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medicina legal - resumo

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Arlindo Ugulino Netto; Luiz Gustavo Barros; Yuri Leite Eloy – MEDICINA LEGAL – MEDICINA P8 – 2011.1
1
MED RESUMOS 2011
ARLINDO UGULINO NETTO 
LUIZ GUSTAVO C. BARROS € YURI LEITE ELOY
MEDICINA – P8 – 2011.1
MEDICINA LEGAL
REFERÊNCIAS
1. Material baseado nas aulas ministradas pelos Professores Ronivaldo Barros e Luciana Trindade na FAMENE 
durante o período letivo de 2011.1.
2. FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal. 7ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2004
3. ALCÂNTARA, Hermes Rodrigues de. Per‚cia Mƒdica Judicial. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2006
4. SANTOS, Emílio Eduardo. 1000 perguntas de Medicina Legal. Rio de Janeiro: Editora Rio, 1983
5. CÓDIGO PENAL BRASILEIRO
Arlindo Ugulino Netto; Luiz Gustavo Barros; Yuri Leite Eloy – MEDICINA LEGAL – MEDICINA P8 – 2011.1
2
MED RESUMOS 2011
NETTO, Arlindo Ugulino.
MEDICINA LEGAL
PERÍCIA MÉDICO-LEGAL
(Professor Ronivaldo Barros e Luciana Trindade)
A Medicina Legal € uma especialidade m€dica e Jurdica que utiliza conhecimentos 
t€cnico-cientficos da Medicina para o esclarecimento de fatos de interesse da Justi‚a.
Segundo o prƒprio Professor Genival Veloso de Fran‚a, e Medicina Legal "€ a contribui‚„o da 
medicina e da tecnologia e ci…ncias afins †s quest‡es do Direito, na elabora‚„o das leis, na 
administra‚„o judiciˆria e na consolida‚„o da doutrina". Para o Professor Ronivaldo Barros, a 
Medicina Legal €, simplesmente, “a Medicina a servi‚o do Direito”. Seu praticante € chamado 
de médico legista ou simplesmente legista. A sua principal ferramenta de profiss„o € a 
perícia médico-legal.
Por defini‚„o, a percia m€dico-legal consiste na aplica‚„o metƒdica e imparcial dos 
conhecimentos m€dicos para esclarecer fatos de interesse de autoridade legitimada. Em 
outras palavras, define-se a percia m€dico-legal como um conjunto de procedimentos 
m€dicos e t€cnicos que tem como finalidade o esclarecimento de um fato de interesse da 
Justi‚a. Ela tem a finalidade de auxiliar ou interferir na decis„o de uma quest„o judiciˆria 
ligada a vida ou a sa‹de do homem ou que com ele tenha rela‚„o.
O executor da percia m€dico-legal € chamado de perito médico (m€dico legista ou, simplesmente, legista), que 
consiste em um profissional formado na ˆrea m€dica que, conforme juzo de autoridade legitimada, det€m os 
conhecimentos t€cnicos e os atributos morais necessˆrios para realiza‚„o de uma percia.
A partir destes levantamentos conceituais, este captulo tem por objetivo, al€m de introduzir a disciplina de 
Medicina Legal na gradua‚„o em medicina, os seguintes:
 Demonstrar as peculiaridades da Medicina Legal com rela‚„o †s demais ˆreas da medicina; 
 Apresentar e discutir a legisla‚„o que disciplina a percia m€dica na seara penal;
 Discutir os pontos geradores de d‹vidas nas quest‡es legais relativas † percia m€dico-legal.
CONSIDERA‚ES GERAIS
A Medicina Legal se difere, em diversos pontos, das demais especialidades. Com o que foi exposto at€ ent„o, 
deve-se ficar claro que a finalidade da percia € produzir uma prova, e a prova n„o € outra coisa sen„o o elemento 
demonstrativo do fato. Portanto, se a vtima de uma agress„o (seja fsica ou psicolƒgica) € dirigida ao m€dico legista 
para a confec‚„o de uma percia, o perito n„o tem a pretens„o de atend…-lo para curar ou cuidar de sua sa‹de, mas sim, 
de analisar a suposta a agress„o e comunicar ao Juiz ou ƒrg„o solicitante, por meio da percia m€dico-legal, a exist…ncia 
de um eventual dano † sa‹de da vtima. Por esta raz„o, nas m„os de um m€dico-perito, a vtima deixa de ser paciente e 
se torna um periciando, caracterizando um objeto de anˆlise.
Desta forma, a Medicina Legal € uma especialidade m€dica peculiar – ela n„o se exerce para atender aos 
interesses daquele que estˆ diante do perito (o periciando), mas para atender aos interesses de uma autoridade (um 
Juiz, por exemplo) que tem d‹vidas acerca de um fato de natureza m€dica, de caso concreto, e quer ter tal d‹vida 
desfeita atrav€s de uma anˆlise realizada por um perito habilitado para tal.
Como regra, segundo o prƒprio Cƒdigo de tica M€dica, o m€dico em geral estˆ preso ao sigilo profissional, 
sendo ele obrigado a manter segredo quanto †s informa‚‡es confidenciais de que tiver conhecimento no desempenho 
de suas fun‚‡es. Diferentemente disso, o m€dico legista, de certo modo, foge a esta regra, uma vez que ele € chamado 
para expor acerca de um fato. Portanto, o laudo m€dico-legal n„o € documento sigiloso; mas € uma pe‚a p‹blica, como
o boletim de ocorr…ncia e o inqu€rito policial no qual ele € anexado. Apenas quando a autoridade policial acredita que 
sua divulga‚„o possa prejudicar o andamento de uma investiga‚„o, solicita a um juiz que decrete segredo de Justi‚a 
sobre o caso. Entretanto, o sigilo m€dico pode ser mantido para aqueles casos de natureza m€dica que em nada somam 
ou interferem na aplica‚„o da Lei (como por exemplo, se o paciente € vtima de agress„o fsica, n„o interessa a 
divulga‚„o de sua provˆvel op‚„o sexual, presen‚a de eventuais doen‚as sexualmente transmissveis, dados ou 
doen‚as constrangedoras para o periciando, etc.).
Por fim, € vˆlido ressaltar que, diferentemente de qualquer outra especialidade m€dica, em que o profissional 
opta por qual atividade ele quer se dedicar dentro da medicina, o perito-m€dico pode ser solicitado a realizar uma percia 
quando convocado por uma autoridade legal, sendo o m€dico, independente de sua especialidade, obrigado a aplicar 
seus mais profundos conhecimentos em Medicina Legal para a realiza‚„o de uma eventual percia, mesmo que n„o seja 
a sua vontade. Muito embora, diga-se de passagem, o perito louvado (escolhido ou ad hoc) n„o recebe nenhuma 
gratifica‚„o financeira para tal ato. 
Portanto, em conclus„o ao que foi exposto at€ agora, podemos destacar, pelo menos, tr…s aspectos que diferem 
a Medicina Legal das demais especialidades m€dicas que constituem a Medicina Assistencialista:
Arlindo Ugulino Netto; Luiz Gustavo Barros; Yuri Leite Eloy – MEDICINA LEGAL – MEDICINA P8 – 2011.1
3
(1) A Medicina Legal n„o se exerce para atender aos interesses daquele que estˆ diante do perito (o periciando), 
mas para atender aos interesses de uma autoridade (um Juiz, por exemplo) que tem d‹vidas acerca de um fato 
de natureza m€dica, e quer ter tal d‹vida desfeita atrav€s de uma anˆlise realizada por um perito habilitado para 
tal anˆlise. Portanto, n„o existem pacientes para a Medicina Legal, mas sim, o periciando, que nada mais € que 
um instrumento de anˆlise.
(2) N„o hˆ sigilo m€dico no que diz respeito ao resultado da anˆlise (percia) realizada pelo perito-m€dico, at€ certo 
ponto. Este ponto estˆ relacionado com aqueles fatos de natureza m€dica que n„o t…m rela‚„o com a d‹vida da 
autoridade solicitante ou que n„o s„o necessˆrios para a aplica‚„o da Lei. Estes fatos podem ser mantidos sob 
sigilo m€dico.
(3) A prˆtica da Medicina Legal n„o € restrita para m€dicos legistas destinados para tal fun‚„o: qualquer profissional 
m€dico, independente de sua especialidade, pode ser louvado para fazer uso dos conhecimentos em Medicina 
Legal coercitivamente, desde que nomeado por uma autoridade, seja no interesse dos procedimentos policial-
judiciˆrios seja nos inqu€ritos policial-militares.
(4) Os achados clnicos encontrados no objeto de estudo m€dico-legal (representado pelo periciando) n„o s„o 
encarados sob uma perspectiva de tratamento – o m€dico-perito apenas ver e refere em um laudo a les„o 
encontrada, sob o ponto de vista etiolƒgico, diagnƒstico e prognƒstico, sem se preocupar com o tratamento.
OBS1: Embora o periciando com rela‚„o ao perito n„o goze de todos os direitos que tem um paciente com rela‚„o a um 
m€dico, ele pode deter direitos bˆsicos, como a presen‚a de um acompanhante, o direito da privacidade, etc.
DESTINO DAS PERƒCIAS M„DICAS
Como vimos anteriormente, a Medicina Legal corresponde ao uso da medicinaservi‚o do Direito. Contudo, o 
Direito pode ser considerado como um campo dotado de vˆrias ˆreas de abrang…ncia – ou, como € chamado pelo 
prƒprio Direito, vˆrios ramos: direito civil (geralmente relacionado com indeniza‚‡es), direito trabalhista, direito militar, 
direito penal (ou criminal), direito administrativo, etc. 
A medicina contribui com o direito em todos estes diversos ramos. Muito embora, o Fƒrum Penal seja o 
escolhido para centraliza‚„o do estudo pois, apenas neste ramo, o m€dico pode ser solicitado para a realiza‚„o de uma 
percia de forma compulsƒria. Em todos os outros campos, o m€dico louvado pode apresentar uma escusa (ou rejei‚„o) 
qualquer para n„o realizar a percia. Em face disso, € prudente, a propƒsito da gradua‚„o em Medicina, demonstrar 
apenas os modelos de perícia determinadas pelo Fórum Penal, uma vez que cada percia determinada pelos ramos 
do direito € regulada por uma norma especfica (e, desta forma, cada uma apresenta seu modelo e particularidades 
especficos).
Arlindo Ugulino Netto; Luiz Gustavo Barros; Yuri Leite Eloy – MEDICINA LEGAL – MEDICINA P8 – 2011.1
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AUTORIDADES LEGITIMADAS
Nem toda autoridade € competente, legalmente, para ordenar a realiza‚„o de uma percia. Por lei, apenas uma 
autoridade legitimada tem o direito de solicitar a realiza‚„o de uma percia (o que n„o inclui, por exemplo, Prefeitos, 
Presidentes, Lderes Comunitˆrios, Padres, etc.).  dever desta autoridade, uma vez solicitada a percia, convocar um 
m€dico que detenha conhecimentos t€cnicos mnimos e atributos morais necessˆrios para realiza‚„o de uma percia. 
N„o teria valor um laudo elaborado por um m€dico com o nome sujo por acusa‚‡es concretas ou sob suspeita.
No que diz respeito †s Percias Penais (regidas pelo Fƒrum Penal), que ser„o foco de nossa abordagem ao 
longo desta Disciplina, devemos entender quais s„o as autoridades que assistem ao direito de convocar ou determinar a 
sua realiza‚„o. Para isso, devemos entender o que estˆ pautado, principalmente, no Código do Processo Penal (CPP), 
que € a legisla‚„o responsˆvel por regular a percia penal.
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941
Art. 156. A prova da alega‚„o incumbirˆ a quem a fizer, sendo, por€m, facultado ao juiz de ofcio: [“de ofcio” significa em funƒ„o de 
seu cargo] 
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a a‚„o penal, a produ‚„o antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, 
observando a necessidade, adequa‚„o e proporcionalidade da medida; [a percia …, portanto, um meio de provar um 
determinado fato] 
II – determinar, no curso da instru‚„o, ou antes de proferir senten‚a, a realiza‚„o de dilig…ncias para dirimir d‹vida sobre 
ponto relevante.” (NR) [desta forma, um Juiz de Direito pode determinar a realizaƒ„o de uma percia]
Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prˆtica da infra‚„o penal, a autoridade policial deverˆ:
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras percias; [Autoridade policial: 
Delegado de Pol…cia Civil e de Pol…cia Federal; a Polcia Militar n„o tem a funƒ„o de autoridade policial pois, em alguns 
casos, eles s„o simplesmente nomeados, e n„o concursados]
Art. 13. O encarregado do inqu€rito policial militar (IPM) deverˆ, para a forma‚„o deste:
f) determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outros exames e percias. [considerado 
uma exceƒ„o, o Presidente ou Encarregado de Inqu†rito Policial Militar (IPM) tamb…m pode determinar a realizaƒ„o de 
uma percia] 
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a percia requerida pelas partes, quando 
n„o for necessˆria ao esclarecimento da verdade. [exame de corpo de delito, como veremos mais adiante, … igual † percia m…dico-
legal]
[OBS: Para todos os efeitos, os termos “determinar” e “ordenar” significam “mandar fazer”]
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Art. 129. S„o fun‚‡es institucionais do Minist€rio P‹blico (MP):
VI - expedir notifica‚‡es nos procedimentos administrativos de sua compet…ncia, requisitando informa‚‡es e documentos 
para instru-los, na forma da lei complementar respectiva;
VIII - requisitar dilig…ncias investigatƒrias e a instaura‚„o de inqu€rito policial, indicados os fundamentos jurdicos de suas 
manifesta‚‡es processuais. [O termo “requisitar” n„o tem o mesmo poder de “determinar e obrigar”; portanto, o Promotor de 
Justiƒa (representante do MP) n„o pode ordenar a realizaƒ„o de uma percia, mas pode requisitar ao Delegado de Polcia ou 
ao Juiz de Direito, sendo estes os respons‡veis por determinar a realizaƒ„o da mesma ou indeferi-la quando julg‡-la 
impertinente]
LEI ORGÂNICA NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO
LEI Nº 8.625, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1993
Art. 26. No exerccio de suas fun‚‡es, o Minist€rio P‹blico poderˆ:
b) requisitar informa‚‡es, exames periciais e documentos de autoridades federais, estaduais e municipais, bem como dos 
ƒrg„os e entidades da administra‚„o direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da Uni„o, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municpios;
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941
Art. 168. Em caso de les‡es corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-ˆ a exame complementar por 
determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do 
acusado, ou de seu defensor. [este Artigo do CPP ratifica o poder do Juiz de Direito e da Autoridade Policial em ordenar a realizaƒ„o 
da percia, enquanto que ao Promotor de Justiƒa, cabe apenas requerer a eles]
Arlindo Ugulino Netto; Luiz Gustavo Barros; Yuri Leite Eloy – MEDICINA LEGAL – MEDICINA P8 – 2011.1
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Portanto, em ‹ltima anˆlise, os seguintes agentes podem determinar (leia-se, obrigar) a realiza‚„o de uma 
percia penal:
 Juiz de Direito
 Autoridade Policial (no que diz respeito ao Delegado de Polcia Civil e ao Delegado de Polcia Federal)
 Presidente ou Encarregado de Inqu€rito Policial Militar (IPM)
Portanto, como rege a Lei, o Promotor de Justi‚a, representante maior do Minist€rio P‹blico, n„o tem a 
capacidade legal de ordenar a realiza‚„o de uma percia, mas tem o direito de requerer a realiza‚„o da mesma †s 
autoridades competentes (Juiz de Direito e Autoridade Policial), as quais podem abra‚ar a causa e instituir a realiza‚„o 
da percia como tamb€m podem negˆ-la, quando achar o requerimento impertinente. Entretanto, na realidade prˆtica, 
muitos legistas realizam a percia sob comando do Minist€rio P‹blico (como o prƒprio Professor Ronivaldo Barros 
justifica esta tese: “Manda quem pode; obedece quem tem juzo”).
DISCIPLINA JURƒDICA
Neste momento, € pertinente descrever o modo de como € feita a percia em Fƒrum Penal. A partir daqui, ser„o 
estabelecidos alguns conceitos que demonstrar„o quais s„o as principais necessidades que o Direito tenta extrair da 
Medicina. Antes disso, alguns conceitos no que diz respeito † terminologia jurdica devem ser explorados para melhor 
entendimento das tiras de Legisla‚„o que ser„o apresentados nos prƒximos tƒpicos:
 Infração penal: todo tipo de atentado ou contraven‚„o ao Cƒdigo de Processo Penal serˆ considerado uma 
infra‚„o penal.
 Corpo de delito: conjunto de vestgios materiais decorrentes de uma a‚„o criminosa.
CORPO DE DELITO
Seja qual for o enfoque dado ao corpo de delito, ainda que diverso no seu campo conceitual, hˆ de se o admitir 
como um elenco de les‡es, altera‚‡es ou perturba‚‡es, e dos elementos causadores desse dano, em se tratando dos 
crimes contra a vida e contra a sa‹de do ser humano, desde que possa isso contribuir para provar a a‚„o delitosa. Ipso 
facto, corpo de delito € uma metˆfora, pois sup‡e que o resultado do delito, considerado nos seus aspectos fsicos e 
psquicos, registre umconjunto de materiais, mais ou menos interligados, dos quais se comp‡e e que lhes constituem 
uma reuni„o de provas ou de vestgios da exist…ncia de um fato criminoso.
Em outras palavras, o corpo de delito corresponde ao conjunto de vestgios materiais decorrentes da a‚„o 
criminosa. Seria, tomando como exemplo um crime cometido por arma de fogo, o conjunto eventual de todos os 
elementos que tem a ver com a prˆtica deste crime e € vestgio material: corpo da vtima na cena do crime, arma 
utilizada no crime, eventuais manchas de sangue nas m„os ou nas roupas do criminoso, assim como os resqucios de 
sangue ao longo do trajeto de fuga do criminoso, etc. Todos estes elementos constituem a prova da prˆtica do crime e, 
portanto, constitui o corpo de delito.
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941
CAPÍTULO II - Do Exame do Corpo de Delito, e das Perícias em Geral
Art. 158. Quando a infra‚„o deixar vestgios, serˆ indispensˆvel o exame de corpo de delito, direto ou indireto, n„o 
podendo supri-lo a confiss„o do acusado.
Portanto, para devido reconhecimento da verdade jurdica que se quer restabelecer a partir de um fato, o direito
processual penal, em seu Artigo 158, se vale do corpo de delito para a forma‚„o da convic‚„o do julgador: sempre que a 
infra‚„o deixar qualquer tipo de vestgio ou de provas, a realiza‚„o da anˆlise do corpo de delito (direito ou indireto) 
deverˆ ser procedida, como forma de materialidade da ofensa. 
Por esta raz„o, sempre que hˆ um crime, a cena € isolada e mantida de forma mais fiel possvel, no intuito de 
evitar altera‚‡es no corpo de delito. A isola‚„o da cena de crime e prote‚„o do corpo de delito € responsabilidade o 
perito criminal, e n„o do m€dico perito. O perito criminal € responsˆvel por recolher todos os vestgios do corpo de 
delito e levantar as evid…ncias dos envolvidos com a infra‚„o. Todos os materiais coletados devem ser enviados para o 
Instituto de Polcia Cientfica, de onde partir„o para setores especficos (laboratƒrios qumicos e biolƒgicos, laboratƒrios 
de balstica forense, Instituto M€dico Legal, etc.). Todos estes setores possuir„o peritos especficos que analisar„o cada 
vestgio separadamente e, ao final de um prazo predeterminado, dever„o enviar laudos para anˆlise da autoridade 
pertinente.
Portanto, como vimos at€ ent„o, todo vestgio deixado por uma infra‚„o deve ser analisada na forma de um 
exame de corpo de delito, que n„o € responsabilidade apenas do m€dico.
Arlindo Ugulino Netto; Luiz Gustavo Barros; Yuri Leite Eloy – MEDICINA LEGAL – MEDICINA P8 – 2011.1
6
O corpo de delito pode ser classificado, ent„o, de duas formas, influenciando tamb€m na forma de classifica‚„o 
da sua percia:
 Corpo de delito direto (Perícia percipiendi): € o conjunto de vestgios materiais decorrentes da a‚„o criminosa
que podem ser “percebidos”, atrav€s da percia, pelo prƒprio examinador. Quando este tipo de percia € 
realizada, o documento emitido € chamado de laudo pericial. S„o exemplos:
 Corpo da pessoa ou coisa;
 Instrumentos, utenslios, objetos, arma etc.
 Outros vestgios.
 Corpo de delito Indireto (Perícia deducendi): ocorre quando € impossvel a realiza‚„o do exame direto, o que 
pode ocorrer, pelo menos, em tr…s situa‚‡es:
 Por terem desaparecido (por a‚„o da natureza ou do tempo) – ver OBS2;
 Por terem sido perdidos (por a‚„o do homem – culpa ou dolo);
 Por estarem inacessveis (natureza)
Desta forma, o corpo de delito indireto constitui-se na prova testemunhal e documental, na forma de pareceres
médico-legais (perícia deducendi): manifesta‚„o t€cnica acerca de fatos suscitados por meio de fichas clnicas, 
prontuˆrios, atestados, fotos, filmes, depoimentos, etc. 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941
CAPÍTULO II - Do Exame do Corpo de Delito, e das Perícias em Geral
Art. 167. N„o sendo possvel o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestgios, a prova testemunhal poderˆ 
suprir-lhe a falta. [É importante ressaltar que, independente de ser uma prova testemunhal ou não, os tipos de provas, no Brasil, não 
sejam tarifados, ou seja: a forma de como foram apresentadas as provas de um crime não pesam na determinação do crime; cabe ao 
Juiz decidir e justificar as relevâncias das provas que o fizeram tomar uma determinada decisão jurídica]
OBS2: Existe um aforismo em Medicina Legal que diz: “o tempo é inimigo da prova pericial”. Quanto mais se demora para a realiza‚„o 
de uma percia, menos evid…ncias s„o disponveis. O cadˆver, por exemplo, quando entra em putrefa‚„o gasosa, perde todas as suas 
caractersticas morfolƒgicas, limitando as conclus‡es que poderiam ser feitas.
OBS3: O Professor Genival Veloso de Fran‚a, citando outros autores, afirma tamb€m que no corpo de delito devem ser considerados: 
(1) Corpus criminis – a pessoa ou a coisa sobre a qual se tenha cometido uma infra‚„o e em que se procura revelar o corpo de delito; 
(2) Corpus instrumentorum – a coisa material com a qual se perpetuou o fato criminoso e na qual ser„o apreciadas sua natureza e 
efici…ncia; (3) Corpus probatorum – o elemento de convic‚„o: provas, vestgios, resultados ou manifesta‚‡es produzidas pelo fato 
delituoso (ou seja, o conjunto de todas as provas materiais de um crime). Classifica tamb€m como (1) carˆter permanente (delicta 
factis permanentis, como uma perfura‚„o † bala); e (2) passageiro (delicta factis transeuntis, como uma equimose).
DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS
Documento € toda anota‚„o escrita que tem a finalidade de reproduzir e representar uma manifesta‚„o do 
pensamento. No campo m€dico-legal da prova, s„o express‡es grˆficas, p‹blicas ou privadas, que t…m o carˆter 
representativo de um fato a ser avaliado em juzo. Os documentos, de interesse da Justi‚a, s„o: as notifica‚‡es, os 
atestados, os relatƒrios e os pareceres; al€m destes, os esclarecimentos n„o escritos no Žmbito dos tribunais, 
constituem os depoimentos orais.
Laudo ou auto.
O Laudo e o Auto s„o documentos frutos da percia percipiendi. O Laudo € confeccionado quando o prƒprio 
perito redige suas impress‡es; o Auto € confeccionado quando ele dita para que um escriv„o redija. As partes destes 
documentos (que s„o em comum com o parecer) s„o:
 PreŽmbulo: descreve quem determinou a percia (autoridade legitimada), quem a realizarˆ (perito), local onde 
estˆ sendo realizada (ƒrg„o ou institui‚„o) e em quem serˆ realizada (periciando).
 Quesitos: s„o perguntas pr€-formuladas para cada tipo de percia penal.
 Histƒrico: deve ser colhida com o periciando e, quando n„o for possvel, colhida com terceiros. Consiste no 
relato detalhado da infra‚„o.
 Descri‚„o: consiste no relato em detalhes do exame que estˆ sendo realizado. Nesta etapa, podem existir 
vˆrios termos m€dicos que devem ser explicados na discuss„o (para melhor entendimento da autoridade).
Constitui a parte mais importante do Laudo.
 Discuss„o: espa‚o reservado para presta‚„o de esclarecimentos de termos m€dicos e cientficos que possam 
suscitar d‹vidas para a autoridade legitimada. Isso € importante, como por exemplo, para os casos de aborto 
Arlindo Ugulino Netto; Luiz Gustavo Barros; Yuri Leite Eloy – MEDICINA LEGAL – MEDICINA P8 – 2011.1
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que, pelo menos sob o ponto de vista legal, n„o configura uma morte (pois o que n„o nasceu, n„o pode 
morrer). 
 Conclus„o: consiste em um sumˆrio, com termos claros e diretos, do que foi relatado no histƒrico e da 
descri‚„o.
 Resposta aos quesitos.
OBS4: Para evitar problemas legais durante a edi‚„o do laudo m€dico, o perito pode citar que o relato foi, de fato, feito 
pelo periciando, ressaltando o fato contado pelo prƒprio periciando (Ex: “conforme relata o periciando”, “como informa o 
periciando”, etc.).
Parecer médico-legal.
O parecer m€dico-legal €, pois, a defini‚„o do valor cientfico de determinado fato, dentro da mais exigentee 
criteriosa t€cnica m€dico-legal, principalmente quando esse parecer estˆ alicer‚ado na autoridade e na compet…ncia de 
quem o subscreve, como capaz de esclarecer a d‹vida constitutiva da consulta.
Diferentemente do Laudo, o parecer m€dico-legal € o documento emitido no caso de um corpo de delito indireito, 
quando € impossvel a realiza‚„o do exame direto. O parecer € constitudo pelas mesmas partes do Laudo m€dico –
contudo, diferentemente deste, a Discuss„o e a Conclus„o s„o os pontos de maior importŽncia (e n„o a Descri‚„o), uma 
vez que a coisa a ser estudada n„o se encontra disponvel. Portanto, compartilhando das mesmas partes do Laudo, o 
Parecer € constitudo por:
 PreŽmbulo;
 Quesitos;
 Histƒrico;
 Descri‚„o;
 Discuss„o;
 Conclus„o;
 Respostas aos quesitos.
Outros documentos médico-legais.
Outros documentos muito utilizados pela Medicina Legal e de grande importŽncia est„o listados logo a seguir. 
Devido a sua importŽncia, o seu modelo de edi‚„o serˆ melhor detalhado em captulos futuros.
 Atestado m€dico: documento que tem por objetivo firmar a veracidade de um fato ou a exist…ncia de 
determinado estado, ocorr…ncia ou obriga‚„o.  uma declara‚„o pura e simples, por escrito, de um fato m€dico 
e suas possveis consequ…ncias.
 Declara‚„o simples;
 Declara‚„o de ƒbito.
PROVA PERICIAL
A Lei no 11.690, de 9 junho de 2008 altera dispositivos do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Cƒdigo 
de Processo Penal), relativos † prova pericial, e dˆ outras provid…ncias. Por esta raz„o, o estudo do CPP feito a partir de 
ent„o serˆ realizada jˆ em face destas altera‚‡es.
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941
Art. 159. O exame de corpo de delito [ou seja: a perícia médico-legal] e outras percias ser„o realizados por perito 
oficial, portador de diploma de curso superior. 
§ 1º Na falta de perito oficial, o exame serˆ realizado por 2 (duas) pessoas idneas [capacitadas], portadoras de 
diploma de curso superior preferencialmente na ˆrea especfica, dentre as que tiverem habilita‚„o t€cnica 
relacionada com a natureza do exame. [em função do que está escrito neste Parágrafo, é possível a outros 
profissionais da área de saúde formados, como Enfermeiros, a realização de um exame pericial em área médica]
§ 2º Os peritos n„o oficiais prestar„o o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. 
§ 3º Ser„o facultadas ao Minist€rio P‹blico, ao assistente de acusa‚„o, ao ofendido, ao querelante e ao acusado 
a formula‚„o de quesitos e indica‚„o de assistente técnico.
§ 4º O assistente t€cnico atuarˆ a partir de sua admiss„o pelo juiz e apƒs a conclus„o dos exames e elabora‚„o 
do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decis„o.
[...]
Arlindo Ugulino Netto; Luiz Gustavo Barros; Yuri Leite Eloy – MEDICINA LEGAL – MEDICINA P8 – 2011.1
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[...]
§ 5º Durante o curso do processo judicial, € permitido †s partes, quanto † percia: 
II – indicar assistentes t€cnicos que poder„o apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser 
inquiridos em audi…ncia. [Portanto, este assistente t…cnico, uma funƒ„o remunerada (diferentemente do 
perito louvado ou ad hoc), pode ser indicado por qualquer uma das partes para auxiliar no esclarecimento 
do processo]
§ 7º Tratando-se de percia complexa que abranja mais de uma ˆrea de conhecimento especializado, poder-se-ˆ 
designar a atua‚„o de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente t€cnico. (NR) 
§ 6º Havendo requerimento das partes, o material probatƒrio que serviu de base † percia serˆ disponibilizado no 
ambiente do ƒrg„o oficial, que manterˆ sempre sua guarda, e na presen‚a de perito oficial, para exame pelos 
assistentes, salvo se for impossvel a sua conserva‚„o.
Portanto, o Cƒdigo de Processo Penal, agora com as corrigendas da Lei no 11.690, de 9 junho de 2008, diz em 
seu Artigo 159: o exame de corpo de delito e outras percias poder„o ser realizados, preferencialmente, por perito 
oficial, portador de diploma de curso superior e concursado. Na falta de perito oficial, o exame serˆ realizado por duas 
pessoas idneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na ˆrea especfica (peritos ad hoc).
A autoridade que preside o inqu€rito poderˆ nomear, nas causas criminais, dois peritos. Em se tratando de 
peritos n„o oficiais, eles assinar„o um termo de compromisso cuja aceita‚„o € obrigatƒria como um “compromisso 
formal de bem e fielmente desempenharem a sua miss„o, declarando como verdadeiro o que encontrarem e 
descobrirem e o que em suas consci…ncias entenderem”.
O mesmo diploma ainda assegura, como dever especial, que os peritos nomeados n„o podem recusar a 
indica‚„o, a n„o ser por escusa atendvel.
Al€m disso, como vimos a propƒsito da legisla‚„o rec€m analisada, as partes s„o livres para indicar seus 
assistentes técnicos, quase sempre em n‹mero ‹nico e de aceita‚„o espontŽnea (e que serˆ remunerado). Assim, 
assistente t…cnico € o rƒtulo que a lei processual civil empresta ao profissional especializado em determinada ˆrea, 
indicado e contratado por uma das partes, no sentido de lhe ajudar na elabora‚„o da prova pericial. Em tese, os peritos 
e assistentes t€cnicos t…m os mesmos privil€gios, como ouvir testemunhas, solicitar documentos e obter as devidas 
informa‚‡es, a n„o ser a quest„o de prazo, pois o do assistente t€cnico € de apenas 10 dias apƒs a entrega do laudo do 
perito.
Entende-se, por outro lado, que n„o cabe ao assistente t€cnico a produ‚„o de prova pericial, tarefa esta do 
perito judicial. E ficaria a pergunta: Qual a fun‚„o do assistente t€cnico? Ao que nos parece, cabe-lhe fiscalizar a 
elabora‚„o da prova e do laudo pericial, conferindo a meios avaliativos utilizados a verifica‚„o do nexo causalidade, a 
utiliza‚„o dos meios subsidiˆrios procedentes, a possvel omiss„o de detalhes, al€m de manifestar por escrito suas 
prƒprias conclus‡es sobre o fato.
PRAZO PARA ELABORAR O LAUDO
Nas percias de natureza penal, o perito apresentarˆ seu laudo no prazo fixado pelo juiz, at€ 10 (dez) dias antes 
da audi…ncia de instru‚„o de julgamento. Os assistentes t€cnicos entregar„o seus pareceres 10 (dez) dias apƒs a 
apresenta‚„o do laudo do perito, sem necessidade de intima‚„o. 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941
Art. 160. Os peritos elaborar„o o laudo pericial, onde descrever„o minuciosamente o que examinarem, e responder„o 
aos quesitos formulados.
Parágrafo único. O laudo pericial serˆ elaborado no prazo máximo de 10 (dez) dias, podendo este prazo ser 
prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. (Redaƒ„o dada ao artigo pela Lei nˆ 8.862, de 
28.03.1994) [o prazo para elabora‡ˆo … de, no m‡ximo 10 dias; embora a lei n„o seja clara quanto ao prazo 
m‡ximo para entrega do laudo, a jurisprud‰ncia e a doutrina adotam o termo “elaborar” como “entregar”; muito 
embora seja possvel, em face da complexidade da percia, a prorrogaƒ„o do prazo de entrega do laudo, desde 
que seja aceita pela autoridade]
Art. 161. O exame de corpo de delito poderˆ ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.
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PRAZO PARA REALIZAR A NECROPSIA
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos 6 (seis) horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais 
de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver 
infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver 
necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante. 
Art. 163.Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia e hora 
previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado.
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de 
desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em 
lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do 
auto. 
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como, na medida 
possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime. (Redaƒ„o dada ao artigo pela Lei nˆ 8.862, de 
28.03.1994)
Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame 
provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados. 
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de 
Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de 
reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações.
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os objetos encontrados, que 
possam ser úteis para a identificação do cadáver. 
EXAME COMPLEMENTAR
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame 
complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, 
do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
§ 1º No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a 
deficiência ou retificá-lo.
§ 2º Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no artigo 129, § 1º, I, do Código Penal [“Presenƒa 
de les„o corporal que cause incapacidade para as condiƒŠes habituais de trabalho por mais de 30 dias”], deverá 
ser feito logo que decorra o prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do crime.
§ 3º A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.
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PERÍCIA CONTRADITÓRIA
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941
Art. 180. Se houver diverg…ncia entre os peritos, ser„o consignadas no auto do exame as declara‚‡es e respostas de um e de outro, 
ou cada um redigirˆ separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade 
poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos.
VALOR DA PROVA
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941
Art. 155. O juiz formarˆ sua convic‚„o pela livre aprecia‚„o da prova produzida em contraditƒrio judicial, n„o podendo fundamentar 
sua decis„o exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investiga‚„o, ressalvadas as provas cautelares, n„o repetveis e 
antecipadas. 
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas ser„o observadas as restri‚‡es estabelecidas na lei civil.
Art. 182. O juiz n„o ficarˆ adstrito ao laudo, podendo aceitˆ-lo ou rejeitˆ-lo, no todo ou em parte.
OBJETIVO DA PERÍCIA
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negarˆ a percia requerida pelas partes, quando 
n„o for necessˆria ao esclarecimento da verdade.
DOS PERITOS
O perito deve atuar da seguinte maneira: apontar o observado no local do crime, nas armas, nos objetos 
(criminal) e no exame do cadˆver e do vivo (m€dico-legista). Ele n„o julga, n„o defende e nem acusa – apenas v… e 
refere (visum et repertum) durante a descri‚„o do laudo, sendo a ele proibido a realiza‚„o de algum juzo de valor.
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941
Art. 275. O perito, ainda quando n„o oficial, estarˆ sujeito † disciplina judiciˆria. [Auxiliares eventuais da justiça:Suspeições e 
impedimentos; Sanções disciplinares e legais; Subordinados à autoridade]
Art. 276. As partes n„o intervir„o na nomea‚„o do perito. [mas poderão indicar assistentes técnicos]
Art. 277. O perito nomeado pela autoridade serˆ obrigado a aceitar o encargo, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-r€is, 
salvo escusa atendvel. [a não atualização da moeda tornou a multa inexistente]
Parágrafo único. Incorrerˆ na mesma multa o perito que, sem justa causa, provada imediatamente:
a) deixar de acudir † intima‚„o ou ao chamado da autoridade;
b) n„o comparecer no dia e local designados para o exame;
c) n„o der o laudo, ou concorrer para que a percia n„o seja feita, nos prazos estabelecidos.
Art. 278.No caso de n„o-comparecimento do perito, sem justa causa, a autoridade poderˆ determinar a sua condu‚„o.
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Peritos: suspeições.
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941
Art. 280. É extensivo aos peritos, no que lhes for aplicável, o disposto sobre suspeição dos juízes.
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes:
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre 
cujo caráter criminoso haja controvérsia;
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou 
responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes;
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;
Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo.
Peritos: impedimentos.
De uma forma geral, o perito pode ser impedido de realizar uma perícia quando ele apresenta um dos seguintes 
critérios:
 Indignidade
 Incompatibilidade
 Incapacidade
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941
Art. 279. Não poderão ser peritos:
I - os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada nos ns. I e IV do art. 69 do Código Penal; [O Art. 
69 do Código Penal, a que se refere este inciso I, foi revogado com a vigência da nova parte geral do referido 
estatuto, prevendo-se o impedimento agora como penas restritivas de direitos, de interdição temporárias de 
direitos (Art. 47, I e II, CP)]
II - os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o objeto da perícia;
III - os analfabetos e os menores de 21 anos.
CÓDIGO PENAL
DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940.
Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são: 
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo;
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou 
autorização do poder público;
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FALSA PERÍCIA
A falsa perícia constitui um crime contra a administração da Justiça (Artigo 342).
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941
Falso testemunho ou falsa perícia
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete 
em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
§ 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime épraticado mediante suborno ou se cometido 
com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte 
entidade da administração pública direta ou indireta.
§ 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata 
ou declara a verdade.
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou 
intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou 
interpretação:
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter 
prova destinada a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for parte entidade da 
administração pública direta ou indireta.
“A justiƒa se concretiza a partir e antes de tudo, 
do conhecimento da verdade”
TIPOS DE PERƒCIAS M„DICAS
Podem as perícias médicas ser realizadas nos vivos, nos cadáveres, nos esqueletos, nos animais e nos 
objetivos.
 Nos vivos, visam o diagnóstico de:
 Lesões corporais (traumatológicos);
 Determinação de idade, sexo, grupo social;
 Crimes sexuais;
 Determinação de maternidade e paternidade;
 Doenças profissionais e acidente de 
trabalho;
 Embriaguez;
 Diagnóstico de gravidez, aborto, puerpério.
 Nos cadáveres, visam:
 Diagnóstico de causa da morte;
 Causa jurídica da morte;
 Identificação do morto;
 Diagnóstico de veneno em vísceras;
 Retirada de projéteis.
 Nos esqueletos, podemos proceder com a identificação do cadáver e/ou da causa da morte. O estudo 
antropológico dos ossos pode garantir informações sobre a raça, sexo e idade da vítima.
FINALIDADE DA PERƒCIA M„DICA
Ao longo deste capítulo, podemos concluir que a principal finalidade da perícia médico-legal é a constituição de 
uma prova. A prova é um elemento da autenticidade ou da veracidade de um fato. Seu objetivo é formar a convicção do 
juiz sobre os elementos necessários para a decisão final da causa.
Para que esta prova seja de boa qualidade, é necessário que alguns critérios sejam obedecidos:
 Objetivo: convicção do juiz
 Autenticidade ou veracidade de um fato
 Imparcial e verdadeira, devendo o perito evitar juízo de valor (visum et repertum)
 Boa qualidade da prova
 Dano pessoal (caracterizar, avaliar dano prévio).
Arlindo Ugulino Netto; Luiz Gustavo Barros; Yuri Leite Eloy – MEDICINA LEGAL – MEDICINA P8 – 2011.1
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MED RESUMOS 2011
NETTO, Arlindo Ugulino; CORREIA, Luiz Gustavo.
MEDICINA LEGAL
TRAUMATOLOGIA MÉDICO-LEGAL
(Professor Ronivaldo Barros)
A traumatologia m€dico-legal € a ˆrea temˆtica voltada para o reconhecimento dos tipos de les‡es traumˆticas, 
bem como a sua avalia‚„o completa. Atualmente, o m€dico generalista, ou o especialista, deve reconhecer as les‡es 
traumˆticas e, identificar a sua possvel causa. 
Neste Captulo, teceremos informa‚‡es para melhor reconhecimento de cada tipo de les„o e, ainda, avaliar 
caractersticas que possam identificar o mecanismo e agente do trauma. O conhecimento jurdico bˆsico € algo de 
extrema importŽncia apƒs o reconhecimento da possvel les„o traumˆtica: o m€dico, na sua condi‚„o profissional, 
assume, al€m do papel t€cnico, uma fun‚„o de agente social, devendo informar †s autoridades competentes, possveis 
agress‡es fsicas. No caso da crian‚a, o Conselho Tutelar, Delegado de Policia ou Vara da InfŽncia e da Juventude 
devem ser informados. Os idosos, por sua vez, devem ser encaminhados para o Juizado do Idoso ou para a prƒpria 
Delegacia de Polcia. 
CONCEITOS GERAIS
A medicina legal tem, por fun‚„o nesta ocasi„o, estudar as les‡es produzidas por viol…ncia ao corpo humano. 
Nesta vertente, tr…s principais fatores devem ser avaliados: (1) etiologia, (2) diagnƒstico e (3) prognƒstico. 
Diferentemente de outras especialidades m€dicas, a medicina legal n„o se responsabiliza pelo tratamento das les‡es 
traumˆticas. 
No geral, as les‡es traumˆticas, sob a perspectiva jurdica, podem causar implica‚‡es legais em todas as 
esferas do Direito: penal, civis e trabalhistas, etc., o que nos denota a importŽncia do reconhecimento adequado das 
les‡es. Entretanto, assim como foi enfatizado no captulo anterior, a anˆlise feita neste captulo vai ter foco a anˆlise na 
seara penal.
Os danos estudados pela traumatologia m€dico-legal podem ser causados por vˆrios tipos de energias, 
conforme listadas abaixo:
 MecŽnica;
 Fsica;
 Qumica;
 Fsico-Qumica;
 Bioqumica;
 BiodinŽmica;
 Mistas. 
OBS1: Em rela‚„o ao mecanismo de les„o € importante conceituar e saber diferenciar o “meio”. Em medicina legal, mais 
especificamente em traumatologia, o termo meio € utilizado para descrever o objeto utilizado para causar a les„o, 
conforme citado acima. Tomando este conceito como refer…ncia o meio pode ser ativo ou passivo, ativo quando o meio 
atinge o corpo humano, ou seja, o meio estava em movimento; passivo quando o corpo humano estˆ em movimento e o 
objeto parado e mista, quando ambos est„o em movimento.
ENERGIA DE ORDEM MEC‰NICA
A energia de ordem mecŽnica € aquela capacitada em alterar o estado de movimento e de repouso de um corpo. 
Podem ser causadas por vˆrios objetos, que possuem um espectro variˆvel de mecanismos de a‚„o, desde press„o, 
compress„o, descompress„o, percuss„o, tra‚„o, tor‚„o, explos„o, deslizamento, contrachoque, at€ as les‡es mistas. O 
mecanismo de a‚„o, bem como os tipos de les‡es traumˆticas podem ser avaliadas e descritas pelo m€dico perito, em 
contradi‚„o ao agente causal, que, eventualmente, n„o pode ser identificado. 
O perito m€dico, na vig…ncia da avalia‚„o da les„o 
traumˆtica, n„o possui subsdios suficientes para determinar qual o 
meio responsˆvel pela les„o. Assim sendo, € praticamente 
impossvel a identifica‚„o que uma tesoura, numa situa‚„o hipot€tica, 
foi a agente causadora da les„o. A tesoura, que € um instrumento 
sƒlido, pode provocar vˆrios tipos de les‡es no indivduo, de acordo 
com a sua inser‚„o na pele, desde uma a‚„o contundente (quando 
se utiliza o cabo), at€ p€rfuro-cortante (utiliza as lŽminas). 
Assim sendo, as les‡es causadas pela energia de ordem mecŽnica devem ser classificadas de acordo com o 
tipo de a‚„o (e n„o de acordo com o instrumento utilizado ou com o meio envolvido; a n„o ser que o instrumento esteja 
instalado no foco da les„o) e, para cada tipo de a‚„o, forma-se um tipo especfico de ferida. 
A a‚„o da agress„o mecŽnica pode ser classificada em seis tipos: perfurante, cortante e contundente e suas 
combina‚‡es (p€rfurto-cortante, perfuro-contundente e corto-contundente). O tipo de ferida provocada por estes 
mecanismos de a‚„o est„o resumidos na tabela anterior e, a partir de agora, ser„o vistos detalhadamente.
Tipo de ação Tipo de ferida
Perfurante Punctiforme
Cortante Cortada
Contundente Contusa
P€rfuro-cortante P€rfuro-cortada
P€rfuro-contundente P€rfuro-contusa
Corto-contundente Corto-contusa
Arlindo Ugulino Netto; Luiz Gustavo Barros; Yuri Leite Eloy – MEDICINA LEGAL – MEDICINA P8 – 2011.1
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AÇÃO PERFURANTE
A a‚„o perfurante € causada por objetos com extremidades finas (leia-se “pontiagudas”), 
diŽmetro transverso reduzido (finos), que possuem maior comprimento do que espessura (longos); 
portanto, s„o pontiagudos, finos e longos. O principal instrumento, que serve como protƒtipo 
desta a‚„o, € a agulha, que mensura as tr…s caractersticas anteriormente descritas. Apesar disto, a 
agulha tamb€m pode promover outros tipos de a‚‡es, al€m da perfurante, tal como a cortante. 
As les‡es que s„o promovidas por objetivos com a‚„o cortante s„o denominadas de lesões 
ou feridas punctiformes. S„o feridas que possuem, no seu orifcio de entrada, uma les„o em
forma de ponto, bastante estreito, cujo diŽmetro € menor do que o do meio causador.Raramente 
sangram, ou sangram muito pouco, e possuem um trajeto estreito, com profundidade relacionada 
com o comprimento do meio e da press„o de penetra‚„o, podendo terminar em fundo cego, 
penetrar em cavidades e ainda atingir ƒrg„os vitais. Jˆ o orifcio de sada, quando transfixa alguma 
estrutura, tem formato irregular, e seu diŽmetro € menor do que o da entrada. 
OBS2: Leis de Filhos (Edouard Filhos). As feridas puntiformes, quando promovidas por objetos perfurantes de médio calibre
(perfurador de gelo, por exemplo), podem cursar com altera‚‡es do padr„o-tpico das feridas promovidas por objetos pontiagudas. 
Neste sentido, Filhos (2001) criou a “Lei dos Filhos”, na inten‚„o de melhor avaliar as feridas punctiformes relacionadas aos objetos 
de m€dio calibre. 
 Lei primeira: O orifcio de entrada parece ter sido produzido por instrumentos de dois gumes, ou ainda, tem aspecto de casa 
de bot„o (botoeira);
 Lei segunda: Em uma mesma regi„o, o seu maior eixo tem sempre o mesmo sentido (pois este sentido € determinado pelas 
linhas de tens„o da pele). 
OBS3: Lei de Langer (Karl Ritter Von Langer). Na conflu…ncia de regi‡es de linhas de for‚as diferentes, a extremidade da les„o 
toma o aspecto de ponta de seta, de triŽngulo, ou mesmo de quadrilˆtero. Como foi visto o formato de uma les„o perfurante de m€dio
calibre, de acordo com a primeira Lei de Filhos, tem o formato de casa de bot„o. Entretanto quando a les„o ocorre em regi‡es de 
transi‚„o entre linhas de tens„o, pode adquirir formas caractersticas diferentes, como quadrilˆtero, triŽngulo, etc.
Imagem aumentada de les„o punctiforme na fossa antecubital por penetra‚„o por 
Jelco 14, demonstrado que o orifcio € pequeno, mas a les„o € profunda, pouco 
sangrante. 
Imagem de uma ferida cortante, de aspecto n„o-puntiforme, promovida por agulha 
durante pun‚„o venosa para exame de sangue (hemograma). Note que, apesar de ter 
sido provocada por uma agulha, a les„o foi de carˆter cortante.
AÇÃO CORTANTE
A a‚„o cortante € a que € produzida por meios cortantes que possuem, no mnimo, a 
presença de gume (bisel) afiado e que atuam por deslizamento. S„o exemplos de objetos que 
cursam com a‚„o cortante: bisturi frio, faca peixeira (mais comumente utilizada em nosso meio), 
punhal (dois gumes), faca, navalha. As principais caractersticas das feridas cortadas s„o:
 Forma linear e bordas regulares (deve-se ao gume mais ou menos afiado do intrumento 
usado)
 Margens oblquas (vertentes)
 Fundo regular
 Aus…ncia de contus„o na periferia
 Hemorragia abundante: na maioria das vezes o sangramento € vultuoso, devido † facil 
sec‚„o dos vasos, que, n„o sofrendo hemostasia traumˆtica, deixam seus orifcio 
naturalmente permeˆveis. Por isso, esses tipos de les‡es podem sangrar mais que 
traumas contusos, pois nestes, geralmente hˆ uma maior libera‚„o de substŽncias 
hemostˆticas que reduzem o sangramento.
Arlindo Ugulino Netto; Luiz Gustavo Barros; Yuri Leite Eloy – MEDICINA LEGAL – MEDICINA P8 – 2011.1
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 Predomnio do comprimento sobre a profundidade
 Presen‚a de cauda de escoria‚„o: o instrumento cortante, agindo por deslizamento e seguindo uma dire‚„o em 
semicurva condicionado pelo bra‚o do agressor ou pela curvatura da regi„o ou segmento atingido, deixa, no final 
do ferimento, e apenas na epiderme, uma cauda de escoria‚„o. Com isso, podemos dizer que cauda de 
escoria‚„o € les„o que se restringe a epiderme, relacionando-se com o afastamento ou aproxima‚„o do 
instrumento causador da les„o.
 Perfil de corte angular ou em bisel
 O sinal de Chavigni € o que descreve que quando duas feridas cortadas se cruzam, coaptando-se as margens 
de uma das feridas, sendo ela a primeira que foi produzida, a outra n„o segue um trajeto em linha reta.
OBS4: As feridas promovidas pelos bisturis frios, durante o ato cir‹rgico, apesar de conceberem uma a‚„o cortante, 
devem ser descritas como feridas incisas, pois a sua profundidade do centro € igual a dos Žngulos. Jˆ as feridas que 
cursam pela a‚„o cortante, possuem profundidade maior no centro, enquanto que s„o mais superficiais nos Žngulos (em 
fun‚„o do mecanismo de gangorra).
A imagem demonstra um individuo vtima de a‚„o cortante produzida por garrafa de 
vidro quebrada. A les„o tem borda regular, sangrante, e com formato linear. O perfil 
do corte se ajusta ao estereotipado para o tipo de a‚„o, que € o formato em bisel. 
Les‡es cortantes m‹ltiplas, provavelmente ocasionadas com inten‚„o de ocasionar 
sofrimento e tortura ao agredido. A imagem demonstra m‹ltiplas feridas cortantes, 
apresentando cauda de escoria‚„o, que € uma escoria‚„o restrita ao estrato 
epid€rmico relacionada, principalmente, com a sada do bisel. O padr„o mais 
comum que ocorre nas les‡es por a‚„o cortante € o predomnio do comprimento 
sobre a profundidade. 
O termo esgorjamento (que significa pôr a garganta 
para fora) pode ser utilizado no sentido de 
caracterizar as les‡es cortantes que exp‡e os 
planos anatmicos profundos da regi„o anterior ou 
Žntero-lateral do pesco‚o, expondo as vias a€reas 
e/ou vasos profundo. Ele pode ser por a‚„o suicida 
ou homicida.
Na imagem, podemos visualizar o indivduo foi 
submetido a uma a‚„o cortante caracterstica do 
esgorjamento por a‚„o homicida (sugerida devido † 
presen‚a de duas les‡es), em regi„o anterior do 
pesco‚o. O mecanismo de morte € por asfixia (note 
a presen‚a de “cogumelo de espuma”).
A imagem demonstra uma jovem de 8 anos, vtima de 
a‚„o cortante (ou corto-contudente) na regi„o 
posterior do pesco‚o, caracterizando a degola. 
Apƒs a dissec‚„o, podemos evidenciar que vˆrias 
camadas profundas foram comprometidas, o que fala 
mais a favor de uma a‚„o corto-contudente, pois, um 
mesmo objeto pode exercer diversas a‚‡es e, 
portanto, promover distintos tipos de feridas. Neste 
caso em especial, o agente causador foi uma faca, 
que hora se manifestou com uma a‚„o cortante e, 
hora determinou uma press„o associada † a‚„o 
cortante (a‚„o corto-contundente). 
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OBS5: No geral, podemos diferenciar degola e esgorjamento quando a lesão se localizar posteriormente na região cervical (no caso 
daquela) ou anteriormente (caracterizando este).
O indivíduo exposto ao lado foi vítima de tortura 
corporal, que cursou com a decapitação. 
Professor Genival Veloso de França descreve que 
este caso está mais relacionado com a ação 
cortante, mas para o Professor Ronivaldo Barros 
(2011), trata-se de uma ação corto-contudente. 
Na imagem, podemos evidenciar individuo que foi vítima de 
esquartejamento obtido pela ação corto-contudente de uma faca. Vale a 
pena frisar que, determinados objetos, podem apresentar vários tipos de 
ações de acordo com o seu manuseio. Alguns autores também citam que 
a lesão se enquadra em espostejamento (semelhante a um 
atropelamento ferroviário). 
AÇÃO CONTUNDENTE
A ação contundente é a que ocorre pelo contato entre o corpo e uma superfície sólida, na maioria das vezes. Há 
ainda a ação contundente promovida por onda gasosa ou coluna líquida. As feridas contusas podem ser causadas por 
vários tipos de instrumentos, tais como martelo, explosões, atropelamentos terrestres, cinto de segurança, acidente 
aéreo, etc. A ação contundente promove vários aspectos distintos de lesões. Abaixo, são descritos as principais lesões 
produzidas:
 Rubefação
 Escoriação
 Equimose
 Hematoma
 Bossa sanguínea
 Fraturas
 Luxações
 Entorses
 Roturas de vísceras internas
 Encravamento
 Empalamento
A ferida promovida pela ação contundente é denominada de ferida contusa, possuindo as seguintes 
características:
 Forma estrelada, sinuosa ou retilínea
 Bordas irregulares
 Margens irregulares (vertentes)
 Fundo irregular
 Contusão na periferia
 Hemorragia escassa
 Pontes de tecidoíntegro
 Retração das bordas da ferida
A imagem demonstra uma ferida contundente, possuindo bordas irregulares, com 
contusão na periferia. Evidenciamos ainda que o seu fundo é irregular, e pouco 
sangrante. 
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Podemos visualizar uma ferida contundente na região submentoniana, com a 
presença de contusão periférica, semelhante a uma equimose perilesional. 
Geralmente, o mecanismo de trauma é o de impacto entre o queixo e a região sólida 
qualquer. 
Rubefação.
São as lesões contundentes que não possuem alterações anatomopatológicas. Por possuir uma duração 
passageira (leia-se “ef‰mera”), deve ser avaliada o mais rapidamente possível. As feridas são manchas avermelhadas, 
que ocorrem por um mecanismo fisiopatológico de congestão vascular, podendo se assemelhar ao tipo de objeto que a 
provocou (tal como a palma da mão). A rubefação é um tipo de lesão relativamente comum em traumatismos físicos 
promovidos pela classe policial, por se tratar de uma lesão que cursa com um período curto de permanência. 
Escoriação. 
Refere-se à erosão epidérmica ou ainda a sua abrasão. Geralmente se ajusta a dinâmica do evento, ou seja, 
possui um desenho símile ao que a provocou. A escoriação típica não compromete a derme, sem sangramento (pois 
não compromete as papilas dérmicas), com no máximo a presença de um exsudato seroso, não cicatriza e regenera. Do 
ponto de vista médico-legal, a escoriação típica é um tipo de lesão corporal leve. Já a escoriação que curse com 
regeneração e, eventualmente, deformidades, pode ser considerada uma lesão corporal grave, cuja pena de reclusão é 
de 12 anos. 
A imagem retrata escoriação, que somente compromete o estrato epidérmico da 
pele, sem sangramento. 
Equimose.
A equimose ocorre por conta de uma infiltração sanguínea nas malhas dos tecidos, por conta de uma ruptura 
dos capilares. Quando a equimose se localiza dentro de alguma víscera, passa a ser denominada de infiltrado 
hemorrágico. Possui um espectro amplo de apresentação, desde a sugilaƒ„o (que tem formato de grão de arroz ou 
púrpura), pet…quias (símiles às cabeças de alfinetes), equimoma (quando atinge grandes proporções), até as vbices
(equimoses em forma de estrias, com formato linear, que ocorrem nos traumas obtidos pelos cassetetes policiais). 
As equimoses possuem uma diversificação de coloração, de acordo com o período de sua análise. No 1º dia, o 
seu aspecto é vermelho, somente desaparecendo, em torno do 15º dia. Neste sentido, Legrand Du Saulle, criou o 
espectro equimótico, conforme segue abaixo:
 1º dia: vermelha
 2º e 3º dia: violácea
 3º ao 6º dia: azul
 7º ao 10º dia: esverdeada
 12º dia: amarelada
 15º dia: desaparece
OBS6: Não é incomum a tentativa de criação de cenas de traumatismo corporal, principalmente, na realidade entre as 
mulheres e seus maridos. Uma das principais alternativas de se avaliar uma possível equimose traumática é a 
mensuração de sua coloração, aliado às informações declaradas pelo paciente. Supondo a presença de equimose azul 
em periciando do sexo feminino, que relata agressão há 12 horas, fica fácil de prever que, na realidade, a informação 
não bate com o que foi declarado, possivelmente, seria uma difamação ao seu companheiro. 
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OBS7: A equimose, sob o ponto de vista m€dico-legal, possui uma capacidade de gerar provas contra o individuo 
agressor. N„o € incomum a presen‚a de equimoses com desenhos, tal como cƒpias, do objeto traumˆtico. Em 
atropelamentos externos, a placa do carro pode desenvolver equimoses id…nticas a sua forma. 
A imagem retrata les„o do tipo equimose na regi„o medial do bra‚o, de colora‚„o 
avermelhada, que suscita uma les„o aguda, vista no 1 dia. 
A imagem evidencia equimose periorbital ou palpebral. Podemos visualizar uma 
colora‚„o violˆcea periorbital, como tamb€m uma amarelada prƒximo a superfcie 
anterior no nariz. Esta variedade de apresenta‚‡es cromˆticas determina o grau 
variˆvel, em rela‚„o ao aspecto temporal, das les‡es. A presen‚a da colora‚„o 
levemente amarelo-esverdiada sugere que a les„o tem pelo menos mais de 2 a 3 
dias.
Atropelamento terrestre.
Nesta ocasi„o, podemos visualizar a contus„o-tatuagem, que € quando se tem a presen‚a de partes do carro 
impressionando o individuo; al€m dela, as estrias pneumˆticas de Simonin, que s„o marcas de pneus no corpo da vtima 
do atropelamento, podem tamb€m serem evidenciadas. Antigamente, a identifica‚„o do condutor, simplesmente pelos 
aspectos da les„o era algo rotineiro, visto pela impress„o do volante no tƒrax anterior do individuo. 
A imagem demonstra individuo vtima de 
atropelamento terrestre, com les„o extensa da 
parede torˆcica e pelve, com exterioriza‚„o 
visceral. 
Atropelamento ferroviário. 
O atropelamento ferroviˆrio cursa com uma redu‚„o do corpo a diversos e irregulares fragmentos, termo 
conhecido por espostejamento (despojos).
Hematoma. 
 o que ocorre por conta da rotura de vasos de maior calibre dos que causam as equimoses, cursando com 
relevo na pele. Quando a cole‚„o de sangue se faz dentro dos tecidos, o hematoma passa a se chamar de cavita‚„o. O 
hematoma subdural, embora seja uma cole‚„o de sangue dentro de uma cavidade, n„o gera relevo na pele.
Bossa sanguínea.
 a cole‚„o de sangue sobre a superfcie ƒssea, tamb€m denominada de “galo”. Nos rec€m-nascidos, em partos 
laboriosos, o caput secundum € considerado uma bossa sangunea, pois, o sangue e o edema se formaram na 
intimidade dos tecidos. 
Encravamento.
 a penetra‚„o de um meio sƒlido em qualquer parte do corpo, geralmente, o meio que causa a a‚„o possui 
uma ponta afiada e com grande eixo longitudinal, tal como uma estaca, ocorrendo em grandes traumatismos. 
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Empalamento. 
 uma forma especial de encravamento, na qual a penetra‚„o do meio sƒlido ocorre pela regi„o perineal, Žnus 
ou vagina. 
AÇÃO PÉRFURO-CORTANTE
Os meios p€rfuro-cortantes possuem gume cortante e ponta afiada, cujo 
maior representante € a faca. Alguns autores tamb€m utilizam da seguinte defini‚„o: 
“S„o aqueles que al€m de perfurar o organismo exercem lateralmente uma a‚„o de 
corte”. As feridas p€rfuro-cortadas s„o caracterizadas pelos seguintes aspectos:
 Forma de botoeira (devem ser diferenciadas das les‡es perfurantes pela 
2‘ lei de filhos)
 ’ngulos, no lado do bisel s„o mais agudos. 
 Entrada maior que a lŽmina do instrumento
 Bordas afastadas e regulares
 Cauda de escoria‚„o
 Contus„o provocada pelo cabo do instrumento
 Trajeto 
A imagem demonstra o mesmo paciente logo acima com uma 
faca inserida na parte anterior do tƒrax. Na avalia‚„o pericial, 
podemos visualizar uma ferida com aspecto enegrecido, por 
conta de seu resfriamento pƒs-ƒbito. A faca de mesa possui 
um gume de serra, pouco afiada, provocando esta les„o com 
aspecto de botoeira. 
A imagem demonstra ferida p€rfuro-cortante, cujo bisel, provavelmente, estava 
dirigido para direita. Os Žngulos s„o distintos em cada uma das bordas, o que 
denota que foi causada por instrumento de um ‹nico bisel (faca, por exemplo).
A imagem demonstra uma ferida p€rfuro-cortada, possuindo uma cauda de 
escoria‚„o, possivelmente causada por faca peixeira (com a presen‚a de um 
‹nico bisel). Observamos ainda uma contus„o ao redor da les„o que foi causada 
pelo cabo da faca. 
Observamos m‹ltiplas les‡es com forma de casa de bot„o em dorso, realizadas por a‚„o 
p€rfuro-cortante, tal como uma faca. Podemos afirmar que as les‡es s„o p€rfuro-cortantes 
(e n„o sƒ perfurantes) devido † segunda Lei de Filhos: se as les‡es fossem apenas 
perfurantes (causadas, por exemplo,por um perfurador de gelo), veramos les‡es vizinhas 
(como as destacadas na figura) com o seu maior eixo retificado na mesma dire‚„o (pois o 
sentido do eixo estaria a merc… das linhas de tens„o da pele daquela regi„o). Contudo, 
note que les‡es vizinhas, no exemplo ao lado, se mostram em sentidos aleatƒrios (pois as 
fibras e as linhas foram cortadas) e, portando, houve uma les„o p€rfuro-cortante (de modo 
que o sentido do maior eixo € determinado pelo sentido pelo qual o meio foi introduzido).
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AÇÃO PÉRFURO-CONTUNDENTE
As feridas p€rfuro-contusas s„o produzidas por um 
mecanismo de a‚„o que perfura e contunde, simultaneamente. Na 
maioria das vezes, esses instrumentos s„o mais perfurantes do que 
contundentes. Esses ferimentos s„o produzidos quase sempre por 
projéteis de arma de fogo (PAF); no entanto, podem estar 
representados por meios semelhantes, como, por exemplo, a haste de 
um guarda-chuva. 
As armas de fogo s„o as pe‚as constitudas de um ou dois 
canos, aberto numa das extremidades e parcialmente fechados na 
parte de trˆs, por onde se coloca o proj€til. S„o classificadas:
 Quanto † dimens„o: portˆteis, semiportˆteis e n„o portˆteis.
 Quanto ao modo de carregar: Antecarga e Retrocarga.
 Quanto ao modo de percuss„o: Perdeneira e Espoleta
 Quanto ao calibre
O proj€til desloca-se da arma gra‚as a combust„o da pƒlvora, quando ganha movimento de rota‚„o e propuls„o.
Ao atingir o alvo atuam por press„o, havendo afastamento e rompimento das fibras. O alvo € tamb€m atingido por 
compress„o de gases que acompanha o proj€til. Uma les„o completa por proj€til de arma de fogo € constituda de tr…s 
partes: (1) Orifcio de entrada, (2) Trajeto e (3) Orifcio de sada.
De um modo geral, as les‡es causadas por PAF causam os seguintes sinais:
 Zona de Contus„o: Deve-se ao arrancamento da epiderme motivado pelo movimento rotatƒrio do proj€til antes 
de penetrar no corpo, pois sua a‚„o € de incio contundente.
 Ar€ola Equimƒtica: e representada por uma zona superficial e relativamente difusa da hemorragia oriunda da 
ruptura de pequenos vasos localizados nas vizinhan‚as do ferimento.
 Orla de Enxugo:  uma zona que se encontra nas proximidades do orifcio, de cor quase sempre escura que se 
adaptou †s faces da bala, limpando-as dos resduos de pƒlvora.
 Zona de Tatuagem:  mais ou menos arredondada, nos tiros perpendiculares, ou de formas crescentes nos 
oblquos.  resultante da impregna‚„o de partculas de pƒlvora incombustas que alcan‚am o corpo.
 Zona de Esfuma‚amento:  produzida pelo depƒsito de fuligem da pƒlvora ao redor do orifcio de entrada.
 Zona de Chamuscamento ou Queimadura: Tem como responsˆvel a a‚„o super aquecida dos gases que 
atingem e queimam o alvo.
 Zona de Compress„o de Gases: Vista apenas nos primeiros instantes no vivo.  produzida gra‚as a a‚„o 
mecŽnica dos gases, que acompanha o proj€til quando atingem a pele. 
Para o diagnƒstico das les‡es por instrumentos p€rfuro-contundente, devem-se estudar cuidadosamente os 
caracteres acima registrados, somando-se ao exame das vestes e objetos e correlacionado com les‡es do corpo da 
vtima. As caractersticas envolvidas na les„o podem fornecer dados para evidenciar a natureza da origem dos 
ferimentos. 
Os ferimentos p€rfuro-contusos podem causar morte, perda da fun‚„o de um membro ou ƒrg„o ou prejuzo da 
fun‚„o e ou deformidade local. A consequ…ncia vai depender: do tipo de arma, n‹mero de tiros, o calibre, a distŽncia, 
idade e condi‚‡es de sa‹de pr€via da vtima, do tempo decorrido entre o recebimento do tiro e os primeiros socorros.
Orifício de entrada.
A depender da distŽncia entre a arma de fogo e a vtima, podemos classificar o tiro da seguinte maneira:
 Tiros encostados: os ferimentos ocasionados por tiros encostados († queima-roupa), com a boca da arma 
apoiada no alvo, t…m forma irregular, denteada ou com entalhes, devido † a‚„o resultante dos gases que 
descolam e dilaceram os tecidos. Em geral, nesses casos, não há zona de tatuagem nem de esfumaçamento, 
pois todos os elementos da carga penetram pelo orifcio da bala e, por isso, suas vertentes mostram-se 
enegrecidas e desgarradas, com aspecto de cratera de mina (de Hoffman). O diŽmetro dessas les‡es pode ser 
maior do que o do proj€til em face da explos„o dos tecidos pelo efeito “de mina”, e suas bordas algumas vezes 
voltadas para fora, em decorr…ncia do levantamento dos tecidos pela explos„o dos gases.
 Tiros a curta distância: podem mostrar-se de vˆrias formas: forma arredondada ou ovalar, com orla de 
esfuma‚amento e orla de escoria‚„o, bordas invertidas, halo de enxurgo e tatuagem, zona de queimadura, 
ar€ola equimƒtica e zona de compress„o de gases. De determina‚„o de um tiro a curta distŽncia n„o estˆ 
relacionada com a distŽncia em si do “cano” da arma e a vtima, mas sim, as caractersticas das les‡es.
o Forma: A forma dos ferimentos de entrada em tiros a curta distŽncia € geralmente arredondada ou ovalar, 
dependendo da incid…ncia do proj€til. Quando maior a inclina‚„o do tiro sobre o alvo, maior serˆ o eixo longitudinal 
do ferimento.
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o Orla de escoriação ou contusão: deve-se ao arrancamento da epiderme motivado pelo movimento rotatório do 
projétil antes de penetrar no corpo. Apresenta-se como uma orla escoriada ou desepitelizada ao redor do ponto de 
impacto do projétil.
o Bordas Invertidas: devem-se à ação traumática de fora para dentro sobre a natureza elástica da pele.
o Halo de enxurgo (orla de Chavigny): é explicado pela passagem do projétil através dos tecidos, atritando e 
contundindo, limpando neles suas impurezas. É concêntrico nos tiros perpendiculares, ou meia-lua, nos oblíquos.
o Halo ou Zona de tatuagem: é mais ou menos arredondado nos tiros perpendiculares, ou em forma de crescente, 
nos oblíquos. Essa tatuagem varia de cor, forma, extensão e intensidade conforme a pólvora. É resultante da 
impregnação de grãos de pólvora que alcançam o corpo.
o Orla de esfumaçamento: é decorrente do depósito deixado pela fuligem que circunscreve a ferida de entrada, 
formando pelos resíduos finos e impalpáveis da pólvora combusta.
o Zona de quiemadura: também chamada de zona de chama ou de chamuscamento, tem como responsável a ação 
superaquecida dos gases que atingem e queimam o alvo.
o Aréola Equimótica: é representada por uma zona superficial e relativamente difusa, decorrente da sufusão 
hemorrágica oriunda da rotura de pequenos vasos localizados nas vizinhanças do ferimento.
 Tiros a distância: possuem um diâmetro menor que o do projétil, forma arredondada ou ovalar, orla de 
escoriação, halo de enxurgo, aréola equimótica e bordas reviradas para dentro.
Lesão por PAF à queima-roupa (encostado) na região da fronte.
Lesão por PAF à longa distância.
Lesão por PAF à curta distância
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Ferimento de Saída.
A lesão de saída as feridas produzidas por PAF tem forma irregular, bordas reviradas para fora, maior 
sangramento e não apresenta orla de escoriação nem halo de enxurgo, nem mesmo a presença dos elementos químicos 
resultantes da decomposição da pólvora.
Sua forma é irregular e tem diâmetro geralmente maior que o do orifício de entrada. A deformidade se dá pela 
resistência encontrada nos diversos planos e nunca conserva seu eixo longitudinal.
As bordas são reviradas para fora, em virtude de ação do projétil se processar em sentido contrário ao de 
entrada, ou seja, de dentro para fora. São mais sangrantes pelo maior diâmetro, pela irregularidade de sua forma e pela 
eversão das bordas, permitindo, assim um maior fluxo sanguíneo.
Ferimento de saída porPAF.
AÇÃO CORTO-CONTUNDENTE
São instrumentos que possuem gume rombo, de corte embotado e que agindo sobre o 
organismo, rompe a integridade da pele, produzindo feridas irregulares, retraídas e com bordas 
muito traumatizadas. É mais frequente no homicídio e no acidente, sendo raro no suicídio. Os 
principais instrumentos são machado, foice, facão, enxada, moto-serra, rodas de trem etc. Agem 
por pressão e percussão ou deslizamento. A lesão se faz mais pelo próprio peso e intensidade 
de manejo, do que pelo gume de que são dotados.
A forma das feridas varia conforme a região comprometida, a intensidade de manejo, a 
inclinação, o peso e o fio do instrumento. São em regra mutilantes, abertas, grandes, fraturas, 
contusões nas bordas, perda de substância e cicatrizam por segunda intenção. Em geral, o 
prognóstico é grave quanto à vida ou em hipótese mais benigna, quanto à importância de um 
dano, incapacitando para o trabalho, deformando, inutilizando membro etc.
Na perícia, o aspecto da escoriação é suficiente para indicar se o ferimento foi feito num indivíduo vivo ou num 
cadáver. Permite também conclusões quanto ao objeto usado e a natureza do atentado. As escoriações produzidas no 
vivo formam crosta. No cadáver são lisas e muito semelhantes ao aspecto de couro ou de pergaminho
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ASFIXOLOGIA M„DICO-LEGAL
É a parte da Medicina Legal que trata das asfixias. No Código Penal Brasileiro, art. 61, inciso II, letra "d", diz que 
o emprego da asfixia como meio de produzir a morte constitui circunstância agravante do crime, pela crueldade de que 
se reveste este recurso. O termo asfixia, significa não pulsar, termo etnologicamente inadequado, devendo sua origem 
à antiga concepção de que o pulsar das artérias produzia-se por efeito do ar nelas introduzidas nos movimentos 
respiratórios. A melhor definição de asfixia é a que se denota como a suspensão da função respiratória por qualquer 
causa que se oponha à troca gasosa, nos pulmões, entre o sangue e o ar ambiente.
Sob o contexto clínico, podem 
apresentar-se em duas fases: 1) de 
irritação e 2) de esgotamento. Na fase de 
irritação, ocorre dispnéia inspiratória (1 
minuto = consciência) e dispnéia 
expiratória (30 segundos = inconsciência e 
convulsões). Na fase de esgotamento, 
ocorre a pausa (morte aparente) e o 
período terminal (morte). 
Os principais sinais relacionados a 
asfixia estão listados na tabela ao lado:
ENFORCAMENTO
É a asfixia mecânica em que existe impedimento a livre entrada e saída do ar no aparelho respiratório por uma 
constrição no pescoço feita por laço que é acionado pelo peso da própria vítima. Preso o laço no seu ponto de apoio e 
passando ao redor do pescoço da vítima e esta projetada no espaço. É mais comum nos suicídios, podendo, no entanto, 
ter como etiologia o acidente, o homicídio e a execução judicial.
Mecanismo de ação.
 Natureza do laço: gravata, lenço, toalha, cinta, fio de arame, ramos de árvore (cipó).
 Nó: pode faltar corrediço, frouxo, situado adiante, atrás ou em ambos os lados.
 Ponto de suspensão: prego, batente da porta, porta entre aberta, ramo de árvore.
 Modo de suspensão do laço: completa e incompleta.
Prognóstico. 
Ao longo do enforcamento, alguns fenômenos estão presentes: dor local, interrupção da circulação cerebral: 
zumbido, calor na cabeça, sopros no ouvido, perda da consciência. O tempo necessário para morte varia de acordo com 
as condições de cada caso, em geral de 5 a 10 minutos. 
 Fenômenos respiratórios (anoxemia, hipercapnéia, convulsões)
 Parada respiratória e cardíaca (morte).
Lesões externas. 
 Aspecto do cadáver: cabeça inclinada para o lado contrário do nó, rosto branco ou cianótico, boca e narina 
com cogumelo de espuma, língua e olhos procedentes. No enforcamento completo, os membros inferiores estão 
suspensos, e os superiores, colados ao corpo, com os punhos cerrados mais ou menos fortemente.
 Lesões externas: sulco único ou mais de um, com trajeto ascendente que se interrompe no lugar do nó. Este 
sulco pode estar ausente em situações especiais como nas suspensões de curta duração, nos laços 
excessivamente moles ou quando é introduzido, entre o laço e o pescoço, um corpo mole. Nos sulcos dos 
enforcados, também podemos evidenciar os seguintes sinais:
 Sinal de Ponsold: livores cadavéricos, em placas, por cima e por baixo 
das bordas dos sulcos.
 Sinal de Thoinot: zona violácea ao nível das bordas do sulco;
 Sinal de Azevedo Neves: livores puntiformes por cima e por baixo das 
bordas do sulco;
 Sinal de Neyding: infiltrações hemorrágicas puntiformes no fundo do 
sulco;
 Sinal de Ambroise Paré: pele enrugada e escoriada do fundo do sulco;
 Sinal de Lesser: vesículas sanguinolentas no fundo do sulco;
 Sinal de Bonnet: marcas da trama do laço.
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Lesões internas. 
 Sinais locais: Lesões da parte profunda da pele e da tela subcutânea do pescoço (sufusões hemorrágicas e
equimoses, por exemplo);
 Lesões dos vasos: Sinal de Amussat (secção transversal da túnica íntima da artéria carótida comum ao 
nível de sua bifurcação); Sinal de Etienne Martin (desgarramento da túnica externa); Sinal de Friedberg 
(sufusão hemorrágica da túnica externa da artéria carótida);
 Lesão do Aparelho Laríngeo (fraturas da cartilagem tireóide e da cricóide, bem como do osso hióide);
 Lesões da coluna vertebral (fraturas ou luxações de vértebras cervicais).
 Sinais dos planos profundos do pescoço
 Musculares: infiltração hemorrágica dos músculos cervicais (sinal de Hoffmann-Haberda) e rotura 
transversal, e hemorragia do músculo tireo-hióideo (Sinal de Lesser);
 Cartilagens e ossos: fratura do corpo do hióide (sinal de Morgagni-Valsava-Orfila-Roemmer); 
 Fratura das apófises superiores; fratura do corpo (sinal de Helwig); e cricóide - fratura do corpo (sinal de 
Morgagni-Valsava-Deprez);
 Ligamentos: ruptura dos ligamentos cricóideo e tireóideo (sinal de Bonnet) 
 Vasculares: carótida comum - ruptura da túnica íntima em sentido transversal abaixo da bifurcação (sinal 
de Amussat-Divergie-Hoffmann); infiltração hemorrágica da túnica adventícia (sinal de Friedberg); carótidas 
internas e externas - ruptura das túnicas adventícias (sinal de Lesser); jugulares interna e externa -
ruptura da túnica interna (sinal de Ziemke).
 Neurológicos: ruptura da bainha mielínica da bainha do vago (sinal de Dotto).
 Vertebrais: fratura da apófise odontóide do axis (sinal de Morgagni); 
 Fratura do corpo de C1 e C2 (sinal de Morgagni); luxação da segunda vértebra cervical (sinal de Ambroise 
Paré).
 Faríngeo: equimose retrofaríngea (sinal de Brouardel-Vibert-Descoust).
 Laríngeo: ruptura das cordas vocais (sinal de Bonnet).
 Sinais à distância: São sinais encontrados nas asfixias em geral, como congestão polivisceral, sangue fluído e 
escuro, pulmões distendidos, equimoses viscerais e espuma sanguinolenta na traquéia e brônquios.
Mecanismo da morte por enforcamento.
Hoffmann fundamenta a morte por enforcamento em 3 princípios: 1) Morte por asfixia mecânica; 2) Morte por 
obstrução da circulação: neste caso o mais importante seria a obstrução ao nível das carótidas acarretando 
perturbações cerebrais pela anóxia; 3) Morte por inibição devido à compressão dos elementos nervosos do pescoço: a 
compressão seria principalmente sobre o nervo vago ou o centro respiratório do bulbo. 
Diagnóstico. 
O diagnóstico é feito principalmente na identificação do sulco característico ao nível do pescoço, identificação 
dos fenômenos relacionados com a asfixia, bem como, da posição do cadáver; somando-se a isto, convém estudar e 
analisar a presença das alterações externas e internas já citadas anteriormente.
Prognóstico.

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