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Alternativas ao conceito clássico de desenvolvimento
Conceito clássico de desenvolvimento
Você viu que a evolução do sistema capitalista está intimamente ligada à evolução das cidades e indústrias. Subjacente a estes dois processos, encontra-se o conceito de desenvolvimento econômico ou, simplesmente, o conceito clássico de desenvolvimento.
Segundo o economista e professor Luiz Carlos Bresser-Pereira (2008, p. 1):
“O desenvolvimento econômico é o processo de sistemática acumulação de capital e de incorporação do progresso técnico ao trabalho e ao capital que leva ao aumento sustentado da produtividade ou da renda por habitante e, em consequência [sic.], dos salários e dos padrões de bem-estar de uma determinada sociedade”.
Na teoria, este desenvolvimento parece algo benéfico para toda a população. No entanto, ele esconde duas armadilhas.
Primeira armadilha – divisão dos benefícios
Se a renda por habitante for calculada através da simples divisão do produto interno bruto (PIB) pelo número de habitantes, ela pode esconder sérias desigualdades. Veja este exemplo bem simples:
Observe a grande diferença entre a renda por habitante teórica e a real. Nesta pequena população, há uma pessoa extremamente rica e 99 pessoas extremamente pobres.
Atenção!
É claro que o exemplo é uma simplificação um tanto exagerada, mas situações análogas não são tão incomuns no mundo real. Isto pode ser observado, por exemplo, através de comparações entre a fortuna de milionários proeminentes do mundo e a renda por habitante de seus respectivos países.
Produto interno bruto (PIB)
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB mede o total dos bens e serviços produzidos pelas unidades produtoras residentes destinados ao consumo final, sendo, portanto, equivalente a soma dos valores adicionados brutos pelas diversas atividades econômicas acrescida dos impostos, líquidos de subsídios, sobre produtos não incluídos na valoração da produção. Por outro lado, o produto interno bruto é equivalente à soma dos consumos anuais de bens e serviços valorados a preço de mercado sendo, também, igual à soma das rendas primárias. Pode, portanto, ser expresso por três óticas: a) da produção; b) da demanda; c) da renda.
Igualar desenvolvimento e crescimento econômico foi durante muito tempo algo comum entre os economistas. O desenvolvimento econômico, inclusive, era considerado a solução para muitos problemas políticos e sociais. É célebre a analogia do economista e político brasileiro Antônio Delfim Netto comparando o crescimento econômico a um bolo cuja massa precisa ser assada e crescer antes de ser repartida pela população. O problema é que, no caso do Brasil e de muitos outros países, sobretudo os subdesenvolvidos, o momento de dividir o bolo ainda não chegou (ou chegou muito timidamente) e as desigualdades socioeconômicas são enormes.
Você já parou para pensar sobre como a desigualdade socioeconômica se relaciona com os problemas ambientais?
Segunda armadilha – meio ambiente
Neste caso, não faz diferença se o modo de produção é capitalista, socialista ou comunista, pois o fenômeno em questão é uma consequência geral do: 
As implicações da superexploração e degradação da natureza eram ignoradas. A única preocupação dizia respeito à determinação de preços pelas leis do mercado: se um determinado recurso natural começava a escassear, seus preços imediatamente subiam.
A partir dessa percepção, conceitos como gestão ambiental, prevenção da poluição e desenvolvimento sustentável começaram a ser amplamente difundidos e incorporados nas estratégias de planejamento de inúmeras indústrias e empresas, sinalizando que, em um futuro bem próximo, haveria mudanças na maneira como o homem deveria se apropriar dos recursos da natureza.
Gestão ambiental
Com uma maior preocupação entre as atividades industriais desenvolvidas e os impactos resultantes sobre o meio ambiente, o que decorreu de uma associação de vários fatores, os procedimentos para o gerenciamento eficaz das relações entre desenvolvimento econômico e meio ambiente foram aperfeiçoados.
A Inglaterra, berço dos sistemas de qualidade, também foi a precursora dos sistemas de gestão ambiental normalizados, dando origem à Norma BS 7750. Com o crescente interesse pelas questões ambientais em outras regiões, foi implantado, pela Organização Internacional para Padronização (International Organization for Standardization – ISO), em 4 de março de 1993, o Comitê Técnico 207, com a incumbência de elaborar uma série de normas direcionadas para o meio ambiente, dando origem à série ISO 14000 (SMA, 1998). Conheça mais sobre essas normas a seguir.
Norma BS 7750: O objetivo dessa norma foi servir de ferramenta para verificar e assegurar que os efeitos das atividades, produtos e serviços de uma determinada empresa estivessem de acordo com o conceito de proteção do meio ambiente, devendo-se destacar que essa preocupação com o meio ambiente, por parte das empresas, resultou das restrições impostas pela legislação e pelo desenvolvimento de medidas econômicas, entre outras, visando incentivar as ações relacionadas à proteção ambiental.
Normas da Série ISO 14000: Foram desenvolvidas por uma organização composta por representantes de 120 países-membros, dentre os quais o Brasil, representado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Elas abordam os sistemas de gestão ambiental e também tratam das diretrizes para a auditoria ambiental, rótulos e declarações ambientais, avaliação do desempenho ambiental e análise do ciclo de vida.
Em decorrência da experiência adquirida ao longo dos anos, percebeu-se que, em vez de procurar soluções para os problemas causados pela poluição, deveriam ser adotadas estratégias que visassem evitar que esta fosse gerada, eliminando-se a necessidade de adoção de métodos para seu controle e a possibilidade de ocorrência de efeitos adversos aos seres humanos e ao meio ambiente.
O conceito de prevenção da poluição foi definido por Duncan (1994 apud BRAGA et al., 2005) da seguinte forma:
“Qualquer prática que reduz a quantidade ou impacto ambiental e na saúde de qualquer poluente antes da sua reciclagem, tratamento ou disposição final, incluindo modificação de equipamentos ou tecnologias, reformulação ou redesign de produtos, substituição de matérias-primas e melhoria organizacional (housekeeping), treinamento ou controle de inventário”.
Princípios básicos de prevenção da poluição
A imagem a seguir retrata a hierarquia a ser adotada para o gerenciamento ambiental, com a introdução do conceito de prevenção da poluição. Como vemos, a situação ideal é a de não geração de resíduos. Entretanto, quando isso não for possível, deve-se adotar atitudes para a redução, reutilização reciclagem, e o que restar deve ser devidamente tratado antes de sua disposição final.
Principais benefícios dos programas de prevenção da poluição
À medida que o homem foi tomando consciência de que sua forma de se apropriar e lidar com os recursos naturais poluía e adoecia o planeta e a si próprio, ele foi adotando novas formas de utilizar esses recursos. Quando novos procedimentos foram sendo utilizados, os primeiros benefícios foram identificados, havendo uma melhora na qualidade do meio ambiente e, consequentemente, na qualidade de vida do ser humano.
Compreenda melhor cada um dos principais benefícios a seguir.
Redução de custos: A redução de custos e a economia de dinheiro talvez sejam os benefícios mais atraentes para as indústrias. A redução na fonte, reciclagem no processo e melhoria na eficiência na utilização de energia podem reduzir a quantidade de insumos e energia necessária ao desenvolvimento dos processos industriais. As atividades de prevenção da poluição também podem reduzir os custos associados com a obtenção de licenças de implantação e operação das indústrias.
Redução de responsabilidade legal: Evitar a geração de poluentes sólidos, líquidos ou gasosos, que poderiam afetar de forma negativao meio ambiente e a saúde dos seres humanos, é uma das maneiras mais eficientes e sensatas para uma empresa se proteger contra possíveis responsabilidades legais. Isso porque, não existindo o poluente, não existe a possibilidade de ocorrência de qualquer dano ambiental ou problema de poluição.
Melhoria da imagem corporativa: Programas de prevenção da poluição são excelentes ferramentas de relações públicas, pois uma empresa comprometida em reduzir os impactos negativos sobre o meio ambiente poderá desenvolver um relacionamento mais amigável com a comunidade local e com os seus consumidores, o que irá proporcionar o crescimento, desenvolvimento e expansão da empresa no mercado.
Melhoria na segurança dos trabalhadores: A substituição de substâncias tóxicas por compostos químicos menos prejudiciais, a redução na emissão fugitiva de solventes orgânicos dos processos produtivos e a minimização da geração de resíduos e efluentes a serem manipulados e dispostos reduzirão o risco de exposição dos trabalhadores aos materiais tóxicos, resultando em uma melhor condição de saúde ocupacional.
Desenvolvimento sustentável: Nasce uma nova era, em que um novo acordo deve ser estabelecido, e não mais somente entre as pessoas, mas entre a natureza com todos os elementos que a compõem. Trata-se de um contrato natural, que surge pela necessidade de o homem recriar as possibilidades que a natureza oferece (GERENT, 2011). Felizmente, na década de 1970, essa visão estreita do desenvolvimento econômico começou a mudar. O relatório “Os limites ao crescimento” (The limits to growth), elaborado por uma equipe multidisciplinar, a pedido do Clube de Roma é considerado um marco nesta mudança. Neste documento, foi feita uma modelagem do funcionamento do mundo com base em cinco fatores:
Com base nas modelagens, foram previstos dois cenários distintos, que poderiam se concretizar a partir da segunda metade do século XXI.
Colapso: O primeiro deles previa a sobrecarga do planeta e o colapso da espécie humana, devido à incompatibilidade entre as taxas de consumo, reposição, assimilação e retroalimentação entre os fatores analisados;
Equilíbrio global: Já o outro cenário previa um estado de equilíbrio global, no qual essas taxas mantinham um equilíbrio dinâmico que permitiria a sobrevivência da espécie humana (MEADOWS et al., 1972).
Atenção!
Vale observar que essa noção de equilíbrio dinâmico é contrária à ideologia do crescimento/desenvolvimento econômico ilimitado.
As ideias contidas no The limits to growth eram, portanto, contrárias ao modelo do desenvolvimento clássico, na medida em que percebiam que este era limitado pelas capacidades de produção e assimilação do planeta, e que ele representava uma ameaça à sobrevivência de nossa espécie.
Clube de Roma
O Clube de Roma é um grupo de trabalho formado por representantes de diversos setores da sociedade, como a diplomacia, a indústria, a academia e a sociedade civil. Organizado a partir de uma reunião em Roma, no final da década de 1960, pelo industrialista italiano Aurelio Peccei e o pesquisador escocês Alexander King, o primeiro desafio do clube foi discutir os níveis preocupantes do consumo de recursos naturais em um mundo finito e interdependente. Um dos resultados desta discussão foi o documento The limits to growth. Contudo, a atuação do Clube de Roma não parou por aí: até hoje grupo continua a participar da discussão de problemas globais, como sustentabilidade, desigualdade, globalização, mudanças climáticas etc.
A alternativa ao desenvolvimento clássico surge através do modelo do desenvolvimento sustentável. É no documento Nosso futuro comum (Our common future), elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no final da década de 1980, que se encontra uma das mais citadas definições deste modelo.
Nosso futuro comum: A humanidade tem habilidade para fazer o desenvolvimento sustentável, para garantir que ele atenda as necessidades do presente sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades. O conceito do desenvolvimento sustentável impõe limites, não limites absolutos, mas limitações impostas pelo estado atual da tecnologia e da organização social sobre os recursos naturais e a capacidade da biosfera de absorver os efeitos da atividade humana. Mas a tecnologia e a organização social podem tanto ser geridas quanto aprimoradas para abrir caminho a uma nova era de crescimento econômico. A Comissão [Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU] acredita que pobreza amplamente difundida não é mais algo inevitável. A pobreza não é apenas um mal por si só, mas o desenvolvimento sustentável requer que atinjamos as necessidades básicas de todos e estendamos a todos a oportunidade de cumprir suas aspirações a uma vida melhor. Um mundo no qual a pobreza é endêmica sempre será propenso a catástrofes ecológicas, dentre outras. (ONU, 1987, p. 24-25).
Na página do professor Bresser-Pereira na web, você encontra vários artigos que discutem diversos aspectos da questão do desenvolvimento.
A definição mais aceita pelos estudiosos que se dedicam ao estudo do meio ambiente e dos problemas que o envolvem é que desenvolvimento sustentável é capaz de suprir as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Para que o desenvolvimento ocorra obedecendo tais critérios, é necessário conciliar crescimento e desenvolvimento econômico com o uso ordenado dos recursos naturais e prover as necessidades da sociedade.
Modelo dos três saldos
Menos de dez anos após a publicação do relatório “Nosso futuro comum”, o inglês John Elkington, sociólogo e ativista da sustentabilidade, criou o modelo dos três saldos – triple bottom line (ELKINGTON, 2004), que no Brasil se popularizou como “o tripé da sustentabilidade”.
Este modelo, construído a partir de conceitos do mundo empresarial, tinha dentre seus objetivos disseminar um empreededorismo sustentável, no qual não seriam considerados apenas os aspectos econômicos de um empreendimento. Observe o esquema e confira os outros aspectos.
Atenção!
Em pouco tempo, o modelo dos três saldos se difundiu amplamente, sendo cada vez mais citado pelos especialistas em responsabilidade social corporativa e em desenvolvimento sustentável (ELKINGTON, 2004).
É bem provável que você já tenha visto alguma vez a representação gráfica do modelo dos três saldos: é uma imagem de três círculos entrelaçados, cada qual representando um dos saldos (econômico, social e ambiental).
Agora que você já tem embasamento para diferenciar o desenvolvimento clássico do desenvolvimento sustentável, deve estar claro para você o porquê de o primeiro não ser mais viável na atual conjuntura global. No entanto, ainda precisamos analisar uma questão muito importante que se coloca nos dias de hoje:
“O abuso do termo sustentabilidade aplicado à exploração de recursos naturais renováveis”.
Na medida em que o selo da sustentabilidade se torna lucrativo e influente nas esferas política e social, todos querem ser sustentáveis. O problema é que, para muitos recursos naturais, não existem estudos que comprovem a viabilidade de sua exploração ao longo do tempo. Logo, não é possível saber se sua exploração é sustetável ou não e, consequentemente, não há garantias de que empresas que utilizem este recurso sejam sustentáveis.

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