Buscar

CONCEPÇÃO+DE+HOMEM+FREUDIANA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 66 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 66 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 66 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

*
Complexo de Édipo e a constituição psíquica
“Complexo de Édipo Hoje: novas psicopatologias, novos homens, novas mulheres”
*
O Enigma
Um dia, na nossa mais remota infância, tramamos cometer os dois maiores crimes de que alguém pode ser acusado: o parricídio e o incesto. Estes crimes, porém, jamais foram efetivamente cometidos. Por incompetência ou por medo, permaneceram como desejos.
Pequenos perversos, tínhamos nossa sexualidade voltada para um objeto privilegiado – a mãe, e encontramos na figura paterna um obstáculo irremovível à concretização do nosso anseio. Daí o ódio de morte que lhe devotamos. Ambos, porém, - o amor pela mãe e o ódio pelo pai -, não puderam ser mantidos na sua forma original e tiveram que ser afastados dos nossos desígnios conscientes, permanecendo como desejos inconscientes alimentando nossos sonhos.
*
Por isso repetimos a cada noite a tentativa do duplo crime; só que agora, disfarçadamente, distorcidamente, como que nos protegendo de nós mesmos, simultaneamente criminosos e policiais.
Essa é a verdade fundamental da psicanálise: a verdade do desejo. No entanto, os fatos do nosso cotidiano não nos remetem diretamente a ela, não dos oferecem essa verdade já pronta, mas dissimulada enquanto distorcida.
A verdade é um enigma a ser decifrado, e a psicanálise constitui-se como teoria e prática do deciframento.
*
Mas se esse crime não foi de fato cometido, por que nos sentimos culpados? E mais ainda, por que criamos uma teoria e uma técnica cuja prática está voltada, em última instância, para esse crime imaginário?
Na verdade, nós não apenas não cometemos esses crimes, como sequer nos lembramos de tê-los tramado algum dia. Não há traço em nossa memória consciente desses desejos infantis; no entanto, eles produziram efeitos que perduram por toda a nossa vida. 
Enquanto signos de um passado esquecido, eles não permaneceram porque foram importantes, mas são importantes porque permaneceram.
*
A lenda de Édipo
O jovem Édipo, após ter sua origem posta em dúvida, vai consultar o oráculo de Delfos. Este lhe adverte que ele mataria seu próprio pai e se casaria em seguida com sua mãe. Horrorizado, Édipo abandona Corinto onde vivia com seus pais Pólibo e Peribéia e dirige-se para Tebas a fim de evitar que um desígnio tão funesto viesse a se cumprir. Na estrada, envolve-se numa briga e termina por matar um desconhecido. Prosseguindo seu caminho, defronta-se, às portas de Tebas, com a Esfinge, que lhe propõe um enigma. Se ele o decifrasse. A cidade se livraria da peste que a assolava, caso contrário, seria devorado. Tendo decifrado o enigma, Édipo é acolhido como herói, recebe como prêmio o trono de Tebas que estava vago devido à morte do rei Laio, e consequentemente a mão da rainha Jocasta. 
*
Com o correr do tempo, nova peste abate-se sobre a cidade, e os sacerdotes declaram que o motivo era que a cidade abrigava um culpado e que se este não fosse descoberto a peste dizimaria toda a população. Édipo ordena que se proceda à investigação. No curso desta e a partir das declarações do adivinho Tirésias, os indícios confluem para a figura do próprio Édipo.
Ao final, depois da revelação de que teria sido abandonado ao nascer e adotado por Pólibo e Peribéia, fica evidente que seus verdadeiros pais são Laio e Jocasta, e com isto a trágica verdade: rei Édipo, parricida e incestuoso.
*
Esta é a verdade exterior à Édipo. Se lhe fosse revelada por ocasião em que estes fatos ocorreram, seria veementemente recusada. O rei Édipo tinha a mais absoluta certeza de não haver cometido tais crimes. Naquele momento, sua verdade era a do herói tornado rei de Tebas e esposo de Jocasta. No entanto, a verdade ali estava. Só que oculta, inconsciente para o próprio Édipo. 
A palavra é o que opera a transmissão do desejo, e em termos psicanalíticos o que importa não é sua função de informação mas sua função de verdade. Na palavra psicanalítica, verdade e engano estão indissoluvelmente ligados. Daí o enigma e daí também a psicanálise constituir-se, dentre outras coisas, como uma técnica de decifração.
*
PERCURSO FREUDIANO DO COMPLEXO DE ÉDIPO
É preciso pensar que Freud faz todo um caminho, entre idas e vindas, para construir esta teoria. De inicio ele caminha de um Édipo simples e natural a um intrincado desenvolvimento que contemplava a bissexualidade, as identificações, a construção do aparelho psíquico e as consequências da castração.
*
Carta 69 (1897) – “já não acredito na minha neurótica” – Freud questiona sua teoria da sedução. Assim, se admira da universal freqüência com que a fantasia sexual se ocupa do tema dos pais;
1ª suspeita da existência de desejos sexuais incestuosos na criança e, portanto, de uma sexualidade infantil;
Já no Manuscrito N (1895) ele já falava do “horror ao incesto”.
Carta 71 (1895) – luto pela morte do pai.
	“também achei em mim o amor pela mãe e os ciúmes pelo pai e considero um acontecimento universal”.
*
Interpretação dos Sonhos (1900) – “os sonhos sobre a morte de pessoas queridas” – nos sonhos, Freud esclarece que não se trata de desejos atuais, mas de desejos sexuais infantis recalcados: somente esses são capazes de originar um sonho.
Três ensaios para uma teoria sexual (1905) – deixa para o segundo plano o tema do inconsciente, já havia falado em outras obras contemporâneas a este. Aqui ele se empenha nos fatores que afetam a sexualidade e considera com mais cuidado a constituição sexual.
pulsão, origem da sexualidade, bissexualidade, perverso polimorfa, barreira do incesto;
aqui, por conta do recalque pode dar origem a neurose, mas ainda não é o complexo nuclear das neuroses;
*
Caso Dora (1901)
Pequeno Hans (1907)
Romance Familiar (1908) – 1ª menção à possibilidade de que a sexuação como modo de subjetivação, seja decidida pela via psíquica: da identificação.
Homem dos Lobos (1909)
*
Totem e Tabu (1911-1913) – não se trata ainda de modos de subjetivação sexuados, mas aqui se delineia um sujeito tributário de uma cultura e o preço, em “moeda neurótica”, que paga por isso.
LEI – interdição – proibição do incesto e parricídio – CULPA
Até aqui temos obras tratando de um Édipo simples, positivo e hetero.
*
Uma criança é espancada (1919) – expande-se o alcance do valor etiológico do complexo de Édipo: ele é o complexo nuclear das neuroses e também das pervesões.
Além do Principio do Prazer (1920) – compulsão à repetição – o conteúdo da repetição é uma parte da vida sexual infantil, regida pelo CE que agora aparece no campo transferencial.
*
O Ego e o Id (1923) – é universal, válido para todo ser humano
os desejos em jogo tem origem na historia do sujeito a partir de identificações e escolhas de objeto;
ao tramitar, o CE deixa herança – SE, que por sua vez, é formação reativa contra ele;
CE composto (positivo – homo / negativo – hetero)
*
Dissolução do CE (1924) – Freud menciona a angústia da castração em textos anteriores, no entanto, é quando se pergunta por que é sepultado o CE é que começa a relaciona-lo à castração. Começa-se a diferença nos meninos e nas meninas.
Algumas Conseqüências psíquicas das diferenças sexuais anatômicas (1925) – 
radicaliza a diferença do complexo em meninos e meninas;
a mãe é o primeiro objeto de amor dos dois;
o complexo de castração acaba com o CE no menino e inaugura o da menina;
Assim, o CC é central na produção, evolução e destino do CE em ambos os sexos, mesmo provocando efeitos totalmente diferentes em cada um deles.
*
Sexualidade Infantil
Em Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, Freud ressalta as características da sexualidade infantil. A criança é um ser perverso polimorfo, com pulsões parciais emanando de zonas erógenas que se constituem apoiando-se em funções vitais, ou seja, a sexualidade infantil é pré-genital – oral e anal – e as pulsões tendem isoladamente à satisfação auto-erótica. O uso do próprio corpo como objeto de satisfação, derivado da impossibilidade de a criança dominaro mundo externo, confere à sexualidade infantil uma qualidade de auto-suficiência. Assim, com o conceito de pulsão Freud nos mostra que o corpo da criança é um corpo pulsional, corpo de desejo.
*
Sexualidade Infantil
Existe apenas uma libido que desloca de uma zona para outra
Decorre daí, segundo Freud, o fato de que a pulsão sexual está fragmentada em pulsões parciais, de satisfação localizada e que só progressivamente tenderão a unificar-se em uma mesma organização libidinal, sob o primado da genitalidade, portanto, há uma integração das pulsões.
*
As fases do desenvolvimento psicossexual
Considerações Preliminares
1- Fase Oral – Primeira fase da evolução libidinal. O prazer sexual está predominantemente ligado à excitação da cavidade bucal e dos lábios que acompanha a alimentação. Esta fase estaria situada entre o nascimento e os 2 anos.
2- Fase Anal – A Segunda fase da evolução libidinal pode ser situada entre os 2 e 4 anos; é caracterizada por uma organização da libido sob o primado da zona erógena anal; a relação de objeto está impregnada de significações ligadas à função de defecção (expulsão-retenção) e ao valor simbólico das fezes.
*
Fase ou Organização Genital: 
	Compreende dois momentos, separados pela latência: a fase fálica (ou organização genital infantil) e a organização genital propiamente dita que se institui na puberdade.
	- Fase Fálica – Fase da organização infantil da libido que se caracteriza por uma unificação das pulsões parciais sob o primado dos órgãos genitais; mas, o que já não será o caso na organização genital pubertária, a criança, de sexo masculino ou feminino, só conhece nesta fase um único órgão sexual, a saber, o masculino. Esta fase corresponde ao momento culminante e ao declínio do complexo de Édipo; o complexo de castração é aqui predominante.
	- Fase Genital - Fase da organização infantil da libido que se caracteriza pela organização das pulsões parciais sob o primado das zonas genitais.
*
Período de Latência – período que vai do declínio da sexualidade infantil até o início da puberdade, e que marca uma pausa na evolução da sexualidade. Observa-se nele uma diminuição das atividades sexuais, a dessexualização das relações de objeto e dos sentimentos, o aparecimento de sentimentos como o pudor ou a repugnância e de aspirações morais. O gradual abandono de investimento nos objetos dá lugar às identificações, a autoridade dos pais é introjetada e constitui o núcleo do superego. 
Tem origem no declínio do complexo de Édipo; corresponde a uma intensificação do recalque – que tem como efeito uma amnésia que cobre os primeiros anos -, a uma transformação dos investimentos de objetos em identificações com os pais e a um desenvolvimento das sublimações. 
Chama-se “período” porque durante o período considerado, embora possamos observar manifestações sexuais, não há, a rigor, uma nova organização da sexualidade.
*
Complexo de Édipo
É o clímax da sexualidade infantil, o desenvolvimento erógeno que parte do erotismo oral, através do erotismo anal, para a genitalidade e, bem assim, o desenvolvimento de relações objetais que culminam nos desejos edipianos. A superação destes desejos, a substituir-se pela sexualidade adulta, representa o pré-requisito da normalidade.
Complexo de Édipo – é o momento organizador, estruturador da realidade psíquica, do mundo da criança, do aparelho psíquico.
O complexo de Édipo desempenha papel fundamental na estruturação da personalidade e na orientação do desejo humano. Ele é o principal eixo de referência da psicopatologia; para cada tipo patológico eles procuram determinar as formas particulares da sua posição e da sua solução.
*
Vir a ser homem ou mulher está intrinsecamente relacionado aos destinos do complexo de Édipo de cada um. O modo de percorrer e solucionar as questões essenciais é bem diferente para cada ser humano, e esta caminhada determina o pathos, o sofrimento e a paixão de cada um de nós.
A sua eficácia vem do fato de fazer intervir uma instância interditória (proibição do incesto) que barra o acesso à satisfação naturalmente procurada e que liga inseparavelmente o desejo à lei.
*
COMPLEXO DE CASTRAÇÃO
Está de mãos dadas com o complexo de Édipo;
É simbólica e representa a interdição do pai;
A percepção que muda:
Não tem o pênis porque vai crescer;
Não tem porque caiu;
	
*
Nas sociedades patriarcais do Ocidente, o falo foi transformado em símbolo de poder e completude. Entendamos bem: o fato de cada homem singular possuir um pênis não faz dele o possuidor do falo. Este é de ordem simbólica, não redutível ao órgão sexual masculino considerado na sua singularidade concreta. Ninguém é possuidor do falo.
Já vimos como Freud concebe o se humano como sendo marcado por uma incompletude fundamental que o lança numa procura infindável. 
É dessa concepção do ser humano como um ser incompleto que nos fala Freud ao nos apresentar sua teoria do CC.
*
	A castração da mãe é o mais decisivo no desenvolvimento ou curso do CE. Quando há o momento da castração da mãe, é momento que a queda do CE se estabelece
(é a partir da castração da mãe que o sujeito também se vê castrado).
“...se a mãe é faltante é porque eu não sou o falo, eu não a completo; daí me reconheço castrado. Se falta nela e era eu quem a preenchia, logo, não sou suficiente...”
Uma saída é ir atrás do ideal de eu – tentativa de recompor esse lugar fálico e pleno.
*
A formação do ideal é, pois condicionante do recalque (vol. XIV, p.111);
O narcisismo se desloca então do ego real para esse novo ego ideal que é dotado de todas as perfeições. Incapaz de renunciar à perfeição narcísica de sua infância, o homem procura recuperá-la sob a forma de um ideal do ego.
Idealização é um processo que diz respeito ao objeto que é aumentado e exaltado sem que a estrutura seja alterada.
É portanto a partir da idealização que vão se constituir as instâncias ideias da pessoa: o ego ideal e o ideal de ego. Ao tornar as exigências do ego mais intensas, ela se transforma no fator facilitador e condicionante do recalque.(SE de herança)
*
Ego ideal – identificação narcísica primária, pré-edipiana.
Ideal do Ego – identificação narcísica secundária, que é a identificação ao outro. Enquanto instância diferenciada, Freud escreve que “o ideal do ego constitui um modelo a que o indivíduo procura conformar-se”.
Só podemos falar em ideal do ego a partir do momento em que se introduz o outro.
*
O que ocorre nesse momento é a substituição da identificação da criança com o eu ideal por uma identificação com o ideal do eu. O eu ideal, enquanto imagem de perfeição narcísica, identificava-se com o falo, isto é, com a imagem que a criança fazia de si mesma. Ao ser produzida a disjunção criança-falo, o pai passa a encarnar o ideal de perfeição. Mais precisamente: o pai passa a ser o representante desse ideal com o qual a criança passa a se identificar.
Usando a terminologia da 2ª tópica freudiana, podemos dizer que a criança se identifica com o SE do pai, sendo o SE da criança o efeito dessa identificação com o ideal do eu.
*
É O MOMENTO EM QUE A CRIANÇA, AO SER SEPARADA DA MÃE PELO INTERDITO PATERNO, TOMA CONSCIÊNCIA DE SI MESMA COMO UMA ENTIDADE DISTINTA E COMO SUJEITO E É INTRODUZIDA NA ORDEM DA CULTURA.
É essa interiorização da lei que possibilita à criança constituir-se como sujeito.
*
A NEGAÇÃO É FEITA DE TRÊS FORMAS QUE, POR SUA VEZ, DETERMINARÃO A ESTRUTURA DO SUJEITO.
A mãe era a pessoa mais fálica; diante da castração da mãe, o sujeito terá uma atitude: negá-la.
*
1ª forma: RECALCA
Há para o sujeito o “pode” e o “não pode”;
	Todo sujeito que recalcou a castração é um neurótico e está submetido a Lei Edípica que organiza o mundo. Assim, o recalque da castração é a melhor saída.
“não posso tudo... Não é tudo que é permitido... Não tem só sua mãe no mundo...”
“aceito as normas”, “cumpro a lei edípica (não pode incesto)”*
2ª forma – FORACLUSÃO
(jogar fora, arremessa, descartar, eliminar material rejeitado)
	O processo da castração é inexistente, uma vez que, a castração da mãe não existe por causa da falta do pai. Assim, não conclui o Édipo com o recalque da castração.
	- está na simbiose, não houve interdição, o mundo não entra, haja vista que, esta entrada é realizada mediante o pai e a lei.
	- portanto, não há organização.
*
3ª forma – DESMENTIR
Entra em contato com a castração, mas nega desmentindo.
“eu sei que não posso” – “mentira. Posso sim.”
(ambiguidade entre verdade e mentira)
Sabe o que é a lei para infringi-la.
Anulou o medo da castração.
Elege um elemento para tamponar a falta – fetiche, objeto usado para desmentir a castração, é a substituição do falo. E assim, tem que desmentir todo o dia.
*
...ENTENDENDO A ESTRUTURAÇÃO DO SUJEITO...
*
Como a criança tem isso e agente adulto acha que não tem?
Existe um trabalho que faz com que haja tal transformação. São os diques e as barreiras que não são só externos, são também internos. A proibição também é interna. A proibição possibilita a construção de barreiras, provocando separação, limites.
O amor ao outro é um elemento importante, porque por amor ao outro eu vou renunciando; o fato de querer pertencer ao grupo e ser amado, me faz me proibir;
O mais importante é o valor do outro dentro de mim, porque funcionará como uma barreira, surgindo tendências opostas.
*
Então, entende-se que o SE é a introjeção do outro dentro de mim. 
Quando Freud pensa nestas tendências opostas, muda o aparelho psíquico de, 
além de: CS, PCS, ICS,
Para: ID, EGO, SE que se formam mediante introjeção do mundo.
*
Por que não deixar a criança permanecer perverso polimorfa?
Como se relacionar com o outro?
Trata-se da construção do humano, da civilização.
O ser humano renuncia para viver com o outro.
*
A história da evolução do sintoma passa pela história da evolução da sexualidade e da civilização, do contato com o outro.
Na história das coisas que fui abandonando é que vou encontrar os pontos de fixação e regressão que formaram o sintoma.
*
Recalque
Existe um recalque chamado originário/primário que é o que inaugura/instala o ICS, ele funciona como um imã do chamado recalque secundário.
Assim, todo o auto-erotismo terá que ser sepultado no ICS.
O recalque secundário é o sepultamento do Édipo.
*
Assim, o CE é o momento lógico e não cronológico da vida do sujeito onde as coisas se organizam, onde tudo se organiza.
Momento organizador que faz com que o sujeito se desenvolva.
*
Você, Você (Canção Edipiana)
Chico Buarque
Que roupa você veste, que anéis? Por quem você se troca? Que bicho feroz são seus cabelos Que à noite você solta? De que é que você brinca? Que horas você volta?
Seu beijo nos meus olhos, seus pés Que o chão sequer não tocam A seda a roçar no quarto escuro E a réstia sob a porta Onde é que você some? Que horas você volta?
*
Você, Você (Canção Edipiana)
Chico Buarque
	Quem é essa voz? Que assombração Seu corpo carrega? Terá um capuz? Será o ladrão? Que horas você chega?
	
	Me sopre novamente as canções Com que você me engana Que blusa você, com o seu cheiro Deixou na minha cama? Você, quando não dorme Quem é que você chama?
 
*
Você, Você (Canção Edipiana)
Chico Buarque
	Pra quem você tem olhos azuis E com as manhãs remoça E à noite, pra quem Você é uma luz Debaixo da porta? No sonho de quem Você vai e vem Com os cabelos Que você solta? Que horas, me diga que horas, me diga Que horas você volta?
*
Complexo de Édipo
De que se fala quando se faz referência ao complexo de Édipo?
*
Este “complexo nuclear” alcança, na obra freudiana, tal grau de universalidade e transcendência que convida à reflexão.
Ele informa sobre a dinâmica psíquica que decide os modos possíveis de subjetivação sexuada, organizados a partir da proibição do incesto.
Em sentido amplo, pode-se afirmar que sua especificidade está em dependência à lei de proibição do incesto. 
Em sentido estrito, novas formas de feminilidade e masculinidade, assim como aquelas centradas nas psicopatologias contemporâneas.
*
PENSANDO UM MUNDO SEM FUNÇÃO PATERNA:
(declínio do Nome-do-Pai e os estados-limites)
*
Rassial (2000, apud Miguelez, 2012) nos fala que esse Nome-do-Pai pode ser inscrito, mas também forcluido ou recusado. Essas três operações devem ser validadas ou invalidadas na adolescência, confirmando ou não a formulação da infância. No entanto, Rassial coloca que, se é produzida uma suspensão da validação, prolonga-se a adolescência, fórmula possível de um estado-limite (p.120). 
O que reflete as condições da modernidade: o declínio da função paterna e as incertezas concomitantes dos modelos, das referencias e dos valores na cultura contemporânea.
*
Freud trata repetidas vezes, ao longo de sua obra, da problemática da adolescência, quando, depois do período de latência, o CE é reanimado e intensificado e se fazem necessárias novas elaborações da renuncia incestuosa e a renovação das identificações superegóicas ligadas à interdição.
*
Rassial nos faz refletir (p.121):
Adultos que não abandonam a casa paterna, que não casam nem têm filhos, que não assumem responsabilidades profissionais ou que o fazem tardiamente. Estudantes que se eternizam em pós-graduações, adiando o ingresso na vida produtiva.
Evidentemente, não se tratam de psicóticos, mesmo que evidenciam dificuldades com a autonomia. 
A condição de filhos de que não conseguem se desprender, traçam um destino neurótico excessivamente óbvio, como se o conflito entre o incestuoso e o interditor estivesse evidenciado à plena luz, apenas puerilmente dissimulado.
*
Encontrar com tanta freqüência, na clínica atual, homens e mulheres com essa problemática ainda não elaborada, poderia ser um indicador de uma modalidade contemporânea no estilo de subjetivação. Assim, como a própria adolescência, como período da vida, é um invento recente de nossa cultura, os sujeitos que se eternizam nessa fase seriam, como Rassial propõe, um dos paradigmas da atualidade.
*
Será que podemos dizer que, assim como o século passado “inventou” a adolescência, o atual a prolongou? (p. 122)
Não estariam os novos sujeitos, nesse caso, obedecendo a injunções culturais e, portanto, aos ideais superegoicos de sua própria estrutura psíquica, bem-conformada segundo os novos tempos? (p.122)
	
	Seria, para Rassial (2000) e Lebrun (2002), o declínio da função paterna.(p.123)
*
Assim, nesse mundo de excesso, tudo seria possível.
Seria como se nossa sociedade não transmitisse mais as proibições fundantes: incesto e assassinato.
O pai, desautorizado, não seria mais garantia das interdições. Desordenar-se-iam as diferenças entre os sexos e as gerações, na confusão das referencias simbólicas. Levando o individuo a uma regressão na capacidade de simbolizar.
*
Toxicomanias, alcoolismo, transtornos alimentares, violência, delinqüência, suicídio, depressões, estresse, etc. apareceriam em sujeitos necessitados do apoio constante do outro e do meio, que reinvindicariam auxilio imediato e não desenvolveriam sentimento de culpa. 
Então, sem função paterna, sem sentimento de culpa?
*
Para Bergeret são “estados-limites”, intermediários entre a neurose e a psicose. Para ele, trata-se de neuroses que ainda não se definiram como tais. Esses sujeitos são como adolescentes e, portanto, estão num estado crônico de “entre dois”: a sedução materna e a proibição paterna. A estrutura permanece edipiana e, portanto, potencialmente neurótica, mas não se define prolongando uma adolescência crônica. (p.124)
O resultado seria uma adolescência que se prolongaria em uma sociedade que perdeu a referencia e não prescreveria que o jovem cresça. Haveria um retorno ao imediato, às palavras-ato, ao corpo e à satisfação pulsional urgente. (p.124)
*
O aparecimetno dessas novas patologiasestaria estreitamente ligado a um funcionamento social que destitui a legitimidade da autoridade, seja de pais, mestres, políticos ou outras figuras de liderança. Redobrar-se-ia a mãe, e não se sustentaria a intervenção do terceiro paterno, não se impondo limites. (p.125)
A contemporaneidade seria pautada pela prevalência do dialogo horizontal com o outro. Assim, aceitaria o excesso e acabaria com os limites à satisfação. “Todos os gozos seriam considerados bons e estimulados”. (p.126)
*
Será a análise o espaço proposto para refundar as subjetividades legitimas. Ali seriam consertados os ossos do pai que a tecnociência e o gozo liberal quebraram. O analista-ortopedista engessaria as proibições fundantes e seu agente paterno na transferência.
Os autores que defendem esta versão do declínio da função paterna parecem considerar que os sujeitos moldados a partir de uma figura paterna soberana são os únicos consistentes e verdadeiros, aqueles que se deveria poder recuperar, tarefa que se perfila como impossível num universo cultural pós-patriarcal.
Para os adeptos desta teoria:
*
O sujeito, aparentemente livre para escolher e remodelar racionalmente sua subjetividade, é profundamente submisso a um SE pessoal que responde a um mandato cultural de gozar com o dever. (p.143)
Pode-se estabelecer profundas diferenças entre a família patriarcal, a nuclear e a reconstituída de nossos dias. Igualdade parental, ausência de hierarquias, circulação de mães e pais sucessivos caracterizam esta última. Mas suas funções (proteção, cuidado, libidinização e circulação dos afetos, primeira socialização e limites, transmissão das proibições fundantes, etc.) continuam bastante estáveis, mesmo que se revelem conflitantes com determinados valores da contemporaneidade.
*
As funções paterna e materna continuam a ser exercidas, mesmo que se abstraiam das mães e dos pais concretos e que eles distribuam, entre si e com outras pessoas e instituições (babás, creches, escolas, mídia, etc.) seus ofícios, fora das ortodoxias.
Ainda existe um espaço para hierarquia e esse é, sem dúvida, o da infância. Existe uma hierarquia entre o adulto e o infante. Um poder se exerce inevitalmente. A criança já nasce organizada num espaço que cria um laço social na vertical, que será interiorizado.
“quando pequenos, essa entidades superiores foram, para nós, notórias e familiares, nós as admirávamos e temíamos, mais tarde, acolhemo-las no interior de nós mesmos.” (Freud, 1923, cp.3, p.37)
*
Michel Tort (2005) considera que o CE alimentado pela “solução paternal” não é a única relação que os sujeitos podem estabelecer com a proibição do incesto no percurso de sua constituição. 
“A ordem antiga não era estruturante porque o pai fazia a lei à mãe, mas porque havia uma lei: haverá outras” (p.17)
Faz apenas 50 anos que se renunciou na França ao monopólio eleitoral do falo e menos que a metade de tempo que o aborto foi legalizado. Foi ontem: será que a novidade chegou a um inconsciente que gira na mesma poltrona desde sempre e que não conhece o tempo? (Miller, 2003 apud Tort, 2005, p.475)
*
Os efeitos nos conclama a:
Recuperar a dimensão clínica da análise, a resignar-se a ficar sempre um passo atrás, à espera da fala do paciente.
Assim,
Se não é a lei do pai a que atua, podem atuar outras leis que preservem a fundamental proibição do incesto que assegure a subjetivação. E se não é o mundo simbólico patriarcal que determina normas e valores, haverá outros mundos simbólicos possíveis. (p.170)
*
O CE deve ser considerado uma constante capaz de atuar em todos os tempos e lugares, decidindo, desde sempre as modalidades possíveis de subjetivação sexuada humana, organizada a partir da proibição do incesto?
*
Conclui-se que, considerado em sentido amplo, como derivado da proibição do incesto, o complexo conserva sua validade, bem como o da proibição. No entanto, se considerado em sentido estrito, ou seja, a partir das últimas construções freudianas sobre o tema, tal complexo poderia exigir revisões e reformulações.
*
“novas psicopatologias” – elas realmente existem? Elas têm o significado de formas de subjetivação contemporânea que não existiam antes?
*
Novas psicopatologias são apenas “novos modelos” de doença propostos pela psiquiatria?
Para o psicanalista, o sintomático não define uma patologia, seja essa nova, clássica ou antiga. Por esse motivo, teórica e clinicamente, não é possível importar da psiquiatria o pacote das “novas patologias” e acomoda-lo numa estante psicanalítica.
*
O psicanalista não se interroga sobre a problemática de um sujeito nem teoriza seu domínio a partir dos sintomas. Na clinica, ele propicia a escuta na transferência e na contratransferência, escuta que oferece à queixa sintomática do paciente. Não se trata de desdenhar o valor dos sintomas, é que ele os entende como construções psíquicas sobredeterminadas.
Assim, existem patologias diferentes que podem construir quadro sintomático idêntico e, o inverso também é verdadeiro. Um mesmo tipo de padecimento psíquico tem possibilidade de dar origem a conjuntos de sintomas diferentes.
*
Referências
Miguelez, Nora B. Susmanscky de
	Complexo de Édipo: novas psicopatologias, novas mulheres, novos homens: casa do psicólogo, 2012. São Paulo.
Garcia-Roza, Luiz Alfredo, 
 Freud e o inconsciente, Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
Garcia-Roza, Luiz Alfredo, 
 Introdução à Metapsicologia Freudiana, vol.2, A interpretação do sonho. Zahar,

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Materiais recentes

Perguntas Recentes