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214543 Aula202000 direito penal para prf aula demonstrativa

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Direito Penal 
Aula 00 - Aula Demonstrativa 
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Direito Penal 
Conceitos, Fontes e Princípios 
 
Professor Douglas Vargas 
 
 
 
 
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Aula Conteúdo Programático Data 
00 Conceitos Básicos, Princípios e Fontes 06/05 
01 Lei penal no tempo 13/05 
02 Aplicação da Lei Penal – Parte I 20/05 
03 Aplicação da Lei Penal – Parte II 27/05 
04 Fato típico / Consumação e Tentativa / Concurso de Crimes 03/06 
05 Ilicitude / Excludentes / Excesso Punível 10/06 
06 Culpabilidade – Elementos e Causas de Exclusão 17/06 
07 Imputabilidade Penal. Concurso de Pessoas 24/06 
 
 
 
Sumário 
 
1. Introdução – PRF, Brasil! ................................................................ 3 
1.1 Sobre o professor ..................................................................... 5 
1.2 Conceitos Básicos.....................................................................6 
1.3 Princípios do Direito Penal.......................................................13 
1.4 Fontes do Direito Penal...........................................................27 
 
 
 
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Introdução – PRF, Brasil! 
 
“Não tenha sonhos. Tenha metas.” – Harvey Specter 
Olá pessoal! 
É um orgulho enorme iniciar um curso de Direito Penal voltado para a Polícia 
Rodoviária Federal. A PRF foi a primeira instituição policial da qual participei de 
um curso de formação. À época, estava sendo inaugurada a Academia Nacional 
da PRF, em Canasvieiras – SC. Foi ao pisar ali pela primeira vez que “caiu a 
ficha”: Acabou essa história de prova objetiva, discursiva, TAF, psicotécnico... 
Meu irmão, eu vou ser policial! 
 Mesmo hoje, após ter voltado para Brasília, cidade onde vive minha família 
e na qual tomei posse como Policial Civil, ainda guardo aqueles momentos. Os 
amigos, o aprendizado, as histórias pra contar. E posso dizer a vocês, sem medo 
de errar: É uma experiência incrível, que eu desejo sinceramente que todos vocês 
possam viver. E é, sem dúvidas, uma instituição fantástica para se trabalhar. 
Então confie em mim, e estude: vale a pena. Quando você pisar naquela 
academia, você vai se lembrar do que eu falei. 
Dito isso, o edital está chegando. Como vocês sabem, o que o estudante 
possui de mais precioso é seu tempo livre – que com disciplina se torna tempo 
de estudo. Com o edital se aproximando chega a hora de triplicar o foco, mudar 
um pouco as prioridades e deixar algumas coisas para depois – pois cada dia que 
passa é uma oportunidade perdida. 
Nesse raciocínio, é hora de mudar a postura. Se você sonha em ser policial, 
se você sonha em ser PRF, não perca essa oportunidade. Estude firme. Certa vez 
vi uma frase muito interessante no Instagram de um concurseiro: 
“Hoje é domingo – dia de furar a fila nos estudos.” 
E de fato, se você parar para pensar, quem estuda aos domingos? A 
resposta é simples: Os futuros aprovados. 
Então eu lhes peço, como alguém que já esteve aí, na mesma cadeira que 
vocês – e como alguém que continua nela, pois sempre há um sonho maior a ser 
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alcançado: sacrifique temporariamente o que você gosta de fazer em prol do que 
você DEVE fazer nesse momento: estudar. Garanto que você não se arrependerá. 
Eu não me arrependo. 
Acredito que a chave da aprovação está em dois pilares: na dedicação do 
estudante e na qualidade do material. E é nesse ponto que eu espero ajudá-los. 
Entregando um material simples, completo, direto, que possa atender desde o 
estudante mais experiente ao que está enferrujado, começando hoje ou que 
nunca estudou direito na vida. 
O resto é com vocês. 
 Como saudação a todos os amigos que fiz na PRF, e aos estudantes que 
ainda vão vestir aquele uniforme, só posso dizer o que bradamos tantas vezes 
durante aquele curso: PRF, BRASIL! 
 
 
 
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“A melhor maneira de prever o futuro é criando-o.” 
Sobre o professor 
Pois bem prezados alunos. Em primeiro lugar gostaria de me apresentar. 
Considero que se torna muito mais interessante a leitura quando sabemos um 
pouco sobre quem está escrevendo. 
 Meu nome é Douglas de Araújo Vargas, tenho 29 anos, e sou Agente da 
Polícia Civil do Distrito Federal desde 2014. Guardo em meu currículo algumas 
aprovações, entre elas: 
 
• PCDF 2013 - Agente: 06º lugar; 
 PCDF 2013 – Escrivão: 24º lugar; 
• PRF 2013 - Agente: 350º lugar; 
• PMDF 2012 - Soldado: 36º lugar na prova objetiva; 
• PMDF 2017 - CFO: 11º lugar na prova objetiva; 
 Outras aprovações: Ministério da Integração, Ministério da Justiça, BRB, 
CEF. 
 
Bons resultados, certo? Mas não se deixe enganar: o primeiro concurso 
para o qual realmente me dediquei foi o de Agente PF 2012. Naquele certame, 
organizado pelo CESPE, meu resultado foi praticamente negativo (errei quase 
tantas questões quanto acertei...). Mas considero MUITO importante tocar nesse 
assunto, sabem por quê? Porque se eu consegui, vocês também 
conseguem. Eu não sou nenhum gênio dos concursos. Não sou aquele famoso 
concurseiro “que estudou duas semanas e passou”. Os resultados acima, apesar 
de não serem tão impressionantes como passar em 1º lugar para Juiz Federal, 
são fruto de muito esforço e me levaram ao sonho de ser nomeado, empossado 
e de atuar na área com a qual eu tanto sonhei. E é isso que eu desejo para vocês. 
 
Mas chega de papo. Mãos à obra! 
 
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“Quando pensar em parar, lembre-se da razão pela qual você começou.” 
Capítulo 01 – Conceitos Básicos 
 
Quero começar nossa aula com uma matéria do Correio Braziliense, 
publicada em 02/12/2016, que nos permitirá relembrar os conceitos básicos 
relacionados ao Direito Penal: 
 
Homem se esconde embaixo de cama para não ser preso pela PM 
Um homem tentou se esconder em baixo de uma cama para não ser preso pela Polícia 
Militar na noite desta quinta-feira (1/12). Profissionais da corporação foram acionados após uma 
tentativa de homicídio, na quadra 405/406 do Recanto das Emas. No local, o Corpo de 
Bombeiros socorreu um homem que levou um tiro. A vítima informou que o criminoso utilizou um 
carro cinza. 
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2016/12/02/interna_cidadesdf,559668/homem-se-
esconde-embaixo-de-cama-para-nao-ser-preso-pela-pm.shtml 
 
 
Você com certeza concorda que até quem nunca estudou direito sabe que, 
em regra, não pode matar outra pessoa. Mesmo aquele indivíduo que nunca teve 
oportunidade de estudar e que sequer sabe o que é o Código Penal, se matar 
alguém provavelmente vai se enfiar embaixo da cama quando avistar uma 
viatura da polícia. Igualzinho ao rapaz aí da matéria. 
 Mas por que isso acontece? Porque o indivíduo sabe que vive em sociedade 
e que para isso deve respeitar algumas regras. De uma forma simplificada, é a 
esse conjunto de regras que podemos chamar de Direito(no sentido objetivo). 
_______________________________________________________________ 
Direito é o conjunto de normas jurídicas que regem a vida em sociedade. 
_______________________________________________________________ 
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É claro que a palavra direito tem vários significados, que dependem da 
análise do contexto. Mas o que nós precisamos, por hora, é do conceito acima. 
Você também pode chamar o Direito, nesse sentido, de ordenamento jurídico. 
Existem inúmeras regras que formam esse ordenamento. Quando você 
emite um cheque, existem normas para isso. Quando assinamos um contrato de 
aluguel, lá estão outras normas. Quando declaramos nosso imposto de renda, 
mais regras estarão presentes. 
Para facilitar a compreensão de toda essa imensa quantidade de normas, 
elas estão divididas no que chamamos de ramos do Direito: Direito Público, 
Direito Privado, Direito Penal, Direito Civil, Direito Administrativo, Direito 
Tributário... 
 Mas o que é o Direito Penal propriamente dito? Vamos começar com um 
conceito bibliográfico: 
 
_______________________________________________________________ 
“O Direito Penal é um conjunto de normas jurídicas mediante o qual o Estado 
proíbe determinadas condutas (ações ou omissões), sob ameaça de sanção 
penal (penas e medidas de segurança)”. 
Direito Penal – Parte Geral (Alexandre Salim & Marcelo André de Azevedo) 
_______________________________________________________________ 
 
Calma que eu explico. Você, como cidadão, sabe que tem direitos. Você 
tem o direito de receber por um serviço prestado. Direito ao seu salário. Direito 
ao estudo. Direito à sua liberdade. Direito à sua vida. Felizmente, na sociedade 
atual, possuímos uma infinidade de direitos. 
 Todos esses direitos (à vida, ao estudo, à liberdade, a receber por um 
serviço prestado) tem um grau de importância. E se algum deles não for 
respeitado, você, como cidadão, tem o direito de pedir que o Estado atue em seu 
favor e garanta que a lei seja cumprida. 
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Se uma operadora telefônica cobra indevidamente por um serviço, você 
pode pedir ao Estado que force a operadora a cobrar o valor correto. Caso ela 
não cumpra, poderá sofrer uma sanção (como uma multa). 
 
Volto a dizer: todos nós sabemos disso. Mesmo quem nunca estudou direito 
tem pelo menos a noção de que pode recorrer à Justiça em um caso como esse. 
Isso é básico. Agora imagine uma situação diferente: 
 
Um indivíduo invade a sua casa portando uma arma de fogo, te deixa 
amarrado no banheiro e subtrai todas as suas coisas. 
 
É óbvio que o exemplo acima trata de uma conduta muito pior do que a de 
cobrar valores indevidos. E imagine nossa indignação caso fosse decretada 
apenas uma pena de MULTA a um indivíduo que nos amordaçou e restringiu nossa 
liberdade? 
Essa indignação é fruto de um simples fato: alguns bens jurídicos são 
mais importantes do que outros. A sua vida é mais importante do que o valor 
da sua conta de telefone. É muito pior ser vítima de um roubo com restrição de 
liberdade do que de uma cobrança indevida (obviamente). 
Tendo em vista essa diferença de importância entre alguns bens jurídicos, 
surge um problema para o Estado. Pois a punição que pode ser aplicada pelos 
outros ramos do Direito não é suficiente, é muito fraca. O Estado precisa de 
uma ferramenta mais poderosa, que permita aplicar sanções mais 
graves. 
Para resolver esse problema, o legislador escolheu um ramo do direito para 
proteger especificamente esses bens mais importantes. Exclusivo com essa 
finalidade. Estamos falando, é claro, do Direito Penal. 
E como ele faz isso? Através das punições mais pesadas que nossa 
sociedade considera aceitáveis: as sanções PENAIS. Oras, se os bens são os 
MAIS IMPORTANTES, as penas também deverão ser AS MAIS SEVERAS. O 
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objetivo é deixar claro ao indivíduo que, se ele violar aquele direito, a punição 
será a mais pesada possível. 
Ficou mais claro? Pois vai ficar ainda mais: 
 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
 
 O artigo 121 é sem dúvidas, o mais famoso artigo do Código Penal. Com o 
uso deste artigo, o que nosso legislador quis fazer? Proteger a VIDA das pessoas. 
 Ele não quer, obviamente, que as pessoas saiam por aí matando umas às 
outras. Dessa forma, foi elaborada uma norma jurídica proibindo uma 
determinada conduta (matar alguém) sob ameaça de uma sanção penal 
(reclusão, de seis a vinte anos). O Estado deixa claro ao cidadão que se ele 
praticar aquilo que é proibido, sofrerá uma sanção SEVERA por seu 
comportamento. 
 
 Direito: Conjunto de normas jurídicas que regem a vida em 
sociedade; 
 Direito Penal: Ramo do direito responsável por proteger os bens 
jurídicos mais importantes e por aplicar as sanções mais severas; 
 Sanção Penal: Penalidade aplicada com a utilização do Direito Penal 
àqueles que cometerem alguma transgressão prevista na norma. 
 
Ótimo. Com essa breve introdução, aprendemos os conceitos fundamentais 
da nossa disciplina. Entretanto, antes de proceder para as fontes e princípios do 
Direito Penal, é preciso fazer uma breve explanação sobre os dois maiores ramos 
do Direito: o Direito Público e o Direito Privado. 
 
 
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 Direito Público: O Direito Público é um ramo do direito composto 
por normas de interesse do Estado, relacionadas a objetivos como a paz 
social, a ordem e segurança, entre outros. O Direito Público regula as 
relações entre o Estado e os particulares, buscando sempre o interesse 
público. 
 Direito Privado: O Direito Privado trata das relações existentes 
entre os particulares e que estão relacionadas às relações patrimoniais e à 
vida privada. 
 
Este é um tema bastante extenso, e que normalmente é estudado mais a 
fundo no Direito Administrativo. Entretanto, para compreender bem o Direito 
Penal, é necessário que você saiba o seguinte: 
 
 No Direito Privado, existe uma relação de igualdade entre as partes. 
 No Direito Público, existe a chamada supremacia do interesse 
público. Em casos de conflito, o interesse da coletividade deve 
prevalecer sobre o individual. 
 O Direito Penal é um dos ramos do Direito Público 
 
Vou repetir pois essa é uma informação realmente importante: 
 
O Direito Penal é um dos ramos do Direito Público. 
 
Pense comigo: Se um indivíduo é preso preventivamente para que se evite 
que ele pratique novos crimes, o Estado estará utilizando de sua força para privar 
aquele cidadão de sua liberdade em prol de um interesse coletivo – a segurança 
da sociedade. Faz sentido, certo? 
 
Com isso em mente, vamos para nossa primeira questão: 
 
 
 
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_________________________________________________________ 
Cabe ao legislador, na sua propícia função, proteger os mais diferentes tipos de bens jurídicos, 
cominando as respectivas sanções, de acordo com a importância para a sociedade. Assim, haverá o 
ilícito administrativo, o civil, o penal etc. Este último é o que interessa ao direito penal, justamentepor 
proteger os bens jurídicos mais importantes (vida, liberdade, patrimônio, liberdade sexual, 
administração pública etc.). Nesse sentido, julgue o item: 
 
O direito penal é um ramo do direito público e privado, pois protege bens que pertencem ao 
Estado, assim como aqueles de propriedade individualizada. 
CESPE/PC-RN/Delegado de Polícia (Adaptada) 
_________________________________________________________ 
 
Não se deixe assustar com o português rebuscado do texto motivador. Fica 
fácil responder a essa questão com base no que acabamos de estudar. O erro na 
assertiva está em afirmar que o direito penal é ramo do direito público e privado. 
O Direito Penal é um ramo do Direito Público, regulando as relações do indivíduo 
com a sociedade. Assertiva FALSA. Simples assim. 
 
Essa é uma das primeiras dicas de prova que quero deixar para vocês: 
 
 
_________________________________________________________ 
Não se assuste com questões que apresentam enunciados complicados. Às vezes há 
um erro simples na alternativa, e tudo que você precisa fazer é encontrá-lo. 
_______________________________________________________________ 
 
 Ótimo! Com isso finalizamos nossa parte introdutória. Sei que foi meio 
básico para aqueles que já estão em um bom ritmo de estudos, mas era essencial 
passar por isso para fornecer uma base para os que já não estudam Direito Penal 
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a algum tempo, ou mesmo que nunca estudaram a disciplina. Vamos agora 
passar a um assunto bem mais interessante: os princípios do Direito Penal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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“Algumas vezes você ganha. Nas outras, você aprende.” 
 
Capítulo 02 – Princípios do Direito Penal 
 
 Antes de mais nada: Você sabe o que é um princípio? 
 
“Princípios são padrões decisórios que se constroem historicamente e que 
geram um dever de obediência.” 
- Ronald Dworkin 
 
Outro excelente conceito é o de Celso Antônio Bandeira de Mello: 
 
“Princípio é o mandamento nuclear de um sistema.” 
 
 
De um modo simples, você pode entender o princípio como um alicerce que 
orienta a elaboração e a aplicação de uma determinada norma. Logo, no Direito 
Penal, existem princípios que guiam a correta aplicação da norma penal. 
 Vamos iniciar pelo mais básico deles. 
 
 Princípio da Legalidade Penal: 
 
“Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem 
prévia cominação legal.” 
Constituição Federal, Art. 5º, XXXIX. 
 
Previsto em nossa Constituição e espelhado no art. 1º de nosso Código 
Penal, esse princípio tem como objetivo limitar o poder estatal. O que ele 
determina é simples: para que o Estado defina crimes e comine penas, será 
necessária a edição de uma lei, a ser aprovada pelo Congresso Nacional. 
Esse é um princípio extremamente importante. Ele impede que, por 
exemplo, um Presidente da República criminalize uma conduta de forma arbitrária 
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através de uma Medida Provisória. Apenas a lei em sentido estrito, aprovada pelo 
Congresso Nacional, pode ser utilizada para tal finalidade. 
Quando dizemos lei em sentido estrito, estamos falando unicamente de: 
 Lei Ordinária; 
 Lei Complementar. 
Por restringir apenas a essas espécies de lei, o princípio da legalidade pode 
também ser chamado de princípio da reserva legal ou da legalidade estrita. 
Então caro aluno, não se esqueça de que não podem ser utilizados para 
criar crimes: 
 Medidas provisórias; 
 Decretos; 
 Resoluções; 
 Leis Delegadas. 
 
 
_______________________________________________________________ 
 Dado o princípio da legalidade, o Poder Executivo não pode majorar as penas 
cominadas aos crimes cometidos contra a administração pública por meio de decreto. 
CESPE / TJ-AC / Técnico Judiciário 
_________________________________________________________ 
 Nessa questão, o examinador tentou confundir o candidato falando apenas 
em majorar as penas cominadas. Mas a regra não muda. Tratou de criar crimes 
ou modificá-los, cominar penas ou modificá-las, tem que ser através de lei em 
sentido estrito. Decreto não pode. Assertiva Correta. 
_______________________________________________________________ 
É legítima a criação de tipos penais por meio de decreto. 
CESPE / TJ-SE / Técnico Judiciário 
_________________________________________________________ 
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 Olha o CESPE atacando novamente. Não tem nada de legítimo nisso aí! Só 
se pode criar tipos penais através de lei em sentido estrito. Não tem exceção. 
Muito fácil né? Dá até tristeza... Assertiva Falsa. 
 
 Agora que você já entendeu o básico, vamos avançar um pouco. O princípio 
da legalidade tem algumas funções que não são tão óbvias, mas que também 
são fáceis de entender e que você, como um bom estudante, deve conhecer. 
Vamos lá: 
 
 Por consequência da legalidade estrita, é proibida a utilização de 
analogias que prejudiquem o réu (as analogias in malam partem). 
 
_______________________________________________________________
 Você sabe o que é uma analogia no âmbito do Direito? 
 
 A analogia é uma forma de integração da lei. É a chamada 
análise por semelhança. Quando a lei não prevê a solução para uma 
determinada situação, a analogia permite a aplicação de uma norma 
parecida àquele caso. 
 
 A analogia pode ser praticada de duas formas: 
 Para beneficiar (in bonam partem); 
 Para prejudicar (in malam partem). 
 
 Um exemplo clássico é a questão do aborto. O Código Penal admite 
que um médico realize manobras abortivas se não há outro meio de salvar a 
vida da gestante (o chamado aborto necessário). Entretanto, imagine a 
seguinte situação: 
 
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“Uma gestante está à beira da morte em uma pequena cidade que não 
dispõe de médico. Por conta da urgência da situação, o aborto acaba sendo 
realizado por uma parteira.” 
 
Vamos verificar o Código Penal: 
 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: 
Aborto necessário 
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
 
Verifique que a lei fala especificamente sobre o médico. Não há a 
autorização expressa para outros profissionais, como os enfermeiros e as 
parteiras, praticarem o aborto necessário. Entretanto, no caso apresentado, não 
havia médico para realizar o procedimento. Assim, de forma a evitar que a 
parteira responda injustamente pelo crime de aborto, pode-se fazer o uso da 
analogia in bonam partem em seu favor. 
 
Por outro lado, observe o seguinte artigo do Código Penal: 
 
Omissão de notificação de doença 
Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença 
cuja notificação é compulsória. 
 
 Imagine que uma enfermeira deixe de comunicar às autoridades uma 
doença grave e de notificação compulsória. Podemos fazer a mesma coisa do 
caso anterior, e utilizar da analogia para criminalizar sua conduta? 
A resposta só pode ser negativa. Nesse caso, não ocorrerá crime, poisnão é possível realizar analogias em prejuízo do autor no Direito Penal. Quando 
em prejuízo, a interpretação deve ser a mais restritiva possível. E isso é uma 
consequência do princípio da legalidade. 
_______________________________________________________________ 
 
 
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 São outras funções do princípio da legalidade: 
 Vedar a criação de tipos penais vagos e indeterminados; 
 Proibir a aplicação da lei penal incriminadora a fatos praticados 
antes de sua vigência. Sobre isso, não se preocupe: estudaremos 
a fundo em uma aula específica sobre a lei penal no tempo. 
 
 
_______________________________________________________________ 
“O direito penal não admite analogias incriminadoras” Essa afirmativa é uma decorrência 
do princípio da: 
 a) adequação social. 
 b) responsabilidade penal pessoal. 
 c) individualização das penas. 
 d) legalidade. 
 e) responsabilidade penal subjetiva. 
FUNCAB / SEGEP-MA / Agente Penitenciário 
_________________________________________________________ 
 Exatamente o que acabamos de falar: a proibição de analogias 
incriminadoras (in malam partem) é um dos efeitos do princípio da legalidade. 
Resposta: D. 
 
 Princípio da Subsidiariedade: 
 
 Vocês se lembram de quando falamos que o Direito Penal protege os bens 
mais importantes, e que para isso aplica as punições mais severas? Pois então: 
Como as penas são consideradas tão severas, só deverão ser aplicadas em último 
caso (ultima ratio). 
Agindo dessa forma, a aplicação do Direito Penal se torna subsidiária, ou 
seja, somente quando as outras formas de sancionar o indivíduo forem 
insuficientes. 
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 Perceba que vários ramos do Direito possuem formas de controle social 
capazes de coagir o indivíduo, não apenas o Direito Penal. E que essas formas de 
controle são mais leves. São exemplos: 
 
 O Estado pode te coagir a andar na velocidade da via te multando caso 
você ultrapasse o limite estabelecido; 
 O Estado pode descontar um valor do seu contracheque para te forçar a 
pagar pensão alimentícia. 
 
Ambas as situações acima são coações e servem como forma de controle 
social para impor que você faça ou deixe de fazer alguma coisa. 
E você concorda que essas também são medidas capazes de resolver o 
problema? Uma multa de R$ 2.000 será eficaz para fazer com que muita gente 
ande na velocidade da via. Ao mesmo tempo, será uma sanção muito menos 
gravosa do que utilizar o Direito Penal para, por exemplo, decretar a prisão de 
quem estava dirigindo a 70km/h em uma via de 60km/h. 
 
Vejamos uma questão sobre o assunto: 
 
_______________________________________________________________ 
O princípio segundo o qual se afirma que o Direito Penal não é o único controle social formal 
dotado de recursos coativos, embora seja o que disponha dos instrumentos mais enérgicos, é 
reconhecido pela doutrina como princípio da 
 
 a) lesividade. 
 b) intervenção mínima. 
 c) fragmentariedade. 
 d) subsidiariedade. 
 e) proporcionalidade. 
FCC / TRF – 5ª Região / Analista Judiciário 
_______________________________________________________________ 
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 Bem o que falamos, certo? O Direito Penal possui os meios de coação 
mais poderosos, embora os outros ramos do Direito também possuam seus 
meios de controle social. Gabarito: letra D. 
 
 Princípio da Pessoalidade: 
 
Também chamado de princípio da intranscendência da pena, determina 
que a punição deve ser aplicada apenas a quem pratica o fato, e não a terceiros. 
Pode ser verificado na Constituição Federal, art. 5º, XLV: 
 
“Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de 
reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da 
lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do 
valor do patrimônio transferido.” 
 
Seria absurdo que filhos respondessem criminalmente por uma conduta 
praticada pelos seus pais, por exemplo. Entretanto, há um detalhe: Caso o autor 
de um fato seja condenado ao perdimento de bens ou a reparar o dano que 
causou e venha a falecer, os herdeiros poderão responder até o limite da herança 
recebida. 
Vamos exemplificar: 
 
José pratica o crime de DANO, quebrando propositalmente todo o 
veículo de sua vizinha, Maria, que faz a denúncia sobre o que aconteceu. 
Ao final do processo, José vem a falecer, deixando uma herança de R$ 
10.000 para seu filho, José Junior. 
 Os danos ao veículo são avaliados em R$ 5.000, e José fora 
condenado a reparar o dano. Como este já faleceu, os R$ 5.000 serão 
subtraídos da herança deixada para José Junior. 
 
 
 
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_______________________________________________________________ 
Cuidado! Uma pegadinha bastante recorrente em prova é sobre a questão da MULTA. O 
examinador induzirá você a acreditar que a pena de MULTA pode ser deduzida da herança 
deixada pelo autor. Isso é FALSO. A multa tem caráter punitivo e portanto não passa da pessoa 
do condenado. 
As únicas responsabilidades que podem ser repassadas aos herdeiros, e somente até o 
valor da herança, são a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens. 
_______________________________________________________________ 
 
_______________________________________________________________ 
A multa aplicada cumulativamente com a pena de reclusão pode ser executada em face do 
espólio, quando o réu vem a óbito no curso da execução da pena, respeitando-se o limite das 
forças da herança. 
CESPE / Polícia Federal / Delegado de Polícia 
_______________________________________________________________ 
 Veja aí um exemplo do que acabamos de falar! Multa é pena, e a pena não 
transcende a pessoa do condenado. Questão capciosa, mas basta estar atento! 
Assertiva FALSA! 
_______________________________________________________________ 
A pena não passará da pessoa do condenado, mas a obrigação de reparar o dano e a decretação 
do perdimento de bens poderá ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles 
executadas ilimitadamente. 
CESPE / Prefeitura de Ipojuca - PE / Procurador Municipal 
_______________________________________________________________ 
 Essa questão é simples, mas eu tive que trazê-la para dar um alerta: 
É o tipo de questão que se você ler muito rapidamente o erro passa batido e você 
perde um ponto precioso na hora da prova. A decretação do perdimento de bens 
e a obrigação de reparar o dano só podem ser estendidas aos sucessores até o 
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limite do patrimônio transferido. Questão fácil. Deus me livre de errar isso 
aí... Assertiva falsa! 
 
 Princípio da Adequação Social: 
 
O princípio da Adequação Social determina basicamente que uma prática 
considerada socialmente aceita e adequada não pode ser criminalizada. 
 Nesse sentido, você concorda que o indivíduo que fura a orelha de outrem 
para colocar um brinco causa uma lesão corporal em seu cliente? Outro exemplo 
seria o que ocorre em uma partida de futebol, quando umpontapé pode gerar 
uma lesão no adversário. Ambas as condutas causam lesões corporais, porém 
não podem ser criminalizadas, pois estão de acordo com a ordem social. Eis o 
princípio da adequação social em ação! 
 
 Princípio da Fragmentariedade: 
 
Segundo o princípio da fragmentariedade, não é razoável que o Estado 
lance mão do direito penal para proteger (tutelar) qualquer bem jurídico. Apenas 
os bens mais relevantes para a sociedade devem ser tutelados pela norma 
penal. 
A restrição imposta por este princípio vai ainda mais longe, pois não é 
qualquer violação desses bens jurídicos que estará sob o alcance da norma penal: 
apenas os injustos mais inaceitáveis devem ser objeto do Direito Penal. 
 
_______________________________________________________________ 
A ideia de que o Direito Penal deve tutelar os valores considerados imprescindíveis para a 
sociedade, e não a todos os bens jurídicos, sintetiza o princípio da: 
 a) adequação social 
 b) culpabilidade 
 c) fragmentariedade 
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 d) ofensividade. 
 e) proporcionalidade 
PC-SP / PC-SP / Delegado de Polícia 
_______________________________________________________________ 
Exatamente o que acabamos de estudar. Não tem nem muito o que 
elaborar. Resposta: Alternativa C. 
 
 Princípio da Ofensividade: 
 
“Nullum crimen sine iniuria”. Não há crime sem ofensa ao bem jurídico. O 
princípio da ofensividade rege que apenas condutas que são lesivas ao bem 
jurídico tutelado (ou ao menos perigosas) podem ser consideradas ilícitas. 
Também conhecido como princípio da lesividade, possui quatro 
consequências muito relevantes, a saber: 
 
o Proíbe a incriminação de condutas que não causam dano ou perigo 
de dano a algum bem jurídico; 
 
o Proíbe a incriminação de estados e condições existenciais; 
O indivíduo deve ser punido por seus atos – e não por SER alguma 
coisa, de forma a inibir verdadeira prática autoritária pelo Estado. 
 
o Proíbe a incriminação de condutas que não excedam o âmbito do 
próprio autor; 
Quanto a essa função do princípio da ofensividade, evita-se que o 
estado puna, por exemplo, a autolesão. Ninguém pode responder 
criminalmente por causar lesões corporais a si próprio. 
 
o Proíbe a incriminação de atitudes internas, como ideias e aspirações. 
Sabemos que no iter criminis (o “caminho do crime”, o qual 
estudaremos mais à frente), não são puníveis, em regra, os atos 
preparatórios e a cogitação da prática criminosa. De uma forma 
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geral, ninguém pode ser punido por pensar em cometer um crime 
ou começar a se preparar a cometê-lo. Essa vedação é uma 
decorrência direta do princípio da ofensividade. Vejamos: 
 
Imagine que um indivíduo decida furtar um banco, cavando um 
buraco que vai sair diretamente na sala do cofre. Imagine que ele faça um 
mapa da escavação, comece a elaborar um plano e que chegue até mesmo 
a comprar as pás que irá utilizar. 
Entretanto, após assistir a uma matéria sobre a PRF na televisão, ele 
fica com medo de ser preso e acaba desistindo, sem nunca colocar seu 
plano em prática. 
Mesmo que chegue ao conhecimento das autoridades essa situação, 
o indivíduo não poderá ser punido por ter cogitado e se preparado para 
praticar aquela conduta criminosa. 
 
 
_______________________________________________________________ 
A respeito dos princípios aplicáveis ao direito penal, julgue o item: 
 
Decorre do princípio da ofensividade a vedação ao legislador de criminalizar condutas que causem 
potencial lesão a bem jurídico relevante. 
CESPE / TJ-RR / Titular de Serviços de Notas e Registros (Adaptada) 
_______________________________________________________________ 
 Mais uma da série de questões que você só erra se ler com pressa. O 
princípio da ofensividade veda a criminalização de condutas que não causem 
potencial lesão a bem jurídico relevante. Assertiva FALSA. 
 
 
 
 
 
 
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 Vamos analisar uma questão um pouco mais complexa: 
_______________________________________________________________ 
É correto afirmar, no tocante aos princípios constitucionais penais: 
 a) O princípio da legalidade dos crimes e das penas, sob a perspectiva do nullum crimen sine 
lege stricta, repudia o emprego da interpretação extensiva in malam partem. 
 b) O uso de leis penais em branco, em sentido estrito, foi banido pelo Supremo Tribunal Federal, 
por caracterizar ofensa ao princípio da taxatividade. 
 c) O princípio da reserva legal é mitigado no âmbito do direito da infância e da juventude, dada 
a inimputabilidade absoluta do menor de 18 anos de idade. 
 d) O princípio da lesividade ou da ofensividade, entre outros aspectos, repele a punição do 
cidadão cuja conduta sequer se inicia. 
 e) Como decorrência imediata do princípio da culpabilidade, não é possível a criminalização de 
simples estados existenciais. 
MPDFT / MPDFT / Promotor de Justiça 
_______________________________________________________________ 
 Questão de um nível difícil, e que vai muito além do princípio que estamos 
estudando. Mas acho importante analisar todas as alternativas, pois há muito 
conhecimento importante para extrair dela. 
 
 Alternativa A: Nullum crimen sine lege stricta é uma máxima jurídica que 
se relaciona à proibição do uso da analogia contra o réu, como explicamos 
ao falar do princípio da legalidade. Entretanto, o erro da alternativa está 
em falar que tal princípio repudia a interpretação extensiva in malam 
partem, pois esta é perfeitamente possível. Vejamos: 
 
o Analogia: Como já estudamos, é forma de INTEGRAÇÃO da norma. Por força do 
princípio da legalidade, é proibida em prejuízo do acusado, sendo permitida apenas 
em benefício. 
 
o Interpretação analógica: fórmula genérica que permite a interpretação de 
acordo com casos exemplificativos. É permitida em prejuízo. Vamos a um exemplo: 
 
 
 
 
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Art. 121 CP, §2: 
Se o homicídio é cometido: 
 III- com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura 
ou outro meio insidioso ou cruel, ou que possa resultar perigo 
comum; 
 
Imagine que o autor de um homicídio utilize meio considerado cruel que não 
está entre os exemplos citados expressamente na norma (veneno, fogo, 
explosivo, asfixia e tortura). Poderá ser responsabilizado da mesma forma, 
através da interpretação analógica expressamente autorizada pelo 
legislador (ou outro meio insidioso ou cruel). 
 
o Interpretação extensiva: busca o verdadeiro alcance da norma. Mesmo não 
sendo expressamente autorizada, pode ser utilizada em prejuízo pois algumas 
vezes é necessário ajustar a interpretação de um termo para que a norma não seja 
ineficaz. Exemplo: 
 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo 
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante 
delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por 
determinação judicial; 
 
Você concorda que um escritório ou um consultório odontológico também 
merecem a mesma proteção e inviolabilidade da casa do indivíduo? Para que isso 
ocorra, é realizada a interpretação extensiva da norma, de forma que ela ofereçatoda a proteção desejada pelo legislador. 
 
Com isso, podemos identificar que o erro da alternativa A está na confusão 
entre o conceito de analogia e de interpretação extensiva, pois a última pode 
sim ser utilizada em prejuízo. Alternativa Falsa. 
 
 Alternativa B: A lei penal em branco não foi banida pelo Supremo Tribunal 
Federal. A lei penal em branco é aquela que necessita de um complemento para 
ser plenamente interpretada. Vamos dar um exemplo para ficar mais claro: 
 
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A lei de drogas (11.343/06) é uma lei que trata de matéria penal e 
que precisa de complemento para definir o que é a droga, de modo a ser 
utilizada no caso concreto. Você, como futuro PRF, ao revistar um veículo, 
como vai saber se a substância encontrada é ou não considerada droga? 
Simples: Você vai verificar na Portaria do Ministério da Saúde que 
complementa a lei de drogas e define quais são as drogas ilícitas em nosso 
país, permitindo assim aplicar efetivamente a lei 11.343/06. 
 
Dessa forma, podemos concluir que a alternativa B é falsa. 
 
 Alternativa C: Nada a ver isso aí! Pessoal, o princípio da legalidade é 
PLANAMENTE RESPEITADO no âmbito da infância e da juventude. A 
inimputabilidade do menor de 18 anos está prevista expressamente na lei e na 
nossa Constituição, e não o contrário. Assertiva Falsa. 
 
 Alternativa D: Essa você acertaria apenas com o que estudamos sobre o 
princípio da ofensividade. É correto afirmar que este princípio também é chamado 
por alguns doutrinadores de princípio da lesividade. Além disso, como falamos, 
uma de suas funções é vedar a punição da conduta que não chega a se iniciar 
(cogitação). Assertiva Correta. 
 
 Alternativa E: Essa também está relacionada ao que acabamos de estudar: 
A proibição de se criminalizar estados existenciais também é decorrência do 
princípio da ofensividade, e não da culpabilidade, como afirma a alternativa. 
Essa era fácil! Assertiva Falsa. 
_______________________________________________________________ 
 
Bom pessoal, com isso finalizamos os princípios recorrentes em prova. 
Existem ainda alguns outros muito importantes, sobre os quais falaremos com 
detalhes na próxima aula, antes de começarmos a trabalhar com a lei penal no 
tempo. 
Vamos agora tratar de um assunto bem mais tranquilo, mas também muito 
relevante. As fontes do direito penal. 
Direito Penal 
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“Vencedores nunca desistem. Desistentes nunca vencem.” 
 
Capítulo 03: Fontes do Direito Penal 
 
 Comecemos com um questionamento prático: Se você abrir aí no seu 
navegador o Decreto-Lei Nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940 – o Código Penal 
Brasileiro – e tentar localizar a palavra crime, vai encontrar 297 ocorrências. Isso 
mesmo: a palavra crime aparece 297 vezes no Código Penal. Eu contei. 
 
E em nenhuma dessas ocorrências o legislador definiu o conceito analítico de crime. 
 
 É fato que a definição de crime não foi realizada de forma expressa no 
Código Penal. Assim sendo, onde podemos encontrar essa informação? 
 A resposta é óbvia: em outras fontes. Nem tudo pode ser esclarecido 
apenas lendo o conteúdo da lei, pois ela não tem a capacidade de esclarecer tudo 
o que é necessário. Felizmente, não é só da lei que é possível extrair 
conhecimentos relacionados ao Direito Penal. 
 Ao conjunto de locais onde podemos extrair fundamentos relacionados ao 
Direito Penal nós chamamos de fontes do direito penal. Basicamente, são 
quatro: 
 
_______________________________________________________________ 
Fontes do direito penal 
 A Lei; 
 A Jurisprudência; 
 A Doutrina; 
 Os Costumes. 
_______________________________________________________________ 
 
 
Direito Penal 
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A Lei 
 
A lei é o mais básico dos itens. Aqui temos três categorias importantes: 
 
 A Constituição Federal (a lei maior de nosso país); 
 O Código Penal (que é a principal lei que trata de matéria PENAL em 
nosso sistema jurídico); 
 As Leis Extravagantes (outras leis que também tratam de matéria 
penal, mas que não estão diretamente ligadas ao Código Penal. Um 
exemplo: A lei 11.343/06 – Lei de Drogas). 
 
A lei pode, sob certo prisma, ser considerada a fonte mais poderosa do 
direito penal, afinal de contas somente a lei em sentido estrito pode ser 
utilizada para criar crimes, como já estudamos no capítulo anterior. 
 
Os Costumes 
 
Os costumes são uma fonte informal do direito. São regras sociais 
resultantes de uma prática reiterada, generalizada e prolongada, que acaba 
influenciando no comportamento das pessoas. São normas não escritas, mas que 
tem o poder de influir na interpretação da lei. Não é tão complicado como parece. 
Veja o artigo abaixo, por exemplo: 
 
Injúria 
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro. 
 
É necessário analisar os costumes da nossa sociedade para definir com 
exatidão o que significam a dignidade e o decoro. O que ofende e o que não 
ofende o cidadão brasileiro? Algo que poderia ser considerado aceitável numa 
determinada época, pode ser considerado ofensivo em outra. Nessa hora, é 
necessária a utilização dos costumes para interpretar corretamente a lei. 
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 Importante relembrar que, também por força do princípio da legalidade, 
costumes não podem ser utilizados para criar crimes. 
 
Jurisprudência 
 
A próxima fonte é a Jurisprudência. Sei que alguns de vocês já estão 
familiarizados com esse conceito, Chamamos de Jurisprudência o conjunto das 
decisões sobre interpretações das leis feitas pelos tribunais de uma determinada 
jurisdição e que pode ser utilizado na fundamentação de outras decisões. 
 
Veja bem: milhares de ações chegam aos tribunais todos os dias. Muitas 
delas são iguais ou muito parecidas! Dessa forma, quando um tribunal toma 
muitas decisões sobre o mesmo assunto e no mesmo sentido, vão se formar as 
jurisprudências – que serão o entendimento daquele tribunal em um determinado 
sentido, servindo de base para decisões futuras que poderão ser tomadas mais 
rapidamente. 
 
Por exemplo, observe o artigo abaixo: 
 
“Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante 
grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, 
reduzido à impossibilidade de resistência. 
 § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: 
 I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma.” 
 
Durante muito tempo houve uma dúvida sobre o roubo praticado com 
simulacro de arma de fogo (arma de brinquedo). Deveria o simulacro causar o 
aumento de pena citado no § 2º? 
 
 
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Analisando inúmeros casos, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu que 
a arma de brinquedo, a arma descarregada e a arma sem possibilidade de disparo 
são eficazes para ameaçar a vítima, mas não servem para justificar o 
aumento de pena. Segue um trecho de uma decisão, para ficar mais claro: 
 
 
_______________________________________________________________ 
“A jurisprudência desta Corte entende que a utilização dearma de fogo 
desmuniciada, como forma de intimidar a vítima do delito de roubo, caracteriza 
o emprego de violência, porém não permite o reconhecimento da majorante 
de pena, já que esta vincula-se ao potencial lesivo do instrumento, dada sua 
ineficácia para realização de disparos.” 
(STJ, 5ª Turma, HC 317337, 09/08/2016) 
____________________________________________________________________________ 
 
Dessa forma, quando a mesma situação surgir em casos futuros, a 
existência da jurisprudência servirá como base para a fundamentação das 
decisões, facilitando e agilizando a prestação jurisdicional. 
O conceito de jurisprudência é muito importante. Como candidatos, 
devemos conhecer várias jurisprudências, pois elas são objeto de prova cada vez 
mais recorrente. É fundamental acompanhar suas atualizações, e ficar de olho 
nas mudanças de posicionamento que possam ocorrer nos tribunais superiores, 
que são um dos alvos favoritos das bancas na elaboração de questões. 
Um hábito importante é acompanhar os informativos do STJ e do STF, 
nos quais os tribunais apresentam um resumo das decisões mais importantes que 
foram tomadas durante a semana, e que simplesmente despencam em prova. 
Ótimo. Entendemos mais um ponto chave. Vamos para a última fonte do 
direito penal: a doutrina. 
 
 
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Doutrina 
 
Doutrina: É o produto do conhecimento dos pensadores e estudiosos do 
direito. 
 
Como toda ciência, o direito tem seus estudiosos. A obra destes estudiosos, 
mestres, doutores, que muitas vezes ocupam cargos importantes na 
administração pública (não raro são juízes, promotores, ministros), é uma fonte 
muito utilizada de conhecimento. Não é uma fonte tão conhecida para os 
estudantes de outras áreas, mas o estudante de Direito acaba naturalmente mais 
familiarizado com essa fonte de conhecimento. 
É através da doutrina que temos acesso a importantes conceitos, como o 
conceito analítico de crime, exemplo utilizado por nós no início deste capítulo. 
Outras informações fundamentais, como teorias de aplicação da norma penal e 
análises aprofundadas sobre os princípios também só podem ser encontrados na 
doutrina. 
Ao meu ver, a doutrina é a fonte mais complicada do Direito Penal, quando 
tratamos de concursos públicos. Isso porque temos muitos doutrinadores, e as 
bancas não costumam ser claras quanto aos autores que costumam adotar. 
Entretanto, em nosso curso, quando houver divergências doutrinárias tentaremos 
sempre trabalhar com as posições majoritárias, que são as que trazem uma 
segurança maior na hora da prova. 
_______________________________________________________________ 
 
 
Assim encerramos nossa primeira aula. Felizmente agora já temos a base 
que irá servir durante todo o nosso estudo. Sei que são muitas informações, e 
que acaba ficando um pouco pesado para os que estão mais enferrujados nos 
estudos. Mas acredite: ficará mais fácil a cada aula. E não se esqueça de uma 
das melhores dicas sobre estudos: 
 
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Quem estuda uma vez não estuda nenhuma. Já quem estuda três... 
 
Revise. Leia novamente. Faça mais exercícios. Se ficar cansado, faça uma 
pausa e continue assim que puder. Não caia na velha armadilha do concurseiro 
cansado: “vou ver só um episódio de Suits para desestressar”... 
Fecha esse Netflix e vai estudar!!! 
Quando você passar, você vai poder fazer uma maratona de House of 
Cards. Prometo. 
E ah, quase esqueço: Tire um tempo para dar uma corridinha e fazer umas 
barras. Todo PRF já teve que passar por um teste físico, e com você não será 
diferente. Treinar também faz parte da sua rotina de estudos. 
Espero sinceramente que tenham gostado de nossa aula inaugural! Vejo 
vocês na próxima!

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