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ETICA NP2

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ÉTICA E PSICOLOGIA – NP2
MÓDULO 5 - OS PRINCÍPIOS BIOÉTICOS E A PSICOLOGIA (On Line)
Nos últimos anos, a Psicologia Brasileira aprimorou sua interface com a área da Saúde, que contribuiu para uma discussão profunda sobre a postura ética do psicólogo em relação ao usuário do seu serviço. Essa discussão foi pautada por documentos éticos, como a Resolução 196/96 (a atual 466/12), sobre as “Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas envolvendo seres humanos”, promulgada pelo Conselho Nacional de Saúde.
Esse documento foi construído com o intuito de assegurar os direitos do sujeito que esteja participando de pesquisas científicas, garantindo a ele, entre outros: o direito à autonomia na decisão de participar ou não do projeto de pesquisa, o direito ao consentimento livre e esclarecido, entre outros.
A Resolução 196/96, reformulada e substituída recentemente pela Resolução 466/12 foi elaborada pelo Conselho Nacional de Saúde sob influência das preocupações mobilizadas pelo contexto biomédico, por meio das pesquisas clínicas para investigar os agentes causadores de doenças em humanos, como a aids e a aprovação de novos medicamentos no mercado. Fundamenta-se no modelo estadunidense e incorporou os princípios bioéticos, já presentes na pauta internacional de preocupações éticas com a produção de conhecimento científico.
A Resolução 466/12 em seu preâmbulo contextualiza a necessidade de parâmetros éticos devido ao progresso da ciência e da tecnologia, que  desvendou outra percepção da vida, dos modos de vida, com reflexos não apenas na concepção e no prolongamento da vida humana, como nos hábitos, na cultura, no comportamento do ser humano nos meios reais e virtuais disponíveis e que se alteram e inovam em ritmo acelerado e contínuo.
A partir disso, reafirma a importância de ponderar entre riscos e benefícios para o participante da pesquisa e para a sociedade, pois: 
Considerando o progresso da ciência e da tecnologia, que deve implicar em benefícios, atuais e potenciais para o ser humano, para a comunidade na qual está inserido e para a sociedade, nacional e universal, possibilitando a promoção do bem-estar e da qualidade de vida e promovendo a defesa e preservação do meio ambiente, para as presentes e futuras gerações. (Resolução 466/12)
Segundo Diniz&Guilhem, o sistema brasileiro de revisão ética está vinculado ao Sistema CEP/Conep- Comitês de Ética em e Comissão Nacional de Ética em Pesquisa- que teve inicio em finais dos anos de 1980, que instituiu a Resolução 196/96 e atualmente foi revista sendo considerada a atual 466/12. Uma das pressuposições dessa lei, afirma que todas as pesquisas com seres humanos de todas as áreas do conhecimento, devem ser avaliadas pelo Sistema CEP/Conep, antes de iniciar a fase de coleta de dados.
Desde a regulamentação da Resolução 196/96, em outubro de 1996, o número de CEPs (Comissões de Ética em Pesquisa) vem crescendo, principalmente junto às organizações civis, as de defesa dos direitos e apoio aos portadores de deficiência e patologias.  Paralelamente, nota-se uma expansão da Bioética, devido às inúmeras questões morais provindas do avanço técnico-científico na área da Saúde. 
A Resolução 466/12 encontra-se amparada pela Cultura dos Direitos Humanos e pela Bioética, aplicadas à prática científica, nos cuidados mantidos com o participante da pesquisa. Para isso, os Comitês de Ética necessitam aprovar os protocolos de pesquisas e os projetos desenvolvidos.
Segundo Diniz e Guilhem, a cultura ética fomentada pela Resolução 196/96, em diálogo com as diretrizes internacionais, estabeleceu alguns critérios para a aprovação dos protocolos de pesquisa, a partir de uma preocupação básica com a minimização de riscos e a proteção dos direitos dos participantes de pesquisas, tais como:
 - relevância social: os estudos devem contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas envolvidas nas pesquisas, ampliando o conhecimento aplicável a diferentes contextos sociais;
-validade científica: o desenho metodológico deve garantir a validade da pesquisa e a apropriação de resultados pelos países envolvidos;
-seleção equitativa: a escolha dos participantes deve seguir objetivos definidos pela pesquisa e não atender as amostras de conveniência. Pessoas vulneráveis devem ser protegidas e não podem ser excluídas do envolvimento na pesquisa sem razões científicas;
- balanço favorável entre riscos e benefícios: as pesquisas tem que ser conduzidas de acordo com o melhor padrão de atenção à saúde disponível. Deve ser feita uma avaliação dos potenciais riscos e benefícios para os participantes;
-revisão ética do protocolo: deve ser realizada por um Comitê de Ética em pesquisa, de conformação colegiada, que atue de forma independente;
-consentimento livre e esclarecido: é tido como uma das peças centrais à avaliação ética de um protocolo de pesquisa. Deve ser considerado um processo e não apenas um ato de apresentação de um documento escrito ou oral. O objetivo é garantir a livre e informada decisão de um individuo em participar de um estudo;
- respeito pelos participantes: ultrapassa o instante do estabelecimento do vínculo e da assinatura do termo de consentimento. Refere-se à proteção da confidencialidade, ao acesso a informações sobre a pesquisa e ao direito de se retirar do estudo a qualquer momento;
- capacitação e fortalecimento local: a pesquisa colaborativa internacional deve contribuir para o crescimento científico local e para a consolidação do processo de revisão ética das pesquisas.
O campo da Bioética, também determinante na elaboração da Resolução, é compreendido como a ética da vida (do grego bios- vida, e ethike- ética). Pode ser definida como o estudo sistemático da moralidade das tecno-ciências da vida e da saúde, examinadas a luz de princípios morais. É uma vertente importante no cenário das éticas aplicadas, oriunda de campo multidisciplinar, cujo diálogo visa o entendimento dos problemas morais na sociedade contemporânea. Envolve diferentes pontos de vistas de várias disciplinas, tais como a Filosofia, Teologia, Direito, Medicina, Psicologia, entre outras. 
A partir da Resolução 466/12, da versão anterior 196/96 e em consonância com outras cartas éticas, regulamentadas pelo mundo, como a Declaração de Helsinque (1975) e o Relatório de Belmont (1974), consolidou-se quatro princípios bioéticos, essenciais nos cuidados tomados ao se realizar pesquisas com seres humanos. São eles: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça.
O princípio bioético da Autonomia referenda-se ao direito de escolha livre e consciente de pesquisas. É necessário respeitar a vontade do sujeito, para que esse possa participar ativa e livremente da pesquisa. Segundo Kovacs (2003), o exercício de autonomia só se dá quando há compartilhamento de informações e conhecimentos de modo didático e compreensível ao sujeito, para que então, ele tome a melhor decisão.
Nas pesquisas científicas alcança-se a autonomia, quando se oferece o termo de consentimento livre e esclarecido ao sujeito, em uma linguagem acessível, explicitando os direitos e deveres do participante. Assim como relatando de forma sucinta, os aspectos metodológicos e analíticos da pesquisa, para que se tenha conhecimento global do trabalho científico que poderá vir a participar.
Segundo Kovacs (2003):
 “Quando se favorece a autonomia, ocorre uma relação simétrica entre profissionais e pacientes, sendo que estes últimos participam de maneira ativa das decisões que envolvem seu tratamento, bem como sua interrupção.” ( Kovacs, 2003, p. 119)
 O valor da não maleficência diz respeito ao não fazer o mal ao sujeito da pesquisa, isso quer dizer, não ter nenhuma atitude interventiva, seja clínica ou dialógica, que coloque em risco a saúde biopsicossocial do individuo que participa do processo investigativo científico. Para ponderar esse aspecto, o pesquisador deve realizar uma reflexão criteriosa sobre os riscos envolvidos em sua pesquisa, e caso não seja possível evitá-los completamente, apresentar ao sujeitoda pesquisa, possíveis suportes e amparos para lidar com qualquer mal estar, prejuízo suscitado pela pesquisa científica.
O valor da Beneficência por sua vez diz respeito ao fazer o bem ao sujeito da pesquisa, o que significa promover ganhos com a atividade investigativa, seja no tratamento de uma doença, seja na testagem de medicamentos, ou então, num ganho psicossocial ao refletir conjuntamente com o pesquisador sobre um tema de relevância pessoal e social. Esse valor bioético é essencial numa relação simétrica entre pesquisador e participantes, pois sugere uma relação igualitária, sem uma postura de exploração utilitária que costumeiramente se tinha em pesquisas de campo, quando pesquisadores absorviam as informações que necessitavam dos sujeitos e não se responsabilizavam com os possíveis ganhos de quem participava da pesquisa.
Com relação ao valor da equidade e/ou justiça social, há uma preocupação em promover o bem estar coletivo e a igualdade social com a pesquisa científica, universalizando o conhecimento desenvolvido e retroalimentando o serviço de saúde que usufrui das pesquisas para atender o grande público.
A Psicologia Brasileira compreendeu que seria importante realizar uma aproximação com esses princípios, pois a Bioética estaria atravessando o campo de estudos psicológicos e sociais, como uma discussão sobre valores inerentes à vida e à saúde, extrapolando o cenário biomédico com o qual é associada.
Essa aproximação encontra-se presente no Novo Código do Psicólogo em vários momentos, são eles:
 No princípio fundamental V, que versa principalmente sobre o valor da justiça social, ao afirmar que O psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da população às informações, ao conhecimento da ciência psicológica, aos serviços e aos padrões éticos da profissão.
 Nos deveres fundamentais (art. 1º), nas alíneas:
(c) ao reafirmar seu serviço em prol dos seus clientes com dignidade, ao prestar serviços psicológicos de qualidade, em condições de trabalho dignas e apropriadas à natureza desses serviços, utilizando princípios, conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentados na ciência psicológica, na ética e na legislação profissional;
(e) ao realizar a ponderação entre os riscos e benefícios do seu serviço, ao estabelecer acordos de prestação de serviços que respeitem os direitos do usuário ou beneficiário de serviços de Psicologia;
(f) garantir o sigilo profissional como dever ético, ao fornecer, a quem de direito, na prestação de serviços psicológicos, informações concernentes ao trabalho a ser realizado e ao seu objetivo profissional;
 (g) ao realizar a devolutiva do seu serviço- informar, a quem de direito, os resultados decorrentes da prestação de serviços psicológicos, transmitindo somente o que for necessário para a tomada de decisões que afetem o usuário ou beneficiário.
             Essa aproximação encontra-se mais evidente no Novo Código do Psicólogo, em seu artigo 16, nas considerações sobre as diretrizes éticas expostas pela Resolução 466/12. Esse artigo possui quatro subitens (a, b,c,d)   que versam  sobre os cuidados (bio)éticos que o psicólogo deve tomar ao realizar estudos, pesquisas e atividades voltadas para a produção de conhecimento e desenvolvimento de tecnologias, tais como: avaliar os riscos envolvidos, garantir o caráter voluntário da participação dos sujeitos, assim como assegurar o anonimato das pessoas e o acesso das mesmas aos resultados das pesquisas. O artigo 16  é indicação explicita da preocupação da Psicologia com o respeito aos valores bioéticos numa Cultura de Direitos Humanos, seja com a relação dos psicólogos com seus clientes, ou enquanto sujeitos de pesquisa científica na área psicológica. Como se pode ver:
Art. 16 - O psicólogo, na realização de estudos, pesquisas e atividades voltadas para a produção de conhecimento e desenvolvimento de tecnologias:
a.     Avaliará os riscos envolvidos, tanto pelos procedimentos, como pela divulgação dos resultados, com o objetivo de proteger as pessoas, grupos, organizações e comunidades envolvidas;
b.     Garantirá o caráter voluntário da participação dos envolvidos, mediante consentimento livre e esclarecido, salvo nas situações previstas em legislação específica e respeitando os princípios deste Código;
c.     Garantirá o anonimato das pessoas, grupos ou organizações, salvo interesse manifesto destes;
d.     Garantirá o acesso das pessoas, grupos ou organizações aos resultados das pesquisas ou estudos, após seu encerramento, sempre que assim o desejarem.
O Código de Ética do Psicólogo vai além da observância dos princípios elencados pela Bioética, ele exige reflexão contínua, o exercício crítico da profissão e uma atualização científica constante, evitando-se, assim, assumir posturas baseadas apenas na aceitação moral e passiva das regras.
MÓDULO 6: O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E A PSICOLOGIA
No ano de 1990, o Brasil consolidou e complementou a lógica cidadã da Constituição Federal (1988), aprovando a lei nº 8.069, denominada de Estatuto da Criança e do Adolescente. Essa aprovação tinha como meta promover uma lei nacional de proteção integral para crianças e adolescentes, apresentada no artigo 3º:
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.( ELIAS, p 3, 1994)
 Como Dias, Sieben, Cozer e Alves (2003) reafirmam ao conceber o ECA como:
O estatuto, em seus 267 artigos, garante os direitos e deveres de cidadania a crianças e adolescentes, determinando ainda a responsabilidade dessa garantia aos setores que compõem a sociedade, sejam estes a família, o Estado ou a comunidade. Ao longo de seus capítulos e artigos, discorre sobre as políticas referentes à saúde, educação, adoção, tutela e questões relacionadas a crianças e adolescentes autores de atos infracionais. (DIAS, SIEBEN, COZER e ALVES, 2003 p 118)
O ECA pertence a um Sistema de Garantia de Direitos, distribuído em três grandes dimensões: (1) promoção de direitos a partir de políticas de atendimento aos jovens, composto pelo Estado e sociedade civil; (2) defesa: tem como objetivo estancar a violação dos direitos das crianças e jovens, por meio de Conselhos Tutelares, ações da Defensoria Pública, entre outros; (3) controle social: avalia e monitora as ações de promoção e defesa dos direitos dos jovens, pela sociedade civil organizada.  
O ECA significou um enorme avanço no cenário político e jurídico do Brasil. Primeiramente veio a substituir o Código de Menores (1979), cujos princípios sinalizavam medidas assistencialistas e protetivas dirigidas apenas aos menores em situação de vulnerabilidade psicossocial. Esse Código foi alvo de críticas sociais, ao associar pobreza com delinquência, ocultando os determinantes sócio históricos das dificuldades vividas por esses jovens. Essa ocultação reforçou o estigma social desse adolescente como o menor abandonado, o marginal e perigoso. Essas crianças começaram a ser compreendidas pela sociedade como se tivessem uma tendência natural à prática do crime e da desordem social, não podendo se adaptar à vida social.
O ECA tornou-se um marco importante por garantir os direitos a todas as crianças e adolescentes em âmbito nacional, ressignificando a concepção destes sujeitos como seres humanos complexos e em desenvolvimento biopsicossocial. Portanto, compreendendo-os como seres sensíveis às transformações psicossociais e merecedores de investimento afetivo pela sociedade brasileira.
Considera-se, ainda hoje, o ECA como uma referência na Cultura de Direitos Humanos do país, pois ele anuncia o compartilhamento da responsabilidade social entre família, Estado e sociedade, em defesa dos direitos desses cidadãos. Além de contribuir socialmente, sem dúvida,com a inserção de temáticas infanto-juvenis na agenda dos movimentos sociais e políticos e na discussão contemporânea dos Direitos Humanos, promulgados nos artigos 4º do ECA e no 227º da Constituição Federal, como pode-se ver nos seguintes deveres:
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. ( ELIAS, 1994)
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Constituição Federal).
Um pressuposto essencial do ECA, é a importância dada à instituição familiar, como aquela que deve ser fortalecida com políticas públicas de assistência social e saúde para poder constituir a proteção integral das suas crianças e jovens. A Psicologia do século XXI e seus estudos sobre desenvolvimento do ciclo vital também tem dado destaque para o papel importante da família constituição do psiquismo infantil.
A sustentabilidade psicoemocional e social da família em relação aos jovens e crianças também é destacado pelo olhar público e pelo próprio ECA, como pode-se verificar na programação do ECA para: 
.... regular as relações entre crianças, adolescentes, sociedade, instituições e suas famílias. As famílias sempre tiveram o papel teórico do ninho de proteção, amparo e sustento, inviolável e soberano, sendo consideradas por muitos, inclusive pelos profissionais responsáveis por sua assistência e proteção legal, o melhor lugar, sem questionamento, para todas as crianças e adolescentes (2005).
Nos artigos 19º e 22º do ECA afirma-se que:
Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais. (ELIAS, p 19, 1994)
Outra contribuição social essencial promovida pelo ECA é a cultura da denúncia social que se fez presente, das instituições educacionais aos indivíduos, a partir da consolidação social dos artigos 13 e 56 nos campos educacionais e institucionais, como as escolas. São artigos que afirmam que:
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais.
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares;
III - elevados níveis de repetência.  ( ELIAS, p 38, 1994)
Ainda cabe o apontamento sobre a questão da quebra do sigilo profissional no Código de Ética do Psicólogo e aquilo que se encontra no ECA.Com relação ao Código  da Psicologia, há a defesa do dever de respeito ao sigilo profissional no artigo 9º, mas salvaguarda-se o direito a quebra de sigilo no artigo 10º, sendo:
Art. 9º -  dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional.
Art. 10 - Nas situações em que se configure conflito entre as exigências decorrentes do disposto no Art. 9º e as afirmações dos princípios fundamentais deste Código, excetuando-se os casos previstos em lei, o psicólogo poderá decidir pela quebra de sigilo, baseando sua decisão na busca do menor prejuízo.
Parágrafo Único - Em caso de quebra do sigilo previsto no caput deste artigo, o psicólogo deverá restringir-se a prestar as informações estritamente necessárias. (Código de Ética Psicologia)
 Para a Psicologia, o valor ético-moral do sigilo profissional é um dever, historicamente mantido, em todos os âmbitos profissionais da Psicologia, como se vê no artigo 9º. Porém o artigo seguinte (nº10) faz uma referência fundamental às situações que envolvem crianças e jovens em vulnerabilidade psicossocial, tornando a quebra do sigilo um direito profissional, ou seja, o psicólogo pode ou não decidir por essa quebra. Essa é uma mudança recente na cultura psicológica, e tem sido praticada por aqueles que trabalham em instituições, como a Fundação CASA (Atendimento Sócio Educativo do Adolescente), em que existe a premência da denúncia, mesmo em casos de suspeita de violência contra os jovens. Os psicólogos têm sido orientados pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), a quebrar o sigilo quando trabalham em instituições com esse caráter, por exemplo, numa escola, seguindo em primeiro lugar as diretrizes do ECA (art 56).
O Código de Ética do Psicólogo está em consonância direta com a Cultura dos Direitos Humanos promovidos pelo ECA, por exemplo, ao vetar, no artigo 2, item A, quaisquer práticas ou atos que caracterizem negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão; e no artigo 13, quando o código enuncia que no atendimento à criança, ao adolescente ou ao interdito, deve ser comunicado aos responsáveis o estritamente essencial.     
Os cuidados éticos da Psicologia com a saúde das crianças e adolescentes coincidem com a lógica cidadã presente no ECA, por exemplo, no artigo 8 do Código de Ética do Psicólogo, que prevê o dever de assegurar o consentimento dos pais para realizar qualquer tipo de atendimento psicológico, assegurando o conhecimento desse tipo de atendimento em menores de idade, medida assegurada pelo próprio ECA e Constituição Federal. Desse modo, o Código de Ética do Psicólogo afirma que:
 Art. 8º - Para realizar atendimento não eventual de criança, adolescente ou interdito, o psicólogo deverá obter autorização de ao menos um de seus responsáveis, observadas as determinações da legislação vigente;
§1° - No caso de não se apresentar um responsável legal, o atendimento deverá ser efetuado e comunicado às autoridades competentes;
§2° - O psicólogo responsabilizar-se-á pelos encaminhamentos que se fizerem necessários para garantir a proteção integral do atendido. (Código de Ética Psicologia)
Associada à cultura de denúncia social, desenvolveu-se uma maior aceitação civil dos Conselhos Tutelares, que passaram a compor o imaginário social, no que diz respeito ao cuidado com a infância e adolescência no Brasil. A população reconhece o Conselho Tutelar como a instância sócio-participativa e responsável pelo cumprimento de direitos das crianças e adolescentes, vide os artigos 131, 132 e 136 do ECA, que dizem respeito a essa função:
Art. 131 - O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.
Art. 132 - Em cada Município haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar composto de cinco membros, escolhido pela comunidade local para mandato de três anos, permitida uma recondução.
CAPÍTULO II - DAS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO
Art. 136 - São atribuições do Conselho Tutelar:
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no Art. 101, I a VII;
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no Art. 129, I a VII;
III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
a) requisitar serviços públicosnas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;
b) representar perante à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações.
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente;
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, entre as previstas no Art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional;
VII - expedir notificações;
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário;
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no Art. 220, § 39, inciso II da Constituição Federal;
XI - representar ao Ministério Público, para efeito das ações de perda ou suspensão do pátrio poder. ( ELIAS, PP 113-117, 1994)
 Com relação às funções do Conselho Tutelar encontra-se uma específica que diz respeito à prática da Psicologia, referente ao pedido de serviços de assistência técnica para lidar com os jovens, fazendo valer seus direitos, por exemplo ao exigir do psicólogo a confecção de laudos em casos que envolvam as crianças e jovens. Está previsto no artigo 151 do ECA que:
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista técnico.
 A avaliação psicológica é uma prática técnica, mas acima de tudo ética e política do psicólogo no Brasil, que tem sido muito cuidada pelo CFP. Este tema será melhor explorado no módulo seguinte, o VI, que trata da Avaliação Diagnóstica.
            Outro ponto em destaque na cultura implementada pelo ECA diz respeito às medidas sócio educativas, que são aquelas aplicadas pelo poder público, com fins pedagógicos a crianças e jovens que incidiram em atos infracionais, por exemplo, envolvidos em roubos. Teoricamente, essas medidas possuem uma função educativa, mais do que punitivas, porém o que muitas vezes se tem percebido é a adoção de medidas extremas, como a internação em estabelecimentos (Fundação CASA) pelos juízes, em casos que não caracterizariam perigo extremo à sociedade. São as medidas previstas no artigo 112 do ECA, capítulo IV,
         Advertência;
         Obrigação de reparar o dano;
         Prestação de serviço à Comunidade;
         Liberdade Assistida;
         Inserção em regime de semiliberdade;
         Internação em estabelecimento educacional;
 § 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições.
Drummond (2008) apresenta as mudanças que o ECA sofreu nas últimas décadas em dialogo com a sociedade brasileira. O autor afirma que o ECA depende da aprovação de novas leis que poderiam subsidiar melhor os cuidados éticos com as crianças e adolescentes, tais como:
o PL 4850/05, que amplia a definição de estupro; o PL 4851/05, que tipifica como crime disponibilizar o acesso de cenas de sexo envolvendo criança ou adolescente na Internet; o PL 4852/05, contra hospedagem de criança ou adolescente sem autorização dos pais; o PL 4125/04, que exige em hotéis, bares e restaurantes informação contra a exploração sexual de crianças e adolescentes; e, por último, e o mais importante de todos, o PL 4126/04, que cria regras especiais para a realização de apuração pericial/policial, no sentido de estabelecer um depoimento único gravado das vítimas infanto-juvenis, a fim de não transformar o processo penal numa revitimização das próprias vítimas.
 Com relação  às mudanças implementadas pelo ECA nos últimos 20 anos, tem-se apontado alguns desafios que a sociedade brasileira ainda enfrentará, tais como: o aumento do número de casos de gravidez na adolescência, o homicídio de jovens na faixa entre 10 e 19 anos e as disparidades étnicas, raciais e regionais.
Apesar de todos esses desafios a serem enfrentados pelos cidadãos brasileiros, considera-se que a convivência cidadã com o ECA tem produzido novos discursos e práticas sociais em uma sociedade em desenvolvimento. A partir dele, se produz novos sentidos da infância e do adolescer, sem se ater a concepções cristalizadas e estigmatizadas, que pretendiam ser universais. Desta forma, é imprescindível a contribuição social das profissões afinadas com a lógica cidadã do ECA. A Psicologia está inserida como uma das profissões que auxilia a transformação da visão da infância e da juventude, como fenômenos psicossociais, multideterminados pela sociedade, a cultura e a economia presentes, e não como fases fechadas e essenciais do desenvolvimento humano. Essa profissão também, tende a promover reflexões contínuas sobre o que significa adolescer e ser criança num país de terceiro mundo como o Brasil, que ainda enfrenta tantos desafios éticos e técnicos em direção a uma cultura de Direitos Humanos. 
MÓDULO 7 - A DIMENSÃO ÉTICA EM AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NA PSICOLOGIA
Segundo Pellini & Sá Leme ( 2011), o processo de avaliação psicológica pode ser compreendido como um processo técnico-científico em que se colhe dados e informações com indivíduos ou grupos, por meio de questionários, métodos, instrumentos psicológicos, entrevistas, entre outros.
Um dos os grandes dilemas profissionais da profissão na atualidade, encontra-se a dimensão ética presente na elaboração das avaliações psicológicas nos diversos âmbitos: do judiciário ao educacional. O ano de 2011 foi eleito como o momento da avaliação psicológica pelo o Conselho Federal de Psicologia, afirmando que:
A avaliação psicológica é uma prática exclusiva do profissional de Psicologia e historicamente contribuiu para a inserção profissional nos diferentes contextos de atuação. Assim, embora sua importância já tenha sido devidamente reconhecida, como em qualquer outra área de conhecimento, seus avanços são necessários principalmente quanto à importância da qualidade de seus serviços. Adicionalmente, pode-se refletir também sobre a garantia dos direitos dos cidadãos e dos cuidados éticos e técnicos dos profissionais no que tange aos processos de avaliação e aos documentos deles decorrentes.( CFP, 2011)
 Ambiel e Pacanaro (2011) relatam que o caminho histórico da Avaliação Psicológica no Brasil foi tumultuado, com um período de entusiasmo inicial, com o uso indiscriminado e predominante de testes psicológicos.
 Desde 2003, existe um movimento do Conselho Federal de Psicologia (CFP) em direção a uma reorganização e regulamentação em âmbito nacional.
Esse movimento crítico se deu, segundo os autores, pela baixa qualidade de formação dos alunos na questão da avaliação psicológica e pela grande quantidade de cursos de Psicologia que abriram no Brasil. Uma das saídas, segundo eles, tem sido os cursos de Pós Graduação no assunto e a fundação do Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica (IBAP).
Reppold (2011) ainda complementa sobre o ensino:
Neste sentido, é primordial que o ensino da avaliação psicológica, exercício restrito aos psicólogos, priorize, além de competências técnicas, a vivência de situações práticas que envolvam dilemas relacionados à ética, ao respeito à dignidade e aos Direitos Humanos, à preocupação com o bem-estar do outro e à responsabilidade social. (REPPOLD, 2011, p. 24) 
Na histórianormativa, um dos ganhos foi a elaboração da Resolução 02/2003, realizada por um Grupo de Trabalho afiliado ao Conselho Federal de Psicologia, em 2003, resultando num Manual Técnico e Ético sobre a elaboração de laudos e avaliações psicológicas.  Foi um marco importante, porque segundo Ambiel e Pacanaro, o CFP criou um documento com diretrizes claras e objetivas, e assim padronizou o instrumento, constituindo critérios mínimos de qualidade.
Segundo Pacanaro, Alves, Rabelo, entre os principais requisitos de qualidade, encontram-se:
Apresentação da fundamentação teórica do instrumento com especial ênfase na definição do construto; Apresentação de evidências empíricas de validade e precisao das interpretações  propostas para os escores do teste; Apresentacão de dados empíricos sobre as propriedades psicométricas dos itens dos instrumentos;Informações sobre os procedimentos de correção e interpretação dos resultados, comunicando detalhadamente o procedimento e o sistema de interpretação no que se refere as normas brasileiras; Apresentação clara dos procedimentos de aplicação e correção, bem como das condições nas quais o teste deve ser aplicado, para que haja uniformidade dos procedimentos envolvidos na sua aplicação. (PACANARO, ALVES, RABELO, LEME E AMBIEL, 2011, p 31)
Ainda no ano de 2003, o CFP propôs uma Comissão Nacional de Avaliação Psicológica, denominada Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (SATEPSI), que teve como função analisar as dificuldades que o psicólogo enfrentava no contexto das avaliações psicológicas.  Atualmente, todos os instrumentos e testes psicológicos passam pela avaliação dessa comissão. Além disso, o CFP promulgou no ano de 2003, a resolução CFP  n. 002/2003, sobre a produção e a utilização de testes psicológicos.
Segundo Pacanaro, Alves, Rabelo, o uso de testes psicológicos na atualidade tem sido direcionado a mais um instrumento diagnóstico dentro de um contexto, do que o único meio como acontecia anteriormente.
Esses cuidados éticos com as avaliações diagnósticas derivam também do momento singular da profissão em 2003, quando o Conselho Federal de Psicologia e a classe profissional se mobilizavam para criar um novo Código de Ética do psicólogo. Um contexto favorecido por uma gestão que priorizava a Cultura dos Direitos Humanos e o compromisso social da Psicologia com a sociedade brasileira em transformação.
Reppold (2011) afirma que o processo de avaliação psicológica pode vir a promover os direitos humanos pelo seu caráter de descrição e interpretação das condutas, viabilizando  o encaminhamento dos sujeitos que possuem demandas psicossociais para tratamentos adequados e dignos, evitando-se os  cuidados inócuos.
A autora ainda indica que o processo de avaliação diagnóstica deveria respeitar e seguir os mesmos princípios bioéticos das práticas de pesquisa pela Resolucão 466/12. São eles: autonomia, beneficência, não maleficência e justiça social. Dessa forma, o psicólogo deveria ponderar entre os ganhos e riscos envolvidos no processo, assim como respeitar o direito à devolutiva para o sujeito, garantindo que as pessoas sejam informadas sobre o processo avaliativo e as implicações no diagnóstico e prognóstico. Deve-se ainda dar a devolutiva numa linguagem clara, objetiva e compreensível ao sujeito e usar de instrumentos normatizados e validados para o grupo que será analisado.
Reppold (2011, p 24) alerta o fato de que a maioria das queixas éticas denunciadas ao Conselho Federal de Psicologia refere-se a problemas com o exercício inadequado da avaliação diagnostica, como o uso de técnicas inapropriadas, falta de orientações e encaminhamentos adequados, como também, a emissão de documentos sem a devida fundamentação teórica.
Nesse sentido, faz-se essencial rever o lugar da Avaliação Psicológica na formação do psicólogo brasileiro, pois  conforme Schmidlin ( 2011) relata, é uma prática destacada nas Diretrizes Curriculares, no artigo 5, sobre os procedimentos para a investigação científica e a “prática profissional, de forma a garantir tanto o domínio de instrumentos e estratégias de avaliação e de intervenção quanto a competência para selecioná-los, avaliá-los e adequá-los a problemas e contextos específicos  de investigação e ação profissional” (Diretrizes Curriculares Nacionais para a Psicologia, 2004)
Pellini e Sá Leme concluem sobre a importância do contínuo aprimoramento do psicólogo:
Enfim, para que um profissional atue de forma ética quanto ao uso de instrumentos, deve procurar manter contínuo aprimoramento profissional; utilizar, no contexto profissional, apenas testes psicológicos com parecer favorável, que se encontram listados no site do SATEPSI; realizar a avaliação psicológica em condições ambientais adequadas, de modo a assegurar a qualidade e o sigilo das informações obtidas; guardar os documentos produzidos decorrentes de Avaliação Psicológica em arquivos seguros e de acesso controlado; proteger a integridade dos instrumentos, não os comercializando, publicando ou ensinando aqueles que não são psicólogos. (Pellini e Sá Leme ,2011, p 171) 
É necessário ressaltar também, a importância das resoluções resultantes do processo de amadurecimento da Psicologia com as novas demandas psicossociais (tais como Resolução 002/2003), nas quais encontram-se explícitos os cuidados com a escolha do método regulamentado a ser melhor utilizado pelo psicólogo. A atenção ética com o sigilo profissional e a divulgação dos resultados são pontos importantes que também merecem destaque.
Na Resolução 007/2003, por exemplo, a avaliação psicológica é definida dentro de um contexto multideterminado e por isso, ela contribui para a compreensão das subjetividades existentes no contemporâneo, ao considerar e analisar também os determinantes históricos, culturais, sociais e seus efeitos na constituição do homem, não somente para descrevê-lo, mas sobretudo para modificar esses condicionantes até o momento conclusivo dessa etapa diagnóstica. A avaliação psicológica, portanto, deve considerar a natureza dinâmica, não definitiva e não cristalizada do seu objeto de estudo, evitando o psicólogo de enunciar prognósticos conclusivos e fechados.
Surge desse exercício de contextualização, uma possibilidade ética, pois quando o psicólogo contextualiza crítica e reflexivamente o resultado de um processo de avaliação psicológica, ele está superando o viés adaptativo e eugênico, presente na história da Psicologia Brasileira, quando:
tem-se constituído como ferramenta de adequação e ajustamento intimizado, universal, natural e a-histórico, não se colocando, assim, a questão que se refere a práticas datadas historicamente, instituindo modelos de ser e de estar no mundo segundo padrões de normalidade produzidos como únicos e verdadeiros, inferiorizando e desqualificando os lugares ocupados pelos chamados diferentes, anormais, perigosos, desvinculando-os dos seus contextos sócio-histórico-político-sociais, tornando-os não humanos. A estes seria endereçado um constante monitoramento, vigilância e tutela. ( BICALHO, 2011, p. 90)
A Resolução 002/2003 confirma, portanto, o principio II do Código de Ética do psicólogo, que diz do trabalho psicológico como promotor de saúde e que contribuirá para eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.  Na Resolução, recusa-se também a segregação, quando afirma que nega sob toda e qualquer condição, do uso dos instrumentos, técnicas psicológicas e da experiência profissional da Psicologia na sustentação de modelos institucionais e ideológicos de perpetuação da segregação aos diferentes modos de subjetivação.
Outros cuidados éticos-técnicos presentes na Resolução 007/2003 importantes dizem respeito: ao documento que deve ter uma clareza e rigorosidade na escrita para ser compreensível ao leitor; ter uma estrutura ordenada e lógica para ser acompanhado; “sempre que o trabalho exigir, sugere-se uma intervenção sobre a própria demanda e a construção de um projeto de trabalho que aponte paraa reformulação dos condicionantes que provoquem o sofrimento psíquico”. Ainda, os psicólogos, ao produzirem documentos escritos, devem se basear “exclusivamente nos instrumentais técnicos (entrevistas, testes, observações, dinâmicas de grupo, escuta, intervenções verbais) que se configuram como métodos e técnicas psicológicas para a coleta de dados”.
No Código de Ética da Psicologia, ainda encontra-se outro apontamento importante, no art 2º, é vedado ao psicólogo: “K) ser perito, avaliador ou parecerista em situações nas quais seus vínculos pessoais ou profissionais, atuais ou anteriores, possam afetar a qualidade do trabalho a ser realizado ou a fidelidade aos resultados da avaliação”.
Com relação à quebra de sigilo profissional em avaliações psicológicas, caso o psicólogo precise compartilhar informações com equipe multiprofissional, é indicado apenas que compartilhe aquilo que for essencial para configurar o caso do ponto de vista psicológico, sem expor informações especificas que possam identificar o sujeito.
Reppold ( 2011) refere-se a importância da avaliação psicológica como prática responsável e  promotora de uma cultura de direitos humanos, como pode-se vislumbrar:
À luz dessa discussão, pode-se concluir que a prática de avaliação psicológica, quando realizada de forma responsável e coerente com o contexto social do indivíduo e quando substanciada com instrumentos validados e normatizados para a população da qual o indivíduo faz parte, busca garantir atenção aos Direitos Humanos e, portanto, às diferenças individuais e às necessidades dos indivíduos/grupos. É somente assim, reconhecendo as diferenças individuais, que pode subsidiar novas práticas e intervenções que venham ao encontro das demandas que tais diferenças implicam. (Reppold, 2011, p. 27)
Bicalho (2011) defende uma psicologia comprometida com sua sociedade e seu tempo, recusando quaisquer práticas diagnósticas excludentes ou descontextualizadas. Esse deverá ser o desafio da Psicologia e das avaliações psicológicas no século XXI:
Recusamos, aqui, a perspectiva que incompatibiliza Psicologia e política, um tipo hegemônico de racionalidade que impõe a oposição dicotômica entre teoria e prática, ciência e ideologia. Habitualmente, intervir como psicólogo pressupõe analisar um território individual, interiorizado ou, no máximo, circunscrito a relações interpessoais, transferindo as produções políticas, sociais e econômicas ao campo de estudos de um “outro especialista”. Tentar percorrer outros caminhos e recusar esse destino, lançando mão de uma “caixa de ferramentas” teórico-conceitual, foi (é) o desafio. Recusar o lugar de “ortopedista social”, com seus saberes prontos em planejamentos metodológicos assépticos, mesmo sabendo que inúmeras vezes fomos (somos) capturados pelo enfoque positivista. (BICALHO, 2011, p 92)
MÓDULO 8 - AS NOVAS INTERFACES DA PSICOLOGIA BRASILEIRA
A história da Psicologia no Brasil relata um cenário profissional múltiplo, porém nem sempre foi assim. Em seus primórdios, na década de 1950 e 1960, o saber psicológico dialogava com as áreas da medicina, educação e o universo organizacional. Com a crescente hegemonia da área clínica, baseada no modelo biomédico, com predomínio de um fazer remediativo, que tinha como objetivo curar, atacar o sintoma já instaurado. Uma ação que englobava as atividades de psicodiagnóstico, psicoterapias e seleção de pessoal, visando ajustar os sujeitos a padrões estabelecidos pelas instituições com poderio econômico e cultural.
            Esse percurso marcou uma visão de psicologia clínica tradicional, calcada no modelo liberal, que visava resolver conflitos mentais, com enfoque intraindividual, e que compreendia o sujeito como instância universal a ser ajustado ao convívio social.
            Na década de 1980, com as crises econômicas no Brasil, o avanço das neurociências, a inovação paradigmática, com a inserção das idéias emergentes sobre a complexidade na multideterminação dos fenômenos psicológicos e o inchaço do mercado clínico, houve uma crise instaurada nesse cenário clássico da Psicologia brasileira. Esse contexto demarcou um novo desenho de fazeres, que se espalhou da Psicologia da Saúde Pública às mais diversas instituições, em Organizações Não Governamentais (ONGs) e instâncias jurídicas.
            Bomfim afirma que a partir da década de 1970, espalharam-se diversas experiências profissionais, de psicólogos sociais em comunidades carentes aos postos de saúde pública.  Já na década de 1980, houve a marca da intensificação das trocas entre os profissionais e as discussões teóricas, com a ampliação dos centros de pós-graduações scricto sensu. Paralelamente, indica-se a emergência de novas práticas, como os trabalhos com o meio ambiente e os movimentos sociais. Na década de 1990 houve um empobrecimento da população, inúmeras crises econômicas, e ao mesmo tempo, presenciou-se um avanço da vivência democrática, com a conquista de direitos sociais no mundo do trabalho, o que coadunou com a inserção dos psicólogos em lugares até então desconhecidos pela psicologia tradicional.
Bomfim (2006) nos relata que:
As atividades psicossociais que, em maior escala, passaram a ser aplicadas a uma clientela que não dispunha destes atendimentos, a partir da década de 80, caminham hoje na direção de se desenvolverem abordagens mais específicas em função das características dos grupos, instituições, comunidades e movimentos sociais. Assim, as práticas de dinâmica de grupo, grupos operativos, intervenção psicossociológica e análise institucional, aliadas às metodologias de pesquisa do tipo da pesquisa participantes, história, estudo de caso com pespectiva histórica e outras.  
 Segundo Yamamoto e Gouveia (2003) mesmo na área clínica, houve mudanças significativas, passou-se de uma prática tradicional exercida no âmbito privado, para um amplo espectro de atuação, onde o psicólogo clínico esteve presente também nas instituições, nas comunidades e em outras diferentes frentes de trabalho. Dessa forma, acumulou funções, demarcando o campo da dupla jornada do psicólogo brasileiro.
Bianco, Bastos, Nunes e Silva (2006) afirmam ainda que o campo clínico abriu-se para o contexto social, e consequentemente, houve uma mudança nos referenciais teóricos, que deixaram de considerar somente o aspecto individual para contemplar uma visão multideterminada de homem e do seu sofrimento, buscando teorias que contemplem a subjetividade como processo relacional e não apenas como instância intrapessoal.
Esse novo cenário demandou do psicólogo brasileiro uma nova formação e por consequência uma revisão urgente das teorias, métodos e fazeres. Mudanças na grade curricular universitária se fizeram necessárias, por exemplo, exigindo uma maior relação entre a psicologia aplicada e as novas visões epistêmicas.
Essas revisões alçaram e provieram ao mesmo tempo, das novas interfaces e os desafios profissionais. Por exemplo, na mudança do lugar da  psicologia clínica. Houve uma maior preocupação com os aspectos sócio culturais e o movimento mais destacado foi a expansão do trabalho psicológico ao campo da saúde, onde houve um intricado jogo de forças sociais e interesses dos empresários da saúde às políticas públicas.
Essa transição foi marcada pela inserção do psicólogo em instituições, como hospitais, ambulatórios, unidades básicas de saúde, e outras, como escolas e ONGs.  Como orientação geral de atuação, o psicólogo no âmbito da saúde, reconhece “o caráter global da saúde de indivíduos e o chamamento à multidisciplinaridade, o reconhecimento da qualidade de vida e da educação dos grupos e indivíduos como fontes essenciais de sobrevivência da humanidade”.
O psicólogo na rede básica de saúde, tem sido chamado a atuar com a atenção primária, com ações que vão desde as ações preventivas complexas até as mais pontuais e especializadas. Porém, esse tipo de atuação requer do profissional uma inserção diferenciada, pois costumeiramente o psicólogo foi formado para lidar com doenças ou distúrbios psicológicosjá instalados nos sujeitos, para serem tratados ou removidos, ou seja, com enfoque na atenção terciária. Outro problema muito recorrente, é que há uma confusão entre ações de promoção de saúde e preventivas no nível secundário. O que demanda uma formação diferenciada também nas universidades, que precisam instruir e educar os novos psicólogos a atuarem no nível primário, com ações mais complexas e integradoras.
A área da saúde pública tem oferecido diversos desafios ao psicólogo, tais como: ações profissionais com base em necessidades coletivas, a demanda em lidar com um número maior de indivíduos, levando o profissional a escolher estratégias grupais, além do contato mais próximo com as condições concretas de uma população mais carente de recursos financeiros e culturais.
Com relação ao trabalho em grupo, a Psicologia tem sido chamada a compor equipes multiprofissionais, compostas por outros integrantes da área da saúde, como enfermeiros, médicos e terapeutas ocupacionais e a negociar fronteiras de atuação, nem sempre tão claras e objetivas.
Neto (2004) afirma ainda, que existem três tendências nesse novo panorama da interface com a área da saúde: a flexibilização do setting terapêutico, a pluralidade de recursos, procedimentos e técnicas e a permeabilidade entre concepções teóricas.
Nas últimas décadas, tem-se assistido, ainda, a diferentes interfaces da Psicologia com outras áreas, tais como: a jurídica, a informática e o esporte.
1.  A aliança da Psicologia com a área jurídica, refletindo sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e as diretrizes éticas contidas na assistência psicossocial das crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social.
Segundo Bomfim (2006), a psicologia jurídica surgiu a serviço das demandas da justiça, principalmente através da construção de laudos psicológicos. Possuiu por muito tempo, uma ênfase positivista, marcada pela visão dos juristas, com laudos conclusivos e fechados. Atualmente, os psicólogos jurídicos não estão somente a serviço das instituições jurídicas, mas a serviço da cidadania, superando o viés do controle social.
Existem psicólogos atuando junto às Varas das Famílias, junto a casos de adoção, separação, além de atuar nas Varas da Infância e Juventude, junto as crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social, com a elaboração de laudos para decisões judiciais.
Os desafios éticos nessa interface dizem respeito principalmente a elaboração desses laudos e relatórios psicológicos, desde aspectos técnicos até questões éticas, como a devolutiva ao sujeito, a assertiva conclusiva, entre outros.
2. A aliança da Psicologia com a Informática, refletindo sobre as novas possibilidades terapêuticas mediadas pelas novas tecnologias, assim como, investigando os processos de subjetivação multideterminados pela inserção crescente do homem no mundo globalizado. A dimensão ética presente nessa interface repensa a questão do sigilo profissional possibilitado ou não pelas terapêuticas mantidas e mediadas pelas novas tecnologias.
3. A aliança da Psicologia com a área esportiva, com estudos motivacionais e liderança em equipes desportivas. É uma área recente, datando da década de 1950, num mundo crescentemente competitivo em que o esporte torna-se profissional e altamente comandado pela lógica do mercado. Dentro desse cenário, surge o trabalho do psicólogo atento ao desportista e seu desenvolvimento psicossocial. Bomfim (2006) afirma que:
O trabalho do psicólogo do esporte orienta-se para o alcance de um melhor desempenho, sendo em vários aspectos, semelhantes as demais atividades de psicólogos que lidam com a questão do trabalho. Trata-se de um profissional que busca valorizar ao máximo o potencial de seu cliente, ao mesmo tempo, que tenta minimizar ou neutralizar suas deficiências. Atua no sentido de melhorar o desempenho e otimizar as relações entre esportistas, técnicos e dirigentes.  (BOMFIM, 2006, p 223)
 Uma das questões éticas mais prementes nessa interface diz respeito a função social do psicólogo, como no campo organizacional. Por exemplo, se o profissional trabalha em prol da saúde mental do esportista ou em prol dos ganhos de produtividade das empresas que mantém os clubes e os desportistas.
Atualmente, segundo Yamamoto e Gouveia (2003), a Psicologia desenvolveu um amplo corpo de conhecimentos e métodos interventivos, que alcançaram virtualmente diferentes campos de atividade humana. Ainda, conforme os autores, hoje a questão essencial que se coloca para a Psicologia em sua diversidade diz respeito em como essas interfaces tem respondido às demandas contemporâneas colocadas para a sociedade brasileira, nos seguintes pontos: (a) à produção de conhecimento; (b) ao avanço tecnológico; (c) a renovação dos profissionais.
Todas as novas interfaces da Psicologia precisam se organizar continua e criticamente para responder e criar conhecimento frente a uma sociedade em transformação. 
MÓDULO 9 - OS TEMAS EMERGENTES DA PSICOLOGIA BRASILEIRA
A expansão dos cursos de psicologia no Brasil ocorreu nos anos 70 e 80 do século passado, até então, o país contava apenas com seus quatro primeiros cursos de Medicina e Direito. Atualmente, no Brasil, existem autorizados 488 cursos de psicologia (MEC, 2005). Destes, quase metade (54%) concentra-se na região sudeste, sendo o estado de São Paulo é responsável por 31,15%. Atualmente dos 232 mil psicólogos no Brasil, 88% são mulheres. Percebe-se a expansão da Psicologia como ciência e profissão no âmbito nacional.
Yamamoto e Gouveia afirmam que no Brasil, o crescimento da Psicologia é significativa, comemora seus mais de 50 anos de regulamentação com aumento exponencial dos seus cursos de formação e desenvolveu conhecimentos e técnicas em diferentes áreas de atuação.
Diante dessa ampliação e complexificação do universo profissional da Psicologia na realidade brasileira nas últimas décadas, surgiu a obrigação ética e cientifica de estar atenta as condições de formação do psicólogo, as reflexões sobre as demandas psicossociais de uma sociedade em transformação e os modos práticos de atuação profissional diante os novos desafios impostos pelas mudanças no mundo do trabalho. Conforme Bastos&Achcar: 
A principal característica deste final do século XX é, certamente, o intenso e acelerado processo de transformação vivido pelas sociedades, independente do seu regime político e apesar dos profundos desníveis quanto ao grau de desenvolvimento sócio econômico. São mudanças econômicas, políticas, tecnológicas e socioculturais que estão configurando, entre outros, novos cenários para o mundo do trabalho que impõem, em diversos planos, a necessidade de alterações nas definições, atitudes e competências dos trabalhadores e, em especial, dos profissionais.  
 Com relação ao universo ocupacional, uma das suas marcas diz respeito a emergência de uma sociedade de serviços, com o peso do setor terciário na economia mundial e globalizada.  Bastos e Achcar ( 2006) indicam que as profissões voltadas para a prestação de serviços nas áreas de educação e saúde prometem serem as mais procuradas. A Psicologia está presente tanto em um setor como em outro, pode estar voltada a promoção de saúde integral do individuo como pode estar inserida nas escolas em atuações diretivas.
Segundo o Conselho Federal de Psicologia ( 2012),
“o Brasil possui o maior número de psicólogos ativos do mundo. São 216 mil profissionais em atividade, de acordo com o Cadastro Nacional de Psicólogos do Sistema Conselhos de Psico- logia. Para se ter uma noção, a American Psychological Association (APA), tida como a maior associação mun- dial de psicólogos, contém 137 mil membros. Em termos quantitativos, o País sai na frente, inclusive, da Federação Europeia de Associações de Psicólogos, que agrega 35 nações e tem cerca de 90 mil associados.” ( CFP, 2012, p 5)
             Ainda segundo o CFP (2012), a Psicologia tem evoluído para uma identidade mais social, preocupada com uma visão interdisciplinar com outras ciências, essencialmente disparadapelas transformações no campo da saúde na década de 80, quando houve uma reconstrução da visão do sujeito humano, com a perspectiva promocional da saúde, ao invés de uma atuação apenas remediativa. 
Diante desse cenário em mudança, a Psicologia tem sido chamada a desenvolver qualificações específicas como a capacidade analítica para interpretar informações em diferentes contextos de atuação, a competência social na comunicação, como a flexibilização intelectiva e dialógica para agir em novos campos de trabalho.
Essas novas demandas têm modificado o modo da Psicologia Brasileira se rever e propor outros modelos de atuação, por exemplo, com mudanças significativas nos seus currículos, através de novas diretrizes como o MEC tem realizado junto a categoria profissional. Mas essas modificações vão mais além, invadem os lugares em que a Psicologia se encontra, mobiliza os seus trabalhadores, desafia-os e oferecem novas perguntas e reflexões diante os novos tempos.
A partir disso, Bastos e Achcar (2006) indicam os principais movimentos emergentes no exercício profissional do psicólogo no século XXI, calcados em três direções, segundo eles: (1) ampliação das situações em que o psicólogo atua, diversificando os problemas com que se lida, assim como ocorrem mudanças com sua clientela e recursos técnicos; (2) a intervenção psicológica torna-se mais complexo, superando o viés remediativo e individualizante e (3) um forte questionamento das teorias existentes na psicologia, buscando novos olhares frente aos novos contextos de atuação. Os autores descrevem esses três eixos nas seguintes problemáticas:
1) Mudanças na concepção sobre o fenômeno psicológico: tradicionalmente a Psicologia Brasileira fomentou uma visão centrada no plano individual, a-histórico e a parte do contexto social, com as mudanças no mundo do trabalho, como a inserção do psicólogo em instituições e em comunidades, essa concepção foi revista e atualmente, existem teorias que reconsideram o contexto social. Dessa forma, o fenômeno psicológico tem sido compreendido na interdependência com o aspecto sócio cultural.
2) A adoção da perspectiva multidisciplinar versus a unidisciplinar na prática profissional: “ decorre da mudança na concepção do fenômeno psicológico a busca de referenciais e conhecimentos de outras disciplinas ou campos do saber para embasar a análise e intervenção frente a problemas concretos. “ (BASTOS E ACHCAR, 2006, p 252)
3) Uma intervenção profissional do psicólogo junto a equipes multiprofissionais: superando a ação do psicólogo individualmente, isolado em seu consultório, por exemplo. As revisões teóricas do fenômeno psicológico obrigaram o psicólogo a dialogar com outros profissionais e seus saberes.
4) Uma intervenção profissional centrada em contextos, em grupos e de ação preventiva: contraponto a uma ação tradicional da Psicologia com foco no individuo, no intra psíquico, com caráter curativo e remediativo. Isso pode ser visto na inserção do psicólogo nas instituições, que demandam um diálogo aberto e flexível em equipes multiprofissionais.
5) A atuação profissional no nível estratégico, com maior poder de decisão: em funções de assessoria, gerência e consultoria, em contraponto a uma ação profissional tecnicista. Esse movimento emergente tem estreita relação com a amplitude do setor terciária de serviços e a inovação de fazeres ocupacionais diante das mudanças no mundo do trabalho.
6)           A ampliação e inovação no uso de recursos e instrumentos técnicos na psicologia: “ coerentemente com o rompimento de um padrão restrito de atuação psicológica- centrada no individuo e voltada para a superação de problemas de ajustamento ao contexto escolar- observa-se o envolvimento do psicólogo em um conjunto de atividades de lazer, recreativas, de teatro, como instrumentos de intervenção em problemas escolares”. (BASTOS E ACHCAR, 2006, p 252)
7) Nova Clientela, mais diversificada: a entrada da Psicologia em novos campos, como as instituições de saúde, recompõem sua clientela, agora mais diversa e colocando o profissional em contato com segmentos sociais, antes excluídos pelo modelo tradicional clínico, que atendia a setores elitistas. Essa ampliação da clientela forçou uma revisão teórica epistêmica até as estratégias usadas para promover saúde a populações antes não atendidas.
8) Um compromisso social e  profissional da Psicologia: fortalece-se o engajamento político, ligado ao mote da transformação social, oriundo das mudanças teóricas, a mudança de clientela, entre outros motivos. Essa postura política da Psicologia visa superar o viés assistencialista presente na história da profissão no Brasil, engajando o profissional em novos movimentos sociais, como a organização diante as políticas públicas e os movimentos pelos direitos humanos.
Obviamente que essas mudanças emergentes alcançam a formação do psicólogo no Brasil e suas implicações práticas. Bastos e Acchar (2006) ilustram bem as novas propostas:
 “Esse conjunto de habilidades revela a necessidade de que, no curso de formação acadêmica do psicólogo, sejam rompidos os limites que o aprisionaram a uma formação fragmentada e tecnicista ou que o preparam para reproduzir formas extremamente limitadas de enfrentar um reduzido leque de problemas. Ele, também, aponta o desafio de que a mudança na formação não se pode reduzir ao plano dos conteúdos ou conhecimentos, mesmo que a sua ampliação dê conta dos novos contextos, clientelas e problemas com os quais o psicólogo passou a se deparar. “ (BASTOS e ACCHAR, 2006, p 269)
Ainda em relação aos dilemas profissionais e de formação, autores como Bastos e Acchar ( 2006) denunciam existem falsos dilemas que precisam ser superados na contemporaneidade, tais como: deve-se privilegiar uma formação teórica ou profissionalizante; ou então, uma formação generalista ou focada em especialidades. Não caberia uma discussão profunda sobre esses dilemas, pois eles são reducionistas e apenas iluminam as polaridades, sem se ater ao processo de formação como algo dialógico, mutável e aberto as novas sociedades, como diriam, não existem um curso apenas generalista ou especialista, na Psicologia, esses polos se mesclam e concluem uma formação cuidadosa e ampla.
Uma das preocupações do CFP (2012) diz respeito ao cunho mercantilista que alguns cursos e especializações de Psicologia assumem para responder ao mercado, muitas vezes desligando-se das demandas psicossociais mais veementes. Estudiosos da profissão, como Mitsuko Antunes reafirmam a necessidade da Psicologia estar atenta a uma atuação comprometida e ligada com as reais necessidades da população.
O Conselho Federal de Psicologia afirma que apesar dessas questões delicadas, o panorama da Psicologia Brasileira é otimista pela amplitude de atuação e o comprometimento político:
“com todas essas mudanças, a Psicologia pode continuar crescendo em sintonia com os anseios e necessidades da sociedade brasileira. O profissional de hoje está muito mais comprometido na construção das políticas públicas. O universo da área conta com mais de 50 mil profissionais atuando no Sistema Único de Saúde (SUS), na Assistência Social, na Justiça, na Segurança Pública e Forças Armadas” (CFP, 2012)
TEXTO CAPÍTULO 3 – A ESSÊNCIA DA MORAL
1- O normativo e o fatual
- A moral é um conjunto de normas, aceitas livre e conscientemente, que regulam o comportamento individual e social dos homens. 
- Encontramos na moral dois planos: o normativo: constituído pelas normas ou regras de ação e pelos imperativos que enunciam algo que deve ser. E o fatual: que é o plano dos fatos morais, constituído por certos atos humanos que se realizam efetivamente.
- Os atos adquirem um significado moral: são positivos ou moralmente valiosos quando estão de acordo com a norma e negativos quando violam ou não cumprem as normas. Portanto, certos atos são incluídos na esfera moral por cumprirem ou não uma determinada norma.
- O normativo não existe independentemente do fatual, mas aponta para um comportamento efetivo, pois,toda norma postula um tipo de comportamento que considera devido, exigindo que esse comportamento passe a fazer parte do mundo dos fatos morais, isto é, do comportamento efetivo real dos homens. 
- O fato de uma norma não ser cumprida não invalida a exigência de que ela seja posta em prática. Esta exigência e a validade da norma não são afetadas pelo que acontece no mundo dos fatos.
- O normativo e o fatual possuem uma relação mútua: o normativo exige ser realizado e orienta-se no sentido do fatual; o realizado (o fatual) só ganha significado moral na medida em que pode ser referido positiva ou negativamente a uma norma. 
2- Moral e moralidade
- A moral efetiva compreende as normas ou regras de ação e os fatos que possuem relação com ela.
MORAL => conjunto dos princípios, normas, imperativos ou ideias morais de uma época ou sociedade determinadas. 
MORALIDADE => componente efetivo das relações humanas concretas que adquirem um significado moral em relação à moral vigente
- A moral estaria no plano ideal e a moralidade no plano real. A moralidade é a moral em ação, a moral prática e praticada. Por isso, cremos que é melhor empregar um termo só: moral, indicando os dois planos, o normativo e o efetivo. Portanto, na moral se conjugam o normativo e o fatual.
3- Caráter social da moral
- Uma mudança radical da estrutura social provoca uma mudança fundamental de moral. A moral possui um caráter social. Na sujeição do indivíduo a normas estabelecidas pela comunidade se manifesta claramente o caráter social da moral. O comportamento moral é tanto comportamento de indivíduos quanto de grupos sociais humanos. Os atos individuais que não tem consequência alguma para os demais indivíduos não podem ser objeto de uma qualificação moral. 
- A função social da moral consiste na regulação das relações entre os homens visando manter e garantir uma determinada ordem social, ou seja, regular as ações dos indivíduos nas suas ações mútuas, ou as do indivíduo com a comunidade, visando preservar a sociedade no seu conjunto e a integridade de um grupo social.
- O direito garante o cumprimento do estatuto social em vigor através da aceitação voluntária ou involuntária da ordem social juridicamente formulada, ou seja, o direito garante a aceitação externa da ordem social.
4- O individual e o coletivo na moral
- O indivíduo pode agir moralmente somente em sociedade.
- Uma parte do comportamento moral manifesta-se na forma de hábitos e costumes. O costume apresenta um caráter moral em razão de sua intuição normativa. 
5- Estrutura do ato moral
- O ato moral se apresenta como uma totalidade de elementos: motivos, intenção ou fim, decisão pessoal, emprego de meios adequados, resultados e conseqüências, e não pode ser reduzido a um de seus elementos, mas está em todos eles, na sua unidade e nas suas mútuas relações. 
6- Singularidade do ato moral
- O ato moral, com o auxílio da norma, se apresenta como a solução de um caso determinado, singular. A norma, que apresenta um caráter universal, se singulariza no ato real. 
7- Conclusão
A moral é um sistema de normas, princípios e valores, segundo o qual são regulamentadas as relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas de um caráter histórico e social, sejam acatadas livre e conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma maneira mecânica, externa ou impessoal.
Responsabilidade Moral - Cap. V (Vazquez, 2006)
Existem duas condições para que possamos imputar a responsabilidade moral:
1. Que o indivíduo seja consciente. Tenha consciência do ato e que reconheça as circunstâncias e consequências dos seus atos.
2. Ignorância – se o indivíduo não sabe o que faz, então ignora o fato.
2. Liberdade de escolha
O contrário da liberdade é a: Coação – o indivíduo não tem liberdade para escolher. A coação pode ser: interna ou externa.
- Autônomo significa aquele que tem o poder de dar a si mesmo a norma, a regra, a lei. Aquele que goza de autonomia e liberdade seria aquele com capacidade plena de autodeterminação.
- Todavia, percebemos que essa independência absoluta do sujeito em relação à sociedade é mais um mito de nossa cultura. 
Ética - ciência especulativa, que tem por objeto o estudo filosófico da ação e da conduta humana, procurando a justificativa racional dos juízos de valor sobre a moralidade.
Moral - sistema de normas, princípios e valores, segundo o qual são regulamentadas as relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a comunidade, de tal maneira que estas normas dotadas de um caráter histórico e social sejam acatadas livres e conscientemente, por uma convicção íntima e não de uma maneira mecânica, externa e impessoal.
A relação entre Ética e moral está no comportamento humano com a diferença que a Ética é uma ciência especulativa, que estuda o comportamento moral dos homens, enquanto que a Moral é o próprio comportamento do homem junto com seus valores, normas e padrões.
O que é liberdade? Existe liberdade sem responsabilidade? Existe uma verdade absoluta? O que é absoluto na vida? O que é verdade? Por quê? Para quê? Onde? Quando?
DILEMA: O que nos permite vivenciá-lo é exatamente a liberdade interna de pensar, de questionar.
A ÉTICA é a possibilidade de refletir, de se responsabilizar, questionar o outro e a si. É uma reflexão sobre os costumes e as ações humanas, que ocorre dentro de um contexto sócio-político-econômico-cultural.
RESUMO CAPÍTULO 1 e 3:
A ÉTICA e a MORAL do ponto de vista filosófico: a ética e a moral possuindo, segundo o autor, diferentes significados.
METAÉTICA => é o ramo que estuda a natureza das propriedades, afirmações, julgamentos e atitudes éticas, ou seja, é o estudo do significado dos termos usados no discurso ético.
A ÉTICA associada ao estudo fundamentado dos valores morais que orientam o comportamento humano em sociedade.
A MORAL entendida a partir dos costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas em cada sociedade.
ÉTICA => É a REFLEXÃO que eu tenho sobre o que é moral (regra, aceito) ou não (ciência).
MORAL => são as REGRAS (objeto de estudo da ciência). 
RESUMO CAPÍTULO 5:
Reflexão sobre a possibilidade de opção, escolha e responsabilidade moral.
Quais as condições necessárias e suficientes para atribuir ao indivíduo uma responsabilidade moral pelos seus atos?
Circunstâncias e consequências da ação do indivíduo. Consciência e liberdade.
Se tenho CONHECIMENTO + LIBERDADE (de fazer ou não fazer) => tenho RESPONSABILIDADE.
EXERCÍCIOS ON LINE – SOMENTE AS ALTERNATIVAS CORRETAS
MÓDULO 5: 
5.1- Assinale a alternativa que melhor explique o contexto sócio histórico em que os princípios bioéticos foram instaurados, considerados, desde então, como essenciais ao desenvolvimento da tecnologia e do desenvolvimento humanos no séc XXI:
(B) - contexto das guerras e do avanço biotecnológico. 
5.2- A partir dos princípios bioéticos apresentados na Resolução 196/96 do CNS, analise as afirmativas a seguir sobre os seus fundamentos e escolha uma alternativa que contenha uma análise correta:
I) Qualquer decisão médica ou de cuidado humano não poderão desconhecer o desrespeito ao direito à vida.
II) não cabe às ciências, como a biologia, genérica ou embriologia definir a vida, mas sim, explicitar à sociedade quando ela tem inicio, para que a sociedade discuta de modo dialógico sobre os seus limites bioéticos.
(E) - I e II estão corretas. 
5.3- Leia o seguinte trecho exposto por DIP1999), em " A vida dos Direitos Humanos", e a partir da lógica presente em nosso CEP( 2005) e discussões atuais do campo psicológico, imerso nas ciências humanas críticas e éticas, assina a alternativa que melhor analise a citação a seguir exposta:
" Há um ser humano completo e vivo. Humano em virtude da sua constituição genética específica e de ser gerado por um casal humano, uma vez que cada espécie só é capaz de gerar seres da sua própria espécie. Do ponto de vista biológico não existe processo de humanização. Ou é humano desde o início da vida ou nãoserá jamaais: não há momento algum que marque a passagem do não essencial à sua constituição lhe é acrescentado após a concepção " ( p 23)
(C) - Essa afirmativa para a Psicologia é parcialmente incorreta, pois o processo de humanização para essa ciência psi implica também os laços de socialização, assim como o processo de culturalização. 
5.4- A partir do trecho de Pegoraro (2001), identifique um exemplo prático que lhe seja condizente: " Bioética segundo sua definição é o estudo sistemático da moralidade resultante da aplicação das tecnociências da vida e da saúde à vida humana, em vista não de preservar a vida enquanto tal, mas enquanto provida de qualidades (a serem definidas). " ( p 35)
(C) - discussão social sobre a des-criminilização do aborto, como recurso de composição da saúde pública no Brasil. 
5.5- Analise a seguinte situação-exemplo e assinale o valor bioético referente a atitude do psicólogo em questão:
 
" João é um psicólogo crítico e comprometido com sua profissão, conhecedor dos valores bioéticos e dos direitos humanos, ele faz questão de realizar um contrato nas primeiras sessões de psicoterapia, onde apresenta suscintamente aos seus pacientes, a sua perspectiva teórica, os principais aspectos relevantes, com relação aos parâmetros de saúde e doenças, prazos, objetivos da terapia. " 
Essa situação mostra que João é um psicólogo que respeita o valor bioético da:
(B) - autonomia 
5.6- O progressivo reconhecimento dos Direitos Humanos se sustenta no reconhecimento da Igualdade. E como diz Paulo Freire, a educação deve ser dialógica, adotando o educador posturas que levem à colaboração, união, organização, síntese cultural e reconstrução do conhecimento. Devendo-se superar comportamentos comuns na educação tradicional, tais como invasão cultural e imposição de valores e de conhecimentos, adotando a pedagogia da indignação e jamais do conformismo; induzindo os educandos à participação social, à contradição, à visão universal que supere etnias, classes, nações etc., buscando a construção de uma visão de mundo orientadora de práticas políticas voltadas para a educação emancipadora tão necessária para a transformação social.
Educar o homem em Direitos Humanos poderia ajudar na construção de um sujeito cada dia mais autônomo e de um mundo cidadão.
Essa educação em direitos humanos deve “humanizar”, o que significa suscitar nos indivíduos capacidade de reflexão e de crítica, bem como a aquisição do saber, o acolhimento do próximo, a sensibilidade, a capacidade de encarar os problemas da vida, etc. E é por acreditar nisso que Paulo Freire aposta na idéia da educação socializadora da experiência coletiva e da competência crítica de todos e todas, buscando romper com os pensamentos conservadores da cultura que são instituídos por aqueles que se julgam detentores do poder.
Qual o papel do psicólogo nessa busca da autonomia do sujeito e do cumprimento das leis que o asseguram direitos a uma vida digna e independente? 
 Assinale a alternativa que aponta a relação da psicologia com os Direitos Humanos? 
 
I O fazer do psicólogo deve buscar estimular a busca dos direitos da liberdade, dos direitos da igualdade e do direito da solidariedade.
II Cabe ao psicólogos, buscar inserir-se nas etapas de discussão e construção dos projetos sociais e pedagógicos, envolvendo-nos em processos de motivação e de empoderamento, de forma a incentivar a participação de outros sujeitos na construção de um entorno mais democrático e participativo. 
III O psicólogo de sair, cada vez mais, dos seus redutos (consultórios, divãs, empresas, escolas, revistas especializadas, congressos científicos, etc.) e ganhar maior notoriedade social também nas grandes discussões nacionais e na imprensa de massa (jornais, rádios,TV etc.) no contato direto com o povo.
É correto o que se afirma em:
(E) - I, II e III apenas
MÓDULO 6:
6.1- A mãe de G.H, de 12 anos, procurou a psicóloga X, com a seguinte demanda: queria que a profissional lhe desse um laudo psicológico afirmando que o trabalho da menina G.H num programa semana de televisão, em que a menina dançaria com roupas de adulto, imitando artistas de peso público, com um alcance sexual. A partir dos princípios do CEP (2005) e do ECA (1990), como essa psicóloga X deveria proceder: ( assinale a alternativa que melhor explicite uma postura ética da profissional)
(C) - a psicóloga X deveria iniciar um processo dialógico com essa família, explicitando a função terapêutica da família e informando-os dos preceitos do ECA que orientam ao bom desenvolvimento psicossocial da criança uma relação mais tardia com o mundo do trabalho, por exemplo, convidando-os a iniciar um processo terapêutico. 
6.2- Uma Psicóloga Y em um programa de televisão anuncia o seguinte : " As crianças não aprendem na escola porque não se esforçam ou porque têm pais que bebem e mães ausentes". Relacionando essa fala da psicóloga com as premissas do CEP (2005) e do ECA (1990), podemos afirmar que provavelmente essa psicóloga tem uma concepção:
(B) - moralizante e contaminada com o viés ideológico liberal- conservador, em que o sujeito é responsabilizado totalmente pelo fracasso, seja pela sua ausência no núcleo familiar, ou por não ter conseguido uma posição econômica mais eficiente num mundo competitivo. 
6.3- Maiorino (2005) indica haver um desejo no novo código de se realizar uma discussão sobre a postura do psicólogo na construção de políticas públicas, voltadas também para a infância e juventude. De acordo com a autora, podemos afirmar:
II - O novo código de ética foi elaborado em consonância com o Estatuto da Criança e do Adolescente, inseridos num contexto que diz respeito a uma mudança de paradigma frente ao homem da atualidade.
 III – A mudança de mentalidade que o novo código de ética está inserido envolve um processo longo e complexo, e depende da mobilização da sociedade frente a problemas do cotidiano, como analfabetismo e violência.
(E) - Apenas II e III estão corretas. 
6.4- Analise as seguintes afirmativas e sinalize a sequência correta dessa avaliação, segundo o ECA (1990): 
I) ( ) O trabalho infantil, ainda que possa trazer, em muitos casos, prejuízo à integridade física, moral e psicológica deve ser uma prática consentida . 
II) ( ) A delinqüência juvenil é uma patologia resultante da conjunção de inúmeros fatores, tais como a carga genética, a disfunção familiar e o ambiente sociocultural, e deve ser alvo de intervenções psicológicas e/ou psiquiátricas correcionais.
III) ( )Os índices de aprendizagem no ensino público brasileiro são significativamente baixos. As principais causas desta situação são a desnutrição, a falta de estimulação das crianças e a desestruturação familiar.
IV) ( ) a saúde psicossocial da criança/jovem deve ser compreendida em sua multidimensionalidade, incluindo as dimensões bio psico social.
(B) - F, F, V, V 
6.5- Atualmente contamos com uma Lei para a proteção integral da criança e do adolescente que versa que a criança e o adolescente devem gozar de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana. Tal Lei vem assegurar todas as oportunidades e facilidades, com a finalidade de facultar o desenvolvimento físico, moral, mental, espiritual e social da criança e do adolescente. Essas instâncias estão todas previstas no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Marque V para verdadeiro e F para falso, e a posteriori escolha a alternativa que contemple a sequência correta de verdadeiros e falsos:
 ( ) Cabe ao Estado a efetivação dos direitos da criança e do adolescente.
( ) Essa Lei garante o direito a um desenvolvimento sadio e harmonioso, com atendimento integral à saúde, direitos especiais à gestantes, atendimento especializado aos portadores de deficiências, fornecimento gratuito de medicação, obrigatoriedade de vacinação, garante o direito de ir e vir, de ter opinião e expressão, de ter uma crença religiosa, de brincar, praticar esportes e divertir-se, buscar refúgio, auxílio e orientação entre outras coisas.
( ) Em

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