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Penal Especial

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PARTE ESPECIAL - MÓDULO 01 
DIREITO PENAL PARA DELEGADO DE POLÍCIA - 2017 
Professor e Delegado: Lúcio Valente 
Assessoria Jurídica: Jean Valente 
 
 Professor: Lúcio Valente 
Direito Penal 
 Parte especial – módulo 01 
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MÓDULO 01 – DIREITO PENAL – DELEGADO DE POLÍCIA 
 
 
 
 
 SUMÁRIO PÁGINA 
Apresentação da aula 02 
Introdução 05 
Homicídio 10 
Instigação, induzimento e aux. ao suicídio 40 
Infanticídio 46 
Aborto 49 
Questões abordadas na aula 56 
 
 
 
ATENÇÃO: este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos 
termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre 
direitos autorais e dá outras providências. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Professor: Lúcio Valente 
Direito Penal 
 Parte especial – módulo 01 
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CONHEÇA TODOS OS MÓDULOS DO E-BOOK DE DIREITO PENAL 
ESPECIAL 
 
Após analisar os mais recentes editais de concursos para Delegado Federal e 
para Delegado de Polícia Civil dos Estados, montamos os seguintes módulos: 
 
MÓDULO 01 Crimes contra a Vida 
MÓDULO 02 Crimes contra a Pessoa (arts. 129 a 154). 
MÓDULO 03 Crimes contra o patrimônio 
MÓDULO 04 Crimes contra a propriedade imaterial. Crimes contra a 
propriedade intelectual. Crimes contra a organização do trabalho. 
Crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos. 
MÓDULO 05 Crimes contra a dignidade sexual. 
MÓDULO 06 Crimes contra a família. Crimes contra a incolumidade 
pública. Crimes contra a paz pública. Crimes contra a fé pública. 
MÓDULO 07 Crimes contra a administração pública. 
 
 
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 Parte especial – módulo 01 
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USE UM CÓDIGO ATUALIZADO. A AULA É UMA ABORDAGEM TEÓRICA. A 
LEITURA DA LEI É UM TRABALHO SOLITÁRIO E NECESSÁRIO POR 
PARTE DO ALUNO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Penal 
 Parte especial – módulo 01 
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INTRODUÇÃO – CRIMES CONTRA A PESSOA 
 
Os crimes contra a pessoa estão previstos no Título I da Parte Especial do CP e 
podem ser divididos em seis grandes grupos: 
 Capítulo I – Crimes contra a vida; 
 Capítulo II – Lesões corporais; 
 Capítulo III – Periclitação da vida e saúde; 
 Capítulo IV – Da Rixa; 
 Capítulo V – Crimes contra a honra; 
 Capítulo VI – Crimes contra a Liberdade Individual 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Parte especial – módulo 01 
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CÓDIGO PENAL – CAPÍTULO I 
DOS CRIMES CONTRA A VIDA 
 
Homicídio simples 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena – reclusão, de seis a vinte anos. 
Caso de diminuição de pena 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social 
ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta 
provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
Homicídio qualificado 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
II - por motivo fútil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio 
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que 
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de 
outro crime: 
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela 
Lei nº 13.104, de 2015) 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição 
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança 
 Professor: Lúcio Valente 
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Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, 
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa 
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o 
crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (Incluído pela Lei nº 
13.104, de 2015) 
Homicídio culposo 
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) 
Pena - detenção, de um a três anos. 
Aumento de pena 
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, se o crime resulta 
de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente 
deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as 
consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo 
doloso o homicídio, a pena é aumentada de um terço se o crime é praticado 
contra pessoa menor de quatorze ou maior de sessenta anos. (Redação dada 
pela Lei nº 10.741, de 2003) 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a 
pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão 
grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
 § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for 
praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de 
segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012) 
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o 
crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
 Professor: Lúcio Valente 
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I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído 
pela Lei nº 13.104, de 2015) 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou 
com deficiência; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima. (Incluído pela 
Lei nº 13.104, de 2015) 
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio 
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para 
que o faça: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de 
um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza 
grave. 
Parágrafo único - A pena é duplicada: 
Aumento de pena 
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; 
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade 
de resistência. 
Infanticídio 
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante 
o parto ou logo após: 
 
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento 
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho 
provoque: (Vide ADPF 54) 
Pena - detenção, de um a três anos 
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Aborto provocado por terceiro 
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:Pena - reclusão, de três a dez anos. 
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54) 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior 
de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é 
obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência 
Forma qualificada 
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de 
um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para 
provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são 
duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54) 
Aborto necessário 
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro 
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento 
da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. 
 
 
 
 
 
 
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Direito Penal 
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 DIVISÃO DIDÁTICA DO HOMICÍDIO 
 
a) Caput – Homicídio Doloso Simples 
b) § 1º - Homicídio Doloso Privilegiado 
c) § 2º - Homicídio Doloso Qualificado 
d) § 3º - Homicídio Culposo 
e) § 4º - Majorante de Pena 
f) § 5º - Perdão Judicial 
g) § 6º - Majorante de Grupo de Extermínio ou Milícia Armada (Lei nº 
12.720/12) 
 
INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O HOMICÍDIO 
 
1. Professor, existe homicídio preterdoloso? O homicídio preterdoloso é 
a mesma coisa que lesão corporal seguida de morte (caiu na prova oral da 
Polícia Civil do Paraná). 
2. Não existe homicídio de menor potencial ofensivo. O homicídio 
culposo é de médio potencial ofensivo. Admite-se a suspensão condicional 
do processo no homicídio culposo do CP. Entretanto, o homicídio culposo do 
CTB não admite a suspensão condicional do processo. 
3. A vida humana, para o Direito Penal, pode ser tanto a vida intrauterina 
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quanto a vida extrauterina, de forma que não só a vida de quem já nasceu é 
tutelada, mas também será tutelada a vida daqueles que ainda estão no 
ventre materno (Nascituros). 
4. Homicídio contra presidente de Poderes: Se o sujeito passivo for o 
Presidente da República, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do 
STF, e o ato possuir cunho político, estaremos diante de um crime previsto 
na Lei de Segurança Nacional (art. 29 da Lei 7.710/89). 
5. Momentos: 
a) Morte dolosa do nascente antes do rompimento do saco amniótico: é 
aborto. 
Anote: o momento do nascimento é motivo de divergência na doutrina (dilatação, contração, 
rompimento da bolsa etc.), mas isso não é importante para a prova. 
 
b) Morte dolosa do nascente depois do rompimento do saco amniótico: é 
homicídio ou infanticídio. No último caso, dependerá de ter sido praticado pela 
própria mãe sob influência do estado puerperal (art.122 do CP). 
6. Respiração e nascimento: Para configurar o crime de homicídio ou 
infanticídio, não é necessário que o nascituro tenha respirado, notadamente 
quando, iniciado o parto, existam outros elementos para demonstrar a vida do 
ser nascente, por exemplo, os batimentos cardíacos. (STJ, HC 228.998-MG, 
julgado em 23/10/2012). 
7. Professor, quando ocorre o fim da vida? Ocorre com a cessação do 
funcionamento cerebral (morte encefálica) (Lei 9.434/97, art. 3º - Lei de 
Transplantes). Após esse momento, o crime de homicídio torna-se impossível 
por absoluta impropriedade do objeto (art. 17 do CP), mesmo que existam 
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batimentos cardíacos ou atividade pulmonar. 
8. Homicídio e Justiça Militar: Os crimes dolosos contra a vida cometidos 
por militar contra civil serão da competência da justiça comum (Tribunal 
do Júri), e não da competência da Justiça Militar (CPM, art. 9º, parágrafo 
único). 
 
A Justiça Militar é competente para julgar crime de homicídio praticado por militar em serviço 
contra militar reformado. (STJ, HC 173.131-RS, Rel. Min. Jorge Mussi, Dje 05/02/2013). 
 
9. Homicídio versus Genocídio: Pratica genocídio quem, com a intenção de 
destruir, no todo ou em parte, algum grupo nacional, étnico ou religioso: 
a) comete assassinato de membros, ou de todo grupo; 
b) quem causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do 
grupo; 
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes 
de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; 
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; e 
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo 
(Lei 2.889/56, art. 1º). 
 
 
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Caput – Homicídio Doloso Simples 
 
10. Homicídio Simples: É a conduta prevista no caput do art. 121. Pode-se 
dizer que o conceito de homicídio simples é negativo, ou seja, será simples o 
homicídio que não for privilegiado (§ 1º), nem qualificado (§ 2º). 
11. Homicídio simples e hediondez: matar alguém (art. 121, caput). 
Será hediondo apenas quando praticado em atividade típica de grupo de 
extermínio, ainda que cometido por um só agente (Lei 8.072/90, art. 1º, I). É 
chamado de homicídio condicionado. 
 
§ 1º - Homicídio Doloso Privilegiado 
 
12. Trata-se de uma causa especial de diminuição de pena prevista no art. 
121, § 1º. Estará beneficiado pela presente causa especial de diminuição o 
agente que praticar a conduta nas seguintes circunstâncias: 
 Impelido (movido, dirigido, incitado) por relevante valor social: é 
aquele que tem por objeto o interesse da comunidade, como no exemplo do 
agente que mata um perigoso bandido que vem atemorizando a comunidade, 
ou que mata um traidor da pátria. 
 Impelido por relevante valor moral: nessa hipótese, o valor tem caráter 
individual, pessoal. Seria exemplo a situação do agente que mata o estuprador 
 Professor: Lúcio Valente 
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de sua filha, ou do homicídio de um doente em estado terminal, com intenção 
de minorar-lhe o sofrimento, situação denominada eutanásia.1 
 
A eutanásia é uma forma de homicídio privilegiado por relevante valor moral. 
 
Como esse tema já foi cobrado 
Apressar a morte de quem esteja desenganado configura homicídio com relevante valor social 
(Promotor de Justiça/MPDFT/2015).2 
 
O agente que, para livrar sua esposa, deficiente física em fase terminal em razão de doença 
incurável, de graves sofrimentos físico e moral, pratica eutanásia com o consentimento da 
vítima, deve responder, em tese por homicídio privilegiado, já que agiu por relevante valor 
moral, que compreende também seus interesses individuais, entre eles a piedade e a paixão 
(Promotor de Justiça/MPSP/2015).3 
 
 Sob o domínio de violenta emoção, LOGO EM SEGUIDA a injusta 
provocação da vítima: 
 
 Sob o Domínio: a violenta emoção domina as razões do agente, o qual 
age possuído por esse sentimento. Diz-se que o agente não tem tempo para 
“racionalizar” sua conduta. 
 
1
 Informação cobrada em 2015 - MPE-SP - MPE-SP - Promotor de Justiça.2 Gabarito: errado. 
3 Gabarito: correto. 
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Obs.: Para ocorrer o presente privilégio não é suficiente a mera influência 
da violenta emoção, que configura mera circunstância atenuante genérica (art. 
65, III, “c”, segunda parte)4; 
 Violenta emoção: emoção é sentimento passageiro (ódio repentino, 
repulsa passageira, raiva incontrolável etc.) que não se confunde com a 
paixão. A segunda é sentimento permanente (ciúme, amor, mágoa 
acumulada etc.), sendo, em princípio, indiferente para efeitos penais; 
 Logo em seguida: não pode haver intervalo significante entre a injusta 
provocação e a reação violenta. Pode-se dizer que não se admite tempo 
suficiente para que o agente “racionalize” sua conduta. Caso ocorra lapso 
relevante de tempo entre a provocação e a reação do agente, pode-se invocar 
a atenuante genérica do art. 65, III, “c”, última parte (“logo após”). Nada 
impede, contudo, que saia do local por poucos minutos para buscar a arma do 
crime, desde que ainda exista “domínio” da emoção violenta. 
13. Quais são as consequências da caracterização do homicídio como 
privilegiado? Redução obrigatória da pena em 1/6 a 1/3. 
14. Se o crime for praticado em concurso de pessoas, a circunstância 
pessoal (violenta emoção) se comunica entre os autores do crime? 
Caro aluno, a circunstância pessoal não se comunica entre os autores, 
respondendo por homicídio simples aquele que não estava sob violenta 
emoção. 
 
O domínio de violenta emoção é incompatível com premeditação (planejamento do crime). 
 
 
4 Informação cobrada em 2015 2013 – CESPE – DPE-RO – Defensor. 
 Professor: Lúcio Valente 
Direito Penal 
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15. Por outro lado, o domínio de violenta emoção é compatível com dolo 
eventual (quando o agente assume o risco de produzir o resultado). Como 
exemplo, pode-se citar a situação em que o agente é provocado injustamente 
por pedestre que para em frente ao seu veículo, momento em que o autor, 
dominado por violenta emoção, acelera o automóvel assumindo o risco de 
produzir a morte do provocador. 
 
O dolo eventual é compatível com a minorante da violenta emoção. 
 
§ 2º - Homicídio Doloso Qualificado 
 
16. Homicídio qualificado: o § 2º do art. 121 enumera as situações em que 
o homicídio torna-se qualificado. O homicídio qualificado é aquele para o qual 
se prevê uma pena mais grave (12 a 30 anos), em razão da maior 
reprovabilidade da conduta do agente. 
17. Hipóteses qualificadoras do homicídio: 
 Motivos 
1. Paga; 
2. Promessa de recompensa; 
3. Outro motivo torpe ou motivo fútil; 
4. Feminicídio 
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5. Em razão da condição de membro de segurança pública e seus familiares 
 Meios: 
1. Veneno; 
2. Fogo; 
3. Explosivo; 
4. Asfixia; 
5. Tortura; 
6. Outro meio de que possa resultar perigo comum; 
 Modos: 
1. Traição 
2. Emboscada; 
3. Dissimulação; 
4. Outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; 
 Finalidade: para assegurar a 
1. Execução; 
2. Ocultação; 
3. Impunidade; 
4. Vantagem de outro crime. 
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18 
 
 
 
 Paga ou promessa de recompensa ou OUTRO MOTIVO TORPE: cuida-
se do homicídio mercenário. No primeiro caso, o executor recebe 
pagamento total ou parcial para cometer o delito. No segundo caso, há apenas 
promessa de recompensa (monetária ou não). Ex.: promessa de favores 
sexuais. Outro motivo torpe: ocorre aqui uma hipótese de interpretação 
analógica, configurando em um fechamento genérico, que possibilita ao 
aplicador da lei a inclusão de outras hipóteses que não expressamente 
previstas, mas que também sejam torpes (ex.: matar os pais para ficar com a 
herança). 
18. Homicídio mediante paga ou promessa de recompensa ou outro 
motivo torpe e comunicação a coautores: O delito praticado mediante 
paga ou promessa de recompensa, por ser elemento do tipo qualificado, é 
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circunstância objetiva que não atinge exclusivamente o executor, mas 
também o mandante ou qualquer outro coautor (STJ, AgRg no REsp 912491 
DF, DJe 29/11/2010). 
19. Atente-se, no entanto, que recentemente o STJ consignou que o 
reconhecimento da citada qualificadora aplicada ao executor do crime de 
homicídio mercenário não é automático em relação ao mandante, mas 
apenas se o motivo que o tenha levado a empreitar o óbito alheio seja torpe. 
(STJ, REsp 1.209.852-PR, DJe 2/2/2016). 
Então, são dois posicionamentos. O que marcar na prova? 
 
1º O mandante sempre responde 
(MAJORITÁRIO) 
(STF. HC 69940, Primeira Turma, DJ 02-
04-1993). 
(STF. HC 71582, Primeira Turma, DJ 09-
06-1995 ). 
(STJ. HC 99.144/RJ, DJe 09/12/2008) 
(STJ, AgRg no REsp 912491 DF, DJe 
29/11/2010). 
 
2º O mandante só responde quando seu 
motivo também for torpe 
(STJ, REsp 1.209.852-PR, DJe 2/2/2016). 
 
 
Como esse tema já foi cobrado 
A qualificadora do homicídio praticado mediante recompensa é simples circunstância, com 
aplicação restrita ao executor do crime, pois é quem executa a ação motivado pela 
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remuneração (Promotor de Justiça/MPMS/2015).5 
 
20. Homicídio fútil versus torpe) 
 Fútil: banal, frívolo, pequeno, desproporcional (ex.: matar o colega 
de trabalho porque este lhe subtraiu o ovo da marmita, ou pelo fato de 
a vítima ter “olhado feio” etc.). 
 
Obs. 1: STJ, AgRg no REsp 1289181/SP, DJ 29/10/2013 - Como é sabido, fútil 
é o motivo insignificante, apresentando desproporção entre o crime e sua 
causa moral. Não se pode confundir, como se pretende, ausência de 
motivo com futilidade. Assim, se o sujeito pratica o fato sem razão 
alguma, não incide essa qualificadora, à luz do princípio da reserva legal. 
 
O homicídio gratuito (sem motivo algum) não é fútil. 
 
Obs. 2: Em que pese o estado de embriaguez possa, em tese, reduzir ou 
eliminar a capacidade do autor de entender o caráter ilícito ou determinar-se 
de acordo com esse entendimento, tal circunstância não afasta o 
reconhecimento da eventual futilidade de sua conduta (STJ, REsp 908.396/MG, 
DJ 30/03/2009). 
Obs. 3: A anterior discussão entre a vítima e o autor do homicídio, por si só, 
não afasta a qualificadora do motivo fútil (STJ, AgRg no REsp 1.113.364-PE, 
 
5 Gabarito: errado. 
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DJe 21/8/2013) 
Obs. 4.: Não incide a qualificadora de motivo fútil (art. 121, § 2°, II, do CP), 
na hipótese de homicídio supostamente praticado por agente que disputava 
“racha”, quando o veículo por ele conduzido – em razão de choque com outro 
automóvel também participante do “racha” – tenha atingido o veículo da 
vítima, terceiro estranho à disputa automobilística. (STJ, HC 307.617-SP, DJe16/5/2016). 
 Torpe: repugnante, vil, abjeto, abominável. Ex.: matar os pais para 
ficar com a herança. 
 
Vingança ou ciúme, por si só, não configuram motivo torpe (STJ, AgRg no Resp 569.047 PR DJ 
06/05/2015). 
 
O sentimento de ciúme pode tanto inserir-se na qualificadora do inciso I ou II do parágrafo 2º, 
ou mesmo no privilégio do parágrafo primeiro, ambos do art. 121 do CP, análise feita 
concretamente, caso a caso. (STJ, AgRg no REsp 1457054/PR, DJe 29/06/2016) 
 
21. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro 
meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum: 
 
 Emprego de veneno: ocorre pelo uso de qualquer substância que cause 
destruição das funções vitais, incluindo as substâncias normalmente benéficas 
que, pela conhecida condição da vítima, possam causar efeitos danosos (ex.: 
ministrar açúcar ao diabético). O uso de veneno só qualifica o homicídio se 
praticado com dissimulação (ocultação da intenção), insídia (às 
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escondidas). Caso a vítima seja obrigada a ingerir o veneno, mediante coação, 
a qualificadora poderá ser a de meio cruel. 
 
Como esse tema já foi cobrado 
Miquelino Boa Morte, em razão de motivo abjeto, praticou delito de homicídio contra 
Angelino Boa Vida. Para tanto, Miquelino misturou, na presença e sob a ciência de 
Angelino, em um recipiente, água e substância venenosa, obrigando, sem possibilidade de 
reação, sua vítima a ingerir tal substância, conduta que ocasionou, após sofrimento do 
envenenado, o seu óbito. Miquelino Boa Morte praticou Homicídio duplamente qualificado 
por motivo torpe e com emprego de veneno. (Promotor de Justiça/MPBA/2015).6 
 
Para a configuração da qualificadora do emprego de veneno no homicídio, disposta no 
artigo 121, § 2°, inciso III, primeira figura, do CP, não se exige que a vítima desconheça a 
circunstância de estar sendo envenenada (Delegado de Polícia/PCRO/2014).7 
 
 Asfixia: é a supressão da capacidade de captar oxigênio para o corpo. 
Pode ser mecânica (ex.: enforcamento, afogamento, soterramento etc.) ou 
tóxica (ex.: gás asfixiante)8. 
 
Como esse tema já foi cobrado 
 
Se o homicídio é cometido com emprego de asfixia ele é considerado qualificado. 
Entretanto, a doutrina e jurisprudência predominante em nosso país entendem que 
somente se aplica nos casos de asfixia mecânica, não incidindo tal regra (majorante legal) 
nos casos de asfixia tóxica (Promotor de Justiça/MPSC/2014).
9
 
 
 
6 Gabarito: errado. 
7
 Gabarito: errado. 
8 Informação cobrada em 2014 - MPE-SC - Promotor de Justiça. 
9 Gabarito: errado. 
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Determinado sujeito, que acabara de se desiludir amorosamente, decide matar sua até 
então namorada. Toma emprestado o automóvel de seu vizinho e, durante o trajeto, por 
descuido, abalroa gravemente um outro veículo, causando sério prejuízo material. Mas, 
faltando-lhe coragem para consumar o homicídio, estaciona próximo a um bar, às portas 
da casa de sua ex-namorada e intencionalmente se embriaga, a fim de ganhar valentia 
para executar seu plano. Abandona o veículo, vai a pé até a casa da ex-namorada e, 
mediante asfixia, tira-lhe a vida. À luz do Direito Penal, o sujeito cometeu homicídio 
qualificado pela asfixia e agravado pela embriaguez pré-ordenada (Juiz/TJRJ/2014).10 
 
 Emprego de tortura: é o martírio ou aflição grave e desnecessária. Aqui a 
tortura é um meio para se alcançar a morte (resultado desejado), e não se 
confunde com o crime de tortura do qual resulta morte (Lei 9.455/97, art. 1º, 
§ 3º). Este último é crime preterdoloso (dolo na tortura e culpa na morte). 
 Meio insidioso: traiçoeiro, ardiloso. Ex.: armadilha mortífera. 
 Meio cruel: É o que faz sofrer além do necessário. Deve o agente agir com 
sadismo, com volição de causar maior sofrimento. 
 
A multiplicidade de atos executórios (in casu, reiteração de facadas), por si só, não configura a 
qualificadora de meio cruel (STJ, REsp 743.110/MG, DJ 27/03/2006) 
 
Assim, vai depender do caso concreto. Veja que o próprio STJ já entendeu que há indícios da 
qualificadora do homicídio, devido ao meio cruel utilizado pelo réu, consistente na reiteração 
de golpes com barra de ferro na cabeça da vítima, já caída no chão com o primeiro golpe (STJ, 
HC 224.773/DF, DJe 06/06/2013) 
 
 Meio de que possa resultar perigo comum: é aquele que pode alcançar 
indefinido número de pessoas (ex.: matar a vítima através de gás tóxico em 
 
10 Gabarito: 
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via pública ou por fogo). 
22. Traição e emboscada: na traição há ataque disfarçado (ex.: matar a 
vítima de surpresa, pelas costas). Na emboscada, há uma cilada, ou uma 
tocaia, onde a vítima é surpreendida pelo surgimento inesperado do autor. 
23. Mediante outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa 
da vítima: qualquer situação na qual a vítima esteja em situação nitidamente 
desfavorável para uma possível defesa (ex.: matar a vítima enquanto esta 
dorme). Entendimento majoritário é no sentido de que a mera superioridade 
de armas não configura a qualificadora. 
24. Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou 
vantagem de outro crime: trata-se do homicídio qualificado pela conexão, 
uma vez que o homicídio está relacionado a outro crime (ex.: matar o 
namorado para estuprar a namorada). 
Conforme ensinamentos doutrinários, a conexão qualificadora do homicídio 
pode ser assim classificada: 
 Conexão teleológica: homicídio praticado como meio para a prática de 
outro crime (ex.: matar o marido para estuprar a esposa). 
 Conexão consequencial: ocorre quando o homicídio é praticado com a 
finalidade de ocultar outro crime ou para assegurar a impunidade de outro 
crime (ex.: matar a testemunha que presenciou roubo praticado pelo autor), 
ou para garantir a vantagem de outro crime (ex.: mata o comparsa para ficar 
com a res furtiva). 
Como esse tema já foi cobrado 
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Álvaro e Samuel assaltaram um banco utilizando arma de fogo. Sem ter ferido ninguém, 
Álvaro conseguiu fugir. Samuel, nervoso por ter ficado para trás, atirou para cima e acabou 
atingindo uma cliente, que faleceu. Dias depois, enquanto caminhava sozinho pela rua, 
Álvaro encontrou um dos funcionários do banco e, tendo sido por ele reconhecido como um 
dos assaltantes, matou-o e escondeu seu corpo. Álvaro cometeu o crime de homicídio 
qualificado e será responsabilizado pelo resultado morte ocorrido durante o roubo. 
(Delegado de Polícia/PCGO/2017).11 
 
FEMINICÍDIO 
 
25. Em um conceito consonante com o novo texto do CP, pode-se dizer que 
o Feminicídio, para fins penais, é a morte de mulheres por razão de seu 
gênero. 
 
26. Alterações 
 
 Foram três: 
a) Criação de uma nova qualificadora; 
b) Criação de causa de aumento específica; 
c) Alteração da Lei dos Crimes Hediondos; 
 
27. Nova qualificadora para o Homicídio: de acordo com a nova redação, 
 
11 Gabarito: correto. 
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o homicídio contra a mulher por razões da condição de sexo feminino 
passa a ser qualificado.A própria lei explicou as situações em que poderiam 
ocorrer tais Feminicídios: 
 
§ 2o- A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino 
quando o crime envolve: 
I - violência doméstica e familiar; 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
 
Como esse tema já foi cobrado 
Ao autor de homicídio praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino da vítima 
aplica-se circunstância qualificadora (Promotor de Justiça/MPDFT/2015).12 
 
O feminicídio, previsto no art. 121, § 2o , inciso VI, do Código Penal, exige que o crime seja praticado 
contra a mulher por razões da condição de sexo feminino envolvendo violência doméstica ou familiar ou 
menosprezo ou discriminação à condição de mulher (Juiz/TJSP/2015).13 
28. Relação com outras qualificadoras: A primeira observação que se faz 
é a de que as hipóteses práticas acabariam por levar a outras qualificadoras 
(motivo torpe ou fútil, por exemplo). No entanto, a intenção política do 
legislador foi a de jogar luz sobre o problema, estimulando o debate. Nesse 
 
12 Gabarito: correto. 
13 Gabarito: correto. 
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ponto houve sucesso. Mas, do ponto de vista penal não vemos avanços na 
proteção à mulher. Na verdade, a péssima qualidade do texto pode gerar mais 
problemas na aplicação da lei penal. 
29. Feminicídio privilegiado é possível? A segunda observação é a de 
que essa qualificadora é subjetiva, pois se refere aos motivos do crime, logo, 
não é possível que haja feminicídio privilegiado. Nesse passo, importante 
lembrar que a jurisprudência até admite a existência de homicídio privilegiado-
qualificado, mas, nessa hipótese, é necessário que a qualificadora seja de 
natureza objetiva. 
30. Feminicídio com dolo eventual é possível? Outro debate importante 
é a possibilidade ou não de convivência do dolo eventual com a nova 
qualificadora. Já fizemos o estudo do dolo eventual e suas peculiaridades e 
descobrimos que, em regra, o dolo eventual é cabível em qualquer 
qualificadora de homicídio, salvo com a qualificadora de “surpresa”. Na 
ocasião, apresentei a seguinte tabela: 
Tabela comparativa 
 
Dolo eventual e homicídio com 
“surpresa” (recurso que 
impossibilita a defesa) 
Dolo eventual e motivo 
torpe. 
Dolo eventual e tentativa 
 
 
 
STF: incompatível (pacífico) 
 
 
 
STF: compatível 
(informativo 553) 
Zaffaroni, Aníbal Bruno, Flávio 
Monteiro de Barros, Damásio, 
Bitencourt, STF (RHC 67342) e 
STJ (RHC 6.797/RJ): compatível. 
 
 
STJ: incompatível (há 
divergência) (REsp 1277036/SP, 
DJe 10/10/2014) 
 
STJ: compatível (HC 
58.423/DF) 
 
Rogério Greco e Mirabete: 
incompatível (minoritário) 
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31. Como a nova qualificadora se aproxima do motivo torpe, tenho que é 
mais segura a posição de que é possível a qualificadora de feminicídio com 
dolo eventual. 
32. O Feminicídio é compatível com a Lei Maria da Penha? Na verdade, 
existe uma grande confusão a esse respeito, pois muitas pessoas acreditam 
que existe um crime de “Maria da Penha”. Isso é errado. O que existe são 
crimes NA FORMA da Lei Maria da Penha (lesões, homicídio, furto, roubo, 
estupro etc.). 
33. Quando um determinado crime é praticado nas situações elencadas na 
Lei 11.340/06, o Estado passa a ter uma rede de proteção maior, desde o 
atendimento nas delegacias até a persecução em juízo, e mesmo depois. A Lei 
Maria da Penha cria o ambiente de proteção estatal primária, tentando romper 
com o ciclo de violência. Assim, é plenamente possível o FEMINICÍDIO NA 
FORMA DA LEI MARIA DA PENHA. 
34. Agora, todas as hipóteses de FEMINICÍDIO vão resultar na 
aplicação da lei Maria da Penha? A resposta é não. Vamos ver a discussão 
seguinte. 
35. Quais as hipóteses de feminicídio? 
 
I - violência doméstica e familiar 
Neste caso, seria melhor que o legislador fosse claro em dizer “violência 
doméstica e familiar” contra a mulher NA FORMA DA LEI 11.340/06. 
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Essa omissão pode gerar discussões futuras, já que nem toda violência da Lei 
Maria da Penha é “doméstica e familiar”. Veja a situação de relação íntima de 
afeto sem convivência por exemplo. 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
Menosprezar é desestimar, menoscabar. Discriminar é tratar de forma 
preconceituosa. 
Penso que matar alguém já seja um ato de menosprezo, mas enfim. Vamos ver 
como essa hipótese será aplicada na prática. O tipo ficou muito aberto e vai 
depender de jurisprudência a respeito. 
36. Quais são as causas de aumento específicas? A pena do feminicídio 
é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto. 
Andou mal o legislador. Bastava colocar a causa de aumento no pós-parto. 
Durante a gravidez, se o agente conhece essa situação, deverá responder pelo 
aborto tentado ou consumado por dolo eventual. 
A jurisprudência vai ter que se posicionar em relação a bis in idem. 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) 
anos ou com deficiência. 
O agente deve saber dessa situação. 
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima. 
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Independentemente da idade. 
37. Alteração da Lei dos Crimes Hediondos: O professor Renato 
Brasileiro em um vídeo postado na internet afirma que tal alteração não era 
necessária, pois o homicídio qualificado já era hediondo. Ele está equivocado14. 
 A redação anterior era a seguinte: homicídio (art. 121), quando praticado 
em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só 
agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V); 
 A nova redação passa a ser: homicídio (art. 121), quando praticado em 
atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, 
e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV, V e VI); 
 Veja que se a alteração não tivesse sido realizada, pelo princípio da 
legalidade, o feminicídio teria sido uma hipótese de homicídio qualificado não 
hediondo. Andou bem o legislador. 
 
 
Lei nº 13.142, de 2015 (nova qualificadora do homicídio): art. 121, § 
2º, VII: Segurança Pública 
 
38. Considera-se qualificado e, portanto, hediondo, o homicídio (tentado ou 
consumado) contra: 
 
14https://www.youtube.com/watch?v=rOsDbnYqe6w 
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 Integrantes das forças armadas; 
 das forças de segurança pública, do 144 da Constituição Federal 
(incluindo guardas municipais, mencionados no § 8º); 
 integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, 
 
39. Para que o homicídio seja qualificado, a vítima deve estarno exercício da 
função ou a morte ter ocorrido em decorrência dela (não se aplicando aos 
aposentados), ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo 
até terceiro grau, em razão dessa condição. 
40. Quando a lei faz menção ao cônjuge ou companheiro, isso inclui, tanto 
relacionamentos heteroafetivos como homoafetivos. Assim, matar um 
companheiro homoafetivo do policial, em represália por sua atuação funcional, 
é homicídio qualificado, nos termos do art. 121, § 2º, VII, do CP. 
41. A expressão “parentes consanguíneos até 3º grau” abrange: 
 Ascendentes (pais, avós, bisavós); 
 Descendentes (filhos, netos, bisnetos); 
 Colaterais até o 3º grau (irmãos, tios e sobrinhos). 
42. Professor, sogra entra aí? Não, pois é parente por afinidade, e a lei 
não citou esse tipo de parentesco. 
43. E os filhos adotivos? Entendo que não. Explico. Em que pese patente a 
inconstitucionalidade contida na restrição imposta pelo inciso IV, ao incluir 
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apenas parentes consanguíneos, deixando fora da proteção os filhos adotivos, 
por inserirem-se estes na qualidade de parente civil, violando, assim, o art. 
227, §6, da CF, não é possível consertar o equívoco legislativo por meio de 
interpretação que agrava a punição, sob pena de se aplicar a analogia in 
malam partem, o que é inadmissível para o direito penal. Entretanto, há 
posicionamento em sentido contrário. 
Aguardemos a posição da jurisprudência sobre o tema. 
Dica: por ser qualificadora subjetiva, em caso de concurso de pessoas, essa 
qualificadora não se comunica aos demais coautores ou partícipes, salvo se 
eles também tiverem a mesma motivação. 
Dica: a qualificadora do § 2º, VII, não pode ser ao mesmo tempo 
PRIVILEGIADA, pois as causas privilegiadoras (sempre subjetivas) não 
convivem com qualificadoras subjetivas, conforme veremos no tópico a seguir. 
 
Observações sobre qualificadoras e minorantes 
 
44. O homicídio pode ser, ao mesmo tempo, privilegiado e qualificado. 
Segundo o STF, tal é possível, desde que não haja incompatibilidade entre 
as circunstâncias do caso, como na hipótese de reconhecimento de 
qualificadoras objetivas (meios e modos) e do privilégio afinal reconhecido 
(sempre de natureza subjetiva) (HC 97.034/MG, DJ 07/05/2010). 
Como esse tema já foi cobrado 
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No crime de homicídio doloso é majoritário o entendimento que admite a coexistência das 
circunstâncias privilegiadas (art. 121, § 1°, do CP), todas de natureza subjetiva, com as 
qualificadoras de natureza objetivas insertas no art. 121, § 2°, do Código Penal (Promotor 
de Justiça/MPSC/2016).15 
 
É majoritária a posição doutrinária que admite a existência do denominado homicídio 
híbrido, desde que a circunstância qualificadora tenha caráter subjetivo (Promotor de 
Justiça/MPMT/2014).16 
 
 
O reconhecimento do homicídio privilegiado é incompatível com a qualificadora da 
utilização do meio cruel (Promotor de Justiça/MPMS/2015).17 
 
 
Segundo a jurisprudência dominante no Superior Tribunal de Justiça, é inadmissível o 
reconhecimento de um crime de homicídio doloso qualificado privilegiado 
(Juiz/TJRS/2016).18 
 
45. Qualificadoras e dolo eventual: 
 A 5ª Turma do STJ possui entendimento no sentido de que o fato de o réu 
ter assumido o risco de produzir o resultado morte, aspecto caracterizador do 
dolo eventual, não exclui a possibilidade de o crime ter sido praticado por 
motivo fútil, uma vez que o dolo do agente, direto ou indireto, não se 
 
15 Gabarito: correto. 
16
 Gabarito: errado. 
17 Gabarito: errado. 
18 Gabarito: errado. 
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confunde com o motivo que ensejou a conduta, mostrando-se, em princípio, 
compatíveis entre si. (STJ. 5ª Turma. REsp 912.904/SP, Rel. Min. Laurita 
Vaz, julgado em 06/03/2012). 
 Em recente julgado, a 6º Turma do STJ mudou o entendimento afirmando 
ser incompatível com o dolo eventual a qualificadora de motivo fútil, tendo em 
vista a ausência de elemento volitivo. (STJ, HC 307.617-SP, DJe 16/5/2016). 
 
Como esse tema já foi cobrado 
A qualificadora do motivo fútil é compatível com o homicídio praticado com o dolo eventual 
(Promotor de Justiça/MPMS/2015).19 
 
 O STF (2ª Turma) entende diferente: São incompatíveis o dolo eventual 
e a qualificadora da surpresa prevista no inciso IV do § 2º do art. 121 do 
CP (“§ 2° Se o homicídio é cometido: ... IV - à traição, de emboscada, ou 
mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a 
defesa do ofendido”) (Informativo 677). 
 
 STF (2ª Turma): O dolo eventual pode coexistir com a qualificadora do 
motivo torpe do crime de homicídio (Informativo 577). 
46. Homicídio privilegiado: não é crime hediondo. 
 
19 Gabarito: correta. Veja, portanto, que decisão posterior da 6º Turma gerou divergência sobre o tema. Atualmente, 
esta questão não teria gabarito. Vejamos como se posicionará o STJ no futuro. 
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Homicídio híbrido20 (qualificado-privilegiado): não é crime hediondo. 
47. Pluralidade de qualificadoras: na hipótese de existirem diversas 
qualificadoras, no momento da dosimetria da pena, cabe ao julgador utilizar 
uma delas para qualificar o crime e as demais servirão como agravantes 
genéricas, se previstas como tal. 
 
§ 3º - Homicídio Culposo 
 
48. Homicídio culposo (art. 121, § 3º): será culposo o homicídio quando o 
agente causar o resultado através de quebra do dever objetivo de cuidado, por 
imprudência negligência ou imperícia. 
1. Imprudência: é um fazer descuidado; 
2. Negligência: é um deixar de fazer descuidado; 
3. Imperícia: é um não saber fazer. 
49. Homicídio culposo no trânsito: encontra-se previsto no art. 302 da Lei 
9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro). Para a sua configuração, exige-se que 
o autor esteja na direção de veículo automotor. 
 
§ 4º - Majorante de Pena 
 
20 Informação cobrada em 2014 – UFMT - MPE-MT - Promotor de Justiça. 
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50. Homicídio culposo majorado (art. 121, § 4º): no homicídio culposo, a 
pena é aumentada de 1/3 (um terço) 
 Se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou 
ofício, ou 
 Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima; 
 Não procura diminuir as consequências do seu ato, ou (iv) foge para evitar 
prisão em flagrante. 
51. Morte instantânea da vítima: no homicídio culposo, a morte 
instantânea da vítima não afasta a causa de aumento de pena prevista no 
art. 121, § 4°, do CP – deixar de prestar imediato socorro à vítima –, a não ser 
que o óbito seja evidente, isto é, perceptível por qualquer pessoa (STJ, HC 
269.038-RS, DJe 19/12/2014) (Informativo 554). 
52. Inobservância de regra técnica e imperícia: a presente causa de 
aumento muito se assemelha à imperícia, o que a tornaria inaplicável por 
respeito ao princípio do non bis inidem (apenação dupla pelo mesmo motivo). 
Ocorre que a doutrina de Fragoso, Damásio, A. Bruno, Capez, entre outros, 
tem ensinado que a imperícia refere-se às pessoas em geral, que 
desconhecem regras técnicas específicas de determinado campo do 
conhecimento. Já a causa de aumento de pena aplica-se somente aos 
profissionais, que conhecem as regras de suas respectivas especialidades. 
53. Inobservância de regra técnica e bis in idem: STF, HC 95.078/UF, DJ 
10/03/2009 - Por reputar bis in idem, a 2ª Turma do STF concedeu habeas 
corpus para afastar a causa de aumento da pena decorrente de inobservância 
de regra técnica de profissão (art. 121, §4º, primeira parte) na situação em 
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que as pacientes foram acusadas de homicídio culposo agravado pela 
“inobservância de boa técnica de profissão médica” no pós-operatório da 
vítima, a qual teria morrido de infecção, cujos sintomas não foram observados 
pelas acusadas que, dessa forma, teriam deixado de adotar as medidas 
cabíveis. Dentre elas, a realização de exame específico. Ressaltou o Supremo 
que a fundamento para a identificação do crime culposo e a da majorante 
decorreu de uma única situação, a inobservância do quadro clínico da vítima. 
Seria mister, no caso, a ocorrência de duas condutas distintas: uma para 
fundamentar a culpa, e outra para configurar a majorante (ex.: realizar 
procedimento cirúrgico inadequado que levem à condição infecciosa e, 
percebendo essa condição, não tomar as medidas necessárias. 
54. Divergência: Há posicionamentos no STJ no sentido de que é 
possível a aplicação da causa de aumento de pena prevista no art. 121, 
§ 4º, do CP no caso de homicídio culposo cometido por médico e 
decorrente do descumprimento de regra técnica no exercício da 
profissão. Nessa situação, não há que se falar em bis in idem. Isso porque o 
legislador, ao estabelecer a circunstância especial de aumento de pena prevista 
no referido dispositivo legal, pretendeu reconhecer maior reprovabilidade à 
conduta do profissional que, embora tenha o necessário conhecimento para o 
exercício de sua ocupação, não o utilize adequadamente, produzindo o evento 
criminoso de forma culposa, sem a devida observância das regras técnicas de 
sua profissão. De fato, caso se entendesse caracterizado o bis in idem na 
situação, ter-se-ia que concluir que essa majorante somente poderia ser 
aplicada se o agente, ao cometer a infração, incidisse em pelo menos duas 
ações ou omissões imprudentes ou negligentes, uma para configurar a culpa e 
a outra para a majorante, o que não seria condizente com a pretensão legal. 
STJ, HC 281204 SP, julgado em 26/03/2015. 
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EM RESUMO: 
Como se vê, a matéria não é pacífica. Portanto, não é adequada a cobrança em provas 
objetivas, somente discursivas em orais. 
 
55. Homicídio culposo no trânsito (art. 302 do CTB) X Dolo eventual 
 STJ os crimes de trânsito são, em regra, culposos e o dolo eventual é a 
exceção (HC 58.826/RS, DJe de 8.9.2009). 
 STJ (HC 234.902/AC, DJe 19/09/2012): embriagado + alta velocidade + não 
atendeu pedido dos passageiros para parar: Dolo eventual 
 STJ (REsp 1279458/MG, DJe 17/09/2012): dúvida entre culpa e dolo durante 
o Júri: os Jurados decidem. 
 STJ (HC 160.336/SP, DJe 18/06/2012): alta velocidade + local movimentado: 
dolo eventual. 
 STJ (HC 118.071/MT, DJe 01/02/2011): dolo eventual no trânsito é 
compatível com motivo fútil. 
 STF (Inf. 677): homicídio doloso no trânsito é incompatível com qualificadora 
da surpresa (recurso que impossibilita defesa da vítima). 
 STF (Inf. 645): morte durante racha: dolo eventual. 
 STJ (Inf. 583): morte durante racha: não é motivo fútil. 
 STF: (inf.818): Não caracteriza homicídio doloso (dolo eventual) a conduta de 
entregar veículo automotor a pessoa embriagada, a qual posteriormente mata 
alguém em posterior acidente. 
 
 
56. Homicídio doloso majorado: sendo doloso o homicídio, a pena é 
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 
14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
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57. Há uma majorante que não é prevista no CP: é o aumento de 1/3 quando, 
por exemplo, o crime for cometido contra índio não-integrado ou comunidade 
indígena. É o que preconiza o art. 59 da Lei 6.001/1973, in verbis: no caso de 
crime contra a pessoa, o patrimônio ou os costumes, em que o 
ofendido seja índio não integrado ou comunidade indígena, a pena 
será agravada de um terço. 
 
58. Transmissão de vírus da AIDS: 
 O STF, no julgamento do HC 98.712/RJ, Rel. Min. MARCO AURÉLIO (1.ª 
Turma, DJe de 17/12/2010), firmou a compreensão de que a conduta de 
praticar ato sexual com a finalidade de transmitir AIDS não configura crime 
doloso contra a vida, mas não firmou qual crime seria (transmissão de 
moléstia grave ou lesão corporal gravíssima); 
 O STJ entendeu que na hipótese de transmissão dolosa de doença 
incurável, a conduta deverá será apenada com mais rigor do que o ato de 
contaminar outra pessoa com moléstia grave, conforme previsão clara do art. 
129, §2.º inciso II, do Código Penal (STJ, (HC 160.982/DF,, DJe 
28/05/2012) 
 
§ 5º - Perdão Judicial 
 
59. Perdão Judicial (art. 121, § 5º): Na hipótese de homicídio culposo, o 
juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem 
o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne 
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desnecessária (ex.: autor ficou paraplégico, perdeu um filho querido etc.) 
Como esse tema já foi cobrado 
O homicídio admite o perdão judicial, se privilegiado (Promotor de Justiça/MPMS/2015).21 
60. Observações sobre esse perdão judicial: 
 É decisão declaratória de extinção da punibilidade, que nenhuma 
consequência gera para o réu. Nesse sentido, Luiz Flávio Gomes, Rogério 
Lauria Tucci, Delmanto, Fragoso, Aníbal Bruno, etc. É também a posição do 
Superior Tribunal de Justiça (vide Súmula 18 do STJ). Posição que prevalece. 
 
Veja como esse tema já foi cobrado 
A sentença que conceder perdão judicial será considerada para efeitos de reincidência 
(Delegado de Polícia/PCSC/2014).22 
 
 O perdão judicial não pode ser concedido ao agente de homicídio culposo 
que, embora atingido moralmente de forma grave pelas consequências do 
acidente, não tinha vínculo afetivo com a vítima nem sofreu sequelas 
físicas gravíssimas e permanentes (STJ, REsp1.455.178-DF, julgado em 
5/6/2014 (Informativo nº 542). 
 
 
21 Gabarito: errado. 
22 Gabarito: errado. 
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§ 6º - Majorante de Grupo de Extermínio ou Milícia Armada (Lei nº 
12.720/12) 
 
61. Milícia privada e grupo de extermínio: a pena é aumentada de 1/3 
(um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o 
pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
 Milícia privada: tem sido definida como um grupo de pessoas (que 
podem ser civis e/ou militares), que, alegadamente, pretenderia 
garantira segurança de famílias, residências e estabelecimentos 
comerciais ou industriais. Haveria, aparentemente, a intenção de 
praticar o bem comum, isto é, trabalhar em prol do bem-estar da 
comunidade, assegurando-lhe sossego, paz e tranquilidade, que foram 
perdidos em razão da violência urbana. 
 Grupo de extermínio (ou esquadrão da morte): em análise sistemática 
com o art. 288-A do Código Penal, entende-se como a associação de mais de 
três pessoas voltadas à prática de crimes. 
 
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO 
(ART. 122) 
 
62. Suicidar-se significa matar a si mesmo. Pode ocorrer por ação (ingerir 
veneno) ou por omissão (greve de fome). 
63. Ocorre por “participação” moral e “participação” material: na 
primeira há induzimento (incursão da ideia suicida na cabeça da vítima) ou 
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instigação (reforço de ideia suicida já existente). Na participação material o 
agente auxilia materialmente a vítima, sem participar dos atos executórios 
da morte (ex.: empresta a corda, indica o veneno, vigia o local da morte etc.). 
64. Pode ocorrer por dolo direto ou eventual, nunca por culpa, por falta de 
previsão legal. 
65. Não há punição para o próprio suicida sobrevivente, em respeito ao 
princípio da lesividade (nulla poenalis sine injuria), mais especificamente na 
vertente em que proíbe incriminações de comportamentos que não excedam o 
âmbito do próprio autor (princípio da alteridade). 
O princípio da lesividade impede a punição do suicida sobrevivente. 
 
66. Não se configura constrangimento ilegal a coação para impedir 
suicídio (art. 146, § 3º, II) (ex.: José diz que matará a filha de João, caso 
este tente o suicídio). 
67. O crime só se consuma se houver lesões graves ou morte. Não há 
possibilidade de tentativa.23 
 
O crime de induzimento ao suicídio não admite tentativa, pois se trata de crime de resultado 
condicionado (lesão grave ou morte) 
 
Como esse tema já foi cobrado 
 
23 Informação cobrada em 2014 - FCC - DPE-RS - Defensor Público. 
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Se “A" induz “B" a se matar, mas “B" apenas experimenta lesões leves, “A" pratica delito de 
auxílio ao suicídio, na forma tentada (Promotor de Justiça/MPDFT/2015).24 
 
Se do induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio resulta lesão corporal de natureza grave 
na vítima, a conduta daquele que induziu, instigou ou auxiliou a vítima a tentar se suicidar é 
atípica (Delegado de Polícia/PCRO/2014).25 
 
68. A vítima deve ter discernimento o suficiente para compreender o ato 
suicida, pois, caso contrário, estaremos diante do crime de homicídio (ex.: 
pedir para uma criança de tenra idade para que esta pule na piscina). 
69. O sujeito passivo deve ser determinado, podendo, contudo, tratar-se 
de mais de uma pessoa, ou mesmo um grupo de pessoas (ex.: chefe religioso 
que induz fiéis à prática de suicídio coletivo). Ao contrário, conclamações 
genéricas não configuram crime, como as descritas em romances literários. 
 
Conclamações genéricas não configuram o crime, como as descritas em romances literários. 
 
70. Pacto de morte (suicídio a dois), duelo americano (armas 
sorteadas em que uma está municiada e outra não) e roleta russa26 
(prática em que apenas uma munição é colocada no tambor do 
revólver, que é girado, de modo que não se possa saber se o próximo 
disparo ocorrerá ou não): se o sobrevivente participou dos atos 
 
24
 Gabarito: errado. 
25 Gabarito: errado. 
26 Informação cobrada em 2009 – CESPE - PC-RN - Delegado de Polícia. 
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executórios, responde por homicídio (ex.: Romeu ministra veneno a Julieta e 
depois toma do mesmo veneno. Caso sobreviva, responderá pelo homicídio de 
Julieta). Na hipótese de não ter praticado atos executórios de homicídio, incide 
no art. 122. 
71. A doutrina majoritária (Aníbal Bruno, Noronha, Hungria, Mirabete, Luiz 
Regis Prado, Rogério Greco, entre outros), ensina ser admissível a prestação 
de auxílio por omissão, desde que o agente se encontre na posição de 
garantidor da não ocorrência do resultado, conforme a norma prevista no art. 
13, § 2º (ex.: mãe de adolescente desiludida amorosamente que externa 
desejo de eliminar-se, tem o dever de impedir o resultado, sob pena de 
responder pelo crime na modalidade comissiva por omissão). Outros, como 
Capez, entendem tratar-se de homicídio por omissão. 
 
Auxílio ao suicídio por omissão 
 
Maioria da doutrina 
 
Auxílio ao suicídio por omissão imprópria: 
crime do art. 122. 
 
Capez 
 
Homicídio por omissão imprópria: crime do 
art. 121. 
 
72. Responde por homicídio aquele que, depois de auxiliar o suicida, vê sua 
vítima, arrependida, pedir socorro, impedindo dolosamente a intervenção 
salvadora (crime omissivo por comissão). 
73. Causas de aumento de pena (art. 122, I e II): determina o código que 
a pena do crime do art. 122 seja duplicada caso ocorra qualquer das 
seguintes hipóteses: 
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a) Motivo egoístico (mesquinho, torpe, repugnante etc.). Ex.: induzir 
alguém ao suicídio para tomar-lhe a esposa. 
Como esse tema já foi cobrado 
No crime de induzimento, instigação ou auxílio a suicídio, disposto no artigo 122 do CP, a pena 
é duplicada se o crime é praticado por motivo egoístico (Delegado de Polícia/PCRO/2014).27 
b) Se a vítima é menor (de dezoito anos) ou tem diminuída (e não 
anulada), por qualquer causa, a capacidade de resistência (ex.: vítima 
parcialmente embriagada). Ressalte-se que, caso a vítima, não tenha nenhuma 
capacidade de resistência (ex.: em estado de sonambulismo), o crime será de 
homicídio. 
 
Caso a vítima, não tenha nenhuma capacidade de resistência (ex.: em estado de 
sonambulismo), o crime será de homicídio. 
 
74. Testemunha de JEOVÁ: 
a) se imprescindível a transfusão, mesmo sendo a vítima maior e capaz, tal 
comportamento deve ser encarado como tentativa de suicídio, devendo o 
médico intervir, pois está na posição de garantidor e age em estado de 
necessidade ou no exercício regular de direito; 
b) Os pais, subtraindo o filho menor da necessária intervenção cirúrgica, 
responderão por homicídio, pois naturais garantidores dele, sendo 
inaceitável a tese a da inexigibilidade de conduta diversa; 
 
27 Gabarito: correto. 
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Em importante decisão recente do STJ, os pais, testemunhas de Jeová foram absolvidos do 
crime de homicídio ao não darem o consentimento aos médicos para transfusão de sangue, 
tendo eles cedido à vontade dos pais. Nesse caso, a responsabilidade é exclusiva dos médicos, 
que responderam pelo crime (STJ, HC 268.459/SP, Rel. DJe 28/10/2014). 
 
INFANTICÍDIO (ART. 123) 
 
75. Trata-se de modalidade especial de homicídio, tratada como crime 
autônomo pelo Código Penal, em que a mãe elimina o próprio filho sob a 
influência do estado puerperal, durante ou logoapós o parto. 
76. O nosso Código Penal só previu a modalidade biopsicológica (fusão entre 
critérios biológicos e psicológicos) de infanticídio. Não se admite o homicídio 
honoris causa, onde a mãe age para esconder a própria desonra. 
 
Anote: no Brasil não se admite mais o homicídio honoris causa, onde a mãe age para esconder 
a própria desonra. 
 
77. Influência (e não domínio): é o poder relativo exercido por 
circunstância passageira em que a mãe é impelida a dar fim ao nascente. Caso 
seja determinada uma doença ou perturbação da saúde mental da autora, 
pode-se falar em inimputabilidade ou semi-imputabilidade a depender de 
perícia psiquiátrica. 
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78. Estado puerperal: é o conjunto de alterações orgânicas que afetam a 
mulher durante e após o parto, em consequência de perda de líquidos 
corporais, ansiedade, dor, esforço extremo etc. 
79. Durante ou logo após o parto: o parto, segundo a literatura médica, 
tem início com o rompimento do saco amniótico (Nucci e Führer) e termina 
com a expulsão da placenta. Em sentido contrário, Rogério Greco e Noronha, 
para os quais o início do parto deve ser considerado a partir da dilatação do 
colo do útero. De qualquer forma, a decisão sobre o estágio fetal ou do 
nascente depende de perícia médica. Na cesariana, ocorre entre o início da 
incisão cirúrgica e o desprendimento da criança do organismo materno. O 
estado puerperal existirá ao tempo em que existir a influência das alterações 
orgânicas decorrentes do parto, o que só poderá ser determinado por exame 
clínico. Não se pode estabelecer critério temporal fixo em horas. 
 
Como esse tema já foi cobrado 
A expressão “durante ou logo após o parto" impede a caracterização do infanticídio se a 
conduta for praticada mais de 24h após o parto ter sido concluído (Promotor de 
Justiça/MPDFT/2015).28 
 
 
80. Elemento subjetivo: é o dolo direto ou eventual, não se exigindo 
especial fim de agir (elemento subjetivo do tipo). 
Como esse tema já foi cobrado 
 
28 Gabarito: errado. 
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O crime de infanticídio, descrito no artigo 123 do CP, prevê também como típica a forma 
culposa desse delito (Delegado de Polícia/PCRO2014).29 
 
81. Mãe que, sob a influência do estado puerperal, é descuidado e 
deixa o neonato cair do colo, matando-o: trata-se de homicídio culposo, 
pois não se admite a figura culposa do infanticídio (Hungria, Noronha, 
Mirabete, Luiz Régis Prado). Em sentido contrário: Damásio, para quem o fato 
é atípico. 
82. Concurso de pessoas30: apesar de discordância doutrinária, o estado 
puerperal é elemento do crime e comunica-se ao concorrente, conforme art. 
30. 
Partícipe responde pelo art. 123 em concurso de pessoas. 
 
83. Infanticídio versus exposição ou abandono de recém-nascido: no 
primeiro, a mãe age com dolo de dano, buscando acabar com a existência 
do filho, durante o parto ou logo após, sob influência do estado puerperal. No 
segundo, crime de perigo, a finalidade da mãe é ocultar a gravidez, por 
questões de honra, resultando a morte culposa do infante (crime 
preterdoloso). 
 
 
 
29 Gabarito: errado. 
30 Informação cobrada em 2013 – CESPE – DPE-AC – Defensor. 
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ABORTO (Arts. 124 a 128) 
 
84. O aborto criminoso é a interrupção artificial da gravidez, da qual resulta 
a destruição do produto da concepção. 
85. Início da gravidez: ocorre com o fenômeno da nidação (implantação do 
embrião – óvulo fecundado – no endométrio – membrana do colo do útero). 
86. Dispositivo intrauterino (DIU) e pílulas anticoncepcionais de 
emergência (“pílula do dia seguinte”): impedem a implantação do óvulo 
fecundado no útero materno, não permitindo a nidação. Não se trata de 
aborto, portanto. 
87. Elemento subjetivo: é o dolo direto ou eventual (ex.: grávida que 
tenta suicidar-se, causando a morte do feto). Não se admite a modalidade 
culposa (ex.: mãe que causa aborto em si mesma ao brincar em uma 
montanha-russa). 
 
 
 
Grávida que tenta suicidar-se, causando a morte do feto, responde por aborto. 
 
Como esse tema já foi cobrado 
 O Código Penal prevê o crime de aborto culposo (Delegado de Polícia/PCRO/2014).31 
 
31 Gabarito: errado. 
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88. Consumação: com a morte do produto da concepção, mesmo que não 
haja expulsão do feto. 
89. Agressão a mulher grávida: quem desfere violento pontapé no ventre 
de mulher sabidamente grávida pratica o crime de aborto (em concurso formal 
com lesões corporais, salvo lesões leves). 
90. Matar mulher que sabe grávida configura crime de aborto em concurso 
formal com homicídio. 
91. Caso exista gravidez de gêmeos (gemelar), haverá concurso formal de 
crime, se for do conhecimento do agente. 
92. Aborto e Lei das Contravenções Penais: em conformidade com o art. 
20 do Decreto-lei 3.688/1941, constitui contravenção penal a conduta de 
“anunciar processo, substância ou objeto destinado a provocar aborto” 
93. Formas de aborto: 
 Auto aborto e consentimento para aborto (art.124); 
 Aborto sem o consentimento da gestante (art.125); 
 Aborto com o consentimento da gestante (art.126); 
 Aborto qualificado (art. 127); 
 Aborto legal (art. 128). 
94. Auto aborto (art. 124, 1ª parte): ocorre quando a mulher pratica 
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aborto em si mesma. 
95. O auto aborto é crime de mão-própria, exigindo a execução pessoal 
da agente. Não se admite coautoria, somente participação (ex.: namorado que 
compra o remédio abortivo). Obs.: considera-se aqui a teoria formal-objetiva 
do concurso de pessoas. 
96. Consentimento para aborto (art. 124, § 2ª parte): neste caso, a 
mulher consente que terceiro pratique o aborto. 
97. Exige-se que o consentimento seja válido (sem coação, sem fraude 
etc.), caso contrário restará configurado o crime de aborto sem o 
consentimento da gestante. 
 
98. O consentimento da gestante não pode ser validamente dado nas 
seguintes hipóteses (art. 126, parágrafo único): 
 Gestante não maior de 14 anos; 
 Gestante alienada ou débil mental; 
 Consentimento obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. 
 
99. Aborto com o consentimento válido da gestante: no presente caso, a 
gestante, sem incorrer nas hipóteses retromencionadas, autoriza que terceiro 
interrompa sua gravidez. 
100. Trata-se de exceção à teoria monista ou unitária, adotada, em 
regra, pelo código, segundo a qual todos os autores e partícipes incidem no 
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mesmo tipo penal. 
101. Admite coautoria e participação (ex.: equipe médica que realiza o 
aborto). 
102. Formas “qualificadas” do art. 127 (em verdade, causas 
especiais de aumento de pena): 
 Ocorrerá aumento de 1/3, se, em consequência doaborto ou dos meios 
empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza 
grave; 
Como esse tema já foi cobrado 
Maria, 22 anos, aos 7 meses de gestação decide praticar um aborto em si mesma. Para 
tanto, pede e obtém auxílio de sua irmã Ana, 24 anos, que adquire medicamento abortivo. 
Sem muita coragem, mas mantendo seu propósito inicial, Maria pede a Ana que lhe 
administre a substância, de forma endovenosa, o que é feito. Quando se inicia a expulsão 
do feto, ambas arrependem-se da prática, e procuram um serviço médico em busca de 
auxílio. O feto é expulso no hospital, mas em virtude do seu já adiantado estado de 
desenvolvimento, sobrevive sem sequelas. Maria, em razão da ação do medicamento 
abortivo, sofre uma histerectomia. Diante desse quadro, Maria não será punida, em virtude 
do arrependimento eficaz, e Ana será punida por lesão corporal gravíssima (perda de função 
reprodutiva) (Juiz/TJRJ/2014).32 
 
 
 São duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. 
Como esse tema já foi cobrado 
 
 
32 Gabarito correto. 
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Se a morte da gestante sobrevém em consequência dos meios inadequados empregados pelo 
agente para provocar o aborto, responderá ele por homicídio culposo.33 
 
103. Somente se aplica ao aborto executado por terceiros (arts. 125 e 
126), em respeito a princípio da alteridade (ninguém pode ser punido por 
fazer mal a si próprio). 
 
Morte da gestante e sobrevivência do feto: majoritariamente, o entendimento é que o ocorre, 
in casu, tentativa de aborto majorado pela morte da mãe. Hipótese excepcional de tentativa 
em crime preterdoloso. 
 
104. As lesões graves referidas pela norma são aquelas que decorrem 
de situações extraordinárias, excessivas e desnecessárias, já que o 
próprio procedimento cirúrgico é naturalmente lesivo. 
105. Aborto legal (art. 128)34: o código elenca causas especiais de 
exclusão da ilicitude, exigindo que o aborto seja praticado por médico. São 
elas: 
 Quando não há outro meio para salvar a vida da gestante (aborto 
necessário ou terapêutico); 
 
33 Gabarito: errado. 
34 Informação cobrada em 2013 – CESPE – DPE-ES – Defensor 
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 Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento 
da gestante ou de seu representante legal (aborto sentimental ou 
humanitário). 
 
Obs.: Em ambos os casos, não se exige autorização judicial. 
 
Como esse tema já foi cobrado 
Para a realização do aborto com o consentimento da gestante, em caso de gravidez resultante 
de estupro, o médico precisa de autorização judicial (Promotor de Justiça/MPDFT/2015).35 
 
 
106. Lei de Biossegurança: o Supremo (ADI 3.510/DF, DJ 28/05/2010) 
declarou constitucional o art. 5º da Lei 11.105/2005 (Lei da Biossegurança), 
que permite, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco 
embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in 
vitro e não usados no respectivo procedimento, desde que seja interpretado no 
sentido de que a permissão da pesquisa e terapia com células-tronco 
embrionárias deve ser condicionada à prévia autorização e aprovação por 
Comitê (Órgão) Central de Ética e Pesquisa, vinculado ao Ministério da Saúde. 
107. Anencefalia: anencefalia significa ausência do encéfalo. Na 
realidade, define-se com este termo uma má-formação rara do tubo neural 
acontecida entre o 16° e o 26° dia de gestação, na qual se verifica ausência 
completa ou parcial da calota craniana. 
 
35 Gabarito: errado. 
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STF, ADPF 54 QO/DF – permite aborto de anencefálicos mesmo sem autorização judicial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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QUESTÕES ABORDADAS NA AULA 
 
1. Apressar a morte de quem esteja desenganado configura homicídio com relevante valor 
social (Promotor de Justiça/MPDFT/2015).
36
 
 
2. O agente que, para livrar sua esposa, deficiente física em fase terminal em razão de 
doença incurável, de graves sofrimentos físico e moral, pratica eutanásia com o consentimento 
da vítima, deve responder, em tese por homicídio privilegiado, já que agiu por relevante valor 
moral, que compreende também seus interesses individuais, entre eles a piedade e a paixão 
(Promotor de Justiça/MPSP/2015).37 
3. A qualificadora do homicídio praticado mediante recompensa é simples circunstância, com 
aplicação restrita ao executor do crime, pois é quem executa a ação motivado pela 
remuneração (Promotor de Justiça/MPMS/2015).38 
4. Miquelino Boa Morte, em razão de motivo abjeto, praticou delito de homicídio contra 
Angelino Boa Vida. Para tanto, Miquelino misturou, na presença e sob a ciência de 
Angelino, em um recipiente, água e substância venenosa, obrigando, sem possibilidade de 
reação, sua vítima a ingerir tal substância, conduta que ocasionou, após sofrimento do 
envenenado, o seu óbito. Miquelino Boa Morte praticou Homicídio duplamente qualificado 
por motivo torpe e com emprego de veneno. (Promotor de Justiça/MPBA/2015).39 
 
5. Para a configuração da qualificadora do emprego de veneno no homicídio, disposta no 
artigo 121, § 2°, inciso III, primeira figura, do CP, não se exige que a vítima desconheça a 
circunstância de estar sendo envenenada (Delegado de Polícia/PCRO/2014).40 
 
6. Se o homicídio é cometido com emprego de asfixia ele é considerado qualificado. 
Entretanto, a doutrina e jurisprudência predominante em nosso país entendem que 
 
36 Gabarito: errado. 
37 Gabarito: correto. 
38
 Gabarito: errado. 
39 Gabarito: errado. 
40 Gabarito: errado. 
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somente se aplica nos casos de asfixia mecânica, não incidindo tal regra (majorante legal) 
nos casos de asfixia tóxica (Promotor de Justiça/MPSC/2014).
41
 
 
7. Determinado sujeito, que acabara de se desiludir amorosamente, decide matar sua até 
então namorada. Toma emprestado o automóvel de seu vizinho e, durante o trajeto, por 
descuido, abalroa gravemente um outro veículo, causando sério prejuízo material. Mas, 
faltando-lhe coragem para consumar o homicídio, estaciona próximo a um bar, às portas 
da casa de sua ex-namorada e intencionalmente se embriaga, a fim de ganhar valentia 
para executar seu plano. Abandona o veículo, vai a pé até a casa da ex-namorada e, 
mediante asfixia, tira-lhe a vida. À luz do Direito Penal, o sujeito cometeu homicídio 
qualificado pela asfixia e agravado pela embriaguez pré-ordenada (Juiz/TJRJ/2014).42 
8. Álvaro e Samuel assaltaram um banco utilizando arma de fogo. Sem ter ferido 
ninguém, Álvaro conseguiu fugir. Samuel, nervoso por ter ficado para trás, atirou para 
cima e acabou atingindo uma cliente, que faleceu. Dias depois, enquanto caminhava 
sozinho pela rua, Álvaro encontrou um dos funcionários do banco e,

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