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1 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG Faculdade de Odontologia – FOUFMG PERIODONTIA Belo Horizonte Segundo semestre de 2013 2 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Sumário Matéria Página ASPECTOS CONCEITUAIS E EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS PERIODONTAIS 4 Aspectos conceituais 4 Profundidade de Sondagem (PS) 4 Sondagem ideal 4 Sangramento à Sondagem (SS) 5 Supuração 5 Nível Clínico de Inserção (NCI) 6 Recessão Gengival ou Periodontal 6 Atividade de Doença Periodontal 6 Envolvimento de Furca 6 Mobilidade dentária 7 Análise radiográfica 7 Classificação AAP 2000 7 RASPAGEM E ALISAMENTO RADICULAR 8 Fatores que predizem alterações clínicas com raspagem e alisamento radicular 8 Tratamento Periodontal (3 fases) 8 Instrumentos para raspagem e alisamento radicular 9 Técnica de raspagem e alisamento radícula 10 Instrumentos de raspagem ultra-sônicos 11 Polimento coronário 11 ETIOPATOGENIA DAS DOENÇAS PERIODONTAIS 12 Aspectos relacionados ao hospedeiro 13 Fases da lesão periodontal 15 Processos de defesa do hospedeiro 17 Aspectos Relacionados à Microbiota 18 MICROBIOLOGIA E HISTOPATOLOGIA DA DOENÇA PERIODONTAL 19 Estágios clínicos da gengivite inflamatória 22 Características comuns a gengivites induzidas por biofilme dental 22 Doenças gengivais associadas a medicamentos (aumento gengival) 23 Classificação de Aumento Gengival 23 Gengivite Ulceronecrosante (GUN) 24 FATORES DE RISCO PARA AS DOENÇAS PERIODONTAIS 25 Qual a importância em identificar fatores de risco? 25 Idade 27 Gênero 27 Raça / Etnia 27 Nível socioeconômico 28 Genética 28 Microbiota 28 Tabagismo 29 Diabetes 30 Estresse 30 Osteopenia e Osteoporose 30 3 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Infecção HIV – AIDS 31 PERIODONTITES AGRESSIVAS 32 Parâmetros em Periodontites Agressivas 33 Características 33 Periodontite Agressiva Localizada 34 Periodontite Agressiva Generalizada 35 Diagnóstico 35 Considerações para o tratamento 37 DETERMINAÇÃO DO PROGNÓSTICO PERIODONTAL 39 Plano de tratamento periodontal 41 TRAUMA OCLUSAL PERIODONTAL 41 Força oclusal 41 Perda de suporte periodontal: Etiologia 41 Mobilidade dental 42 Trauma oclusal + doença periodontal associada à placa 42 Conclusões 43 PRINCÍPIOS GERAIS BÁSICOS DE CIRURGIAS PERIODONTAIS 44 Reavaliação 44 Indicações 45 Contra indicações 45 Objetivos 45 Instrumental 46 Incisões 47 Suturas 47 Recomendações 48 CIRURGIA PERIODONTAL CONSERVADORA 49 Retalho de Widman Modificado 49 Técnica cirúrgica 50 ENAP 51 TERAPIA PERIODONTAL DE SUPORTE – TPS 52 Exame, reavaliação e diagnóstico 54 Cooperação (compliance) 55 MANUTENÇÃO PERIODONTAL 56 Classificação de Merin 56 Metodologia para Avaliação do Risco Periodontal - Modelo ARP proposto por Lang & Tonetti (2003) 56 4 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão 13-09-2013 Fernando de Oliveira Costa ASPECTOS CONCEITUAIS E EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS PERIODONTAIS É uma doença que atinge as estruturas de proteção e sustentação do dente acometendo milhões de pessoas em todo o mundo. Nunca se deve considerar aspectos macroscópicos para caracterizar um paciente como portador de doença periodontal. Ela tem, na maioria dos casos, característica lenta. Aspectos conceituais Parâmetros clínicos e radiográficos (mensuração de e diagnóstico) Profundidade de sondagem periodontal (PS) Nível clínico de inserção (NCI) Sangramento a sondagem Envolvimento de furca Mobilidade dental Análise radiográfica Profundidade de Sondagem (PS) Distância, em mm, da margem gengival ao fundo do sulco gengival ou da bolsa periodontal. Bolsa periodontal = PS > 4mm – esta quantidade é considerado um ponto de corte entre o saudável e o doente. Assim, o paciente com PS inferior a 4mm é considerado saudável (se for considerado apenas este parâmetro). Sondagem ideal Extremidade da sonda periodontal deveria localizar-se na porção mais apical do epitélio dentogengival (fundo do sulco gengival / bolsa periodontal). Deve ser feito de maneira suave, penetrando na porção mais apical chegando ao fundo da bolsa periodontal. Podendo variar entre os indivíduos. O nível deve ser avaliado preferencialmente em 6 sítios. Variáveis na sondagem Espessura da sonda – sondas muito rombas (largas) não são capazes de chegar ao fundo, devendo, assim, usar sondas mais delicadas. Tipo de sonda o OMS – sonda que marca 3,5 e 5,5mm (não serve para a prática periodontal) o UCN (Sonda Carolina do Norte) – sonda que marca de 1mm em 1mm até 10mm 5 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Posicionamento incorreto deve ser evitado, considerando: o Inclinação / angulação – inserida paralela ao longo eixo do dente o Anatomia do dente o Cálculo – sonda encosta no cálculo e não chega ao fundo. Obtendo assim uma falsa profundidade de sondagem, sendo esta menor que a real. Pressão aplicada – caso a pressão seja exacerbada, a sonda pode romper o epitélio juncional ultrapassando o fundo da bolsa/sulco obtendo uma profundidade de sondagem maior que a real, alem de provocar sangramento. Grau do infiltrado inflamatório e da perda do colágeno – tecido mais inflamado permite uma maior entrada da sonda, porem este tecido também é mais sensível. Isso pois o tecido mais inflamado possui um aumento de volume em decorrência da vasodilatação e acúmulo de líquidos, assim sua camada superficial fica mais delgada, tendo uma maior susceptibilidade ao trauma e ao sangramento. Quando alterada sinaliza periodontite = espessa gravidade da DP Pode alterar devido ao processo inflamatório ter diminuído Valor diagnóstico questionável: sujeita a variáveis clinicas e erros sistemáticos. Um sítio alterado é um sitio doente e pede uma intervenção. Extensão – número de sítios afetados Gravidade – quantidade da severidade Sangramento à Sondagem (SS) O sangramento no sulco gengival / bolsa periodontal relaciona-se com a presença de infiltrado celular inflamatório, podendo indicar atividade da D.P. o A atividade do processo inflamatório leva a uma destruição dos tecidos, podendo seguir para perda da inserção periodontal. Supuração Exudato Não relaciona-se com gravidade da bolsa periodontal Relaciona-se com a presença de infiltrado celular inflamatório, podendo indicar atividade da Doença Periodontal. Para sua avaliação, podemos usar a porção digital do dedo pressionando a gengiva na região apical do dente, empurrando para incisal, assim o exudato sairá pelo sulco. Pseudobolsa: edema inflamatório (tumefação) causa migração coronal da margem gengival. Não há migração do epitélio juncional ao nível apical da junção ameloblástica. Anotações:_____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 6 Cadernode Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Nível Clínico de Inserção (NCI) Distância, em mm, da junção amelocementária ao fundo do sulco gengival / bolsa periodontal. Bom valor diagnóstico. Somente o registro da perda de inserção clínica não indica atividade de periodontite e não distingue história atual de pretérita de doença periodontal, uma vez que esta pode ser causada por outros fatores como trauma oclusal. O nível clínico de inserção é a soma entre a quantidade de recessão + o valor da profundidade de sondagem. Recessão Gengival ou Periodontal Distância da linha amelocementária (LAC) à margem gengival. Pode ocorrer perda de inserção sem um aumento da profundidade de sondagem. Atividade de Doença Periodontal Momento de perda da inserção periodontal (ligamento periodontal, cemento e osso alveolar). Indicadores clínicos: PS aumentada com sangramento à sondagem e/ou presença de supuração e monitoramento longitudinal controlado da perda de inserção clinica periodontal. Envolvimento de Furca Processo destrutivo das estruturas de suporte na área de furca ao redor de dentes bi ou multirradiculares. Área de difícil acesso para limpeza e tratamento. Os conceitos mais usados para a classificação de furca é uma medida HORIZONTAL: Grau 1: Perda horizontal de até 1/3 da largura do dente (normalmente até 2mm), a sonda tem pouca retentividade. Grau 2: Perda horizontal > 1/3 da largura do dente, não envolvendo totalmente a área da furca Grau 3: Perda horizontal dos tecidos que suporte da furca, de lado a lado Considerar também o envolvimento vertical na furca. Normalmente a gravidade é maior do que a mensurada ao se associar os fatores. É importante avaliar a perda no sentido VERTICAL também. Subclasse A – até 3mm de perda de tecido ósseo Subclasse B – de 4 a 6mm de perda de tecido ósseo Subclasse C – maior ou igual a 7mm de perda de tecido ósseo Assim nós associamos os envolvimentos Vertical e Horizontal. Tendo uma visão mais próxima da gravidade da recessão. 7 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Mobilidade dentária Pode ocorrer devido á um processo de perda contínua do tecido de suporte dentário devido a inúmeros fatores. Ex: doença periodontal, trauma de oclusão, sobrecarga, lesões periapicais, pós-operatório, etc. Sinal não patológico, uma vez que o dente pode adquirir mobilidade devido à outros acontecimentos como trauma. Graus de mobilidade Grau 1: Normal clinicamente fisiológica Grau 2: Mobilidade do sentido V-L Grau 3: Mobilidade no sentido V-L e M-D (pode ser difícil avaliar devido à proximidade/contato com os dentes vizinhos) Grau 4: Mobilidade com extrusão e intrusão (cabal) Análise Radiográfica Fornece informação da altura e da configuração do osso alveolar interproximal Valor diagnóstico auxiliar. Associar sempre com profundidade de sondagem, nível de inserção, presença de sangramento ou supuração. Técnicas mais indicadas: periapical com paralelismo (cone longo) e interproximais (Bite Wing) Não distingue casos tratados de não tratados A imagem fornecida é menos grave que a perda real Importante para verificar a distribuição da perda óssea (localização) O exame radiográfico é um meio auxiliar importante no diagnóstico, nunca devendo ser usado separadamente para o diagnóstico de doenças periodontais. Classificação AAP 2000 Academia Americana de Periodontia Doenças gengivais (gengivites associada à placa e não associadas à placa) Periodontite crônica Periodontite agressiva Periodontites associadas à doenças sistêmicas Doenças periodontais necrotizantes Abscessos do periodonto Periodontites associadas a lesões endodôntica Deformidades e condições desenvolvidas ou adquiridas Anotações:_____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 8 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão 20-09-2013 Telma RASPAGEM E ALISAMENTO RADICULAR Objetivos Determinar a reorganização tecidual, através da remoção dos fatores que provocam inflamação (placa, tártaro, cemento alterado). Reduzir ou eliminar a inflamação Reduzir a profundidade de sondagem Tornar a superfície dentária mais fácil para a limpeza manual pelo paciente. Conceito Raspagem: é o processo pelo qual o biofilme e o cálculo são removidos das superfícies dentárias supra e subgengivais, através de instrumentos manuais (curetas) ou ultrassônicos. Alisamento radicular: técnica de instrumentação pelo qual o cálculo incrustado e as porções do cemento são removidos das raízes para produzir uma superfície lisa, dura e limpa. Sondagem: introdução de uma sonda periodontal dentro do sulco ou bolsa periodontal identificando sua profundidade. Fatores que predizem alterações clínicas com raspagem e alisamento radicular Grau de inflamação tecidual Facilidade de sangramento na instrumentação ou sondagem Proporção e distribuição da inflamação na parede da bolsa Correlação das alterações clínicas com fatores etiológicos Tratamento Periodontal (3 fases) 1. Terapia associada à causa (índice de placa, raspagem supragengival, e alisamento radicular, polimento e aplicação de flúor, raspagens subgengivais). 2. Terapia cirúrgica 3. Terapia Periodontal de Suporte (terapia de manutenção). Indicações da raspagem e alisamento radicular 1. Manutenção da saúde periodontal. 2. Em todo tratamento odontológico. 3. Em todas as fases do tratamento periodontal. 4. Como tratamento preliminar à cirurgia periodontal. 5. Frente à gengiva delgada e friável. 6. Em pacientes com doenças sistêmicas. 7. Pacientes idosos. 8. Pacientes despreparados psicologicamente. 9. Considerações estéticas, regiões anteriores. 10. Casos extremamente avançados de Doença Periodontal 9 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Instrumentos para raspagem e alisamento radicular Cureta, foices, enxadas, cinzéis, limas. Instrumentos ultrassônicos Instrumentos rotatórios Instrumentos de movimento alternado: PER-IO-TOT Instrumentos a laser Er Curetas Bordos arredondados Simples ou dupla Ângulos de corte o Somente um ângulo de corte à instrumentação o Ângulos de corte curvos adaptam-se às superfícies curvas Curtes de Gracey (específicas) Curetas McCall (universal) Curetas Universais Raspadores tipo foice Mcall 1-10 Dentes anteriores Raspadores tipo foice Mc Call 11-12 Dentes posteriores interproximais Curetas Mc Call 13-14 Dentes anteriores superfície cervical Curetas McCall 17-18 Dentes posteriores superfície cervical (molares) Curetas Específicas Gracey n° 1-2 Gracey n° 3-4 Dentes anteriores Gracey n° 5-6 Dentes anteriores e pré-molares Gracey n° 7-8 Gracey n° 9-10 Dentes posteriores: Vestibular e lingual Gracey n° 11-12 Dentes posteriores (pré-molares e molares): mesial Gracey n° 13-14 Dentes posteriores (pré-molares e molares): distal Técnica de raspagem e alisamento radicular 1- Instrumental e equipamentos conferidos e afiados 2- Isolamento relativo – gaze constantemente para limpeza, secagem e hemostasia. 3- Posicionamento do pacientede acordo com a área trabalhada 4- Sondagem prévia para identificar os principais focos e profundidade de bolsa 5- Ponto de apoio: movimento de braço e antebraço para gerar menor esforço 6- Penetração do instrumento: ângulo de trabalho. 10 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Posicionamento do paciente Dentes inferiores o Paciente sentado o Posição do profissional (12 ou 9 horas) Dentes superiores o Paciente deitado o Angulação de braço e antebraço em 90° o Posição do profissional (8 ou 9 horas). Princípios gerais de instrumentação Acessibilidade (posicionamento do paciente e do operador) Boa visibilidade, e boa iluminação e afastamento de lábios e jugal. Condições dos instrumentos (afiação e angulação adequados) Manutenção do campo limpo – biossegurança e visibilidade Estabilização do instrumento – evitar cortes no paciente e nas mãos do operador. Ativação do instrumento o Adaptação à superfície o Angulação, relacionada ao dente – 45º o Pressão lateral, em direção do dente o Movimentos (exploratório e de raspagem e alisamento radicular) Cálculo dental (Tártaro) Placa mineralizada de coloração branco-amarelada ou marrom Cristais de fosfato de cálcio. Adere-se de forma persistente às superfícies dentárias Seu acúmulo pode levar a uma maior retenção de placa. Alisamento Radicular Sondagem periodontal (antes do procedimento e 3 semanas após) Empunhadura da cureta (forma de caneta modificada) Ponto de apoio (intra ou extraoral) Determinação correta da extremidade ativa da cureta (bordo cortante) Adaptação da lâmina da cureta à superfície dentária Posicionamento subgengival da lâmina da cureta. Ângulo de trabalho Pressão lateral em direção à superfície dentária Movimento de exploração Movimento de raspagem Aplainamento radicular Avaliação da área Permanência de cálculo pós-raspagem o Remoção de cemento (repetidas raspagens) o Persistência de bolsa periodontal. 11 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Instrumentos de raspagem Ultra-sônicos Deve-se limpar bem o aparelho antes e após sua utilização, e lavar bem o compartimento que armazena água. Após a limpeza é importante a realização de sua desinfecção com álcool 70%. Completar o compartimento de água e preparar o aparelho para uso. Lembrando que as pontas a serem usadas bem como a proteção da caneta do ultrassom devem ser estéreis. 1- Sintonizar o instrumento produzido leve jato de água na ponta ativa (refrigeração). 2- Usar o sugador, para evitar acúmulo de saliva do paciente e água proveniente do aparelho ultrassônico. 3- Segurar o instrumento em forma de caneta modificada 4- Ativar o instrumento pisando no pedal 5- Fazer movimentos verticais leves e curtos 6- Deslocar o cálculo com a energia vibratória do instrumento 7- Não colocar o instrumento perpendicular à superfície do dente, para evitar lesão no ligamento periodontal e aumento da sensibilidade dentária. 8- Completar a raspagem ou alisamento radicular com instrumentos manuais Polimento coronário Objetivos Remover a placa bacteriana Reduzir a aspereza superficial para se inibir a formação de placa e tártaro (cálculo dental) É realizado com a caneta de baixa rotação, escova de Robinson para as superfícies de sulcos e fissuras alem da região interdental e taça de borracha para as superfícies lisas como as regiões vestibular e palatina. É importante o uso de fio dental ao término do procedimento. A aplicação de flúor (fluoreto de sódio 2% neutro) para descensibilização. Anotações:_____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 12 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão 04-10-2013 Luis Otávio Miranda Cota – luiscota@ufmg.br ETIOPATOGENIA DAS DOENÇAS PERIODONTAIS Bibliografia indicada: Patogênese da periodontite, capítulo 11, Lindhe 5ª edição Patogênese periodontal, capítulo 21, Carranza 11ª edição Doença periodontal Anos 70/80 – microrganismos o Natureza infecciosa o Grupos de bactérias gran negativas anaeróbicas – infecção bacteriana mista, agrupadas de acordo com sua função na formação e postergação do biofilme. o Necessidade X Suficiência Importante saber como as bactérias se comportam para ajudar a realizar um trabalho adequado sobre a patologia. Anos 90 – hospedeiro o Mecanismos de defesa o Fatores de risco Intrínsecos Extrínsecos Seymour & Taylor, 2004 Etiopatogenia Fatores ambientais placa - microorganismos específicos Hospedeiro Suceptível 13 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Aspectos relacionados ao hospedeiro Doença periodontal Origem infecciosa Natureza inflamatória crônica Hospedeiro dependente – imuno-inflamatória Sitio específicos – sítios com mais ou menos perda periodontal (em um mesmo indivíduo) Progressão não linear – ora ativa ora inativa Surtos de atividade → “Atividade de Doença” Período de quiescência – inatividade Lindhe et al., 1983, Albandar et al., 1986, Godson & Socransky, 1986, Albandar, 1990, Offenbacher, 1996, Papapanou, 1996 A resposta do hospedeiro Resposta inflamatória aguda crônica à agressões bacterianas. Alterações vasculares – neoformação vascular, vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular. Alterações epiteliais Destruição da matriz tissular Aumento do infiltrado de neutrófilos plasmócitos Citocinas proinflamatórias e antiinflamatórias Destruição óssea Aprofundamento da bolsa periodontal 1º relato formal Page & Schroder (1976) o Modelo animal o Características celulares o Características histológicas o Doença periodontal inflamatória (como um grupo geral) Lesão inicial – (Gengiva clinicamente Sadia) Alterações do plexo vascular – sinal inicial de inflamação Inicio de alterações vasculares e exudativas Aumentos da permeabilidade vascular Extravazamento de proteínas Deslocamento de leucócitos Predominância de neutrófilos Lesão precoce – (Fase aguda – Gengivite) Aumento do número de vasos Inicio de proliferação epitelial Destruição de colágeno Degeneração de fibroblastos Neutrófilos e linfócitos predominam Aumento do fluxo do fluido gengival Sinais clínicos visíveis (vermelhidão, edema e sangramento) 14 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Lesão estabelecida – (Fase crônica – Gengivite) Intensificação do estado inflamatório Aumento de exudato Aumento da migração celular Plasmócitos predominam no conjuntivo Aumento da perda de colágeno Aumento epitelial com proliferação das cristas Pode permanecer estável (como gengivite) ou progredir (para periodontite). Lesão avançada – (Transição da gengivite para periodontite) Migração apical do epitélio Proliferação apical daplaca bacteriana Dano extenso às fibras de inserção Reabsorção óssea Aumento de infiltrado celular com predomínio de plasmócitos. 15 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Gengiva clinicamente normal parece conviver com o desafio bacteriano contínuo sem progredir para a gengivite clínica devido a: Barreira do epitélio juncional Descamação de células epiteliais Fluxo do fluido crevicular gengival que “lava” o sulco gengival. Presença de anticorpos no fluido Função fagocítica de neutrófilos presentes no meio. Efeito danoso do complemento “...Existem muitos fatores ainda desconhecidos relacionados com a progressão de gengivite para periodontite...” Fases da lesão periodontal Kornman et al., 1997 1ª Fase – Agressão Microbiana Aguda Resposta epitelial A presença de placa no sulco vai responder a uma agressão o Citocinas o Moléculas de adesão o Substância P o IL1 / IL8 / INFγ / TGFβ o β defensinas Exposição do epitélio aos produtos bacterianos (citocinas, quimiocinas, LPS) Epitélio o Função sinalizadora o Função protetora Mudanças epiteliais para facilitar a permeabilidade e o influxo de neutrófilos – amento do espaço intersticial, promovendo um maior afastamento celular. Basicamente caracteriza respostas epiteliais e moleculares iniciais às bactérias. Se tornam evidentes na fase seguinte. Vide figura na página 16 16 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão 2ª Fase – Resposta Inflamatória Aguda Alterações tissulares aos sinais iniciais o Plexo dentogengival Ativação de células endoteliais, aumento da permeabilidade, extravazamento de fluido e migração leucocitária. Migração leucocitária seletiva Neutrófilos → 1ª linha de defesa local – impede a proliferação apical e lateral da placa bacteriana. o Epitélio juncional Aumento do espaço intercelular, aumento do fluxo de fluido e infiltração neutofílica Extravazamento vascular facilita a resposta local Migração seletiva de leucócitos para o tecido conjuntivo Migração de neutrófilos para o sulco gengival Basicamente caracteriza uma resposta defensiva aos produtos bacterianos (resposta aguda). Sendo evidenciada por: Ativação de moléculas de adesão Aumento da migração de neutrófilos Extravazamento e ativação de proteínas plasmáticas Proliferação epitelial Acúmulo de células mononucleares no tecido conjuntivo 3ª fase – Resposta imune – local e sistêmica Ativação de células do plasma o Replicação de linfócitos T e B, ativação de células apresentadora de antígenos. o Aumento do número de linfócitos, plasmócitos e macrófagos o Diminuição da síntese de colágeno o Produção de anticorpos 4ª fase – Regulação/ resolução Determinação da proteção ou destruição o 1º evasão bacteriana da defesa o 2º Fatores modificadores do hospedeiro 17 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Processos de defesa do hospedeiro Resposta inata – não específica – função de barreira do epitélio, resposta inflamatória celular e vascular. Resposta adaptativa – específica – mecanismos imunológicos Processo dependente de células T – Linfócitos T auxiliares (Helper) produzem citocinas que regulam a maioria de funções do sistema imune adaptativo. Gemmell & Seymour, 2004 Gengivite Resposta imune inata TH1 Imunidade mediada por células + produção de anticorpos protetores Lesão estável Periodontite Pobre resposta imune inata + bactérias periodontopatógenas TH2 Produção de anticorpos não protetores Lesão progressiva 18 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Essência da patogênese da doença periodontal Aspectos Relacionados à Microbiota Mecanismos de patogeneicidade Fatores de virulência o Substâncias que causam dano tecidual – (H2S / metaloproteinases) o Substâncias que induzem o dano tecidual – (LPS) Fatores essenciais para colonização bacteriana o Adesão (adesinas e estruturas especializadas) o Co-agregação – formação de colônias multibacteriana o Multiplicação bacteriana o Relações intermicrobianas (bacteriocinas e interações positivas) o Invasão tecidual Agregatibacter actinomycetemcomitans o Fimbrias o Cápsula o Leucotoxina o Invasão tecidual Porphyromonas gingivalis o Colagenase o Proteases o Endotoxinas o LPS o Invasão celular 19 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão 04-10-2013 Wagner Rodrigues Santos – vegneer2003@yahoo.com.br MICROBIOLOGIA E HISTOPATOLOGIA DA DOENÇA PERIODONTAL Epidemiologia das doenças periodontais – prevalência das doenças periodontais Doenças gengivais Periodontite crônica Periodontites agressivas Manifestações periodontais de doenças sistêmicas Doenças periodontais necrosantes Abscessos periodontais Lesões endoperiais (periodontite x endodônticas) Deformidades e condições desenvolvidas ou adquiridas Gengivite – etiologia Teoria da Placa inespecífica o Diversos agentes patógenos ao mesmo tempo para a progressão da doença Teoria da placa específica o Um único agente patógeno é responsável pela doença À medida que a placa vai se formando há uma troca entre os microorganismos, tendo uma evolução de bactérias mais aeróbias para menos aeróbias, assim as camadas mais superficiais da placa tem bactérias que são mais dependentes de oxigênio, e as camadas mais internas os microorganismos são menos dependentes de oxigênio. 20 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Etiologia microbiana Aggregatibacter actinomycetemcomitans Eikenella corrodens Porphyromonas gingivalis Tanerella forsythia Treponema denticola Prevotella intermedia Prevotella nigrescens Fusobacterium nucleatum Campylobacter rectus Peptostreptococcus micros A diferença principal entre gram negativos e positivos é que a membrana citoplasmática dos Gran negativos possui 2 partes, havendo um espaço periplásico entre elas. Nas positivas há apenas uma membrana Complexo púrpura – Veillonella parvula / Actinomyces odontolyticus Complexo amarelo – Streptococcus mitis / S. oralis / S. Sanguis/ Streptococcus spp / S. gordonii / S. intermedius Complexo verde – Eikenella corrodens / Capnocytophaga spp / Actinobacillus actinomycetemcomitans Complexo laranja – Campilobacter rectus / Porphyromonas intermédia / P. nigrescens / Peptostreptococcus micros/ Fusobacterium nucleatum/ Complexo vermelho – Treponema denticola/ Tanerella forsythia/ P. gingivalis 21 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Enzimas bacterianas Colagenase – enzimas que degradam colágeno Enzima semelhante à tripsina Queratase – enzimas que degradam queratina Arisulfatase Neuraminidase Enzima degradadora – fibronectina Fosfolipase A. • Efeitos nas células do hospedeiro Interleucina - 1 (IL-1) IL-6 IL-8 Fator de Necrose Tumoral (TNF) Prostaglandina E2 Lipopolissacarídeos / Proteina 37 kDa / Células inteiras PMN Macrófagos/ Monócitos Fibroblastos Cel. epiteliais Propriedades bacterianas envolvidas na evasão dos mecanismos de defesa do hospedeiro Proteases degradadoras de IgA e IgG Leucotoxina Proteína de superfície sensível ao calor Cápsula Inibição da produção de superóxido - Toxina de extensão citoletal Citotoxina Supressão Inibição da produção de IL-8pelas células Epiteliais Anotações:_____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 22 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Estágios clínicos da gengivite inflamatória Estágio I – Lesão Inicial (24 a 48 horas), Sem características clínicas evidentes Estágio II – Lesão Precoce Alterações a níveis celulares, Sem características clínicas evidentes. Estágio III – Lesão Estabelecida Gengiva avermelhada ou arrocheada Edemaciada, Lisa e brilhante, Pode ter sangramento provocado ou espontâneo. Reversível Estágio IV – Lesão Avançada Formação do biofilme subgengival Bactérias anaeróbias Formação de bolsa periodontal Características comuns a gengivites induzidas por biofilme dental Sinais e sintomas confinados a gengiva Presença de placa dental Sinais clínicos de inflamação o Crescimento do contorno gengival o Edema o Fibrose o Mudança de coloração – mais avermelhado o Temperatura sulcular elevada, o Sangramento ao toque o Aumento do exudato gengival Sem perda de inserção Reversível pela remoção dos fatores etiológicos Anotações:_____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 23 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Doenças gengivais associadas a medicamentos (aumento gengival) Fenitoina sódica – anticonvulsivante Ciclosporina – imunossupressor para rejeição de enxerto Nifedipina – anti-hipertensivo Clorana – anti-hipertensivo I. Aumento gengival a. Aumento inflamatório i. Agudo ii. Crônico II. II- Aumento induzido por drogas a. Anticonvulsivantes (fenitoina sódica) b. Imunossupressores (ciclosporina A) c. Bloqueadores dos canais de cálcio (nifedipina) III. Aumento Associado a condições sistêmicas a. Aumento condicionado: i. Gravidez ii. Puberdade iii. Deficiência de vitamina C iv. Gengivite plasmocitária v. Granuloma piogênico (não-específico) b. Doenças Sistêmicas causando aumento gengival i. Leucemia ii. Doenças granulomatosas (Sarcoidose, Doença de Wegener) IV. Aumento neoplásico a. Tumores malignos b. Tumores benignos Classificação de Aumento Gengival Localizado Generalizado Marginal Papilar Difuso Discreto 0. Grau 0: Ausente (normal) 1. Grau I: Papila Interdental 2. Grau II: Papila e Gengiva marginal 3. Grau III: ¾ ou + da Coroa Anotações:_____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 24 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Gengivite Ulceronecrosante (GUN) É uma infecção atribuída a uma associação fusoespirilar, também chamada de gengivite ulceromembranosa e boca de trincheira. É um processo agudo que vem quase sempre precedido de traumas psicológicos ou stress, baixas de resistência do organismo, ou mudança de vida. A má higiene bucal pode favorecer o seu aparecimento. A GUN pode surgir em indivíduos sem doença periodontal. Aspectos clínicos - a lesão se restringe à gengiva Qualquer paciente, idade, gênero ou raça (predomínio em mulheres). Sialorréia Odor fétido e Sabor metálico – são o resultado da destruição tecidual e proliferação bacteriana, tornando o quadro clínico característico da lesão. Dor intensa Pseudomembrana cobrindo as papilas dentais – se retirada é possível ver o tecido conjuntivo exposto. Aspecto crateriforme das papilas interdentais (ulceração e necrose) – inversão das papilas Sangramento espontâneo e provocado Paciente estressado / fumante Diferença da Candidíase: esta libera uma pseudomembrana e a mucosa subjacente está normal, diferentemente da GUN. Aspecto histopatológico 4 zonas distintas 1. Zona bacteriana – a mais superficial formada por bactérias como, por exemplo; Fusobacter e Espiroqueta dentícola 2. Zona em neutrófilos – logo abaixo da zona bacteriana, observa-se uma área de infiltração neutrófila predominante, presença de bactérias, incluindo muitas espiroquetas. 3. Zona necrótica – consiste em células destruídas e em desintegração com numerosas espiroquetas e poucos micro-organismos de outros tipos 4. Zona de infiltração de espiroquetas – presença de espiroquetas no tecido vivo, sem outros micro-organismos. O quadro histológico da GUN é o de uma inflamação inespecífica que envolve os tecidos epitelial e conjuntivo. Diagnóstico diferencial Gengivoestomatite herpética primária Tratamento: Paciente pode ingerir Amoxicilina 500mg com Metronidazol 25 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão 18-10-2013 Luiz Otávio Cota FATORES DE RISCO PARA AS DOENÇAS PERIODONTAIS Paradigma Epidemiológico – décadas de 80 e 90 Alta variação nas condições periodontais em diferentes populações e dentro delas. A grande maioria dos indivíduos apresenta problemas insignificantes, enquanto um grupo limitado é afetado por doença avançada. o Grupo de risco A doença NÃO deve ser entendida como consequência inevitável da gengivite. Características das doenças periodontais Origem infecciosa Natureza inflamatória crônica Sítio específica Progressão não linear Surtos de atividade Períodos de quiescência Hospedeiro dependente Evidencia da existência de Fatores de Risco Gengivite é uma condição ubíqua A periodontite não é uma condição comum Pequena quantidade de pessoas e sítios desenvolvem perda de inserção Baixa prevalência de formas destrutivas graves Atividade de doença não tem curso linear e contínuo – pode ter períodos de atividade e estabilidade. Diferentes formas e modelos de progressão Diferentes manifestações na falta de boa higiene bucal “...A periodontite, anteriormente vista como um resultado primário da infecção, hoje é abordada como uma complexa interação entre infecção bacteriana e resposta do hospedeiro, frequentemente modificadapor fatores de risco...” Determinação de causalidade – interferência causal Causalidade suficiente Causalidade necessária Fatores de risco Causalidade multifatorial Critérios o Força da associação o Efeito dose-resposta o Consistência temporal o Consistência de achados o Plausibilidade biológica o Especificidade 26 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Qual a importância em identificar fatores de risco? Classificar o risco, agrupar indivíduos, diferentes estratégias de tratamento e manutenção / prevenção. Definição de risco em periodontia o Alto risco o Médio risco o Baixo risco Avaliação dos fatores de risco o Etapas Identificação de um ou mais fatores individuais Desenvolver um modelo multivariado Populações são avaliadas com base no modelo proposto A exposição aos fatores de risco é modificada por prevenção ou intervenção, e a eficácia deste regime em particular é avaliada. Aspectos conceituais – nomenclatura o Determinante de risco Idade Genética Raça Gênero o Fator de risco Tabagismo Diabetes Patógenos específicos o Indicador de risco Stress Osteoporose HIV / AIDS Nível socioeconômico o Fatores de prognóstico Classificação de variáveis de risco o Biológicas o Sociodemográficas o Comportamentais Anotações:_____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 27 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Idade Diferentes estudos transversais → prevalência e gravidade da perda de inserção (PIC) relacionada à idade. Envelhecimento Mudanças fisiológicas no periodonto, maior desenvolvimento de inflamação e menos ganho de inserção após terapia. Tecido epitelial o Alterações na divisão celular o Alterações de ceratinização Tecido conjuntivo o Redução celular Tecido ósseo o Diminuição da capacidade osteogênica Visão atual Maior acúmulo de doença ao longo do tempo do que uma condição idade especifica. PIC – aumenta com a idade Idade = bom indicador de “agressividade” de doença periodontal Gênero PIC em diferentes graus de gravidade → maior prevalência entre homens Pior higiene oral maior presença de cálculo e placa Por condição periodontal → atitudes menos positivas em relação a saúde menor busca a serviços de saúde pior higiene oral Diferentes atitudes e comportamentos Entretanto – condições hormonais diferentes entre os gêneros. Por isso na mulher pode ocorrer uma maior prevalência de gengivite. Raça / Etnia Diferentes grupos étnicos e raciais → diferenças marcantes Negros x Brancos o Baixa prevalência de PA em populações escandinavas o Maior prevalência de PA em estudantes de descendência africana quando comparado a estudantes brancos. Diferenças genéticas Maior resposta quimiotática de neutrófilos na raça branca Maiores diferenças socioeconômicas na raça negra Diferentes tipos bacterianos em grupos raciais 28 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Maior risco de P. gingivalis em negros americanos Cepas mais virulentas População brasileira em geral No Brasil, diferentemente de outros, há uma miscigenação muito grande, com isso temos um grupo racial muito heterogênio e multiétnico. Nível socioeconômico Nível socioeconômico → acesso a recursos e oportunidades → influência nos comportamentos preventivos Gengivite pobre higiene oral Periodontite ajuste para outros fatores podendo não ser significante Confundimento: o Nível socioeconômico, fatores nutricionais o Fatores culturais o Diferenças étnicas / raciais Genética Padrão de agregação familiar Ocorrência intrafamiliar de síndromes relacionadas o Anormalidades leucocitárias o Produção IL-1, PGE2, TNF-alfa o Polimorfismos IL1 ALFA IL1 BETA IL10 TNF ALFA TGF BETA Microbiota O microorganismo estava presente no inicio da doença ou colonizou o sitio após a ocorrência da doença? Postulados de Koch modificados por Socransky o O micoroorganismo deve ocorrer em grandes números em sítios com doença ativa (em relação a sítios inativos) o A eliminação do microorganismo deve limitar / suspender a progressão da doença o O microorganismo deve induzir uma resposta imune humoral ou celular o Estudo de patogenicidade em animais devem fornecer evidências de potencial para a doença 29 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Patógenos mais prevalentes Porphyromonas gingivalis Tannerella forsythia Aggregatibacter actinomycetemcomitans Atributos comuns o Gran negativos, Produtores de lipopolisacaride (LPS) – Modula a resposta de células no hospedeiro. o Capazes de invadir a barreira mucosa e células epiteliais o Produzem fatores que evadem mecanismos antibacterianos da defesa imune (cápsula antifagocitária, proteases, outros). Resultados controversos Associações entre microflora e periodontite são estabelecidas em estudos transversais. Entretanto a presença de patógenos tem baixa previsão de progressão de doença em estudos longitudinais. Presença bacteriana + carga bacteriana X Eliminação bacteriana + estabilidade periodontal Tabagismo Sinais de doença de 3 a 6 vezes maiores e mais graves Progressão de doença mais rápida Efeito importante no efeito do tratamento Não pode ser atribuída a maior precariedade do controle de placa ou a composição da microflora Importante fator de risco para DPs Mais de 4.000 toxinas diferentes como: o Nicotina, Cianeto de H e CO Efeitos locais Afetam a vascularização o Podem agir como vasoconstritores o Isquemia dos tecidos o Redução da resposta vascular inflamatória o Redução do reparo celular o Diminuição do potencial de oxigênio Efeitos sistêmicos Resposta celular e humoral o Diminuição da quimiotaxia e sinalização o Diminuição da fagocitose o Diminuição da produção de anticorpos Efeitos cumulativos e dose-dependentes O fim do hábito de fumar melhora os sinais clínicos da doença. 30 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Diabetes Diabetes Mellitus Maior destruição Periodontal e risco aumentado para indivíduos diabetes tipo I e tipo II Gravidade de DP parece estar associado ao controle do diabetes Importante fator de risco para DPs. Controle glicêmico inadequado (hemoglobina glicosilada) o Aumento dos produtos finais de glicação o Ativação de receptores celulares o Aumento da resposta inflamatória Espessamento de vasos Diminuição de quimiotaxia de neutrófilos Alterações na fagocitose Alterações no metabolismo de colágeno Pequenas diferençasna microflora, em relação ao paciente sem diabetes, porem não suficientes para explicar graus diferentes entre os pacientes. Controle glicêmico melhora a condição periodontal e o prognóstico do caso Estresse Interfere diretamente no hipotálamo, interferindo na produção do cortizol Sistema neuro endócrino – sistema imune o Efeitos inibitórios na resposta celular Monócitos Macrófagos Linfócitos Mastócitos o Supressão de produção de citocinas Alterações comportamentais o Tabagismo o Auto cuidado – práticas de higiene Osteopenia e Osteoporose Mulheres pós-menopausa pobre higiene oral → maior perda de inserção periodontal Perda de densidade óssea sistêmica o + Alteração hormonal o + Hereditariedade o + Fatores do hospedeiros 31 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Infecção HIV – AIDS Com o sistema imune deficiente devido à contaminação pelo vírus, maior a possibilidade de atuação bacteriana bem como sua proliferação, levando a um aumento do agente patógeno e uma maior destruição tecidual. No entanto uma vez que o sistema imune esteja deficitário pode haver uma menor resposta ao agente agressor, com uma menor inflamação tecidual. A combinação destes dois fatores pode influencia no grau de severidade da doença. Aplicações Tentativa de identificar cada vez mais e classificar o indivíduo, possibilitando assim um correto tratamento. Terapia periodontal de suporte Avaliação continua dos riscos múltiplos Diagramas de risco – Paciente x Dente x Sítio 32 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão PERIODONTITES AGRESSIVAS Bibliografia: Carranza e Lindhe Estudar classificações da periodontite Classificação da academia americana de periodontia o Crônica – mais lenta, mais moderada, normalmente em adultos após 30 anos. o Agressiva – mais rápida, mais grave, normalmente em jovens. o Necrosante Infecção bacteriana – apresentações clínicas polimórficas – diferentes formas da mesma doença Epidemiologia Compreensão da historia natural das DPs Diferentes formas clínicas da doença Nenhuma característica clínica, histopatológica, ou microbiológica que realmente diferencie formas distintas de doenças pode ser identificada. Evidências para a existência de formas verdadeiramente diferentes Consenso clínico de um prognóstico diferente, necessidade de abordagem e terapêutica diferente. Heterogeneidade na etiologia Heterogeneidade na suscetibilidade genética e ambiental Histórico de classificações Classificação da AAP (1989) Workshop europeu (1993) Classificação da AAP (1999) o Apesar de avanços, a definição de DP permanece baseada na definição de síndromes específicas. (Tonetti e Mombelli, 1999) Critérios para definição das periodontites Relação com condições sistêmicas Idade e referencia à puberdade Envolvimento da dentição permanente/decídua Distribuição das lesões Gravidade das lesões Progressão das lesões Resposta à terapia Classificação internacional 1999 Crônica Agressiva Necrosante PJL e PJG (juvenil) – PA (localizada e generalizada) PJG (juvenil) – PCG ou PAG PPB – PD manifestação sistêmica 33 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Epidemiologia DP agressivas → DP início precoce Doenças raras, 0,1 a 1% dos indivíduos, 5% em algumas populações Dados radiográficos para estimativa O que é periodontite agressiva? O que difere periodontite crônica de agressiva? Quais as implicações clínicas? o Propedêuticas? o Terapêuticas? Parâmetros em Periodontites Agressivas Definição Tipos distintos de periodontite afetando pessoas que, na maioria dos casos, são aparentemente saudáveis (sem problemas médicos específicos). (Podem ser localizadas ou generalizadas). Armitage, 1999 Características secundárias (presentes, mas não universais). Quantidades de depósitos são inconsistentes com a gravidade da destruição tecidual Rápida progressão da perda de inserção e perda óssea. Normalmente indivíduos mais jovens Características Pacientes clinicamente saudáveis Rápida perda de inserção e destruição óssea Quantidade de depósitos bacterianos inconsistente com a gravidade Agregação familiar Elevadas proporções de Aa e Pg Anormalidade fagocitárias Fenótipos de macrófagos hiperresponsivos (PGE-2 e IL-1 elevados) Localizada (até 30% dos sítios) Generalizada (mais de 30% dos sítios) Ambas podem ser classificadas de acordo com a gravidade da perda de inserção o Leve = 1mm ou 2mm o Moderada = 3mm ou 4mm o Avançada = 5mm ou mais Formas localizadas → ausência de tratamento → forma generalizada “...estado atual de incerteza em relação a etiologia e suscetibilidade, PAL e PAG podem representar variações fenotípicas das mesma doença...” 34 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Periodontite Agressiva Localizada Inicio circumpuberal (13-14 anos) Dano periodontal restrito a 1°s molares e incisivos Padrões atípicos podem ocorrer Agregatibacter actinomycetencomitans Anormalidades da função neutofílica Alta resposta sérica de anticorpos contra patógenos Anotações:_____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 35 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Periodontite Agressiva Generalizada Afeta pessoas antes dos 30 anos (embora possa ocorrer em pacientes mais velhos) Dano periodontal interproximal generalizado 3 dentes permanentes alem de 1° molares e incisivos Perda de inserção em períodos episódicos Agregatibacter actinomycetencomitans e Porphyromonas gingivalis Anormalidades da função neutofílica Pobre resposta sérica de anticorpos contra patógenos Normalmente há um comprometimento grande de região de furca Diagnóstico Parâmetros o Sindrômico o Etiológico o Genético Síndrome – conjunto de sinais e sintomas associados a uma mesma patologia que em conjunto definem um diagnóstico ou quadro clínico Síndromes PIP Relação com condições sistêmicas Idade de inicio e referencia à puberdade Envolvimento da dentição permanente / decídua Distribuição das lesões Gravidade da destruição Taxa de progressão Resposta a terapia 36 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Critérios para o diagnóstico Clínicos o NIC o OS o Idade Radiográficos o Perda óssea alveolar em um determinado momento e/ou longitudinalmente. Em virtude da perda óssea nas PA ser de 3 a 4 vezes mais rápida do que na periodontite crônica, quando o diagnostico é precoce, o prognostico é mais favorável para o tratamento. Devemos ainda considerar o papel reparador / regenerativo do periodontite, que em indivíduos jovens pode ser muito melhor que o observado em periodontite crônica. Etiologia Especificidade bacteriana o A.a em 90% dos sítios o A.a e progressão da doença o Elevada resposta imune o Sucesso no tratamento e diminuição nos níveis de A.a o Fatores de virulência do A.a Leucotoxina – destrói leucócitos PMN e macrófagos Endotoxina – ativa células a produzir mediadores Bacteriocina– Inibe espécies benéficas Fatores imunossupressores – Inibe a produção de IgG Colagenases – leva a degradação de colágeno Fatores de inibição – Inibe a quimiotaxia de leucócitos Desafios o Ausência de associação A.a e formas agressivas em alguns casos o A.a em sítios saudáveis podem ser encontrados Susceptibilidade (parâmetro genético) Desproporção entre quantidade de depósitos bacterianos e destruição tecidual Agregação familiar de casos Gravidade da destruição X Idade Taxa de progreção Estimativa da virulência dos fatores etiológicos 37 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Curiosidades o Estudos mostrando 40 a 50% de indivíduos afetados em grupos familiares o Padrão mendeliano de um gene de maior expressão (fator predisponente) o Autossômico dominante, mas modificado pelo fenótipo o Defeitos neutrofílicos, habilidade reduzida em produzir IgG2 o Disfunção de actina (afeta diapedese dos PMN) o Disfunção em receptores para fagocitose DP agressiva implica uma infecção com uma microflora altamente virulenta e/ou um alto nível de susceptibilidade do hospedeiro Diagnóstico Existe periodontite? Existe doença sistêmica? Sinais e sintomas de doença necrosante? Diferenciar entre crônica e agressiva Objetivo terapêutico Alterar ou eliminar a microbiota etiológica e fatores de risco contribuintes Paralisar a progressão da doença Preservar a dentição em função, conforto e estética. Prevenir a recorrência de doença Regeneração periodontal pode ser almejada quando indicado “Devido à complexidade das doenças agressivas em relação a fatores sistêmicos, defeitos imunes, e microflora, o controle da doença pode não ser possível em tosos os casos. Assim, um objetivo razoável do tratamento seria diminuir a progressão da doença.” Considerações para o tratamento Pacientes devem ser informados Processo da doença Possíveis complicações Alternativas terapêuticas Resultados esperados Responsabilidade no tratamento Consequências do não tratamento (perda rápida e progressiva dos tecidos de suporte e perda dentária) Pacientes ou seus responsáveis legais podem tomar decisões acerca da terapia. Instruções de higiene oral Reforço no controle de placa Motivação do paciente RAR supra e subgengival Controle de fatores locais 38 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Terapia oclusal se necessário Terapia cirúrgica se necessário Terapia periodontal de suporte Alem disso... o Avaliação médica geral Particularmente em casos resistentes a terapia o Decisões médicas e odontológicas em conjunto o Modificação de fatores de risco o Terapia inicial isolada é geralmente ineficiente o Terapia antimicrobiana em conjunto com RAR (com ou sem cirurgia) o Identificação microbiológica, raramente usada, mas em casos resistente é importante seu uso, para a indicação de uma terapia antimicrobiana mais específica. o Recorrência de perda de inserção adicional após tentativas do controle da infecção Coleta de amostras subgengivais Testes de sensibilidade a antimicrobianos Escolha do regime adequado Terapia convencional conjunta Reavaliação microbiana Controle de fatores de risco Programa de manutenção rigoroso O resultado em longo prazo depende da cooperação do paciente e manutenção em intervalos regulares, devido ao possível de natureza familiar a avaliação e aconselhamento familiar devem ser uma estratégia. O elemento diferencial do tratamento da periodontite agressiva se refere a esforços específicos para afetar a composição e não somente a quantidade da microbiota. Patógeno Tratamento Paciente 39 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão 25-10-2-13 DETERMINAÇÃO DO PROGNÓSTICO PERIODONTAL Diagnóstico Prognóstico Plano de tratamento Tratamento Reavaliação Classificação das doenças que acometem o periodonto Doenças gengivais podem ser associadas ou não a placa Periodontite agressiva – mesmo com uma boa higiene oral, pouca quantidade de placa e tártaro, há uma perda significante das estruturas periodontais, sendo de difícil tratamento. Periodontite agressiva localizada – semelhante à anterior, no entanto é mais local, normalmente na região de 1° molar. Periodontite crônica Gengivite associada à placa – uma vez realizada a limpeza e polimento dental, há uma significativa redução de inflamação e regressão da doença. Risco x Prognóstico Risco – probabilidade que um indivíduo tem de adquirir uma doença em um período específico Prognóstico – é a previsão do curso ou consequência e desfecho de uma doença. Informação essencial Vontade dos pacientes em manter os dentes Capacidade de controle de placa Condição socioeconômica. Global A dentição dever ser mantida? O tratamento deve ser tentado? É provável ter sucesso? Os dentes remanescentes podem suportar uma carga aumentada da prótese? Fatores a serem considerados o Avaliação da resposta ósseas passada o Altura óssea remanescente o Severidade da doença o Idade – extremamente importante o N° e posição dos dentes remanescentes o Antecedentes sistêmicos o Grau de inflamação tecidual o Má-oclusão o Fatores ambientais 40 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Unitários – fatores a serem considerados Mobilidade – quanto maior a mobilidade, menor estabilidade do dente no arco, quanto maior a mobilidade em decorrência da perda de suporte pior a possibilidade de recuperação. o Pode ser causada por: Perda de suporte periodontal Trauma oclusal – remoção do trauma pode resolver Alterações endodônticas – tratamento endodôntico pode resolver. Lesões de furca – há uma grande dificuldade de higienização tanto por parte do paciente quando do dentista, sendo extremamente difícil sua limpeza por curetas. Bolsas periodontais – quanto mais apical a localização da bolsa, pior o prognóstico. Defeitos infra-ósseos Dentes adjacentes a áreas desdentadas – estudar a possibilidade de estes dentes suportarem uma carga aumentada. Relação ao nível ósseo. Perda óssea horizontal = sem regeneração Perda óssea vertical = variável (pode ou não ser regenerada) Prognóstico excelente Nenhuma perda óssea Nenhuma mobilidade Sem perda dental Prognóstico bom Suporte ósseo adequado Boa estabilidade dos dentes Possibilidade de controle dos fatores Presença de dentes adjacentes Prognóstico regular Suporte ósseo menor do que o adequado Alguma mobilidade dental Possibilidade de controle dos fatores Prognóstico ruim Perda óssea moderada para avançada Mobilidade dental Dificuldade de controle de placa Perda dental adjacente Prognóstico desfavorável Perda óssea avançada Mobilidade dental de alto grau Impossibilidade de controle de placa Referencias: Carranza Periodontia Clínica 41 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Plano de tratamento periodontal Estabelecer condições para um controle de placa Evitar a perda de inserção periodontal Regenerar o ligamento periodontal Fases Terapia causal – limpeza, raspagem, alisamento radicular, eliminação de dentes condenados. Terapia corretiva – cirurgias periodontais Terapia de suporte – manutenção periodontal 01-11-2013 Marcus Martins Guimarães TRAUMA OCLUSAL PERIODONTAL Objetivos da aula Conceituar Diagnosticar Diagnóstico diferencial Interação TP + DP Conceito “Lesão do aparelho de inserção devido à força oclusal excessiva.” Glossário de termos periodontais AAP, 1988. Há uma confusão entre os profissionais para o diagnóstico entre o trauma oclusal e a doença periodontal. Força oclusal A estrutura dental e periodontal são adaptadas para exercer uma determinada força de trabalho, uma atividade constante pode fazer com que a estrutura periodontal tente se adaptar aumentando sua força. Caso isso não aconteça pode gerar uma lesão progressiva do órgão dental ou gerar a adaptação funcional. A direção e intensidade de força também são importantes fatores para essas adaptações, por exemplo, o dente é preparado para receber forças axiais (da porção coronária para a radicular em sentido ao longo eixo do dente), se ele começar a receber forças laterais pode interferir nas estruturas afetadas. Perda de suporte periodontal: Etiologia Sinais clínicos Mobilidade aumentada – fator mais frequentemente citado Desgaste oclusal – muito avançado em relação à idade, pode estar fazendo uma força de mastigação muito maior que a normal. Pacientes com parafunção como bruxomas (força, e constância muito grande). 42 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Fratura dental Espasmo muscular Disfunção da ATM Sinais radiográficos Alteração pulpar Ligamento periodontal espessado – significa que há uma mobilidade dental aumentada. Perda da lamina dura Defeito ósseo angular Radiopacidade periapical Radiolucidez periapical Reabsorção radicular Mobilidade dental Mobilidade fisiológica – quantidade de movimento que o dente faz dentro do ligamento periodontal, assim quanto mais largo o ligamento periodontal, mais mobilidade o dente pode ter. No caso de perda óssea, mesmo com o ligamento periodontal não modificado, tem-se a impressão de uma maior mobilidade dental, no entanto é a mesma. Isso ocorre devido à mudança do eixo de rotação que fica mais apical. Assim é importante identificar se há um caráter progressivo da mobilidade ou estável, para isso é importante o acompanhamento odontológico. No caso de progressivo pode-se caracterizar uma lesão traumática. Vide graus de mobilidade pg 7. Excursão da coroa Deslocamento radicular Trauma oclusal + doença periodontal associada à placa Estudos de autópsias em humanos o Glickman – Zonas Zona de irritação – área de acumulo de placa Zona de co-destruição o Waerhaug (1979) Posição subgengival da placa provoca maior defeito ósseo vertical. Quantidade de osso subjacente – osso em até 3mm da placa pode ser perdido, assim a região mais coronária sofre uma maior destruição. Estudos clínicos em humanos Mesmo com estes estudos houve muita divergência entre os trabalhos Anotações:_____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 43 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Diagnóstico diferencial: TP x DP Sinais TP DP Função Mobilidade Mobilidade dentária + + Hipofunção Reduzida Defeito angular + + Normal Fisiológica Osso marginal + + Hiperfunção Aumentada Profundidade de Sondagem - + Traumática Aumentada Sangramento - + Falta de critérios confiáveis e bem estabelecidos ... ... O trauma periodontal é reversível, pois há destruição apenas de osso, e o ligamento periodontal permanece, assim é possível a regeneração óssea (limitada), já na doença periodontal há perda de ligamento periodontal, com isso não há reversibilidade da lesão. Estudos em animais Trauma tipo ortodôntico – áreas de tensão (formação óssea) e de pressão (reabsorção óssea) Periodonto sadio com altura normal o Dia 0 – estruturas sadias o Após pouco tempo – Primeiras áreas que sofreram com o trauma foram as periodonto apical e de crista, houve alargamento de ligamento periodontal e clinicamente foi identificado mobilidade aumentada. Grande reação inflamatória. o Após alguns meses, não havia qualquer sinal inflamatório ou perda de inserção. o Conclusão o trauma não se relaciona com gengivite ou periodontite, e os tecidos periodontais são capazes de se adaptar ao trauma. Periodonto sadio com altura reduzida o Primeiras semanas – intensa atividade inflamatória o Após mais tempo – alargamento do ligamento periodontal, mobilidade dentária, sem inflamação. Progressão e severidade – animais com DP e TP o Dois trabalhos foram feitos, um mostrou que há diferença e outro não Lindhe – TP e DP podem ser associadas Conclusões Não inicia a DP associada à placa. Resulta na reabsorção óssea e pode ter caráter transitório ou permanente. Sob certas condições pode aumentar a taxa de progressão da DP. Critérios de diagnósticos mais precisos. Prevalência reduzida frente aos novos critérios. Diferenciar uma adaptação funcional de uma lesão progressiva. No tratamento de lesões combinadas, ênfase deve ser dada ao controle da placa bacteriana. Pesquisas futuras são necessárias, para identificar as condições do dano adicional do trauma oclusal. Referências – Jan Lindhe et.al. Tratamento de periodontia clínica e Implantodontia Oral, 4ª edição, 2005. 44 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão 22-11-2013 Fernando de Oliveira Costa PRINCÍPIOS GERAIS BÁSICOS DE CIRURGIAS PERIODONTAIS Para a indicação de um procedimento cirúrgico conservador é importante o tipo de tecido (mais fibrótico), o melhor controle de placa possível, e em caso de processo inflamatório, este deve ser reduzido previamente à terapia cirúrgica. Roteiro 1. Reavaliação 2. Indicações 3. Contraindicações 4. Objetivos 5. Instrumental 6. Incisões 7. Suturas 8. Cimento cirúrgico 9. Pós-operatório Reavaliação Novo exame, após terapia causal, com a revisão dos parâmetros clínicos periodontais. Profundidade de sondagem Presença de sangramento Supuração Problemas mucogengivais o Observar área de gengiva inserida 2-3 mm – pouco 3-4 mm – médio > 5 mm – muita o Presença de recessão gengival (determinante para escolha de alguns tratamentos cirúrgicos) Mobilidade – significante a partir de mobilidade de grau III. É importante lembrar que não esta associada à atividade de periodontite (sangramento à sondagem e/ou supuração). Uma mobilidade exacerbada pode ser um problema em caso de tratamento cirúrgico, uma vez que essa movimentação pode aumentar ou diminuir com o tratamento. Proporção coroa raiz Controle do biofilme – vital importância (pacientes com melhora no controle possui um melhor prognóstico). Quando fazer? 4 a 6 semanas após a RAR– tempo, mínimo, considerado bom para a reparação tecidual, 21 dias não é um tempo ideal porem satisfaz em tempo de reparação e velocidade de tratamento. 45 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Se após a reavaliação o paciente tiver uma melhora muito boa, realiza-se novamente os procedimentos básicos, a fim de tentar eliminar as bolsas. Nos casos de nova sondagem e novos exames onde os dados indicarem persistência da doença ou não regressão pode ser necessário a intervenção cirúrgica. Indicações Terapia periodontalcirúrgica o Realizada para devolver e manter saúde periodontal o Acesso para RAR – raspagem e alisamento radicular, principal objetivo da cirurgia periodontal, limpando totalmente a superfície radicular, tem- se a reinserção conjuntiva. o Reduzir ou eliminar a profundidade de sondagem o Restabelecer topografia do tecido periodontal o Cirurgia plástica periodontal o Finalidade pré-protética o Estabelecimento de uma morfologia favorável da região dentogengival que favoreça o controle de placa. o Correção de deformidades gengivais Contra indicações Temporárias – Permanentes o Não cooperação do paciente o Controle inadequado do biofilme o Doenças sistêmicas não controladas – Ex: diabetes descompensados. Glicemia em jejum (90-120 → considerado diabético). Normalmente não se opera indivíduos com níveis glicêmicos acima de 120. o ASA III e IV – doenças sistêmicas graves o Gravidez Objetivos Contribuir com a preservação do periodonto facilitando a remoção e o controle do biofilme. o Criação de acesso para a RAR o Obtenção da morfologia periodontal que facilite o controle de placa o Regeneração do periodonto – volta completa da morfologia, função e arquitetura original. Não existe regeneração em periodontia e sim técnicas reparativas. Dar suporte a outras especialidades (prótese, ortodontia, dentística, implantodontia, etc.) Procedimentos básicos Reavaliação Tratamento periodontal de suporte Necessidade Cirúrgica 46 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Instrumental Incisão e excisão Bisturis periodontais ou gengivótomos o Kirkland o Goldman-Fox (reduziu o tamanho das pontas ativas dos instrumentos). o Orban (quase não se usa devido seu tamanho) Bisturis interdentais Bisturis com laminas descartáveis o 11, 12, 15 (melhor), 15C (igual a 15, mas tem a metade do diâmetro em todos os sentidos, usada em algumas modalidades de enxertos gengivais) Eletro-bisturis o Eletrosecção o Eletrocoagulação Raspadores e curetas o Foices o Enxadas o Raspadores 1-10* o Curetas Mcall e Grayce Elevadores de periósteo o Molt o Espátula 1/7* Cinzeis cirúrgicos o Fedi Ponta reta 3mm Ponta afilada 2mm* Ponta afilada 3mm o Ochsenbein 1, 2*, 3, 4 Curvo para direta, esquerda, para dentro... Limas o Schluger o Fina redução de nível ósseo interproximal o A de 2mm é a ideal Fresas o Perioset Esféricas, tronco-cônicas, lança o Broca de baixa 2 e 3 esféricas* o Broca de polimento de amalgama em forma de lança – aplaina e alisa área de furca.* Brocas Alta Rotação o Esféricas o Bisel Longo o Multilaminadas o 2068, 3195 (risectomia) Tesouras e alicates o Godman-Fox* (pequenas e com bom corte) Reta e curva 10 a 12 cm 47 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Pinças hemostáticas o Kelly-Ranking Porta agulhas o Castroviejo (muito caro) o Crile-Wood* (12 a 14cm, ponta ativa pequena, dentes não cortantes) Incisões Horizontais – são dirigidas ao longo da margem gengival em direção mesial ou distal, sendo preferencial de distal para mesial para uma melhor visualização da incisão sem interferência de sangramento. o Intrasulcular – realizada dentro do sulco, circular ao dente (inicia-se no fundo da bolsa e é dirigida à margem óssea). o Interdental – corta papila horizontalmente. o Bisel interno ou invertido Primária ou inicial Triangulo com base voltada para dentro. Pouca exposição de conjuntivo Conserva a superfície externa da gengiva Produz uma margem delgada e afilada o Bisel externo Diminui quantidade de volume gengival, mantendo uma área cruenta de conjuntivo exposto. Verticais ou oblíquas – incisões de alívio, normalmente são usadas. o Nunca deve ser no centro da papila, partindo a papila ao meio – pode perder a papila provocando necrose. o Nunca deve ser próximo ao vértice do dente – pode formar fissura na gengiva. o Deve ser feita no final do termino do dente, preservando a papila, sempre em direção divergente em sentido apical. Suturas Em qualquer tipo de retalho não deve ser na ponta da papila e nunca deve ser feita em junção muco-gengival. O melhor lugar é pegando mais de 2/3 da papila. Objetivos Fechar adequadamente a ferida sem deixar espaços mortos, sem causar isquemia e necrose. Manter a hemostasia Reduzir a dor pós-operatória – não apertar muito a sutura (isquemiar) nem deixar muito frouxa. Prevenir a exposição óssea Manter adequado posicionamento do retalho. o Posicionamento original – o retalho é posicionada na mesma posição o Posicionamento coronal - deslocado para coronal o Posicionamento apical - deslocado para apical o Posicionamento lateral - incisão vertical ou obliqua, retalho puxado para o lado 48 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão Suturas Agulhas o Ponta Corte convencional Corte reverso Atraumática o Curvatura 3/8 – ½ -5/8 Fios o Absorvíveis o Não absorvíveis o 4.0 e 5.0 (Ethicon) Nós cirúrgicos o Deve ser justo e firme o Deve ser colocado fora das linhas de incisão o Devem ser pequenos e as pontas curtas (2 a 3mm) o Evitar tensão excessiva o Evitar o tracionamento excessivo o Nó de cirurgião e nó de segurança Técnica de sutura o Interrompida o Contínua Remoção de sutura o Remover de maneira atraumática o Utilizar sonda exploradora para levantar o fio e tesoura afiada o Utilizar pinça clinica pra a remoção dos pontos o Remoção – 7 a 10 dias – evita epitelização e contaminação dos pontos Cimento cirúrgico Função o Dar ao paciente conforto e proteger a ferida cirúrgica de novas infecções enquanto a reparação tecidual se completa. Preferencialmente sem eugenol Periobond e Coepack (melhor, mais caro, porém rende muito) Recomendações Mesmas de outras cirurgias. Em geral não se prescreve antibióticos e antiinflamatórios em cirurgias periodontais com exceção de alguns casos especiais. Uso de colutório bucal Manter adequada higienização da boca Evitar alimentos duros e fibrosos Fazer uso correto da medicação prescrita Compressas frias nas primeiras 24 horas Não fazer exercícios exagerados na semana seguinte à cirúrgica Retornar no dia marcado para o retordo Em caso de duvidas entrar em contato com o cirurgião Etc. 49 Caderno de Periodontia de Allyson Almeida Carvalhais Mourão 29-11-2013 Fernando de Oliveira Costa CIRURGIA PERIODONTAL CONSERVADORA Mínimo de exposição óssea possível. Melhorar o controle de placa por parte do paciente e ajudar em sua estabilização. Retalho de Widman Modificado (retalho de Ramjford – Retalho de Widman modificado “modificado”). ENAP Retalho de Widman Modificado Mínimo de descolamento possível, expondo o mínimo de tecido ósseo. Objetivos Facilitar o acesso para desintoxicação cementária – não é necessário o alisamento extremo da raiz pois pode-se perder muito tecido dentário, no entanto devemos promover a melhor limpeza possível. Remoção da reação de granulação – para que se tenha uma melhor visão do sítio no qual está se trabalhando tendo melhor acesso à superfície e menor sangramento durante o procedimento. Preservação da altura gengival do retalho para formação de um epitélio juncional longo (principal resultado do processo cicatricial), obtendo-se um sulco curto. Tratamento cirúrgico de bolsas periodontais com profundidade de sondagem ≥6mm – não se deve estabelecer apenas a profundidade de sondagem como fator indicativo de cirurgia periodontal, assim
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