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Herança Autossômica Dominante • Homens e mulheres são afetados igualmente e podem transmitir a doença • Afetados transmitem a doença para, em média, metade de sua prole • Os afetados, em geral, possuem pai ou mãe afetados • Em geral, não há salto de gerações • Irmãos ou filhos normais de afetados, em geral, não transmitem a doença para seus descendentes Casos Clínicos Caso Clínico 1 Paciente D.M.S., 6 anos de idade, sexo masc., natural de São Paulo/SP. Encaminhado do Posto de Saúde por apresentar manchas café com leite difusas. Paciente com gestação sem intercorrências, sem uso de teratógenos, sem infecções, boa atividade fetal. Parto cesáreo, 39 semanas, com PN: 3150g, comprimento: 50 cm, PC: 35 cm, APGAR: 9-10, sem intercorrências no período neonatal, alta no 3º dia de vida. Diagnóstico ao nascimento: RNT/AIG. Recebeu leite materno exclusivo até 6 meses e depois dieta complementar adicional. Evolui com boa saúde, somente doenças próprias da infância. Desde o nascimento familiares observaram lesões maculares hipercrômicas de bordos irregulares e tamanhos variados (até 3 cm) dispersas pelo corpo. Aos 2 anos o pediatra do posto chamou a atenção sobre estas lesões. Nesta época recebeu encaminhamento para avaliação de Dermatologista mas não conseguiu consulta. Mudou de posto de saúde várias vezes e na última consulta foi encaminhado para avaliação da Genética. Nega casos semelhantes na família. Terceiro filho, mãe G4P4, demais filhos normais Nega consanguinidade. Caso Clínico 1 76 a 58 a 21 a HEREDOGRAMA DA FAMÍLIA Caso Clínico 1 Exame Físico: Peso : p50-75 Estatura: p50-75 PC: p50-75 Presença de dezenas de manchas café-com-leite difusas, sem nodulações subcutâneas. Caso Clínico 1 Avaliação Oftalmológica: manchas hiperpigmentares em íris: nódulos de Lisch Juliana Sallum - Oftalmologia/UNIFESP Caso Clínico 1 Exames complementares Hematológico completo normal Bioquímico normal US abdominal total: normal Ecocardiografia: normal Avaliação neuropediátrica: normal Ressonância de Crânio: normal Caso Clínico 1 Modelo de herança provável? Hipótese Diagnóstica? Caso Clínico 1 76 a 58 a 21 a HEREDOGRAMA DA FAMÍLIA Caso Clínico 1 Modelo de herança provável? Hipótese Diagnóstica? Caso Clínico 1 Neurofibromatose Tipo 1 Caso Clínico 1 Neurofibromatose (1/3.000) Hamartose: Proliferação de tecidos Gene NF1 em 17q11.2 Afeta sistema nervoso periférico, pares cranianos e central Manchas café-com-leite Quadro tardio caracterizado por neurofibromas em grande número Caso Clínico 1 Quadro Clínico Manchas café-com-leite (6 ou mais) Nódulos subcutâneos (na evolução) Nódulos de íris (Lisch) Gliomas de SNC, nervo óptico Malignização de tumores periféricos Vasculopatias Caso Clínico 1 Caso Clínico 1 Caso Clínico 1 Forma Plexiforme Caso Clínico 1 Caso Clínico 1 Modelo de Herança Autossômico Dominante Caso Clínico 1 Gene Teste Genético Proportion of Probands w/ a Pathogenic Variant Detectable by This Method NF1 Sequenciamento do gene >95% Análise da presença de deleção ou duplicação do segmento que contém o gene ~5% Análise citogenética <1% Caso Clínico 1 Diagnóstico Clínico: Inclui boa anamnese: História Familiar com modelo de herança compatíveis (identificar casos “perdidos” na família) Exames: Histopatológico Imagem: RMC Análise dos genes NF1 (17q11.2), NF2 (22q12.1) ou SPRED1 (15q14 - para diagnóstico diferencial) é pouco utilizada. Caso Clínico 1 Neurofibromatose: Nódulos de Lisch Avaliação Molecular (NF1, NF2 e SPRED1) Caso Clínico 1 Tratamento Multidisciplinar: -Dermatologia/Cirurgia Pediátrica/Cirurgia Plástica -Neurologia -Oftalmologia -Neurocirurgia Aplicar os protocolos de seguimento das Hamartoses Caso Clínico 1 EXPRESSIVIDADE VARIÁVEL Definição: Quando a apresentação clínica (fenótipo) da doença difere nas pessoas que têm o mesmo genótipo numa mesma família. Portanto o quadro clínico pode diferir principalmente na sua gravidade e idade do surgimento dos sintomas. Caso clínico 2 Paciente L.M., 4 anos e 1 mês de idade, sexo feminino, natural de Guarulhos-SP. Encaminhada do Hospital Stella Maris devido a quadro de fraturas para diagnóstico diferencial de “maus tratos”. Paciente com gestação sem intercorrências, sem uso de teratógenos, sem infecções, boa atividade fetal. Parto normal domiciliar, 38 semanas, com PN: 2940g, comprimento: 48cm, PC: 32 cm, APGAR: 8-9, sem intercorrências no período neonatal, levada ao PS imediatamente após nascimento, com alta no 3º dia de vida. Diagnóstico ao nascimento: RNT/AIG. Recebeu leite materno exclusivo até 6 meses e depois dieta complementar adicional. Evolui com boa saúde, somente doenças próprias da infância. História Clínica Aos 3 anos de idade mãe refere episódio de choro intenso, com piora à manipulação de membro superior esquerdo sendo levada ao PS com diagnóstico de fratura incompleta de úmero E. Nesta ocasião foram observados 2 calos ósseos em costelas . Devido à possibilidade de “maus tratos” (pois os pais são separados judicialmente e criança fica com o pai durante o final de semana a cada 15 dias), foi solicitado diagnóstico diferencial com patologia do colágeno. Caso Clínico 2 Pai refere 4 fraturas durante a infância, último episódio com 14 anos de idade. Nega outros casos na família. Nega consanguinidade. Pai com estatura em p10, padrão diferente do fenótipo contínuo familiar Caso Clínico 2 HEREDOGRAMA DA FAMÍLIA Caso Clínico 2 Exame Físico: Peso: p25-50 Estatura: p50 PC: p50 Ausência de deformidades ou assimetria de membros Olhos com esclera azulada Pele normal Articulações normais Caso Clínico 2 Estudo por imagem: Presença de calo ósseo em terço médio de úmero esquerdo sem deformidade. RX pregresso de arcos costais com 2 calos ósseos. Caso Clínico 2 Outros exames complementares: US abdominal normal; Ecocardiografia: normal Hematológico: normal Bioquímico: Ca e fosfatase alcalina: normais Caso Clínico 2 Modelo de herança provável? Hipótese Diagnóstica? Caso Clínico 2 HEREDOGRAMA DA FAMÍLIA Caso Clínico 2 Modelo de herança provável? Hipótese Diagnóstica? Caso Clínico 2 Osteogênese Imperfeita Forma Clássica (tipo 1) Caso Clínico 2 Osteogênese Imperfeita (1/15.000) - Distúrbio do colágeno que resulta de mutações no gene do COL1A1 ou COL1A2/2 - Forma Clássica (a mais frequente) com mutação no gene COL 1A1 - Colágeno dá consistência e resistência aos tecidos, principalmente ao osso, mas também à pele, vasos sanguíneos. Quadro clínico - Fraturas a pequenos traumas promovendo alterações na estrutura óssea. - Variações clínicas: OI tipo I: Leve, com fraturas e esclera azulada; OI tipo II: Forma letal neonatal; OI tipo III: Forma grave com alterações ósseas; OI tipo IV: Forma leve a moderada com esclera normal. Caso Clínico 2 Caso Clínico 2 Caso Clínico 2 Diagnóstico Clínico: História Familiar e modelo de herança compatíveis Evolução das fraturas Cor da esclera Exames: Rx esqueleto US abdominal Avaliação molecular: sequenciamento do gene COL1A1 (3-70%) e COL1A2 (3- 30%) Caso Clínico 2 Classificação Caso Clínico 2 Tratamento Multidisciplinar: - Ortopedia - Pneumologia - Psicologia - Reabilitação Caso Clínico 2 Aconselhamento Genético Reprodutivo Risco de 50% de recorrênciapara a prole do propósito, independente do sexo (Aa). Presença de 50% de filhos normais (aa) Risco independe da gravidade do quadro. ACONDROPLASIA Casal tem a mesma patologia dominante Aa Aa A_ A_ A_ aa Risco de 75% de recorrência da doença para a prole do casal (50% Aa e 25% AA), independente do sexo. Porém, casos de indivíduos portadores homozigotos (AA) para a mutação geralmente são letais. • Os pais dos indivíduos afetados, em geral, são normais portadores (heterozigotos) • Na irmandade de indivíduos anômalos, a proporção é de 3 normais : 1 afetado ( ¼ de indivíduos afetados) • Homens e mulheres têm a mesma probabilidade de serem afetados • A taxa de casais consanguíneos entre os genitores de afetados é elevada Herança Autossômica Recessiva Quanto mais rara a doença, maior chance de os pais dos afetados serem consanguíneos Caso Clínico 3 Paciente R.M.S., sexo feminino, 2 meses de idade, encaminhada do berçário do Hospital São Paulo devido a lesões de pele detectadas ao nascimento. Gestação com pré-natal regular, US fetal com retardo de crescimento intrauterino, boa atividade fetal, parto antecipado para 38 semanas. Peso: 2650g, Comprimento: 47 cm, PC: 32,5 cm, presença de lesões bolhosas friáveis difusas pelo corpo, sem características inflamatórias. Ficou 40 dias no berçário com orientações para curativos diários com pomada de neomicina e encaminhamento para os ambulatórios de Dermatologia e Genética Médica. É filha de casal consanguíneo (onde avó materna é irmã da avó paterna). Atualmente em uso de cefalexina por infecção de pele. Caso Clínico 3 HEREDOGRAMA – 1º CASO NA FAMÍLIA Exame físico: Peso: p25 Comprimento: p50 PC: p50 Presença de bolhas friáveis e crostas cicatriciais difusas em tronco e membros algumas com características de infecção secundária. Demais exame físico sem alterações Caso Clínico 3 Caso Clínico 3 Exame complementar: histopatológico Caso Clínico 3 Exames complementares Hematológico completo normal Bioquímico normal US abdominal total: normal Caso Clínico 3 Modelo de herança provável? Caso Clínico 3 HERANÇA AUTOSSÔMICA RECESSIVA – 1º CASO NA FAMÍLIA Caso Clínico 3 Hipótese Diagnóstica? Caso Clínico 3 Epidermólise bolhosa Caso Clínico 3 Interpretação correta do Heredograma desta família ? Caso Clínico 3 HERANÇA AUTOSSÔMICA RECESSIVA – 1º CASO NA FAMÍLIA Caso Clínico 3 Caso Clínico 3 Quadro Clínico Presença de lesões bolhodas difusas ao nascimento geralmente sem sinais de infecções secundárias que evoluem para processos cicatriciais e atróficos. Tratamento: seguimento dermatológico e pediátrico, além de terapias de reabilitação. Etiologia: Autossômica Recessiva. Caso Clínico 3 Caso Clínico 3 Gene Proporção da variente presente nos pacientes Porcentagem de detecção da variante por método Análise da Sequência análise da presença de deleção ou duplicação EXPH5 1%-2% >90% desconhecida KRT5 ~37% ~99% desconhecida KRT14 ~37% ~99% desconhecida TGM5 Até 5% >90% desconhecida Other or unknown 12 ~19% desconhecida Caso Clínico 3 Solução Painel para principais genes relacionados à patologia: Custo elevado (Genoma USP: R$: 4.000,00) Não disponível na rede pública Caso Clínico 3 HERANÇA AUTOSSÔMICA RECESSIVA Aa Aa aa ▪ Risco de Recorrência de 25% de doença (aa) para a prole futura dos pais do propósito, independente do sexo ▪ Risco de 50% de possibilidade de apresentar filhos heterozigotos(Aa), independente do sexo ▪ Presença de 25% de filhos sem a mutação(AA), independente do sexo. ▪ Recomenda-se evitar futuras uniões consanguíneas. Caso Clínico 3 CARACTERÍSTICAS DA HERANÇA AUTOSSÔMICA RECESSIVA 1. O fenótipo é encontrado tipicamente apenas na irmandade do probando (nunca nos pais) 2. O risco de recorrência para cada irmão do probando é de 25%. 3. Os pais do indivíduo afetado frequentemente são consanguíneos. 4. Ambos os sexos têm a mesma probabilidade se serem afetados Outros exemplos de doenças Autossômicas Recessivas Doenças AR comuns na prática clínica Erros Inatos do Metabolismo Doenças decorrentes de mutações em genes que codificam moléculas metabolicamente ativas , determinado alterações anatômicas e/ou funcionais Mucopolissacaridoses ( Doenças de Depósito Lisossômico) Adrenoleucodistrofia (Doença de Peroxissomos) Acidúria Orgânica Glicogenoses Displasias esqueléticas Genodermatoses
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