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DIREITO CIVIL DAS COISAS - revisado - 122013

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Curso de Direito - Direito das Coisas
Prof. Msc. Gilberto V. Bilacchi Jr.
	
	
	Livro I - das pessoas
	
	Parte Geral 
Art. 1° a 232
	Livro II – dos bens
	
	
	Livro III – dos fatos jurídicos
	CÓDIGO CIVIL
LEI 10.406/02
	
	Livro I – direito das obrigações
	
	Parte Especial
Art. 233 a 2.046
	Livro II – direito de empresa
	
	
	Livro III – DIREITO DAS COISAS
	
	
	Livro IV – direito de família
	
	
	Livro V – direito das sucessões
	
	Título I – da posse
	
	Título II – dos direitos reais
	
	Título III – da propriedade
	Livro III
	Título IV – da superfície
	DIREITO CIVIL DAS COISAS
	Título V – das servidões
	Artigo 1.196 a 1.510 
	Título VI – do usufruto
	(314 artigos)
	Título VII – do uso
	
	Título VIII – da habitação
	
	Título IX – do direito do promitente comprador
	
	Título X – do penhor, da hipoteca e da anticrese
DIREITOS PESSOAIS X DIREITOS REAIS
1. Direito das Obrigações
Está previsto no Livro I da Parte Especial do Código Civil, e cuida dos direitos pessoais, isto é, do vínculo ligando um sujeito ativo (credor) a um sujeito passivo (devedor), por força do qual o primeiro pode exigir do segundo o fornecimento de uma prestação consistente em dar, fazer ou não fazer alguma coisa. (SR, vol. 2, p.8)
1.1.Fonte:
a) vontade humana que decorre:
a.1) da conjunção de vontades das partes: contratos previstos nos artigos 481 a 853 do CC (contrato de compra e venda; troca ou permuta; doação; locação; empréstimo; comodato; etc.);
a.2) dos atos unilaterais: arts. 854 a 886 do CC (da promessa de recompensa; da gestão de negócios; do pagamento indevido; do enriquecimento sem causa);
b) atos ilícitos: e se constituem através de ação ou omissão culposa ou dolosa do agente, causando dano a vítima;
c) direta e imediatamente da vontade da lei: como a obrigação dos pais de prestar alimentos aos filhos (CC. Art. 1694), ou a teoria do risco, e a responsabilidade objetiva dos fornecedores de produtos e serviços no mercado de consumo (CDC);
2. Direitos Reais
É o conjunto das normas que regulam as relações jurídicas entre os homens em face das coisas corpóreas, capazes de satisfazer as suas necessidades e suscetíveis de apropriação. Não são suscetíveis de apropriação a água do mar, o ar, etc. (SR, vol. 5, p. 4) Representa um direito subjetivo, um conjunto de prerrogativas do titular sobre a coisa, podendo estas se derem em maior ou menor amplitude.
2.1.Fonte
Estão enumerados de forma expressa na lei civil (art. 1.225), sendo eles: 
Numerus clausus (rol taxativo)
CC. Art. 1225. São direito reais:
I - a propriedade;
II - a superfície;
III - as servidões;
IV - o usufruto;
V - o uso;
VI - a habitação;
VII - o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII - o penhor; 
IX - a hipoteca;
X - a anticrese;
XI – a concessão de uso especial para fins de moradia;
XII – a concessão de direito real de uso.
Rol taxativo: tendo em vista suas características peculiares, como a oponibilidade erga omnes, o direito de sequela, e a exigibilidade de registro no Cartório de Registro de Imóveis.
3. Diferenças: Vejamos as principais diferenças entre os direitos reais e os direitos pessoais:
	DIREITO REAIS
	DIREITOS PESSOAIS
	São dados pela lei. (numerus clausus) CC. Art. 1.225
	São infinitos, uma vez que decorrem da vontade das partes. (numerus apertus)
	Recaem geralmente sobre um objeto corpóreo, material.
	Tem por objeto as relações humanas.
	Direito absoluto, oponível erga omnes
	Direito relativo, pois a prestação só pode ser exigida do devedor.
	O poder é exercido sobre o objeto de forma imediata e direta.
	Advém de uma cooperação entre: um sujeito ativo, outro passivo e a prestação.
	Concede a fruição de bens.
	Concede o direito a uma prestação de uma pessoa.
	Tem caráter permanente.
	Tem caráter temporário, pois ao fim da prestação se extingue a obrigação.
	Direito de sequela: o titular pode reivindicar o bem de quem estiver com a coisa.
	Não há. O credor, se recorrer à execução forçada, terá como garantia o patrimônio do devedor.
POSSE – CC. Artigos 1.196 a 1.224
O Código Civil não define expressamente o conceito de posse, mas pode-se auferi-lo, por meio da redação do art. 1196, como o “exercício, de fato, de alguns dos poderes inerentes à propriedade.” Desse conceito derivam algumas espécie e qualificações:
1. CONCEITO: A posse é uma situação DE FATO que será protegida pelo legislador porque APARENTA ser uma situação de direito, e visa o repúdio à violência. Manifesta-se pelo exercício de algum dos poderes inerentes a propriedade.
CC. Art. 1196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
1.1.Jus possidendi (domínio) é a relação material entre o homem e a coisa, consequência de um ato jurídico (contrato de compra e venda). A situação de fato que se estabelece entre o proprietário e a coisa encontra justificativa num direito preexistente. P.ex.: Aquisição de um imóvel.
1.2.Jus possessionis (posse) é também a relação material entre o homem e a coisa, mas desacompanhada de um direito anterior. 
P.ex.: A circunstância de alguém se instalar em terra alheia, e nela manter-se de forma mansa e pacífica por mais de dia e ano, gera uma situação possessória que alcança a proteção do ordenamento jurídico, apesar de não ser propriamente um direito. Essa segurança é concedida para que se preserve a harmonia das relações humanas e a paz social.
Propriedade é a relação entre a pessoa e a coisa fundada na vontade objetiva da lei, implicando um poder jurídico e criando uma relação de direito.
Posse é a relação de pessoa e coisa, fundada na vontade do possuidor, criando mera relação de fato.
Assim, a posse se distingue da propriedade, mas o legislador, querendo proteger o proprietário, assegura o possuidor até que se demonstre não ter ele a condição de dono. Tal proteção, que se estriba numa preocupação de harmonia social, é transitória e sucumbe diante da prova de domínio.
2. Natureza jurídica: Clóvis Beviláqua entende que a posse é mero estado de fato, que a lei a protege em atenção à propriedade, sendo aquela uma exteriorização desta. Ainda, a posse não figura dentre os direitos reais expressos no art. 1225 do Código Civil.
3. TEORIAS SOBRE A POSSE
3.1 Teoria de Savigny (subjetiva): a posse é o poder de dispor fisicamente da coisa, com o ânimo de considera-la sua e defendê-la contra a intervenção de outrem. Possui dois elementos: a) material (corpus) que é representado pelo poder físico sobre a coisa; b) intelectual (animus) que é representado pela intenção de ter a coisa como sua, o animus rem sibi habendi (VONTADE DE TER A COISA COMO SUA). Sem o animus não existe posse, mas mera detenção.
3.2 Teoria de Ihering (objetiva): em oposição à teoria de Savigny, esta considera que a distinção entre corpus e animus é irrelevante, pois a vontade se encontra no domínio. A posse é a condição do exercício da propriedade. O possuidor é aquele que age em face da coisa como se fosse o proprietário.
P.ex.: a) o abandono da colheita no campo e o de uma jóia; b) materiais de obra.
	Teoria Subjetiva (Savigny)
	Teoria Objetiva (Ihering)
	P= C + A
	P= C
	D= C
	D= hipóteses legais
	P= posse D = detenção C = corpus A = animus domini
## ATENÇÃO! ##
Essa foi a TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO CIVIL. 
Para o legislador pátrio, a posse caracteriza-se como exteriorização da propriedade. CC. Art. 1196.
4. Espécies da posse
4.1. POSSE DIREITA x POSSE INDIRETA:
4.1.1. Direta é aquela exercida pelo seu titular de forma imediata, fazendo uso direto da coisa, como, p. ex., o uso de veículo automotor. CC. Art. 1197. São exemplo de possuidores direto o usufrutuário, o depositário, o credor pignoratício, o locatário, o comodatário.
4.1.2.Indireta é a posse quando o seu titular, afastando de si por sua própria vontadea detenção da coisa, continua a exercê-la de forma mediata, indireta, após haver transferido a outrem a posse direta. São exemplos de possuidores indireto o nu-proprietário, o depositante, o locador, o comodante. 
4.2. POSSE JUSTA x POSSE INJUSTA:
4.2.1. Justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária. 
4.2.2. Injusta é a posse que contenha um dos três vícios referidos no CC. Art. 1200.
Violenta é a posse conseguida por força injusta. De acordo com o CC. Art. 1208. “Não induzem posse (...) os atos violentos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.” Pode ser convalidada após período de ano e dia.
Clandestina é a posse que se constitui às escondidas, de forma oculta, sorrateira, “na calada da noite”. Clandestinidade x publicidade. Pode ser convalidada após período de ano e dia. P.ex. possuidor agrícola em determinada área.
Precária é a posse daquele que, tendo recebido a coisa do proprietário, por um título que o obriga a restituí-la, recusa injustamente a fazer a devolução e passa a possuir a coisa em seu nome próprio. Cc. Art. 1208. “Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância (...).” Não pode ser convalidada porque a precariedade não cessa. P.ex.: o comodatário, o locatário, o depositários terão sempre o dever de devolverem a coisa recebida.
CIVIL E PROCESSO CIVIL - REINTEGRAÇÃO DE POSSE - LIDE ENTRE PARTICULARES - IMÓVEL PÚBLICO - ILEGITIMIDADE ATIVA DA AUTORA - REJEIÇÃO - ABANDONO DA POSSE - IMPERTI-NÊNCIA - ESBULHO CARACTERIZADO - PROCE-DÊNCIA DO PEDIDO AUTORAL - PEDIDO DE IN-DENIZAÇÃO POR BENFEITORIAS - POSSE DE MÁ-FÉ - IMPROCEDÊNCIA.
2. "In casu", a ocupação do imóvel pelos requeridos se deu de forma irregular e clandestina, configurando posse injusta, nos termos do art. 1.200 do Código Civil. A posse da autora, por outro lado, era justa, eis que detinha o direito de ocupação do imóvel, legitimada pelo Poder Público.
3. Nos termos do art. 1.220 do Código Civil, por se tratar de possuidor de má-fé, somente as benfeitorias necessárias são passíveis de indenização, sem direito de retenção, nem o de le-vantar as voluptuárias. Todavia, nenhuma das benfeitorias que os requeridos afirmam ter efetuado no imóvel podem ser consi-deradas necessárias.
4. Preliminar rejeitada. Recurso não provido.(Acórdão n. 261871, 20030111180343APC, Relator HUMBERTO ADJUTO ULHÔA, 3ª Turma Cível, julgado em 06/12/2006, DJ 15/02/2007 p. 82)
4.3.POSSE DE BOA-FÉ x MÁ-FÉ – CC. Art. 1201
4.3.1. Boa-fé se diz da posse quando “o possuidor ignora o vício ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa”. 
4.3.2. Má-fé ocorrerá quando o possuidor exercer a posse a despeito de estar ciente de que é clandestina, precária, violenta, ou encontra qualquer outro obstáculo jurídico a sua legitimidade. 
Pode-se alegar boa-fé na aquisição possessória de área pública? 
Não. O possuidor não pode alegar boa-fé em decorrência de erro inescusável ou erro grosseiro, como, p.ex., a aquisição de posse de propriedade pública. (CF. art. 
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO POSSESSÓRIA. IMÓVEL PÚBLICO. PEDIDO JURIDICAMENTE IMPOSSÍVEL. Constitui pedido juridicamente impossível a proteção possessória pretendida por particular sobre bem público. O fato de os imóveis constituírem bens públicos prejudica o debate sobre o caráter da posse, visto serem insuscetíveis da proteção possessória. Atos de mera tolerância da administração não implicam renúncia ao direito de defender o patrimônio público. Recurso conhecido e improvido.(Acórdão n. 178284, 20000110429263APC, Relator GEORGE LOPES LEITE, 1ª Turma Cível, julgado em 02/06/2003, DJ 17/09/2003 p. 15)
4.3.3. Justo título
Presume-se de boa-fé o possuidor com justo título, salvo prova em contrário ou quando a lei inadmitir tal presunção. (CC Art. 1201. § único). Justo título é o título hábil para conferir ou transmitir direito a posse, como a convenção (acordo), a sucessão, a ocupação. Há sempre na posse de boa-fé um título que vincula o possuidor atual ao anterior (posse derivada), de modo que a aquisição pareça estar livre de qualquer lesão a direito alheio. Com o justo título, há inversão do ônus da prova.
Tal definição se faz imprescindível para se medir os efeitos da posse, conforme se ache adquirida de boa ou má-fé. Vide artigos 1.216 a 1.218 do CC.
DIREITO CIVIL. POSSE. BOA-FÉ. INDENIZAÇÃO. BENFEITORIAS. ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. Não estando o possuidor de má-fé, inarredável é seu direito à indenização pelas benfeitorias efetuadas, sob pena de retenção, com o escopo de se evitar o enriquecimento ilícito do vero proprietário. Apelação conhecida e não provida. (TJDFT. Acórdão n. 556162, 20090610122449APC, Relator ANA MARIA DUARTE AMARANTE BRITO, 6ª Turma Cível, julgado em 14/12/2011, DJ 12/01/2012 p. 172)
4.3.2. Momento da cessação da boa-fé.
CC. Art. 1202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
Exemplo: A jurisprudência entende que cessa a boa-fé do possuidor que adquiriu a coisa viciada no momento da citação da ação possessória, no estabelecimento de uma relação controvertida. Vejamos. 
Após a citação para devolver determinado bem adquirido de forma injusta, cessa a boa-fé do possuidor, verificando-se os efeitos ao final de disputa judicial com a consequente responsabilização pelos danos e frutos percebidos.
PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. ALIENAÇÃO DE VEÍCULO SEM RESTRIÇÃO NO DETRAN. TERCEIRO DE BOA-FÉ. CONFORME ENTENDIMENTO PACIFICADO NO COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, NÃO CARACTERIZA FRAUDE À EXECUÇÃO A VENDA DE VEÍCULO, AINDA QUE APÓS A CITAÇÃO DO DEVEDOR, SE NÃO EXISTIA QUALQUER RESTRIÇÃO PERANTE AO DETRAN. ESTE ENTENDIMENTO VISA A PROTEGER O TERCEIRO DE BOA-FÉ QUE ADQUIRE O BEM LIVRE DE QUALQUER EMBARAÇO, A DEVER A MÁ-FÉ SER COMPROVADA PELO CREDOR/EMBARGADO. (PRECEDENTE 20050110848379APC, Relator VASQUEZ CRUXÊN, 3ª Turma Cível, julgado em 12/12/2007, DJ 14/03/2008 p. 33) RECURSO PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.(Acórdão n. 505423, 20100610070662ACJ, Relator FERNANDO ANTONIO TAVERNARD LIMA, 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal, julgado em 17/05/2011, DJ 19/05/2011 p. 270)
4.4. POSSE NOVA x POSSE VELHA
4.4.1. NOVA é a posse que não completou ano e dia.
4.4.2. VELHA é a posse havida após o decurso de ano e dia.
O legislador faz a distinção entre posse nova e posse velha pelo decurso ou não do prazo de mais de um ano. Tal verificação é imprescindível para se determinar os efeitos da ação possessória. Se nova, tem o autor direito a manutenção ou reintegração na posse, até mesmo de forma liminar. Se velha, perde o autor a presunção de possuidor e proprietário, fazendo-se necessário a prova de tais condições por meio da ação ordinária. (O direito não socorre aos que dormem).
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. DECISÃO QUE DENEGOU LIMINAR. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DO ARTIGO 927 DO CPC. AÇÃO DE FORÇA VELHA. DECISÃO MANTIDA.
1. A ação possessória de menos de ano e dia, conhecida como ação de força nova, segue o rito especial, com possibilidade de liminar, enquanto aquela proposta depois de ano e dia é tratada como ação de força velha, cuja tramitação deve seguir o rito ordinário, e, embora continue a ser possessória, não apresenta a possibilidade de concessão liminar.
2. Mantém-se a decisão que, em ação de reintegração de posse denega a liminar, porquanto não restou demonstrada a presença dos requisitos legais constantes no artigo 927 do Código de Processo Civil, eis que a ré detém a posse do imóvel objeto da contenda há mais de um ano e dia.
3. Recurso desprovido.(Acórdão n. 269607, 20060020151423AGI, Relator MARIO-ZAM BELMIRO, 3ª Turma Cível, julgado em 14/03/2007, DJ 03/05/2007 p. 91)
5. Detentor
É “aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.” (CC. Art. 1198) P. ex: caseiro; motorista;bibliotecário; etc. Exercem a posse em nome de terceiros, mas refletem o intuito de seu representado de agir como proprietário. Este, e não o detentor, é o possuidor.
6. COMPOSSE: 
A posse é o exercício de algum dos poderes inerentes ao domínio, mas nada impede que tais poderes sejam exercidos por mais de um possuidor, desde que o exercício por parte de um consorte não impeça o exercício por parte do outro. CC. Art. 1199.P. ex., a composse se dá na hipótese do uso da área comum de um edifício por dois condôminos ao mesmo tempo.
7. AQUISIÇÃO DA POSSE
CC. Art. 1204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
MODOS DE AQUISIÇÃO
7.1. VONTADE do agente:
7.1.1.por ato unilateral: recaindo sobre as coisas abandonadas (res derelictae) ou sobre as coisas que não são de ninguém (res nullius). “Achado não é roubado”.
7.1.2. por ato bilateral: com a entrega da coisa, que pode ser a título gratuito (doação) ou oneroso (compra e venda).
7.2. ORIGEM da posse: 
7.2.1. originária: quando não há relação de causalidade entre a posse atual e a anterior. P.ex., no caso de esbulho (coisa tomada à força) após decorrido ano e dia;
7.2.2. derivada: quando existe relação de causalidade entre a posse anterior e a atual, havendo anuência do antigo possuidor. É precedida de negócio jurídico, como a compra e venda.
Dependendo da origem da coisa possuída, diversos são os vícios que pode recair sobre coisa. Se a posse é originária, a posse se apresenta despida dos vícios que a maculavam em mãos do antecessor. Se a posse é derivada, o adquirente recebe a posse com todos os vícios que a inquinavam nas mãos do alienante. (CC. Art. 1203.)
7.3. À título universal e singular:
7.3.1. Universal (universalidade de bens): espólio, fazenda de “porteira fechada”.
7.3.2. Singular: quando se transfere coisa certa e determinada.
A diferenciação se mostra útil para fins de transmissão da posse com seus efeitos. Se transmitida ao legatário ou herdeiro a título universal, terá os mesmo efeitos da posse do antecessor. Se transmitida a título singular, será a este facultado aproveitar os efeitos legais ou iniciar posse nova.
P.ex.: se a posse recebida era justa e de boa-fé, poderá este se beneficiar do tempo de posse para a usucapião. Se defeituosa, poderá desconsiderá-la, gerando nova posse a partir da data da aquisição. (CC. Art. 1206 e 1207).
8. PERDA DA POSSE
A posse se perde desde o momento em que o possuidor, de qualquer maneira, se vê impedido de exercer os poderes inerentes a propriedade. 
CC. Art. 1223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1196.
8.1.AUSENTE: só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido. (CC. Art. 1224).
Mas a teoria de Ihering adotada pelo Código Civil não fala que a posse independe da vontade do legislador?
Atenção! Essa regra pode ser considerada uma “contradição legislador”.
Parte da doutrina fale em contradição do referido dispositivo, uma vez que privilegia o possuidor negligente em detrimento do interesse social, que é no sentido de proteger a posse mansa e pacífica por mais de ano e dia.
9. EFEITOS DA POSSE: CC. Art. 1210 a 1222. 
Os efeitos da posse são as consequências legais dela decorrentes.
9.1. Proteção Possessória – CC. Art. 1.210
Tem por finalidade proteger a posse na qualidade de exteriorização do domínio. Visa facilitar a defesa do proprietário que, ao ser privado da posse da coisa, recorra ao Poder Judiciário para que, de forma mais célere, seja restituído do seu bem, sem a necessidade de provar o domínio de sua propriedade. Passemos a análise das principais ações possessórias.
9.2. AÇÕES POSSESSÓRIAS
CC. Art. 1210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído em caso de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
Tais medidas processuais estão reguladas pelos arts. 920 a 933 do CPC.
Ações possessórias estão previstas no CPC, art. 920: 
Ação de manutenção de posse (turbado / incomodado) – “O possuidor tem o direito de ser mantido na posse em caso de turbação.”
Ação de reintegração de posse (esbulho) – “O possuidor tem o direito de ser restituído no caso de esbulho.”
Interdito proibitório (moléstia / ameaça) – “O possuidor tem o direito de ser segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado”. 
CPC. Art. 932. O possuidor direto ou indireto, que tenha justo receio de ser molestado na posse, poderá impetrar ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório, em que se comine ao réu determinada pena pecuniária, caso transgrida o preceito.
9.2.1. Ação de manutenção de posse
Referida ação judicial tem por finalidade pôr fim a turbação experimentada pelo possuidor, desde que não tenha sido privado da posse. Através de ordem judicial, pretende-se colocar fim ao incômodo.
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO POSSESSÓRIA. PEDIDO E CAUSA DE PEDIR. ALTERAÇÃO. IMÓVEL RURAL NÃO ENCRAVADO. TURBAÇÃO. SERVIDÃO DE PASSAGEM. EMBARAÇO AO LIVRE CURSO DAS ÁGUAS. CONSTRUÇÃO DE CERCA. INDENIZAÇÃO.
1 - O art. 264, do CPC, permite que o autor altere o pedido inicial até a citação, sem o consentimento do réu. 2 - A tolerância do possuidor quanto à utilização de estrada por vizinho, mesmo durante anos, não lhe confere qualquer direito sobre o seu uso. 3 - Compete aos titulares de imóveis marginais aos cursos d'água conservá-los livres de embaraços que provoquem prejuízos a terceiro. 4 - É lícito ao autor cumular, na ação de manutenção de posse, o pedido possessório com o de recebimento de indenização por perdas e danos e a imposição de pena em caso de reincidência (art. 921, do CPC). 5 - Apelo improvido. Sentença mantida.(Acórdão n. 330164, 20040810056829APC, Relator ARNOLDO CAMANHO DE ASSIS, 3ª Turma Cível, julgado em 29/10/2008, DJ 17/11/2008 p. 94)
9.2.2.Ação de reintegração de posse
É cabível na hipótese de ter sido o possuidor injustamente privado de seu posse, ou seja, esbulhado. Presume violência.
CIVIL - REINTEGRAÇÃO DE POSSE - COMODATO VERBAL - IMÓVEL RURAL - CESSÃO DE DIREITOS - NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL - ESBULHO - INDENIZAÇÃO DEVIDA - SENTENÇA MANTIDA.
1. Comprovada a melhor posse do autor, conforme cadeia de cessão de direitos anexada aos autos, a sentença deve ser mantida.2. A partir da notificação cessou o empréstimo gratuito do bem imóvel, constituindo-se, pois, a situação de esbulho e de mora, que deve ser indenizada.3. Apelo improvido.(Acórdão n. 261313, 20050310174163APC, Relator SANDRA DE SANTIS, 6ª Turma Cível, julgado em 16/11/2006, DJ 11/01/2007 p. 80)
9.2.3. Interdito proibitório
É o remédio possessório concedido ao possuidor que, tendo justo receio de ser molestado ou esbulhado em sua posse, pretende ser assegurado contra a violência iminente. Visa a imposição, pelo Judiciário, de pena pecuniário caso transgrida o mandado.
INTERDITO PROIBITÓRIO. AMEAÇA CARACTERIZADA.
Provada a posse e a ameaça ao exercício dessa, procede o interdito possessório. Apelação não provida. (Acórdão n. 474533, 20100810017237APC, Relator JAIR SOARES, 6ª Turma Cível, julgado em 19/01/2011, DJ 27/01/2011 p. 143)
9.3. Requisitos processuais (CPC. Art. 927): 
I - a posse; 
II - a turbação ou esbulho praticado pelo réu; 
III – a data da turbação ou do esbulho; 
IV – a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; e/ou a perda da posse, na ação de reintegração.
PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. POSSESSÓRIA. TERRA PÚBLICA. DEMANDA ENTRE PARTICULARES.1.Presentes na ação de interdito proibitório os requisitos que autorizam a concessão da liminar - a posse dos autores e o justo receio de turbação ou esbulho - nenhum reparo merece a decisãocombatida.2.Recurso desprovido.(Acórdão n. 549713, 20110020123307AGI, Relator MARIO-ZAM BELMIRO, 3ª Turma Cível, j. em 16/11/2011, DJ 24/11/2011 p. 133)
APELAÇÃO CÍVEL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE ENTRE PARTICULARES. COMPETÊNCIA. VARA CÍVEL. LEGITIMIDADE DA POSSE DO AUTOR. REQUISITOS. CPC 927. COMPROVAÇÃO. HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. GRATUIDADE DE JUSTIÇA. 1.Comprovada a hipossuficiência econômica, defere-se o pedido de gratuidade de justiça. 2. Compete às Varas Cíveis do DF o julgamento de ações possessórias entre particulares (Res. 03/09 TJDFT, art. 3º, III). 3. Demonstrada a legitimidade da posse do autor, é cabível a sua reintegração imediata na posse do imóvel (CPC 926 e 927). 4.Deu-se parcial provimento ao apelo do réu, tão somente, para deferir o pedido de gratuidade de justiça. (20090110825386APC, Rel. SÉRGIO ROCHA, 2ª T. Cível, j. em 18/01/2012, DJ 20/01/2012 p. 51)
PROCESSO CIVIL - AGRAVO DE INSTRUMENTO - REINTEGRAÇÃO DE POSSE - REVOGAÇÃO DE LIMINAR OUTRORA CONCEDIDA AO AUTOR C/C EXPEDIÇÃO DE MANDADO DE MANUTENÇÃO DE POSSE EM FAVOR DO RÉU - DECISÃO MANTIDA.
1. Nos termos dos artigos 927 e seguintes do CPC, o juiz, verificando a presença dos requisitos inerentes à tutela possessória em caráter liminar, garantirá provisoriamente a posse àquele que melhor se apresentar como possuidor legítimo. 2. Na hipótese vertente, as partes litigantes não se encontram envolvidas em uma questão de simples esbulho possessório, mas, ao que se evidencia, disputam a posse derivada em inúmeras cessões possessórias, cada qual defendendo sua legítima posse, tratando-se inclusive, ao que tudo indica, de área pública. Demonstrando o réu que também exerce a posse do imóvel litigioso, em sede liminar não há que se falar em esbulho possessório, já que o possuidor direto pode defender a sua posse contra o possuidor indireto (art. 1.197, Código Civil). E ainda, "quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso." (art. 1.211, Código Civil). 3. Imperioso, na hipótese, aguardar-se dilação probatória respectiva, mantendo-se inalterado o estado da coisa. 4. Agravo de Instrumento conhecido e não provido. (Acórdão n. 505645, 20110020044798AGI, Relator HUMBERTO ADJUTO ULHÔA, 3ª Turma Cível, julgado em 18/05/2011, DJ 23/05/2011 p. 108)
## ATENÇÃO! ##
É possível ação possessória do locatário (direto) contra o locador (indireto)?
São conferidas as ações possessórias para ambos os possuidores, direto e indireto.
DIREITO CIVIL E DIREITO PROCESSUAL CIVIL. MANUTENÇÃO DE POSSE E LOCAÇÃO.
O locador é obrigado a garantir, durante o tempo da locação, o uso pacífico do imóvel locado (Lei 8245/91: art. 22.). Comprovada a turbação no decorrer da contratualidade, impõe-se a mantença da locatária na posse do imóvel locado liminarmente concedida contra o locador. (Acórdão n. 203269, 20040020074512AGI, Relator WALDIR LEÔNCIO LOPES JÚNIOR, 2ª Turma Cível, julgado em 25/10/2004, DJ 07/12/2004 p. 197) TJDFT.
Posso pleitear medida liminar para liberar veículo importado com fundamento na posse?
STF. Súmula 262. Não cabe medida possessória liminar para a liberação alfandegária de automóvel.
Se duas pessoas reivindicarem a posse sob alegação de serem ambos donos da coisa (sem se falar em posse nova ou posse velha, a quem será dada a posse?
STF. Súmula 487. Será deferida a posse a quem evidentemente tiver o domínio, se com base neste for disputada.
No juízo possessório basta demonstrar a posse pacífica por ano e dia para que o possuidor alcance proteção contra quem quer que seja. Compete ao possuidor ou proprietário.
Juízo petitório. Compete somente ao proprietário. De rito ordinário, os litigantes alegam o domínio, devendo o reivindicante demonstrar a prevalência do seu direito sobre o direito do reivindicado. Nesta, a questão da posse é secundária. Pretende-se provar a propriedade da coisa. (CC. Art. 1210. §2°)
9.4. Desforço direto
A lei permite, inclusive, o desforço direto, para preservar o seu direito possessório, desde que feito de forma imediata e não ultrapasse o indispensável à manutenção ou restituição da posse. (CC. Art. 1210, §1°)
9.5.Outros efeitos da posse
a) percepção dos frutos; 
CC. Art. 1214
b) responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa; 
CC. Art. 1217 e 1218.
c) indenização por benfeitorias e o direito de retenção para garantir seu pagamento; 
CC. Art. 1219 e 1220.
d) usucapião;
CC. Art. 1238.
	OBJETO DO DIREITO DAS COISAS
	Posse
	
Direitos
Reais
	Sobre coisa
Própria (pleno)
	Propriedade Alodial[1: Propriedade alodial é aquela isenta de qualquer gravame real, ou seja, sobre ela não pesam quaisquer restrições. Na prática imobiliária comum, diz-se da propriedade “livre e desembaraçada”.]
	
	
Sobre
coisa
alheia
(limitados)
	
De gozo
ou
fruição
	Uso
	
	
	
	Habitação
	
	
	
	Usufruto
	
	
	
	Superfície
	
	
	
	Servidão
	
	
	
De garantia
	Penhor
	
	
	
	Hipoteca
	
	
	
	Anticrese
	
	
	
	Alienação Fiduciária em Garantia
	
	
	À aquisição
	Promessa Irretratável de Compra e Venda
DOS DIREITOS REAIS – cc. ART. 1.225
1. Conceito: Os Direitos Reais são o conjunto das normas que regulam as relações jurídicas entre os homens em face das coisas corpóreas, capazes de satisfazer as suas necessidades e suscetíveis de apropriação. 
1.1. Previsão legal: Estão elencados no art. 1225 do Código Civil, e constitui numerus clausus, não sendo lícito aos particulares, por sua disposição de vontade, atribuir o caráter de direito real àquilo que decidiram ajustar entre eles. 
Rol taxativo, tendo em vista suas características peculiares, como a oponibilidade erga omnes, o direito de sequela, e a exigibilidade de registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Propriedade - Previsão Constitucional 
CF – art. 5° e XXII
1. Conceito:
Representa o mais completo do domínio dos direitos subjetivos, podendo-se afirmar que constitui o cerne do direito das coisas e a espinha dorsal do direito privado, caracterizado pela apropriação de riquezas. (Silvio Rodrigues)
É o mais importante e o mais sólido de todos os direitos subjetivos, o direito real por excelência, é o eixo em torno do qual gravita o direito das coisas. É a pedra fundamental de todo o direito privado. (Washington de Barros Monteiro).
O domínio é o direito real que vincula e legalmente submete ao poder absoluto de nossa vontade a coisa corpórea, na sua substância, acidentes e acessórios. (Lafayette, Dir. das Coisas).
2. Fundamento: tem por fundamento a própria vontade humana, o direito natural. O homem é um ser individualista por natureza. Por isso o legislador entendeu por bem regulamentar a propriedade, sendo a lei seu fundamento jurídico.
3. Elementos Constitutivos:
CC. Art. 1228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
Usar (Jus utendi) implica a possibilidade de usar a coisa de acordo com a vontade do proprietário e a de excluir estranhos de igual uso.
Gozar (Jus fruendi) envolve o poder de colher os frutos naturais e civis da coisa, bem como de explorá-la economicamente, aproveitando seus produtos. 
Dispor (Jus abutendi) significa o direito de dispor da coisa, alienando-a.
Reivindicar. Reavê-la de quem a possua de modo injusto.
4. Características:
4.1.Único direito real sobre coisa própria. Os demais são direitos reais de garantia ou sobre coisa alheia.
4.2. Representa um vínculo jurídico decorrente da lei, entre o proprietário e a coisa, cujo qual, todos deverão respeitar. Erga omnes.
4.3. Submete a coisa a livre vontade do proprietário.
5. Direito absoluto, exclusivo e perpétuo. CC. Art. 1231
Absoluto porque tem o proprietário o mais amplo poder jurídico, podendo usar, gozar e dispor da coisada maneira que lhe aprouver, salvo determinadas limitações legais, como a função social, e o direito de renovação do inquilino de imóvel comercial.
A lei de locação (lei 8245/91, art. 51) restringe o absolutismo do direito de propriedade ao conferir ao locatário o direito de renovar o contrato após o término do prazo, desde que preenchidos alguns requisitos legais. (aluguel comercial).
Exclusivo porque o direito de seu titular é exercido sem concorrência de outrem, podendo existir a compropriedade ou o condomínio. Sendo assim, pode até mesmo afastar da utilização da coisa quem quer que queira tirar qualquer proveito. Tem origem no direito medieval, surgindo a partir do Código Napoleônico de 1804.
Os edifícios em condomínios não restringem a exclusividade do imóvel, pois implica em divisão abstrata da propriedade.
Perpétuo ou irrevogável porque somente se extingue com a vontade do dono, ou por disposição de lei. 
6. Classificação
Propriedade plena se diz quando todas as suas prerrogativas encontram-se em poder do proprietário, podendo ele usar, gozar, dispor e reivindicar a coisa.
Limitada é a propriedade quando careça o proprietário de algumas dessas prorrogativas. P.ex., no caso do usufruto, o proprietário está privado do jus utendi e do jus fruendi da coisa. No caso da cláusula de inalienabilidade, não pode o proprietário fazer uso do jus abutendi.
7. Restrições ao Direito de Propriedade - Função social da propriedade
Não se pode dizer que o proprietário pode fazer o que bem entender da coisa, especialmente em se tratando de bem imóvel. Vigora a função social da propriedade.
CF, Art. 5, e XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;
Propriedade Urbana – CF – Art. 182. 
§ 2° - A propriedade urbana atende sua função social quando atende as exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor 
Plano Diretor: §°1: cidades com mais de 20 mil habitantes; instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana;
Consequências: §°4: solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, adequado aproveitamento sob pena de: 
I – parcelamento ou edificação compulsória;
II – IPTU progressivo (CF, art. 156, §°1, inciso II)
III – desapropriação, com pagamento em títulos da dívida pública, até 10 anos, parcelas iguais e sucessivas;
Propriedade rural – CF – art. 186
A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I – aproveitamento racional e adequando;
II – utilização adequada dos recursos naturais e preservação do meio ambiente;
III – observâncias das leis trabalhistas;
IV – bem estar dos proprietários e trabalhadores
Consequências: desapropriação com pagamento em títulos da dívida pública em até 20 anos. CF., art. 184.
## ATENÇÃO! ## -- Uso ilícito da propriedade
Imóvel - Desapropriação de glebas para fins ilícitos: CF. art. 243.
Móvel - Confisco (bens móveis): CF. art. 243, § único.
Previsão legal – Código Civil
CC. Art. 1228. §1°. O direito do proprietário deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais (...);
§2°. São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.
Aliás, a tendência do direito moderno é que sejam cada vez mais reduzidos os direitos dos proprietários. Entendemos que essa proteção deva se dar tão somente em relação aos bens duráveis e aos bens de produção, pois o uso abusivo destes poderá acarretar sérios prejuízos a toda coletividade.
7.1. Restrição Constitucional – função social.
Subordinação do direito individual ao interesse coletivo. P.ex.: desapropriação por necessidade ou utilidade pública; e por interesse social; Toda a legislação sobre a reforma agrária se inspira no princípio de que o direito de propriedade deve ser exercido de acordo com a sua função social. (CF, art. 5, XXIII; CC. 1.228, parágrafo primeiro. Pretende-se evitar a existência de terras improdutivas.
CIVIL. DIREITO DE PROPRIEDADE. DIREITO DE CONSTRUIR.SUBSOLO. LIMITES.
1. O art. 1.229 do CC/02 estabelece que a propriedade do solo abrange a dosubsolo correspondente. A segunda parte do dispositivo legal, porém, limita oalcance desse subsolo a uma profundidade útil ao seu aproveitamento, impedindo o proprietário de se opor a atividades que sejam realizadas por terceiros a uma fundura tal que não tenha ele interesse legítimo em impedi-la.
2. O legislador adotou o critério da utilidade como parâmetro definidor dapropriedade do subsolo, limitando-a ao proveito normal e atual que podeproporcionar, conforme as possibilidades técnicas então existentes.
3. O direito de construir previsto no art. 1.299 do CC/02 abrange inclusive osubsolo, respeitado o critério de utilidade delineado no art. 1.229 do mesmoDiploma Legal.
4. Recurso especial não provido. RECURSO ESPECIAL Nº 1.233.852 - RS (2011/0022211-5). RELATORA: MINISTRA NANCY ANDRIGHI. Julgado em 15/12/2011.
7.2. Restrição Administrativa.
Patrimonial artístico e cultural: as coisas tombadas não poderão ser, em caso algum, destruídas, demolidas ou mutiladas, nem ainda, sem prévia autorização da autoridade competente, reparadas, pintadas ou restauradas.
7.3 Restrição de natureza penal.
A perda em favor da União dos instrumentos do crime, do respectivo produto ou de outro bem ou valor que constitua proveito auferido com a prática do fato criminoso. (CP. Art. 91)
7.4 Restrição de natureza civil.
Relações de vizinhança. (CC. Art. 1.277)
Servidões prediais. (CC. Art. 1.378)
A concepção moderna da propriedade é aquela que possui a sua função social bem determinada, geradora de trabalho e de empregos, apta a produzir novas riquezas e contribuir para o bem geral da nação. É a propriedade dos novos tempos, apta a eliminar a propriedade estéril e improdutiva.
7. Aquisição da propriedade
O legislador tratou inicialmente das formas de aquisição da propriedade de bens imóveis. Isso talvez tenha se dado pela ainda predominância deste tipo de bem em nossa sociedade como forma de geração de riquezas. De modo oposto se dá em países europeus e nos EUA onde o patrimônio das pessoas é majoritariamente composto de ações e valores imobiliários.
7.1. Modos de aquisição
Originário ocorre quando não há qualquer relação jurídica de causalidade entre o domínio atual e o estado jurídico anterior. P. ex.: usucapião e acessão.
Derivado existe uma relação de causalidade entre o domínio do alienante e do adquirente, representada por um ato jurídico como o contrato de compra e venda ou o direito hereditário. P. ex.: Tradição.
Tais características se fazem importantes para determinar os vícios ou ônus que possam eventual macular a propriedade. Do mesmo modo serve para comprovar a legitimidade do direito do antecessor na cadeia dominial até se completar o prazo de 15 anos necessário para a usucapião.
Singular ocorre quando se adquire a coisa individuada, como na compra e venda de determinado imóvel.
Universal se verifica quando o adquirente se adquire do alienante uma universitas juris, uma universalidade de bens, como no caso da herança ou da compra de uma empresa. Nesta a distinção se destaca, pois o sucessor universal sucede o sucedido em todos os débitos. 
7.2. Aquisição de propriedade MÓVEL
O legislador pátrio disciplinou seis formas de aquisição da propriedade móvel:
a) a usucapião (CC. 1.260);
b) a ocupação (CC. 1.263);
c) o achado do tesouro (CC. 1.264);
d) a tradição (CC. 1.267);
e) a especificação (CC. 1.269);
f) a confusão; comissão e adjunção (CC. 1.272);
g) a descoberta (CC. 1.233).
a) Usucapião
Tem por fundamento a idéia do legislador de atribuir juridicidade a situações de fato que se prolongaram no tempo, consolidando o domínio sobre as coisas móveis quando o modo de aquisição não for suscetível de dúvidas.
Ordinária é aquela em que o usucapiente deve provar a posse, justae de boa-fé, contínua e incontestada, pelo período de 3 anos. CC. Art. 1260.
Extraordinária é aquela em que a lei demanda um prazo maior para sua ocorrência, 5 anos, bastando a prova da posse mansa e pacífica, presumindo a lei o título justo e a boa-fé. CC. Art. 1261.
USUCAPIÃO DE COISA MÓVEL. EVIDENCIADA A POSSE DO BEM MÓVEL HÁ MAIS DE CINCO ANOS, SEM INTERRUPÇÃO NEM MOLESTAMENTO, OPERAM OS EFEITOS DA PRESCRIÇÃO AQUISITIVA, DE MOLDE A CONSOLIDAR NO POSSUIDOR A PROPRIEDADE DA COISA, INDEPENDENTEMENTE DO REQUISITO DE BOA-FÉ, ADEMAIS, NÃO ELIDIDA PELA RÉ. PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO ADESIVO PARA MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA.
(Acórdão n. 47059, APC1917988, Relator LUIZ CLAUDIO ABREU, 2ª Turma Cível, julgado em 15/02/1989, DJ 15/02/1989 p. 1)
b) Ocupação
CC. Art. 1263. Quem se assenhorar de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei.
Recai somente sobre coisas móveis. Para as coisas imóveis dá-se a usucapião.
Consiste no “assenhoramento” da coisa. 
Considera-se coisa “sem dono” a coisa sem dono (res nullius), e a coisa abandonada (res derelictae), tornando-se dono aquele que logo se apropriar. (Achado não é roubado).
Obs.: não se fala em coisa perdida (descoberta)
O CC de 1916 trazia hipóteses expressas (art. 593): I – animais bravios; II – os mansos e pacificados; III – enxames de abelhas; IV – as pedras, conchas e outras substâncias arrojadas às praias pelo mar.
Todavia, essa apropriação não pode se dar se for defesa por lei, como a pesca ou caça em propriedade particular.
c) O Achado do tesouro. CC. Art. 1264.
Tesouro é o depósito antigo de coisas preciosas, oculto e cujo dono não haja memória. Se achado em prédio alheio, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente.Se achado pelo proprietário do próprio prédio, será a ele devido por inteiro. CC. Art. 1265.
Ex.: tesouro vicking na Inglaterra em 2007 no valor de R$ 2,8 milhoes.
d) Tradição. CC. Art. 1267.
É a entrega da coisa do alienante ao alienatário, com ânimo de lhe transferir o domínio, constituindo maneira complementar de se adquirir a propriedade móvel pelo contrato.
Efetivada a tradição por quem não seja proprietário, tem-se por não transferida a propriedade. Se o alienante, após a tradição, adquirir a propriedade, considera-se realizada a transferência desde o momento da tradição. CC. Art. 1268 e §1°.
Se o negócio que ensejou a tradição for nulo, não se transfere a propriedade com a efetivação daquela. CC. Art. 1268. §2°.
Modalidades da tradição
Real: quando há entrega material da coisa;
Simbólica: quando se perfaz através de ato que representa a entrega da coisa. P.ex.: entrega das chaves.
Ficta: quando se ultima pela constituto possessório, que se dá quando o alienante, ao invés de entregar a coisa alienada, a retém por outro justo título. P. ex.: locatário, ou quando o arrendatário torna-se dono.
e) Especificação. CC. Art. 1269.
Ocorre quando alguém, trabalhando em matéria-prima alheia parcialmente de terceiros, obtiver espécie nova, desta será proprietário, se não puder restituir à forma anterior.
Sendo toda a matéria alheia e inferior o valor da espécie nova, e não se podendo restituir à forma antiga, será do especificar de boa-fé a espécie nova. 
Se de má-fé o especificador, o dono adquirirá a propriedade da coisa especificada CC. Art. 1270 e §1°.
Em qualquer hipótese, será devido ao prejudicado o dano sofrido. CC. Art. 1271.
f) Confusão, comissão (comistão) e adjunção. CC. Art. 1272.
Confusão é a mistura de substâncias que formam líquido homogêneo. Ex.: água e álcool; 
Comistão é a mistura de substâncias que formam líquido homogêneo. Ex.: farinha e fermento;
Adjunção é a justaposição de uma coisa ou substâncias à outra. Ex.: vidro colado na madeira.
Se possível a separação sem deterioração das partes, devolve-se cada qual aos seus respectivos donos, sendo as despesas do causador. Não sendo possível, subsiste indiviso o todo, cabendo a cada um dos donos quinhão proporcional ao valor da coisa com que contribuiu. Art. 1272. §1°.
Sendo uma das coisas considera principal, o dono será do todo, indenizando os demais. Art. 1272. §2°.
Havendo má-fé, a parte inocente poderá escolher entre ser indenizado, ou adquirir a propriedade da coisa toda, pagando o valor correspondente a parte que não lhe pertencia, após abatida a devida indenização. Art. 1273.
g) Descoberta. CC. Art. 1233.
É o encontro de coisa de outrem, perdida por seu dono. 
A regra é a devolução da coisa. Porém, cabe ao descobridor recompensa não inferior a 5% do seu valor, e a indenização pelas despesas que houver efetivado com a conservação e transporte da coisa.
Não encontrado o proprietário, após 60 dias, será a mesma vendida em hasta pública e, paga a recompensa ao descobridor, pertencerá ao município em que tiver acontecido a descoberta o valor arrecadado. CC. Art. 1237.
Código italiano dispõe que cabe ao proprietário envidar esforços para encontrar a coisa perdida.
## ATENÇÃO! ## -- Crime de apropriação – CP. Art. 169, inciso II.
7.3. Aquisição da propriedade IMÓVEL
CC. 1.227. Os direito reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos.
7.3.1. Aquisição pelo registro do título.
A partir do advento do Código Civil de 1916, o acordo de vontades não basta, por si só, para a aquisição da propriedade imóvel. Passou a ser necessário o registro do título, por meio de escritura pública, no cartório de registro de imóveis competente. Vide 108 CC.
CC. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis.
§1°. Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel.
O título translativo (representativo) do direito de propriedade cria apenas direitos pessoais entre as partes contratantes.
Só o registro opera a transferência do domínio; portanto o registro, e não o título, determina a transmissão.
Estão sujeitos a registro pelo Cartório de Registro de Imóveis:
Títulos translativos: contrato de compra e venda; permuta; doação; dação em pagamento; promessa de compra e venda quitada;
Sentença de ações divisórias; inventário e partilha; Arrematação e adjudicação em hasta pública; usucapião;
Divisões e partilhas amigáveis, convencionadas por escritura pública;
7.3.1.1. Atributos do registro.
Publicidade, conferida pelo Estado por meio de seu órgão competente, o Registro Imobiliário;
Força probante, fundada na fé pública, presume-se pertencer a propriedade àquele cujo nome foi registrado;
Legalidade, em função de todo o exame feito pelo oficial, podendo opor-se a transferência da propriedade imobiliária;
Obrigatoriedade, devendo ser feito no cartório da situação do imóvel;
Continuidade, havendo uma cadeia dominial.
7.3.1.2. Princípio da prioridade do registro. CC. 1246.
Ato unilateral a ser efetuado pelo adquirente, independentemente da vontade ou existência do alienante. 
7.3.1.3. Cancelamento do registro.
Poderá o interessado reclamar que se retifique ou anule o registro, caso seu teor não exprima a realidade. CC. 1.247.
Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel, independentemente de boa-fé ou título do adquirente. Parágrafo único. (Art. 1.245. §2°).
7.3.2. Aquisição por acessão.
7.3.2.1. Conceito: É o modo originário de aquisição, pelo qual pertence ao proprietário tudo o que se une ou adere ao seu bem. “O acessório segue o principal”. A coisa acedida é a principal, a coisa acedente a acessória.
CC. Art. 1.248. A acessão pode se dar: I – por formação de ilhas; II – por aluvião; III – por avulsão; IV – por abandono de álveo; V – por plantações ou construções.
7.3.2.2. Das ilhas. CC. 1.249.
Podem surgir em decorrência das mais variadas causas: a) movimentos sísmicos; b) erupções vulcânicas; c) acumulação de areia;d) formação de cascalho; etc.
Só interessam ao direito privado as ilhas surgidas nos rios não navegáveis, em águas comuns ou (particulares). Ilhas oceânicas pertencem à União. CF. Art. 20, IV.
7.3.2.3. Da aluvião. CC. 1.250.
Independe indenização do proprietário do imóvel marginal pela área acrescida.
7.3.2.4. Da avulsão. CC. 1.251.
Assiste ao dono do prédio desfalcado o direito de reclamar restituição da parte desmembrada, desde que reconhecível, mas não pode pedir indenização.
Na verdade, direito assiste ao proprietário da área acrescida, que pode concordar com a remoção ou pagar pela área nova.
Prazo decadência de 1 ano para reclamar a porção de terra desmembrada.
Há avulsão de coisas móveis no caso de objeto lançado em propriedade alheia? (CC. Art. 1.233)
7.3.2.5. Do álveo abandonado. CC. 1.1.252.
Álveo é a superfície que as águas cobrem sem transbordar para o solo natural e ordinariamente enxuto. (Código das Águas. Art. 9).
Pertencerá aos proprietários marginais, independentemente de ser o rio público ou particular, e de qualquer indenização aos proprietários da áreas recém inundadas. Somente não caberá indenização se a mudança se deu por acidente natural.
7.3.2.6. Das construções e plantações. CC. 1.253.
O acessório segue o principal. CC. Art. 1.253. 
Acessão em solo próprio. CC. Art. 1.254
Acessão em solo alheiro. CC. Art. 1.255.
RESP. 10.541/SC.
Má-fé presumida. CC. Art. 1.256. Parágrafo único.
Invasão de solo alheiro. CC. Art. 1.258 e 1.259.
7.3.3. Aquisição por usucapião.
Modo originário de aquisição da propriedade imóvel pelo decurso do prazo e condições previstas em lei.
Bens públicos de qualquer natureza não são suscetíveis de usucapião. CF., art. 183, §3° (imóvel urbano) e 191 (imóvel rural).
7.3.3.1. Usucapião extraordinário. CC. 1.238.
Requisitos: a) tempo (15 ou 10 anos); b) posse ininterrupta; c) sem oposição; d) sentença judicial; e) registro no cartório de registro de imóveis.
I. Não padece de nulidade o acórdão que enfrenta as questões essenciais ao deslinde da controvérsia, apenas com conclusão desfavorável à parte.
II. Reconhecimento da prescrição aquisitiva extraordinária, pela ocupação do imóvel por período superior a vinte anos, trazendo presunção legal de boa-fé e dispensando o justo título, a prevalecer sobre a pretensão reivindicatória do autor.III. “A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial” - Súmula n. 7-STJ.IV. Recurso especial não conhecido.(REsp 316.453/SP, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 16/09/2004, DJ 06/12/2004, p. 315)
7.3.3.2. Usucapião ordinário. CC. 1.242.
Requisitos: a) tempo (10 ou 5 anos); b) posse contínua; c) incontestada; d) justo título (formalizado e registrado); e) boa-fé; f) sentença judicial; g) registro no cartório de registro de imóveis.
7.3.3.3. Usucapião especial (rural e urbano). CC. 1.239 e 1.240.
Política de reforma agrária e desenvolvimento urbano.
Requisitos:
a) quanto à gleba: localizado em zona rural ou urbana; pertencer ao domínio particular; ser inferior a 50 hectares ou 250 metros quadrados; 
b) quanto ao usucapiente: não pode ser proprietário de outro imóvel; deve residir no local e torna-lo produtivo por seu trabalho (rural); 
c) quanto ao tempo: posse por 5 anos; sem interrupção e oposição.
7.3.3.4. Causas obstativas, suspensivas ou interruptivas da usucapião.
Artigos 197, 198, 199 e 202 do Código Civil.
7.3.3.5. Ação de usucapião.
Artigos 941 a 945 do Código de Processo Civil.
O direito real de propriedade, decorrente da usucapião, produz efeitos desde o instante em que teve o usucapiente a posse mansa e pacífica.
PROCESSO CIVIL - PRESCRIÇÃO AQUISITIVA - CONFIGURAÇÃO - REQUISITOS DO ART. 942 DO CPC PREENCHIDOS -JUNTADA DA CERTIDÃO DO CARTÓRIO DE IMÓVEIS DE CADA UM DOS CONFRONTANTES DESNECESSÁRIA - RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
1.- A usucapião, forma de aquisição originária da propriedade, caracterizada, entre outros requisitos, pelo exercício inconteste e ininterrupto da posse, prevalece sobre o registro imobiliário, não obstante os atributos de obrigatoriedade e perpetuidade deste, em razão da inércia prolongada do proprietário em exercer os poderes decorrentes do domínio.
2.- A determinação do art. 942 do CPC, diz respeito à citação daquele em cujo nome estiver registrado o imóvel usucapiendo, bem como dos confinantes, não se exigindo a juntada de certidão do Cartório de Registros de Imóveis relativamente a cada um dos confrontantes, até porque as confrontações, como parte da descrição do bem, incluem-se no registro do imóvel usucapiendo.
(REsp 952.125/MG, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/06/2011, DJe 14/06/2011)
7.4. PERDA DA PROPRIEDADE. CC. Art. 1275.
O Código Civil não fez distinção entre a perda da propriedade móvel e imóvele, por meio de rol exemplificativo, trouxe as hipóteses de ocorrência: 
I – alienação; 
II – renúncia; 
III – abandono; 
IV – perecimento da coisa; 
V – desapropriação.
Ressalte-se que, nas duas últimas hipóteses, a perda da propriedade se dá de modo involuntário ao proprietário. Vejamos.
I) Alienação.
Ocorre por meio de negócio jurídico bilateral, podendo se dar de forma onerosa, como na compra e venda, ou gratuita, como na doação. Vale ressaltar que o negócio jurídico, por si só, não transfere a propriedade da coisa, devendo-se esta se efetivar por meio da tradição para as coisas móveis, ou registro do título aquisitivo no registro imobiliário.
IMÓVEL - ALIENAÇÃO - PROMESSA DE COMPRA E VENDA - DESCUMPRIMENTO DA PRESTAÇÃO - SUSPENSÃO DA CONTRAPRESTAÇÃO - POSSIBILIDADE - LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ - INOCORRÊNCIA ESTELIONATO - INOCORRÊNCIA - COMUNICAÇÃO AO MP DESCABIDA -SENTENÇA MANTIDA
1) - A propriedade só é transferida mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis, sendo imprestável para tal fim o contrato de promessa de compra e venda e também procuração.
2) - A parte pode recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que a outra satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la.
3) - Não estando presentes as hipóteses do art. 17 do CPC, descabe falar-se em litigância de má-fé.
4) - Só se configura o estelionato quando uma parte sofre prejuízos depois de induzida ou mantida em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento, enquanto a outra obtém vantagem ilícita.
5) - Inexistindo indícios do crime, descabe remeter-ser peças ao Ministério Público.
4) - Recurso conhecido e desprovido.
(Acórdão n. 556620, 20090710114220APC, Relator LUCIANO MOREIRA VASCONCELLOS, 5ª Turma Cível, julgado em 14/12/2011, DJ 10/01/2012 p. 126)
II)Renúncia
É o ato unilateral pelo qual o proprietário abre mão de seu direito.
O § único do art. 1275 exige, de forma expressa, o aperfeiçoamento do ato de renúncia por meio de registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de imóveis. Se tal fato não ocorrer, haverá hipótese de abandono.
P.ex. Renúncia de imóvel em condomínio por altas taxas condominiais. TJSP. APC 000.665.6/6-00. Julgado em 08/03/2007. 
III) Abandono
Ocorre quando o proprietário abre mão de seu direito sem adotar qualquer formalidade, constituindo a res derelictae.
Ocorre, p.ex., no caso de imóvel sobre o qual incida elevada carga tributária.
Tal hipótese foi contemplada de forma expressa pelo legislador, ao dispor que o bem imóvel rural ou urbano, após 3 anos de abandono, poderá ser considerado bem vago e arrecado pela União. CC. Art. Art. 1276.
Abandono presumido. CC. Art. 1276. §2°.
A lei presume o abandono do imóvel pelo proprietário quando este deixa de manifestar os atos de posse, e de quitar as respectivas obrigações tributárias.
IV) Perecimento da coisa
A presente hipótese da perda da propriedade independe da vontade do proprietário. Isso se dá, geralmente, nos casos de caso fortuito e força maior.
P.ex. se sobre a ilha sobre a qual recai a propriedade é encoberta pelooceano, resulta a perda do vinculo jurídico entre o proprietário e a coisa em decorrência de seu desaparecimento; incêndio em imóvel; raio.
V) Desapropriação (Lei de desapropriação – Dec.-lei 3.345/41).
1. Conceito: A desapropriação é ato do poder público, fundado em lei, por força do qual se retira total ou parcialmente um direito ou um bem inerente ao patrimônio individual em benefício de um empreendimento público. (Serpa Lopes)
A desapropriação é ato unilateral de direito público, com reflexos no direito privado, por via da qual a propriedade individual é transferida, mediante prévia e justa indenização em dinheiro, a quem dela se utiliza, no interesse da sociedade. (Washington de Barros Monteiro)
É modo involuntário de perda do domínio.COMPULSÓRIO. 
2. Desapropriação x Confisco (CF. Art. 243, § único.)– Fins ilícitos.
3. Hipóteses: Se dá por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro.(CF, Art. 5, XXIV).
Necessidade pública ocorre quando a administração pública se encontra diante de problema inadiável e premente, que não pode ser removido nem procrastinado, e para cuja solução se torna necessário incorporar ao domínio do Estado o bem particular.
P.ex.: a) a defesa do território nacional; b) a segurança pública; c) os socorros públicos, nos casos de calamidade; d) a salubridade pública.
A utilidade pública existe quando a utilização da propriedade privada é vantajosa e conveniente ao interesse coletivo, mas não constitui imperativo irremovível. (Seabra Fagundes)
P.ex. a) fundação de povoação e de estabelecimentos de assistência, educação ou instrução pública; b) a abertura, alargamento ou prolongamento de ruas, praças, canais, estradas de ferro e, em geral, de vias públicas; c) a construção de obras ou estabelecimentos destinados ao bem geral de uma localidade, sua decoração e higiene; d) a exploração de minas.
Dec.-lei 3365/41.Art. 5o Consideram-se casos de utilidade pública:
a) a segurança nacional;b) a defesa do Estado;c) o socorro público em caso de calamidade;d) a salubridade pública;e) a criação e melhoramento de centros de população, seu abastecimento regular de meios de subsistência;f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas minerais, das águas e da energia hidráulica;g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, casas de saude, clínicas, estações de clima e fontes medicinais;h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos;
Interesse social
Lei 4.132/62 – Define os casos de desapropriação por interesse social
Art. 1º A desapropriação por interesse social será decretada para promover a justa distribuição da propriedade ou condicionar o seu uso ao bem estar social, na forma do art. 184 da Constituição Federal.
Art. 2º Considera-se de interesse social:
I - o aproveitamento de todo bem improdutivo ou explorado sem correspondência com as necessidades de habitação, trabalho e consumo dos centros de população a que deve ou possa suprir por seu destino econômico;
II - a instalação ou a intensificação das culturas nas áreas em cuja exploração não se obedeça a plano de zoneamento agrícola, VETADO;
III - o estabelecimento e a manutenção de colônias ou cooperativas de povoamento e trabalho agrícola:
IV - a manutenção de posseiros em terrenos urbanos onde, com a tolerância expressa ou tácita do proprietário, tenham construído sua habilitação, formando núcleos residenciais de mais de 10 (dez) famílias;
V - a construção de casa populares;
VI - as terras e águas suscetíveis de valorização extraordinária, pela conclusão de obras e serviços públicos, notadamente de saneamento, portos, transporte, eletrificação armazenamento de água e irrigação, no caso em que não sejam ditas áreas socialmente aproveitadas;
VII - a proteção do solo e a preservação de cursos e mananciais de água e de reservas florestais.
VIII - a utilização de áreas, locais ou bens que, por suas características, sejam apropriados ao desenvolvimento de atividades turísticas.
4. Desapropriação para Reforma Agrária
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 184, prevê a desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária, do imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social.
A lei 8.629/93, em seu art. 5°, fala que a propriedade cumpre sua função social quando atende aos seguintes requisitos: 
I – aproveitamento racional e adequado; 
II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis; 
III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
IV – exploração que favoreça o bem estar dos proprietários e dos trabalhadores.
Importa em prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, sendo as benfeitorias úteis e necessárias indenizadas em dinheiro, tendo-se por justa a indenização que permita ao proprietário a reposição, em seu patrimônio, do valor do bem expropriado.
5. Desapropriação para o Desenvolvimento urbano
O art. 182, §4°, e incisos da CF, prevê politica de desenvolvimento urbano a ser executada pelo poder público municipal, que poderá exigir do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios; 
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana, progressivo no tempo; 
III -desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública com prazo de resgate de até 10 anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
6. Legitimidade
União, Estados, Distrito Federal e Municípios mediante decreto, competindo também ao legislativo proceder a efetivação da desapropriação. (Dec-lei n. 3.365/41. Art. 2o, 6o e 8o).
Podem também desapropriar os concessionários de serviços públicos e os estabelecimentos de caráter público, ou que exerçam funções delegadas de poder público, mediante autorização legal ou contrato. (Dec-lei n. 3.365/41. Art. 3o).
P.ex.: Petrobrás (Lei 2.004/53); DER (Lei 302/48); etc.
7. Prazo
Deverá se instaurado o processo expropriatório dentro do prazo de 5 anos contados da data do respectivo decreto expropriatório. (Dec-lei 3.365/41. Art. 10).
8. Objeto
Todos os bens e direitos patrimoniais prestam-se a desapropriação, inclusive o espaço aéreo e o subsolo. CF. Art. 5, XXIV.
P.ex. imóveis, móveis, direito autoral, navios, gêneros alimentícios e de primeira necessidade, gado, medicamentos, máquinas, coleções de objetos de arte, combustíveis, etc. 
Dinheiro?
Podem ser desapropriados, inclusive, bens públicos. 
Dec-lei 3.365/41. Art. 2. § 2o. Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização legislativa.
STF. Súmula 157. É NECESSÁRIA PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA PARA DESAPROPRIAÇÃO, PELOS ESTADOS, DE EMPRESA DE ENERGIA ELÉTRICA.
9. Processo de desapropriação (DL 3.365/41. Arts. 11 a 30)
9.1. Forma.Far-se-á mediante acordo, formalizado por escritura pública, ou processo judicial, sendo vedado ao expropriado discutir a necessidade ou utilidade pública. 
9.2. Discussão.Limita-se a discussão sobre vícios do processo ou insuficiência do valor ofertado, que deverá ser contemporâneo ao valor da avaliação. Basicamente o que se pretende é a incorporação do bem patrimonial do expropriante e a fixação do quantum indenizatório.
9.3. Procedimento.Deverá o poder público, por meio da inicial, indicar o preço que pretende pagar, bem como juntar cópia do contrato ou publicação do decreto expropriatório, além das plantas dos bens desapropriados e suas confrontações.
A sentença fixará o valor devido a título de indenização, devendo este ser justo, e, sendo vencedor o expropriado, condenará o expropriante ao pagamento de honorários advocatícios e despesas processuais. (Lei 2.786/56. Art.4)
STF. Súmula 479
AS MARGENS DOS RIOSNAVEGÁVEIS SÃO DE DOMÍNIO PÚBLICO, INSUSCETÍVEIS DE EXPROPRIAÇÃO E, POR ISSO MESMO, EXCLUÍDAS DE INDENIZAÇÃO.
DIREITO DE VIZINHANÇA
Diverge das Servidões previstas no CC. Art. 1.378. – ônus para uma das partes.
1. Conceito.Constituem limitações impostas pela boa convivência social, que se inspira na lealdade e boa fé. A propriedade deve ser usada de tal maneira que torne possível a coexistência social.
Tudo o que não excede os limites da normalidade entra na categoria dos encargos ordinários da vizinhança.
Se vislumbrado qualquer exorbitância, qualquer exagero suscetível de ser remediado ou atenuado, o uso será considerado nocivo, ilícito, e vedado pela lei.
Mas o que vem a ser considerado NORMAL para o direito de vizinhança?
Leva-se em consideração: local; pré-ocupação; natureza do incômodo; possibilidade atenuação; interesse público.
2. Características. 
a) A sujeição é recíproca. Os prédios vizinhos são, ao mesmo tempo, dominantes e servientes. 
b) Não dependem de título constitutivo autônomo. 
c) As limitações decorrentes são imanentes à propriedade.
3. Uso anormal da propriedade – CC. Art. 1.277.
Compreende tudo o que possa, de modo geral, afetar a segurança, o sossego e a saúde dos vizinhos representa uso nocivo e abusivo da propriedade, e cujo CC tenta evitar. Incluem-se os atos lícitos, bastando que sejam prejudiciais pelo seu exagero. 
Pode exteriorizar-se de três formas:
3.1. Ofensas à segurança. Todo ato que possa comprometer a estabilidade ou segurança do prédio. Pode ser uma ameaça à segurança de pessoas ou de bens.
Ex.: O funcionamento de indústria que provoque trepidações excessivas; armazenamento de mercadorias pesadas; existência de árvores de grande porte;
3.2. Ofensas ao sossego. São ruídos exagerados que perturbem a tranquilidade dos moradores.
Ex.: danceterias; serralheria; ar condicionado barulhento;
3.3. Ofensas à saúde. Geralmente atividades que contrariem as exigências sanitárias. Odores; substâncias nocivas ou água estagnada.
Ex. frigorífico; estábulo; indústria química (verniz).
3.4. Reparos ou demolição do prédio vizinho. CC. Art. 1.280.
CIVIL - OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO - VIZINHANÇA - EXERCÍCIO PROFISSIONAL DESENVOLVIDO EM RESIDÊNCIA - USO ANORMAL DA PROPRIEDADE - GRAU DE TOLERABILIDADE ATENDIDO EM SUA MAIOR PARTE - DANOS MORAIS E MATERIAIS NÃO COMPROVADOS.01."O critério do mau uso é contingente. Para determiná-lo será preciso levar em conta as circunstâncias de cada caso, averiguando o grau de tolerabilidade, invocando os usos e costumes locais, examinando a natureza da utilização ou do incômodo, a localização do prédio, o zoneamento, as normas que distribuem as edificações em zonas, os regulamentos administrativos, os limites ordinários ou razoáveis de tolerância dos moradores da vizinhança e a pré-ocupação" (Maria Helena Diniz, in Código Civil Comentado).02.O exercício da atividade laborativa em localidade residencial, no presente caso, atende em sua grande parte as circunstâncias de tolerabilidade, dos limites existentes na vizinhança e acordos realizados junto aos moradores, conforme predispõe a norma regente da matéria.03.A não comprovação do nexo de causalidade entre a atividade de marcenaria exercida pelo réu com o baixo rendimento escolar e possível enfermidade adquirida, não impõe a indenização por danos morais e materiais suscitados.
04.Recurso desprovido. Unânime.(Acórdão n. 254813, 20030810028874APC, Relator ROMEU GONZAGA NEIVA, 5ª Turma Cível, julgado em 30/08/2006, DJ 05/10/2006 p. 95)
CIVIL - AÇÃO COMINATÓRIA - DIREITO DE VIZINHANÇA - CONDÔMINO QUE MINISTRA AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA - HORÁRIO COMERCIAL - NÃO DEMONSTRAÇÃO DE VIOLAÇÃO DOS LIMITES ORDINÁRIOS DE TOLERÂNCIA - DIREITO AO TRABALHO E À LIVRE INICIATIVA - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
Nos termos do art. 1.277 do Código Civil, os limites ordinários de tolerância dos moradores devem ser analisados no caso concreto, a fim de se configurar, ou não, a violação aos direitos de vizinhança.Não há que se falar em violação dos direitos de vizinhança se o empreendimento comercial do condômino, consistente no ministério de aulas coletivas de educação física em sua residência, em horário comercial, além de não ser vedado pelo Estatuto do Condomínio, não produz barulho que supere os decibéis toleráveis para a legislação. Ademais, a circulação de alguns alunos em horário comercial não tem o condão de afetar, de maneira drástica, o sossego dos moradores do condomínio. O direito ao trabalho e à livre iniciativa, insculpidos no caput do art. 170 da Constituição Federal apenas pode ser limitado mediante previsão legal ou quando em legítimo conflito com outro direito fundamental.Mantém-se o valor arbitrado a título de honorários advocatícios se em conformidade com os parâmetros fixados nas alíneas do §3º do art. 20 do CPC.(Acórdão n. 384239, 20060810047997APC, Relator SÉRGIO BITTENCOURT, 4ª Turma Cível, julgado em 24/06/2009, DJ 03/11/2009 p. 136)
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - TUTELA INIBITÓRIA PARA EVITAR QUE IMÓVEL RESIDENCIAL TENHA DESTINAÇÃO RELIGIOSA EM AFRONTA AO CÓDIGO CIVIL E À LEI DISTRITAL Nº 2.105/98 (CÓDIGO DE EDIFICAÇÕES). 1 - O ZONEAMENTO URBANO QUE ESTABELECE ÁREAS DE USO RESIDENCIAL, INDUSTRIAL, COMERCIAL, INSTITUCIONAL, VIÁRIO, ESPECIAL OU DE SERVIÇOS VISA AO BEM-ESTAR SOCIAL, AO RESGUARDO DA QUALIDADE DE VIDA DAS COMUNIDADES E À PRESERVAÇÃO DAS POSTURAS MUNICIPAIS. POR ISSO, QUALQUER FORMA DE USO ANORMAL DA PROPRIEDADE QUE SE AFIGURE NOCIVO AO DIREITO DE VIZINHANÇA OU ÀS POSTURAS MUNICIPAIS DEVE SER COIBIDA, NOS TERMOS DO DECRETO Nº. 596/67 (ATRS. 12, 13, IV E 34, III), AINDA EM VIGOR POR FORÇA DO ART. 197 DA LEI DISTRITAL Nº 2.105/98 (CÓDIGO DE EDIFICAÇÕES DO DISTRITO FEDERAL); 2 - A INVOCAÇÃO DO DIREITO DE LIVRE EXERCÍCIO DE CULTOS RELIGIOSOS, PARA O FIM DE FAZER USO INDEVIDO DO ESPAÇO URBANO NÃO MERECE GUARIDA, POSTO QUE AS PRERROGATIVAS EM GERAL, E ISSO SE APLICA ATÉ MESMO AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS, DEVEM SER EXERCIDAS EM CONFORMIDADE COM A LEI, POIS NENHUM DIREITO É ABSOLUTO. (Acórdão n. 204232, 20020110208819RMO, Relator VASQUEZ CRUXÊN, 3ª Turma Cível, julgado em 25/10/2004, DJ 03/02/2005 p. 46)
4. Árvores limítrofes. CC. Art. 1.282.
Qualquer vegetação situada na extremidade da propriedade.
Só pode ser exercitado pelo proprietário.
Não cabe indenização ao proprietário da árvore pela poda efetuada pelo vizinho.
CIVIL. DIREITOS DE VIZINHANÇA. ÁRVORES LIMÍTROFES. DEMANDA QUE VISA REMOVER COQUEIRO QUE SE POSTA PRÓXIMO À LINHA DIVISÓRIA DOS PRÉDIOS CONFINANTES. NÃO COLIDÊNCIA DAS NORMAS DE DIREITO ADMINISTRATIVO (DECRETO DISTRITAL) COM A DISCIPLINA DAS RELAÇÕES PRIVADAS INSERTAS NO CÓDIGO CIVIL. CASO EM QUE A LIMITAÇÃO DO DIREITO DE PROPRIEDADE DO RÉU PRETENDIDA PELO AUTOR NÃO ENCONTRA AMPARO NAS HIPÓTESES LEGAIS (ART. 1.282 A 1.284 DO CÓDIGO CIVIL). INCABÍVEL A INOVAÇÃO DO PEDIDO EM SEDE RECURSAL. 1. O autor/recorrente pretende a retirada de coqueiro de terreno do seu vizinho/réu/recorrido, ao fundamento de que os frutos dessa planta (cocos e folhas) eventualmente caem na área de sua residência e garagem, já se tendo verificado danos ao seu telhado e com potencial para atingir a integridade física dos moradores. 2. A pertinência do Decreto Distrital 14.783/93 (dispõe sobre o tombamento de espécies arbóreo-arbustivas e dá outras providências), de caráter estritamente administrativo, não colide com as normas de direito privado, tampouco pode afastar a aplicação das regras acerca do "Direito de Vizinhança" e "Árvores Limítrofes" previstas no Código Civil Brasileiro (arts. 1.282 a 1.284). 3. Caso em que, não obstante as relevantes preocupações do recorrente, não há hipótese legal para impingir ao recorrido restrição de direito de propriedade consistente na retirada da planta do terreno contíguo, não restando evidenciada a hipótese do art. 1.282 ou a do art. 1.283, ambos do Código Civil, este último do seguinte teor: "As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassem a estrema do prédio, poderão ser cortados,até o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido." 4. Não se cuidando de uso anormal da propriedade (arts. 1.277 a 1.281 do Código Civil), é lícito ao proprietário do terreno manter espécie arbórea nos limites de sua propriedade, cuidando-se de exercício regular de direito, não obstante eventuais danos causados ao prédio vizinho, se não decorrentes de caso fortuito ou força maior, e provada negligência ou imprudência, devam ser reparados. 5. Como decorrência do disposto no art. 1.283 do Código Civil, seria, em tese, adequada ação cominatória com o fito de que o proprietário da árvore adote providência no sentido de obstar que haja projeção horizontal (v.g. correção da inclinação por meio de cabos) sobre o terreno confinante (do autor/recorrente), evitando a queda dos frutos, de significativa massa, sobre ele. Ausência, na espécie, de pedido alternativo para uma solução da causa que harmonize o direito de ambos os proprietários. Impossível a alteração do pedido em sede recursal, sob pena de supressão de instância e ofensa ao direito de defesa do réu/recorrido. 6. Recurso desprovido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos, com Súmula de julgamento servindo de acórdão, na forma do art. 46 da Lei 9.099/95. Condeno a Recorrente ao pagamento das despesas processuais e honorários advocatícios, fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. O pagamento destas verbas ficará sobrestada por 5 (cinco) anos, na forma do Art. 12, da Lei nº 1.060/1950.(Acórdão n. 343877, 20070610164533ACJ, Relator ROMULO DE ARAUJO MENDES, 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal, julgado em 27/01/2009, DJ 04/03/2009 p. 218)
5. Passagem forçada. CC. Art. 1.285.
5.1. Fundamentos: 
a) solidariedade das relações entre vizinhos; 
b) utilização econômica da propriedade.
A passagem deve ser exigida do vizinho que tiver condição de dar caminho da forma mais natural ou mais fácil.
Vedada a constituição de passagem por mera comodidade.
5.2. Teorias.
Encravamento absoluto
PROCESSO CIVIL - PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA PARA JULGAR A CAUSA - CIVIL - DIREITO DE PASSAGEM FORÇADA - RESTRIÇÃO LEGAL À PROPRIEDADE -1. O fato de ser ação possessória (confessória ) não elide a competência do Juizado, posto que o valor da causa não ultrapassa o teto de 40 salários mínimos. 2. A passagem forçada é uma limitação legal imposta ao proprietário vizinho fundada no princípio da solidariedade social que reside nas relações de vizinhança. 2.1 Tem direito à passagem forçada o imóvel encravado, como tal entendido aquele que não possui saída própria, sendo inevitável passar pelo acesso que corta a propriedade de outrem. 3. Havendo saída do imóvel dito encravado, por via pública, inclusive, improcede o pedido de passagem forçada. 4. Sentença mantida por seus próprios e jurídicos fundamentos. (Acórdão n. 149701, 20010310078873ACJ, Relator JOÃO EGMONT, 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal, julgado em 05/02/2002, DJ 22/02/2002 p. 263)
Encravamento relativo
CIVIL. DIREITOS DE VIZINHANÇA. ENCRAVAMENTO DE IMÓVEL. PASSAGEM FORÇADA IMPOSTA AOS VIZINHOS QUE EDIFICARAM MURO/CERCA. INDENIZAÇÃO CABAL. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
1 - O proprietário ou possuidor do imóvel encravado tem o direito de passagem e de obrigar os proprietários lindeiros à sua observância.
2 - O encravamento do imóvel é configurado por falta de acesso à via pública. Com os avanços tecnológicos atuais, nenhuma área é absolutamente encravada, não se podendo exigir tamanho rigor para configurar o encravamento.
3 - Recuso parcialmente provido. Sentença parcialmente reformada.(Acórdão n. 319597, 19990110185514APC, Relator CRUZ MACEDO, 4ª Turma Cível, julgado em 20/08/2008, DJ 08/09/2008 p. 102)
6. Passagem de cabos e tubulações. CC. Art. 1.286.
Inovação. Concessionárias públicas. Cabos de energia elétrica. Telefonia. Processamento de dados.
Indenização. Justa.
ADMINISTRATIVO. SERVIDÃO ADMINISTRATIVA DE ELETRODUTO. CONSTITUIÇÃO. AUTORIZAÇÃO ADMINISTRATIVA LEGÍTIMA. IMÓVEL SERVIENTE PERTENCENTE A PARTICULARES. LEGITIMIDADE. INDENIZAÇÃO AOS PROPRIETÁRIOS DO IMÓVEL SERVIENTE. CRITÉRIOS. PERCENTUAL INCIDENTE SOBRE O VALOR TOTAL DA ÁREA. ADEQUAÇÃO. MANUTENÇÃO. 
Conquanto a servidão administrativa destinada à passagem de rede de transmissão elétrica não implique na transmissão do domínio do imóvel que é por ela alcançado, enseja a constituição de ônus real de uso sobre a propriedade particular em favor da poder público e no interesse público, pois deriva sempre de motivo de necessidade ou utilidade pública, e, em emergindo da sua instituição limitação ao pleno exercício dos atributos inerentes à propriedade, redundando na restrição de uso, gozo e fruição do imóvel serviente por parte do seu proprietário, qualifica-se como fato gerador de compensação pecuniária devida ao detentor do domínio da área que alcança. 
2. Caracterizada a servidão administrativa como fato gerador de compensação devida ao proprietário ou legítimo possuidor do imóvel serviente, o que, aliás, emerge do enquadramento que legalmente lhe é assegurado, a indenização devida ao proprietário do imóvel que alcança deve ser mensurada de conformidade com a área que afetara, com o seu valor de mercado e com as limitações que ensejara no seu uso e fruição por parte do proprietário, não podendo, contudo, correspondente ao valor de mercado do imóvel ante o fato de que seu domínio e uso restrito continuam sendo detidos pelo proprietário.
3. Aferido que as restrições de uso derivadas da instituição da servidão administrativa não acarretam a impossibilidade de utilização da área serviente e nem redundaram em desvalorização do imóvel em que está inserida, se caracterizando, ao invés, como benfeitorias que incrementaram seu valor de mercado, a mensuração da indenização devida aos proprietários em decorrência das limitações que passaram a experimentar no equivalente a 30% (trinta por cento) do valor de mercado do domínio do bem se caracteriza como justa e suficiente para compensá-los legitimamente.4. Acolhido o pedido na forma em que fora veiculado, os réus, qualificando-se como vencidos, sujeitam-se aos consectários derivados da sucumbência, notadamente porque lhes era assegurada a faculdade de simplesmente anuir com a instituição da servidão administrativa e receber a compensação que lhes é devida, ensejando a colocação de termo à lide em seu nascedouro, e, não obstante, optaram por se rebelar contra a instituição da restrição administrativa, determinando que o desate da ação se sujeitasse à ritualística que lhe é própria. 5. Recurso conhecido e improvido. Unânime.(Acórdão n. 274295, 20040410148343APC, Relator TEÓFILO CAETANO, 2ª Turma Cível, julgado em 21/03/2007, DJ 03/07/2007 p. 156)
7. Águas. – Código de águas
Bem da humanidade. Interesse público. Divergências.
É livre a utilização das águas pluviais e das águas dos rios públicos pelos proprietários dos terrenos por onde elas passem, observadas as normas regulamentares.
Águas naturais. CC. Art. 1.288. O proprietário do prédio inferior só é obrigado a suportar as águas que escorram de forma natural. Lei da natureza. Correntes naturais.
Águas artificiais. Art. 1.289 e 1.290. 
Livre utilização. Represamento. Hidroelétricas. Art. 1.292.
A nascente constitui parte integrante do imóvel em que se encontra, por extensão do direito de propriedade.
O proprietário do prédio atravessado pela corrente pode modificar o seu álveo, desde que mantenha o mesmo ponto de saída para o prédio inferior. Se apenas banhado, poderia realizar obras apenas em sua margem.
Canalização. Indústria e agricultura. Art. 1.293.
É direito de quem quer que seja captar águas, por meio de canais, para seu consumo primordial, indenizando os proprietários prejudicados.
Não havendo acordo, será fixada judicialmente a direção do aqueoduto, forma, capacidade, e indenização.
Aqueoduto. Art. 1.295 e 1.296. 
CIVIL. DIREITOS DE PROPRIEDADE E DE VIZINHANÇA. IMÓVEL URBANO. CONSTRUÇÃO DE MURO DIVISÓRIO ENTRE IMÓVEIS, EM VIRTUDE DE

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