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93 Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 Centro de distribuição: estratégias e LoCaLização Unidade IV 7 PROCESSO DE ARMAZENAGEM Caro aluno, agora que você já recebeu sua mercadoria, que tal armazená‑la? Lembre‑se de que estamos tratando de atividades sensíveis no que se refere aos produtos que serão comercializados futuramente, ou seja, a base de lucro de sua empresa. Vamos em frente! O processo de armazenagem ocorre quando algo é guardado para uso presente ou futuro. Corresponde a retirar o produto da zona de recebimento, que podem ser docas ou plataformas, e transferi‑lo para local apropriado, mantendo‑o armazenado até que seja demandado. Vamos ver algumas funções que estão relacionadas ao processo de armazenagem. Definir local Ao receber o produto, deve‑se especificar o local físico em que este deverá ser armazenado. As empresas utilizam recursos de tecnologia aliados ao controle de estoques, para definir uma melhor localização para acondicionamento dessa mercadoria. Algumas estratégias são adotadas, por exemplo, o conceito de PEPS (primeiro que entra primeiro que sai). Observação O armazenamento de mercadorias depende do produto, da empresa e até mesmo dos sistemas utilizado. Unitização O conceito de carga “unitizada” está associado à consolidação de vários volumes pequenos em outros maiores, de tipos e formatos padronizados, possibilitando que sejam movimentados mecanicamente ao longo da cadeia de abastecimento, evitando manuseio desnecessário de cargas fracionadas. Um exemplo prático de unitização é o palete. Uma situação que deve ser observada é a distância a ser percorrida com a carga. Lembre‑se de que movimentação é diferente de transporte. Movimentação Corresponde à transposição do produto recebido até o local final de armazenagem, onde este será posicionado ou acomodado. Essa movimentação pode estar relacionada a itens que estejam em estado líquido, sólido ou gasoso. O deslocamento de um material para o seu destino final pode ser feito por meio de empilhadeiras, guindastes, tubulações, pontes rolantes ou ainda por carrinhos hidráulicos. 94 Unidade IV Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 Acomodação Após a movimentação do produto, ele é acomodado em seu local específico. As partes de movimentação e acomodação podem eventualmente estar fundidas em uma só. Alguns cuidados deverão ser tomados em relação ao tipo de matéria‑prima ou do produto final. Exemplo: acomodar produtos líquidos requer um cuidado diferente de uma carga seca. Controle de estoques Uma vez realizadas as atividades citadas, chegamos ao controle de estoques. Uma atividade dentro da cadeia logística, que requer habilidade, conhecimento do sistema e principalmente dos produtos. Os estoques são vistos como estratégia dentro de uma empresa. Após todas as atividades anteriores serem encerradas, passamos então a definir o melhor local para o pessoal de separação de mercadorias. Ao longo do processo, os estoques de produtos estão associados ao custo do capital dos produtos acabados que permanecem estocados no depósito da fábrica, nos centros de distribuição dos atacadistas, nos distribuidores e varejistas, nas lojas de varejo e nos veículos de transporte. Assim, o estoque passou a ser um encargo elevado para as organizações. Isso porque a quantidade de opções no mercado ficou muito grande, ocasionando um acréscimo expressivo nos níveis de estoque. Por outro lado, a competição entre as empresas e os níveis de juros praticados no mercado financeiro fizeram com que o custo do capital de giro influísse significativamente na disputa pelo mercado. Como consequência, hoje se nota uma busca constante na redução de estoques, seja na manufatura, com MRP, MRPII, ERP e JIT, seja no varejo, com ECR e Quick Response. 7.1 Processo de expedição Os elementos de processo que compõem a distribuição podem ser divididos em várias etapas, desde o momento da entrada do pedido, até a sua saída. A expedição varia de acordo com o tipo de produto, o modo de distribuição, o tamanho da empresa e o uso de tecnologia que esta adota. Vamos apresentar a seguir as atividades relacionadas à expedição de mercadorias. Recebimento de pedidos A atividade de recebimento de pedidos está ligada à administração ou departamento de vendas. Uma vez que o pedido está aprovado, o próximo passo fica a critério do departamento de distribuição; este é responsável por fazer a mercadoria seguir ao seu destino final. Consolidação de pedidos É o processo de análise e agrupamento de pedidos com base nas características do produto, rotas de entrega, datas e localização dos clientes, com o objetivo de reduzir custos, melhorar o serviço, aproveitar melhor o sistema de transporte e as atividades operacionais dentro de um CD. O conceito de consolidação de cargas é bastante abrangente e vai muito além de se separar um pedido. Uma prática bastante comum está associada às indústrias de bens de consumo, nas quais o pedido do cliente é composto por 95 Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 Centro de distribuição: estratégias e LoCaLização produtos diferentes. Sua consolidação pode ser efetuada de várias maneiras, como exemplo, por meio de clientes, por tipo de produtos e, principalmente, pelos custos do frete. 7.2 Transporte O transporte é uma atividade que requer muita sensibilidade do responsável por despachar a mercadoria até o cliente. É uma atividade dentro da cadeia logística que visa selecionar o melhor e mais eficaz modo de transportar. Pode ocorrer por meio de um caminhão, um trem, um navio ou até mesmo por um avião. A formação da carga depende principalmente da definição dos roteiros de transporte, sua consolidação e o prazo para ser entregue. Uma modalidade de transporte bem definida é parte estratégica da empresa em busca de suas reduções de custos. As variáveis como distância a ser percorrida, roteiros, capacidades e características dos produtos são fundamentais na programação de transportes. Outros fatores que devem ser levados em consideração ao definir a melhor maneira de levar o produto ao cliente são os estabelecimentos de rotas de transporte e a seleção da empresa de transporte. Separação dos produtos A separação dos produtos consiste em uma série de atividades, desde a retirada dos produtos em estoque, até sua colocação em local apropriado, para que seja efetuado o carregamento do veículo. A separação de mercadorias necessita de pessoal especializado e que tenha um vasto conhecimento do local de trabalho, principalmente se os produtos forem armazenados em porta paletes. Carregamento do veículo É uma etapa no processo que consiste basicamente em colocar a mercadoria no veículo que irá transportá‑la. Alguns fatores devem ser considerados ao carregar a mercadoria: Característica do material – a natureza do material a ser carregado influencia diretamente no tipo de transporte e na forma de carregamento. Infraestrutura para carregamento – essa atividade é estratégica dentro da empresa, pois é responsável por selecionar os equipamentos de movimentação automáticos para agilizar o carregamento de forma eficaz. As instalações fixas fornecem os espaços destinados a abrigar as mercadorias até que elas sejam transferidas para as lojas ou entregues aos clientes. São também providas de facilidade para descarga dos produtos, transporte interno e carregamento dos veículos de distribuição (plataformas de carga/ descarga, carrinhos, empilhadeiras etc.). Característica do veículo – a característica do veículo está associada ao tipode material que será transportado. Algumas modalidades de transporte precisam de uma tratativa especial, principalmente ao manusear cargas em aviões, trens ou navios. Os veículos são parte da cadeia, uma vez que os produtos 96 Unidade IV Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 são normalmente comercializados em pontos diversos dos locais de fabricação. Essa distribuição implica o deslocamento espacial das mercadorias. Na transferência de produto do fabricante até o centro de distribuição do varejista ou depósito do atacadista, geralmente são empregados veículos maiores, com lotação plena. Já no abastecimento das lojas, normalmente utilizam‑se veículos menores, pois as condições de trânsito e de manobras nas regiões urbanas não permitem o uso de caminhões de grande porte. Outro condicionamento é a necessidade de maior frequência nas entregas de produtos às lojas, o que favorece a escolha de veículos menores. Geração de documentos para transportar Consiste na emissão de documentos de transportes para atender às exigências governamentais, do cliente e da empresa responsável pelo transporte da mercadoria. A geração dessa documentação é uma atividade necessária. No entanto, as organizações devem reduzir o nível de burocracia, revendo seus processos e direcionando seus esforços em processos que gerem valor agregado ao negócio. Entrega do produto ao cliente Entregar a mercadoria ao cliente não significa apenas levar a mercadoria e deixá‑la no local combinado, devem‑se levar em consideração aspectos como: quantidade, qualidade, prazo, preço, tipo de transporte adequado à mercadoria, validade do produto. É preciso solicitar ao cliente a conferência dos documentos e estar disposto a rever e orientar a melhor maneira de acondicionamento dessa mercadoria. Lembrete O cliente não compra apenas para suprir as suas necessidades. Compra pensando em suprir as suas expectativas. 7.3 Instalação do produto Alguns produtos, além de serem transportados e entregues, são também instalados no cliente. Casos específicos, como equipamentos de informática e produtos orientados por projetos, exigem instalação no cliente. Já os produtos resfriados devem ser entregues e dispostos para consumo direto, por exemplo, queijos e sorvetes. Sugerir modificações e melhor disposição dos produtos no ponto de venda é uma estratégia que deve ser adotada pela empresa prestadora de serviços. 7.4 Fatura e recebimento de pagamento Uma vez que o produto é entregue ao cliente, o departamento de contas a receber é acionado. Então, inicia‑se o processo de cobrança, emitindo‑se a nota fiscal e estabelecendo os prazos determinados e negociados no ato da negociação. O ciclo de um pedido é encerrado no momento em que a fatura é 97 Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 Centro de distribuição: estratégias e LoCaLização liquidada. Fatores como renegociação de prazos devem ser considerados, bem como a antecipação de pagamentos. Observação A flexibilidade e a sensibilidade fazem parte de uma estratégia bem definida. 7.5 Sistema de distribuição “uma para um” Há muitos tipos de distribuição física de produtos, mas podemos resumi‑la em duas configurações básicas, a saber: O sistema de distribuição um para um é uma atividade que está associada à distribuição de produtos. Funciona a partir do momento em que um veículo está totalmente carregado, seja em um depósito da fábrica ou até mesmo em um CD do varejista. O carregamento do veículo deve ocupar sua capacidade máxima, pois uma distribuição benfeita é aquela em que o caminhão sai lotado e por tratar‑se de transferência de mercadorias. Já no sistema de distribuição um para muitos ou simplesmente distribuição compartilhada, o processo acontece exatamente no momento em que esse veículo é carregado em um CD. Na maioria das vezes, isso ocorre no varejista, e a mercadoria é destinada a diversas lojas ou clientes. O processo de entrega será realizado por um roteiro predeterminado. Elementos básicos na distribuição Vamos trabalhar alguns fatores que influenciam a distribuição um para um. São apenas sugestões, e cabe a cada empresa decidir a forma de utilizá‑la. Vejamos os fatores: • primeiramente, analisar a distância existente entre os pontos de origem e o destino para a distribuição de sua mercadoria; • qual é a velocidade ideal para movimentação de minha mercadoria em um caminhão de transporte; • quanto tempo será necessário para que a mercadoria esteja no cliente, ou seja, qual o tempo de carga e descarga; • qual o tempo necessário se a minha distribuição for realizada porta a porta; • determinar a quantidade e volume do carregamento e quais as medidas a serem utilizadas em função do produto. Lembrando que essas medidas podem ser em toneladas, metros cúbicos, paletes, enfim, varia em função do produto; • avaliar se há disponibilidade em caso de retorno da carga; 98 Unidade IV Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 • a carga a ser transportada tem características especiais, por exemplo, densidade; • observar as dimensões e características dos produtos a serem transportados; • verificar se o valor unitário da mercadoria está de acordo com o contrato e se a quantidade confere com o valor de nota fiscal; • analisar e verificar a forma como a carga será transportada, atentando‑se especialmente para a forma de acondicionamento; • checar se a carga tem características de fragilidade, por exemplo, ovos; • verificar se a carga tem características de periculosidade, por exemplo, transporte de produtos tóxicos, combustíveis etc. • ao transportar as mercadorias, faz‑se necessário uma análise e verificação de compatibilidade entre os produtos a serem transportados, por exemplo, produtos de higiene com alimentos parecem não combinar muito; • por último, é preciso avaliar o custo total das atividades e as formas de transporte das mercadorias. O fator custo é extremamente delicado, pois influencia muito na lucratividade da empresa. A distância é um dos elementos que mais influem nessa forma de transporte, pois condiciona a seleção do tipo de veículo, o dimensionamento da frota, o custo e o frete a ser cobrado do usuário. A velocidade da operação que será medida na transferência de mercadorias deverá levar em consideração a distância entre os pontos A e B. Deverá ser descontado o tempo de parada nos terminais de carga e descarga, assim como o tempo de espera para que o cliente receba a mercadoria. O fator tempo de carga e descarga considera alguns fatores como pesagem, conferência das mercadorias e a emissão de documentos para transporte. Essa atividade eleva os custos do transporte em função, por exemplo, nos casos em que a distância é muito curta. Uma maneira de reduzir substancialmente os tempos de carga e descarga é utilizar outras formas de acondicionamento, principalmente a unitização que, no transporte doméstico, é feita normalmente com o pallet. Uma carreta, por exemplo, exige em torno de três horas para ser descarregada manualmente, utilizando, para isso, quatro funcionários. A mesma carreta pode ser descarregada em 25 minutos, com o auxílio de uma empilhadeira e seu operador, caso a carga esteja acondicionada em pallets. No entanto, o uso extensivo de pallets no Brasil depende de alguns fatores, como adoção de padrões uniformes, acordos de troca e principalmente uma visão de parceria entre os integrantes da cadeia de abastecimento. O tempo porta a porta é um dos fatores mais importantes para o usuáriodo serviço de transporte. De nada adianta uma empresa de transporte de aviões oferecer os jatos mais velozes para transferir produtos se a mercadoria sofrer retenções e atrasos excessivos no solo. No caso do transporte marítimo de cabotagem, foi o tempo de porta a porta que acabou reduzindo quase a zero o transporte de produtos 99 Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 Centro de distribuição: estratégias e LoCaLização manufaturados ao longo da costa brasileira. Os tempos gastos nos portos ao longo da rota aumenta muito o tempo porta a porta, tornando essa modalidade pouco utilizável por produtos de valor unitário mais elevado. A quantidade transportada é outro fator de grande importância na distribuição física de produtos. Quando os volumes transportados são elevados, a empresa pode optar por um serviço próprio de distribuição, operando com frota própria ou terceirizada, mas planejada e operada de acordo com suas especificações. É o caso, por exemplo, do sistema de distribuição da Coca‑Cola, que atende a um número elevado de pequenos varejos, além de grandes clientes, como os supermercados. Quando os volumes não comportam um sistema especialmente implementado para o transporte, a organização se vê obrigada a terceirizar o serviço, compartilhando com outros clientes o uso de veículos e terminais. Nesses casos, o controle do nível de serviço é obviamente mais difícil, visto que as transportadoras são obrigadas a atender a clientes diversos, com diferentes tipos de carga e com diferentes prioridades. Outro aspecto importante a considerar é a variação sazonal do volume transportado. Há alguns casos em que a demanda por determinado tipo de produto aumenta apreciavelmente em certa época do ano (no Natal, por exemplo), e a oferta de transporte muitas vezes se reduz de tal forma que a empresa é obrigada a buscar os serviços de transportadoras menos qualificadas, com níveis de desempenho abaixo do desejado. Quando o veículo volta ao ponto inicial, caso não houver a carga de retorno para garantir o frete à transportadora, isso pode afetar o nível de serviço oferecido ao cliente. Num cenário de grande concorrência, o transportador autônomo, assim como a empresa transportadora pode negociar o frete admitindo que haja carga de retorno, a fim de cobrir parte de seus custos. Quando não consegue um frete de retorno satisfatório, o transportador pode lançar mão de expedientes, como lotar o veículo com carga excedente, reter os lotes despachados no seu depósito para esperar carga de retorno, subcontratar o transporte com autônomos que oferecem preços mais baixos etc. Assim, mesmo não sendo responsabilidade do embarcador, a questão da carga de retorno (sua disponibilidade ou não) pode afetar sensivelmente o nível de serviço logístico resultante. A densidade da carga afeta a escolha do tipo de veículo mais adequado ao serviço e, por consequência, tem impacto no custo de transporte. Mercadorias de baixa densidade acabam lotando o veículo por volume, e não por peso. Em alguns casos, em que a densidade média é muito baixa, é comum a escolha de carrocerias (baú) especiais com maior volume. Por exemplo, os caminhões que transportam móveis produzidos na região de São Bento do Sul, Santa Catarina, apresentam carrocerias mais altas, que avançam por cima da cabine do motorista, visando melhor aproveitamento volumétrico da capacidade do veículo. As dimensões e a morfologia da carga também afetam seu transporte. Há casos de mercadorias com dimensões muito diversas, como é o caso de tubos e sofás longos. O valor unitário da carga pode implicar o uso de veículos especiais e a implantação de sistemas de segurança e de monitoramento adequados, muitas vezes caros. Por exemplo, o transporte de remédios e 100 Unidade IV Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 aparelhos eletrônicos, entre outros, vem sofrendo assaltos com frequência, obrigando as transportadoras a instalar sistemas de rastreamento de veículos e dispor de equipes de segurança permanente. Mesmo nos casos menos sensíveis, em decorrência da responsabilidade em relação à carga sob sua custodia, muitas vezes as transportadoras cobram um adicional (ad valorem) sobre o frete básico, que é uma taxa proporcional ao valor de carga. O grau de fragilidade da carga tem influência nos cuidados necessários no processo de embalagem do produto, no seu manuseio e no transporte. Um veículo de molas muito duras pode levar a perdas excessivas no transporte de ovos, por exemplo. O uso de pallets pode ficar limitado se o produto não permitir o seu empilhamento de forma a aproveitar todo o espaço do veículo, limitando seu uso. No caso de pallets, o grau de fragilidade da carga condiciona o número máximo de camadas empilhadas no depósito ou CD. Assim, as formas de acondicionamento e de transporte de um determinado tipo de produto estão diretamente associadas ao seu grau de fragilidade. O grau de periculosidade da carga tem implicações severas na distribuição de produtos, principalmente nos países mais desenvolvidos. Por exemplo, a distribuição de gasolina na Europa exige veículos bem sofisticados, com sistema de reaproveitamento dos vapores (para evitar que sejam lançados na atmosfera), controle de vazamento, válvulas de segurança etc. Essa preocupação com a ecologia e com a segurança acabará um dia chegando ao Brasil, ocasionada por pressões da sociedade. 7.6 Sistema de distribuição compartilhada ou “um para muitos” Nesse tipo de distribuição, o veículo é carregado no CD do varejista com mercadorias destinadas a diversas lojas ou clientes, e executa um roteiro de entrega predeterminado. O veículo parte do depósito carregado e percorre uma distância até o bolsão (ou zona) de entrega. Dentro do bolsão, o veículo realiza n visitas, atendendo a diversos clientes e efetuando entregas ou coletas. Terminado o serviço, volta ao depósito, percorrendo novamente uma distancia d. Elementos básicos Sob o ponto de vista logístico, existem vários fatores que podem influenciar a distribuição um para muitos. Veja alguns desses fatores: • dividida a região a ser atendida por zonas – e ela pode ser caracterizada por cliente, por volume, por importância etc; • analise a distância existente entre o centro de distribuição e o local de entrega da mercadoria; • o transportador deverá levar em consideração a velocidade média de sua operação; • verifique qual o tempo de parada em cada cliente – uma distribuição efetiva é aquela que tem características de rapidez, mas sem pressa; • verifique qual o tempo do ciclo de entrega, ou seja, quanto tempo leva para o caminhão entregar a mercadoria e voltar ao ponto de partida; 101 Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 Centro de distribuição: estratégias e LoCaLização • faça uma medição de frequência em que as visitas aos clientes ocorrem; • observe qual a quantidade de mercadoria que será entregue nas lojas ou clientes que estão no roteiro de entrega; • observe se a carga tem característica de densidade; • analise as dimensões das unidades que serão transportadas a cada cliente; • verifique qual o valor de cada item a ser transportado; • como será transportada a carga – a granel, paletizada etc; • se a carga tem características de fragilidade; • se a carga tem característica de periculosidade, como combustível; • avalie a sua compatibilidade – transporte de mercadorias de mesma natureza seria o ideal; • analise, ainda, todo o custo que envolve as operações – lembre‑se de que o custo tem que ser analisado globalmente,ou seja, em todas as atividades. Escolha do veículo No caso da distribuição “um para muitos”, a escolha do tipo de veículo mais apropriado para um determinado serviço depende de vários fatores, como: • distância do bolsão ou zona de entrega até o depósito ou CD; • densidade espacial, medida em número de pontos visitados por km² no bolsão; • tempo médio de parada em cada cliente visitado; • quantidade média de mercadorias entregue em cada visita; • velocidade media de percurso. Observação Por outro lado, dependendo dos fatores de condicionamento e das características do veículo, o roteiro de distribuição num determinado bolsão pode ficar limitado pela capacidade do veículo ou pelo tempo disponível dentro da jornada de trabalho. Suponhamos, para exemplificar, que a empresa alugue um veículo de maior tonelagem para fazer um determinado roteiro. Se o carro for totalmente carregado no CD, provavelmente voltará ao depósito no fim do dia com uma parte da carga. Isso porque não haverá tempo suficiente para completar as entregas. 102 Unidade IV Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 Uma alternativa seria colocar menos carga no caminhão, mas então a empresa estaria desperdiçando um equipamento caro, visto que o veículo trafegaria com excesso de capacidade para aquela tarefa. O correto seria escolher outro carro, com menor capacidade e menor custo operacional. Outra possibilidade seria a doação de um veículo de pequena capacidade de carga para uma rota em que as entregas são feitas com certa rapidez. O carro sairia lotado do CD, mas tenderia a voltar muito cedo para o depósito, já que o roteiro de entrega seria completado bem antes do fim do dia. Uma possibilidade de correção seria obrigar o veículo a realizar mais de uma viagem por dia, mas essa solução nem sempre é aceitável na prática. A situação ideal é aquela que leva a um equilíbrio entre os dois fatores. Isto é, o veículo é plenamente utilizado na sua capacidade e trabalha durante todas as horas úteis do dia. Nem sempre é possível chegar a essa solução ideal, mas devemos buscar uma configuração que se aproxime ao máximo dela. No fundo, o que se está buscando é a solução que atenda às necessidades dos clientes e com o menor custo possível. 7.7 Modalidades de transporte na distribuição de produtos Modos de transporte e flexibilidade Em alguns países da Europa, bem como nos Estados Unidos, a flexibilidade de utilização nos modais de transporte é grande. Existem malhas rodoviárias e ferroviárias à disposição, recursos tecnológicos e uma maior participação de governos no apoio aos transportadores. Infelizmente, a realidade em nosso país não é essa. As nossas ferrovias não conseguem atingir os mais distantes pontos e nossos portos passam por constantes reformas. O modal de transporte rodoviário é o mais utilizado no país, porém é um meio de transporte vulnerável e caro em alguns momentos. Vamos demonstrar a seguir como são utilizados os meios de transporte nas operações de distribuição. Lembre‑se: o nosso objetivo não é direcionar nossos estudos em função do transporte, e sim mostrar como isso funciona. Transporte rodoviário de carga O transporte rodoviário de carga representa hoje no Brasil mais de 60% de toda a mercadoria que é transportada em nosso país. O seu custo é considerado alto em função dos gastos que envolvem um transporte de mercadorias. As rodovias têm seus custos elevados em função do alto valor de pedágio bem como os encargos do seguro da carga. Os produtos podem ser transportados a granel, a carga solta, bem como a carga fracionada. Cada operação da logística associada ao meio de transporte tem suas particularidades. Veja a seguir: • muitas vezes, a carga tem que ser retirada no local do cliente; • é necessário realizar o transporte de lote completo até o meu centro de distribuição; 103 Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 Centro de distribuição: estratégias e LoCaLização • ao descarregar a mercadoria, faz‑se necessário a verificação da carga, bem como as suas características e a forma como se encontra, ou seja, sem avarias; • a transferência dessa mercadoria deverá ser realizada de forma que o cliente receba no local acordado; • outra etapa importante é exatamente o descarregamento dessa mercadoria no cliente final – devem‑se analisar todas as etapas de transporte e garantir que a mercadoria esteja correta. Distribuição local com entrega da mercadoria ao cliente final Essas etapas podem envolver mais operações. Muitas empresas de transporte de carga possuem terminais intermediários de trânsito (NOVAES, 2001). Por exemplo, vamos imaginar que uma carga, ao ser transportada, passe por mais de uma cidade antes de chegar ao seu local de destino. Algumas atividades são realizadas nesse processo de transferência. A troca de caminhão pode ser necessária, ou seja, é necessário fazer a triagem e verificação dessa carga. No entanto, em função dessas atividades, o custo desse transporte é elevado. Se esse meio de distribuição se mostra complexo, qual a razão de sua utilização? A resposta pode ser simples: as exigências dos próprios clientes em reduzir os estoques e fazer com que mercadoria esteja nos pontos de vendas, para atender de forma eficiente ao cliente. Se o embarcador contratasse um veículo completo para levar a carga para uma determinada cidade (ou cidades próximas entre si), o custo do transporte por unidade transportada ficaria muito alto. E se, por outro lado, ele esperasse para formar uma lotação completa, a frequência entre as entregas para um mesmo destino ficaria prejudicada, e o cliente iria recorrer a outro fornecedor. Na transferência de produtos entre a fábrica e um centro de distribuição, seja ele da própria indústria, de um atacadista/distribuidor ou de um varejista, a escolha predominante é o da lotação completa. A razão é obvia: as quantidades transportadas são maiores, favorecendo a seleção de um carro maior, totalmente lotado. Outra característica importante em relação ao transporte rodoviário de carga está relacionada com a estrutura e porte dos veículos. Atualmente, existe uma grande frota de veículos de transporte no Brasil, e a maioria delas é administrada por autônomos ou empresas prestadoras de serviço de transporte de carga. Há uma tendência de crescimento e desenvolvimento nessa modalidade. A forma de transporte está cada vez mais associada ao modo como serão transportadas essas mercadorias, ou seja, quanto mais completo está o caminhão, maior é o lucro do transportador. O crescimento das empresas de transporte, associado ao aumento de compra do consumidor e o crescimento expressivo do país, faz a área urbana aumentar o volume de carga transportada nesses locais. As transportadoras estão cada vez mais especializadas, mas não apenas em transporte de carga, elas tornaram‑se verdadeiras empresas de negócios. 104 Unidade IV Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 Os desafios do transporte rodoviário de carga em nosso país são enormes. As soluções existem, mas falta aos nossos governantes oferecer apoio e segurança para essa modalidade, para que nossas mercadorias circulem com eficiência. Transporte ferroviário de cargas O transporte ferroviário de cargas é uma modalidade de transporte que opera basicamente sobre trilhos, sua capacidade de carga é maior e possui eficiência em termos de consumo de combustível. Os custos chamados de fixos são extremamente altos em função de suas vias terem uma manutenção permanente, suasoperações de carga e descarga em terminais exclusivos, a necessidade de alimentação de energia quando sua via é eletrificada e a falta de mão de obra especializada. Em operações de pequenas distâncias, essa modalidade é considerada a ideal pelos operadores logísticos. Em função de seu alto custo e a falta de investimentos e interesses de empresas por esse meio de transporte, as organizações o consideram inviável para o transporte de determinadas mercadorias. O transporte ferroviário de cargas tem como característica o manuseio e transporte de cargas como produtos a granel, neste caso, grãos, minérios, fertilizantes e combustíveis. Por falta de interesse de nossos governantes, algumas empresas investem em vagões próprios, pois em alguns casos seria inviável transportar mercadorias utilizando as rodovias. Outro problema característico dessa modalidade é a lentidão do trem. Esta é uma das grandes preocupações de empresas. Lembre‑se, ao utilizar esse meio de transporte, pense na questão de tempo de transporte, principalmente ao transportar cargas fracionadas, pois o tempo de parada e descarga é elevado, e isso com certeza irá prejudicar as suas atividades. A falta de vagões com características para determinados produtos é outro fator que limita essa modalidade. Por exemplo: como transportar matéria‑prima para alimentos como o trigo no mesmo vagão que possui fertilizantes, considerando que a logística enfatiza a questão estratégica e o trato e zelo com o produto? Este é um fator que aumenta muito os custos com os fretes bem como o custo total para o transporte. O processo de privatização das ferrovias brasileiras trouxe benefícios para esta modalidade de transporte. Houve melhorias nos serviços ferroviários, e alguns produtores agrícolas se interessaram pela modalidade. Atualmente, há uma necessidade muito grande de melhorias, principalmente especialistas que tornem as operações logísticas de trem uma realidade. O trem possui um potencial enorme, mas ainda é pouco explorado. Transporte aquaviário de cargas O transporte aquaviário de cargas envolve basicamente todo o tipo de transporte efetuado sobre a água. Há duas denominações para essa modalidade, que são as mais conhecidas: transporte fluvial e lacustre – ou seja, transporte de mercadorias em rios; e transporte marítimo de longo ou pequeno curso – é o transporte realizado sobre o mar, compreendendo o território nacional com outros países. 105 Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 Centro de distribuição: estratégias e LoCaLização Existem atualmente vários tipos de navios cargueiros. Um navio cargueiro basicamente transporta mercadorias do tipo a granel. A carga a granel tem um custo elevado por necessitar de equipamentos de transbordo automático e, neste caso, essa mercadoria é transportada em pequenas quantidades. Tomemos o exemplo do querosene, que pode ser transportado a granel se houver grandes lotes a despachar, mas é usualmente transportado em latas que, por sua vez, vão acondicionadas em caixas ou pallets, quando são destinadas ao comércio varejista. Hoje, grande parte da carga geral no transporte marítimo de longo curso é deslocada em contêineres, que são caixas metálicas padronizadas de diversos tipos. Os contêineres mais comuns têm 12 pés de comprimento (cerca de 3,60m) ou 24 pés. O termo carga geral representa qualquer mercadoria que vai embalada ou, no caso de ir solta, que pode ser acomodada junto com outras cargas. Por exemplo, produtos comestíveis enlatados são transportados geralmente em caixas, na forma paletizada ou não, e podem ser estivados (arrumados) nos porões ou cobertos no navio. Barras de aços, por outro lado, não são embaladas em recipientes, mas podem ser estivadas na embarcação junto com outros produtos. Na prática, há mercadorias que não podem ser estivadas juntas, por exemplo, produtos alimentícios e produtos químicos. Outro tipo de embarcação bastante utilizada é o navio graneleiro, voltado ao transporte de produtos sólidos a granel, como soja, milho, minério de ferro e carvão. Esses produtos, em razão de suas características físicas e de valor unitário, não precisam ser acondicionados em recipientes. Fazer o carregamento do produto por meio da gravidade agiliza e barateia as operações. Isso é feito utilizando‑se dutos ou esteiras rolantes, que vão despejando a carga diretamente nos porões, sem necessidade do auxílio de guindastes. Na operação inversa, isto é, na descarga do produto, utilizam‑se grabs (caçambas que operam acopladas a guindastes, para deslocar a mercadoria do navio para o caminhão), para o caso de minérios, carvão etc., e dutos sugadores para grãos. Há também os navios petroleiros, voltados a uma série de insumos e a produtos a granel, como o óleo bruto e a gasolina, álcool, óleo diesel etc. Hoje também são comuns, no transporte marítimo, navios construídos especialmente para deslocar produtos específicos. Por exemplo, no transporte de bobinas de papel, automóveis etc., há um tipo de embarcação denominada Box‑shaped (com forma de caixa), em que o casco apresenta linhas mais retas, permitindo melhor estivagem da carga. Também é dotada de rampas, dando condições para que os veículos e as empilhadeiras entrem e saiam rolando. O comércio marítimo realizado entre as nações tem sua origem em tempos remotos, o que exigiu a criação de regras, algumas justas, outras nem tanto. Deve‑se usar o bom senso, e não apenas o uso do poder. Esse transporte tem como característica a liberdade dos mares, ou seja, qualquer navio, de qualquer nação, pode navegar tranquilamente, desde que respeitada as regras de segurança, ou seja, a princípio, navegar e transportar suas mercadorias por essa modalidade é algo tranquilo. Não existe uma regulamentação dos governos em implantar uma política de frete e regras mais rígidas para controlar essa modalidade de transporte. No caso do transporte marítimo regular (carga geral), não existe uma entidade internacional independente que regule o processo, como faz a IATA, no caso do transporte aéreo. Algumas empresas 106 Unidade IV Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 de navegação realizam serviços regulares e atuam por meio de associações denominadas “conferências de fretes”. 7.8 Conferências de fretes O termo conferência vem do inglês conference, indica simplesmente uma associação com objetivos comuns. Fazem parte de uma determinada conferência de fretes as empresas de navegação que mantêm linhas de navegação atendendo a uma mesma região geográfica ou rota mercante. As características básicas do serviço de transporte marítimo conferenciado são: • há empresas que realizam transportes de carga conhecido como carga geral, ou seja, transporte de qualquer mercadoria com origem e destino nos portos; • os navios que têm a mesma conferência de fretes normalmente determinam sua viagem por fazerem parte da conferência e, com isso, pode‑se planejar o embarque e desembarque de seus produtos; • normalmente, o frete dessa modalidade de transporte é tabelado, varia em função do tipo de mercadoria, do local destino e da quantidade que será transportada. Na transporte marítimo, o que nos chama a atenção é que os custos estão ligados diretamente com o valor da carga. Ao iniciar suas operações, o embarcador será classificado e vai pagar uma maior taxa. Após determinado período, e com o aumento de suas atividades de importação e exportação de mercadorias, sua taxas poderão ser avaliadas, ou seja, com o tempo podem‑se obter algumas vantagens nessas operações. Para isso, o embarcador tem de preencher um formulário. Neste, consta uma série de informações sobre o mercado, ovalor da carga, tonelagens previstas etc. Com isso, a empresa de navegação pode estimar qual o nível máximo de taxa de frete que o usuário pode suportar sem invalidar o seu negócio. E, por meio da estatística, pode‑se demonstrar que o frete, nesses casos, está fortemente correlacionado com o valor da carga. Essa é uma característica típica de serviços oligopolizados. Hoje, uma boa parte da carga geral é transportada em contêiner no longo curso, principalmente as mercadorias de maior valor agregado. Os navios de carga geral levam também contêineres, mas existem navios que transportam exclusivamente esse tipo de caixa. São mais eficientes, principalmente porque o tempo despendido nos portos é bem menor. Entretanto, sua utilização depende da existência de grandes fluxos de carga “conteinerizada”, destinados ou originados numa mesma rota. Mesmo sendo oligopolizado, o transporte marítimo conferenciado não deixa de ser importante para o país. De fato, grande parte de nossas importações e exportações envolvem muitas origens e muitos destinos, com quantidades de carga que não permitem o emprego de navios em lotação completa. Além disso, as frequências oferecidas por esse tipo de transporte são muito importantes para um adequado planejamento da produção. Contudo, há ocasiões em que a utilização de navios em lotação completa se aplica: é o caso dos navios afretados. 107 Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 Centro de distribuição: estratégias e LoCaLização Dependendo da carga e das quantidades envolvidas, pode ser mais vantajosa para o embarcador a utilização completa de um navio. Em alguns casos, a embarcação é de propriedade do embarcador, como ocorre com a frota da Petrobras, por exemplo. Em outras ocasiões, lança‑se mão do mercado de afretamento. Esse mercado, que se concentra numa bolsa de fretes localizadas em Londres, é constituído por um grande número de armadores, que fazem a oferta de praça, e os usuários, que representam a demanda. Os brokers, que intermediam as necessidades locais de praça marítima com a bolsa de afretamento em Londres, operam em diversos locais. Uma vez acertadas as condições entre embarcador e armador, é estabelecido um contrato de afretamento. Os dois tipos mais comuns de contrato de afretamento são: o contrato por viagem (voyage charter) e o contrato por tempo determinado (time charter). No primeiro, o contrato é ajustado para a realização de uma determinada viagem entre portos preestabelecidos, com a finalidade de transportar certo tipo de carga, carregando determinada tonelagem. Esse tipo de contrato é muito utilizado para o transporte de granéis, sejam sólidos ou líquidos. No segundo, o armador coloca seu navio à disposição da empresa afretadora por determinado período. A embarcação é quase sempre guarnecida, isto é, com a tripulação e com pertences necessários à navegação e à vida a bordo. O mercado de afretamento é um dos poucos exemplos econômicos de mercado perfeitamente competitivo (ou quase). Na verdade, como em toda situação real, existem fatores de difícil análise, além das oscilações normais provocadas pela conjuntura do comércio internacional, que tornam complexas as projeções econômica desse tipo de transporte marítimo. Destaca‑se, finalmente, a cabotagem, que é um tipo de transporte marítimo que atende aos portos do país e de seus vizinhos com linhas de navegação regulares, incluindo também navios independentes. Estes últimos podem ser embarcações próprias, como é o caso da Petrobras, como também afretadas. A característica básica do transporte marítimo de cabotagem é que este é normalmente regulamentado. Ou seja, o governo ou uma agência reguladora define a estrutura de fretes, faz a concessão de linhas e controla a oferta de transportes. Isso ocorre porque, cobrindo linhas dentro do território nacional e sendo um serviço de interesse público, é importante que haja o monitoramento de suas operações. No Brasil, a ANTAQ – Agência Nacional de Transportes Aquaviários, com sede em Brasília, coordena, regulamenta e controla as operações aquaviárias, incluindo os portos nacionais. Saiba mais Confira as diversas formas de distribuição de mercadorias em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2003_TR0112_0640.pdf>. 108 Unidade IV Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 Transporte aéreo de cargas Ao falarmos sobre o meio de transporte aeroviário, a primeira impressão que temos é de que se trata de transporte de passageiros. O cidadão comum não consegue associar um meio de transporte como este a um transporte de cargas e mercadorias. Atualmente, essa modalidade passa por um enorme crescimento devido à facilidade de locomoção e o modo como os produtos são transportados. Esse meio de transporte tem‑se mostrado eficiente por algumas razões, como: boa velocidade, pequenos níveis de avaria, pequeno número de extravio de cargas. Dessa forma, o transportador transmite segurança e confiança que sua mercadoria irá chegar conforme o combinado. Por essa razão, não somente produtos de alto valor agregado, tais como eletrônico e aparelhos de precisão, são transportados por avião, assim como uma série de produtos sensíveis à ação do tempo, como alimentos perecíveis, flores, encomendas, correspondências etc. Em função da globalização, o transporte aéreo aumentou a sua importância, estendendo a ramificação e operação de transporte de mercadoria em todo o globo terrestre. Nos últimos anos, as mudanças no modal aéreo foram grandes. Os aviões com maiores velocidades e capacidade de carga possibilitaram às empresas produtoras e prestadores de serviços logísticos optarem por esse meio de transporte, que é rápido, seguro e eficiente. Os fabricantes de aviões comerciais preferiram percorrer outros caminhos. Desenvolveram os aviões de fuselagem larga (wide‑body), que trouxeram melhores perspectivas para o transporte de mercadorias, agilizando o processo de carga e descarga dos aviões e aumentando o volume interno útil. Os níveis de confiabilidade das aeronaves e de seus equipamentos foram sensivelmente melhorados, haja vista que os aviões permanecem parados por pouco tempo para manutenção e revisão. Isso aumenta o nível de utilização da aeronave, reduzindo os custos unitários de transporte. Hoje estão sendo utilizados materiais mais resistentes e mais leves na fabricação dos aviões (fibras reforçadas de carbono, por exemplo), reduzindo também o peso próprio e aumentando a capacidade de carga das aeronaves. Na parte operacional, alguns processos práticos para agilizar a movimentação da carga nos terminais têm sido implantados. Por exemplo, existem aviões para os quais se podem converter rapidamente a configuração interna, de passageiros para cargueiro e vice‑versa, permitindo que a empresa aérea utilize o avião com mais flexibilidade, obtendo maior receita e amortizando os custos. Esse tipo de avião é muito utilizado no transporte de correio e de encomendas. São comuns também as versões combi, em que uma parte do avião é destinada aos passageiros, e a carga é acondicionada separadamente. A utilização dos porões de aeronaves de passageiros para o transporte de carga também é muito comum. Os aviões exclusivos para transporte de carga foram dotados de portas amplas e rampas de acesso para veículos e contêineres. A capacidade de carga desses aviões é desejável para esse tipo de transporte. Um cargueiro MD‑11, por exemplo, pode transportar até 92 toneladas de carga, e o Boeing 747, até 112 toneladas. Já o Antonov 223, o maior cargueiro do mundo, leva até 250 toneladas de carga. 109 Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ram aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 Centro de distribuição: estratégias e LoCaLização As turbinas dos jatos de hoje são mais eficientes, mais econômicas e menos barulhentas. No Brasil, as empresas de transporte aéreo de carga utilizam, em sua maioria, antigas aeronaves de transporte de passageiros – que estão tecnologicamente ultrapassadas – com níveis de ruído elevados. Mas o tráfego aéreo desse tipo de avião não é tão intensivo, o que reduz os possíveis impactos negativos. No Brasil, o transporte aéreo é regulamentado e controlado pela ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil. Observação A multimodalidade ocorre quando utilizamos mais de uma modalidade para transportar uma única mercadoria. Um exemplo típico é quando embarcamos uma mercadoria por meio do modal aquaviário. Após isso, utilizamos o transporte rodoviário em determinada etapa, para depois embarcá‑la nos navios. Saiba mais Para maiores informações sobre transportes, acesse: <http://www.antt.gov.br/>. 8 PROJETANDO UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO 8.1 Aspectos importantes para projetar um centro de distribuição Existem vários fatores e aspectos que são determinantes para projeção e instalação de um centro de distribuição. Como já vimos anteriormente, um CD necessita de uma tratativa especial em todos os processos logísticos. A matéria principal de uma estrutura de negócios está em seu produto e, como tal, precisamos lhe dar a devida importância – desde o momento em que é projetado, até o momento da entrega ao cliente final. É preciso fazer um estudo detalhado da localização em que será arquitetada essa nova estrutura logística. Estudos de localização Definir o local ideal para projetar um CD é uma decisão importante se pensarmos em termos de custos e vantagens na redução de impostos e facilidade de locomoção para as estradas. Antes, vamos definir alguns pontos importantes. A princípio, a grande maioria das empresas desenvolve suas atividades industriais em polos considerados estratégicos. Fatores como incentivos fiscais, custo de mão de obra, qualificação, acesso 110 Unidade IV Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 fácil às rodovias, custos de transporte e a proximidade com fornecedores são alguns fatores decisórios para dimensionar a fábrica. Ao longo dos anos, essa estrutura deverá ser repensada, considerando a localização dos clientes, os custos com as operações, o crescimento da concorrência na região e principalmente a busca por redução nos custos. Uma análise bem elaborada é uma das estratégias que as empresas devem adotar como busca de eficácia em relação aos seus clientes. Quais as vantagens em termos de impostos para que uma empresa possa desenvolver novos produtos e novas tecnologias? É preciso buscar melhores fornecedores, manter‑se competitiva e, em alguns momentos, é necessário optar por busca de incentivos fiscais. Vamos analisar alguns fatores importantes para tomada de decisão ao optar por uma determinada região: Local é considerado área de risco A localização de estrutura de um CD deverá ser bem elaborada, principalmente em relação ao local de suas instalações; é imprescindível avaliar fatores como área de risco. A região já comporta outros CDs A concorrência faz parte do jogo e nos faz melhorar a cada dia. Essa disputa deverá ser analisada para evitar os gastos com futuras instalações e uma possível mudança de região. Os custos para instalação e configuração de um CD são extremamente altos para se pensar em uma mudança em curto prazo. Nível salarial e sindicatos O salário e a atuação de sindicatos no local deve fazer parte da análise da região. Em muitos casos, a mão de obra local pode sair por um custo até baixo, porém, quando existe a necessidade de um especialista, esse custo pode tornar‑se inviável em função da distância desse profissional. Acordos com sindicatos devem ser bem planejados, para evitar discusões que envolvam salários, benefícios e outros recursos que um sindicato possa vir a cobrar. Disponibilidade de transporte Deverá ser feita uma análise em relação aos meios de transporte para deslocamento de funcionários na região. Em determinados períodos do ano, há sazonalidade, em outros, muito trabalho, e as horas extras até altas horas podem prejudicar o deslocamento de funcionários. Também é preciso avaliar o carregamento de caminhões, os custos com operacional de TI, com pessoal da área administrativa, restaurante, expedição de insumos, e outros aspectos que envolvem um número de funcionários necessários no local. 111 Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 Centro de distribuição: estratégias e LoCaLização Suprimento de eletricidade, gás, telefones, água, esgoto etc. É preciso avaliar se a região comporta fornecimento de suprimentos necessários para um bom funcionamento de minhas instalações, bem como o conforto de funcionários e futuros fornecedores. A comunicação é essencial para o bom andamento de um CD. Incentivos fiscais devem ser vistos com muita atenção A empresa deve saber em que períodos do ano é possível trabalhar com esses incentivos, verificar o prazo, a confecção desses contratos, as mudanças de governo, enfim, analisar com muita cautela o acordo a ser realizado. Proximidade dos mercados Verificar se a região está próxima a grandes mercados e fornecedores de matéria‑prima, insumos e outros itens necessários para o bom funcionamento de minhas operações. Tendências de crescimento populacional na região É outro fator que devemos levar em consideração, afinal, em muitos casos é a população local quem irá fazer a prospecção de meus produtos e serviços. Fornecedores e serviços de apoio Desenvolver fornecedores é uma atividade extremamente delicada, requer habilidade, pessoas qualificadas e uma disponibilidade da alta gerência na busca dessas empresas. Ressalta‑se que se distanciar muito de seus fornecedores pode ser um aspecto negativo. Restrições ambientais A empresa deve avaliar se a localização de sua futura instalação vai comprometer o meio ambiente, se haverá desmatamento, poluição, resíduos tóxicos, enfim, quais ações deverão tomar para manter um ambiente saudável e colaborar para preservação da estrutura ambiental. Disponibilidade e custos dos terrenos Avaliar se a área de construção da nova estrutura da organização está de acordo com as necessidades e valores de mercado é muito importante para uma empresa. Deve‑se verificar alguns quesitos, como: serão necessários aterros? Será preciso mexer na estrutura do terreno? Também é fundamental verificar a viabilidade do local para não comprometer as futuras instalações. Leis de zoneamento É uma lei municipal que tem como maior objetivo regular a ocupação e espaços determinados por empresas, centros administrativos e centros logísticos, levando em consideração as funções e objetivos de cada empresa, taxa de ocupação e, sobretudo o tamanho de cada uma. 112 Unidade IV Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 Proximidade de universidades O aspecto desenvolvimento profissional deverá ser analisado pela instituição. É necessário dar condições para que os funcionários possam buscar novos conhecimentos por meio do estudo. Haver universidades próximas ao local é um incentivo para aqueles que buscam novos conhecimentos, e isso contribui muito para o crescimento da empresa. Hospitais É preciso verificar a estrutura médica hospitalar do local e os prontos‑socorros para que os colaboradores da empresa possam se sentir seguros. Qualidade de vidaO aspecto qualidade de vida deverá ser levado em consideração pela alta gerência empresarial. Quanto mais motivado, melhor será o desempenho do funcionário que, por conseguinte, contribuirá para o crescimento da organização. Preferências da gerência Por fim, deixamos a decisão para quem realmente deverá tomar a decisão por determinada região. A gerência tem um papel estratégico e fundamental na escolha do local, será a responsável por ditar regras, normas e procedimentos para os futuros colaboradores da nova empreitada da empresa. Essa decisão deve ser tomada com muita coerência, princípios e, acima de tudo, com sabedoria. 8.2 Classificação ABC Um ponto importante para se destacar é a localização de minha fábrica em relação ao meu armazém. Devemos levar em consideração os aspectos da região em que será desenvolvido o meu CD. Este deve estar próximo de meus principais clientes. Para isso, utilizamos uma das técnicas conhecida como método de classificação ABC para determinarmos os clientes que são considerados da seguinte maneira: A – principal; B – secundário; e C – terciário. Veja a classificação a seguir: Classe A Constituída por poucos itens (até 10% ou 20% dos itens) e apresenta alto valor de consumo acumulado (em geral, acima de 50% e até 80%). Classe B Constituída por um número de itens mediano (até 20% ou 30% dos itens) e apresenta um alto valor de consumo acumulado, entre 20% e 30%. 113 Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 Centro de distribuição: estratégias e LoCaLização Classe C Constituída por um grande número de itens (acima de 50%) e apresenta baixo valor de consumo acumulado para a classe, de 5% a 10%. Lembrete Uma classificação ABC pode ser utilizada para análise de custos de fabricação, estoques e análise de desempenho de clientes. A seguir, apresenta‑se um exemplo de uma tabela de classificação ABC levando em consideração o aspecto de produção. Ela é meramente ilustrativa, não tem nenhum valor comercial ou mesmo produtivo. Tabela 2 – Classificação ABC Cód. $ Unitário Consumo Unid Total Ordem Cód. Acumulado % Abs % Acum Class Estoque 1001 0,05 3.000 kg 150,00 1.500,00 1002 1.500,00 39,11% 39,11% 1002 1,5 1.000 kg 1.500,00 1.000,00 1005 2.500,00 26,08% 65,19% A 20,00% 1003 0,05 4.000 kg 200,00 640,00 1010 3.140,00 16,69% 81,88% 1004 0,1 200 m 20,00 200,00 1003 3.340,00 5,22% 87,09% 1005 0,2 5.000 cx 1.000,00 150,00 1001 3.490,00 3,91% 91,00% B 30,00% 1006 0,2 300 kg 60,00 100,00 1009 3.590,00 2,61% 93,61% 1007 0,3 250 pç 75,00 90,00 1008 3.680,00 2,35% 95,96% 1008 0,01 9.000 pç 90,00 75,00 1007 3.755,00 1,96% 97,91% 1009 0,1 1.000 pç 100,00 60,00 1006 3.815,00 1,56% 99,48% 1010 0,08 8.000 pç 640,00 20,00 1004 3.835,00 0,52% 100,00% C 50,00% Distância entre cidades Dentre as estratégias para se definir um centro de distribuição competitivo, é a escolha da cidade que será a base para uma empresa montar seu CD. Em um primeiro momento, temos a sensação de que a cidade será a solução definitiva para as minhas necessidades logísticas. Entretanto, escolher um local adequado às minhas atividades é um pequeno passo nas definições estratégicas. As cidades em que houve um número grande de desenvolvimento das atividades logísticas são aquelas que estão próximo a rodovias de grande fluxo de mercadorias. Em geral, são locais em que há um incentivo fiscal, mão de obra qualificada, número reduzido de pedágios e que não representa riscos como furto em grande escala na região. Outro aspecto importante é o número de centros de distribuição que estão instalados nessas cidades. Quanto maior for esse número e os incentivos, maior será a procura: é a lei da oferta e procura. 114 Unidade IV Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 Os sistemas de ERP e alguns sites nos possibilitam fazer uma análise de distância a ser percorrida entre um ponto e outro de uma determinada cidade. O que devo analisar: • Em que cidade está o meu CD? • Onde estão meus principais clientes? • Para qual cidade ou estado devemos ir? • A mudança gera lucro ou prejuízo? • Os resultados serão imediatos? 8.3 Alguns impostos que são decisivos na escolha de um local ICMS O ICMS é um imposto que incide sobre operações de circulação de mercadorias e prestação de serviços de transporte. É de carater estadual, e os governos dos estados têm competência para institui‑lo. Sua tributação incide sobre os serviços e produtos. A função do ICMS é predominantemente fiscal e recai sobre várias atividades da logística. O fator ICMS é um incentivo que muitas cidades dão às empresas para que possam desenvolver suas atividades a um valor menor do que é cobrado em outros locais. Algumas organizações adotaram medidas para a redução do ICMS em alguns produtos (linha branca), com o objetivo de incentivar o consumo, uma ação que funcionou e aqueceu a nossa economia nos últimos anos. Exemplos como esses deveriam ser copiados por outros segmentos do mercado. IPI Falaremos agora de mais um imposto que incide sobre nossas operações logísticas. Trata‑se do IPI, ou seja, imposto sobre produtos industrializados. Tem caráter federal, e somente o governo federal tem poderes para institui‑lo. O IPI regulamenta algumas ações como cobrança, fiscalização, arrecadação e administração sobre os produtos que são industrializados no país. Em que momentos é gerada a cobrança do IPI: • quando uma empresa envia um produto via modal marítimo, haverá a cobrança no desembaraço aduaneiro da carga; • o produto industrializado, quando parte de um importador ou da indústria, do comércio, também sofre a cobrança; • um produto que vai a leilão também sofre a cobrança do imposto; 115 Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 Centro de distribuição: estratégias e LoCaLização • ao cobrar o imposto, o governo taxa por meio de atividades de importação, da indústria ou até mesmo do comércio. 8.4 Alternativas tributárias nas operações de logística Atualmente, as empresas buscam maneiras de reduzir seus custos com a terceirização de serviços. E, para aumentar as vantagens em relação aos concorrentes, uma alternativa é a implementação de novas tecnologias e novas estruturas de controle de estoques. Vários são os fatores que são relacionados para a definição de uma estratégica de contratação de um prestador de serviços logísticos, e muitas dessas decisões estão associadas às necessidades e aspectos fiscais e tributários que algumas instituições oferecem. As atividades de transporte, recebimento, armazenagem ou até mesmo uma central de distribuição devem ser bem analisadas, para que a empresa opte por uma opção sem riscos para o mercado. A logística no cenário nacional é uma atividade nova se compararmos com outras atividades no mercado. Infelizmente, não contou com uma legislação fiscal direcionada para esse fim, em especial o ICMS, que está associado às atividades logísticas. A competitividade e a concorrência obriga as empresas de logística a encontrar formas alternativas para atender a seus clientes, além de tentar encontrar a alternativa fiscal mais adequada para a armazenagem e distribuição de mercadorias de terceiros, sem deixar de recolher os impostos devidos e sem correr riscos fiscais. É necessário ser competitivo sem perder qualidade e o rumo de suas operações. A seguir, vamos ilustrar alguns aspectos e situações que podem ajudar a minimizar esses custos. Como alternativa, vamos nos remeter à atividade de um armazém geral. 8.5 Armazém geral de mercadoriasO armazém geral é uma atividade que as empresas utilizam junto aos operadores logísticos para cuidar da armazenagem e distribuição de suas mercadorias. O imposto cobrado sobre essas operações é o ICMS. Alguns critérios para a escolha de um armazém geral são: • selecionar empresas no mercado que terceirizem todas as atividades de armazenagem e distribuição de mercadorias; • escolher instituições que, por motivo de investimento ou redução de seus custos, não tenham espaço físico para realizar suas atividades em determinados períodos do ano ou em um pico de vendas; • dar preferência às empresas que necessitam de um início imediato em suas operações logísticas; 116 Unidade IV Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 • optar por organizações que almejam controlar e apurar os seus impostos, que muitas vezes são centralizados em estabelecimentos comerciais ou de produção; • selecionar empresas que tenham sistemas adequados para transmissão e recebimento de dados. Lembrete Ao terceirizar uma atividade como essas, faz‑se necessário um contrato bem eleborado. O fator custo é importante, mas não devemos esquecer o fator principal – o cliente. 8.6 Fluxo fiscal do armazém geral O fluxo fiscal do armazém geral ocorre dentro do próprio estado. Lembrando que as atividades que serão realizadas fora do estado incidem os impostos. Filial Outra atividade que vem passando por constante transformação no mercado logístico é a filial. Há muitos casos em que há uma filial do cliente dentro do próprio operador logístico. Tal situação deve‑se pelo fato de redução de custos e necessidades comerciais de algumas empresas. Por questões estratégicas, essa atividade deverá ser bem elaborada. Esta será influenciada pelos seguintes aspectos: • empresas que terceirizam todas as suas atividades logísticas e que, por necessidade de controle, venham a manter apenas um escritório que cuide da administração; • algumas organizações que desenvolvem sua produção e sua sede estão em outros estados e, por necessidade de agilidade na distribuição e atendimento aos clientes, normalmente criam outra estrutura em outros estados; • por razões de incompatibilidade de sistemas com os do armazém geral, será necessário criar uma filial para que o sistema continue a ser utilizado; • algumas empresas preferem não utilizar os serviços de armazém geral por não querer abrir mão de seus controles de mercadorias e pela quantidade de notas fiscais que são utilizadas para despacho de produtos. Infelizmente, a legislação de alguns estados não permite a abertura de filiais de várias empresas no mesmo local em que serão armazenadas as mercadorias. É uma necessidade cada vez maior em função da crescente demanda de produtos no mercado. 117 Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 Centro de distribuição: estratégias e LoCaLização O depósito fechado Algumas empresas, por necessidade de um controle mais rigoroso de suas operações e pela agilidade no trato com sua mercadoria, buscam nos depósitos fechados uma alternativa de caráter fiscal. Elas são influenciadas por vários aspectos. Veja a seguir: • uma das opções está associada a questões de sistemas utilizados por essas empresas; • algumas organizações utilizam e optam pelos depósitos fechados por considerarem que estes funcionam como uma extensão de suas atividades de produção, facilitando um maior controle de seus estoques; • a incompatibilidade com os sistemas existentes no mercado é outro fator que pode fazer com que certas instituições não utilizem, por exemplo, um armazém geral. Algumas características do depósito fechado são influenciadas por fatores como: • no processo de movimentação de mercadorias, o ICMC deixa de ser cobrado, tanto na remessa quanto no retorno dessas mercadorias; • não há cobrança de impostos no depósito, e sim no estabelecimento do remetente; • a abertura do depósito fechado deverá ser feita no nome da empresa depositante, e esta deverá estar no mesmo estado; • a emissão de documentos legais como as NFs devem obedecer aos mesmos padrões das notas de um armazém. 8.7 Operações logísticas dentro da própria empresa Algumas atividades logísticas poderão ser realizadas dentro das dependências da empresa contratante e, uma vez que esses serviços passam a ser realizados pelos operadores logísticos, cabem a eles as seguintes funções: • receber de mercadorias, produtos acabados ou semiacabados, dependendo do contrato; • conferir e expedir de forma correta as mercadorias que serão despachadas no mercado; • abastecer e manter as linhas de produção em funcionamento no que diz respeito à matéria prima; • por fim, administrar e controlar os estoques do cliente. 8.8 Gestão integrada de estoque: Just‑in‑time Vários são os operadores logísticos e indústrias que estão buscando na parceria uma forma de integrar e gerenciar os seus estoques. Isso faz com que mantenham o abastecimento e, em alguns casos, o reabastecimento de sua linha de produção. O sistema e método japonês denominado Just in time é uma dessas soluções. 118 Unidade IV Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 Segundo alguns especialistas, o JIT visa atender à demanda instantaneamente, com qualidade e sem desperdícios. Ele possibilita a produção eficaz em termos de custos, assim como o fornecimento da quantidade necessária de componentes, no momento e em locais corretos, utilizando o mínimo de recursos. O método JIT é uma derivação do método japonês Kanban. Os cartões Kanban de processos de produção especificam quanto será feito (a quantidade de reabastecimento) e quando será necessário (o momento da necessidade do reabastecimento). E os cartões Kanban de requisição especificam quanto será retirado do estoque do fornecedor. Essa atividade pode ser realizada por meio de diversas alternativas fiscais, por exemplo: Abrir um armazém geral dentro das dependências da área de produção Nessa opção, a matéria‑prima será entregue no armazém geral que está dentro da fábrica. Deve haver uma unidade jurídica para controlar documentos e envios de notas fiscais. O estoque será administrado pelo fornecedor, embora a responsabilidade esteja nas mãos do operador logístico. A matéria‑prima será vendida no momento em que ela sair do estoque do armazém geral e for utilizada na linha de produção, ou seja, quando o produto começar a ser fabricado. Ressalta‑se que, de acordo com a lei, é obrigatória a emissão de nota fiscal para toda matéria‑prima que é utilizada em uma linha de produção. O armazém geral fora do estabelecimento de produção Em modalidades como essas, normalmente o armazém geral está próximo do estabelecimento fabril, o que facilita as entregas de matérias‑primas no momento da solicitação do pedido. A administração e controle desses estoques continuam sob a responsabilidade dos fornecedores, cabendo ao operador logístico a entrega ao produtor. A emissão de nota fiscal continua sendo obrigatória, bem como as notas fiscais de retorno. Consignação na indústria O processo de consignação na indústria é uma atividade em que o fornecedor irá enviar, por meio de documentos fiscais, as mercadorias que serão utilizadas no processo fabril. A consignação industrial é uma operação na qual ocorre a remessa dessa mercadoria com preço fixo. O objetivo é a integração com o processo da indústria. O seu faturamento ocorre quando o produto será utilizado pelo destinatário. As filiais Dentro do conceito logístico, é muito comum a utilização de filiais dentrodo estabelecimento ou próximo aos fornecedores. Cada uma dessas filiais será responsável pelas atividades fiscais e o controle de estoques. Veja a seguir algumas vantagens do conceito de filiais: • a redução de seus estoques, evitando perder matéria‑prima, e ter um controle maior na programação de suas compras; 119 Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 Centro de distribuição: estratégias e LoCaLização • outro benefício está associado à visibilidade e à melhor relação entre fornecedor e cliente, algo extremamente importante no dias atuais; • a compra de matéria‑prima somente ocorre quando houver necessidade; • possibilita a redução dos custos fixos associados às diversas atividades logísticas dentro da cadeia; • permite que haja uma rotatividade de estoques, e isso tem relação com o conceito de uma gestão estratégica, proporcionando a renovação de estoque e um controle maior de minha mercadoria; • eficiência e agilidade nas atividades de gestão da cadeia de abastecimento, que está associada ao conceito de redução de custos; • direcionar meus esforços na transformação de matéria‑prima em produtos; • agilidade na entrega de meus serviços aos meus clientes; • criar alternativas e buscar cada vez mais beneficiar os meus fornecedores, sem perder a qualidade de meus serviços; • o transporte, fator importante na redução de meus custos; • aumentar de forma eficiente o desempenho de minhas atividades de entrega e serviços aos clientes. 8.9 Centro de distribuição em regiões incentivadas Determinar um local para instalação de um centro de distribuição é algo tão complexo como as atividades que serão realizadas dentro deste CD. Vários aspectos devem ser levados em consideração ao optar e ou tomar uma decisão como essas. As oportunidades que as cidades e munícipios oferecem são as mais variadas e, independente dos benefícios que serão oferecidos, são os fatores associados aos impostos que serão determinantes para a escolha do local. Há várias modalidades que podem ser abertas por centros de distribuição, como: • empresas que prestam serviços ligados à área de logística; • instituições especializadas em administrar os estoques de vários fornecedores; • empresas que vendem em grandes quantidades e organizações que atuam dentro do operador logístico. Com o objetivo de atrair novas empresas e organizações especializadas em atividades logísticas, vários estados concedem incentivos fiscais a essas empresas. Atualmente, muitos empreendedores percebem que esses incentivos podem ser uma forma de lucro e redução desses custos em atividades: • ligadas à indústria de transformação; • desenvolvidas dentro de área de vendas; • relacionadas à área de envio e recebimento de mercadorias para outros países; • desenvolvidas por empresas especializadas em operações logísticas. 120 Unidade IV Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 8.9.1 Mercadoria em trânsito no operador logístico Agora vamos estudar outra atividade logística, que é muito utilizada em atividades de transporte de mercadorias. Normalmente, ocorre quando o produto sai de um ponto e é entregue em outro. Essa atividade é muito semelhante ao conhecido cross‑docking, a única diferença está no prazo em que essa mercadoria permanece no operador logístico – o prazo estipulado por lei será de 30 dias. Será obrigatória uma autorização especial para a realização dessa operação. É de responsabilidade do remetente sinalizar na Nota Fiscal que essa mercadoria é um produto em trânsito. Um dos grandes segredos de uma atividade logística bem realizada é simples: agir conforme manda a lei; dessa forma, não há riscos para quem produz, para quem vende, para quem transporta e, principalmente, para quem compra. 8.9.2 Armazém da zona franca de Manaus Conhecido no mercado como entreposto da zona franca de Manaus, este armazém normalmente está localizado fora do estado do Amazonas. Uma de suas principais funções é realizar a distribuição de produtos que são fabricados nesse estado. Não existe a tributação de ICMS na remessa do produto ao armazém, esta tributação ocorre apenas no momento em que o produto for comercializado. Essa atividade é determinada por acordos entre os estados, e a sede do departamento que cuida desses assuntos fica no Rio de Janeiro. O Mascate da Johnson Como um ex‑executivo da Souza Cruz conseguiu dobrar as vendas da operação brasileira da J&J em milhares de pequenos e médios varejistas espalhados pelo país. Para os executivos da fabricante de bens de consumo Johnson & Johnson, até pouco tempo atrás a cidade de Santarém, no Pará, existia apenas nas estatísticas de vendas. Distantes quase 400 quilômetros da sede da companhia, na zona oeste de São Paulo, as centenas de pequenas lojas e farmácias de Santarém que colocavam os produtos da marca na prateleira sempre foram atendidas por atacadistas ou distribuidores locais, responsáveis por visitá‑las e fechar os pedidos. Essa distância, porém, encurtou nos últimos meses. Graças a uma reestruturação radical no modelo de vendas da organização, iniciada em 2008, os comerciantes de Santarém e de outros municípios do Pará passaram a comprar diretamente de um funcionário da Johnson & Johnson baseado em Recife. Trata‑se de uma mudança que aconteceu em todo o país, afetando cerca de 10.000 lojas de 150 pequenos e médios varejistas, e que ajudou a acelerar as vendas em todas as regiões. Neste ano, a divisão de consumo da subsidiária brasileira da Johnson & Johnson deve crescer cerca de 15% (o faturamento total da empresa no Brasil foi de 1,3 bilhão de dólares 121 Re vi sã o: V irg ín ia / Vi to r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /1 1/ 20 12 Centro de distribuição: estratégias e LoCaLização em 2009). “Esse é o caminho para nos aproximarmos mais da massa de clientes da classe C”, diz Carlos Siqueira, diretor comercial da Johnson & Johnson no Brasil e responsável pela reorganização. Assim que assumiu o cargo, em julho de 2008, Siqueira recebeu uma missão da presidente da divisão de consumo da Johnson & Johnson no país, a paulista Suzan Rivetti: peregrinar por dezenas de cidades brasileiras para descobrir como os cerca de 600 produtos da marca estavam (ou, em alguns casos, não estavam) chegando ao consumidor. Num levantamento prévio, Suzan havia identificado, por exemplo, que em muitas farmácias não havia todos os produtos do portfólio indicado pela Johnson & Johnson para este tipo de loja. “Estava claro que precisávamos reorganizar nossa estrutura de vendas”, diz Suzan. Egresso da Souza Cruz, empresa com grande tradição em distribuição direta e onde trabalhou por duas décadas, Siqueira passou os três meses seguintes visitando lojistas do Pará ao Rio Grande do Sul. Depois da peregrinação, ele deu a Suzan seu diagnóstico: para resolver o problema, era preciso se aproximar e começar a vender diretamente para milhares de pequenos e médios varejistas. Assumir essa distribuição exigiu uma mudança completa na estrutura comercial da Johnson & Johnson, até então uma área coordenada por três gerentes baseados na sede da companhia, em São Paulo. Em janeiro de 2009, quatro unidades de negócios regionais entraram em operação – em Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. Cada escritório tem um diretor e uma equipe de 12 a 20 funcionários de apoio, além do grupo de vendedores – um time que foi ampliado em 30% e hoje reúne 170 funcionários no país. A remuneração de cada vendedor passou a variar não apenas segundo o volume de vendas (como era praxe), mas também de acordo com os
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