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0 1 2 1. NOÇÕES DE EPIDEMIOLOGIA A epidemiologia é uma disciplina básica da saúde pública voltada para a compreensão do processo saúde-doença no âmbito de populações, aspecto que a diferencia da clínica, que tem por objetivo o estudo desse mesmo processo, mas em termos individuais. Como ciência, a epidemiologia fundamenta-se no raciocínio causal; já como disciplina da saúde pública, preocupa-se com o desenvolvimento de estratégias para as ações voltadas para a proteção e promoção da saúde da comunidade. A epidemiologia constitui também instrumento para o desenvolvimento de políticas no setor da saúde. Sua aplicação neste caso deve levar em conta o conhecimento disponível, adequando-o às realidades locais. Se quisermos delimitar conceitualmente a epidemiologia, encontraremos várias definições; uma delas, bem ampla e que nos dá uma boa ideia de sua abrangência e aplicação em saúde pública, é a seguinte: . "Epidemiologia é o estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes dos estados ou eventos relacionados à saúde em específicas populações e a aplicação desses estudos no controle dos problemas de saúde." (J. Last, 1995). Essa definição de epidemiologia inclui uma série de termos que refletem alguns princípios da disciplina que merecem ser destacados (CDC, Principles, 1992): ATENÇÃO! Estudo: a epidemiologia como disciplina básica da saúde pública tem seus fundamentos no método científico. Frequência e distribuição: a epidemiologia preocupa-se com a frequência e o padrão dos eventos relacionados com o processo saúde-doença na população. A frequência inclui não só o número desses eventos, mas também as taxas ou riscos de doença nessa população. O conhecimento das taxas constitui ponto de fundamental 3 importância para o epidemiologista, uma vez que permite comparações válidas entre diferentes populações. O padrão de ocorrência dos eventos relacionados ao processo saúde-doença diz respeito à distribuição desses eventos segundo características: do tempo (tendência num período, variação sazonal, etc.), do lugar (distribuição geográfica, distribuição urbano-rural, etc.) e da pessoa (sexo, idade, profissão, etnia, etc.). Determinantes: uma das questões centrais da epidemiologia é a busca da causa e dos fatores que influenciam a ocorrência dos eventos relacionados ao processo saúde-doença. Com esse objetivo, a epidemiologia descreve a frequência e distribuição desses eventos e compara sua ocorrência em diferentes grupos populacionais com distintas características demográficas, genéticas, imunológicas, comportamentais, de exposição ao ambiente e outros fatores, assim chamados fatores de risco. Em condições ideais, os achados epidemiológicos oferecem evidências suficientes para a implementação de medidas de prevenção e controle. Estados ou eventos relacionados à saúde: originalmente, a epidemiologia preocupava-se com epidemias de doenças infecciosas. No entanto, sua abrangência ampliou-se e, atualmente, sua área de atuação estende-se a todos os agravos à saúde. Específicas populações: como já foi salientado, a epidemiologia preocupa-se com a saúde coletiva de grupos de indivíduos que vivem numa comunidade ou área. Aplicação: a epidemiologia, como disciplina da saúde pública, é mais que o estudo a respeito de um assunto, uma vez que ela oferece subsídios para a implementação de ações dirigidas à prevenção e ao controle. Portanto, ela não é somente uma ciência, mas também um instrumento. Boa parte do desenvolvimento da epidemiologia como ciência teve por objetivo final a melhoria das condições de saúde da população humana, o que demonstra o vínculo indissociável da pesquisa epidemiológica com o aprimoramento da assistência integral à saúde. 4 (2016/INSTITUTO AOCP/CASAN) A disciplina que corresponde ao estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes dos estados ou eventos relacionados à saúde em específicas populações e a aplicação desses estudos no controle dos problemas de saúde é: a) toxicologia b) biologia. c) epidemiologia. d) antropologia. e) bioestatística. Resposta Correta: c) epidemiologia. Comentário: Epidemiologia é o estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes dos estados ou eventos relacionados à saúde em específicas populações e a aplicação desses estudos no controle dos problemas de saúde." (J. Last, 1995). (2010/IDECAN/Prefeitura de Ipatinga – MG) Uma das questões centrais da epidemiologia é a busca da causa e dos fatores que influenciam a ocorrência dos eventos relacionados ao processo saúde-doença. Com este objetivo, a epidemiologia descreve e compara: a) A frequência e a distribuição destes eventos, comparando sua ocorrência em diferentes grupos populacionais. b) Estados ou eventos expostos e sem características comparativas. c) A distribuição geográfica que se torna única num estudo comparativo. d) Condições ideais comparadas com medidas de controle reais. e) Características genéticas, comportamentais e imunológicas de controle reais. Resposta Correta: a) A frequência e a distribuição destes eventos, comparando sua ocorrência em diferentes grupos populacionais. 5 Comentário: A epidemiologia preocupa-se com a frequência e o padrão dos eventos relacionados com o processo saúde-doença na população. A frequência inclui não só o número desses eventos, mas também as taxas ou riscos de doença nessa população. O padrão de ocorrência dos eventos relacionados ao processo saúde-doença diz respeito à distribuição desses eventos. 6 2. EPIDEMIOLOGIA Para a Associação Internacional de Epidemiologia, criada em 1954, a Epidemiologia tem como objeto o ―estudo de fatores que determinam a frequência e a distribuição das doenças nas coletividades humanas‖ (ALMEIDA FILHO e ROUQUAYROL, 1992). Com a ampliação de sua abrangência e complexidade, a Epidemiologia, segundo Almeida Filho e Rouquayrol (1992), não é fácil de ser definida. Ainda assim, esses autores ampliam as definições já colocadas, na medida em que a conceituam como a ciência que estuda o processo saúde-doença na sociedade, analisando a distribuição populacional e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de saúde. A Epidemiologia se preocupa com o processo de ocorrência de doenças, mortes, quaisquer outros agravos ou situações de risco à saúde na comunidade, ou em grupos dessa comunidade, com o objetivo de propor estratégias que melhorem o nível de saúde das pessoas que compõem essa comunidade. Um dos meios para se conhecer como se dá o processo saúde doença na comunidade é elaborando um diagnóstico comunitário de saúde. O diagnóstico comunitário, evidentemente, difere do diagnóstico clínico em termos de objetivos, informação necessária, plano de ação e estratégia de avaliação. O termo distribuição pode ser observado em qualquer definição de Epidemiologia. Distribuição, nestesentido, é entendida como ―o estudo da variabilidade da frequência das doenças de ocorrência em massa, em função de variáveis ambientais e populacionais ligadas ao tempo e ao espaço‖ (ALMEIDA FILHO e ROUQUAYROL, 1992). Dessa forma, um primeiro passo em um estudo epidemiológico é analisar o padrão de ocorrência de doenças segundo três vertentes: pessoas, tempo e 7 espaço, método este também conhecido como “epidemiologia descritiva” e que responde às perguntas quem? Quando? Onde? Vertentes do estudo epidemiológico EPIDEMIOLOGIA ANALÍTICA EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA Exame da distribuição de uma doença na população e observação dos conceitos básicos de sua distribuição em termos de tempo, lugar e pessoa. Provar hipótese específica acerca da relação de uma doença a uma causa, conduzindo estudos epidemiológicos que se relacionem à exposição de interesse com a doença. Tipos de estudo: Estudo comunitário. (Sinônimo de estudo transversal e descritivo). Tipos de estudo: coorte e caso controle. O padrão de ocorrência das doenças também pode se alterar ao longo do tempo, resultando na chamada estrutura epidemiológica, que nada mais é do que o padrão de ocorrência da doença na população, resultante da interação de fatores do meio ambiente, hospedeiro e do agente causador da doença. Essa estrutura Estudo Epidemiológico pessoas quem? tempo quando? espaço onde? 8 epidemiológica se apresenta de forma dinâmica, modificando-se continuamente no tempo e no espaço e definindo o que pode ser considerado ocorrência ―normal‖ ou ―anormal‖ da doença em uma determinada população, em determinado tempo e espaço (BRASIL, 1998). É importante ressaltar que a utilização do estudo epidemiológico voltado para essas três vertentes: pessoas, tempo e espaço, já existe há muito tempo, até meados do século XX o foco desses estudos era as doenças infecciosas que eram a maior causa de morbidade mortalidade da população. A partir de meados do século XX, com a mudança do perfil epidemiológico de grande parte das populações, os estudos epidemiológicos passaram também a enfocar outros tipos de doenças, agravos e eventos, como as doenças não infecciosas (câncer, doenças do aparelho circulatório, doenças do aparelho respiratório, por exemplo), os agravos e lesões resultantes de causas externas (acidentes de trânsito, doenças e acidentes de trabalho, homicídios, envenenamentos, etc.), os desvios nutricionais (desnutrição, anemia, obesidade, etc.) e os fatores de risco para ocorrência de doenças ou mortes (tabagismo, hipercolesterolemia, baixo peso ao nascer, etc.). Aliados ao desenvolvimento de pacotes computacionais, ganharam um espaço muito grande os métodos da chamada “epidemiologia analítica” (principalmente os estudos de coorte e caso-controle), na busca de explicações (causas) para a ocorrência dessas doenças e agravos, com desvalorização indevida, devido à sua importância para o diagnóstico de saúde da população, da ―epidemiologia descritiva‖ (BARATA, 1997). Têm sido destacados os quatro grandes campos de possibilidade de utilização da epidemiologia nos serviços de saúde (CASTELLANOS, 1994): 9 Campos de utilização da Epidemiologia Tanto para estudos da situação de saúde, como para o estabelecimento de ações de vigilância epidemiológica é importante considerar a necessidade de dados (que vão gerar as informações) fidedignos e completos. Esses dados podem ser registrados de forma contínua (como no caso de óbitos, nascimentos, doenças de notificação obrigatória), de forma periódica (recenseamento da população e levantamento do índice CPO – dentes cariados, perdidos e obturados – da área de Odontologia – são alguns exemplos) ou podem, ainda, ser levantados de forma ocasional (pesquisas realizadas com fins específicos, como, por exemplo, para conhecer a prevalência da hipertensão arterial ou diabetes em uma comunidade, em determinado momento) (LAURENTI et al., 1987). • (Causas ou fatores de risco) para a ocorrência de doenças, com utilização predominante dos métodos da epidemiologia analítica; Busca de explicações •Que doenças ocorrem mais na comunidade? •Há grupos mais suscetíveis? •Há relação com •o nível social dessas pessoas? •A doença ou agravo ocorre mais •em determinado período do dia, ano? Estudos da situação de saúde •houve redução dos casos de doença ou agravo após introdução de um programa? •A estratégia de determinado serviço é mais eficaz do que a de outro? •A tecnologia ―A‖ fornece mais benefícios do que a tecnologia ―B‖? Avaliação de tecnologias, programas ou serviços •Que informação devemos coletar, observar? •Que atitudes tomar para prevenir, controlar ou erradicar a doença? Vigilância epidemiológica 10 3. MEDIDAS DE SAÚDE COLETIVA: FREQUÊNCIA, PREVALÊNCIA, INCIDÊNCIA E INDICADORES DE SAÚDE. 3.1 INTRODUÇÃO A saúde e a doença, variam na História e nas Culturas, compondo um processo dinâmico e de relações recíprocas entre uma e a outra, a partir de uma rede causal múltipla e complexa. Desta rede causal, como nos aponta a Constituição federal de 1988, fazem parte: Art. 3° - (...), a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer, o acesso aos bens e serviços essenciais. Estes fatores determinantes descritos na Constituição - provenientes do meio ambiente -, em um jogo de forças com as condições próprias do hospedeiro (raça, sexo, idade, etc.) e com aquelas relativas ao agente etiológico (morfologia, Infectividade, patogenicidade, etc.) resultam no estado de saúde e/ ou de doença dos indivíduos e das populações. A Epidemiologia surge como o instrumental científico capaz de analisar os diversos componentes desta rede causal para - conhecendo a "cadeia epidemiológica" geradora do processo saúde/doença nas populações - "propor medidas específicas de prevenção, controle, ou erradicação de doenças", bem como contribuir para o "planejamento, administração e avaliação das ações de saúde". Para alcançar estes objetivos a Epidemiologia necessita principalmente de: Conhecer como a saúde e a doença se comportam nos indivíduos (a Clínica); Conhecer o modo pelo qual a saúde e a doença dos indivíduos se relacionam com o meio social (a Medicina Social); Contar estes fatores para observá-los no coletivo (a Estatística); conhecida a Clínica e a relação da saúde e da doença com o meio social, o passo seguinte é "contar",' 'enumerar" estes fatos, "medir" a Saúde Coletiva, através principalmente das Estatísticas de Saúde e dos Indicadores de Saúde. 11 3. 2. MEDIDAS DE SAÚDE COLETIVA E INDICADORES DE SAÚDE As estatísticas de saúde surgiram primeiramente como uma forma de registrar e identificar os problemas de saúde das comunidades, visando controlar as doenças e os doentes, controle que melhoraria a organização das cidades, a produção económica e o resguardo das classes sociais mais abastadas. As estatísticas apontavam grupos e áreas de risco, levando à exclusão social aqueles que se encontrassem doentes (Foucault, 1979), o que se justificava na medida que se entendia a saúde como ausência de doença. No decorrer dos anos, as estatísticas de saúde passaram a contribuir para a definição de parâmetrosnuméricos sobre a saúde de uma população, permitindo a comparação entre realidades de saúde. As comparações numéricas possibilitaram a definição de políticas que melhor atendessem às dificuldades de cada comunidade, relacionando o aparecimento de doenças com o tempo, o lugar e as pessoas (a frequência e a distribuição das doenças). Com a evolução do conceito de saúde e a compreensão de promoção da saúde, as estatísticas de saúde passaram a estar lado a lado com a discussão social e clínica. Tornou-se claro que os números não valeriam de nada sem a compreensão de que a saúde depende de condições sociais. Da mesma forma, ficou claro que os números não ajudariam em nada se a concepção clínica sobre o processo saúde- doença ainda fosse reduzida a realidades pontuais, se o indivíduo fosse destacado de seu ambiente e tratado como uma máquina em mau funcionamento. Ou seja, medir saúde ganhou também um sentido abrangente, com a bioestatística ajudando a compreender a realidade, a clínica olhando o indivíduo numa coletividade e a medicina social discutindo as singularidades de cada caso num contexto de abrangência social. Tendo em vista estes pressupostos, os indicadores de saúde se tornam construções estatísticas que permitem: 12 Avaliar o estado de saúde das populações; Propor ações destinadas a melhorá-la, mantê-la e/ou prevenir as doenças e suas complicações; Planejar, administrar e avaliar as ações de saúde; Em termos gerais, os indicadores são medidas-síntese que contêm informação relevante sobre determinados atributos e dimensões do estado de saúde, bem como do desempenho do sistema de saúde. Vistos em conjunto, devem refletir a situação sanitária de uma população e servir para a vigilância das condições de saúde. A construção de um indicador é um processo cuja complexidade pode variar desde a simples contagem direta de casos de determinada doença, até o cálculo de proporções, razões, taxas ou índices mais sofisticados, como a esperança de vida ao nascer. A qualidade de um indicador depende das propriedades dos componentes utilizados em sua formulação (frequência de casos, tamanho da população em risco etc.) e da precisão dos sistemas de informação empregados (registro, coleta, transmissão dos dados etc.). O grau de excelência de um indicador deve ser definido por sua validade (capacidade de medir o que se pretende) e confiabilidade (reproduzir os mesmos resultados quando aplicado em condições similares). Em geral, a validade de um indicador é determinada pelas características de sensibilidade (medir as alterações desse fenómeno) e especificidade (medir somente o fenómeno analisado). Outros atributos de qualidade de um indicador são sua mensurabilidade (basear-se em dados disponíveis ou fáceis de conseguir), relevância (responder a prioridades de saúde) e custo-efetividade (os resultados justificam o investimento de tempo e recursos). 13 É desejável que os indicadores possam ser analisados e interpretados com facilidade, e que sejam compreensíveis pelos usuários da informação, especialmente gerentes, gestores e os que atuam no controle social do sistema de saúde. Grau de Excelência – Indicador Para um conjunto de indicadores, são atributos de qualidade importantes a integridade (dados completos) e a consistência interna (valores coerentes e não contraditórios). A qualidade e a comparabilidade dos indicadores de saúde podem ser asseguradas pela aplicação sistemática de definições operacionais e de procedimentos padronizados de medição e cálculo. A seleção do conjunto básico de O grau de excelência de um indicador deve ser definido Pela capacidade de medir o que se pretende Confiabilidade Reproduzir os mesmos resultados quando aplicado em condições similares) Validade de um indicador Determinada por: Sensibilidade Especificidade Mensurabilidade Custo-efetividade 14 indicadores — e de seus níveis de desagregação - pode variar em função da disponibilidade de sistemas de informação, fontes de dados, recursos, prioridades e necessidades específicas em cada região ou país. (2013/INSTITUTO AOCP/IBC) Em termos gerais, os indicadores são medidas-síntese que contêm informação relevante sobre determinados atributos e dimensões do estado de saúde, bem como do desempenho do sistema de Saúde. Sobre os indicadores de saúde, assinale a alternativa INCORRETA. a) A qualidade de um indicador depende das propriedades dos componentes utilizados em sua formulação (frequência de casos, tamanho da população em risco) e da precisão dos sistemas de informação empregados (registro, coleta, transmissão dos dados). b) O grau de excelência de um indicador deve ser definido por sua validade (capacidade de medir o que se pretende) e confiabilidade (reproduzir os mesmos resultados quando aplicado em condições similares). c) Em geral, a validade de um indicador é determinada por sua sensibilidade (capacidade de detectar somente o fenômeno analisado) e especificidade (capacidade de detectar o fenômeno analisado). d) A construção de um indicador é um processo cuja complexidade pode variar desde a simples contagem direta de casos de determinada doença, até o cálculo de proporções, razões, taxas ou índices mais sofisticados, como a esperança de vida ao nascer. e) A disponibilidade de um conjunto básico de indicadores tende a facilitar o monitoramento de objetivos e metas em saúde, estimular o fortalecimento da capacidade analítica das equipes e promover o desenvolvimento de sistemas de informação intercomunicados. Resposta Correta: c) Em geral, a validade de um indicador é determinada por sua sensibilidade (capacidade de detectar somente o fenômeno analisado) e especificidade (capacidade de detectar o fenômeno analisado). Comentário: ASSERTIVA A. CORRETA. A qualidade de um indicador depende das propriedades dos componentes utilizados em sua formulação (frequência de casos, tamanho da população em risco etc.) e da precisão dos sistemas de informação empregados (registro, coleta, transmissão dos dados etc). ASSERTIVA B. CORRETA. O grau de excelência de um indicador deve ser definido por sua validade (capacidade de medir o que se pretende) e confiabilidade (reproduzir os mesmos 15 resultados quando aplicado em condições similares). ASSERTIVA C. INCORRETA. Em geral, a validade de um indicador é determinada pelas características de sensibilidade (medir as alterações desse fenómeno) e especificidade (medir somente o fenómeno analisado). ASSERTIVA D. CORRETA. A construção de um indicador é um processo cuja complexidade pode variar desde a simples contagem direta de casos de determinada doença, até o cálculo de proporções, razões, taxas ou índices mais sofisticados, como a esperança de vida ao nascer. ASSERTIVA E. CORRETA. Além de prover matéria prima essencial para a análise de saúde, a disponibilidade de um conjunto básico de indicadores tende a facilitar o monitoramento de objetivos e metas em saúde, estimular o fortalecimento da capacidade analítica das equipes de saúde e promover o desenvolvimento de sistemas de informação de saúde intercomunicados. (2016/VUNESP/MPE-SP) Um dos atributos que definem o grau de excelência dos indicadores de saúde é a validade que: a) reflete a capacidade do indicador para reproduzir os mesmos resultados quando aplicado em condiçõessimilares. b) é a qualidade essencial do indicador utilizada para justificar o investimento de tempo e recursos. c) é um componente exclusivo dos indicadores qualitativos. d) corresponde à capacidade do indicador para medir o que se pretende. e) é o atributo que define o uso exclusivo do indicador para a comparação temporal de dados. Resposta Correta: d) corresponde à capacidade do indicador para medir o que se pretende. Comentário: O grau de excelência de um indicador deve ser definido por sua validade (capacidade de medir o que se pretende) e confiabilidade (reproduzir os mesmos resultados quando aplicado em condições similares). Depende também da simplicidade dos instrumentos e métodos utilizados, de modo a facilitar a operação regular dos sistemas de informação. Também é 16 necessário monitorar a qualidade dos indicadores, para manter a confiança dos usuários na informação produzida. O mesmo com relação à política de disseminação da informação, para assegurar a oportunidade e frequência da compilação dos dados. Se forem gerados de forma regular e manejados em um sistema dinâmico, os indicadores de saúde constituem ferramenta fundamental para a gestão e avaliação da situação de saúde, em todos os níveis. Um conjunto de indicadores de saúde tem como propósito produzir evidência sobre a situação sanitária e suas tendências, inclusive documentando as desigualdades em saúde. Essa evidência deve servir de base empírica para determinar grupos humanos com maiores necessidades de saúde, estratificar o risco epidemiológico e identificar áreas críticas. Constitui, assim, insumo para o estabelecimento de políticas e prioridades melhor ajustadas às necessidades de saúde da população. Além de prover matéria prima essencial para a análise de saúde, a disponibilidade de um conjunto básico de indicadores tende a facilitar o monitoramento de objetivos e metas em saúde, estimular o fortalecimento da capacidade analítica das equipes de saúde e promover o desenvolvimento de sistemas de informação de saúde intercomunicados. (2012/ESAF/MPOG) Dada à complexidade do conceito de saúde, a tarefa de mensurá- lo é também complexa, o que torna de suma importância a existência de indicadores confiáveis. Sobre os indicadores em saúde é correto afirmar: a) os indicadores de saúde constituem ferramenta fundamental para a gestão e avaliação da situação de saúde, em todos os níveis. b) são um recurso para a obtenção de informações sobre situações de saúde nas quais não é possível a quantificação. c) a confiabilidade de um indicador em saúde é decorrente de sua não vinculação ao problema, evento ou tema a ser observado ou medido. d) os indicadores de processo são aqueles nos quais os gestores buscam saber os benefícios reais que uma dada ação de saúde provocou na população. 17 Resposta Correta: a) os indicadores de saúde constituem ferramenta fundamental para a gestão e avaliação da situação de saúde, em todos os níveis. Comentário: Se forem gerados de forma regular e manejados em um sistema dinâmico, os indicadores de saúde constituem ferramenta fundamental para a gestão e avaliação da situação de saúde, em todos os níveis. 3.2.1 OS INDICADORES DE SAÚDE Parâmetros utilizados com o objetivo de avaliar, sob o ponto de vista sanitário, a higidez de agregados humanos, bem como fornecer subsídios aos planejamentos de saúde, permitindo o acompanhamento das flutuações e tendências históricas do padrão sanitário de diferentes coletividades consideradas à mesma época ou da mesma coletividade em diversos períodos de tempo. Definição de Indicador Instrumento de mensuração para o gerenciamento, avaliação e planejamento das ações em saúde, possibilitando mudanças efetivas nos processos e nos resultados, através do estabelecimento de metas e ações prioritárias que garantam a melhoria contínua e gradativa de uma situação ou agravo. A utilização de indicadores de saúde permite o estabelecimento de padrões, bem como o acompanhamento de sua evolução ao longo dos anos. Embora o uso de um único indicador isoladamente não possibilite o conhecimento da complexidade da realidade social, a associação de vários deles e, ainda, a comparação entre diferentes indicadores de distintas localidades facilita sua compreensão. 18 Para a Organização Mundial da Saúde, esses indicadores gerais podem subdividir-se em três grupos: Indicadores podem e devem ser utilizados como ferramentas para auxiliar o gerenciamento da qualidade. Indicadores de saúde da população associados a indicadores econômicos, financeiros, de produção, de recursos humanos, de qualidade da assistência propriamente dita, isto é, relacionados a determinadas doenças, auxiliam na avaliação de programas e de serviços. Indicadores devem evidenciar padrões relacionados à estrutura, processo e resultado desejáveis de um sistema. Indicadores fornecem uma base quantitativa para médicos, instituições prestadoras de serviços, fontes pagadoras e planejadores, como o objetivo de atingir melhoria da assistência e dos processos relacionados à assistência. (Internacional Society for Quality in Healthcare, 1999). Os indicadores avaliam estrutura, processo e resultado da assistência médica. Relembrando as definições de Donabedian, estrutura refere-se a planta física, recursos humanos e materiais disponíveis e características organizacionais da instituição; processos dizem respeito às atividades desenvolvidas na assistência médica propriamente dita; resultado significa o produto final da assistência, isto é, Indicadores - Subdivisão Aqueles que tentam traduzir a saúde ou sua falta em um grupo populacional. Exemplos: razão de mortalidade proporcional, coeficiente geral de mortalidade, esperança de vida ao nascer, coeficiente de mortalidade infantil, coeficiente de mortalidade por doenças transmissíveis. Aqueles que se referem às condições do meio e que têm influência sobre a saúde. Exemplo: saneamento básico. Aqueles que procuram medir os recursos materiais e humanos relacionados às atividades de saúde. Exemplos: número de unidades básicas de saúde, número de profissionais de saúde, número de leitos hospitalares e número de consultas em relação a determinada população (Laurenti e cols., 1987). 19 envolve, além da satisfação do paciente, o impacto do tratamento sobre o estado de saúde do paciente. Para Laurenti e colaboradores, há pré-requisitos a observar quando da construção e seleção de indicadores: Para cada realidade, é preciso examinar os indicadores mais apropriados para atender às necessidades daquele serviço. A sua escolha deve basear-se ainda na aprovação do grupo que deverá utilizá-los, isto é, em se tratando de um indicador clínico, deverá atender às expectativas dos médicos da especialidade; caso se refira à assistência à saúde, deverá ser escolhido e aprovado pelo grupo de sanitaristas envolvidos. P R É- R EQ U IS IT O S O existência e disponibilidade de dados; Definições e procedimentos empregados para construir esses indicadores devem ser conhecidos, de modo a possibilitar comparação entre localidades ou organizações diferentes, ou na mesma, em períodos distintos; Construção fácil, interpretação simples; Reflexo do maior número possível de fatores que reconhecidamente influem no estado de saúde; Poderdiscriminatório, possibilitando comparações. 20 ATENÇÃO! Resumidamente, pode-se falar em características desejáveis de um indicador (Mainz): Especificidade - associação clara a um determinado evento. Validade - baseado em definições condensadas, sendo submetido a validação para a realidade em questão. Poder discriminatório - associação clara entre o que se está medindo e o que se quer medir. Ajuste de risco - permitindo, assim, comparações. Comparabilidade. Evolução ao longo do uso - possibilidade de aprimoramento do indicador. Significância ou mesmo relevância para o que se quer medir. Aceitação - por parte dos vários envolvidos em sua análise e uso. Facilidade na coleta dos dados - factibilidade. Adequação para realidade social, econômica e cultural. Respeito à confidencialidade das informações do paciente. Custo-efetividade. Disponibilização para o público - desde que seja minuciosamente testado e validado. Os indicadores que permitem a análise de situação de saúde e a avaliação de tendências devem ser produzidos com periodicidade definida e baseados em critérios constantes e padronizados (para permitir a comparação). São requisitos para a formulação de indicadores: PODER DISCRIMINATÓRIO SINTETICIDADE UNIFORMIDADE SIMPLICIDADE TÉCNICA DISPONIBILIDADE DE DADOS 21 Os indicadores de saúde são medidas diretas que devem refletir o estado de saúde da população de um território. A OMS divide os indicadores de saúde em cinco grandes grupos: Grupos de Indicadores RIPSA Em geral, a mensuração do estado de saúde de uma população se faz negativamente, por meio da frequência de eventos que expressam a „não- saúde‟: morte (mortalidade) e doença (morbidade). Assim, a quantidade de pessoas que morrem e a quantidade de pessoas que adoecem em uma determinada população, durante um determinado período, são usadas como medida da saúde daquela população naquele período. INDICADORES BÁSICOS DE SAÚDE INDICADORES DE PROVISÃO/COBERTURA DE SERVIÇOS DE ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE INDICADORES DE PROVISÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE INDICADORES SOCIOECONÔMICOS INDICADORES DE POLÍTICA DE SAÚDE COBERTURA RECURSOS MORBIDADE E FATORES DE RISCO MORTALIDADE SOCIOECONÔMICOS DEMOGRÁFICOS 22 O número absoluto de pessoas que morrem e adoecem, são medidas cujo significado está limitado ao tempo e à população considerada. A comparação de medidas de mortalidade ou de morbidade de diferentes populações (ou da mesma população em diferentes momentos) requer sua transformação em valores relativos (sua ponderação). Os indicadores de saúde são medidas relativas de mortalidade e de morbidade, estão sempre referidos a uma população específica e a um intervalo de tempo determinado; correspondem a quocientes (frações) que assumem dois formatos genéricos, os coeficientes e proporções. Coeficientes são quocientes em que o número absoluto de eventos ocorridos em uma população específica durante um período determinado, o numerador, é ponderado pelo total de eventos da mesma espécie teoricamente possíveis, o denominador. Proporções são quocientes que expressam a parcela dos eventos que possui um certo atributo ou característica específica, o numerador, em relação ao total de eventos da mesma natureza ocorridos na população e no período considerados, o denominador. 3.2.1.1 COEFICIENTES MAIS UTILIZADOS NA ÁREA DA SAÚDE Indicadores demográficos Indicadores derivados do volume, sexo e estrutura etária da população (População Total, Razão de Sexos, Taxa de Crescimento da população, Proporção de menores de cinco anos, Proporção de idosos, Índice de envelhecimento e Razão de Dependência): População total Razão de sexo Taxa de crescimento médio anual da população Proporção da população urbana Proporção de menores de 5 anos de idade na população 23 Proporção de idosos na população Razão idoso/criança (Índice de envelhecimento) Razão de dependência Cobertura de informação de nascidos vivos Taxa bruta de natalidade Taxa padronizada de natalidade Taxa específica de fecundidade Taxa de fecundidade total Cobertura de informação de óbitos Distribuição da mortalidade por idade Distribuição dos componentes da mortalidade em menores de 1 ano Taxa bruta de mortalidade Taxa padronizada de mortalidade Esperança de vida ao nascer (Número médio de anos de vida esperados para um recém-nascido, mantido o padrão de mortalidade existente na população residente, em determinado espaço geográfico, no ano considerado) Esperança de vida aos 60 anos de idade Indicadores socioeconômicos Proporção de analfabetos (Taxa de analfabetismo) Distribuição da escolaridade da população de 15 anos ou mais Número médio de anos de estudo na população de 25 anos ou mais de idade Produto Interno Bruto (PIB) per capita Renda média domiciliar per capita Índice de Gini da renda domiciliar per capita Razão de renda Proporção de pessoas com baixa renda Proporção de crianças em situação domiciliar de baixa renda Proporção de população desocupada (Taxa de desocupação, Taxa de desemprego) Proporção da população de 10 a 15 anos ocupada (Taxa de trabalho infantil) 24 Proporção de idosos residentes em domicílios na condição de outro parente Indicadores de morbidade Incidência de doenças transmissíveis Sarampo Difteria Coqueluche Tétano neonatal Tétano acidental Febre amarela Raiva humana Hepatite B Hepatite Cólera Febre hemorrágica da dengue Sífilis congênita Rubéola Síndrome da rubéola congênita Doença meningocócica Meningite Leptospirose Taxa de incidência de doenças transmissíveis Aids Tuberculose Dengue Leishmaniose tegumentar americana Leishmaniose visceral Hanseníase Malária Taxa de incidência de neoplasias malignas 25 Taxa de incidência de acidentes e doenças do trabalho em segurados da Previdência Social Prevalência de hanseníase Proporção de casos de aids por categoria de exposição Taxa de internação hospitalar (SUS) por doenças crônicas não transmissíveis Taxa de internação hospitalar (SUS) por condições sensíveis à atenção primária Taxa de internação hospitalar (SUS) por causas externas Proporção de internações hospitalares (SUS) por afecções originadas no período perinatal Prevalência de pacientes em diálise (SUS) Indicadores de fatores de risco e de proteção Prevalência de diabete Melittus Prevalência de hipertensão arterial Prevalência de fumantes atuais Prevalência de ex-fumantes Prevalência de consumo abusivo de bebidas alcoólicas Prevalência de indivíduos dirigindo veículos motorizados após consumir bebida alcoólica Prevalência de excesso de peso em adultos Prevalência de excesso de peso para idade segundo IMC em crianças menores de 5 anos Prevalência de déficit ponderal para a idade em crianças menores de 5 anos de idade Prevalência de déficit estatural para a idade em crianças menores de cinco anos de idade Proporção diária per capita das calorias de frutas, verduras e legumes no total de calorias da dieta Prevalência de aleitamentomaterno Prevalência de aleitamento materno exclusivo em menores de 6 meses 26 Proporção de nascidos vivos de mães adolescentes Proporção de nascidos vivos de mães de 35 anos e mais Proporção de nascidos vivos de baixo peso ao nascer Índice CPO-D Proporção de crianças de 5-6 anos de idade com índice ceo-d igual a 0 Indicadores de cobertura Número de consultas médicas (SUS) por habitante Proporção da população que realizou consulta médica Proporção da população que realizou consulta odontológica Proporção da população que nunca realizou consulta odontológica Número de procedimentos diagnósticos por consulta médica (SUS) Proporção de mulheres que realizaram exame preventivo do câncer de colo do útero O Proporção de mulheres que nunca realizaram exame preventivo do câncer de colo do útero Proporção de mulheres que realizaram mamografia Proporção de mulheres que nunca realizaram mamografia Número de internações hospitalares (SUS) por habitante Proporção da população que esteve internada em estabelecimento de saúde Cobertura de consultas de pré-natal Proporção de partos hospitalares Proporção de partos cesáreos Proporção de crianças vacinadas na faixa etária recomendada Proporção da população feminina em uso de métodos anticonceptivos Proporção da população coberta por planos de saúde - IBGE Proporção da população coberta por planos privados de saúde - ANS Proporção da população provida de rede de abastecimento de água Proporção da população provida de esgotamento sanitário Proporção da população provida de coleta de lixo 27 Indicadores de mortalidade Taxa de mortalidade infantil Taxa de mortalidade neonatal precoce Taxa de mortalidade neonatal tardia Taxa de mortalidade neonatal Taxa de mortalidade pós-neonatal Taxa de mortalidade perinatal Taxa de mortalidade na infância Razão de mortalidade materna Mortalidade materna segundo tipo de causa Mortalidade proporcional por grupos de causas Proporção de óbitos por causas mal definidas Proporção de óbitos por doença diarreica aguda em menores de 5 anos de idade Proporção de óbitos por infecção respiratória aguda em menores de 5 anos de idade Taxa de mortalidade específica por doenças do aparelho circulatório Taxa de mortalidade específica por causas externas Taxa de mortalidade específica por neoplasias malignas Taxa de mortalidade específica por acidentes de trabalho em Segurados da Previdência Social Taxa de mortalidade específica por Diabetes Melittus Taxa de mortalidade específica por aids Taxa de mortalidade específica por afecções originadas no período perinatal Taxa de mortalidade específica por doenças transmissíveis 28 3.2.1.2 COEFICIENTES MAIS IMPORTANTES MORBIDADE INCIDÊNCIA: A incidência de uma doença, em um determinado local e período, é o número de casos novos da doença que iniciaram no mesmo local e período. Traz a ideia de intensidade com que acontece uma doença numa população, mede a frequência ou probabilidade de ocorrência de casos novos de doença na população. Alta incidência significa alto risco coletivo de adoecer. Coeficiente de incidência da doença: representa o risco de ocorrência (casos novos) de uma doença na população. Coeficiente de incidência = nº de casos novos de determinada doença em um dado local e período multiplicado por 10 e dividido pela população do mesmo local e período. Coeficiente de prevalência da doença: representa o número de casos presentes (novos + antigos) em uma determinada comunidade num período de tempo especificado,. OBS.: O coeficiente de prevalência é igual ao resultado do coeficiente de incidência multiplicado pela duração média da doença (LILIENFELD e LILIENFELD, 1980). Fica evidente que a prevalência, além dos casos novos que acontecem (incidência), é afetada também pela duração da doença, a qual pode diferir entre comunidades, devido a causas ligadas à qualidade da assistência à saúde, acesso aos serviços de saúde, condições nutricionais da população, etc. Assim, quanto maior a duração média da doença, maior será a diferença entre a prevalência e a incidência. A prevalência é ainda afetada por casos que imigram (entram) na comunidade e por casos que saem (emigram), por curas e por óbitos. Dessa maneira, temos como ―entrada‖ na prevalência os casos novos (incidentes) e os imigrados e como ―saída‖ os casos que curam, que morrem e os que emigram 29 A prevalência não é uma medida de risco de ocorrência da doença na população, mas pode ser útil para os administradores da área de saúde para o planejamento de recursos necessários (leitos hospitalares, medicamentos, etc.) para o adequado tratamento da doença. Dois tipos de coeficientes de prevalência podem ser utilizados: o coeficiente de prevalência instantânea ou pontual ou momentânea (em um tempo especificado) e o coeficiente de prevalência por período ou lápsica (abrange um período maior de tempo, por exemplo um ano) (KERR-PONTES e ROUQUAYROL, 1999). Fatores que influenciam o aumento e a diminuição da prevalência das doenças Introdução de fatores que prolongam a vida dos pacientes sem curá-los. Ex.: introdução de terapêutica hipoglicemiantes Aumento da incidência Aprimoramento das técnicas de diagnostico Correntes migratórias originárias de áreas que apresentam níveis endêmicos mais elevados Introdução de fatores que diminuem a vida dos pacientes Taxa elevada de letalidade da doença Diminuição da incidência Introdução de fatores que permitam o aumento da proporção de cura de uma nova doença. Ex.: introdução de nova terapêutica que permita a cura do paciente Correntes migratórias originárias de áreas que apresentam níveis endêmicos mais baixos A U M E N T A M D IM IN U E M 30 (2015/BIO-RIO/IF-RJ) Um dos objetivos da Epidemiologia é medir a frequência com que problemas de saúde ocorrem na população humana. No que se refere aos conceitos aplicados em epidemiologia e bioestatística, muito empregados nos estudos de saúde do trabalhador, é correto afirmar que: a) a taxa de incidência de uma doença é a expressão da frequência com que surgem novos casos, por unidade de tempo, sem necessariamente haver relação com o tamanho de uma determinada população. b) sobrevida é uma estimativa da probabilidade de um indivíduo morrer com uma determinada doença, ao longo de um intervalo de tempo. c) no cálculo da prevalência de uma doença, incluem-se os casos antigos e os novos a partir do período da observação e os falecimentos ocorridos antes do período de início da observação. d) prevalência expressa o número de casos existente de uma doença, em uma determinada população em um dado momento. e) ao se considerar a prevalência de uma doença, leva-se em conta sua incidência e duração, descartando-se como fator determinante os movimentos migratórios. Resposta Correta: d) prevalência expressa o número de casos existente de uma doença, em uma determinada população em um dado momento. Comentário: Coeficiente de prevalência da doença: representa o número de casos presentes (novos + antigos) em uma determinada comunidade num período de tempo especificado.31 (2015/CESPE/FUB) A epidemiologia é uma área importante e amplamente utilizada na saúde pública e na análise de doenças e acidentes relacionados ao trabalho. Com relação a esse assunto, julgue os itens a seguir. A prevalência de uma doença representa o número de casos dessa enfermidade em um determinado momento de uma pesquisa. A. Certo B. Errado Resposta Correta: A. Certo Comentário: Coeficiente de prevalência da doença: representa o número de casos presentes (novos + antigos) em uma determinada comunidade num período de tempo especificado. (2011-FUNCAB- Pref. Serra/ES) O número de casos existentes de uma determinada doença, em uma determinada população e em um dado momento, denomina-se: A) endemia. B) prevalência. C) epidemia. D) incidência. E) letalidade. Resposta Correta: B) prevalência. Comentário: Vamos conhecer alguns conceitos importantes: ENDEMIA - É a ocorrência de determinada doença que acomete sistematicamente populações em espaços característicos e determinados, no decorrer de um longo período, (temporalmente ilimitada), e que mantém uma de incidência relativamente constante, permitindo variações cíclicas e sazonais. EPIDEMIA – É a ocorrência em uma comunidade ou região de casos de natureza semelhante, claramente excessiva em relação ao esperado. O conceito operativo usado na epidemiologia é: uma alteração, espacial e cronologicamente delimitada, do estado de saúde-doença de uma população, caracterizada por uma elevação inesperada e descontrolada dos coeficientes de incidência de determinada doença, ultrapassando valores 32 do limiar epidêmico preestabelecido para aquela circunstância e doença. Devemos tomar cuidado com o uso do conceito de epidemia lato-sensu que seria a ocorrência de doença em grande número de pessoas ao mesmo tempo. PREVALÊNCIA: prevalecer significa ser mais, preponderar, predominar. A prevalência indica qualidade do que prevalece, prevalência implica em acontecer e permanecer existindo num momento considerado. Portanto, a prevalência é o número total de casos de uma doença, existentes num determinado local e período. INCIDÊNCIA: A incidência de uma doença, em um determinado local e período, é o número de casos novos da doença que iniciaram no mesmo local e período. Traz a ideia de intensidade com que acontece uma doença numa população, mede a frequência ou probabilidade de ocorrência de casos novos de doença na população. Alta incidência significa alto risco coletivo de adoecer. LETALIDADE ou fatalidade ou ainda, taxa de letalidade relaciona o número de óbitos por determinada causa e o número de pessoas que foram acometidas por tal doença. Esta relação nos dá ideia da gravidade do agravo, pois indica o percentual de pessoas que morreram, (2009/FCC/TRT - 3ª Região (MG) Define-se como incidência de um transtorno, em epidemiologia, a) o número total de casos de um transtorno na população em determinado período. b) o número de casos por área assistida. c) o número de casos novos de um transtorno em determinada população. d) a relação entre os óbitos provocados por um transtorno e a renda média da população. e) a relação entre o número de casos novos e o número total de casos de uma doença. Resposta Correta: c) o número de casos novos de um transtorno em determinada população. Comentário: A incidência sempre estará relacionada ao critério de risco. E, ao se falar em risco temos como resultado, casos novos de determinada doença/patologia. Coeficiente de letalidade: representa a proporção de óbitos entre os casos da doença, sendo um indicativo da gravidade da doença ou agravo na população. Isso pode ser uma característica da própria doença (por exemplo, a raiva humana é uma doença que apresenta 100% de letalidade, pois todos os casos morrem) ou de 33 fatores que aumentam ou diminuem a letalidade da doença na população (condições socioeconômicas, estado nutricional, acesso a medicamentos, por exemplo). A Letalidade representa o risco que as pessoas com a doença têm de morrer por essa mesma doença. COEFICIÊNTES DE MORTALIDADE Coeficiente geral de mortalidade (CGM): representa o risco de óbito na comunidade. É expresso por uma razão, e pode ser calculado, como todos os demais coeficientes, também através de regra de três simples (se numa população de 70.000 habitantes tenho 420 óbitos, em 1000 habitantes terei ―x‖, sendo 1000 o parâmetro que permitirá comparar com outros locais ou outros tempos. Mortalidade proporcional por grupos de causas: distribuição percentual de óbitos por grupos de causas definidas, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Mortalidade proporcional por causas mal definidas: percentual de óbitos por causas mal definidas na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Mortalidade proporcional por doença diarreica aguda em menores de 5 anos de idade: Percentual dos óbitos por doença diarreica aguda em relação ao total de óbitos de menores de cinco anos de idade, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Mortalidade proporcional por infecção respiratória aguda em menores de 5 anos de idade: percentual dos óbitos por infecção respiratória aguda (IRA) em relação ao total de óbitos de menores de cinco anos de idade, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Taxa de mortalidade específica por doenças do aparelho circulatório (Coeficiente de mortalidade específica por doenças do aparelho circulatório): número de óbitos por doenças do aparelho circulatório, por 100 mil habitantes, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. 34 Coeficiente de mortalidade específica por causas externas: número de óbitos por causas externas (acidentes e violência), por 100 mil habitantes, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Coeficiente de mortalidade específica por neoplasias malignas: número de óbitos por neoplasias malignas, por 100 mil habitantes, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Coeficiente de mortalidade específica por acidentes do trabalho: número de óbitos devidos a acidentes do trabalho, por 100 mil trabalhadores segurados, em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Coeficiente de mortalidade específica por diabete: número de óbitos por diabetes melitus, por 100 mil habitantes, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Coeficiente de mortalidade específica por aids): número de óbitos pela síndrome da imunodeficiência adquirida (aids), por 100 mil habitantes, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Coeficiente de mortalidade específica por afecções originadas no período perinatal: número de óbitos de menores de um ano de idade causados por afecções originadas no período perinatal, por mil nascidos vivos, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Taxa de mortalidade específica por doenças transmissíveis: número de óbitos por doenças transmissíveis, por 100 mil habitantes, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Coeficiente de mortalidade infantil (CMI): é uma estimativa do risco que ascrianças nascidas vivas têm de morrer antes de completar um ano de idade. É considerado um indicador sensível das condições de vida e saúde de uma comunidade. Pode ser calculado por regra de três. Cuidado especial deve ser tomado quando se vai calcular o coeficiente de mortalidade infantil de uma localidade, pois tanto o seu numerador (óbitos de menores de 1 ano), como seu denominador (nascidos vivos) podem apresentar problemas de classificação. Para evitar esses problemas, o primeiro passo é verificar se as definições, citadas pela Organização Mundial de Saúde (1994), estão sendo 35 corretamente seguidas por quem preencheu a declaração de óbito da criança. Estas definições são as seguintes: Nascido vivo: é a expulsão ou extração completa do corpo da mãe, independentemente da duração da gravidez, de um produto de concepção que, depois da separação, respire ou apresente qualquer outro sinal de vida, tal como batimentos do coração, pulsações do cordão umbilical ou movimentos efetivos dos músculos de contração voluntária, estando ou não cortado o cordão umbilical e estando ou não desprendida a placenta. Óbito fetal: é a morte do produto de concepção, antes da expulsão ou da extração completa do corpo da mãe, independentemente da duração da gravidez. Indica o óbito se o feto, depois da separação, não respirar nem apresentar nenhum outro sinal de vida, como batimentos do coração, pulsações do cordão umbilical ou movimentos efetivos dos músculos de contração voluntária. Óbito infantil: é a criança que, nascida viva, morreu em qualquer momento antes de completar um ano de idade. O coeficiente de mortalidade infantil pode ainda ser dividido em: Coeficiente de mortalidade neonatal (óbitos de 0 a 27 dias inclusive) em relação ao total de nascidos vivos (por 1000); Coeficiente de mortalidade pós-neonatal ou infantil tardia (óbitos de 28 dias a 364 dias inclusive) em relação ao total de nascidos vivos (por 1000). O coeficiente de mortalidade neonatal pode ainda ser subdividido em coeficiente de mortalidade neonatal precoce (0 a 6 dias inclusive) e coeficiente de mortalidade neonatal tardia (7 a 27 dias). Coeficiente de mortalidade perinatal: segundo a Classificação Internacional de Doenças em vigor (a CID-10), o período perinatal vai da 22ª semana de gestação até a primeira semana de vida da criança, diferenciando da definição anterior (da CID-9) que considerava a partir da 28ª semana de gestação. 36 Coeficiente de mortalidade materna: representa o risco de óbitos por causas ligadas à gestação, ao parto ou ao puerpério, sendo um indicador da qualidade de assistência à gestação e ao parto numa comunidade. Coeficiente de mortalidade por doenças transmissíveis: é uma estimativa do risco da população morrer por doenças infecciosas e parasitárias (tuberculose, tétano, diarreia infecciosa, aids, etc.). (FUNCAB - Pref. Vila Velha/ES-2012) A distribuição percentual dos óbitos por faixa etária, na população residente em um determinado espaço geográfico em um ano definido, diz respeito ao indicador de mortalidade: A) proporcional por idade. B) proporcional por grupo de causas. C) proporcional por causa mal definida. D) inespecífica por idade. E) por idade específica. Resposta Correta: A) proporcional por idade. Comentário: Mortalidade Proporcional por Idade- Distribuição percentual dos óbitos informados por idade ou faixa etária, em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Mortalidade proporcional por grupos de causas- O indicador corresponde à distribuição percentual de óbitos por grupos de causas definidas, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Mortalidade proporcional por causas mal definidas: o indicador corresponde ao percentual de óbitos por causas mal definidas na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. COEFICIENTES DE NATALIDADE Os principais coeficientes que medem a natalidade (nascimentos) de uma população são o coeficiente de natalidade e o de fecundidade. Enquanto o coeficiente de natalidade está relacionado com o tamanho da população, o de fecundidade está relacionado com o número de mulheres em idade fértil. 37 4. Estudos Epidemiológicos Nas últimas décadas, a epidemiologia tem aperfeiçoado de forma significativa seu arsenal metodológico. Tal fato deve-se, de um lado, à melhor compreensão do processo saúde-doença, que nos permitiu uma visão mais clara dos múltiplos fatores que interagem na sua determinação e, de outro, ao desenvolvimento de novas técnicas estatísticas aplicadas à epidemiologia e também à utilização, cada vez mais ampla, dos computadores pessoais e à criação de novos programas (softwares), tornando acessíveis a um número cada vez maior de pesquisadores a aplicação de análises estatísticas de dados obtidos em investigações epidemiológicas. A epidemiologia pode ser compreendida como um processo contínuo de acúmulo de conhecimentos com o objetivo de prover um acervo de evidências indiretas, cada vez mais consistentes, de associação entre saúde e fatores protetores ou doença e fatores de risco. Com essa finalidade, existe um arsenal de delineamentos específicos para diferentes estudos epidemiológicos, que varia conforme os objetivos estabelecidos, que pode ser tanto a identificação de uma possível associação do tipo exposição– efeito como a avaliação da efetividade de uma intervenção com o objetivo de prevenir um determinado efeito. De uma maneira geral, podemos identificar três delineamentos na aplicação do método epidemiológico: Epidemiologia descritiva; Epidemiologia analítica; Epidemiologia experimental 38 4. 1. EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA A epidemiologia descritiva constitui a primeira etapa da aplicação do método epidemiológico com o objetivo de compreender o comportamento de um agravo à saúde numa população. Nessa fase é possível responder a questões: -Quem? -Quando? -Onde? Em outros termos, descrever os caracteres epidemiológicos das doenças relativos à: Os caracteres epidemiológicos relativos às pessoas se referem especialmente ao gênero, idade, escolaridade, nível socioeconômico, etnia, ocupação, situação conjugal. Outros agrupamentos podem ser criados segundo características como usuário e não-usuário de serviços de saúde, pessoas que vivem em domicílios com ou sem acesso a serviços de abastecimento de água, etc. Qualquer variável relevante pode ser usada, observados os critérios que delimitam perfeitamente uma categoria da outra Ao descrevermos os caracteres epidemiológicos relativos ao tempo, focalizamos o padrão do comportamento das doenças, em amplos períodos, pelo Caracteres epidemiológicos das doenças relativos à: Pessoa Tempo Lugar 39 levantamento de séries históricas com o objetivo de caracterizar tendências, variações regulares, como, por exemplo, as variações cíclicas e sazonais e as variações irregulares, que caracterizam as epidemias. Por sua vez, a descrição dos caracteres epidemiológicos relativos ao lugar preocupa-se com aspectos da distribuição urbano-rural, diferenças do comportamento das doenças em distintas regiões do globo ou mesmo diferenciais existentes no interior de uma mesma comunidade. Nos estudos descritivos, os dados são reunidos, organizados e apresentados naforma de gráficos, tabelas com taxas, médias e distribuição segundo atributos da pessoa, do tempo e do espaço, sem o objetivo de se estabelecer associações ou inferências causais. Esse tipo de estudo geralmente visa descrever populações alvo que apresentem certos atributos de interesse. Frequentemente, pela impossibilidade de se estudar o universo, adota-se como opção o estudo de uma amostra estimada da população alvo. Delineamentos de estudos descritivos Os delineamentos dos estudos epidemiológicos descritivos abrangem: Estudos ecológicos ou de correlação; Relatos de casos ou de série de casos; Estudos seccionais ou de corte transversal. 40 Estudos ecológicos ou de correlação Os estudos ecológicos analisam dados globais de populações inteiras, comparando a frequência de doença entre diferentes grupos populacionais durante o mesmo período ou a mesma população em diferentes momentos. Esses estudos são desenvolvidos com o objetivo de elaborar hipóteses, mas o teste de hipóteses com o emprego desse delineamento apresenta inúmeras dificuldades. Entre elas, a mais frequentemente citada é o que se denomina falácia ecológica, que consiste em efetuar inferência causal para um fenômeno individual, com fundamento em associações entre exposição e efeito verificadas em estudos que utilizam dados globais de uma população. Um exemplo de estudo ecológico é a verificação de taxas mais baixas de cárie dentária em população servida por água de abastecimento com níveis mais elevados de concentração de flúor, permitindo a elaboração de hipótese de que o flúor diminuiria o risco da cárie dentária. Nesse caso, dispomos de dados relativos a um fator de exposição – a concentração de flúor na água de abastecimento – e a um efeito – a taxa de cárie dentária –, ambos referentes a toda a população; desconhecemos, porém, a frequência individual de exposição e do efeito. Delineamentos de estudos descritivos Estudos ecológicos ou de correlação Relatos de casos ou de série de casos Estudos seccionais ou de corte transversal 41 Estudos de caso ou de série de casos Os estudos de caso consistem em relatos detalhados de um caso ou de um grupo de casos elaborados por um ou mais investigadores, focalizando características pouco frequentes de uma doença já conhecida ou buscando descrever uma moléstia possivelmente desconhecida. Frequentemente, esses estudos visam chamar a atenção de outros pesquisadores que tenham efetuado observações semelhantes, criando condições para formulações de hipóteses. Um exemplo de estudos de série de casos é a análise rotineira de dados obtidos a partir de sistemas de vigilância. Muitas vezes é utilizada a descrição de uma série de casos para caracterizar a emergência de uma nova doença. Estudos seccionais ou de corte transversal Nos estudos seccionais ou de corte transversal, a situação de um indivíduo em relação à determinada exposição e efeito são medidos em um único ponto no tempo ou no decorrer de um curto intervalo de tempo. Esses estudos, quando efetuados em população bem definida, permitem a obtenção de medidas de prevalência; por isso são também conhecidos por estudos de prevalência. Uma das desvantagens apresentadas por esse tipo de estudo está relacionada ao fato de que a exposição e o efeito são mensurados em um mesmo ponto no tempo, o que torna difícil a identificação do momento da exposição, ou seja, se esta precede o aparecimento da doença ou se a presença da doença altera o grau de exposição a determinado fator. No entanto, para fatores que permanecem inalterados no tempo, como sexo, raça e grupo sanguíneo, os estudos seccionais podem oferecer evidência válida de uma associação estatística. 42 Quando o objetivo da pesquisa é a identificação de aspectos relativos à etiologia da doença, os estudos seccionais são particularmente indicados para investigar fatores de risco de doenças de início lento e de evolução longa, nos quais o diagnóstico geralmente é feito num estágio mais avançado da doença. Entre as vantagens dos estudos de corte transversal, temos: • São frequentemente desenvolvidos com base em amostras representativas da população e não abrangem apenas pacientes que buscam atendimento em serviços de assistência médica, permitindo inferências causais mais fortes. • Seu custo é geralmente mais baixo se comparado a outros tipos de estudo, em virtude de seu desenvolvimento em curto espaço de tempo. Quanto às limitações dos estudos seccionais, temos: • A dificuldade, já citada, de separarmos a causa do efeito. • A maior dificuldade de identificação de doenças de curta duração se comparadas àquelas de longa duração. Os instrumentos de medida de exposição nos estudos seccionais podem ser entre outros, registros, preenchimento de questionários, exames físico e clínico, testes de laboratório. 43 (2015/CESPE/FUB) Acerca dos princípios de epidemiologia, julgue o item subsecutivo. Em um estudo epidemiológico transversal, o número de casos de uma doença existente em determinada população indica a medida de incidência dessa doença. A- Certo B- Errado Resposta Correta: B- Errado Comentário: Nos estudos seccionais ou de corte transversal, a situação de um indivíduo em relação a determinada exposição e efeito são medidos em um único ponto no tempo ou no decorrer de um curto intervalo de tempo. Esses estudos, quando efetuados em população bem definida, permitem a obtenção de medidas de prevalência; por isso são também conhecidos por estudos de prevalência. (2014/CESPE/FUB) Julgue o item subsecutivo, relativo a conhecimentos básicos de bioestatística e epidemiologia. Estudos transversais são aqueles nos quais cada indivíduo é observado em mais de uma ocasião ao longo do tempo. A - Certo B - Errado Resposta Correta: Errado Comentário: Nos estudos seccionais ou de corte transversal, a situação de um indivíduo em relação a determinada exposição e efeito são medidos em um único ponto no tempo ou no decorrer de um curto intervalo de tempo. 44 4. 2. EPIDEMIOLOGIA ANALÍTICA Os estudos analíticos constituem alternativas do método epidemiológico para testar hipóteses elaboradas geralmente durante estudos descritivos. Temos fundamentalmente dois tipos de estudos analíticos: • coortes; • caso-controle Em síntese, esses delineamentos têm por objetivo verificar se o risco de desenvolver um evento adverso à saúde é maior entre os expostos do que entre os não-expostos ao fator supostamente associado ao desenvolvimento do agravo em estudo. Os estudos analíticos visam, na maioria das vezes, estabelecer inferências a respeito de associações entre duas ou mais variáveis, especialmente associações de exposição e efeito, portanto associações causais. Esses estudos são também denominados estudos observacionais, uma vez que o pesquisador não intervém – apenas analisa com fundamento no método epidemiológico um experimento natural. As características básicas dos dois tipos de estudos observacionais são os seguintes: Tipos de estudos analíticos Coortes Caso-controle 45•. Os estudos de coortes: analisam as associações de exposição e efeito por meio da comparação da ocorrência de doenças entre expostos e não - expostos ao fator de risco. •. Nos estudos tipo caso-controle, as exposições passadas são comparadas entre pessoas atingidas e não atingidas pela doença objeto do estudo. (2012/ESPP/PARÁ). É um tipo de estudo no qual se acompanha um grupo de trabalhadores, em um período de tempo, realizando anotações e análise do que ocorre com os indivíduos desse grupo e com o grupo como um todo. Trata-se de: a) Estudo de coorte b) Estudo transversal. c) Estudo de casos e controles. d) Estudo de epidemiologia descritiva. e) Estudo de correlação. Resposta Correta: a) Estudo de coorte Comentário: São estudos observacionais onde os indivíduos são classificados (ou selecionados) segundo o status de exposição, sendo seguidos para avaliar a incidência de doença. Definição dos grupos expostos e não-expostos Tendo em vista que o objetivo dos estudos observacionais é a quantificação das associações de exposição e efeito, torna-se indispensável definir de forma bem precisa o que se entende por exposição (provável fator de risco) e por efeito (doença). A definição de exposição deve ser elaborada levando em conta a dose ou duração da exposição ao fator de risco ou diferentes maneiras de associação dessas duas variáveis. Pode também ser entendida por características do hospedeiro, como, por exemplo, sexo, idade, tipo sanguíneo, etc. Por sua vez, a definição do efeito, ou seja, a definição de caso, é igualmente indispensável e pode ser entendida como um conjunto de critérios padronizados que 46 nos permitem estabelecer quem apresenta as condições de interesse para a investigação. A definição de caso inclui critérios clínicos, laboratoriais e epidemiológicos, podendo delimitar também características epidemiológicas relativas ao tempo, espaço e pessoa. 4.3. EPIDEMIOLOGIA EXPERIMENTAL A epidemiologia experimental abrange os chamados estudos de intervenção, que apresentam como característica principal o fato de o pesquisador controlar as condições do experimento. O estudo de intervenção é um estudo prospectivo que objetiva avaliar a eficácia de um instrumento de intervenção e, para tanto, seleciona dois grupos: um deles é submetido à intervenção objeto do estudo e o outro, não; em seguida, compara-se a ocorrência do evento de interesse nos dois grupos. Nesse delineamento, os grupos devem ser homogêneos sob aspectos como sexo, idade, nível socioeconômico. Se a escolha do fator que se supõe protetor não apresentar vieses e se o grupo de indivíduos estudados for suficientemente grande para permitir a identificação de diferenças na ocorrência da doença no grupo exposto e não exposto, teremos uma relação de causa–efeito consistente. Aceita-se que os estudos de intervenção sejam, geralmente, considerados como aqueles que permitem evidências mais confiáveis em estudos epidemiológicos. Essa característica deve-se ao fato de os participantes serem selecionados aleatoriamente para serem expostos a determinado fator considerado protetor. 47 Essa técnica de seleção controlaria inclusive fatores não conhecidos que podem afetar o risco de apresentarem a doença, controle que não é possível ser aplicado nos estudos observacionais. Essa característica dos estudos de intervenção é mais importante quando estudamos efeitos de pequena e média intensidade. Esse delineamento, evidentemente, deve pressupor uma análise prévia dos aspectos éticos envolvidos no projeto de pesquisa, devendo ser aplicado somente quando exista para o fator em estudo forte evidência de um efeito protetor. (2014/CESPE/TJ-SE) No que se refere aos conceitos básicos relacionados à epidemiologia em medicina do trabalho, julgue os itens subsecutivos. O estudo de Coorte deve ser, necessariamente, realizado de forma prospectiva. A – Certo B- Errado Resposta Correta: A - Certo Comentário: Nos estudos seccionais ou de corte transversal são prospectivos. (2010/FGV/FIOCRUZ) Os estudos observacionais comparativos são métodos clássicos na epidemiologia e representam um componente-chave na avaliação de uma suspeita de reação adversa. O estudo de uma população sob o risco de uma doença ou de uma reação adversa acompanhada ao longo do tempo, buscando identificar a doença ou a reação é chamado de: a) estudo de coorte. b) estudo transversal. c) investigação clínica-alvo. d) estudo descritivo. e) estudo caso-controle. 48 Resposta Correta: a) estudo de coorte. Comentário: Nos estudos seccionais ou de corte transversal são retrospectivos e o ponto de partida para o futuro é a exposição ao fator em estudo. (2015/CESPE/FUB) A epidemiologia é uma área importante e amplamente utilizada na saúde pública e na análise de doenças e acidentes relacionados ao trabalho. Com relação a esse assunto, julgue os itens a seguir. O foco de um estudo epidemiológico é o indivíduo. A - Certo B- Errado Resposta Correta: B – Errado Comentário: A epidemiologia e os estudos epidemiológicos estão associados à grupos populacionais. UM BREVE RESUMO Tipo de estudo Retrospectivo Prospectivo Transversal Nome alternativo Caso-controle Coorte (exposto e não expostos) Estudos de prevalência Características Estuda no tempo para trás; Investiga-se no tempo para Estuda no tempo para frente; O ponto de partida para o futuro é a exposição ao fator Estuda a situação de exposição e efeito de uma população em 49 trás a presença ou ausência de fator suspeito; Frequentement e utilizados. em estudo. um ÚNICO momento. Vantagens Simples; Fáceis; Baratos; Geram novas hipóteses Informam a incidência; Permitem calcular o risco relativo; Os indivíduos são observados com critérios diagnósticos uniformes; Simples; Rápidos; Econômicos; Desvantagens Determinação do risco relativo é só aproximada; Não se pode determinar a incidência; Baseia-se na memória do caso e do controle. Resultado a longo prazo; Alto custo Desenvolvimento complexo. Não quantificam o risco de desenvolver uma doença; 50 QUESTÕES 1. (2016/INSTITUTO AOCP/CASAN) A disciplina que corresponde ao estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes dos estados ou eventos relacionados à saúde em específicas populações e a aplicação desses estudos no controle dos problemas de saúde é: a) toxicologia b) biologia. c) epidemiologia. d) antropologia. e) bioestatística. 2. (2010/IDECAN/Prefeitura de Ipatinga – MG) Uma das questões centrais da epidemiologia é a busca da causa e dos fatores que influenciam a ocorrência dos eventos relacionados ao processo saúde-doença. Com este objetivo, a epidemiologia descreve e compara: a) A frequência e a distribuição destes eventos, comparando sua ocorrência em diferentes
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