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Psicologia de grupo e analise do ego

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{,rffr*-'!::--:ri
{1914c) (cujo último parágrafo aborda, de forma altamente cc»rdensatla,
muitos dos pontos aqui debatidos) e de 'Luto e Melancoiia' (1917e). Freud
também retorna a seu primeiro interesse pelo hipnotismo e pela sugestão,
que datava de seus estudos com Charcot em lgg5-6.
Tal como o título indica, o trabalho é importante em dois sentidos dife-
rentes. Por um lado, explica a psicologia dos grupos com base em aiterações
na psicologia da mente individual, e, por outro, ieva um passo à frente a
investigação freudiana da estrutura anatômica <1a mente, já prenunciada em
Alem do Princípio de Prazer (r920g) e â ser compietamente elaborada ern
O Ego e o Id (1923b).
Extratos da primeira (1922) tradução deste trabalho foram incluídos na
General selectionfrom ihe works of sigmttntí Frettd, <ie Rickman (1937,
195-244).
@ "il^^*ú.c.ez-*.
PSICOLOGIA DE GRI'PO E A ANÁLISE DO EGO
I
INTRODUÇÃO
o contraste entre a psicologia individual e a psicologia social ou de
grupo,l que à primeira vista pode parecer pleno de significação, perde
grande parte de sua nitidez quando examinado mais de perto. E verdade que
a psicologia individual relaciona-se com o homem tomado individualmenrc
e explora os camiúos pelos quais ele busca encontrar satisfação para seus
impulsos instinruais; conrudo, apenas raramehte e sob certas corrciições
excepcionais, a psicologia individual se acha em posição de desprezar as
relaçôes desse indivíduo com os outros. Algo mais está invariar.ehnente
envolvido na vida mental do indivíduo, como um modeio. um objeto, um
àuxiliar, um oponente, rle maneira que, desde o começo, a psicologia irdivi-
dual, nesse sentido ampliado mas inteiramente justificável cras palavras, é,
ao mesmo terrpo, também psicologia social.
As relações de urrr i*divíduo com os pais, co1,1 os innãos e innãs, com o
oojgto de seu arnor e com se* médico, na realidade, todas as relações que até
o prcsente constiluí!'am o principal ierna da pesquisa psicarralitica, podem
reivindicar serem çonsideradas como fenômeuos sociais, e, com respeito a
isso, podem ser postas er, cont.aste com certns oukcs processos, por nós
descritos çonio 'narcisistas', nos quais a satisfação dos instintos é parciai o,.r
totaimente retirada da infiuência de outras pÊsscas. o contraste eütre aios
mentais sociais s 6s;çisjsta5 
- 
Bieriler [lgl2l ralvez os chailasse <ie 'auiís-
ticcs'- incirje assirn inteiramente dentro do dorlínio eia psicologia indivi-
duai, não sentio adequa<lo para diferençá-la de urna psicoiogia social <lu de
9rup0.
O indivíduo, nas reiações que já mencionei -- coni os pais, com os
imàos e irmãs, com a pessoa amaria. com cs amigns c crlm o medico 
- 
, cai
sob a influência de apenas uma só pessoa ou de uri número bastante redu-
I [No correr de toda esta tra<iução utiliza-se a palai,ra 'grupo' como equivalente *
palawa alemã 'Masse', muito mais atrrangeate- o autor emprega essa última palavra
para traduzir tanto o 'giupú', de McDougall, comc também a ,foule' , de l.e Bon, que
seria mais lraturalmeúic traduzica por 'multidão' em ingiês- A bem da unifor-rnicaàe,
coa{udo, preferiu-se 'grupo' tarnbêin nessã caso e a yraiavra substirtiu .multidào,
irr€smo nos exiratos da traducão ingÍesa de Le Bon.l@ u";ct,. b-
7,§
zido de pessoas, cada uma das quais se torÍ1a enormernente importante para
ele' ora, quand<i se fala de psicorogia social ou de grupo, costuma-se deixar
essas reiações de lado e isolar como tema de indagação o influenciamento
de um indivíduo por um grande número de pessoas simultaneamente, pes-
soas com quem se acha liga<1o por algo, embora, sob outros aspectos e em
muitos respeitos, possam ser-rhe estranhas. A psicologia de grupo interes-
sa-se assim pelo indivíduo como membro de uma raça, de uma nação, de
uma câsta, de uma proÍissão, de uma instifuicãr
de urna mur ti dão ;. Ã; ;;:: il#,,t#::ffi i:::fiT::::iJ;determinada, pam um intuito definido. uma vez a continuidade nafural
teiiha sido internrmpida desse modo, se uma rupturâ é assim efçtuada entre
coisas que são por natureza interligadas, é Íácil enca.ar os fenômenos sur_gidos sob essas condições especiais como expressões de ,m instinto espe-
cial que já não é redutíver 
- 
o instinto sociar {herd instirzci, group mitza\,'que não vem à iuz em nenh,ma outra situação. Contudo, #ti., iorrurno,atrever-nos a ob-ietar que parece dificil atribuir ao fator numerico uma signi_
ficação tão grande, que o torne capazl por si próp,o, cre despertar ern nossa
virla mentai um novo instinto, que de outra maneira não seria colocado emjogo' Nossa expectativa dirige-se assim para duas outras possibilidades:
que o instinto sociar talvez não seja um instinto prir:ritivo, insuscetívei <iedissociação, e c1r-re seja possír'el descobrir os primórdios de sua e'olucão
num círculc. mais estreito, tai como ri da farnília.
Ernt,ora a psicologia cie grupo ainria se encontre em sue inÍância, ela
atrrange imenso número de temas idependentes e oferece aos investiga-
dores incontáveis problemas que ate c momelto nern mesmo tbram correta-
nente distiirg,idos uns dos o*tros. A mera classiiicação das .iferentesfonaas de formação r1e grupo e a descrição dos fe,ôme,os rnentais por elasproduzidos exigein gran<1e dispêndio de observação e exposição, qu";a a"u
origem a uma copiosa riteratur-a. euarquer: pessoa que compare as exíguasdimensões deste pequeno iivro com a ampla extensão da psicologia degrupo, poderá perceber em seguida que apenas alguns portos, 
"r.olhido,dentre a toiali'dade dc; materia-l, serão tratados aqr.ii. E, realmente, é em
apenas algumas questôes tlue a psicologia prolirnda da psicanálise está
especiailren te inleressarie..
II
A DESCRIÇÃo »r LE BON DA MENTE GRUPAL
Em vez de partir de uma definição, parece mais proveitoso começar
com aiguma indicação do campo de ação dos fenômenos em exame e seleci_
onar dentre eles alguns Íàtos especiarmente notáveis e característicos, a.rs
quais nossa indagação possa rigar-sc. podcmos arcançarambos os objerivos
por meio cie citações da obra merecidamente famosa de Le Bon, isyrho-
logie des foules [1 855].
Esclareçamos mais uma vez o assunto. Se uma psicologia __ interes_
sada e,r erplorar as predisposições, os impulsos instintuais, os rnotivos e csÍi's de um indivíduo até as suas ações e suas relações comaqueres que thc
são mais próximos 
- 
houvesse atingido compietamente sàu objetivo e
esclarecido a totalidacc dessas questõcs, com suas intercoriexôes, derrorr^
tar-se-ia então subitamente com uma nova tarefa, que perante ela se esten-
deria incompleta. seria obrigada a exptricar o tato surpreeudente cle que, sob
certa condição, esse indivíduo, a ouem iravia chegacro a compreen,Jer,
pensou, sentiu e agi* de maneira inteiramente diferenie daqr-iela que selia
esperada- Essa condição é a sua incrusão numa reu,ião de pessoas que
aciciuiriu a característica de um .grupo psicológico,. C qr" e, então, unl
'grupo'? como adquire ele a capacidaile de exerceÍ inflLiência tão decisiva
sobre a vida mental do indivíduo? E qual é a nafureza da alteração meniai
que eie força no inciivíduo?
constifuiu tarefa de uma psicorogia de grupo teórica respc;,cer Íi essâs
três perguntas. A meliror naneira de abordá-las é, e-,.ide,lteiaente, comecar
pela terceira- É a observação das arter-ações nas reações do i,divíciuo que
fornece à psicologia de gÍupo seu material, de uma,,,ez que toda terrtativa <1e
explicaçã. deve ser precedida pela descrição da coisa que terr, de ser expli
cacia.
Deixarei que agora Le r-iorr ialu p,ri- si p'riprio. Diz eie: .A oecuriar.i-
dade ,rais notável apresentada pcr um grupor psicorógico é a segriinte:
sejam quem forem os in<iivitluos que o cornpõem, por serxeihaÉtes o, des-
semelhantes que sejam seu modo de vida, suas ocupações, seu caráter cu
sua inteligência, o fato de haverem sido transformados nurn grupo coto-
ca-os naposse de uma espécie de menie coietiva q-ue os iàz sentir, pensale
agir de maneira milito difere,te daquela peia quai cada membro dere-
! [Essas expressõl:-< e-slãc em in-elês nn original.]
T?
I [ve;'noledero'japó,pág' i3-EssaciraçãoeasseguinÍessã*rlarraduçãcingiesa.l
i?
!ai!
tomado individualmente, sentiria, pensaria e agir.'a, caso se encontrass€ em
estado de isolamento, Há certas idéias e sentimentos que não surgem ou que
não se transformam em atos, exceto no caso de indivíduos que formam um
grupo. O grupo psicológico é um ser provisório, formado por elementos
heterogêneos que por um momento sç çombinam, exatamente como as
células que constituem um corpo vivo, formam, por sua reunião, um novo
ser que apresenta características muito diferentes daquelas possuídas por
cada uma das células isoiadarnente.' (Trad., 1920,29.)
Tomaremos a liberdade de interromper a exposição de Le Bon com
comentários nossos; por conseguinte, inseriremos uma observação nesse
ponto. Se os indivíduos do grupo se combinam numa unidade, deve haver
certamente algo para uni-los, e esse elo poderia serprecisamente a coisa que
é caracteristica de um grupo. Mas Le Bon não responde a essa questão;
pro§§egue considerando a alteração que o indivíduo experimenta quando
num grupo, e a descreve em termos que se harmonizam berrçcom os postu-
lados fundamentais de nossa própria psicologia profunda-
'É facit provar quanto o indivíduo que faz parte de um grupo difere do
individuo isolado; mas não é tão fácil descobrir as causas dessa diferença.'
'Para obter, de qualquer modo, um vislurnbre delas, é necessário em
primeiro lugar trazer à mente a verdade estabelecida pela psicologia moder-
na, a de que os fenômenos inconscientes desempenham papel inteiramente
preponderante não apenas na vida orgânica, rnas também nas operações da
inteligência. A vida consciente da mente é de pequena importância, em
comparação com sua vida inconsciente. o analista mais sutii, o observador
mais agudo dificilmente obtêm êxito em descobrir mais do que um número
muito pequeno dos motivos conscientesl que deterrninam sua conduta.
Nossos atos conscientes são o produto de um substrato inconsciente criado
na mente, principaimente por influências hereditárias. Esse substrato con-
siste nas inumeúveis çaracterísticas Çomuns, transmitidas de geração a
geração, que consíituem o gênio de uma raça. por detrás rias causas confes-
sadas de nossos atosjazem indubitavelmente causas sÊcretas que não con-
fessarnos, mas por detrás dessas Çausas secretas existem muitas outras, mais
secreías aindq ignoradas2 por nós próprios. A maior parte de nossas ações
[corno foi âpontado numa rota de rodapé à edição alemã de 1940, o texto original
&ancês ciz 'iru:onscients'. A tradução inglesa de Le Bon diz 'inconscienter', úr u
versão alemã, citada por Freud, menciona 'be*asster' (.conscientes').]
t4. traCução ir4lesa diz: 'que nós próprios ignorarnos,, ciá interpretação da palavra
francesa 'igwsrees'.]
cotidianas são resultados de motivos ocultos que fogem à nossa obser-
vação.' (Ibid., 30.)
Le Bon pensa que os dote§ particulares dos indivíduos §e apagam num
grupo e que, dessa maneira, sua distintividade se desvanece. O inconsciente
racial emerge; o que é heterogêneo submerge no que é homogêneo' Como
diríamos nós, a superestrutura mental, cujo desenvolvimento nos indiví-
duos apresenta tais dessemelhanças, é removida, e as funções inconscientes,
que são semelhattes em todos, ficam expostas à vista.
Assim, os indivíduos de um grupo viriam a mostrar um caráter médio-
Mas Le Bon acredita que eles também apresentam novas características que
não possuíam anteriormente, e busca a tazão disso em três fatores dife-
rentes.
'O primeiro é que o indivíduo que faz parte de um grupo adquire, uni-
cameüte por considerações numéricas, um sentimento de poder invencível
que the permite render-se a instintos que, estivesse ele sozinho, teria com-
pulsoriamente mantido sob coerção. Ficanâ ele ainda menos disposto a
controlar-se pela consideração de que, sendo um grupo anônimo e, por con-
seqüência, irresponsável, o sentimento de responsabilidade que §€mpre
controla os indivíduos, desaparece inteiramente.' (Ibid., 33.)
segundo nosso ponto de vista, não precisamos atribuir tanta irnpor.
tância ao aparecimento de características novas. Para nós, seria bastante
dizer que, num grupo, o indivíduo é colocado sob condições que lhe per-
mitem arrojar de si as repressões de seus impulsos instintuais inconscienles'
As características aparentemente novas que então apresenta são na reali-
dade as manifestações desse inconsciente, no qual tudo o que é rnau na
rnente humana está contido como uma predisposição. Não há dificuldade
alguma em cornpreender q desaparecimento da consciência ou do senso de
responsabilidade, nessas circuastâncias. Há rauito tempo é asserção nossa
que a .ansiedade social' constitui a essênçia do que é chamado de ôon§-
ciência.l
t Há certa diferençâ entre a opinião de ir Bon e a nossa, devido a.o fato de que seu con-
ceito de inconsciente nãc ccincidç inteiramente com o adotado pela psicaúiise.
0 inconsciente de Le Bon contém, mais especialmente, os âsPecto§ mais profunda-
me&te ederrados da mente racial, que, em ver<iade, estão fofa do escopo da psicaná-
lise. Não deixamos de reconhecer, é faio, que o núcleo do ego, que compreende a
'herança arcaica' da me.§Js humana, é ilconsciente; além disso, porém distia.guimos o
.reprimido incor.scieote" que surgiu de urna.parte dessa herança. Esse canceitc dc
reprimido não é encoalrado ern LeBon.
!
1
8ü â{
r!-t!=F.r Y€E?EB-.?1:
'A segunda causa, que é o contágio, também intervém para determinarnos grupos a manifestação de suas característica, 
"rp""iui. ", uo ,rrrrn,otempo, a tendência que devem tomar. O contágio é um fenômeno cuja pre_sença é fác, estaberecer e rriÍic, expricar. ;."" J.;i;rr**"á" 
.ro"aqueles fenômenos de orden:i hipnótica que logo esrudaremos. Num grupo,todo sentimento e todo ato são contagiosos, 
" 
*rr"*ar"r;;;;"i;;;, Ur" 
"
indivíduo prontamente sacritrca seulnteresse pessoal ao interesse coretivo.Trata-se de aptidão bastante contrária à sua natureza e cla q.ar um homemditicilmente e capaz, exceto quand o faz parte<le um grupo. , (Ibid., 33.)
N4ais tarde, basearemos uma importante conjectura nessa Íritima aÍir*mação.
'uma terceira causa, de ron-Qe a rnais imporlante, determina nos indiví-duos de um grupo caracterísiicas especiais q,,. ,ao às vezes inteiramentecontrárias às apresentadas pelo indivíduo isolado. Aiudo àquera ru*"*iono-bilidade, da qual, arerr disso, o contágio acima menciona& ,ão é mais doque um efeito.,
'Para compreender esse Íênômeno, é necessário ter em mente cefiasrecente§ descobertas psicológicas. sabemos hoje que, po. div".sos p.o-cessos' um rndivíduo p.de se'c.iocado numa condição em que, havendoperdido inteiramente sua personalidade consciente, obedece a todas assi-rgestões do operacror: que o privou dela e comete atos em cornpleta conka-dição com seu caráter e hábrtos. As investigações mais cuidadosas pareceindemcnstrar que um inciivíduo imeiso po. J"no rapso de tempo num grupoenr ação, cedo se desco.bre __ seja em conseqüência da influêrrcia 
_ffi,i"uemanada do grupo, seia crel'icio a arguma outra causa por nós ignorada 
--num estado especial, qLle §e asseme,ha rnuito ao estado de ,fascinação, emque o indivíduo hipnotizado se enconlra nas mãos do iiipnotizador.(...)A personalidade conscie,te desi.aneceu-se inteirarnente; a vontade e o <ris_cernimento se perderam. Toc10s os sentiiaentos e o pensamefllo i,clinam_sena direção detemrinada pelo hipnotizadoi.., r'avtldrr
'Esse tarnbéin é, aproxinladamente 
, o estado clo indivíduo que faz partede u,r gi,po psicorógico. EIejá aão se acha ccnsciente de seus atos. Em seucaso' Çor110 no do sujeito hipnotizaco, aú mesmo tempc que ceilas facur-dades são destruídas,'utras podem sr:rconduzidas a um alto grau de exai-tação' sob a influência de urna srigestãc, empreenderá arealizaçãode certosatos com iiresistível irnpetr-losidade. Essa iinpetuosidade é ain<ia rnais irie_sistír,el nc caso dos grurros do que no iic sujeit,.r hipriotizado, Dorque" sendo
8?.
a sugestão a mesma para todos os indivíduos do gmpo, e1a ganha força pela
reciprocidade.' (Ibid., 34')
.Vemos então qtre o ilesaparecimento da personalidacle consciente, a
predominância da personalidade inconsciente, a modificação por meio da
sugestão e do contágio de sentimentos ç idéias numa direção idêntica, a ten-
dência a transformar imediatamente as idéias sugeridas em atos, estas,
vemos, são as características principais do indivíduo qrie faz parte de um
grupo. Ele não é mais ele mesmo, mas transforrnou-se num autômato que
deixou de ser dirigido pela sua vontade.' (lbid', 35')
Citei essa passagem tão integralmente a fim de tomar inteiramente
claro que Le Bon explica a condição de um indivíduo num grupo como
sencio realmente hipnótica, e não faz simplesmente uma cornparação entre
os dois estados. Não temos intenção de levantar qualquer objeção a esse
argumento, mas queremos apenas dar ênfase ao fato de que as duas últimas
causas pelas quais um indivíduo se modifica num grupo (o contágio e a alta
sugestionabilidade), não se encontram evidentemente oo mesmo plano. de
Inodo que o contágio parece, na realidade, seí uma manifestação da snges-
tionabilidade. Além disso, os efeitos ,los dois fatores não parecem ser niti-
darrente diferenciados no texto das obsen,ações de Le tson. Taivez pcs-
samos interpretar melhor seu enunciado se vincuiarmos o coniágio aos
eieitos dos rnembros do grupo, tomados individualmente, uns sobre os
outros, enquaüto apontamos ouÍra fonte para essas manifestações de suges-
tões no grupo, as quais ele ccnsidera semelhantes aos fenôilenos da influên-
cia hipnótica. Mas que foiite? Não podemos deixar de ficai inipressionados
p0í ull1a sensação de lacuna quando observarmos que um dos principais eie-
mentos ria comparação. a saber, a pessoâ que deve substituir o hipnotizador
no caso do srupo, não é rnencionada na exposição de Le Bon. Entretanto,
ele faz distinção entre essa influência da 'fascinação' clue pertnârieÇe meÍ-
guihada na obscuridade e o efeito contagioso que os indivíduos exercel11 uns
sobre os outros e através d,c qual a sugestão original é fortaiecida.
Temos aqui outra importante comparação para ajudar-nos a entender o
indivíduo num grupo: 'A1em disso, pelo simples fato de lazer parte cle uni
grupo organizado, um hornem desce vários degraus na escada da civiii-
zação. Isolado, pode seí um indivíduo culto; numa multiclão, é um bárbaro,
ou seja, uma crialirra que age pelo instinto. Possui a espoltaneidade , a t'ic-
lência, a lbrocidade e também o entusiasmo e o heroísmo dos seres pinri-
tivos.' (Ibid-,36-) I-e Bon demora-se então especialmente na redução da
,11
;ff;:li'* 
intelectual que um indivíduo experimenra quando se tunde nurh
Abandonemos agora o indivíduo c vohercomo derineada por l" l* ,l;;;;;;",":i"il,]XT[l#}illljipsrcanalista encontre qualquer dificrrdr.O"*,
sua fonte. o próprio Le Bon ,o,;;]].}-;rrl srruar ou em fazer derivar de
semelhança 
.à* 
" 
rrar-*""I;;;'::"":::i" o caminho' apontando para sua40)" - "da mental dos povos pnmrtrvos e das crianças (ibid.,
,"J[ illtJr'TJ'ttt:' mutável e irritável. É revado quase que excrusi-
p.dem, de acordo 
."J:.::1t:2 os impulsos a que um grupo obedece,
ou covardes, mas sâo :1t- 
tt::":'âncias' ser gene.osos ou cruéis, heróicos
nern mesmo o 6u uu1""ll-te 
tão imperiosos, que nenhur, inr"."..à plrrour,
ff [,".'":U]ltitr*ffi*::'t#::1.::'fi'Ii11g"):f
torerar quarguer o"*o.l"Tlo' 
potq-u" é incapaz de p".r.,r..*!1l na. r"o"
um sentimen to a" oni jolãlTi;TÍ:j:ffi ;::1:..:r" ao q u.á","iJ i"*impossibilidade desaparece.r luo num gnipo a noçâo de
Um grupo é extrer
:: ;,*:* ni: : fuft .:l_tr : : : ff ,1T :t :, #?:T;,::: ffi: :
1rn e s rado s o 
",*,*, 
* #ii d::i;",:*:tr x::"[*Ji:":f fflJr:t;".".ffija por quaiqu"' etgao ,urãu"r..os senrimenros de um
conhece a dúvida ,"* j,l;lll_re muito exa_eerados, 0., ,rr.,., nJ" ^*
I Co.mparc-sc o dísricu de Schiller:
§fi:'Il.Tillllr:Ií;': 
'': 
Ieidrich krug und versrãndig;
iLaoa um. oíhar-lo ;.^r,;-iird euch ein Dumntkopldararrs.ürasquando-.*r;;;.c.'."i.#:THilT:::jXX,:;ffi:.,ll:,1j,
_rnrjonsctente' c aqui cmpregaoo corrlâmente por Le Brnao slgnifica apenâs (i 'rcpq;nrdo-_ 'rn. no sentido descritivc, orr<jc
L omparar o terceiro ensaio
[xlJ#Ji:;tIg:,""..yí!i'í;[íi::^"lnlli',"rEdiçàos';anr/ardBrasi
nrerriu da u;ar'*"n,ol ;;;;-r,- 
qual, na. verdadc, dever
rnceneza na narrari'a d,, ,.'lltn't'ttg';*ot o t"gà;;,'9t " 
nosso melhor conJtcci-
conro sendo int"irr*.ut. 
".Ilo.,e 
ticlratar ,.0"!-.. 
",1r"" 
de desprezar a dúvira e a
sura a que a elatro.rçã., o,,íriJo'' 
aui"itã" aii'i;;ementos do sonho manr'festo
n r cn os nâo con h euen 
" 
0,, ; li.. 
* 
l 
rj_ ri,'. 
. ro"*,.Jq rX ffi J.ff J l:l.J# jj.::;-
, íJ:r c a rÍtcencza como processo, c.íri.r.. ;lu..p"o;:.,r
2
Ele vai diretamente a extrernos; se uma suspeita é expressa, ela instan-
taneamente se modifica numa certeza incontrovertível: um traço de anti-
patia se transforma em ódio furioso (ibid., 56).t
Inclinado como é a todos os extremos, um grupo só pode ser excitado
por um estímulo excessivo. Quem quer que deseje produzir efeito sobre ele,
não necessita de nenhuma ordem lógica erl seus ârgumentos; deve pintar
nas cores mais foftes, deve exagerar e repetir a mesma coisa diversas vezes.
Desde que não se acha em dúvida quanto ao que constitui verdade ou
erro e, além disso, tem consciência de sua própria grande força, um grupo é
tão intolerante quanto obediente à autoridade. Respeita a força e só ligeira-
mente pode ser influenciado pela bondade, que encara simplesmente como
uma forma de fraqueza. O que exige de seus heróis, é força ou mesmo vio-
lência. Qrier ser dirigido, oprimido e temer seus senhores. Fundamental-
mente, é inteiramente conservador e tem profunda aversão por todas as ino-
vações e progressos, e um respeito ilimitado pela tradição (ibid., 62).
A fim de fazer um juízo correto dos princípios éticos do grupo, há que
levar em corrsideraÇão o fato de que, quando indivíduos se reirnem nurn
grupo, todas as suas inrbições individuais caem e todos os instintos cruéis,
brutais e destrutivos, que neies jaziam adomecidos, como relíçrias de uma
época primitil'a, são despertados para encontrar gratificação livre. Mas, sob
a influêucia da sugestão, os grupos tambem são capazes de elevadas realiza-
ções sr'lb forma de abnegação, desprenrlimento e devoção a urn ideal. Ao
passo que com os individuos isolados o irrteresse pessoal é quase a única
Íbrça motivadola, nos grupos eie muito raramente é proeminente. É pos-
sível afirmar que um indivíduo tenha seus padrões morais elevados poÍ um
grupo (ibid., 65). Ao passo qu€ a capacidade intelectual de urrr grupo está
natumlmeirrte estar presenÍes, comô tudo o mais, fazendo parte do conteúdo dos resi-
ciuos diurnos c.ue levaram ao sonho. (Y er Á htterpretação cie ,\onhos ( 1900a), Êdiçãu
Stcndcrd Braslleira, Vol. V, págs. 550- 1 , IMAGO Editora, I 972.)
1 A mesma extrema e desmedi<ia intensiÍicação de qualquer emoção é tambern caracts
rística da vida af,etiva das crianças e está igualmente presente na vida onirica. Graças
ao isolamento das emoções independentes no inconsciente, um iigeiro aborrecimento
durante o dia expressar-se-á num sonho como um desejo de morte da pessoa ofensora,
ou urn sopro de tentação po<ie fornecer o ímpeio à representaçãc, no sonho, de uma
ação criminosa. Hanns Sachs fez uma otrservação apropriaCa sobre esse ponto: 'Sc
olharmos em nossa consciência para algo que nos foi contado por um sonho sobre um:;
situação conternpcrânea (reai), não devemosficar surpresos em descobrir que i;
monstro que vimos sob a lente de aumento <ia análise, rnostra que é urn minÍrscuio infu-
sório.' {.{ interpretação de Sonhos (1900a), E<iição §tcxdzrC Brasileirz, Vol. V,
pág. 559. ih'IAGO Editora- i972.)
sempre muito abaixo da de um individuo, sua conduta ética pode tanto eie_
var-se muito acima da conduta deste ú,timo, quanto cair muito abaixo deia.Algu,s outros aspectos da descrição de Le Bon mostram, a uma claraluz, quão justificada é a identificação da ,r"rr" *Oui ;;;;;;"0*povos primitivos. Nos grupos, as idéias mais contraditórias podem existirlado a iado e tolerar-se mutuamente, sem que nenhum conflito surja da con-tradição lógica entre e1as. Esse é também o caso da vida mental inconscientedos indivíduos, tas crianças e dos neuróticos, como a psicanálise há muitotempo indicou.l
Um gmpo, ainda, está sujeito ao poder verdadeiramente mágico daspalavras, que podem evocar as mais formidáveis tempestades na lnentegrupal, sendo também capazes de apaziguá_las (ibid., I l7). .A razão e osargumentos são incapazes de combater certas palavras e formulas, Elas sãoproferidas com solenidade na presença dos grupos e, assim que foram pro_
nunciadas, r.lma expressão de respeito ," ,o.nà visíver 
"A i"0".-", ,ir"blantes e todas as cabecas se curvâm. por muitos, são consideradas comoforças nafurais ou como poderes sobrenaturais.,(Ibid., ll7.) A esse res_
I Nas cnanças pequenas, por exemplo, atitudes emocronais ambivarentes para com
ffii?:::,:1i;'::_:j:: púximos, existem r,a" li,ao por rongo tempo, sern que
um conn i to e otre as 0,,. lllf i'l j?o"ol"i"lli"l1l "r:il :ffi : lnrãil:Tl*.jmudança de objeto e desloca uma das emoções zunbivaienies paÍa um sucedâneo.A história do desenvolvimento de ,o* n".,.o." ,uã aaulto mostrará também que
::T:_:-*:çi" suprirnida pode lreqüentemente persistir por tongo tempo em fantasiasrücünscrentes cu mesrno conscicntes, cujo conieúdo 
'ai <iiretaáente á- ;;;,,d";;,triirio a alguma rendência predominante,i, 
."il;;, q;; essa oposição nâo resulta emação alguma por parte do ego contra aquilo que ."pudiou- A iantasia é torerada portempo bastante loogo, ate que urn dia, ,r'irrà*,"i"* geral como resultado de u,raufitento na catexia afetiva da fartasia, irrompe u* 
"o.,fli.o "oo. "h ;;;;o;;;*todas as conseqüências habituais. No p.o";..;J;^dlsenrotrime,ro da criança emaduito mad,r. há uma integração carTa yezrrui, 
"*t *u de sua personaiidarle, uraacoordcnação dos impuisos instintuais 
" 
d* ili;";, õ". inrencionais isoladas que nerase desenvorverem inciependenlemente uns das outras. o processo anáiogo de domínioda vi<la sexuai há muito tempo nos é conhecido 
"o.,-,o " "oo.denação de tocros os ins-tintüs sexuais numa organizaçãc genitar definitiva- (rres Ensaios sobre a Teoria daS)e""uatidade.1eü5r1lEdiçào.rrrrã",aprÀriiÀ,Ç"i'íir, pág.2t3,iMAcoEditora,lÇ7?l.l Adcmois. que a uniÍrr.açan Oo.go 
"ria,lr"i* o, mesmas inrerlerências que ada libiio, ó aigc cemonstrado por,r,,J".ororãlmpio, 
*o*iUu.es, rais como o dehomens .c ciôncia que preservaram s.a fé na Bíbria e oulros casos semerhantes_ 
-!|yrcsce.nt1dr>. cm 1923:l Os divrrsos *"a., p"J".iJpel,:,s quais o ego pode poste-noGn.,üt,- riesinrrgiar.-se co;:stituein capiiulo especial ai p.i.q.utotog;- rvuv yuD.L-
õt)
*a
peito, basta recordar os tabus sobre nomes entÍe os povos primitivos e os
pod..., mágicos que atribuem aos nomes e às palavras'l
E, finalmente, os grupos nunca ansiaram pela verdade. Exigem ilusões
e não podem passar sem elas. Constantemente dão ao que é irreai prece-
dência sobre o real; são quase tão intensamente influenciados pelo que é
falso quanto pelo que é verdadeiro. Possuem tendência evidente a não dis-
dnguir entre as duas coisas (lbid-,'11).
Já indicamos que essa predominância da vida da fantasia e da iiusão
nascirla de um desejo irrealizado é o fator dominante na psicologia das neu-
roses. Descobrimos que aquilo por que os neuróticos se guiam não é a reali-
dade objetiva comum, mas a realidade psicológica. IJm sintoma histérico
baseia-se na fantasia, em vez de na repetição da experiência real, e o senti-
mento de culpa na neurose obsessiva fundamenta-se no fato de uma inten-
ção má que nunca foi exeçutada. Na verriade, tal como nos sonhos e na
hipirose, nas operações rnentais de um grripo a função de verificação da rea-
iiriade das coisas cai para o segundo plano, eÍn comparâção com a força dos
impulsos plerros de desejo com sua catexia afet.iva'
o que Le Bon diz sobre o iema dos líderes de gfirpos é menos exaustiYo
e nãc nos permite elaborar tão clararnente um principio sub-iacente. Pensa
ele que, assim que seres vivos se reúnem em certo número, sejam eles urc
rebanho de animais ou um conjunto de seres humanos, se colocam instinti-
vamente sob a influência de um chef'e (iód., 134). Um grupo é utn rebanno
obediente, que nunca podeda viver sem um senhor. Pcssui tal anseio de
obediência, que se submete instintivamente a qualquer um que se iadique a
si próprio cotno chefe.
Embora, dessa maneira, as tecessidades de um gÍupo o coirduzam atá
meio carninho ao encontro,Je um líder. esie, conírdo, deve ajustar-se àquele
em slias qualidades pessoais. Deve ser fascinado por uma intcnsa fé {nuina
iiléia), a fim de despertar a fé do gr-upo; tem de possuü-vonta<ie forte e impc-
nente, que o grupo, que não tem r-ontade propria. possa dele açeitar" Le Ba::
discure então os ,fiferentes tipos de líderes e os meios pelos quais aruani
scbre o grupo. Em geral, acredita que os iíderes se fazem notados pcr nieiir
das idéias em que eies próprios acreditam fanaticamente'
Alem disso, atribui ianio às idéias quanto aos líderes uin pcrde'r inisre-
rioso e irtesistívei, a que chalna cle 'prestígio'. () prestígio é uma espécir] ''!:
1 Yer Totent e Tabu (19i7-131,Ediçáo Stanrir;ru Biasiieira. Vol
Editora, lÇ74.
Litl, págs. 75-8, IlvÍAí-ii-i
domínio exercido sobre nós por um indivíduo, um trabarho ou uma idéia.Paralisa inteiramente no§§as facurdades críticas e enche-nos de admiração erespeito. parece que despeÍa um sentimento ;;;;;.;";ffi[t rr_nose (ibid.,148). Le 
""i y distinção "nt." o pr"rtigio adquirido ou arrifi_cial e o prestígio pessoal. o primeiro ;i't;# pessoas em virrude de seunome, fortuna e reputação, e a opiniões, oUã.ã" afie etc. em virt*de da tra_dição. Desde que em todos os 
"uro, "tá.;;;.;ser de grande^auxírio"J,-,",; ;:::j:j:I"l* ao passado, não nos pode
opr"stíliopes'-*:',""":T::fffi §1.."::::i#i',T::-Tli#l'li,i;meio dele, e tem o efeito de fur"r àm ú;;;;r, obedeçam como se fossepelo tuncionamento de atguma *"gi";;;;;il"r. roao prestígio, conrudo,depende também do sucesso e se perde em caso de fracasso (ibid., 159).Le Bon não dá a impressão de haver couseguido colocar a função dolíder e a importância do prestígio compretamente em harmonia com seuretrato brilhantemente executadã du rr"nt" **;, a
III
OUTRAS DESCRIÇÕES DA VIDA MENTAL COLETIVA
Lltilizamos a descrição de Le Bon à guisa de introdução, por ajustar-se
tão bem à nossa própria psicologia na ênfase que dá à vida mental inçons-
ciente. Mas temos agora de acrescentar que, na realidade, nenhuma das afir-
mativas desse autor apresentou algo de novo. Tudo o que diz em detrimento
e depreciação das manifestações da mente grupal , já foru dito por outros
antes dele, com igual nitidez e igual hostilidade, e fora repetido em uníssono
por pensadores, estadistas e escritores desde os primeiros períodos da litera-
tura.l As duas teses que abrangem as mais impoftantes das opiniões de
Le Bon, ou seja, as qlre tocam na inibição coletiva do funcionamento inte-
leciual e na eievação da afetividade nos grupos, foram formuiadas pouco
antes por Sighele.2 No fundo, fado o que resta como peculiar a Le Bon são
as Cuas noções do inconsciente e iia comparação ccm a vida mental dos
povos primiiivos, e mesmo estas naturalmente,.lá haviam sido com freqüên-
cia aluciidas antes dele.
Contudo- 
o que é mais 
-, 
a descriçãr.r e a estimativa da mente grupai,
tal como fomeciiias por Le Bon e os outros, de modo algum foram rieixadas
sem objeção. Não há dirvtda de que todos os fenôi:nenos da menie grupal
que acabaram Ce ser mençiona,ios, foraur corrietarnente observados: nias ó
também pcssívei distinguir o'ütras manifestações de formação de grupo que
atuam em seÊtido exatamenie contrário, e das quais uina opilião muito n:ais
eleva<ia da inente grupal deve necsssariarnente decoi:rer.
O próorio Le Bon estavapronto a admitir que , em ceitas circunstâncias,
os principios éticos de um grupo podera ser mais elevados que os dos in<iivi-
duos que o compõem, e que apenas as coieiivida,jes são capazes de um aiir:
grau de desprendimento e devoção. '.âo passo quu com os indil'ídu'.,rs isc-
la<los o interesse pessoai é qi-rase a única força motivadora, nos grupos ele
muii..: raramente é proen-rinente.' (Le Bcn, trad., 1920, 65.) Outros escri-
tcres aduzern o fato de que apenas a sociedade presc.eve quaisqner paCrões
éticos para o indivíduo. enquanto que. via c1e reEa, este fracassa, de umi.:
maneira ou de outra, em rnostrar-se à aiium de suas elevadas exigências. Ou
então inCicam eles,que, em circunstâncias excepcionais, pcde surgir nas
1 Ver K-mskar.ic {i915), particuiannenie a bibii<-rgraila.
2 Ver lvloede (i9i5).
q
4q
E§
comunidades o fenômeno do enfusiasmo, que tomou p.ssíveis as mais
esplêndidas real izações grupais.
Quanto ao trabalho intelectual, pennanece um fato, na verdade, que as
gran<les decisões no dorlínio tlo pensamento e as momentosas descobedas e
soluções de problemas só são possíveis ao indivíduo que trabalha em
solidão. contudo, lnesmo a mente grupal é capaz d.e gênio criativo no
campo da inteligência, como é demonstrado, acima de tudo, pela própria
linguagem, bem como pelo forcrore, peias cancões popurares e outrÁs fatos
semelhantes. Permanece questão aberta, arém disso, saber quanto o pensa-
dor ou o escritor, individualmente, devem ao estímnlo do grupo em que
vivem, e se eles não fazem mais cro que aperfeiçoar um trabalho mentar enr
que os outros tiveram parte simultânea.
Frente a essas descrições compietamente contraditórias, talvez pare-
cesse qlre o trabalho da psicologia de grupo estivesse fadado a chegar a umfim i,fmtífero. I\4as é fáci1 enco,frar uma saida mais 
"rprunçor:u pu.u odilema. uma sórie de estruturas bastante diferentes provavelmente se fun-
cliram sob a erpressão '.grupo, e podem exigir que sejam ilistinguidas. As
asseitivas de sighele, Le Bon e olliros referem-se a grupos der caráter eflê-
mel'o, q*e algurn interesse passageiro apressacÍamente aglomero* a parlír <ie
diversos tipos de indivíduos. As características dos gruiros revorucionários,
especialmente os da gra,de Revorução Francesa, influenciarail inequivo-
camente suas descrições. As opiniões contrárias devem sua orige* à consi-
deração daqueles grupos ou associações estáveis em que a humani<iade
passa a sua vida e que se acham corporificados nas i,stituições da socie-
dade. Os grupos do prirneiro tipo encontraütL-sÊ, corrl os clo segundo, no
mesrno tipo de relação que um mar alto, mas encapeiado, tem com ulna
ondulação de terreno.
McDougali, em seu livro sobre The Group fuIintl (Á A,Íente Gnryctl)(1920a), parte da mesma contradição que acabou de ser mencio*ada, 
"encontra uma solução para era no Íato da organização. No caso mais sim-pies, diz ele, o 'grupo' não possui organização aiguma, ou uma que mai
merece esse no.,le. Descreve ,m grupo dessa espócie como sendo ,ma
'n-,uitidão'' Admite, porem, qlle uma inulticlão cie seres humanos dificil-
mente pode reunir-se sem possuir, pelo meuos, os rudimentos c1e uma orga-
nização. e que, precisamente nesses grupos simpres, certos fatos fundamàn-
tais da psicoiogia coletiva podcrn ser obscrvadíls co1l1 facilidade especiai
{L{cDo*gaii, 1920s.22). A,tes que os nrembro.s cie uma multidâo o.usio,ul
Je pessoas possaln corstifuir argo seme11-raaie a u* grupo no sentid. psico-
lógtco, uma condição tem de ser satisfeita: esses indivíduos devem ter aigo
em comllm uns coln os outros, um interesse comum num objeto, uma incli-
nação emocional semelhante numa situação ou noutra e ('conseqüente-
mente,, gostaria eu de interpolar) 'ceno grau de influênciarecíproca' (ibid.,
23). Quanto rnais alto o grau dessa 'homogeneidade mental', mais pronta-
mente os indivíduos constituem um grupo psicológico e mais notáveis sã<l
as manifestações da mente gruPal.
O resultado mais notável e também o mais importante da formação de
um grupo é a 'exaltação ou intensihcação de emoção'produzida em cada
membro dele (ibid.,24). Segundo McDougali, num grupo as emoções dos
homens são excitadas até um gÍau que elas raramente c,u nunca atingern sob
outras condições, e constitui experiência agradável para os interessarios
entregar-Se tão irrestritaniente às suas paixões, e assitl fundirem-se no
grupo e perderem o senso dos limites de sua individualidade, A maneira
peia qual os indivíduos são assim artastados por uin impulso cornum é
explicada por McDougaii através do que chama de 'princípio da irrdlrção
direta da emoção por via da reação simpática primitiva' (ibid', 25), ou seja.
através do contágio effrocional com que já estamos familiarizados. O iato é
qt-ie a percepção dos sinais de uni estado emocional é autornaticeniente
talhada para desperrar a mesrila emoção na pessoa que os pcrcebe. Quanto
maior for o nirmero rie pessoas ern que a mesma emoção possa seI simulia-
neamente observada, mais intcnsamente ctesce essa compulsãc altoutáiica.
O indivíduo perde setl poder <ie crítica e deixa-se desiizar para a lnesnla
ernoção. Mas, ao aSSirn proceder, aumenta a excitação das outras ptlssíra§
que produziram essc resulÍado nele, e assim a carga emocionai dos indiví-
duos se intensifica por interação mútua. Acha-se inequivocamente en] açà.,
algo da natureza de unia compulsão a fazer c mesmo que os outros, a pei:mil.
necer em hamroiria corn a msioria. Quanto mais grosseiros e simples são c::
impulscs emccionais, mais apios se enconttam a pÍopagar-sc dessa maileira
através de um grupo (ibid., 39).
Esse srecanisrna de iniensiltcação da enroção é favorecicio pcrr alguinas
outras ini-luências que emanarn dos grupos. Urn grupo impressior'ii urn inCi-
vír1uo como sendo ufii poder ilimitaric. e um pedgo insuperável. [4c111.enla-
neamente, ele sribstitr-ri torla e sociedade humana, que e a detertora da autc-
ridade, cujos castigos o indivíduo teme e em cujo beneficio se subrrreteu a
tantas inibiçõ"s. É-lh* clarainente perigoso colocar-se enr oposição ê el.- e
Será maiS Seguío seguir O e--temp|t CiOS que O cercaill, e latvez mesrno 'CáCar
ccm a rnatiilia'. Ern obediêrcia à nova autcridade, pode colçcar sua anri5:r.
i:ffixg3r.:"ffi';;H:ffi :J;traçãodoprazeraumentado,que
não é tão notáver que vejamos om inaiviall 
inibições' No todo, poÍanto,
vando coisas que teria evirado nu. 
"ooo,.lljT-ct'1" 
y"igo ou apro-
podemos 
-"r*o 
"."..r, ..ijl-: -::""'çoes. normais de vida, e assimtementecoberra,i[Tffi ;lfffi HJfi::j;Jlscudd"a"tãl'a"qro-
McDouga' não.-discute a tese relativa à inibição colefiva da inteli-gência nos grupos,(ibid-, 4l). ,i, q*ã*entes de inrerigência inferiorfazem çom que as de 
".d**ár;;l#;últimas sao obstn ía,r 
"* 
rr;;;;;ffiü:ffi#ffiJ[Jj;*,,tr
emoção cria condições desfavorávei"r"l" 
"*outo rnt"t""tuut 
"o;ro, ",
ademais' porque os indivíduos rá"ãí*to"oos pelo grupo e sua atividadeffi:i'f:":j;*:'1** u"* "o'ofo,n* n, uma redução, ern cada indi-
oiuizo,*q,"I;:f"'ilfi '::1:f J::'"uspropriosaá,"*p"oi,o,.
:* rypo 'não organizad", .i*pr", ,u" ;;":r^"IiTnto.psicotógico de
ff L ::;ilT,o 
t-ex ces s i vu..o," 
.* 
"il;lH;;Ifi "" [].ffi , :.::*:
ções rudes e os sentir 
extremado em sua ação' apresentando apenas as emo-
descuidado ou, o"r,o1l^oll:^*:*t 
refinados; extrernamenterug*.t;ao"L
querromra-*"';::::::?:f :*fl :1ffi:1ffi""T:m:ru11*cínio; facilmente influenc*a" 
" 
r"i"ã", o"'ror*to, de autoconsciência,despido de auto-resperto e d" sensol"-*"r*oitidade, 
e apto a ser condu_zido pela consciência d".uupróp.i" 
"ãlI]todas as manifestações que aprend"*o, u 
".rlf::rrffiT:ff;.T,X:ponsável e absolufo' Daí seu.o*po***à"L."*"* 
ur-se mais ao de umacriança indisciplinada._ou de,um s"rr;;;;..ional e desassistido numa
;Xe;ffi,Xffi,.1o0n* ao de seu *"ãu.oioeaio, e, nos pio.r, 
"uror, 
,",
(Ibid., 45). e um animal selvagem que ao de seres humanos-,
umavçz que McDougall contrasta o c,attamente organizado 
"r;;;:;:";:.1.: :,comportamento 
de um srupo
Iarmente ,"*."rrl.., 
iom o que acabou de ser descrito, estaremos pa_rticu-
rarores é o;";;;;. ;ffi:H-::;il;."T*Y'ção consisre 
" 
oo. q,,"
elevação àa vida *".Jui coreriva a um níyer #J:il*t principais' para aAprimeirae fundamettkt..ôhl;^ã^ . _,
a"a" a" *,ã,"* ;ffi :;il';:",; ffi,].H ::tfl:l *.:::t::os mesmos indivíduos persistern 
"à *O,0", certo ternpo, e formal, se se
y2
ç3
desenvolveu dentro do grupo um sistema de posições hxas que são ocu-
padas por uma sucessão de indivíduos.
A segunda condição é que em cada membro do grupo se forme alguma
idéia definida da natureza, composição, funções e capacidades do grupo, de
maneira que, a partir disso, possa desenvolver uma relação emocional com
o grupo como um todo.
A terceira é que o grupo deva ser colocado em interação (talvez sob a
forma de rivalidade) com outros grupos semerhantes, mas que dele difiram
em muitos aspectos.
A quarta é que o grupo possua tradições, costumes e hábitos, especial_
mente tradições, costumes e hábitos tais, que determinem a relação de seus
membros uns com os outros.
A quinta é que o grupo tenha estrutura definida, expressa na especiali_
zaçáo e diferenciação das funções de seus constihrintes.
De acordo com McDougall, se essas condições forem satisfeitas, afas-
tam-se as desvantagens psicológicas das formações de grupo. A redução
coletiva da capacidade inteleçtual é evitada retirando-se do grupo o desem-
penho das tarefas intelecfuais e reservando-as para alguns membros dele.
Parece-nos que a condição que McDougall designa como sendo a
'organízaçáo' de um grupo pode, mais justificadamente, ser descrita de
outra maneira. o problema consiste em saber como conseguir para o grupo
€xatamente aqueles aspectos que eram Çaracterísticos do indivíduo e nele se
extinguiram pela formação do grupo, pois o indivíduo, fora do grupo primi_
tivo, possuía sua própria continuidade, sua autoconsciência, ,rru, t udiçõ",
e seus çostumes, suas próprias e particulares funções e posições, e manti_
nha-se apartado de seus rivais. Devido à sua enfrada num g,upo .inorgani-
zado', perdeu essa distintividade por csrto tempo. se assim reconhecemos
que o objetivo é aparelhar o gnrpo corn os akibutos do indivíduo, lem-
brar-nos-emos de urna valiosa observação de Trotter,r no sentido de que a
tendência para a formação de grupos é, biologicamerrte, umâ contiúção
do caráter multicelular de todos os organismos superiores.?
1 Ins tintos do Rebanho na paz e nc Guerra (19 16) [Ver antes, págs. 63 e segs.].2 {Nota de rodapé acresceníada eru r 923:] Divirjo do que, ern outros respeitos, constitui
compreensiva e arguta criticade Hans Kelsen {rg22) ídapre§ente ou.a], qur-,rao aiz
1u: provel a 'mente grupal, de urna organização desse tiio significa *"u fripo.*u"dela, ou seja, implica uma atribuição a ela da indepeadêacia doJp.o*"ruo, *.irui, .,oindivíduo.
ry
SUGESTÃO E LIBIDO
,r;.,1Íiff"turt:"'?tl fundamental de que . indivíduo num grupo esráj:í::**ffi 
Hixj:1.,T, :::?fi :§" ffi *:*jffi ***Í
é acentuadam;;;. ilT,t§l.off;i;TÍ]Í:? o.." sua capacidade interectual
gindo 
- s e p aÍa um a aprox imaç ão 
" " 
* r, ;;;::i::',1ãJJi iT:"üTj: ::::resultado só pode ser aicançado 0"r"."*"nu" daquelas inibições aos instin_
lxi,.:::J"1o,"':JjilJ.' a cada haiuiauu' ' p"to resignação 0",ãao*",u.
essasconseqü*",*]i;?iioXii,,l1.l,Xl::1ilT"":::'*mí*:*t
evitadas por uma .orgauização, 
,*..r* á" *rupo, mas isto não contradiz ofato fundame,tal da rrliio.los,a ;;;** 
* t 
uas reses rdarivas à intensifi_cacão das emoções c à inibição d"",ri"i".à'
i1:eres:e ciirige-se agora para a descoberta o-nos 
gruPos prinritivos. Nosso
atteração*"í,iqr."e",o".t*".àl"l;T.Tr, j,ff ;#;J:-,cadessa
1? 
. l;* ffi flT : l]il :H Í:: :"1T"X r::1mt da Ç ão aã i Jai'ia'o q u.abrange* o, r.nã*"nos observáveis 
",ã ;]::J:T""1:'JI:ã:IH:como explicação por autoridade 
"_ 
.o.iuio .
se,,pre a mesma coisa, embora receba dir"..9'u 
e psicoiogia de grupo ó
;:'.T::*J1i,ili'"1T1;;"*i,"'"'""Ji:T::""J"lffi ,i"ii;:
;::Íi:",1?:T:l* iüiTi["i'TJil'"H:: :]ITH:;,', .1;
ricasdosrenô;;;;;,::ililffiI:T.*:JTLT::l:,ü"*:T*fru:
i*divíduos e o prestígio dos.rideres ô**0",ã"t, uma vez, o prestígio só éreconhecível poÍ sua capacidade a" 
"ro"u.-u 
l
ffi:, ;;ilffil:':::" de que'"; ;;il,Til1'I,iffi?1f,"" I
lloelaeaoma;'s'aet;;;::;j:::l:::ffi:T",ffi HXil*,T*í]i[não {az raais do que as.Íàm,iu.". utáãJ:^ sobre .imitação, ou .contá_gio" excero peia decidida enrase auaa uo ãàl 
"*""ronar. Não há dúviaa deque existe algo em nós q*e, quando ,o, aurrro., 
"lr'rrlT:.::::i:,lrrro, _eni alguó,r À;r, ,.nã" a râzer_nos çair na *...ll,rru de-sinais de ernoçãoainiirdr: não n's opo.,os coin sucesso 
" 
t*", .l1rlil.""t"l'ir?rx}1";xi1:
., 1
i:j
1.
.z
!
E
.,
.E
âÍ:
I
Ét:
í,
Y
'a
girnos de maneira inteiramente contrária? Por que, portanto, invariavel-
mente cedemos a esse contágio quando nos encontramos num grupo? Mais
uff$ vez teríamos de dizer que o que nos compele a obedecer a essa ter:l-
dência é a imitação, e o que induz a emoção em nós é a influência sugestiva
do grupo. Ademais, inteiramente à parte disso, McDougall não nos permite
escapar à sugestão; aprendemos com e1e, bem como com outros autores.
que os gÍupos se dístinguem por sua especial sugestionabilidade.
Estaremos assim preparados para a assertiva de que a sugestão (ou,
mais corretamente, a sugestionabilidade) e na rearidade um fenômeno ii-re-
dutível e primitivo, um fato fundamental na vida mental do homem. Essa
tan-rbem era a opinião de Bemheim, de cuja espantosa arle ftri testernunha
em 1889. Posso, porém, lembrar-me de que lresmo então serúia uma hosti-
lidade surda contra essa tirania da sugestão. euando um paciente que nãc se
moshava dócil enfrentava o grito: 'N{as o que está fazendo? von vous con-
tre-suggestiorutez!', eu dizia a mim mesmo que isso era uma injustiça evi^
dente e um ato de violência, porque o homern certamente tinha direito a coir
tra-sugestões, se estavam tentando dominá-lo cora sugestões. À,{ais tarde,
minha resistência tomou o sentido de protestar contra â opinião de que a
própria srigestão, que explicava fudo, era isenta de expiicação.r pensandr:;
nisso, eu repeiia a velha adivinhação:2
Christoph trug C hristutm,
Christus tntg die ganze llielt,
Sag' u;o hctt Chri.rÍoph
Damals lzin den Fuss gestelit?
C hr i.s Íop lt o r us C hris í urc, s ed Ch ri s ttrs stts lt t lít n r b e nt ;
Consíiterit pedibus dic ubi Cltristophortts?3
Agora que mais uma vez abordo o enig,a da sugestãc, <iepois que tnÍi
mantíve afasiado dele por cerca de trinta anos, descubro que nãr: irouve
mudança na siÍuação. (Há uma exceçã. a ser feita a essa afii-mativa, exceçãii
que dá testemunho exatamente da inÍluência da psicanálise.) cbse;wo q*e
1 [ver, por exemplo, alg';mas observações na história clínica de .l.ittle Í{ens'. de Frer:c
{1909b), Standard Ert.,10. 102.1
2 Konrad Richter, 'Der deutsche S_ Chiistoph,.
3 [Literalmente: 'ciistôvão canegava c::isto; cnsto cârasÊava o mundo i,teír,:: o*de.
eniãc, Cristóvão apoiava o pé?'l
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esl'orços pârrjcutares es,ão sendo ereruados parâ Íormulâr co.reumelrrê 
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o:.:X":*:;hl:-., n,1" ..,"gi ."",.;;;;;;il:'ü": i ::::::*::3j:::::::::::::.J:T-l:jT:T,":§:T."::exempro, McDougall, pzor;. e ;"* i"1,-";,;;;; ;.";Y: I nossas discuss0es e exposições cieníficas. Porchesara essadecisão, âpsi-porqueaDâIavmestiÂdli;.,r^-"^....',^-_....porque a pâlavra esüi adquirindo rl5o casâ vez mâis im,*;"" 
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"iI_"^] : i canálrse desencadeou umâ 
tonnênÉ o€ ndsnaçao, como se rcsse curpâoa
ll1.^yl_11.:t*s*;espécieaeinouencia.;;.-ilü:'.;üffi"il I l:-:"::fi=:"1""::y',1;il,1T'"LT::"'"x*"":::'::.Hcomoaconteceeúi,srês,"-q*t,g"*'" *!.",il;;#;.:f# I .",*::::l-"::::..j:.":T::Í:*;:T^y,:lia*:1::,3:
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::l1"lper*T*aanárisedariteraturatã;;il;H:l:: I ::","^1,:::Tf:T:::f,::,::::::T::::*:."T::::T".:i:.:nâom€achassecientedeque***.a."-0.""',a;0.."ilffi#:i,j: i *r"igljl.-::::*_a:::"":1y:.:':Tj:"":.y:l:::exáusti!ã rtrvesrigâçáo que rem por ol"| 
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'"'' : ,nenâs demoDstra que os homms oem sempre le!âm â serio seus qràndeslarerâ.' I reârzâçao dessa o,esmd r pensaaores. mesmo quaodo mâis professam adminá.lo§
l:l:: or*",. te,ntlei utiiizar o conceito d,e tibido,que nos prestou i ,^" .1"r,,.,1.:T,:::;:,:,IT::Tr;:T::Ijt:::#"il::,::"ff::HH;- * *"* : nsr«u .qur Dos pre§rotr I ro" sexuajs, a pol,on* e em íazào de rua origem. A rnaioriâ das pessoasoons serurços no estudo das psiconenroses. a trm de lansaÍ ruz sobre a p, ico . I :;;ir"., 
""",.",, 
.<.q n^mã.r,h ,H .nmn ,, m ,nq, rrô ê rêz §,,, vrno2 n.,rosiad€srupo. ! i',sTulda:':ncâ.roü::sânom:nc?iracomoYt"T'::l:,"**::ii retribuindo à psicanálise a pecha cle 'pansexualismo'. Qualquer pessoa que
1o'1::;::XT:]l'"'0" rla teoria das e*roções. Damos esse Íionre à ; ;;J;;;; sexo como atgo ,rortificante e humilhanre para a narurezaenergra. consrderada como umã masnitude oúr,
' 
Itrlalrvd (erobo,a sâ reâli- I humâna esü li!.re pam eÍnpregâr âs e \prcssôes maispolidar'Fros'e eróu
l**.":":y::::::"::"mensuráve0.da;ueresm*;tü;;.i,'"*; i ffi;;:ã.1ffJ.";ã:Iff;"ãffi;"#"iJ"_",*,oo,n u.comtudo o qrje pode ser âbranajdo sob â Datáv,a 'anor'. O núcleo do que i muita oposição- Mas não quis fazê-lo, porqu€ me â?Íâz êvitar faz er corces-queremos sigmficar por amor coDsiste nâturâlmente (e e i""o qr" 
"o,ir- i 
"""i *"t*"'idâd. 
Nuncâ se pode diz". âré onde esse camiúo nosmente é châmâdo de ãmor e que os poetas cartâm) no u-o. 
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,r ..* , I ;;;. nõrôa-Àr ,-q,hloras canram t no amor sex ua l. com a I levará; cede-se primeiro em pâla\{as e depois, pouco â pouco, em subs-mrao sexual como objetivo Mas não isolamos disso 
- 
*. .- n"'ü,". I J.i," 1o*o*" Não posso ver mérito alsum €m se ter versonha do sexo; acaso.lem sua pane tro nomc .amoa .. oor um I8do. oamor prôprio. e. por I pdawa grega tros.destiDadaâsuavl7âraafÍontí.aolú.lnadâmâisêdo
: ":iT:"]::T,i:pelosnrros,aamüadeeo"-*p.àr,,-,,iáil" i il;;díÃ;",*;;;;il;;*ü;-rlii,.a**,.,"q*oq*#"ii'?l:,T:::,:^:,;.:*ção a objetos concretos e a idéias urr.t.utull i ,* *#;;;#;ffi";;';;;.*d.Nossa rrisrincativa reside no râro .; *" , ,"",r* ,"i"_,ii"" ,il i *.;:ffi:,"T:HJ"#::"H:::il suposição de que as reraçôes
:#:il.H,:"111::i-t€ndenciâs mnsrituem ".p*"ia" a." .,À-". | "-.*"* r",, ** empresa, êxpressão ma,s nmt{â, os râços emocionais)impulsosinstinruais;nasrelaçõ€sentreossexos 
".*;,;,;*il;"; i ffi;ml:,i#::,,i:ft;ff:[:ffi; ffi;;;ü;:x"";;]
::*f;'"::"Y1.":.1iTl*,:i:,.T"","-ú"",**i"*"r*,ii"i""- i llâ'J*..^-mençãoaí€Erumâdessasreiações.AqüitoquerhêscoÊ
;ifi::j::::l::l:-1_l1r'idosdea,ingi',o.emboras"-Ã;; i :H.ffi::T:llixãJffiii,r,a#ffi;ü;""":;ffi;;;L rcsPo c a6ta (ucsuudurtÉe quururruwuôw uôa',,r ue sul nâruÍeza oflgrnal oarâ manrer n
ícômô êh 
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econhccíei\ua idenúdâdc I s,gesao. Em primeira instrinciâ. no.sâ hrpórese ensonEâ sporo em duás(como em caraclen.iicas Lajs como o ânrio de L t 5ug.sho. crÍr p'r'Irsuó urs4tr rã, rrussa rrrpu'ç:c çrr(uI'u4 '
r,cro). uoxtmtoadeeoaum-sa.ri- | reÍIflôês de ronnâ. Primciro. a de qF um gupo é claramenre mâúrdo
unido por urn poder de alguma espécie; e a que podei p'rderia essa façanhaSomosdeopil,ào.pot.queâÍioguagemeíetuouumaJnrLicacáô,nrêi. : *-
Émen..Jusr'llrcá!el áo criar â palalrâ amoa côn, s.," r,*.d' r'";. 
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| ,oi.o,*.**rá*asrinsusdchomenqedoraojos..fto!.esecâadâdermo.j.
i seria como o meial que soa o.r como o sino que {ine.'t [Nota de tuàaPé acreÍce aia e- re25l Essa obm iarerizme4,r. nio sc cÕncd,zn, i . 
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-S*..*"i-_+1.9.r 
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t9.5a., * jursà G_q!Ê 9:u &arar-§e S: l@u-
ção a<iverbial íz.iit'rr a.{ortiori, ou seja 'cofil tanto mais razãc' l.r\i. <io T - brasilci'-r')
t:: -,
@,*,4i=::*.,=.'Zr-
:-' i i::
ser mais bem atribuída do q*e a Eros, que mantém unido tudo o que existe
no mundo?r segundo, a de que, se um indivíduo atrandona u ,uu áiutiotiri_
dade num grupo e permite que seus outros membros o influenciem por
sugestão, isso nos dá a impressão de que o faz por sentir necessidade de
estar em harmonia com eles, de preferência a estar em oposição a eles, de
maneira que, afinal de contas, taLvez o faça,ihnen zu Liebe, .2
[\'er antes. peg. 6 l.j
[Expressão idiomática que signiÍica 'em ccnsider:rção a e1es, e, riteralmente, ,pelo
amor deies'- 
- 
uma linha de pensamenic semerhante à expre:;sa no+§ês úrtirnos pará-
qrafol sellryontrada nr quase contemporânec Freíácic à euara Aaiça" ;".,i.âüzsaios (i90,s4, <ie Freud. Eirlcão Staniard grasileira, Voi. üt, pag. i3a, lüaCõEditme, 19?2.1
1
2-
§
ç9
V
DOIS GRLIPOS ARTIFICIAIS: A IGREJA E O EXÉRCITO
Daquilo que sabemos sobre a morfologia dos grupos podemos recordar
que é possível distinguir tipos muito diferentes de grupos e linhas opostas
em seu desenvolvimento. Há grupos muito efêmeros e outros extremamente
duradouros; grupos homogêneos, constituídos pelos rnesmos tipos de indi-
víduos, e grupos não homogêneos; gflrpos naturais e grupos aúiÍiciais, que
exigem uma força extema para mantê-ios reunidos; grupos primitivos e
grupos altamente organizados, com estrutura deÍinida. Entretanto, por ra-
zões ainda não explicadas, gostaríamos de dar ênfase especial a utna dis-
tinção a que os que escreveram sobre o assunto, inclinaram-se a conceder
muito pouca atenção; refuo-me à distinçãc existente entre grupos sem
líderes e grupos com líderes. E, em completa oposição àprática cosfumeiru,
oão escolherei, corno nosso ponto de partida, uma fotmação de grupo relaii-
vamente simples, mas começarei por grupos altamente crganizados, perÍna-
nefltes e artifiçiais. Os mais interessantes exemplos de tais estnituras são as
Igrejas 
- 
comunidades de crentes 
- 
e os exércitos.
Uma Igreja e um exército são grupos aírificiais, isto é, urna certa fotça
exteira é empregada para impedi-los de desagregai-sei e para evitar aitera-
ções em sua estrufura. Via de rcgÍa, a pessoa não é consuitada cu não tem
escolha sobre se deseja ou não ingressar em tal grupo; qualqiier tentaiiva Ce
abandoná-lo se defronta geralmente com a persegxrçãr: cu sevetas putii-
ções, ou possui condições inteirarnenie clefinidas a ela ligadas. Âcha-se
inteiramente fora de nosso interesse atual indagar a razáo por que essas
associações precisam de tais salvaguardas especiais. Sornos atraídcs apenas
pilr uma circunstância, a sabet, a de que certos fatos, rnuitc mais oculto-. em
cr-rtros casos, podem ser observados Ce modo bastante clarc nesses grupss
altamente otganizados, qua são protegidos Ca dissolução pela maneira já
niencionada.
Numa Igreja (e podemos com proveito tomar a Igreja Católica como
exemplo iípico), bem como num exército, por mais diferentes que ami:os
possam ser em oulnos aspectcs, prevalece a lâesma iiusãc de que há um
cabeça 
- 
na IgrelaCatóiica, Cristo: nuni sxércitc, o comandante-chefe --
que arne todos os indivíduos do grupo coilt um arnor igual. Tudo depen<lt
I fNcta d.e rod.ai:é acrescentada em t^923'.j Nos grupos, os atibutos 'estávei' e 'artifl-
cial' parecern coincidir ou, peio men+s, sei iatirnarrente viaculados-

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