Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Podem a fé e a razão andar juntas? Andressa Yngrid Aparecida da Silva Thais Savedra de Andrade Razão e fé são diferentes e não pode caminhar juntas, uma não pode usurpar da forma de conhecer da outra. Como disse São Paulo (ou apóstolo Paulo), a fé é a expectativa das coisas não observadas... Logo, nunca teremos certeza de sua eficácia. A Razão, por seu turno, é problematizadora - é ela com seus sentidos (tempo e espaço) associada aos nossos sentidos físicos (visão, tato, olfato, audição, paladar) que dá conta do REAL (ou pelo menos como percebemos a realidade). Todas as tentativas de harmonizar fé e razão falham, pois, uma é diretamente oposta à outra. A razão é um juiz implacável que indaga, corrige e submete tudo a sua busca, como um juiz, a Razão, nunca se dirige a nada na condição de aprendiz, mas na condição de senhor que obriga a fé e a natureza a responder questões por ele mesmo elaborado. As ideias melhores elaboradas para harmonizar fé e razão foram produzidas na modernidade por Kant. Kant salva a Fé, por lhe negar a razão. O alemão propõe a ruptura, pois, desde aquela época, assim como hoje, existem os propagadores da suposta ‘’Fé racional’’ o que nada mais é: uma extravagância epistemológica a serviço da teologia. É uma tentativa malograda dos teólogos modernos que quase destruiu a teologia, deixando-a exposta demais aos ataques ateístas. Para Kant, a Razão tem limites já que não conhece a realidade em si, mas apenas a realidade como esta se manifesta para nós (realidade-percebida), ou seja, o fenômeno. O Noumeno (realidade em si) não pode ser conhecido pela Razão, assim a Razão volta-se para sua especialidade: Ciências e Filosofia e deixa o caminho da fé livre. Assim Kant, ‘’salva’’ a fé, já que a mesma dirige-se unicamente para as coisas que Paulo já falava, ou seja, as coisas não vistas, não sentidas ou não notáveis. Por obrigar a fé trilhar caminhos ''lúdicos'', menos nobres do que quando supostamente estava de mãos dadas com a razão, Kant passou a ser odiado por aqueles a quem pretendeu salvar. Já faz séculos que a Modernidade passou, e vemos os mesmos discursos pobres que insistem na ‘’pureza da fé’’, ‘’harmonia de fé e razão’’, ‘’fé racional’’, ‘’fé raciocinada’’. As bases disso já não existem há 300 anos, mas ninguém parece se importar muito com esse fato. É possível que um indivíduo seja racional e ao mesmo tempo portador de Fé, porém no seu intelecto, as abordagens nunca deverão ser a forma sincrônica ''fé-razão''. Para entender o mundo das coisas, o sujeito do conhecimento precisa recorrer à razão, mas para buscar sentido a sua própria experiência, poderá recorrer a sua fé. O que não pode é pretender unificar dois indivíduos diretamente opostos numa única abordagem estreita, pois, um irá inevitavelmente, querer monopolizar a ação do outro. Fé envolve o místico, o emocional e, em certos casos, o racional e o experimental. A razão é fria, calculista, analítica e exige provas. Não aceita como verdade o que não pode provar (mesmo que seja). E quanto a Ciência e a Fé? Quando a ciência não explica um fato, a fé explica. Muitos cientistas entendem essa linha que separa o que pode ser provado e o que só se explica através da fé. O médico segue a linha da ciência, mas, inúmeras vezes, admite que a fé tenha estado presente em muitos casos que a medicina (ciência) é limitada pra explicar. Existem dois planos: o físico e o metafísico. Apesar de dois planos, a realidade continua sendo apenas uma, assim, a ciência nunca será completa ao estudar apenas o plano físico e a fé nunca será completa ao estudar apenas o metafísico. A combinação de ambos é que torna possível a compreensão plena da realidade. São apenas sistemas diferentes de estudo, mas a realidade é apenas uma. Acredito que em um futuro não muito distante (quando certas verdades se tornarem vulgares, quando ficarmos menos ignorantes), nós conseguiremos conciliar as duas. Teremos a fé por certeza, o que será racional. Domínio público. .
Compartilhar