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Universidade Federal do Rio Grande do Sul Faculdade de Agronomia / Departamento de Solos Disciplina Física do Solo Tema: Fase Sólida do Solo Exposição teórica Universidade Federal do Rio Grande do Sul Faculdade de Agronomia / Departamento de Solos Disciplina Física do Solo Conteúdo programático 1 O solo como um sistema trifásico 2 Fase sólida do solo 3 Estrutura e consistência do solo 4 Água no solo 5 Dinâmicas do ar e da água no solo 6 Comportamento compressivo do solo 7 ... Universidade Federal do Rio Grande do Sul Faculdade de Agronomia / Departamento de Solos Disciplina Física do Solo Objetivos Abordar o conceito do solo como um sistema trifásico com ênfase na fase sólida, de origem mineral e orgânica (húmus) Apresentar alguns aspectos intrínsecos da textura do solo e sua determinação quantitativa Relacionar a importância da análise granulométrica na conjuntura dos sistemas agrícolas e da sustentabilidade ambiental Por que estudar a fase sólida do solo? 4Foto: Mazurana (2013) Fase sólida do solo D IN Â M IC A ESTRUTURA M EC A N IZ A Ç Ã OÁgua Gases Temperatura Biologia Fertilidade Manejo ER O SÃ O QUALIDADE DO SOLO Por que estudar a fração sólida do solo? 5Foto: Mazurana (2013) Fase sólida do solo D IN Â M IC A ESTRUTURA M EC A N IZ A Ç Ã OÁgua Gases Temperatura Biologia Fertilidade Manejo ER O SÃ O QUALIDADE DO SOLO Difusão gases e nutrientes, movimento de água O que é solo? - heterogêneo: diversas substâncias - trifásico: sólida, líquida / gasosa - disperso: uma das fases apresenta partículas extremamente subdivididas, com enorme área superficial específica (ASE) por unidade de massa ou volume - particulado e poroso: partículas de diferentes diâmetros que se arranjam criando espaços vazios Corpo natural tridimensional, heterogêneo, particulado e poroso. Sistema disperso de três fases. 6Foto: Mazurana (2013) Esquema ilustrando interação entre as fases sólida, liquida e gasosa e composição de um solo ideal para crescimento de plantas Sólida Líquida Gasosa Mineral Orgânica Física do Solo Mineral ArÁgua 7 Foto: Mazurana (2013) Fenômenos de superfícies: ASE, molhamento, menisco etc. - Frações: partículas orgânicas e minerais Fração mineral - Partículas minerais herdadas do material de origem do solo (minerais primários) ou formadas a partir de processos e reações ocorrentes na formação do solo (minerais secundários ou pedogênicos); - Cargas negativas; Principais minerais: Primários Secundários Quartzo, feldspato e micas Caulinita, esmectita, vermiculita, óxidos e hidróxidos de ferro e de alumínio 8 Fase Sólida Propriedades das partículas minerais (Lal & Shukla, 2004) - Diâmetro nominal (tamanho) - primárias: segregação a olho nu - secundárias: tratamentos químicos / mecânicos 9 Propriedades das partículas minerais (Lal & Shukla, 2004) - Diâmetro nominal (tamanho) - primárias: segregação a olho nu - secundárias: tratamentos químicos / mecânicos - Forma: f (material de origem, intemperismo do solo e “tamanho” de partícula) 10 Propriedades das partículas minerais (Lal & Shukla, 2004) - Diâmetro nominal (tamanho) - primárias: segregação a olho nu - secundárias: tratamentos químicos / mecânicos - Forma: f (material de origem, intemperismo do solo e “tamanho” de partícula) - Área superficial específica (ASE): f (“tamanho” e forma) 11 Propriedades das partículas minerais (Lal & Shukla, 2004) - Diâmetro nominal (tamanho) - primárias: segregação a olho nu - secundárias: tratamentos químicos / mecânicos - Forma: f (material de origem, intemperismo do solo e “tamanho” de partícula) - Área superficial específica (ASE): f (“tamanho” e forma) - Mineralogia: influência nas propriedades globais dos solos. Mazurana, 2012 Levien, 2009 12 Propriedades das partículas minerais (Lal & Shukla, 2004) - Diâmetro nominal (tamanho) - primárias: segregação a olho nu - secundárias: tratamentos químicos / mecânicos - Forma: f (material de origem, intemperismo do solo e “tamanho” de partícula) - Área superficial específica (ASE): f (“tamanho” e forma) - Mineralogia: influência nas propriedades globais dos solos. - Massa específica versus textura do solo 13 Fase sólida Fração orgânica - Geralmente < 5%; - Material orgânico particulado em diferentes estágios de alteração até atingir características físicas e químicas de matéria orgânica (húmus); - Húmus: substâncias húmicas (80 – 90% da MOS); - Cargas dependentes de pH. Positivas ou negativas? 14 Propriedades das partículas orgânicas (Lal & Shukla, 2004) - Área superficial específica (ASE) - Densidade de cargas elétricas na superfície 15 Meurer, 2004 MOS: de 800 a 900 m²/g de solo Minerais: de 30 a 800 m²/g de solo Fase sólida Propriedades das partículas orgânicas (Lal & Shukla, 2004) - Área superficial específica (ASE) - Densidade de cargas elétricas na superfície - Capacidade de troca de cátions - Afinidade com água - Densidade de partículas… 16Meurer, 2004 Fase sólida 17 Fase sólida Mineral Orgânica 18 Fase sólida Como avaliar as frações sólidas do solo? Mazurana, 2013 19 - Representa a distribuição quantitativa das partículas sólidas minerais quanto ao seu diâmetro nominal (tamanho); - Sistemas de classificação das frações granulométricas Sistema Sigla Sociedade Brasileira de Ciência do Solo SBCS Sociedade Internacional de Ciência do Solo ISSS Departamento de Agricultura dos Estado Unidos USDA Sociedade Americana de Testes de Materiais ASTM Instituto de Tecnologia de Massachusetts MIT Instituto Britânico BSP German Standards DIN Administração Pública de Estradas dos Estados Unidos USPRA 20Adaptado de Lal e Shukla (2004) e Jong van Lier (2010) Determinação granulométrica – textura FASE SÓLIDA DO SOLO 2 GENERALIDADES DAS PARTÍCULAS Distribuição do tamanho: principais classes de diâmetros Há mais do que somente areia silte e argila! E agora? 22 Mazurana, 2013 Determinação granulométrica – textura Materiais > 2,0 mm: cascalhos, ... T F S A FASE SÓLIDA DO SOLO 2 GENERALIDADES DAS PARTÍCULAS Distribuição do tamanho: principais classes de diâmetros Azevedo & Dalmolin, 2006 Frações granulométricas Diâmetro das partículas (mm) Matacão > 200 Calhau 200 – 20 Cascalho 20 – 2,0 Areia grossa 2,0 – 0,2 Areia fina 0,2 – 0,05 Silte 0,05 – 0,002 Argila < 0,002 24 Mazurana, 2013 Determinação granulométrica – textura FASE SÓLIDA DO SOLO Algumas propriedades físicas Propriedade Frações granulométricas Areia Silte Argila Forma Denteada Ligeiramente irregular Lâminas/tubos Sensação Aspereza Suave/talco Pegajoso Plasticidade Não plástica Ligeiramente plástica Plástica Coesão Não coesiva Ligeiramente coesiva Coesiva/gelatinosa Área superficial Muito baixa Moderada Muito alta Capacidade de retenção água Ausente/pouca Moderada Muito alta CTC Ausente Muito baixa Alta ou muito alta Adaptado de Principles of Soil Physics , 2004 FASE SÓLIDA DO SOLO - MÉTODO 1: Em campo – Sensação que o solo molhado e amassado oferece ao tato (aspereza, sedosidade e pegajosidade) Pegajosidade Argila Sedosidade Silte Aspereza Areia 26 Silva (2010) Silva (2010) Silva (2010) Determinação granulométrica – textura FASE SÓLIDA DO SOLO 27 Determinação granulométrica – textura 11 classes! FASE SÓLIDA DO SOLO - MÉTODO 2: Em laboratório Dispersão: agitação mecânica + agentes químicos Uso da técnica de ultrassomDispersão Gerador Conversor Haste H2O + solo Cavitação 28 Adaptado de EMBRAPA (2005) Mazurana, 2012 Determinação granulométrica – textura FASE SÓLIDA DO SOLO - MÉTODO 2: Em laboratório Uso de dispersante químico e agitação mecânica a) Princípio do método Alteração da DCD e Δ pH b) Pré-tratamentos das amostras Peróxido hidrogênio (MOS > 5%) 29 Determinação granulométrica – textura FASE SÓLIDA DO SOLO - MÉTODO 2: Em laboratório Uso de dispersante químico e agitação mecânica Amostra de solo seca ao ar Tapete de borracha Peneiramento Peneira de 2 mm Terra fina seca ao ar (TFSA) 30 Determinação granulométrica – textura FASE SÓLIDA DO SOLO TFSA Suspensão Solo + dispersante + água Balança Agitador 31 Peneira Areia retida: estufa a 105°C www.esalq.usp.br/eng/fotos FASE SÓLIDA DO SOLO - MÉTODO 2: Em laboratório Peneiramento e sedimentação Como quantificar cada fração? 32 Determinação granulométrica – textura Mazurana, 2012 Peneiramento e sedimentação a) Método da Pipeta b) Método do Densímetro FASE SÓLIDA DO SOLO Determinação granulométrica – textura (quantificação) Peneiramento e sedimentação Métodos da Pipeta e do Densímetro Como se dá a sedimentação das partículas na proveta? Lei de Stokes (1851) __________________________________________ “A velocidade de sedimentação de um material sólido no líquido ocorre de acordo com seu diâmetro e a viscosidade do líquido”. Forças atuantes: - Gravitacional - Empuxo - Fricção Premissas: - Partículas sejam esféricas - Mesma densidade de partículas - Não haja interação entre partículas - Ausência de gradiente térmico 33www.esalq.usp.br/eng/fotos FASE SÓLIDA DO SOLO ____________________________________________________________________ Lei de Stokes (1851) v = h t = d² g (ρp – ρf) 18 h Na qual: v = velocidade de queda (cm s-1) h = altura de queda ou distância (cm) t = tempo de queda (s) d = diâmetro da partícula (cm) g = aceleração da gravidade (cm s-2) 980 ρp = densidade do sólido (g cm -3) 2,65 ρf = densidade do fluido (g cm -3) 0,99949 a 20º C h = viscosidade da água (g cm-1 s) 0,008007 a 20º C 34 FASE SÓLIDA DO SOLO Argila Silte Areia fina Areia grossa FASE SÓLIDA DO SOLO 2 GENERALIDADES DAS PARTÍCULAS Análise granulométrica / Fundamentos e Métodos Lei de Stokes (1851) Qual é a sua solução matemática? FASE SÓLIDA DO SOLO 2 GENERALIDADES DAS PARTÍCULAS Análise granulométrica / Fundamentos e Métodos Lei de Stokes (1851): FORÇA DE STOKES PARTÍCULA - em queda livre: FLUIDO - além da fricção, tem-se o empuxo: 2 GENERALIDADES DAS PARTÍCULAS Análise granulométrica / Fundamentos e Métodos Lei de Stokes (1851): FORÇA DE STOKES PARTÍCULA - em queda livre: FLUIDO - além da fricção, tem-se o empuxo: FASE SÓLIDA DO SOLO FASE SÓLIDA DO SOLO 2 GENERALIDADES DAS PARTÍCULAS Análise granulométrica / Fundamentos e Métodos Lei de Stokes (1851): FORÇA DE STOKES PARTÍCULA - em queda livre: FLUIDO - além da fricção, tem-se o empuxo: FASE SÓLIDA DO SOLO 2 GENERALIDADES DAS PARTÍCULAS Análise granulométrica / Fundamentos e Métodos Lei de Stokes (1851) Igualando os termos, v = cte. --- a = 0 m s-2: Velocidade: v = h / t 2 GENERALIDADES DAS PARTÍCULAS Análise granulométrica / Fundamentos e Métodos Lei de Stokes (1851) - Limitações Esfericidade? FASE SÓLIDA DO SOLO FASE SÓLIDA DO SOLO 2 GENERALIDADES DAS PARTÍCULAS Análise granulométrica / Fundamentos e Métodos Lei de Stokes (1851) - Limitações Densidade das partículas idênticas? Como resolver isso? FASE SÓLIDA DO SOLO 2 GENERALIDADES DAS PARTÍCULAS Análise granulométrica / Fundamentos e Métodos Lei de Stokes (1851) - Limitações Queda independente de partículas, sem interação entre si? Impossível Não haver gradiente de temperatura entre o interior x exterior da proveta? ”Aquário” a 20 ºC! Exemplo 1: Quanto tempo demorará para que todas as partículas de silte se desloquem até uma profundidade de 10 cm, a partir da superfície da suspensão, numa proveta? Dados: ρp = 2.300 kg m -3; ρf = 0,99949 g cm -3; h = 0,008007 g cm-1 s-1; g = 980 cm s-1 Lei de Stokes (1851) v = h t = d² g (ρp – ρf) 18 h Método da Pipeta 43 Exemplo 2: Que profundidade deve ser inserida uma pipeta para coletar somente partículas de argila após decorridas 2:30 h de repouso da suspensão de solo em uma na proveta? Dados: ρp = 2,30 g cm -3; ρf = 0,99949 g cm -3;h = 0,008007 g cm-1 s-1; g = 980 cm s-1 FASE SÓLIDA DO SOLO Peneira Como quantificar cada fração granulométrica ? ► Areia: por peneiramento (massa retida) ► Argila: massa (pipetagem) ► Silte: estimado por diferença, 100 % – [Areia + Argila] Exemplo 3: Após análise granulométrica de um determinado solo, foram obtidas as massas das frações areia (3,68 g) e argila (0,47 g) para 21 g de TFSA. Determine qual o conteúdo percentual de cada fração do solo, considerando o valor do fator de correção de umidade (f). 44 Areia: 3,68 g (21 g / 1,05) * 100 % = 18,4 % Argila: 500 mL * 0,47 g * 100 % = 47,0 % Silte: 100 % – (18,4 % + 47,0 %) = 34,6 % (21 g / 1,05)25 mL Método do Densímetro (Hidrômetro de Boyoucos) 45 Cilindro de sedimentação de 1 L Leituras no densímetro Aos 40 s 2 h depois Massa solo fração TFSA (g) [A] 50 Massa solo seco em estufa (g) [B] 49,75 Temperatura da Suspensão (°C) [C] 18 Correção da temperatura (g L-1) [D] = (C-20°C) x 0,36 - 0,72 Leitura do densímetro (g L-1) [E] 23,0 12,0 Leitura de calibração (“branco”) do densímetro (g L-1) [F] 0,1 0,1 Leitura corrigida do densímetro (g L-1) [G] = E + D – F 22,18 11,18 Fração de Argila + Silte (g g-1) [H] = G40s/B 0,44 Fração Argila (g g-1) [I] = G2h/B 0,22 Fração Silte (g g-1) [J] = H – I 0,22 Fração de Areia (g g-1) [K] = 1,0 – (I + J) 0,56 Adaptado de Cassol, 2009 46 Método do Densímetro (Hidrômetro de Boyoucos) Como expressar os resultados da análise granulométrica (classificação)? SBCS, 2010 - Triângulo textural (classes texturais) Uso para fins agrícolas 47 Triângulo textural SBCS, 2010 Argila: 47,0 % Silte: 34,6 % Areia: 18,4 % Dados obtidos para o solo do “Exemplo 1”: Classe textural: Argila 48 É possível alterar a TEXTURA pelo manejo do solo? 49 Qual a importância de se conhecer a textura? - Valor da terra e exploração de uso (agrícola, descartes...) - Em classificação de solos, às vezes, é a primeira e mais importante característica a ser determinada; - Zoneamento agrícola e de risco climático (MAPA) IN 12 de 14/06/2005 09/10/2008 50 Atributos do solo Argiloso Arenoso Retenção de água Alta Baixa Movimentação de água no perfil Difícil Fácil Coesão Elevada Baixa Densidade do solo Menor Maior Porosidade total Maior Menor Microporosidade Maior Menor Superfície específica Elevada Baixa Estruturação Bem estruturado Sem estrutura CTC Alta Baixa Dificuldade de preparo Maior Menor Amplitude térmica Menor Maior Atributos da massa de solo associados à granulometria 51
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