de promover uma explanação sobre as prisões cautelares, seus conceitos, características e cautelaridade no Direito Processual Penal, abordando na doutrina, legislação e jurisprudência as formas de decretá-las com algumas de suas respectivas características.
Este é um tema importante por tratar diretamente de dois direitos fundamentais tipificados na Constituição da República Brasileira de 1988, que é o direito à liberdade e à presunção de inocência.
As medidas cautelares surgiram com o objetivo principal de aplicar a lei penal e serão abordadas nesse artigo as prisões: preventiva, temporária e em flagrante.
 Para se utilizar da medida cautelar no processo penal, é necessário observar alguns requisitos básicos, como a presença do fumus boni iuris e o periculum in mora, aliás, duas expressões que recebem críticas devido ao fato de terem sido criadas para atender os fins do processo civil e que foram trazidas ao processo penal, sem o devido acautelamento e correções necessárias e que geram muitas polêmicas entre os doutrinadores.
 Apesar de haver a previsão de diversas espécies de prisão cautelar, a prisão preventiva e a prisão temporária, algumas infringem normas Constitucionais, uma vez que, em seu artigo 5°, inciso LIV, reza que “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”, o inciso LVII reza que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória” e o inciso LXVI reza que “ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança”, violando desta maneira um princípio inerente a todos os seres humanos, o da presunção de inocência ou in dúbio pro reo. 
PRISÃO CAUTELAR, CARACTERÍSTICAS E CAUTELARIDADE
O Direito Processual Penal assim como o Direito Processual Civil, admitem o sistema de medidas cautelares, que tem por finalidade medidas de restrição e salvaguarda das várias formas de liberdade; de preservação da prova do processo; de preservação dos direitos e interesses do ofendido; enfim, de assegurar o resultado efetivo do processo principal e seus pressupostos, que são os mesmos para ambos, isto é, o fumus (fumaça) e o periculum (perigo).
As leis processuais penais vigentes admitem como espécie de prisão cautelar (prisão sem pena, uma vez que não decorre de uma sentença condenatória transitada em julgado) a prisão preventiva, a prisão temporária, a prisão em flagrante, a prisão resultante de pronúncia e a prisão resultante de sentença condenatória. 
Com a Lei nº 12.403/11 (que inseriu no Código de Processo Penal onde enumerou várias medidas cautelares), ficou claro que a prisão cautelar (carcer ad cautelam) consiste numa espécie de medida cautelar pessoal, mas não única.
Num sentido mais amplo como expõe Denilson Feitosa, a prisão significa a “privação da liberdade de locomoção, efetuada por agente público e, se lícita, decorrente de ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, de prisão em flagrante ou de ordem de superior hierárquico-militar”.
Já para Fernando da Costa Tourinho Filho: 
Prisão é a supressão da liberdade individual, mediante clausura. É a privação da liberdade individual de ir e vir; e, tendo em vista a prisão em regime aberto e a domiciliar, podemos definir a prisão como a privação, mais ou menos intensa, da liberdade ambulatória.
A prisão cautelar (ou provisória) consiste naquela que não decorre de sentença penal condenatória transitada em julgado e se divide em 3 espécies: a prisão preventiva, a prisão em temporária e a prisão flagrante. 
As medidas cautelares são sempre provisórias e revogáveis, pois perduram até quando ocorrer uma situação que justifique a imposição da medida, sendo facultativas somente em casos onde o processo principal não for suficiente e porque só são mantidas se necessárias à preservação de direitos.
Elas podem ser aplicadas independente de ação ou provocação da parte ou do interessado como no habeas corpus ou a produção antecipada de prova, onde o juiz pode determinar a medida de ofício sem a provocação das partes, o que não ocorre no processo civil. Por outro lado, elas também podem ser requeridas pelas partes nas impetrações de habeas corpus e nos requerimentos de liberdade provisória.
Há várias medidas cautelares que integram o sistema processual penal, que ora se referem à pessoa do acusado (as medidas cautelares podem ser apontadas como a prisão em flagrante, a prisão preventiva, a prisão decorrente de pronúncia e a prisão temporária), ora a determinados pontos relacionadas com o crime, ora à provas que serão produzidas no processo principal.
Há algumas características que são inerentes das medidas cautelares e que estão presentes em sua decretação: Caráter instrumental, que visam tutelar outros bens jurídicos e assegurar o cumprimento das medidas definitivas; Acessoriedade, onde a medida cautelar depende de um processo principal, não possuindo vida autônoma em relação a este; Provisória, pois possuem vigência limitada no tempo, durando um período determinado ou, no máximo, até o trânsito em julgado de uma sentença condenatória; Sumariedade, que significa que a cognição (compreensão em examinar e conhecer a causa) nas medidas cautelares, em relação à profundidade, não é exauriente, mas sumária; Homogeneidade, indicando que a medida cautelar não pode ser mais grave que o provimento final a ser aplicado; Variabilidade, onde a medida cautelar pode ser alterada e, inclusive, levantada, caso seja modificada a situação de fato que deu causa à sua adoção.
 Quanto aos requisitos para a decretação de medida cautelar, duas regras básicas devem ser observadas antes da decretação de uma medida cautelar, que sejam de caráter pessoal, pertinentes à necessidade e à proporcionalidade decorrentes do princípio do elemento fundante do Estado Democrático de Direito, que é o princípio da dignidade da pessoa humana que constituem os princípios reitores das medidas cautelares, pouco importando o grau de sua coercitividade.
O requisito da necessariedade, diz respeito à decretação e aplicação da medida cautelar, à sua necessidade para a aplicação da lei penal, para a investigação ou instrução criminal e, ainda, nos casos expressamente previstos em lei, para evitar a prática de infrações penais.
Com relação à aplicação da lei penal, objetiva-se assegurar a eficácia da punição no caso de futura condenação. Havendo nos autos, prova concreta de que há risco de fuga do acusado do distrito da culpa, deve-se decretar a preventiva. Contudo, surgindo indícios razoáveis de que pode haver fuga, o juiz deverá impor medida cautelar alternativa.
Quanto à conveniência da instrução criminal, caso o réu possa, efetivamente, ameaçar testemunhas ou destruir provas, deve o juiz impor a prisão preventiva; contudo, havendo suspeita fundada de que a sua liberdade integral pode ser meio condutor de problema para a instrução, aplica-se a medida cautelar alternativa.
Quanto à hipótese de evitar a prática de novo delito, havendo previsão legal explícita, decreta-se medida cautelar especial.
Como espécies de provimentos de natureza cautelar, ensina Lima que, “as medidas cautelaresde natureza processual jamais poderão ser adotadas como efeito automático da prática de determinada infração penal.”
Dispõe ainda o referido autor que, a decretação está condicionada à existência do fumus comissi delicti e do periculum libertatis.
À luz do princípio constitucional da presunção de não culpabilidade – ou princípio da presunção de inocência, nenhuma das medidas cautelares do CPP (Código de Processo Penal) poderá ser decretada sem que haja a existência dos pressupostos, quais sejam do fumus comissi delicti e do periculum libertatis, e desde que sua decretação seja necessária ao caso concreto.
PRISÃO PREVENTIVA
A Prisão Preventiva (atualmente, a principal modalidade de prisão cautelar) é um instrumento processual expressamente disposta no Capitulo III, artigos 311 a 316 do Código de Processo Penal e se caracteriza por ser uma prisão cautelar decretada antes do trânsito em julgado do processo criminal. Este tipo de prisão deve ser decretada pela autoridade judicial competente, podendo ser solicitada pelo Ministério Público, pelo delegado, pela vítima (nos crimes de Ação Penal de iniciativa Privada) ou pelo juiz de ofício e só poderá ser solicitada se estiverem presentes todos os seus pressupostos de admissibilidade, bem como os requisitos legais. A decretação da prisão preventiva de ofício pelo juiz é rejeitada por parte da doutrina processualista brasileira, por ser uma característica do sistema inquisitório.
O art. 312 do CPP ressalta os requisitos que podem fundamentá-la:
A garantia da ordem pública e da ordem econômica (como forma de impedir que o réu continue praticando crimes);
Conveniência da instrução criminal ( afim de evitar que o réuimpeça ou prejudique o andamento do processo ou ameaçando testemunhas ou destruindo provas);
Assegurando a aplicação da lei penal ( de modo à impossibilitar a fuga do réu, garantindo que seja cumprida a pena imposta pela sentença).
São pressupostos da prisão preventiva o fumus comissi delicti (fumaça de cometimento do crime), materialidade e indícios de autoria, ou seja, para a decretação da prisão, deve haver algum sinal da ocorrência do crime, bem como a probabilidade de que o réu o tenha cometido.
A prisão preventiva não poderá ser decretada na hipótese do art. 314 do Código de Processo Penal, in verbis:
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas condições previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 23 do Decreto-lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal.
Dessa forma, conforme ensina Tourinho Filho, 
“não será decretada a prisão preventiva quando o juiz encontrar, nos autos do inquérito ou mesmo do processo, prova de ter o agente praticado o crime acobertado por alguma das causas excludentes de ilicitudes, previstas no art. 23 do Código Penal, ou seja, em estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular de direito.”
Logicamente, que não se exige, nesse caso, a perfeita constatação de que a excludente estava presente, mas indícios suficientes de sua existência.
A prisão preventiva poderá ser decretada em qualquer fase do inquérito policial ou do processo, exceto no período de cinco dias antes e quarenta e oito horas após as eleições, desde que a prisão não seja em flagrante (de acordo com o artigo 236 do Código Eleitoral), a fim de evitar fraudes na contagem dos votos.
A referida prisão só poderá ser decretada nas hipóteses de periculum libertatis (quando a liberdade do acusado oferece perigo). São elas:
Conveniência da Instrução Criminal: Neste caso, a preventiva é decretada pelo fato de o réu atrapalhar ou prejudicar a colheita de provas, seja adulterando o local do crime ou ameaçando testemunhas.
Garantia da Ordem Pública: Por ser um conceito vago e indeterminado, a doutrina e a jurisprudência majoritárias entendem como risco de reincidência do crime, fundando-se na periculosidade do réu e na gravidade do delito.
Garantia da Aplicação da Lei Penal: Aqui, a preventiva é decretada para evitar que o réu se esquive do cumprimento de eventual sentença penal condenatória, garantindo a devida aplicação da lei.
Garantia da Ordem Econômica: A garantia da ordem econômica foi introduzida às hipóteses de prisão preventiva pela Lei 8.884 /94 (Lei Antitruste), tratando esta lei de crimes contra a ordem econômica nacional. A prisão preventiva, neste caso, visa impedir a continuidade da prática dos crimes para normalizar a economia.
PRISÃO TEMPORÁRIA
A Prisão Temporária, é um tipo de prisão cautelar, regida pelo CPP, disciplinada pela Lei nº 7.960/1989, com o intuito de regularizar a anterior “prisão para averiguação” e decretada pela autoridade judiciária competente durante a fase preliminar de investigação, quando houver necessidade de privação de liberdade de locomoção do réu para a obtenção de elementos de informação quanto à autoria e materialidade das infrações penais aludidas no art. 1º, III, de Lei n.º 7.960/1989, bem como em relação aos crimes hediondos e equiparados previstos nos art. 2º, § 4º da Lei 8.072/1990. É uma espécie de prisão provisória, uma vez que só é cabível a sua decretação, no decorrer da fase policial, ou seja, sem mesmo o início da ação penal.
Conforme disposição do artigo 1º da Lei 7.960/89, somente será cabível quando a mesma for imprescindível para a investigação policial na fase do inquérito, quando o indiciado não tiver residência fixa , quando houver dúvida quanto a sua identidade e quando houver fundadas razões ou participação do indiciado nos crimes de homicídio doloso, sequestro ou cárcere privado, roubo, extorsão, extorsão mediante sequestro, estupro, rapto violento, epidemia com resultado morte, envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificada pela morte, formação de quadrilha, genocídio, tráfico de drogas e também nos crimes contra o sistema financeiro.
Para Nucci, a prisão temporária “é uma modalidade de prisão cautelar, cuja finalidade é assegurar uma eficaz investigação policial, quando se tratar de apuração de infração penal de natureza grave.”
Conforme disciplina a Lei nº 7.960/89 a prisão temporária, ao contrário da prisão preventiva, dirige-se exclusivamente à tutela das investigações policiais, restringindo-se sua aplicabilidade quando instaurada a ação penal.
Os requisitos motivadores à decretação da prisão temporária são aqueles previstos no 1.º da Lei n. 7.690/1989, in verbis:
Art. 1.º Caberá prisão temporária:
I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;
II – quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos de usa identidade;
III – quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova        admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:
a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2.º);
b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1.º e 2.º);
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1.º, 2.º e 3.º);
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1.º e 2.º)
e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus §§ 1.º, 2.º e 3.º);
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único);
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único);
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único);
i)epidemia com resultado morte (art. 267, § 1.º);
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com o art. 285);
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;
m) genocídio (arts. 1.º, 2.º e 3.º da Lei n. 2.889, de 1.º-10-1956), em qualquer de suas formas típicas;
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n. 6.368, de 21-10-1976);
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n. 7.492, de 16-6-1968).
Essas hipóteses para a decretação da prisão temporáriasnão são alternativas e nem destituídas de qualquer outro requisito, o que significa que, apesar de instituírem uma presunção de necessidade da prisão, sua decretação não teria sentido se a situação demonstrasse o contrário. Dessa forma, tem-se a necessidade de combiná-las entre si e combiná-las com as hipóteses da prisão preventiva.
Quanto ao prazo, a prisão temporária será decretada pelo juiz mediante representação da autoridade policial ou a requerimento do Ministério Público, com prazo de cinco dias, prorrogáveis por outros cinco, em caso de extrema e comprovada necessidade, conforme dispõe o art. 2.º, caput, da Lei 7.960/89. Tratando-se de crimes hediondos ou equiparados, o prazo aumenta para 30 dias, prorrogáveis por outros 30, conforme o art. 2.º, § 4.º, da Lei 8.072/90. Observa-se que, ao contrário das outras medidas cautelares, não há hipótese de decretação de ofício pela autoridade judiciária.
Depois de findado o prazo estipulado pelo juiz, “deve o indiciado ser de pronto libertado, pela própria autoridade policial, independentemente da expedição de alvará de soltura.” Importante ressaltar que a única hipótese legal para manter o indiciado preso, ao termino do prazo, seria a decretação da prisão preventiva.
PRISÃO EM FLAGRANTE
A prisão em flagrante (do latim flagrare, que significa queimar ou arder, aquilo que está a queimar, que está acontecendo) advém da certeza visual do crime, conforme ressalta Julio Fabbrini Mirabete. 
Apesar da liberdade ser a regra em um Estado Democrático de Direito e a prisão a exceção, a prisão em flagrante é um mecanismo de autodefesa da sociedade e deriva da necessidade de fazer cessar a prática criminosa, assegurando também a prova da materialidade e da autoria do fato criminoso. Sacrifica-se um bem menor (a liberdade de locomoção) para preservar um bem maior (a paz social e a ordem).
A prisão em flagrante é uma medida cautelar, no disposto no inciso I do art. 302 do CPP que prevê hipótese de flagrante delito em que é visível a situação de ardência, de prova induvidosa da prática do fato delituoso, tendo em vista que o agente está cometendo o delito, ou seja, quando o agente está cometendo a infração penal, ou acaba de cometê-la, e é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido, ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser o autor da infração, ou quando é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser o sujeito ativo.
Tendo em vista que a permanência do agente no cárcere dependerá das situações autorizadoras da decretação da prisão preventiva, ou seja, só se justifica a permanência do acusado no cárcere se estiverem presentes os requisitos fumus boni iuris e o periculum libertatis, que são pressupostos das medidas cautelares e a verificação da decretação da custódia à luz dos princípios e preceitos constitucionais, com o objetivo de assegurar o resultado final do processo. 
Guilherme de Souza Nucci conceitua como sendo uma “modalidade de prisão cautelar, de natureza administrativa, realizada no instante em que se desenvolve ou termina de se concluir a infração penal (crime ou contravenção penal).”
Acerca do estado de flagrância, dispõe o art. 302 do CPP:
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I – Está cometendo a infração penal;
II – Acaba de cometê-la;
III – É perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser o autor da infração;
IV – É encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
PRINCÍPIO FUMUS BONI IURIS ( FUMAÇA DO BOM DIREITO)
O princípio fumus boni iuris (fumaça do bom direito, expressão latina que vem do ditado popular de que ‘onde há fumaça, há fogo’) significando que há indícios de que quem está pedindo a liminar (aparentemente) tem direito ao que está pedindo. Em outras palavras, o magistrado não está julgando se a pessoa tem direito (isso ele só vai fazer na sentença de mérito, quando decidir o processo), mas se ela parece ter o direito que alega, ou seja, prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria.
PRINCÍPIO PERICULUM IN MORA (PERIGO DA DEMORA)
O princípio periculum in mora (perigo da demora, expressão latina) significa que se o magistrado não conceder a liminar imediatamente, mais tarde será muito tarde, ou seja, o direito da pessoa já poderá ter sido danificado de forma irreparável ou será de difícil reparação.
Segundo Aury LOPES JÚNIOR, quanto ao periculum in mora, “o fator determinante não é o tempo, mas a situação de perigo criada pela conduta do imputado”. E continua: “O perigo não brota do lapso temporal entre o provimento cautelar e o definitivo. Não é o tempo que leva o perecimento do objeto”. Este renomado doutrinador também acredita que a expressão periculum in mora deveria ser substituída por periculum libertatis (perigo na liberdade do acusado), pelo fato de ter sido criada para atender os fins do processo civil e foi trazida ao processo penal, sem as devidas cautelas e correções necessárias.
ALTERAÇÕES DAS PRISÕES CAUTELARES
A Lei 12.403/2011, que modificou vários dispositivos do CPP relativos à prisão processual, fiança e liberdade provisória, criando medidas cautelares diversas da prisão, acrescentou ao Código de Processo Penal um novo rol, que contém nove medidas cautelares diversas da prisão, as quais poderão ser aplicadas de forma concomitante pelo magistrado, desde que de forma justificada e levando sempre em conta os critérios de necessidade e adequação previstos no artigo 282, incisos I e II. Essas modificações foram realizadas sem uma revisão sistemática do problema, resultando em falta de nexo de algumas disposições.
As Disposições Gerais do Título IX do Livro I do Código de Processo Penal, foi a parte do Código de Processo Penal que mais sofreu alterações com a vigência da referida Lei, pois reconheceu a natureza cautelar de toda prisão antes do trânsito em julgado, ampliando, ainda, o leque de alternativas que objetivam proteger a regular tramitação do processo penal, com a instituição de diversas outras modalidades de medidas cautelares.
Porém, ela não foi completa ao disciplinar as alterações das medidas cautelares, tendo em vista que não incorporou a prisão temporária, que continua sendo disciplinada por lei especial. Contudo, a grande importância da lei 12.403/2011 foi tratar da prisão processual dentro do conceito de cautelaridade, onde devem estar presentes, para sua caracterização, o fumus boni iuris e o periculum in mora, definido expressamente no art. 282 do CPP.
Observa Aury Lopes Jr. que o referido dispositivo legal “é importante e consagra a prisão preventiva como último instrumento a ser utilizado, enfatizando a necessidade de análise sobre a adequação e suficiência das demais medidas cautelares.
Com a nova redação dada pela Lei nº 12.403/2011, o art. 306 do Código de Processo Penal passou a dispor: “Art. 306 A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
§ 1.º Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.”
Adaptou-se o referido artigo à garantia prevista no art. 5º, LXII, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, que assim dispõe: “A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família de preso ou à pessoa por ele indicada”.
A nova redação do art. 306 do Código de Processo Penal, “estendeu a obrigação do responsável pelo ato coercitivo de fazer também a comunicação ao Ministério Público”.
CONCLUSÃO
No processo penal, há um conflito entre o direito de punir do Estado e o direito de liberdade do indivíduo. Logo,pode-se dizer que a dignidade humana encontra-se em risco neste jogo, já que a prisão cautelar (prisão sem pena, que só pode ser decretada excepcionalmente e em situações de extrema urgência e necessidade), muitas vezes pode servir de penalidade.
Com a Lei 12.403/2011 foi introduzido várias medidas cautelares diversas da prisão provisória, provendo instrumentos hábeis a evitar a restrição antecipada da liberdade quando esta não se mostre necessária nem adequada. Ainda assim, há diversas críticas no sentido de que ela favorecerá criminosos do colarinho branco, considerando que, em geral, trata de delitos com penas máximas cominadas inferiores à quatro anos (a maioria de agentes primários e de bons antecedentes), e entende-se que tal diploma legal poderá se mostrar como valioso instrumento de persecução penal, onde se faz necessário que a apontada normativa seja interpretada com razoabilidade, uma vez que oferece diversas alternativas ao acautelamento do réu, até então inexistentes, que podem se mostrar eficazes à garantia da instrução criminal e, em última análise, ao provimento jurisdicional final.
Enfim, salienta-se neste trabalho a opinião de que a prisão cautelar é baseada, principalmente, em presunções e não em um juízo de certeza, quebrando e maculando algumas máximas da nossa carta magna, o que pode ser visto apenas como a maneira que o Poder Judiciário tem nas mãos o poder de dissimular sua ineficiência na busca da efetiva justiça e como consequência o desrespeito ao direito à liberdade individual ao condenar uma pessoa à perda de sua liberdade de ir e vir pela simples presunção de ter ela cometido determinado delito.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Disponível em: http://direito.folha.uol.com.br/blog/exemplo-de-fumus-boni-iuris-e-periculum-in-mora Acesso em: 08/10/2015
Disponível em: http://direitoinblog.blogspot.com.br/2011/06/medidas-cautelares-no-processo-penal.html Acesso em: 09/10/2015
Disponível em: http://jus.com.br/artigos/24566/prisao-cautelar-as-inovacoes-introduzidas-pela-lei-n-12-403-2011#ixzz3o1WOrQTi Acesso em: 06/10/2015
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Disponível em: http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/esp%C3%A9cies-de-pris%C3%A3o-cautelar-de-natureza-processual-penal Acesso em: 05/10/2015
Disponível em: http://www.saladedireito.com.br/2011/05/prisao-em-flagrante.html Acesso em: 09/10/2015
MENDONÇA, Andrey Borges de. Prisão e outras Medidas Cautelares Pessoais. Rio de Janeiro: Forense, 2011.
LIMA, Marco Ferreira; NOGUEIRA, Ranieri Ferraz. Prisões e Medidas Liberatórias. atual. São Paulo: Atlas, 2011.

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