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1 Aula 01: Sujeitos do processo: partes e procuradores; juiz; Ministério Público; serventuários da justiça; oficial de justiça: funções, deveres e responsabilidades. CAPÍTULO II – SUJEITOS DO PROCESSO: PARTES E PROCURADORES 1. PARTES De acordo com Misael Montenegro Filho, “a identificação das partes do processo é importante em face da necessidade de definirmos as pessoas que podem ser atingidas pelos efeitos do pronunciamento judicial, ou seja, quem pode exigir o cumprimento da obrigação imposta na sentença e em face de quem esta se dirige.” As partes do processo são o autor, que solicita o término do conflito que originou o processo; o réu, em face de quem a providência jurisdicional foi demandada, e o juiz, responsável pelo fim do conflito, ou seja, pela resolução do processo. Assim, a relação jurídica é formada, ao menos, com três sujeitos: magistrado, demandante e demandado. A definição das partes no processo é fundamental para delimitar os limites subjetivos da coisa julgada. As partes devem agir com lealdade e boa-fé estando sujeitos, na ausência da observância dos deveres legais, a multa de acordo com o art. 14 do CPC. A definição que acabamos de apresentar refere-se ao conceito clássico de partes, no entanto, podem envolver-se no processo, além do autor, réu e magistrado, outras pessoas que ingressam posteriormente na sua formação, para defender interesse jurídico de sua titularidade. 2 Por isso, é importante lembrarmos que a parte, além de sujeito da lide ou do negócio jurídico material deduzido em juízo, é também sujeito do processo, uma vez que é uma das pessoas que o realizam, seja ativa ou passivamente. Nem sempre os sujeitos da lide coincidem com os sujeitos do processo. Exemplo: Após a investigação das circunstâncias fáticas da controvérsia de um acidente de trânsito entre Tiririca e Xuxa – os condutores dos veículos e responsáveis pela materialização do conflito de interesses; Tiririca decide demandar contra Marlene Matos, ao invés de dirigir sua pretensão contra Xuxa, mera condutora do veículo, sendo o carro de propriedade de Marlene. Tiririca e Xuxa são sujeitos da lide; Tiririca e Marlene são sujeitos do processo. Dessa forma, podemos definir dois conceitos de parte: parte como sujeito da lide, em sentido material, e parte como sujeito do processo, em sentido processual – Humberto Theodoro Júnior conceitua parte para o direito processual como “a pessoa que pede ou perante a qual se pede, em nome próprio, a tutela jurisdicional”. Assim o conceito de parte pode ser definido de modo mais abrangente, como coloca Liebman: “são partes do processo os sujeitos do contraditório instituído perante o juiz (os sujeitos do processo diversos do juiz, para as quais este deve proferir o seu provimento).” 3 Vejamos graficamente: BIZU De acordo com o tipo de ação, fase processual ou procedimento, as terminologias das partes mudam. • 1. Processo de conhecimento geral: autor e réu. • 2. Processo de conhecimento: a) Nas exceções: o promovente é excipiente, e o promovido, exceto. b) Na reconvenção: reconvinte e reconvindo. c) Nos recursos em geral: recorrente e recorrido. d) Na apelação: apelante e apelado. e) No agravo: agravante e agravado. f) Nos embargos de terceiros: embargante e embargado. Formação clássica do processo O processo envolve apenas o autor, o réu e o juiz Extensão das partes no processo Ingresso de terceiros: para apoiar uma das partes principais ou defender interesse próprio. Autor, réu, juiz e terceiros 4 g) Nas intervenções de terceiros: denunciado, chamado, assistente ou interveniente. • 3. Processo de execução: a) As partes da execução forçada: credor e devedor. b) Nos embargos do devedor ou de terceiros: embargante ou embargado. • 4. Processo Cautelar: a) As partes no CPC: requerente e requerido. • 5. Nos procedimentos de jurisdição voluntária: não há partes, mas apenas interessados. Vejamos, agora, as distinções entre a capacidade de ser parte, capacidade processual e capacidade postulatória. 1.1. Capacidade de ser parte A capacidade de ser parte é um direito (art. 7º, do CPC); diz respeito à personalidade tanto da pessoa física quanto da pessoa jurídica. Essa capacidade é estendida para os entes despersonalizados – a massa falida, o condomínio. Assim, a capacidade de ser parte É A POSSIBILIDADE DE O INDIVÍDUO APRESENTAR-SE EM JUÍZO COMO AUTOR OU RÉU NO PROCESSO. Na capacidade de ser parte é necessária a personalidade civil: 5 : A personalidade civil da pessoa a) Para as pessoas físicas começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro (art. 2º do CC). : a personalidade civil é obtida a b) Para as pessoas jurídicas partir da inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, como Junta Comercial, Órgão de Classe. Após adquirir a capacidade de ser parte, verifica-se se o autor e o réu podem realizar os atos do processo sem a necessidade de acompanhamento ou apoio de outrem, ou seja, deve verificar se as partes detêm todas as condições de se manterem na relação processual sem serem amparados por outra pessoa. 1.2. Capacidade Processual A capacidade processual É PRESSUPOSTO DE VALIDADE DO PROCESSO. As partes precisam dela para a prática dos atos processuais. A parte que não tem capacidade processual deverá ser representada ou assistida em juízo. Quando representada não participará dos atos, quando assistida participará da realização deles, em conjunto com quem assiste. Não tem capacidade processual quem não tem capacidade civil para a prática dos atos jurídicos materiais, como os hipossuficientes. A incapacidade processual pode ser superada por meio da figura jurídica da representação. Assim, quando os incapazes fizerem parte da lide, serão representados por seus pais, tutores ou curadores, de acordo com a lei. Os incapazes serão representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da lei civil (art. 8º do CPC). 6 Obs1: Quando uma das partes ou as partes são absolutamente incapazes deverão ser representadas; quando a incapacidade for relativa deverão ser assistidas. Ocorrendo qualquer das duas hipóteses haverá a necessidade da intervenção do Ministério Público, sob pena de nulidade do processo. Obs2: Os incapazes detêm a capacidade de ser parte, mas não possuem a capacidade de estar em juízo nem a capacidade postulatória, uma vez que não possuem capacidade para a prática dos atos civis. Obs3: Cabe mencionar os arts. 3º e 4º do CC: Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I - os menores de dezesseis anos; II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. 7 BIZU O advogado, de modo exclusivo, tem capacidade postulatória, exceto nos casos previstos em Lei, por exemplo, nos Juizados Especiais, Justiça Trabalhista, ADIN e ADECON. Essa capacidade é pressuposto de constituição do processo, de modo exclusivo, em relação ao autor.1.3. Capacidade processual dos cônjuges nas ações reais imobiliárias O CPC dispõe em seu art. 10: O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários. Dessa forma, não há dependência entre o cônjuge para estar em juízo nas ações em geral. A exceção diz respeito às ações que tratem sobre os direitos reais imobiliários, pois nesse caso o cônjuge (marido ou mulher) dependerá da anuência do consorte para ingressar em juízo. Essa restrição visa a proteger o patrimônio imobiliário familiar. O artigo 1.647, CC trata da capacidade processual das pessoas casadas, no polo ativo, e da exigência de litisconsórcio passivo, nas causas que versam sobre direitos reais imobiliários. Vejamos o art. 1.647 e o art. 1.648 do CC-2002. Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; III - prestar fiança ou aval; 8 IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação. Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada. Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, quando um dos cônjuges a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la. De acordo com o disposto no “caput” do art. 1.647 do CC, não se aplica a exigência de participação do consorte quando o casamento ocorrer em regime de separação absoluta de bens. A participação do consorte é necessária nos regimes de bens de comunhão parcial, universal e de participação final de aquestos. Nesse último, caso não haja acordo pré-nupcial estabelecido. 1.4. Curatela Especial Em algumas hipóteses o magistrado dará à parte um representante especial para atuar em seu nome no curso do processo. A esse representante dá-se o nome de curador especial ou curador à lide. O CPC traz em seu art. 9º a seguinte determinação: O juiz dará curador especial: I - ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste colidirem com os daquele; II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa. 9 Parágrafo único. Nas comarcas onde houver representante judicial de incapazes ou de ausentes, a este competirá a função de curador especial. O curador especial terá o dever de projetar pelo interesse da parte tutelada, tendo ampla defesa dos direitos da parte representada, podendo produzir a contestação, a exceção e a reconvenção. No entanto, o curador não pode transacionar, uma vez que a representação e somente da tutela e não de disposição. Obs1: A curatela à lide é um munus processual que não permite a exigência de honorários da parte representada, mas os serviços do advogado podem ser reclamados da parte contrária, quando ocorra a sua sucumbência. 1.5. Capacidade Processual das pessoas jurídicas e das pessoas formais Serão (re)presentadas em juízo, ativa e passivamente as seguintes pessoas jurídicas publicas e privadas, bem como as pessoas formais (art.12 do CPC). I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores; II - o Município, por seu Prefeito ou procurador; III - a massa falida, pelo síndico; IV - a herança jacente ou vacante, por seu curador; V - o espólio, pelo inventariante; VI - as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores; 10 VII - as sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração dos seus bens; VIII - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil (art. 88, parágrafo único); IX - o condomínio, pelo administrador ou pelo síndico. § 1o Quando o inventariante for dativo, todos os herdeiros e sucessores do falecido serão autores ou réus nas ações em que o espólio for parte. § 2o As sociedades sem personalidade jurídica, quando demandadas, não poderão opor a irregularidade de sua constituição. § 3o O gerente da filial ou agência presume-se autorizado, pela pessoa jurídica estrangeira, a receber citação inicial para o processo de conhecimento, de execução, cautelar e especial. Bizu Pessoa jurídica que mantenha filiais é importante distinguir duas circunstâncias: 1) Regra geral a citação do gerente dependerá de poderes especiais, ou seja, quando os atos não forem praticados pelo citando, não basta ter a qualidade de gerente, é necessário que se tenha poderes adequados para o ato. 2) Quando os atos forem praticados pelo gerente da filial, a citação do gerente terá eficácia, mesmo que o gerente não tenha poderes especiais para recebê-la. Essa circunstância só terá validade caso não haja no foro competente outro representante com poderes especiais. 11 Atenção! Colocamos entre parênteses (re) de representação no primeiro parágrafo desse tópico porque parte da doutrina, na verdade, prefere falar para os casos do art. 12 do CPC em "presentação" (e presentante, em lugar de representante) para as pessoas jurídicas, pelo fato de elas não se confundirem com os incapazes. Os presentantes seriam como manifestação de vontade da própria pessoa jurídica e não como seu representante. Se na prova falar em representação ou representação não assustem. Qualquer das nomenclaturas pode ser utilizada pelo examinador. 1.6. Incapacidade processual e irregularidade de representação A capacidade das partes e a regularidade de sua representação, por serem requisitos de validade da relação processual, devem ser verificadas, ex officio, pelo magistrado. Uma vez verificada a incapacidade processual ou irregularidade, o juiz suspende o processo e determina um prazo para que seja sanado o defeito. Caso não seja cumprido o despacho no prazo estabelecido, que não poderá ser superior a 30 dias, o magistrado poderá adotar as seguintes medidas (art. 13 do CPC): I - ao autor, o juiz decretará a nulidade do processo; II - ao réu, reputar-se-á revel; III - ao terceiro, será excluído do processo. 12 Capacidade Processual X Capacidade de ser Parte X Capacidade Postulatória Capacidade processual: relaciona-se com a capacidade de fato ou de exercício; é a qualidade legal para participar da relação processual, em nome próprio ou alheio. Capacidade de ser parte: relaciona-se com a capacidade de exercer o direito. As pessoas físicas, jurídicas, de direito público ou privado, e as pessoas formais possuem capacidade de ser parte. Capacidade postulatória: Regra geral tem capacidade postulatória os advogados, inscritos na OAB, e o Ministério Público. Existem casos em que não se faz necessária a capacidade postulatória para atuar em juízo, como nos Juizados Especiais Cíveis quando o valor da causa não ultrapassar 20 salários mínimos. BIZU O nascituro tem capacidade processual. Será representado pela mãe ou pelo Ministério Público. Assim, a mãe como representante do nascituro poderá oferecer a ação e, caso venha a nascer com vida, poderá ser investido da titularidade do direito material. 2. DOS DEVERES DAS PARTES E DOS PROCURADORES Não se justificaria a intervenção estatal se não houvesse um conflito de interesses. Uma vez existente o conflito, busca-se uma decisão pacificadora que só será alcançada por meioda cooperação das partes, devendo ser respeitadas as normas e regras processuais e as determinações do juiz. 13 Assim são deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participam do processo: 1) Expor os fatos em juízo conforme a verdade. 2) Proceder com lealdade e boa-fé. 3) Não formular pretensões nem alegar defesa, ciente de que são destituídas de fundamento. 4) Não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou defesa do direito. 5) Cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar embaraços à efetivação de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final. No processo civil as partes estão livres para escolher os meios necessários a consecução dos objetivos, desde que esses sejam idôneos, respeitando a celeridade do processo. Assim, as partes devem respeitar os princípios da lealdade e da probidade. Os deveres elencados nos arts. 14 e 15 do CPC devem ser respeitados pelas partes, autor e réu, pelos terceiros intervenientes e pelos advogados que representam as partes no processo. 2.1. Responsabilidade das partes por dano processual Caso as partes ajam com má-fé, deverão indenizar as perdas e danos causados à parte prejudicada (art. 16 do CPC). Essa responsabilidade alcança tanto o autor e o réu, como os intervenientes no processo. Vejamos o art. 17 do CPC que determina o litigante de má-fé. Reputa-se litigante de má-fé aquele que: 14 I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II - alterar a verdade dos fatos; III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo; V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; VI - provocar incidentes manifestamente infundados. VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório. Caso seja classificado como litigante de má-fé, a indenização compreenderá: 1) Os prejuízos das partes. 2) Os honorários advocatícios. 3) As despesas efetuadas pelo lesado. Obs1: A reparação do ato ilícito será devida qualquer que seja o resultado da lide, mesmo que a decisão seja favorável ao litigante de má-fé. Atenção! Além do ressarcimento dos prejuízos, o litigante que agir de má-fé, estará sujeito a multa de até 20 por cento do valor da causa. Nos casos de pluralidade de litigantes de má-fé, o magistrado determinará a reparação de acordo com a proporção de seu respectivo 15 interesse na causa. Caso o ato de má-fé seja praticado em comum, a condenação atingira os participantes solidariamente. CAPÍTULO III – DO JUIZ Podemos começar esta etapa lendo alguns pontos já estudados. Primeiro: a jurisdição é una e indivisível; • Relembrando: A JURISDIÇÃO CONSISTE NO PODER CONFERIDO AO ESTADO, POR MEIO DOS SEUS REPRESENTANTES, DE ATUAR NO CASO CONCRETO QUANDO HÁ SITUAÇÃO QUE NÃO PÔDE SER DIRIMIDA NO PLANO EXTRAJUDICIAL, REVELANDO A NECESSIDADE DA INTERVENÇÃO DO ESTADO PARA QUE A PENDENGA ESTABELECIDA SEJA SOLUCIONADA. A palavra jurisdição vem do latim – jurisdictio – e significa DIZER O DIREITO. A competência de dizer o direito é do Estado-juiz. Assim, quando as normas da ordem jurídica, que visam ao bem da coletividade, não são cumpridas pela sociedade, cabe ao Estado adotar medidas para que o ordenamento jurídico e o direito sejam respeitados. O objetivo da jurisdição é a entrega da prestação jurisdicional que satisfaz à tutela jurídica. Esse objetivo é alcançado com o fim do processo. 16 A jurisdição pode ser dividida em nacional e internacional. A nacional se subdivide em jurisdição comum e especial. Vejamos graficamente a divisão da jurisdição. Segundo: onde houver órgão jurisdicional haverá jurisdição, sendo ela limitada pela competência. JURISDIÇÃO Jurisdição Nacional Jurisdição Internacional Jurisdição Comum Jurisdição Especial Federal Estadual Jurisdição Militar Jurisdição Trabalhista Jurisdição Eleitoral Jurisdição Penal Jurisdição Civil 17 Desse modo, todos os juízes estão investidos de jurisdição, mas não quer isso dizer que todos poderão julgar todo tipo de litígio em qualquer lugar. O que define o litígio e o lugar em que cada um deles irá atuar é a competência. Para saber se o juiz é detentor de determinada competência deve- se analisar a Constituição, as leis processuais e leis de ordem judiciária. A nossa Carta Magna determina a estrutura do Poder Judiciário e, de modo geral, distribui as competências – matéria regulada por legislação ordinária. Relembrem: STF Justiça Estadual Justiça Federal Tribunais Regionais Federais Juízes Federais Tribunais de Justiça Juízes de Direito STJ 18 No sistema brasileiro, os órgãos judicantes são divididos em singulares e coletivos. Nos dois casos, quem exerce o poder jurisdicional, atuando em nome do Estado, são os juízes. 1- No Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, esses juízes receberão o nome de Ministros; 2- Nos Tribunais de Justiça, de Desembargadores; 3- Nos Tribunais Regionais Federais e nos Tribunais de Alçada, de juízes mesmo. Este quadro destaca algumas características dos órgãos judicantes: Primeiro grau de jurisdição Órgãos judiciários civis: singulares ou monocráticos; apenas um juiz Graus superiores – instâncias recursais Juízes: coletivos ou colegiados; tribunais com vários juízes 1. Requisitos de atuação Para que os atos do juiz sejam legitimados, devem ser observados determinados requisitos. São eles: 1. Ser investido de jurisdição (jurisdicionalidade); 2. Ter competência atribuída por lei (competência); 3. Ser imparcial (imparcialidade); 19 4. Estar desvinculado dos poderes Legislativo ou Executivo e não se subordinar juridicamente aos tribunais (independência); 5. Ter obediência à ordem processual (processualidade). 2. Garantias da Magistratura Como sabemos, a todos os membros da magistratura – juízos singulares e coletivos –, foram outorgadas garantias especiais, pela Carta Magna: 1. Vitaliciedade: só perdem o cargo em razão de sentença judicial com trânsito em julgado. 2. Inamovibilidade: somente poderá ser removido por interesse público, reconhecido pela maioria absoluta dos votos do tribunal respectivo ou do Conselho Nacional de Justiça – CNJ. Isso quer dizer que não podem ser removidos compulsoriamente. 3. Irredutibilidade de subsídio Vamos ler o art. 95 da CF, que versa sobre as garantias e vedações dos magistrados: Os juízes gozam das seguintes garantias: I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado; II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII; 20 III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. Parágrafo único. Aos juízes é vedado: I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério; II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; III - dedicar-se à atividade político-partidária. IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidadespúblicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. Como vocês puderam constatar, a Constituição, no intuito de preservar a imparcialidade dos juízes, (afinal "a justiça é cega") determinou no art. 95, parágrafo único, vedações aos atos dos juízes, dentro e fora do processo. Para completar a lisura da função judicante, o CPC prevê normas a serem seguidas por aqueles que exercem a competência jurisdicional. Vamos, então, conhecer essas normas! O art. 125 do CPC disciplina a forma como os juízes devem tratar o processo: O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, competindo-lhe: 21 I - assegurar às partes igualdade de tratamento; II - velar pela rápida solução do litígio; III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça; IV - tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes. Pessoal, por meio desse artigo, podemos perceber que os juízes devem assegurar o tratamento isonômico, celeridade ao processo e garantir a dignidade da justiça. É obrigatório, no entanto, que o juiz observe os casos necessários de aplicação de regimes especiais a favor da parte ou partes que careçam de cuidados diferenciados, como os hipossuficientes. Além disso, cabem também ao juiz os deveres de despachar e sentenciar, quando provocado, ainda que não haja previsão legal ou haja obscuridade na lei. Em outras palavras, o juiz não pode deixar de prestar tutela jurisdicional. Deve ainda buscar, sempre, conciliação entre as partes. Art. 126, CPC: o juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito. Ressalte-se que, na segunda parte desse artigo, menciona-se que o juiz poderá recorrer à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito. Contudo, essas hipóteses somente se aplicam quando não há previsão legal sobre a causa em questão. Desse modo, o magistrado não poderá deixar de analisar um caso e decidir sobre ele, mesmo que não encontre norma que lhe seja aplicável por um defeito do sistema. O defeito pode decorrer, por exemplo, da ausência de 22 norma, da presença de disposição legal injusta ou em desuso – constituindo espécie de lacuna do ordenamento jurídico. Ao elaborar a integração das normas, o juiz age indutivamente, pois, utiliza sua experiência, procede à observação de fatos particulares, extraindo uma regra, de conformidade com aquilo que de mais comum acontece. São, desse modo, juízos de valores que, apesar de individuais, têm autoridade, porque contêm a ideia de consenso geral, ou da cultura de certo grupamento social. O órgão judicante pode aplicá-las ao exercer sua função integrativa de analisar a situação a partir da analogia, do costume e dos princípios gerais de direito. Quando o magistrado se apoiar em algum dos três elementos citados, ele, ainda assim, seguirá o princípio da legalidade. O legislador quis, 23 com isso, limitar a atividade criativa do juiz. O magistrado tentará, em verdade, adequar os critérios a uma interpretação atual da lei. São também assuntos que merecem nossa atenção: – O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei. – O juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe defeso conhecer de questões não suscitadas. – O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias presentes nos autos, ainda que não alegados pelas partes. Mas deverá indicar, na sentença, os motivos do convencimento. Passemos, agora, à leitura dos arts. 134 e 135 do CPC, para explicar os casos de impedimento e suspeição do juiz. O art. 134 enumera os casos de impedimento. Antes, contudo, vamos entender a diferença entre os dois institutos. Nos dois casos, o juiz deverá declarar parcialidade. O impedimento tem caráter objetivo e absoluto, enquanto a suspeição é subjetiva e relativa. Isso quer dizer que no caso do impedimento, por ser absoluto, não há preclusão (pode ser questionado, pela parte, a qualquer tempo). Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário: I - de que for parte; II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha; III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão; 24 IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu, consanguíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau; V - quando cônjuge, parente, consanguíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau; VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa. Parágrafo único. No caso do nº IV, o impedimento só se verifica quando o advogado já estava exercendo o patrocínio da causa; é, porém, vedado ao advogado pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do juiz. Vamos explicar o parágrafo único de outro modo. De fato, sua redação ficou muito confusa. Não haverá impedimento, se a parte convocar advogado que tenha ligação com o juiz (casos do inciso IV) depois que a causa já estiver em curso. Quis, com isso, o legislador evitar que a parte mudasse de advogado com a intenção de tornar o juiz impedido. O art. 135 enumera os casos de suspeição do juiz. Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando: I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes; II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau; 25 III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes; IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio; V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes. Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo. 3. Juiz Natural De acordo com o princípio natural, ninguém será processado senão pela autoridade competente (art. 5º, LIII, CF). O inciso diz respeito à impossibilidade de escolha do juiz para julgar certa demanda, ou seja, a seleção do juiz para o julgamento de determinada demanda deve ser aleatória. Ao princípio do Juiz natural aplica-se as normas abstratas, gerais, impessoais de competência. Essa impossibilidade de escolha do juiz atinge as partes, os juízes e o poder judiciário. Além disso, o princípio do juiz natural impede que sejam criados tribunais de exceção. De modo que, não se pode criar um juízo com a função exclusiva de julgar os fatos jurídicos ocorridos em determinado momento. 26 CAPÍTULO IV – MINISTÉRIO PÚBLICO O Ministério Público abrange o Ministério Público da União e o Ministério Público dos Estados. Sendo que o MPU ramifica-se em quatro: Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Militar e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. • Estrutura do Ministério Público Noções gerais O Ministério Público exercerá, no Processo Civil, o direitode ação nos casos previstos em lei, cabendo-lhe os mesmos poderes e ônus que às partes. Compete ao Ministério Público intervir: I- nas causas em que há interesses de incapazes; Ministério Público Ministério Público dos Estados Ministério Público da União MPF MPT MPM MPDFT 27 II- nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade; III- nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte. Intervindo como fiscal da lei, o Ministério Público: I- terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do processo; II- poderá juntar documentos e certidões, produzir prova em audiência e requerer medidas ou diligências necessárias ao descobrimento da verdade. A não intimação do MP, quando a lei considera obrigatória sua intervenção, pode ser causa de nulidade do processo (art. 84, CPC). Ademais, o órgão do Ministério Público será civilmente responsável quando, no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude. Devemos dar uma olhada no art. 127 da CF: Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. De maneira clara e genérica o artigo define a função do MP. E revela mais, quando diz que cabe a ele função essencial à justiça. 28 1. Justificativa Todos nós conhecemos o princípio da inércia da jurisdição. Trocando em miúdos, a justiça só agirá quando provocada. Ok! Vamos ao que interessa! Para defesa dos direitos individuais o indivíduo afetado tomará as providências para provocar a Justiça. Mas, e quanto à defesa dos interesses públicos, quem deve agir? Bem, nesses casos, é o Ministério Público que atuará. A seu cargo fica a responsabilidade PELA DEFESA DOS DIREITOS SOCIAIS E COLETIVOS E A FISCALIZAÇÃO DA LEI (custus legis). 2. Princípios e garantias Nos termos constitucionais, há três princípios institucionais que regem o Ministério Público: 1. Unidade: o MP possui caráter uno, ou seja, é um organismo único que atua de maneira sistêmica. 2. Indivisibilidade: o MP não se divide internamente em seus membros. 3. Independência funcional. A Constituição Federal também outorgou aos membros do Ministério Público algumas garantias: 1. Autonomia funcional e administrativa; 2. Estruturação em carreiras; 29 3. Ingresso: mediante concurso de provas e títulos, bacharelado em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica; 4. Vitaliciedade, após dois anos de exercício; só perderá o cargo por sentença transitada em julgado; 5. Inamovibilidade 6. Irredutibilidade de vencimentos 3. Objetivos No Processo Civil, a função processual do MP jamais será a de representante da parte material. Ele ocupa a posição jurídica de substituto processual. Defende direitos alheios, mas em nome próprio. Isso nos leva à conclusão de que o MP, atuando como parte principal ou substituto processual, será parte quando estiver em juízo; não sendo, porém, procurador ou mandatário de terceiros. Devemos lembrar que o Ministério Público tem legitimidade, em regra, ativa, e que, em caráter eventual, poderá assumir a defesa de terceiros, como na interdição. Já, quando atua como fiscal da lei, deverá somente defender a prevalência da ordem jurídica e do bem comum. Nesse caso, não terá nenhum compromisso com a parte ativa nem passiva da relação processual. No ambiente cível, sua atividade deve ser entendida, quanto ao conteúdo estrutural, sob duas óticas: 1) Natureza de atuação: pode ser extrajudicial ou judicial. 2) Legitimação: o MP manifesta-se como parte ou como fiscal da 30 lei. 4. Atribuições Extrajudiciais A partir da Constituição de 1988 o Ministério Público passou a se destacar não só como titular da ação penal, mas também como guardião da sociedade, em especial dos direitos transindividuais – coletivos, difusos e individuais homogêneos. Cabe mencionar o art.129 da CF que enfatiza o papel essencial do MP na tomada de iniciativa para ações, medidas e providências em benefício da sociedade. A partir da CF de 1988 o MP: 2) Guardião da sociedade, em especial dos direitos coletivos, difusos e individuais homogêneos. (Passou a ser após a CF/88). 1) Como titular da ação penal (Já era titular antes da CF/88). 31 São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. § 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei. § 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição. § 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e 32 Aos membros e servidores do MP é fundamental que tenham a preocupação de que, além da atuação clássica e histórica junto ao Poder Judiciário, devem representar e defender a coletividade. Para isso, deverão interagir com a sociedade civil por meio dos instrumentos democráticos de captação dos anseios do povo, como reuniões, audiências públicas. Ademais, devem fiscalizar a implementação de políticas públicas, saúde, educação, meio ambiente, assim como a probidade administrativa, o controle externo da atividade policial. Devemos lembrar que são instrumentos essenciais de atuação ministerial no âmbito extrajudicial: ofícios, reuniões, audiências públicas, recomendação administrativa (RA) e termos de ajustamento de conduta (TAC). A atuação do MP pode ser classificada em demandista, quando busca o poder judiciário, e resolutiva, quando resolve internamente determinado problema a partir de seus instrumentos e prerrogativas sem a necessidade deprovocação de prestação jurisdicional. 5. Atribuições Judiciais Ação Civil Pública NA TUTELA DOS DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS DA SOCIEDADE, A AÇÃO CIVIL PÚBLICA É O PRINCIPAL EXPEDIENTE DE ATUAÇÃO DO PARQUET observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação. § 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art. 93. § 5º A distribuição de processos no Ministério Público será imediata. 33 NA CONDIÇÃO DE PARTE. A ação pública sujeita-se a inúmeras variações no seu conteúdo material de acordo com a matéria tratada. Exemplos: responsabilidade por ato de improbidade administrativa, defesa do meio ambiente, defesa dos hipossuficientes – idosos, crianças, portadores de deficiência física. Comentaremos a ação civil pública de responsabilidade por ato de improbidade administrativa, ação civil pública em defesa do meio ambiente e ação civil pública em defesa do consumidor. A) Ação civil pública de responsabilidade por ato de improbidade administrativa. Há três espécies de ato de improbidade administrativa: enriquecimento ilícito, dano ao erário e violação de princípios da administração pública. Entre eles existe decrescente ordem de relevância e subsidiariedade de dano ao patrimônio público, uma vez que todo enriquecimento ilícito implica dano ao erário, assim como todo dano ao erário implica violação dos princípios da administração pública. BIZU • Os atos de improbidade administrativa podem ser divididos em dois grupos: o primeiro envolve a violação das normas de probidade e o segundo diz respeito à ineficiência funcional do gestor ou responsável. • A conduta de improbidade administrativa é um ilícito civil que se forma a partir da verificação de situação ou atitude ímproba descrita e individualizada no âmbito objetivo (desvio de recursos públicos, nulidade de procedimento licitatório) e subjetivo (nexo de imputação a título de dolo ou culpa em relação aos agentes). 34 • Segue rito especial. • A causa de pedir demanda objetividade, uma vez que deve permitir correta compreensão da situação a ser julgada. B) Ação civil pública em defesa do meio ambiente Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (art. 225 da CF). Atenção! O candidato deve estar atento às questões ambientais atuais, como: gestão de resíduos sólidos, recursos hídricos, áreas legalmente protegidas, transgênicos. Espera-se que o candidato tenha um conhecimento multidisciplinar: • Compreenda, por exemplo, o princípio do poluidor-pagador, que consiste em impor ao poluidor a responsabilidade pelos custos da reparação do dano ambiental. • Entenda os aspectos processuais relevantes, como o processo de inversão do ônus da prova em questões ambientais. Por exemplo, o dano ambiental em propriedade particular impõe ao proprietário prova de que não é responsável pelo dano. C) Ação civil pública de defesa do consumidor Sendo o direito do consumidor fundamental e regido pelo princípio 35 da ordem econômica, deverá ser tutelado pelo MP. Princípios do Direito do Consumidor: a) A ideia de hipossuficiência do consumidor ou sua vulnerabilidade, b) Racionalização dos processos de melhoria do serviço público. BIZU • São direitos básicos do consumidor: informação clara e adequada, proteção contra publicidade enganosa e abusiva, acesso à justiça, prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais individuais, coletivos e difusos. • De acordo com o STF, o Ministério Público pode ajuizar ACP em defesa dos consumidores, mas não pode ajuizar ACP em defesa dos contribuintes, para garantir o não pagamento de tributo, pois nesse caso não há relação de consumo (Lei n° 7347/85, art. 1°, II, e art. 5°, I). 2. COMO PARTE O Ministério Público quando atua como parte pode agir nos seguintes casos: 1)Na ação de nulidade de casamento; 2) Na ação de dissolução da sociedade civil; 3) ADIN; 36 4) No pedido de interdição; 5) Na ação civil pública, para defesa de interesses difusos, coletivos, individuais homogêneos. Graficamente: Ao atuar como parte, o Ministério Público utiliza-se da ação civil pública (Lei 7.347/1985). Sendo, nesse caso, obrigado a atuar segundo os arts. 127 e 129 da CF. Agora, vejamos os privilégios assegurados ao MP quando age como parte: 1. Não se sujeita ao pagamento antecipado de custas . Esse privilégio também se aplica ao MP quando exerce a função de custus legis. 2. O prazo de recorrer é contado em dobro e, para contestar, contado em quádruplo. Art. 188. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público. MP atua como Parte: Na ação de nulidade de casamento; Na ação de dissolução da sociedade civil; ADIN; No pedido de interdição; Na ação civil pública, para defesa de interesses difusos, coletivos, individuais homogêneos. 37 3. COMO FISCAL DA LEI O Ministério Público como fiscal da lei age nas causas em que há interesse de incapazes, nas causas que se referem ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade, nas ações de litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público. Graficamente: No último caso citado acima, nas demais causas em que há interesse público, devemos fazer uma ressalva. Se o interesse em litígio é público, a intervenção do fiscal da lei é de conveniência intuitiva. No entanto, há casos de direitos privados em que o processo versa sobre bens colocados sobre a tutela especial do Estado. Nesses casos, o litígio passa a atingir, igualmente, interesse público, legitimando a atuação do MP como sujeito especial do processo. O MP atua como Fiscal da Lei: Interesse de incapazes, nas causas que se referem ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade, nas ações de litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público. 38 Atenção! A ausência de intimação para acompanhar o feito causará nulidade do processo, nos casos em que a lei determina a obrigatoriedade da participação do Ministério Público. Essa anulação afetará todos os atos, a partir da intimação omitida. Devido a isso, ainda é conferido ao Ministério Público a prerrogativa de propor ação rescisória de sentença, nos casos em que não foi ouvido no processo de intervenção de custus legis obrigatória. Obs: Lembrem-se que o CPC atribui ao Ministério Público, no art. 81, os mesmos poderes e ônus das partes. 3.1. O Ministério Público como fiscal da lei em ação civil É uma obrigação legal do Ministério Público atuar como fiscal da lei na ação civil pública. O MP tem legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar (art. 5° da lei 7.347/85). Ele poderá, ainda, acompanhar a demanda de modo remoto e, em alguns casos, assumir a condução da própria demanda. Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa (§3º, art. 5º da Lei nº 7.347/85). 39 Atenção! • O art. 81 atribui ao Ministério Público os mesmos poderes e ônus das partes quando esse exercero direito de ação. • O art. 82 do CPC versa sobre os casos de intervenção obrigatória do Ministério Público: 1) Interesses de incapazes (hipossuficientes). 2) Ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade. 3) Em litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte. CAPÍTULO V – SERVENTUÁRIOS DA JUSTIÇA 1. Escrivão: É o mais importante auxiliar do juízo, uma vez que é de sua responsabilidade dar andamento ao processo e de documentar os atos que se praticam em seu curso. Ao escrivão incumbe (art. 141, CPC): I - redigir, em forma legal, os ofícios, mandados, cartas precatórias e mais atos que pertencem ao seu ofício; II - executar as ordens judiciais, promovendo citações e intimações, bem como praticando todos os demais atos, que lhe forem atribuídos pelas normas de organização judiciária; 40 III - comparecer às audiências, ou, não podendo fazê-lo, designar para substituí-lo escrevente juramentado, de preferência datilógrafo ou taquígrafo; IV - ter, sob sua guarda e responsabilidade, os autos, não permitindo que saiam de cartório, exceto: a) quando tenham de subir à conclusão do juiz; b) com vista aos procuradores, ao Ministério Público ou à Fazenda Pública; c) quando devam ser remetidos ao contador ou ao partidor; d) quando, modificando-se a competência, forem transferidos a outro juízo; V - dar, independentemente de despacho, certidão de qualquer ato ou termo do processo. O escrivão é dotado de fé pública e sua função recebe o nome de Ofício da Justiça (art.140, CPC). Em um mesmo juízo é permitido a pluralidade de ofício da justiça, caso em que os processos serão distribuídos de acordo com a natureza ou por sorteio. O escrivão responderá civilmente aos danos causados às partes. Vejamos o art. 144 do CPC: I - quando, sem justo motivo, se recusarem a cumprir, dentro do prazo, os atos que lhes impõe a lei, ou os que o juiz, a que estão subordinados, lhes comete; II - quando praticarem ato nulo com dolo ou culpa. Devemos lembrar que caso o escrivão esteja impedido de atuar no processo, cabe ao juiz convocar o substituto legal, e, não havendo, deverá 41 nomear pessoa idônea para o ato. 2. Oficial de Justiça: É responsável pelo cumprimento dos mandados relativos a diligências fora do cartório como, as citações, notificações, intimações, condução de testemunhas. Podemos classificar suas tarefas em duas espécies distintas: 1) Atos de intercâmbio processual – citações, intimações, notificações, etc. 2) Atos de execução ou coação – penhora, arresto, condução, remoção, etc. Vejamos as tarefas elencadas no art. 143, CPC ao oficial de justiça: I - fazer pessoalmente as citações, prisões, penhoras, arrestos e mais diligências próprias do seu ofício, certificando no mandado o ocorrido, com menção de lugar, dia e hora. A diligência, sempre que possível, realizar-se-á na presença de duas testemunhas; II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado; III - entregar, em cartório, o mandado, logo depois de cumprido; IV - estar presente às audiências e coadjuvar o juiz na manutenção da ordem. V - efetuar avaliações. Assim como o escrivão, o oficial de justiça também possui fé pública, ou seja, os atos praticados no exercício de seu oficio, até prova em contrário, são revestidos de veracidade. 42 3. Perito: É um auxiliar eventual do juízo, que só será requerido quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico. Assim, o perito é um auxiliar ocasional de necessidade técnica. É escolhido pelo magistrado para atuar no processo, e, por isso não possui qualquer ligação com o quadro de funcionários permanentes da justiça. Quando nomeado pelo juiz e aceitando o encargo cabe a ele o dever de cumprir o ofício, no prazo que lhe assina a lei, empregando toda a sua diligência. Todavia, poderá o perito escusar-se do encargo alegando motivo legítimo. Assim, a escusa será apresentada dentro de 5 dias, contados da intimação ou do impedimento superveniente, sob pena de se reputar renunciado o direito a alegá-la. O perito que agir com dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, deverá responder pelos prejuízos causados às partes e ficará inabilitado por 2 anos a atuar em outras perícias, podendo sofre sanção estabelecida pela Lei Penal. Além disso, é importante ressaltar que cabe às partes remunerar o perito. Se exigirá da parte responsável pelos honorários o depósito prévio em juízo, que poderá sofrer correções monetárias. O pagamento só será entregue ao perito após a apresentação do laudo. No entanto, o magistrado poderá, nos casos em que o custo dos trabalhos for elevado, autorizar liberações, parciais e proporcionais às necessidades, do pagamento. 4. Depositário e Administrador: Compete ao depositário, a guarda e conservação de bens penhorados, arrestados, seqüestrados ou arrecadados que foram colocados às ordens do juízo. Quando houver necessidade de praticar atos de gestão como, na 43 penhora de empresas, a função será exercida pelo administrador. Assim, o administrador pode ser definido como o depositário com funções de gestor. O depositário ou administrador receberá, por seu trabalho, remuneração fixada pelo magistrado, atendendo à situação dos bens, ao tempo do serviço e às dificuldades de sua execução. Caso a função a ser exercida por um dos dois auxiliares seja complexa, o juiz poderá nomear, por indicação do depositário ou do administrador, um ou mais prepostos. Obs: O depositário ou o administrador responde pelos prejuízos que, por dolo ou culpa, causar à parte, perdendo a remuneração que lhe foi arbitrada, mas tem o direito a haver o que legitimamente despendeu no exercício do encargo. 5. Intérprete: É o responsável por traduzir para o Português os atos expressados em língua estrangeira ou em linguagem mímica dos surdos- mudos. De acordo com o art. 151, CPC, o juiz nomeará o intérprete nos seguintes casos: I - analisar documento de entendimento duvidoso, redigido em língua estrangeira; II - verter em português as declarações das partes e das testemunhas que não conhecerem o idioma nacional; III - traduzir a linguagem mímica dos surdos-mudos, que não puderem transmitir a sua vontade por escrito. Poderá ser intérprete funcionário permanente ou pessoa idônea a critério do magistrado. No entanto, o CPC prevê as seguintes exceções: 44 I - não tiver a livre administração dos seus bens; II - for arrolado como testemunha ou serve como perito no processo; III - estiver inabilitado ao exercício da profissão por sentença penal condenatória, enquanto durar o seu efeito. QUESTÕES COMENTADAS 1. (Advogado BRB – Cespe 2010) Embora o direito reconheça às pessoas naturais e jurídicas a capacidade de serem partes no processo, ele abre exceções em alguns casos, como o do condomínio e o da sociedade de fato, a quem não impõe qualquer limite à sua atuação no processo. A questão ficou estranha, porque a conjunção “embora” foi mal empregada, mas trata de um assunto de extrema importância. Vamos ao que interessa! A capacidade de ser parte não se confunde com a capacidade de estar em juízo. Lembremos que os incapazes são um exemplo disso, têm capacidade de ser parte, mas são representados em juízo. Art. 8º do CPC: Os incapazes serão representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores,na forma da lei civil. O condomínio e a sociedade de fato não têm personalidade jurídica, mas têm capacidade processual para postular em juízo ativa e passivamente. 45 Observem a sutileza, cobrou-se nessa questão o conhecimento de partes, de capacidade de atuar em juízo e das particularidades que cercam os dois exemplos: condomínio e sociedade de fato, que não têm personalidade jurídica. Passemos à leitura do artigo 12 do CPC: Serão representados em juízo, ativa e passivamente: I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores; II - o Município, por seu Prefeito ou procurador; III - a massa falida, pelo síndico; IV - a herança jacente ou vacante, por seu curador; V - o espólio, pelo inventariante; VI - as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores; VII - as sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração dos seus bens; VIII - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil (art. 88, parágrafo único); IX - o condomínio, pelo administrador ou pelo síndico. Portanto, ainda que não se afeiçoem ao conceito de pessoa jurídica, os exemplos da questão podem atuar em juízo pelos representantes que a lei autorize. Resposta: Certo 2. (TRT 9ª Região – Cespe 2007) Em todas as ações nas quais incapazes sejam partes, é obrigatória a intervenção do Ministério Público para representá-los ou assisti-los. 46 Nesses casos o Ministério Público não atuará como representante ou assistente, mas como custus legis (fiscal da lei). Se a questão terminasse em Ministério Público estaria corretíssima, inclusive, com redação bastante parecida com o caput do art. 82 e seu inciso I. Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir: I - nas causas em que há interesses de incapazes Resposta: Errado 3. (TRT 9ª Região – Cespe 2007) A respeito das partes e da intervenção do Ministério Público no processo civil, julgue o item a seguir. Se a pessoa incapaz não possuir representante legal, ou se os interesses deste representante são colidentes com os do representado, o juiz deverá nomear um curador especial a esse incapaz, para representá-lo nos atos da vida civil, bem como em juízo. Reparem que o erro da questão está em dizer que o curador especial, nomeado pelo juiz, irá representar a o incapaz nos atos da vida civil. O art. 7º e ss do CPC refere-se à capacidade de estar em juízo. Toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo (art. 7º). Art. 8o Os incapazes serão representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da lei civil. Art. 9o O juiz dará curador especial: 47 I - ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste colidirem com os daquele; II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa. Resposta: Errado 4. (TRT 17ª Região – Cespe 2009) Com referência às partes e aos procuradores em um processo civil, julgue o item que se segue. Caso uma pessoa adquira um bem cuja propriedade esteja sendo objeto de litígio entre o alienante e terceira pessoa, o adquirente não poderá substituir o alienante no feito, caso a outra parte não consinta, porém será possível ao adquirente ingressar no feito como assistente do alienante, até porque, nessa hipótese, a coisa julgada ultrapassa seus limites usuais para atingir quem adquire a coisa litigiosa. Essa questão está de acordo com o art. 42 do CPC e seus parágrafos 1º e 2º Em caso de alienação da coisa ou do direito litigioso, a título particular, por ato entre vivos, não ocorre alteração da legitimidade das partes (art. 42 do CPC). § 1º O adquirente ou o cessionário não poderá ingressar em juízo, substituindo o alienante, ou o cedente, sem que o consinta a parte contrária. § 2º O adquirente ou o cessionário poderá, no entanto, intervir no processo, assistindo o alienante ou o cedente. Resposta: Certo 48 5. (DPF – Cespe 2004) Configura hipótese de impedimento, e não de suspeição, o fato de o advogado da parte ser cônjuge do juiz de direito a quem foi distribuído o processo. Como vimos, o artigo 134 do CPC enumera as questões em que há impedimento. De modo que, será hipótese de impedimento: Inciso IV: quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau. As hipóteses de impedimento distinguem-se daquelas de suspeição também pelo grau de envolvimento do juiz com a situação. No caso de impedimento, não há preclusão do direito de alegá-lo. Resposta: Certo 6. (TRE BA 2010 – Cespe) À luz do Código de Processo Civil (CPC), julgue o próximo item: O CPC incumbe ao escrivão, entre outras atribuições, redigir, em forma legal, os ofícios, mandados, cartas precatórias e mais atos que pertençam ao seu ofício, bem como executar as ordens judiciais, promovendo citações e intimações e praticando todos os demais atos que lhe forem atribuídos pelas normas de organização judiciária. O texto da questão está em total consonância com o art. 141 do CPC, que prevê como atribuições do escrivão: I- redigir, em forma legal, os ofícios, mandados, cartas precatórias e mais atos que pertencem ao seu ofício; II- executar as ordens judiciais, promovendo citações e intimações, bem como praticando todos os demais atos, que lhe forem atribuídos pelas normas de organização judiciária; III- comparecer às audiências, ou, não podendo fazê-lo, designar para substituí-lo escrevente 49 juramentado, de preferência datilógrafo ou taquígrafo; IV- ter, sob sua guarda e responsabilidade, os autos, não permitindo que saiam de cartório (salvo exceções previstas em lei); V- dar, independentemente de despacho, certidão de qualquer ato ou termo do processo, observado o disposto no art. 155 do CPC. Reparem que os números I e II previstos no artigo respondem a questão. E o examinador foi extremamente cauteloso ao dizer entre outras atribuições. Resposta: Certo Sobre a responsabilidade e dever das partes por dano processual, julgue os dois itens seguintes: 7. (Inédita) O autor ou o réu responderão pela má-fé de terceiro interveniente, ainda que dela não conhecessem; já que o terceiro interveniente não pode ser responsabilizado. O interveniente também pode ser responsabilizado: “responde por perdas e danos aquele que pleitear de má-fé como autor, réu ou interveniente” (art. 16, CPC). Resposta: Errado 8. (Inédita) Se o CPC considerasse litigante de má-fé aquele que interpõe recurso com intuito protelatório, estaria privando a parte do princípio da efetividade. O princípio da efetividade os direitos devem ser além de reconhecidos, efetivados; contudo quando há recurso meramente protelatório, 50 não se busca a satisfação de qualquer direito. Ademais, pela redação do código, reputa-se litigante de má-fé aquele que interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório (VII, art. 17 do CPC). Resposta: Errado A Constituição de 1988 apresentou uma nova tábua axiológica de valores jurídicos. À sociedade foram concedidas condições mínimas para uma vida humana digna (artigo 1º, III), inspirada em princípios sociais e humanos. Nesse contexto, foram criados mecanismos ágeis que pudessem servir para tutelar os direitos e garantir a celeridade do processo. O MinistérioPúblico ampliou sua atuação na defesa dos interesses sociais e coletivos. À luz do texto acima e de seus conhecimentos sobre a atuação do Ministério Público responda os itens seguintes. 9. (Inédita) O MP, mais do que simples agente de justiça, tem o dever de representar e defender a sociedade, incluindo a interação com esta. Para tanto lhe cabe, entre muitos outros, o uso de instrumentos democráticos; como a participação em reuniões e audiências públicas, que lhe permita ouvir os anseios populares. Atenção! A multidisciplinaridade é característica marcante nas provas do Cespe. Mesmo que não tenha relação direta com o Direito Processual Civil, pode sim ser cobrada questão com esse conteúdo. O Ministério Público passou por verdadeira evolução como órgão defensor dos interesses da coletividade e individuais indisponíveis, desde a Constituição de 1988. A interação com a sociedade é característica essencial para sua atuação na defesa dos mencionados direitos. Resposta: Certo 51 10. (Inédita) No exercício de suas funções, o órgão do Ministério Público será civilmente responsável quando proceder com dolo ou fraude. Art. 85 do CPC. O órgão do Ministério Público será civilmente responsável quando, no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude. Resposta: Certo 11. (MP RR – Cespe 2008) No processo em que o interesse em litígio é privado, de expressão econômica, em que há interesse de pessoa relativamente incapaz, ainda que esta tenha representante legal ou curador à lide, é obrigatória a intervenção do Ministério Público no feito, na qualidade de custos legis. Art. 82 do CPC. Compete ao Ministério Público intervir: I - nas causas em que há interesses de incapazes. Resposta: Certo RESUMO DA AULA 01 - De acordo com Misael Montenegro Filho, “a identificação das partes do processo é importante em face da necessidade de definirmos as pessoas que podem ser atingidas pelos efeitos do pronunciamento judicial. - As partes do processo são o autor, que solicita o término do conflito que originou o processo; o réu, em face de quem a providência jurisdicional foi 52 demandada, e o juiz, responsável pelo fim do conflito, ou seja, pela resolução do processo. - A relação jurídica é formada, ao menos, com três sujeitos: magistrado, demandante e demandado. - Nem sempre os sujeitos da lide coincidem com os sujeitos do processo. - A capacidade de ser parte É A POSSIBILIDADE DE O INDIVÍDUO APRESENTAR-SE EM JUÍZO COMO AUTOR OU RÉU NO PROCESSO. - A capacidade processual É PRESSUPOSTO DE VALIDADE DO PROCESSO. - Jurisdição: A JURISDIÇÃO CONSISTE NO PODER CONFERIDO AO ESTADO, POR MEIO DOS SEUS REPRESENTANTES, DE ATUAR NO CASO CONCRETO QUANDO HÁ SITUAÇÃO QUE NÃO PÔDE SER DIRIMIDA NO PLANO EXTRAJUDICIAL, REVELANDO A NECESSIDADE DA INTERVENÇÃO DO ESTADO PARA QUE A PENDENGA ESTABELECIDA SEJA SOLUCIONADA. - A jurisdição pode ser dividida em nacional e internacional. A nacional se subdivide em jurisdição comum e especial. - Onde houver órgão jurisdicional haverá jurisdição, sendo ela limitada pela competência assim, todos os juízes estão investidos de jurisdição, mas não quer isso dizer que todos poderão julgar todo tipo de litígio em qualquer lugar. O que define o litígio e o lugar em que cada um deles irá atuar é a competência. - No sistema brasileiro, os órgãos judicantes são divididos em singulares e coletivos. - Primeiro grau de jurisdição: Órgãos judiciários civis – singulares ou monocráticos; apenas um juiz. - Graus superiores – instâncias recursais: Juízes – coletivos ou colegiados; tribunais com vários juízes. 53 - Requisitos de Legitimidade: jurisdicionalidade; competência; imparcialidade; independência; processualidade. - Garantias da Magistratura: Vitaliciedade, Inamovibilidade, Irredutibilidade de subsídio. - Os juízes devem assegurar o tratamento isonômico, celeridade ao processo e garantir a dignidade da justiça. É obrigatório, no entanto, que o juiz observe aplicação de regimes especiais a favor da parte que careçam de cuidados diferenciados, como os hipossuficientes. - O juiz não pode deixar de prestar tutela jurisdicional. - Deve buscar, sempre, conciliação entre as partes. - O juiz poderá recorrer à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito para que a tutela jurisdicional seja prestada. - Hipóteses de impedimento: de que for parte; em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha; que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão; quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu, consanguíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau; quando cônjuge, parente, consanguíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau; quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa. - Hipóteses de suspeição: amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes; alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau; herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes; receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do 54 objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio; interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes. - O Ministério Público abrange o Ministério Público da União e o Ministério Público dos Estados. Sendo que o MPU ramifica-se em quatro: Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Militar e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. - O MINISTÉRIO PÚBLICO É INSTITUIÇÃO PERMANENTE, ESSENCIAL À FUNÇÃO JURISDICIONAL DO ESTADO, INCUMBINDO-LHE A DEFESA DA ORDEM JURÍDICA, DO REGIME DEMOCRÁTICO E DOS INTERESSES SOCIAIS E INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS. - Princípios e garantias: Unidade, Indivisibilidade e Independência funcional. - CF outorgou ao MP: Autonomia funcional e administrativa; Estruturação em carreiras; Ingresso: mediante concurso de provas e títulos, bacharelado em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica; Vitaliciedade, após dois anos de exercício; só perderá o cargo por sentença transitada em julgado; Inamovibilidade, Irredutibilidade de vencimentos. - O MP ocupa a posição jurídica de substituto processual. Defende direitos alheios, mas em nome próprio. - O MP, atuando como parte principal ou substituto processual, será parte quando estiver em juízo. - O MP como fiscal da lei, deverá somente defender a prevalência da ordem jurídica e do bem comum. - Atribuições Extrajudiciais: Antes da CF/88: titular da ação penal; a partir da CF/88: guardião da sociedade, em especial dos direitos transindividuais. - O papel essencial do MP na tomada de iniciativa para ações, medidas e providências em benefício da sociedade – representar e defender a 55 coletividade. - Interagem com a sociedade civil por meio dos instrumentos democráticos de captação dos anseios do povo, como reuniões, audiências públicas. - Devem fiscalizar a implementação de políticas públicas, saúde, educação, meio ambiente, assim como a probidade administrativa, o controle externo da atividade policial. - A atuação do MP pode ser classificada em demandista ou resolutiva. - Atribuições Judiciais: NA TUTELA DOS DIREITOS DIFUSOSE COLETIVOS DA SOCIEDADE, A AÇÃO CIVIL PÚBLICA É O PRINCIPAL EXPEDIENTE DE ATUAÇÃO DO PARQUET NA CONDIÇÃO DE PARTE. - O Ministério Público quando atua como parte pode agir nos seguintes casos: na ação de nulidade de casamento; na ação de dissolução da sociedade civil; ADIN; no pedido de interdição; na ação civil pública, para defesa de interesses difusos, coletivos, individuais homogêneos. - O Ministério Público como fiscal da lei age nas causas em que há interesse de incapazes, nas causas que se referem ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade, nas ações de litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público. LISTA DE QUESTÕES COMENTADAS NA AULA 01 1. (Advogado BRB – Cespe 2010) Embora o direito reconheça às pessoas naturais e jurídicas a capacidade de serem partes no processo, 56 ele abre exceções em alguns casos, como o do condomínio e o da sociedade de fato, a quem não impõe qualquer limite à sua atuação no processo. 2. (TRT 9ª Região – Cespe 2007) Em todas as ações nas quais incapazes sejam partes, é obrigatória a intervenção do Ministério Público para representá-los ou assisti-los. 3. (TRT 9ª Região – Cespe 2007) A respeito das partes e da intervenção do Ministério Público no processo civil, julgue o item a seguir. Se a pessoa incapaz não possuir representante legal, ou se os interesses deste representante são colidentes com os do representado, o juiz deverá nomear um curador especial a esse incapaz, para representá-lo nos atos da vida civil, bem como em juízo. 4. (TRT 17ª Região – Cespe 2009) Com referência às partes e aos procuradores em um processo civil, julgue o item que se segue. Caso uma pessoa adquira um bem cuja propriedade esteja sendo objeto de litígio entre o alienante e terceira pessoa, o adquirente não poderá substituir o alienante no feito, caso a outra parte não consinta, porém será possível ao adquirente ingressar no feito como assistente do alienante, até porque, nessa hipótese, a coisa julgada ultrapassa seus limites usuais para atingir quem adquire a coisa litigiosa. 5. (DPF – Cespe 2004) Configura hipótese de impedimento, e não de suspeição, o fato de o advogado da parte ser cônjuge do juiz de direito a quem foi distribuído o processo. 57 6. (TRE BA 2010 – Cespe) À luz do Código de Processo Civil (CPC), julgue o próximo item: O CPC incumbe ao escrivão, entre outras atribuições, redigir, em forma legal, os ofícios, mandados, cartas precatórias e mais atos que pertençam ao seu ofício, bem como executar as ordens judiciais, promovendo citações e intimações e praticando todos os demais atos que lhe forem atribuídos pelas normas de organização judiciária. 7. (Inédita) O autor ou o réu responderão pela má-fé de terceiro interveniente, ainda que dela não conhecessem; já que o terceiro interveniente não pode ser responsabilizado. 8. (Inédita) Se o CPC considerasse litigante de má-fé aquele que interpõe recurso com intuito protelatório, estaria privando a parte do princípio da efetividade. A Constituição de 1988 apresentou uma nova tábua axiológica de valores jurídicos. À sociedade foram concedidas condições mínimas para uma vida humana digna (artigo 1º, III), inspirada em princípios sociais e humanos. Nesse contexto, foram criados mecanismos ágeis que pudessem servir para tutelar os direitos e garantir a celeridade do processo. O Ministério Público ampliou sua atuação na defesa dos interesses sociais e coletivos. À luz do texto acima e de seus conhecimentos sobre a atuação do Ministério Público responda os itens seguintes. 58 9. (Inédita) O MP, mais do que simples agente de justiça, tem o dever de representar e defender a sociedade, incluindo a interação com esta. Para tanto lhe cabe, entre muitos outros, o uso de instrumentos democráticos; como a participação em reuniões e audiências públicas, que lhe permita ouvir os anseios populares. 10. (Inédita) No exercício de suas funções, o órgão do Ministério Público será civilmente responsável quando proceder com dolo ou fraude. 11. (MP RR – Cespe 2008) No processo em que o interesse em litígio é privado, de expressão econômica, em que há interesse de pessoa relativamente incapaz, ainda que esta tenha representante legal ou curador à lide, é obrigatória a intervenção do Ministério Público no feito, na qualidade de custos legis. 59 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA BRASIL. CPC (1973). Código de Processo Civil, Brasília, DF, Senado, 1973. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, Senado, 1988. DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil – Teoria Geral do Processo e Processo de Conhecimento. 8 ed. Salvador: Edições JUS PODIVM, 2007. v.1. DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil – Teoria Geral do Processo e Processo de Conhecimento. 8 ed. Salvador: Edições JUS PODIVM, 2007. v.2. MONTENEGRO FILHO, Misael. Curso de direito Processual Civil, volume 1: teoria geral do processo e processo de conhecimento. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2007. MONTENEGRO FILHO, Misael. Curso de direito Processual Civil, volume 2: teoria geral do processo e processo de conhecimento. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2007. MONTENEGRO FILHO, Misael. Processo Civil. 7 ed. São Paulo: Método, 2010. NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 2 ed. São Paulo: Método, 2010. THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. 18. ed., Rio de Janeiro: Forense, 1999, v1. THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. 18. ed., Rio de Janeiro: Forense, 1999, v2.
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