Buscar

Penal III AV2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Art. 121 do CP: 2. Objetividade jurídica
É a vida extrauterina, previsão art. 5º, caput, da CF. Basta o início da passagem à luz para caracterizar o homicídio. O parto cessa após a expulsão secundinas (esvaziado o útero e expulsa a placenta), mesmo que não tenha sido cortado o cordão umbilical. Terminada a vida intrauterina, matar o recém-nascido é homicídio. O final da vida é o final da tutela penal. A morte se dá com a cessação concomitante e irreversível das atividades respiratória, circulatória e cerebral. A lei 9.434/97 trata da remoção de órgãos e tecidos para fins de transplantes, é modelo copiado da comunidade europeia. A lei diferencia vida biológica de vida jurídica. A vida biológica termina como fim da atividade cerebral, estado irreversível, independentemente da continuidade da atividade respiratória e circulatória. A morte extingue a personalidade jurídica O corpo pode ser doado ou até vendido para faculdades de medicina, pois houve o término da vida humana biológica.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa pode praticar homicídio. Trata-se de crime comum. O crime é uni subjetivo, ou seja, basta uma pessoa para o crime seja caracterizado, a pluralidade de sujeitos não integra o tipo. Permite concurso eventual de agentes tanto na co-execução (coautoria) quanto na participação. Ex: Assassinato da irmã Doroty – há um mandante (partícipe) e um executor (autor realizou atos de execução), ambos respondente pelo crime na medida de sua culpabilidade.
Sujeito passivo: Sujeito passivo vem identificado pela elementar “alguém”, que é qualquer pessoa (ser vivo nascido de mulher).
Tipo Objetivo: O núcleo do tipo é indicado pelo verbo “matar”, que significa eliminar, ceifar, tirar a vida de pessoa humana. Se há fato típico, antijuridicidade e culpabilidade, há crime.
Conduta “disparar” de A em B à resultado morte em B (3 – há nexo causal / 4 – tipicidade) ß Art. 121 CP.
Homicídio é crime de dano: ataque ao bem jurídico. Contrapõe-se ao crime de perigo que é a exposição do bem jurídico a perigo de dano. É crime de forma livre, ou seja, qualquer meio, ao menos relativamente idôneo, capaz de produzir o evento morte é homicídio. É crime de forma vinculada, pois a lei descreve o único caminho que se pode percorrer para obter o resultado. O homicídio admite tanto a forma comissiva (ação), quanto a omissiva imprópria (comissivo por omissão).
É crime, em regra, comissivo – se pratica por uma ação, excepcionalmente comissivo por omissão (comissivo omissivo ou omissivo impróprio). A omissão é o instrumento empregado para o resultado morte, exige que o agente tenha se colocado na posição de garante ou garantidor.
Crime omissivo puro ou próprio – se esgota por não fazer.
Crime instantâneo de efeitos permanentes. É aquele em que o momento consumativo se destaca da linha do tempo. O agente pratica a conduta e aguarda o evento sob o qual não tem domínio. Efeito irreversível.
Crime permanente – o evento consumativo se prolonga no tempo a critério único e exclusivo do agente. O agente tem o domínio do tempo. Ex: extorsão mediante sequestro
Crime progressivo – conduta viola diferentes graus de um mesmo bem jurídico.
O homicídio é crime material de resultado naturalístico, o resultado é exteriorizado, perceptível aos sentidos. Sempre deixa vestígio. Exige laudo de exame de corpo de delito (art. 158 do CPP). Esse exame é necroscópico e prova pericial objetiva. Não precisa encontrar o corpo, precisa da certeza da ocorrência do crime para que haja julgamento.
Tipo Subjetivo Homicídio doloso
“Animus necandi” ou “animus occidendi” – O homicídio admite todas as formas de dolo (direto, indireto, eventual e alternativo):
Dolo indireto individual – assumir risco;
Dolo indireto alternativo – agente vislumbra mais de um resultado e assume o risco de produzir qualquer resultado
Dolo indireto eventual – não quer produzir o evento morto, porém assume o risco de produzir. Ex: racha.
Elemento volitível é o animus. A tipicidade só pode ser definida quando se sabe o animus.
Homicídio culposo
Forma culposa é a figura do parágrafo 3º. Exceto o homicídio culposo decorrente de trânsito (art. 302 da Lei 9.503/97). O homicídio doloso decorrente de trânsito continua no CP. Trata-se de tipo penal aberto, exigindo do magistrado o exame e o acolhimento da prova da imprudência, negligência ou imperícia geradora do resultado letal. O tipo culposo demanda, pelo órgão de acusação, a prova cabal da culpa, da conduta reputada imprudente, negligente ou imperita. Consumação e tentativa – art. 14, I e II.
Homicídio se consuma com o evento morte. Tentativa não se obtém o resultado morte e ocorre na terceira fase do inter criminis (fase mais rica). Sempre que o resultado não ocorre, pergunta-se o porquê. O animus vai prevalecer. Deve-se verificar se houve o arrependimento eficaz, desistência voluntária ou a tentativa. O importante é a versão que se dá aos fatos e não o fato em si (sem alterar provas, respeitando os limites da ética, pode-se valorar diversamente o fato – disputa entre versões – elemento anímico).
Homicídio privilegiado Art. 121: Privilegiado = § 1º - Pena diminuída em 1/6 a 1/3.
A forma privilegiada do homicídio tem por natureza jurídica causas de diminuição de pena aplicada na 3ª fase. As três formas privilegiadas são subjetivas, ou seja, ligadas à motivação do crime. São excludentes entre si. Não existe homicídio duplamente ou triplamente privilegiado.
Simples = “caput” – Pena de reclusão de 6 a 20 anos
Qualificado = § 2º - Pena de reclusão de 12 a 30 anos. Temos formas subjetivas e objetivas ligadas aos motivos e meios de execução.
Privilegiado - § 1º: Formas do crime privilegiado
Relevante valor social - é um valor que reflete o interesse da coletividade, que revela menor desajuste e diminuta periculosidade do homicida.
Relevante valor moral – refere-se a um interesse de cunho pessoal, que afeta particularmente o agente e que abriga a chamada moralidade media. São motivos considerados nobres e altruístas. Ex: pai que mata o estuprador da filha. Curiosidade: Eutanásia e Ortoeutanásia, na doutrina e na jurisprudência, recebem o tratamento de homicídio privilegiado pelo relevante valor moral.
Domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima Elementos
Emoção – é um estado de ânimo ou de consciência caracterizada por uma viva excitação do sentimento. É um estado de espírito que altera momentaneamente a capacidade de querer, entender, se determinar. Violenta – emoção forte que atrapalha o pensamento.
Atuar sobre o domínio – Domínio ≠ Influência à influência atrapalha o pensamento, o recurso às faculdades mentais. A mera influência de violenta emoção é simples circunstancia atenuante da pena (art. 65 – III, c). Domínio é subtração, a pessoa perde momentaneamente a capacidade de querer entender e determinar-se.
Provocação – a vítima inicia a cena, é a provocação capaz de dominar a emoção do homicida. Logo em seguida – imediatamente. Se for momentaneamente = domínio de violente emoção. Se tiver espaço de tempo é influencia.
Forma qualificada: O acusado irá se defender dos fatos, e não da capitulação do crime apontado. O réu também defende-se da adjetivação dada ao fato, ou seja, da qualificadora. A vingança é o maior exemplo prático de motivo torpe (repugnante).
Art. 121 do CP, § 2º - Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
Qualificadora da torpeza ou do motivo torpe – subjetiva, ligada à motivação do crime
II - por motivo fútil;
Qualificadora subjetiva, relativa ao motivo do crime. Fútil é o motivo insignificante, diminuto, ínfimo. Não existe ausência de motivação. Às vezes não é possível revelar o motivo do crime (sem autoria e materialidade e o réu continua alegando o fato).
Outra corrente diz que, se o nada (ausência) é fútil, é o mesmo que dizer que a ausência de motivo é até mesmo torpe. Assim, o crime é visto como simples, a fim de não desrespeitar a legalidade. Se não há motivo, não há o que se analisar.
III - com empregode veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
Veneno: toda substancia mineral, vegetal ou animal, que introduzida no organismo é capaz de, mediante ação química, bioquímica ou mecânica, lesar a saúde ou destruir a vida. Ex: açúcar é veneno para o diabético, veneno de rato.
Fogo agrava o crime por ser meio cruel.
Explosivo: qualquer corpo capaz de se transformar rapidamente em gás à uma temperatura elevada. Ex: ataques do PCC, caso do Rio Centro na década de 80.
Asfixia: impedimento da função respiratória. Pode ser conseguida por: esganadura (constrição do pescoço com as mãos), enforcamento (constrição do pescoço pelo próprio peso da vítima), estrangulamento (constrição do pescoço com objetos segurados pelo autor), sufocação (travesseiro), soterramento (submersão em meio sólido) e afogamento (submersão em meio liquido).
Tortura: é a imposição de mal desnecessário para causar à vítima, dor, angústia, amargura, sofrimento. Tortura moral é aquela provocada pelo terror. Obs: tortura seguido de morte admite progressão de pena. O homicídio qualificado pela tortura (dolo de matar) não admite progressão de pena.
Outro meio insidioso: é o clandestino desconhecido da vítima. Ex: sabotagem do motor do automóvel.
Outro meio cruel: é o meio bárbaro, aquele que sujeita a vítima à graves e inúteis vexames. Ex: retalhar a vítima.
Outro meio de que possa resultar perigo comum. Perigo comum caracteriza-se quando o agente para a execução do homicídio expõe a perigo de dano a incolumidade pessoal (vida, integridade física e saúde) de número indeterminado de pessoas. Ex: ataques do PCC. É uma qualificadora objetiva ligada ao meio de execução.
À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
Qualificadora da SURPRESA, objetiva relativa ao modo de execução. Situação em que jamais poderia esboçar reação, defender-se.
Traição: ocorre quando essencialmente há quebra de confiança depositada pela vítima em relação ao agente, que dela se aproveita para matar.
 Pressupõe vinculo de confiança pré-existente (pré-constituído) entre as partes; o agente se vale desta confiança – a vítima indefesa não esboçará reação Ex: atirar pelas costas, marido mata mulher durante ato sexual.
Tocaia ou emboscada: sujeito ativo aguarda ocultamente a passagem ou chegada da vítima, que se encontra desprevenida, para atacar. Há o recurso da premeditação.
Dissimulação: disfarce, ocultação, que esconde o propósito delituoso. Quando o agente ocultando o propósito homicida, se aproxima da vítima para ganhar sua confiança para então atacá-la que, desprotegida, não pode esboçar reação. 
Ex: criminoso age com falsas mostras de amizade ou de tal modo que a vítima, iludida não tenha motivo para desconfiar do ataque e é apanhada indefesa. Ex: maníaco do parque.
Recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido. Ex: matar vitima enquanto está dormindo.
Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Qualificadora da conexão, subjetiva relativa à motivação do crime. Há a conexão teleológica (só a primeira figura – assegurar a execução de outro crime). 
Ex: mata para executar outro crime. A prática do outro crime não é pressuposto da qualificadora, é somente a garantia. A prova a ser produzir é quando na execução do homicídio, o motivo era para executar outro crime. Na conexão consequencial, o homicídio é consequência de outro crime. O homicídio é praticado para assegurar a: ocultação, impunidade (queima de arquivo) ou vantagem do crime anterior.
Todas as figuras do homicídio qualificado, bem como do homicídio simples, quando praticado por grupo de extermínio (torpe – torpeza qualifica o homicídio), conforme a Lei 8.930/94 que alterou a Lei 8.072/90, o tornam hediondo.
Meio cruel, perigo comum e surpresa à qualificadoras objetivas (meios e modos de execução); Torpe, fútil e conexão à qualificadores subjetivas (motivação)
I – Torpe
II – Meio cruel
III – Fútil
IV – Perigo comum
V – conexão
IV – Surpresa
Possibilidade de Homicídio qualificado e, ao mesmo tempo, privilegiado
Homicídio híbrido: É a possibilidade de cumular uma forma privilegiada (subjetiva-motivação) ou uma ou mais qualificadoras objetivas (meio ou modo de execução). Perdem o atributo da hediondez porque na concomitância entre algo de cunho subjetivo (motivação) e algo de cunho objetivo (meio ou modo de execução), prevalece sempre aquele (subjetivo). A parte subjetiva não é hediondo. Ex: pai que mata estuprador da filha
Agir por vingança é torpeza (qualificadora subjetiva). Pode-se dizer, ainda, que o crime é privilegiado pelo relevante valor moral e social. Porém, o crime não pode ser privilegiado e qualificado ao mesmo tempo, pois se tratam de elementos subjetivos e não há cumulação neste caso. Possível resultado: Art. 121, § 2º, I (torpe) e IV (surpresa) – 14 anos e regime fechado ; Possível resultado: Art. 121, § 1º - 4 anos e regime aberto
Parágrafo 5º do art. 121 – Perdão judicial: No homicídio, só cabe no parágrafo 3º - só se concede perdão judicial ao homicídio culposo. É causa extintiva da punibilidade. Arts. 107, IX e 120, CP. Natureza jurídica da sentença que concede o perdão judicial: é meramente declaratória, conforme Súmula 18 do STJ. O Estado perdeu o direito de punir.
Infanticídio
Sujeito Ativo: somente a mãe. É crime próprio, uni subjetivo e que admite concurso de agentes. O infanticídio, crime próprio, admite concurso de pessoas? Sim, quer na execução, quer na co-execução.
Se um homem ajudar a mãe a cometer o infanticídio, este terá cometido que crime? Há uma lacuna na lei, pois infanticídio tem sujeito determinado. Neste caso, ambos responderam pelo crime de infanticídio. Há dois fundamentos no conflito de tipificar a conduta:
À Adoção da teoria unitária ou monista: unicidade de crime e pluralidade de agentes. (art. 129 do CP). Todos os agentes são condenados pelo mesmo crime. Se um dos acusados recorrer, a decisão alcança os demais acusados. Há incomunicabilidade das elementares de caráter pessoal (subjetivas) quando integram a esfera de conhecimento dos agentes (art. 30 do CP).
Sujeito passivo: nascente ou neonato (quem mata durante o parto, mata o nascente).
Não admite a forma omissiva imprópria. Apenas para familiarizar, ao se falar em omissivo impróprio, fala-se também em comissivo por omissão e comissivo-omissivo. A omissão não se esgota em si mesmo, é omissão para produção de um evento. Há certa confusão entre estado puerperal e depressão pós parto. A depressão pós parto de amolda ao homicídio.
Estado puerperal: após o parto é o fenômeno biopsicológico, é reação hormonal que desencadeia uma reação psicológica. Domina o pensamento da mãe e esta perde parcialmente a capacidade de pensar. A vida pregressa leva a essa reação, ou seja, o abalo na vida durante a gravidez é fator gerador dessa reação. Pode ser alegado a qualquer momento. Verifica-se a intensidade do estado puerperal e não a duração. Alguns países consideram o estado puerperal em até 15 dias após o parto.
Art. 134 – Exposição ou abandono de recém-nascido
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria: Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - detenção, de um a três anos.
§ 2º - Se resulta a morte: Pena - detenção, de dois a seis anos.
1. Objeto jurídico: Concluí-se da redação do dispositivo a intenção do legislador de tutelar a segurança da integridade física e da própria vida do recém-nascido. A doutrina compreende que o texto do caput é redundante porque o ato do abandono também implica na exposição. Contudo, ao que parece isso não prejudica a incidência da norma, que quer coibir justamente o ato de deixar o recém-nascido sem assistência, subtraindo-lhe as cautelas necessárias para sua própria segurança. A circunstância do abandono exigeque o neonato fique exposto a situação concreta de risco, sem embargo à presunção absoluta no sentido de que, por suas próprias forças, ele estará indefeso em qualquer cenário de risco no qual for deixado.
Pelas penas cominadas, concluí-se que o delito do artigo 134 é uma modalidade privilegiada em relação à conduta prevista no artigo 133, ambos do Código Penal. Para sua materialização, no entanto, há exigência que a exposição do recém-nascido seja motivada para ocultar desonra própria do autor do fato, sendo que a parte final do dispositivo também acaba por definir o sujeito ativo (a pessoa que pode ter sua honra impugnada), bem como a vontade específica do autor na prática do ato (a finalidade específica de ocultar a desonra).
2. Sujeito ativo: A lei exige que o autor do fato tenha alguma honra cuja preservação motivaria o abandono do neonato. Daí se deduz que ele pode ser a mãe do infante, quando a concepção advier de relação ilegítima ou de adultério, assim como o pai da criança cuja concepção faria prova conclusiva de sua infidelidade, enquanto casado ou comprometido com outra pessoa que não a mãe da vítima.
Sem embargo, há também entendimento de parte da doutrina (p. ex. Celso Delmanto, in Código Penal Comentado) no sentido de que apenas a mãe do recém-nascido teria desonra a ocultar nessa hipótese, pelo que somente ela poderia ser considerada autora do crime.
Sustenta-se que a prostituta não pode ser considerada autora do crime do artigo 134 do Código Penal, porquanto a natureza da sua atividade já lhe impõe situação vexatória. Então a ela remanesceria a incidência do artigo 133, da lei penal.
3. Sujeito passivo: É o recém-nascido, o que ainda não perdeu o cordão umbilical, sendo este o critério científico. A ampliação do entendimento sobre o momento até quando a vítima seria considerada recém-nascida, que para o senso comum ultrapassa dito instante, não obstante aparentemente plausível, poderia restar impedida pela circunstância de que a concepção desonrosa não poderia ser mantida clandestina por muito tempo, já que logo a criança seria vista por terceiros, por isso se afigura razoável vincular a incidência deste artigo ao conceito científico, aplicável na espécie.
4. Elemento subjetivo: O dolo está no ato livre e consciente da exposição do recém-nascido a situação de abandono e risco, cumulada com a crença do autor de que tal conduta salvará sua própria honra. Não há modalidade culposa para o crime.
Se o nascimento da vítima não foi sigiloso, não há mais como ocultar a desonra, pelo que não se cogita a prática do crime do artigo 134 do Código Penal, remanescendo, contudo, a hipótese do artigo 133 deste.
5. Consumação e tentativa: Para a consumação do crime do artigo 134 do Código Penal basta a exposição do recém-nascido a algum perigo, sem a necessidade de que a lesão decorrente do risco efetivamente ocorra. Aliás, caso esta se efetive, incidirá uma das modalidades qualificadas dos § 1.º e 2.º do dispositivo.
6. Modalidades qualificadas dos §§ 1.º e 2.º do artigo 134 do Código Penal; As formas qualificadas do abandono de recém-nascido ficam caracterizadas nas ocasiões em que o resultado da conduta ultrapassa o limite da simples exposição ao risco, advindo então um dano concreto à vítima, que resulte na lesão corporal ou na morte dela.
Nessas ocasiões é exigível do autor do fato a previsibilidade do resultado mais grave, já que se configuram modalidades preterdolosas do crime.
7. Ação penal: A ação penal é pública incondicionada, já que inexistente disposição em sentido diverso. Na hipótese do artigo 134, caput, a competência para julgamento do crime é do Juizado Especial Criminal, em razão do disposto no artigo 61 da Lei n.º 9.099/95, e o enquadramento da conduta no § 1.º autoriza apenas a suspensão condicional do processo, pelo disposto no artigo 89 da Lei dos Juizados Especiais.
Art. 133 – Abandono de incapaz
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono: Pena - detenção, de seis meses a três anos.
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.
III - se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.
1. Objeto Jurídico: O bem jurídico tutelado na hipótese é a segurança da saúde e da vida da pessoa que não pode, por suas próprias forças, defender-se das adversidades resultantes do abandono praticado pelo seu responsável.
Para coibir dito desamparo a lei descreve como criminoso o ato de abandonar, largar, soltar etc. a pessoa que se mostra incapaz de garantir a própria segurança, que deveria ser garantida pelo seu responsável.
A materialidade do crime também exige a demonstração de uma situação concreta de perigo, pois não há uma presunção legal de incapacidade de defesa na hipótese. Desse modo, é a apreciação do caso concreto que levará ao reconhecimento do efetivo abandono do incapaz. A prática do delito pode se dar por uma ação do autor (quando o responsável leva a vítima a um determinado lugar e a abandona lá) como também por omissão (ao deixar a vítima em determinado local ausentando-se dali o autor do fato a fim de expô-la a perigo). Não é apenas um deslocamento espacial/geográfico entre o autor e o ofendido que configura o crime, materializando-se ele também quando agente deixa de prestar o devido cuidado ao indefeso, mesmo mantendo-se próximo a ele.
É um crime próprio pelas condições particulares do sujeito ativo e passivo.
2. Sujeito ativo: Sujeito ativo pode ser aquele que tem a vítima sob seus cuidados.
Isso pode ocorrer em situações excepcionais, que, quando ausentes, não motivam para qualquer responsabilidade sobre o ofendido (p. ex. enfermeira com relação ao seu paciente, a esposa quanto aos cuidados com o marido adoentado ou situação inversa etc.). O sujeito ativo será também o que mantém a vítima sob sua guarda, caracterizando-se esta por uma dependência contínua do ofendido com o autor do delito.
Inclui-se como sujeito ativo do delito o que mantém a vítima sob sua vigilância, a pessoa a quem foi incumbida a segurança pessoal da vítima. Também poderá ser autor do delito o que tem a vítima sob sua autoridade, em decorrência de um vínculo familiar (p. ex. pai ou mãe com relação aos filhos submetidos ao poder familiar) ou funcional (p. ex. autoridade policial com relação ao prisioneiro sob sua custódia).
3. Sujeito passivo: Pode ser qualquer pessoa que se encontre sob os cuidados, a guarda, a vigilância ou a autoridade do autor do fato, e que se mostre indefesa, efetivamente incapaz de garantir sua vida ou segurança diante dos riscos do abandono.
Obs.: A norma penal não exige uma correlação desta incapacidade com aquela necessária para os atos da vida civil, prevista no Código Civil. Então, é comum enquadrar nesta situação os submetidos ao poder familiar, à tutela e à curatela, assim como os idosos, os doentes, os portadores de necessidades especiais etc. (mesmo quando civilmente capazes), cuja garantia da própria segurança é exigida de outrem.
4. Elemento subjetivo: Constitui-se na vontade consciente do autor de abandonar a pessoa posta sob sua responsabilidade, expondo-a a risco em face do qual ela não pode oferecer defesa. Se o autor compreender, na situação concreta, que o ato praticado não implica em abandono, ou que o ofendido terá capacidade para subjugar a situação de risco, quando de fato este não tem, compreende-se na hipótese a ocorrência de erro de tipo, na forma do artigo 20 do Código Penal.
Obs.: Se verificado o dolo do autor com relação ao resultado mais grave, então o fato deve ser compreendido como lesão corporal grave ou homicídio, conforme as consequências (artigo 129 ou 121, ambos do Código Penal)Não há previsão do delito na modalidade culposa.
5. Consumação e tentativa: O delito se consuma quando do efetivo abandono do incapaz, cogitando-se a tentativa quando, depois de iniciada a atuação do autor, algum evento o impeça de abandonar a vítima. Cogita-se que na prática por omissão a tentativa do crime não é possível.
6. Crimes qualificados: As formas qualificadas do crime, previstas nos §§ 1.º e 2.º do artigo 133 do Código Penal encerram figuras penais preterdolosas (dolo no antecedente e culpa no consequente), impondo-se que sejam previsíveis pelo autor para que incidam na hipótese.
6.1. Abandono que resulta em lesão corporal de natureza grave: as hipóteses dos §§ 1.º e 2.º do artigo 129 do Código Penal devem orientar o intérprete na identificação da gravidade da lesão, para o enquadramento adequado do §1.º do dispositivo em comento.
6.2. Abandono que resulta em morte: Se da exposição a perigo sobrevier a morte do abandonado, que não era pretendida, mas poderia ser prevista, então incidirá a sanção prevista no § 2.º do artigo 133 do Código Penal.
7. Causas de aumento de pena: O agravamento da pena opera-se em nas hipóteses previstas no caput, §§ 1.º ou 2.º do artigo 133 do Código Penal, impondo-se o aumento da pena em um terço (1/3) quando verificadas na hipótese.
7.1. Abandono efetuado em lugar ermo: O lugar ermo é aquele isolado, pouquíssimo frequentado, o que acaba por dificultar eventual localização do ofendido ou a própria busca dele por socorro.
7.2. Se o agente é ascendente, descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima: A lei determina especial rigor à sanção das pessoas indicadas no inciso II do § 3.º do artigo 133 do Código Penal por se compreender exigível delas maior zelo delas em face do ofendido, em razão de uma maior solidariedade exigida do autor em face da vítima.
Obs.¹: É de se reconhecer que causa de aumento prevista neste parágrafo afasta a agravante do artigo 61, inciso II, aliena “e”, do Código Penal, a fim de se evitar o proibido bis in idem.
Obs.²: Compreende-se também que, caso a autoridade do autor sobre o ofendido, prevista no caput do artigo, decorra do exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela, não se poderá cogitar a causa de aumento prevista no debatido inciso II, pois a circunstância determinante de sua aplicação já integrou na hipótese um dos elementos do delito, do contrário isso também resultaria em bis in idem.
8. Ação penal: É pública incondicionada, admitindo-se a suspensão condicional do processo apenas nas hipóteses do caput e § 1.º.
A tortura-castigo está prevista no inciso II do artigo 1º da Lei 9.455/97:
Art. 1º, II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
A tortura-castigo configura-se por causar intenso sofrimento físico ou mental. Assim, é necessário que o delegado tente apurar a intensidade do sofrimento, da mesma forma como promotor de justiça e juiz deverão comprová-la na denúncia e sentença, respectivamente. Assim não sendo possível, ou seja, se não houver comprovação do intenso sofrimento o caso amolda-se no crime de maus tratos.
Maus-tratos
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. A diferença da tortura para o crime de maus-tratos, do art. 136, do CP, está exatamente na intensidade do sofrimento da vítima.
LENOCÍDIO
Mediação para servir a lascívia de outrem: Art. 227 – Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem: Pena – reclusão, de um a três anos.
§ 1o Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda: Pena – reclusão, de dois a cinco anos.
§ 2º – Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude: Pena – reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspondente à violência.
§ 3º – Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. EXTORSÃO (art. 158)
O crime de extorsão é o crime de constrangimento ilegal (art. 146) acrescido da intenção de obter vantagem econômica indevida. O crime de extorsão é um crime complexo, porque é formado pela reunião do crime de constrangimento ilegal mais o propósito de obter vantagem econômica indevida, mediante violência ou grave ameaça.
 Sujeito ativo: Qualquer pessoa pode praticá-lo, o sujeito ativo não é especificado, assim, o crime de extorsão é um crime comum.
 Sujeito passivo: O sujeito passivo é a pessoa que é constrangida. Trata-se de um crime com dupla objetividade: o constrangimento que ofende a liberdade individual da vítima e a ofensa ao patrimônio da mesma.
 Conduta típica: A conduta típica é constranger que significa coagir, obrigar, compelir, forçar a vítima a fazer ou não alguma coisa. O constrangimento é feito através de dois meios: emprego de violência (vis absoluta, força física) ou grave ameaça (vis relativa/ compulsiva, promessa de causar algum mal).
 Elemento subjetivo: Intenção/ intuito de obter vantagem econômica indevida para si ou para outrem. A lei fala em vantagem econômica indevida, assim, se a vantagem visada pelo agente for devida não caracteriza o crime de extorsão, podendo caracterizar o crime do art. 345, que é o crime de exercício arbitrário das próprias razoes, em que o sujeito faz justiça com as próprias mãos. Se a vantagem visada não for de natureza econômica, também não configurará o crime de extorsão, mas de constrangimento ilegal. O sujeito ativo exige uma conduta da vitima: fazer ou não fazer, ou permitir que seja feita determinada coisa.
 Consumação: A Súmula 96 do STJ diz que o crime de extorsão se consuma independentemente da obtenção de vantagem indevida pelo agente. Assim, não há necessidade de que de fato o agente obtenha indevida vantagem econômica, basta a pratica da conduta com esta intenção. A questão é: o crime de extorsão se consuma quando a vítima realiza o comportamento positivo ou negativo exigido pelo agente ou quando o agente constrange a vítima a praticar determinada conduta? Existem algumas decisões em que o crime de extorsão se consuma com a pratica do constrangimento do agente em relação à vitima, mas há entendimento dominante de que o crime se consuma quando a vítima realiza o comportamento exigido pelo agente, com a pratica da conduta pela vítima obrigada pelo agente.
 Aumento da pena: §1º - o crime praticado por 2 ou mais pessoas ou com emprego de arma, aumenta a pena de 1/3 à metade. Tudo o que foi falado no roubo no caso do emprego de arma, se aplica também à extorsão. Contudo, no mínimo, deve haver 2 autores, não bastando um autor e um partícipe, como no roubo.
Exemplo: indivíduo aponta arma, sobre ameaça de morte, e determina que a vitima entregue a coisa. Já é pacifico na doutrina que é crime de roubo, porque a entrega da coisa pela vítima não é imprescindível, pois se ela não entregar o agente a pega. 
Diferença entre Roubo e Extorsão: Critérios de Nelson Hungria:
1º No roubo, a coisa é retirada, enquanto na extorsão a coisa é entregue;
2º No roubo, a vantagem visada pelo agente é imediata, enquanto na extorsão a vantagem visada é futura;
3º No roubo, a obtenção da vantagem pelo agente não depende da conduta da vítima, na extorsão, a vantagem visada pelo agente depende da conduta da vitima, ou seja, a conduta da vítima (fazer, não fazer ou tolerar que faça) exigida pelo agente é imprescindível para obtenção da vantagem por ele visada (critério mais importante, que realmente os diferencia)
§2º - aplica-se o §3º do art. 157 (7 a 15 anos se resultar lesão corporal e 20 a30 anos se resultar morte), se a extorsão mediante violência, resulta lesão corporal ou morte.
§3º - Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 a 12 anos, além da multa; / se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente.
1ª parte: se é cometido mediante restrição da liberdade da vítima e essa condição é necessária para obtenção da vantagem econômica (6 a 12 anos). É conhecido como sequestro relâmpago. É uma qualificadora. O STF e a maioria entende que é concurso material entre roubo e extorsão, já o STJ entende que é concurso formal.
2ª parte: se do sequestro resultar lesão corporal grave ou morte não importa se foi da violência, ameaça, ou emprego de outra coisa, aplica-se as penas de 16 a 24 anos (lesão corporal grave) e 24 a 30 anos (morte), previsto nos §§2º e 3º do art. 159.
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (art. 159)
Extorsão mediante sequestro é diferente de extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, pois esta exige conduta ou vantagem da vítima sequestrada, enquanto na extorsão mediante sequestro, o agente sequestra uma pessoa e exige de outra a vantagem/conduta para libertar a vítima. É crime complexo, formado por 2 crimes: sequestro + extorsão (crime autônomo).
Conduta típica: Sequestrar pessoa com o fim de obter para si ou para outrem qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate.
Sequestrar - privar a liberdade de ir e vir de pessoa determinada, mediante violência, grave ameaça ou qualquer outro meio.
Qualquer vantagem - patrimonial ou não patrimonial? Há entendimento majoritário de que só a vantagem patrimonial, já que a extorsão é considerada crime patrimonial pelo Código Penal. Exemplo: sequestro de filho de diretor de presídio com a exigência de colocar determinados presos em liberdade como condição. Se entender que a vantagem deve ser só patrimonial não pode ser considerado crime de extorsão mediante sequestro, apenas crime de sequestro (art. 148).
Condição ou preço do resgate: só vantagem econômica. Contudo, diante dessas hipóteses, há quem entenda que pode ser vantagem não patrimonial também.
Vantagem devida ou indevida: o entendimento dominante é que a vantagem deve ser indevida, mas alguns entendem que pode ser tanto devida quanto indevida.
 Sujeito passivo: O sujeito passivo é a pessoa sequestrada e a pessoa que é exigida a vantagem, como condição ou preço do resgate.
 Objetividade jurídica: Há dupla objetividade jurídica: proteger a liberdade individual e o patrimônio.
 Consumação: É crime formal. Se consuma com o sequestro da pessoa. Não é preciso que o agente obtenha vantagem, nem é preciso que seja feita a exigência, basta a finalidade de fazê-la.
Meio de execução: O meio de execução é o sequestro e a exigência de outra pessoa.
Circunstâncias qualificadoras (pena: 12 a 20 anos): § 1º - Se o sequestro dura mais de 24 horas, se o sequestrado é menor de 18 ou maior de 60 anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Se o sequestro dura mais de 24 horas. Termo inicial: do inicio do sequestro até o momento em que a vitima é libertada. O resgate não tem nada haver com o prazo. Se o sequestrado é menor de 18 anos ou maior de 60 anos.
Se o crime é praticado por bando ou quadrilha (art. 288 – associação de no mínimo 4 pessoas para a prática de crimes – associação permanente, estabilidade, crime indeterminado), se associa para a prática de crimes determinados é concurso eventual de pessoas (mais de 1 pessoa). Exemplo: 4 pessoas se associam para roubar. Exemplo: 4 pessoas se associam de forma permanente, com estabilidade, para a prática de crimes. Não é preciso que pratique fato efetivamente, não precisa praticar crime, basta a associação com os referidos requisitos para caracterizar o crime de bando ou quadrilho, previsto no art. 288.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave (pena de 16 a 24 anos).
Se do sequestro resultar lesão corporal de natureza grave (dolosa ou culposa), conforme §§1º e 2º do art. 129 do CP, a pena é de 16 a 24 anos. A lesão corporal deve recair sobre a pessoa sequestrada.
§ 3º - Se resulta a morte (pena de 24 a 30 anos)
Se do fato resulta morte sobre a pessoa sequestrada, a pena aumenta para 24 a 30 anos.
Todas as modalidades de extorsão mediante sequestro são hediondas!
 Delação eficaz: § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de 1/3 a 2/3. Deve haver delação de um dos participantes do crime + a libertação do sequestrado. Se não houver a libertação da vítima, não há diminuição da pena.
Obs.: se existir mais de uma qualificadora no mesmo crime, aplica-se somente uma, a que mais aumente a pena.
O art. 9º da lei 8.072/90 (crimes hediondos), dispõe que as penas do crime de extorsão mediante sequestro são aumentadas de ½, respeitado o limite máximo de 30 anos, estando a vítima (pessoa sequestrada) em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 do Código Penal. Este referido artigo estabelecia uma presunção de violência em 3 situações: a) quando a vítima não é maior de catorze anos; b) é alienada ou débil mental, e o agente conhecia esta circunstância; c) não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência. Com a reforma no capítulo de crimes sexuais, este artigo foi revogado pela Lei nº 12.015, de 2009, mas, esta lei não revogou o art. 9º da lei 8.072/90. Desse modo, questiona-se: aplica-se essas causas do art. 9º ou não? Alguns autores sustentam que não devem ser aplicadas, pois o art. 9º faz alusão expressa ao art. 224, que foi revogado. Por outro lado, o art. 9º não foi revogado e apenas incorporou as causas do art. 224 do CP como causas de aumento de pena para crime de extorsão mediante sequestro, pouco importando a revogação deste. Entretanto, ainda não há decisão/jurisprudência neste sentido.
Classificação doutrinária: crime comum, material, de forma livre, instantâneo, comissivo (em regra), unissubjetivo e plurissubsistente.
Núcleo do tipo: é o lenocínio. A conduta do caput consiste em induzir (convencer, incutir a ideia) em alguém, maior de 18 (dezoito) anos, a satisfazer a lascívia (o desejo sexual) de outrem (e não a própria). O beneficiado (outrem) deve ser pessoa determinada, caso contrário, o crime será o do art. 228 (favorecimento à prostituição). Ademais, se a vítima receber alguma contraprestação, o crime também será o do art. 228 do CP.
Sujeitos ativo e passivo: qualquer pessoa. Se a vítima for maior de 14 (catorze) ou menor de 18 (dezoito) anos, o crime será qualificado (art. 227, § 1º). Também incidirá a qualificadora se o agente é, em relação à vítima, seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda. O terceiro beneficiado pela conduta do proxeneta não responde pelo delito.
Pessoa determinada: Uma característica fundamental do delito de mediação para servir à lascívia de outrem, inserida no núcleo do tipo, é que a pessoa ofendida – vítima – seja determinada. (TJMG, Ap. Cr. 0698132-88.2004.8.13.0479, Relatora Desembargadora Jane Silva, j. 16.06.2005). Vítima menor de 14 (catorze) anos: há previsão específica, no art. 218 do CP.
Consumação: por ser crime material, só se consumará no momento em que a vítima praticar o ato com o intuito de satisfazer a lascívia de outrem.
Elemento subjetivo: é o dolo. Não se pune a forma culposa.
Ação penal: o art. 227 não é alcançado pelo art. 225 do CP, que só se aplica aos Capítulos I e II do Título VI. Diante do silêncio da lei, aplica-se a regra: ação penal pública incondicionada.
Suspensão condicional do processo: na figura do caput, é possível: Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo,por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (Lei 9.099/95, art. 89).
Transação penal (Lei 9.099/95, art. 76): Incabível a incidência ao caso - crime de mediação para servir a lascívia de outrem – das regras da transação penal, já que tal instituto é restrito aos procedimentos que tramitam perante os Juizados Especiais, logo, que dizem respeito a delitos de menor potencial ofensivo, cuja pena máxima seja de até 02 anos (TJMG, Ap. Cr. 0356848-88.2001.8.13.0024, Rel. Des. Delmival de Almeida Campos, j. 21.10.2009).
Pessoa já prostituída: não pode ser vítima do delito, pois não é necessário que o agente a convença para que aceite satisfazer a lascívia de outrem. Para Capez (CP Comentado), exclui-se o inteiramente corrompido (dentre as possíveis vítimas), pois, no caso, não há necessidade de induzir, persuadir aquele para satisfazer a lascívia de outrem.
Figura qualificada (§ 1º): se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda, a pena salta de um a três anos para dois a cinco anos. Apesar da clareza do dispositivo, atenção: se a vítima for menor de 14 (catorze) anos, o crime será o do art. 218 do CP.
Figura qualificada (§ 2º): a pena também é mais alta se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude. Quanto à violência ou grave ameaça, caso o seu emprego se dê com o intuito de constranger a vítima a ter conjunção carnal ou a praticar ato libidinoso diverso, o crime será o de estupro (CP, art. 213).
 Outra característica a ser levada em consideração ao se distinguir os crimes dos artigos 213 e 227, § 2º, é o consentimento da vítima – enquanto, neste crime em estudo, ele está presente, ainda que minimamente, no estupro ele é inexistente. Outro ponto interessante é a redação do preceito secundário do dispositivo: reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspondente à violência. Ou seja, além do crime do art. 227, § 2º, o agente também responderá pelo delito equivalente à violência empregada (ex.: lesão corporal, do art. 129 do CP). Ademais, a forma qualificada também pode ocorrer pela fraude, pelo emprego de artifício que induza a vítima a erro, reduzindo o seu consentimento.
Forma qualificada (§ 3º): o crime também é qualificado se o proxeneta age com o intuito de obter lucro. O crime se consuma ainda que a vantagem não seja recebida. Além da pena do caput, incide também a pena de multa. Trata-se do intitulado lenocínio questuário ou mercenário.
Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual
Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1o Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.
§ 2º – Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude: Pena – reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspondente à violência.
§ 3º – Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.
Classificação doutrinária: crime comum, material, de forma livre, instantâneo ou permanente, comissivo, unissubjetivo e plurissubsistente.
Núcleos do tipo: de antemão, frise-se: o art. 228 é hipótese de tipo penal misto alternativo. Ou seja, se o agente pratica mais de um dos verbos descritos no dispositivo em um mesmo contexto fático, apenas um crime é praticado. São formas de se praticar o delito: a) induzir: é dar a ideia, inspirar; b) atrair: é o aliciamento; c) facilitar: é o afastamento das dificuldades entre a vítima e a prostituição (ex.: encontrar clientes). Nestas três primeiras hipóteses, a vítima ainda não está prostituída; d) impedir: é o mesmo que vedar, obstar; e) dificultar: é a imposição de obstáculos. Nas duas últimas hipóteses, a vítima é prostituta e pretende abandonar o ofício, mas é impedida pelo agente. Seja qual for o verbo, a conduta consiste em introduzir a pessoa à prostituição (ou outra forma de exploração sexual) ou nela mantê-la.
Sujeitos ativo e passivo: qualquer pessoa. Quanto à vítima, sendo menor de 18 (dezoito) anos, enferma ou deficiente mental, e esta condição lhe retirar o necessário discernimento para a prática do ato sexual, o crime será o do art. 218-B do CP. O terceiro beneficiado não responde pelo delito. Vítima menor de 18 (dezoito) anos: o crime será o do art. 218-B do CP.
Vítima já prostituída: Verifica-se, portanto, já ser A. Pessoa prostituída antes mesmo de iniciar suas atividades no estabelecimento mantido pelo réu, sendo, então, atípica a conduta. Isto porque tem-se como sujeito passivo do delito previsto no art. 228 do Código Penal a pessoa ainda não entregue ao comércio sexual. O que se busca impedir é o ingresso do indivíduo na prostituição, de forma que, já sendo pessoa prostituída, não pode ser atraída ou induzida à atividade que já exerce. (TJSP, Ap. Cr. 0000639-72.2008.8.26.0043, Rel. Des. Souza Nucci. J. 17.02.2014).
Elemento subjetivo: é o dolo. Não se admite a modalidade culposa.
Pessoa indeterminada: o crime do art. 228 do CP é residual em relação ao do art. 227. Isso porque, se a indução à satisfação da lascívia for em benefício de pessoa determinada, e desde que não exista contraprestação, deve o crime do art. 227 prevalecer em detrimento do art. 228. Contudo, se a vítima for induzida a um número indeterminado de pessoas, o crime será o do art. 228.
Consumação e tentativa: há grande polêmica sobre o tema. Na modalidade outra forma de exploração sexual, não há discussão alguma, pois a exploração pode se dar em uma única oportunidade (não é necessária, portanto, a habitualidade).
 Contudo, em relação à prostituição, discute-se a necessidade de sua habitualidade. Para esclarecer o tema, e considerada a sua complexidade, vejamos a seguir, ponto a ponto, o debate que o envolve. 1º ponto: crime instantâneo ou permanente: nas modalidades “submeter”, “induzir”, “atrair” e “facilitar”, basta que o agente pratique uma única conduta para que o crime esteja configurado, seja em sua forma consumada ou tentada. 
Não é necessária a reiteração, e a sua conduta não se prolonga no tempo. Ex.: o agente leva a vítima, em uma única oportunidade, a um bordel, para a oferta dos seus serviços sexuais. Portanto, crime instantâneo. Quanto aos verbos “impedir” ou “dificultar”, hipóteses em que o agente impõe obstáculos ao abandono da prostituição, enquanto a vítima estiver impossibilitada, por influência dele, de abandonar o seu exercício, o crime estará em execução. Logo, crime permanente. Ex.: o agente ameaça deixar a vítima sem moradia se abandonar a prostituição. Enquanto perdurar a ameaça, e a vítima se sentir impedida de parar de se prostituir, o crime estará em execução, prolongando-se ao longo do tempo a conduta do agente. 2º ponto: consumação e tentativa: para alguns autores, nas modalidades “submeter”, “induzir”, “atrair” e “facilitar”, o crime só se consuma se a vítima passar a se dedicar, habitualmente, à prostituição. Exemplo: o agente convence a vítima a se posicionar em determinada esquina onde, sabe-se, pessoas são oferecidas para programas sexuais. Para parte da doutrina, o crime só se consumará se a vítima passar a, habitualmente, oferecer-se à prostituição, embora tenha havido um único ato do agente (o convencimento no primeiro dia). Em nosso exemplo, e com base neste entendimento, a vítima teria que passar a frequentar habitualmente a “esquina da prostituição” para que o crime se consume. Para esta corrente, se a vítima vier a se prostituir uma única vez,o crime será tentado. Capez:
 “Deve-se consignar, no entanto, que, para a consumação, será necessário que a pessoa induzida passe a se dedicar habitualmente à prática do sexo mediante contraprestação financeira, não bastando que, em razão da indução ou facilitação, venha a manter, eventualmente, relações sexuais negociadas. Assim, o que deve ser habitual não é a realização do núcleo da ação típica, mas o resultado dessa atuação, qual seja, a prostituição da ofendida. Não havendo habitualidade no comportamento da induzida, o crime ficará na esfera da tentativa.” (CP Comentado, p. 798). 
 De qualquer forma, seja qual for o posicionamento adotado, algo não se discute: para a consumação do delito, não é necessário que a vítima venha a, de fato, ter relações sexuais, bastando a oferta à prostituição.
Ação penal: o art. 228 não é alcançado pelo art. 225 do CP, que só se aplica aos Capítulos I e II do Título VI. Diante do silêncio da lei, aplica-se a regra: ação penal pública incondicionada. Figura qualificada (§ 1º): a pena é mais alta se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância.
Figura qualificada (§ 2º): a pena também é mais alta se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude. Quanto à violência ou grave ameaça, caso o seu emprego se dê com o intuito de constranger a vítima a ter conjunção carnal ou a praticar ato libidinoso diverso, o crime será o de estupro (CP, art. 213). 
Outra característica a ser levada em consideração ao se distinguir os crimes dos artigos 213 e 228, § 2º, é o consentimento da vítima – enquanto, neste crime em estudo, ele está presente, ainda que minimamente, no estupro ele é inexistente. 
Outro ponto interessante é a redação do preceito secundário do dispositivo: reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspondente à violência. Ou seja, além do crime do art. 228, § 2º, o agente também responderá pelo delito equivalente à violência empregada (ex.: lesão corporal, do art. 129 do CP). Ademais, a forma qualificada também pode ocorrer pela fraude, pelo emprego de artifício que induza a vítima a erro, reduzindo o seu consentimento.
Forma qualificada (§ 3º): o crime também é qualificado se o proxeneta age com o intuito de obter lucro. O crime se consuma ainda que a vantagem não seja recebida. Além da pena do caput, incide também a pena de multa. Trata-se do intitulado lenocínio questuário ou mercenário.
Art.213 à 229 do CP - Crimes Contra a Dignidade Sexual Estupro “Art. 213.
 Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:88 Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos89. 
§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: 90 Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. § 2º Se da conduta resulta morte: 91 Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. Atentado violento ao pudor Art. 214 – (Revogado pela Lei nº 12.015, de 07.08.09).”
 Objetivo jurídico: liberdade sexual do ser humano (homem ou mulher) Sujeito ativo: tanto o homem quanto a mulher. Saliente-se, no que tange à conjunção carnal, que a mulher pode ser coautora ou participe de um homem.
 Sujeito passivo: Igualmente o homem ou a mulher, pois a lei fala em constranger alguém. 
Tipo objetivo: O núcleo é constranger (força, compelir, obrigar) em primeira figura o constrangimento visa à conjunção carnal (coito vaginal), sendo indiferente que a penetração seja completa ou que haja ejaculação. 
Na segunda figura, o constrangimento visa praticar, ou obrigar a vitima a permitir que com ela se pratique, “outro ato libidinoso” (diverso da conjunção carnal). 
Tipo subjetivo: O dolo elemento subjetivo do tipo, que é o especial fim de agir (para ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso). Na doutrina tradicional é o “dolo especifico”. Não há forma de culpa.
 Consumação: em outras palavras, consuma-se co a introdução, parcial, ou não, do pênis na vagina, ou seja, dá com a sua prática.
 Crime continuado: com há reforma permitiu que existisse sim o crime continuado. Concurso com outros crimes: pode haver concurso com os crimes de aro obsceno (CP, art. 233) e perigo de contágio venéreo (CP, art.130). 
Caso haja de fato transmissão de doença sexual do agente para a vítima, ver art. 234-A, IV, do CP (causa de aumento de pena). As lesões corporais leves são absorvidas, mas as graves configuram a figura qualificada do §1º, primeira parte, deste art. 213.
 Concurso de pessoas: pode haver coautoria ou participação (moral ou material). Na hipótese de conjunção carnal, o homem poderá ter como coautor ou participe uma mulher. Pena: Reclusão, de seis a dez anos. 
Figura qualificadora: Se da conduta do agente resulta lesão corporal de natureza grave, ou se a vítima é menor de 18 anos e maior de 14 anos, independente, neste caso, da violência sexual ter ocasionado lesão corporal grave (CP, art. 129, §§1º e 2º). Se ocorrerem as duas circunstancias, uma qualificara o crime, e a outra será valorada no cálculo da pena. Pena: reclusão, de oito a doze anos. E se do estupro resulta morte da vítima Pena: Reclusão. De doze a trinta anos. 
Violência Sexual mediante fraude 
“Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: 94 Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
 Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.” Sujeito ativo: tanto o homem quanto a mulher.
Sujeito passivo: Igualmente, o homem e a mulher, em face da expressão “com alguém”.
 Tipo objetivo: duas são as figuras incriminadoras: ter conjunção carnal e praticar outro ato libidinoso adverso da conjunção carnal. 
Tipo subjetivo: é o dolo, apontando-se, ainda, o elemento subjetivo do tipo consistente no especial fim de agir (para ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso). Na corrente tradicional é o “dolo especifico”. 
Inexistente forma culposa. 
Consumação: se dá com a conjunção carnal ou a pratica de outro ato libidinoso.
 Tentativa: admite-se, embora de difícil comprovação na prática. Concurso de pessoas: pode haver coautoria ou participação Pena: Reclusão, de dois a seis anos. Obs.: Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também a pena de multa. Ex. A relação transcorre sem emprego de violência e estando a mulher enganada sobre a identidade pessoal do agente, sendo a fraude descoberta somente depois dê consumado o ato. E se a vítima perceber antes e autor vir a usar da força se caracteriza estupro e não o que dispõe o art. 215 do CP Assédio Sexual “Art. 216-A. 
Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função98. Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. 
§ 2º A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos.” 
Objetivo Jurídico: A liberdade sexual, notadamente nas relações de trabalho e educacionais. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, mulher ou homem, desde que seja superior hierárquico da vítima ou tenha ascendência sobre ela, em razão de exercício de emprego, cargo ou função. Sujeito passivo: Qualquer pessoa, mulher ou homem. 
Tipo objetivo: o núcleo é constranger, que tem o sentido de forçar, compelir, obrigar. O constrangimento é no intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual sempre de pessoa hierarquicamente inferior ao autor.
 Tipo subjetivo: O dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de constranger alguém, acrescido do especial fim de agir, ou seja, para obter vantagem ou favorecimento sexual. Na doutrina tradicional, é o “dolo especifico”. Nãohavendo modalidade culposa.
 Concurso de pessoas: pode haver, desde que o coautor ou o participe saiba da superioridade hierárquica ou ascendência do agente sobre a vítima (C, art.30) e da real intenção daquele (CP,art. 29).
 Consumação: Com a efetiva pratica do ato constrangedor, independentemente da obtenção da vantagem ou favorecimento sexual. Trata-se, pois de crime formal. Tentativa: Em tese é possível, sendo a conduta plurissubsistente (p.ex., no envio de um bilhete ou e-mail interceptado), mas de difícil ocorrência na pratica. 
Pena: detenção, de um a dois anos. Causa especial de aumento de pena: Sabendo a vítima da menoridade da vítima, a pena é aumentada de um terço. Pena: do caput, aumentada de um terço.
 Estupro de Vulnerável “Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
 § 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
 § 4o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)” Crime hediondo: O estupro de vulnerável, tanto em suas formas simples quanto qualificadoras, é crime hediondo. Objeto Jurídico: A proteção sexual do vulnerável. 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa Sujeito passivo: Apenas o menos de 14 anos seja menino ou menina. 
Tipo objetivo: São duas as condutas incriminadoras: ter conjunção carnal, meuip.co e praticar outro ato libidinoso. 
Tipo de sujeito: O dolo, consistente na vontade livre e consciente de praticar as condutas incriminadas, sabendo o agente que a vítima é menor de 14 anos. 
Consumação: Com a efetiva prática da conjunção carenal ou de outro ato libidinoso. 
Tentativa: admiti-se Pena: Reclusão, de oito a quinze anos. Equipara-se às condutas do caput as de quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com pessoas, de qualquer idade, que não tenham o necessário discernimento para a pratica do ato, em virtude de enfermidade ou deficiência mental, e por qualquer outra, não possa oferecer resistência. Havendo lesão corporal grave a pena é de reclusão de dez a vinte anos E se houver morte pena de reclusão de doze a trinta anos. 
“Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem: (Alterado pela L-012.015-2009) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos”. Objetivo Jurídico: A proteção sexual do vulnerável menor de 14 anos.
 Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito passivo: Somente o menor de 14 anos.
 Tipo objetivo: o núcleo é induzir
 Tipo subjetivo: O dolo e o elemento subjetivo do tipo contitui pelo especial fin de satisfazer a luxuria alheia, sabendo o agente que a vitima é menor de 14 anos.
 Consumação: Com a efetiva satisfação da luxuria de outrem. 
Tentativa: admiti-se em tese. Pena: Reclusão de dois a cinco anos Satisfação da lascívia mediante presença de criança ou adolescentes.
 “Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: (Acrescentado pela L-012.015-2009) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.” Objetivo jurídico: a proteção sexual da criança ou do adolescente. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa Sujeito passivo: apenas o menor de 14 anos. 
Tipo objetivo: duas são as condutas incriminadoras: praticar na presença de menor de 14 anos e induzir menor de 14 anos a presenciar. O objeto material é a conjunção carnal ou outro ato libidinoso. 
Tipo subjetivo: O dolo, acrescido do especial fim de agir; para satisfazer lasciva própria ou de outrem, sabendo que o menor tem menos de 14 anos. 
Consumação: Com a efetiva satisfação da lasciva própria ou de outrem.
 Tentativa: Admite-se, mas devendo haver cautela para o seu reconhecimento nos casos concretos. Pena: Reclusão, de dois a quatro anos.
 Ação Penal Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação. (Redação dada pela Lei nº 12.015 , de 2009) 
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável. (Incluído pela Lei nº 12.015 , de 2009) Aumento de Pena “Art. 226 - Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte forma:
 I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhecida;
 II - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la; 
III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não veja aquela;
 IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais.” Mediação para servir a lascívia de outrem.
“Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
§ 1º - Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda: (Alterado pela L-011.106-2005) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. 
§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente à violência. § 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.”
 Objeto jurídico: A dignidade e a liberdade sexual Sujeito ativo: Qualquer pessoa, sem diferença de sexo, maior de 14 anos. 
Sujeito passivo: Qualquer pessoa, também sem distinção de sexo. Tipo objetivo: o núcleo é induzir. Concurso de pessoas: Na hipótese de participação apenas secundária ou acessória em outro delito de dignidade sexual. 
Tipo subjetivo: o dolo e o sujeito subjetivo do tipo constituído pelo especial fim de satisfazer a luxuria alheia. Inexistindo modalidade culposa. Consumação: Com a efetiva satisfação da luxuria de outrem, independentemente, porém, deste alcançar o gozo genérico. 
Pena: reclusão de uma a três anos. Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual.
 “Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone: (Alterado pela L-012.015-2009) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
 1º Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: (Alterado pela L-012.015-2009) Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. 
 Art. 227, § 1º, Mediação para Servir a Lascívia de Outrem – 
CP § 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, além da pena correspondente à violência.
 § 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.” 
Objetivo jurídico: a dignidade e a liberdade sexual Sujeito ativo: Qualquer pessoa, homem ou mulher Sujeito passivo: qualquer pessoa maior de 18 anos, sem distinção de sexo. 
Tipo Objetivo: incentivar a pessoa entrar na vida de prostituição Tipo Subjetivo: O dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de induzir, atrair, facilitar, impedir ou dificultar.Consumação: Com o inicio da vitima na prostituição ou na exploração sexual. Tentativa: Admite-se Pena: Reclusão, de dois a cinco anos. 
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente: (Alterado pela L-012.015-2009) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
Objeto Jurídico: A moralidade publica sexual
 Sujeito ativo: Qualquer pessoa, lembrando, porem que não pratica o crime a prostituta que mantém lugar para explorar, ela própria e sozinha, seu comércio carnal. 
Sujeito passivo: A coletividade
Tipo Objetivo: O verbo manter (sustentar, prover, conservar) tem sentido de continuidade, permanecia, reiteração. Por isso exige-se habitualidade na conduta. 
Tipo Sujeito: O dolo e o elemento subjetivo do tipo consistente em manter estabelecimento em que ocorra exploração sexual. 
Consumação: Com a manutenção, que exige habitualidade; o crime é permanente. Tentativa: não se admite. Pena: Reclusão de dois a cinco anos, e multa.t SEMANA 3
Descrição
CASO CONCRETO 
Deyse Neves foi denunciada como incurso no delito tipificado no art. 1º, II, da Lei n.9455/1997, por ter havido, mediante a utilização de uma escova de cabelo de cabo de madeira e correia de cinto, agredido seu filho Wallace, de três anos de idade. Em juízo, confessou a ré ter tido como motivo das agressões físicas o negativa de seu filho em utilizar o banheiro para a realização de suas necessidades, bem como sua “pirraça” ao fazê-las no chão da sala de casa (fls.132/133). Restadas comprovadas autoria e materialidade das agressões e, consectárias lesões à integridade física da criança, o Ministério Público entendeu estarem presentes os elementos configuradores do delito de tortura e não do delito de maus-tratos, previsto no art.136, do Código Penal. Ante o exposto com base nos estudos realizados sobre o tema, indique, fundamentadamente, a correta tipificação à conduta de Deyse Neves, bem como diferencie os delitos supracitados.
A conduta de Deyse é de maus tratos, pois sua atitude foi de correção e não de intenção em machucar ou causar grande sofrimento, se assim fosse seria tortura.
QUESTÕES OBJETIVAS
1. (UNEB - 2014 - DPE-BA - Estágio Jurídico - Defensoria Pública)
“Uma criança de um 1 ano e 9 meses morreu após ser atropelada pelo próprio pai na zona sul de Porto Alegre, no início da tarde desta segunda-feira (30). Conforme a Polícia Civil, o pai, de 31 anos, estava saindo de ré da garagem de casa e não viu o menino, que foi atingido pelo veículo. O atropelamento aconteceu na Rua Dona Mariana, na Restinga. A criança foi encaminhada para o Hospital Moinhos de Vento da Restinga, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. A Delegacia de Trânsito instaurou inquérito para investigar o caso. O pai e um tio da criança, que presenciou o ocorrido, prestaram depoimento durante a tarde”.
Na hipótese narrada, o pai da criança responderá criminalmente por:
a) lesão corporal seguida de morte.
b) lesão corporal seguida de morte, na hipótese preterdolosa.
c) homicídio culposo, porém será possível a extinção da punibilidade pelo perdão judicial.
d) homicídio culposo, porém será possível a extinção da punibilidade pelo perdão do ofendido.
e) homicídio culposo e lesão corporal culposa, porém será possível a extinção da punibilidade pelo perdão do ofendido.
2) Sobre os crimes de abandono de incapaz e exposição ou abandono de recém-nascido, analise as assertivas abaixo:
I. o delito de exposição ou abandono de recém-nascido, em face da pena, admite a transação penal prevista na Lei n.9099/1995 – Juizados Especiais Criminais.
II. consumam-se com a efetiva exposição ou abandono, desde que resulte perigo concreto à vida ou à saúde da vítima.
III. em relação ao sujeito ativo do delito configuram delitos especiais próprios. 
IV. o delito de exposição ou abandono de recém-nascido pode ser praticado por terceiro como forma de auxílio ao pai ou à mãe, não contudo, pelo terceiro, diretamente, sem a participação do pai ou da mãe.
Estão certos apenas os itens:
a) I e II.
b) I, II e III.
c) I, III e IV.
d) I e IV. 
SEMANA 7
CASO CONCRETO
Por volta das 7h de uma segunda feira, Jesuíno e Lorrany, casal de namorados, ambos de 20 anos, abordaram o carro de Cláudia, parada em um semáforo em frente à escola do seu filho após deixá-lo. Jesuíno portava um revólver calibre 38 municiado e obrigou Cláudia a sentar no banco de trás do veículo ao lado de Lorrany. Jesuíno conduziu o veículo até a esquina mais próxima onde, então, Wallace Augusto entrou no carro e sentou-se na frente, no banco do carona portando a arma de Jesuíno apontada para a cabeça de Cláudia. Circularam por cerca de duas horas com a vítima fazendo com que esta efetuasse diversos saques de sua conta corrente e cartões de crédito em caixas eletrônicos quando, então, decidiram por largá-la no local em que havia sido rendida. Os agentes fugiram com o veículo, todavia alguns funcionários da escola que conheciam Cláudia viram o que acontecia e avisaram à Polícia, vendo ainda que os dois criminosos apanharam um homem que os aguardava nas cercanias. Dos fatos, restou provado no curso da ação penal que Jesuíno, Lorrany e Wallace Augusto associaram-se de forma estável e permanente para a prática de crimes contra o patrimônio.
A partir do caso concreto narrado, com base nos estudos realizados sobre os delitos de roubo, extorsão e extorsão mediante sequestro identifique:
A correta tipificação das condutas. Responda de forma objetiva e fundamentada.
Resposta: Roubo - É crime pluriofensivo (patrimônio e integridade). Trata-se de crime complexo, resultando da fusão de duas figuras típicas: furto e constrangimento ilegal. Consuma-se no momento em que o agente se torna possuidor da coisa. A vítima do roubo, diferentemente do que ocorre no furto, não precisa ter diminuição de seu patrimônio. Não precisa ser o dono ou o possuidor da coisa. Ex.: pessoa que tenta impedir um roubo poderá ser vítima. Obs.: A ação penal é pública incondicionada em qualquer modalidade.
Extorsão - muito semelhante ao roubo. É crime pluriofensivo. Cleber Masson defende não se tratar de crime complexo, pois é espécie do gênero “constrangimento ilegal”. Para Rogério Sanches, a vítima poderá ser pessoa física ou jurídica (aspecto patrimonial). Não há previsão legal para o emprego de violência imprópria. Ação penal: sempre pública incondicionada.
Extorsão mediante sequestro - É crime hediondo, de natureza permanente. A prisão pode ser efetuada a qualquer momento (art. 303, do CPP). O termo “qualquer vantagem” se refere ao patrimônio da vítima ou de terceiro, pois o delito está no capítulo dos crimes contra o patrimônio. Damásio defende uma interpretação literal. Note que a consumação se estende no tempo (súmula 711, STF) e a vantagem deve ser econômica (do contrário será apenas sequestro ou cárcere privado). Caso a vantagem seja impossível, não haverá extorsão; e se proveniente de dívida de jogo ou prescrita será constrangimento ilegal. Lembre que a vantagem deve ser econômica e indevida.
Podemos afirmar que outra qualidade do crime de sequestro é a subsidiariedade. Isso significa que, em grande parte dos casos, ele é praticado, na realidade, para o cometimento de outro crime, podendo nessas hipóteses ser absorvido pelo delito-fim, dependendo do caso in concreto.
Caso os agentes sejam denunciados pelas condutas contra o patrimônio com a majorante e ou qualificadora resultante de concurso de pessoas, é possível a cumulação de penas com o delito de associação criminosa? Responda de forma objetiva e fundamentada.
Não, pois implicaria na vedação bis in idem
Caso no momento em que Cláudia fosse rendida pelos agentes, tivesse reagido e levado um tiro de Jesuíno que empreendeu fuga deixando a vítima ferida, qual seria a correta tipificação da conduta de Jesuíno? 
Resposta: A correta tipificação seria de o delito de extorsão na modalidade qualificada art. 158 §2º aplica-se o art. 157 §3º penade reclusão de 7 a 15 anos, além de multa.
QUESTÕES OBJETIVAS
1) Em relação aos delitos de extorsão e extorsão mediante sequestro, previstos nos arts.158 e 159, do Código Penal, analise as assertivas abaixo:
I. São considerados delitos hediondos, independentemente da produção do resultado mais gravoso lesão corporal de natureza grave ou morte.
II. O denominado "sequestro relâmpago" configura-se como uma qualificadora do delito de extorsão mediante sequestro e é considerado delito hediondo.
III. Os delitos de extorsão e roubo possuem como elemento distintivo a prescindibilidade do comportamento da vítima no roubo.
IV. A extorsão é uma espécie de constrangimento ilegal, diferenciando-se deste em decorrência da natureza da vantagem almejada.
São corretas apenas as assertivas:
a) I e II;
b) I, II e III;
c) I, II e IV;
d) II, III e IV.
e) III e IV.
2) Após terem subtraído significativa quantia de dinheiro de um estabelecimento comercial, mediante grave ameaça, objetivando a detenção da res furtiva e a impunidade do crime, os agentes efetuaram disparos de arma de fogo contra policiais militares que os aguardavam na porta do estabelecimento. Embora não tenham conseguido fugir da ação policial e nem atingir nenhum dos milicianos, os agentes atuaram com evidente animus necandi em relação aos policiais militares. Conforme o atual entendimento do Superior Tribunal de Justiça, nesse caso, ocorreu (FUNDEP - 2014 - DPE-MG - Defensor Público)
a) roubo consumado em concurso material com homicídio tentado.
b) roubo tentado em concurso material com resistência.
c) latrocínio consumado.
d) latrocínio tentado.
SEMANA 9
CASO CONCRETO
STJ reforma decisão e condena homem por estuprar enteada Mariângela Gallucci – O Estado de S. Paulo 26 Agosto 2014, 16h 24 Disponível em: http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,stj-reforma-decisao-e-condenahomem-por-estuprar-enteada,1549894
O relator do caso fez críticas aos argumentos utilizados nas decisões das instâncias inferiores que haviam inocentado BRASÍLIA - O Superior Tribunal de Justiça (STJ) reformou decisão do Judiciário paulista que havia absolvido um homem acusado de praticar sexo com a enteada de 13 anos. Por unanimidade, os ministros da 6ª. Turma do STJ decidiram condená-lo. O processo será encaminhado ao Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo para que a pena seja fixada.
Relator do caso, o ministro Rogerio Schietti Cruz fez críticas aos argumentos utilizados nas decisões das instâncias inferiores da Justiça, que tinham absolvido o padrasto.
"Repudiáveis os fundamentos empregados pela magistrada de primeiro grau e pelo relator do acórdão impugnado (no TJ) para absolver o recorrido, reproduzindo um padrão de comportamento judicial tipicamente patriarcal, amiúde observado em processos por crimes dessa natureza, nos quais o julgamento recai inicialmente sobre a vítima para somente a partir daí julgar-se o réu", afirmou.
Para os ministros do STJ, a presunção de violência nos crimes de estupro e atentado violento ao pudor contra menores de 14 anos tem caráter absoluto. "A interpretação que vem se firmando sobre tal dispositivo é no sentido de que responde por estupro o agente que, mesmo sem violência real, e ainda que mediante anuência da vítima, mantém relações sexuais (ou qualquer ato libidinoso) com menor de 14 anos", disse o relator. O caso chegou à Justiça após o padrasto ter sido denunciado pela própria companheira. A juíza de 1ª. Instância concluiu que a menina não foi vítima de violência presumida porque "se mostrou determinada para consumar o coito anal com o padrasto". "O que fez foi de livre e espontânea vontade, sem coação, ameaça, violência ou temor. Mais: a moça quis repetir e assim o fez", disse: "A vítima foi etiquetada como uma adolescente desvencilhada de preconceitos, muito segura e informada sobre os assuntos da sexualidade, pois 'sabia o que fazia'. Julgou-se a vítima, pois, afinal, 'não se trata de pessoa ingênua'. Desse modo, tangenciou-se a tarefa precípua do juiz de direito criminal, que é a de julgar o réu, ou, antes, o fato delituoso a ele atribuído", concluiu Schietti.
A partir do caso concreto narrado, identifique:
a. Quais os reflexos da caracterização da expressão vulnerabilidade como absoluta ou relativa? Responda de forma objetiva e fundamentada.
b. Nos casos de estupro contra vulnerável quem possui legitimidade para a propositura da ação penal?
RESPOSTA: Ministério Público, mediante ação penal pública incondicionada. Art. 225 CF.
O fato da conduta ter sido praticada pelo padrasto da vítima possui alguma relevância jurídica para fins de aplicação de pena?
RESPOSTA: A pena é aumentada de metade se o agente é padrasto da vítima. 226 CP
d.Caso na situação descrita a vítima tivesse 14 anos e a relação sexual fosse oriunda de grave ameaça proferida pelo padrasto as respostas anteriores se alterariam? Responda de forma objetiva e fundamentada.
RESPOSTA: A propositura da ação penal ainda será do MP, e a pena é aumentada de metade se o agente é padrasto da vítima. 
 QUESTÕES OBJETIVAS
1) José, rapaz de 23 anos, acredita ter poderes espirituais excepcionais, sendo certo que todos conhecem esse seu ?dom?, já que ele o anuncia amplamente. Ocorre que José está apaixonado por Maria, jovem de 14 anos, mas não é correspondido. Objetivando manter relações sexuais com Maria e conhecendo o misticismo de sua vítima, José a faz acreditar que ela sofre de um mal espiritual, o qual só pode ser sanado por meio de um ritual mágico de cura e purificação, que consiste em manter relações sexuais com alguém espiritualmente capacitado a retirar o malefício. José diz para Maria que, se fosse para livrá-la daquilo, aceitaria de bom grado colaborar no ritual de cura e purificação. Maria, muito assustada com a notícia, aceita e mantém, de forma consentida, relação sexual com José, o qual fica muito satisfeito por ter conseguido enganá-la e, ainda, satisfazer seu intento, embora tenha ficado um pouco frustrado por ter descoberto que Maria não era mais virgem. (FGV - 2013 - OAB - Exame de Ordem Unificado - X - Primeira Fase)
Com base na situação descrita, assinale a alternativa que indica o crime que José praticou.
a) Corrupção de menores (Art. 218, do CP).
b) Violência sexual mediante fraude (Art. 215, do CP).
c) Estupro qualificado (Art. 213, § 1º, parte final, do CP).
d) Estupro de vulnerável (Art. 217-A, do CP).
2) Jorge, diretor financeiro de uma grande empresa, há semanas vem chamando sua secretária Luiza para saírem juntos. Como Luiza recusa todos os convites, Jorge, auxiliado por Pedro que trabalha como motoboy na mesma empresa, ameaça Luiza dizendo que, caso ela não vá a um motel com ele, no dia seguinte estará demitida. Luiza, mais uma vez, recusa a ceder e, muito abalada psicologicamente, leva o fato ao conhecimento do Presidente da empresa a fim de que as devidas providências sejam tomadas em relação a Jorge e Pedro. Diante dos fatos, é correto afirmar que: 
a) Jorge e Pedro responderão por assédio sexual consumado.
b) Jorge responde por assédio sexual tentado, pois não conseguiu obter favorecimento sexual, e Pedro não responde por nenhum crime, pois não é superior hierárquico da vítima.
c) Jorge e Pedro responderão por assédio sexual tentado, pois não houve a obtenção de favorecimento sexual.
d) Jorge responderá por assédio sexual consumado e Pedro pelo delito de constrangimento ilegal, pois não é superior hierárquico da vítima.
3) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do enunciado abaixo, na ordem em que aparecem (MPE-RS - 2014 - MPE-RS - Promotor de Justiça)
Durante o festival de balonismo, na cidade de Torres, Afonso Dias, 52 anos, deslocou-se até a Boate Cristal para festejar a sua classificação no evento. No recinto, conheceu o transformista Maitê, 21 anos, convidando-o para acompanhá-lo na comemoração.
Enquanto conversavam, Afonso disfarçadamente colocou uma substância na bebida de Maitê, que o levou a perder os sentidos. Na sequência, conduziu o transformista desmaiado, sem poder oferecer

Outros materiais