Breve História da Clínica Psicanalítica

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TEORIAS E SISTEMAS PSICOLÓGICOS II
Aula 02: a clínica da histeria e a causalidade psíquica
AULA 01: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA
Clínica Psicanalítica
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Freud modificou um pouco o método catártico de Breuer, porque ele não se colocava passivo ao discurso da pessoa, mas, antes, buscava entender como o psiquismo se organizava a partir do trauma. Desse modo, chegou a uma ideia sobre a defesa que o psiquismo empreendia contra as ideias geradoras de angústia.
Essa defesa Freud posteriormente chamou de recalque.
O recalcamento é a pedra angular de toda teoria psicanalítica.
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Freud percebeu que a hipnose mascarava essa defesa e o impedia de compreender melhor como essa defesa se colocava diante do tratamento. Por isso ele abandona a hipnose. 
Ele passou então a solicitar das pessoas que relatassem suas memórias que pudessem ter a ver com os sintomas, na tentativa de chegar ao evento traumático.
Mas, percebeu que quanto mais o fazia, mais o psiquismo da pessoa parecia se esforçar para se proteger de que tais lembranças se tornassem conscientes.
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Ao analisar os casos de maior sucesso terapêutico de que dispunha, Freud percebeu que todas as narrativas que enfrentavam defesa psíquica para se tornar conscientes eram memórias que causariam vergonha, angústia, autocensura, ou seja, dor psíquica.
O recalcamento defende a pessoa dessa memória que, se se tornasse consciente, a colocaria num estado de sofrimento psíquico enorme.
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Porém, também já estava claro para Freud que, apesar do recalcamento ser eficaz para proteger a pessoa da ideia, da memória inaceitável para aquela pessoa, havia uma carga de afeto contra a qual a pessoa não tinha defesa. Como esse afeto não saía em palavras, uma vez que a ideia estava recalcada, esse afeto era descarregado no corpo da pessoa através dos sintomas somáticos. Esse processo Freud chamou de conversão.
A conversão fica estabelecida como o mecanismo de defesa próprio da histeria.
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MÉTODO CATÁRTICO
Foi a partir do tratamento de Anna O. que Breuer e Freud fundaram esse novo método de tratamento que ficou conhecido como método catártico.
Catarse no original grego significa purificação. No contexto psicanalítico significa cura pela fala.
Freud e Breuer abandonam o uso da hipnose quando constroem teoricamente o mecanismo do recalcamento e da ab-reação. 
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Ao longo do tratamento de Anna O. fica claro para os dois cientistas que o método catártico é o ideal para produzir a ab-reação, ou seja, a partir da fala era possível liberar os afetos patogênicos ao reviver os acontecimentos traumáticos vinculados a eles.
Trata-se de um avanço significativo no campo científico. À época não reconhecido, devido a ciência estar bastante vinculada ao pragmatismo da comprovação.
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Mas, o que Freud e Breuer fizeram foi criar uma forma de conhecimento que, pela primeira vez, deu voz ao que era taxado de loucura.
Uma outra mudança que Freud empreendeu dentro da medicina foi colocar o saber do lado do indivíduo e não do médico.
Não só as histéricas lhe diziam quais eram seus sintomas como também lhe ensinavam como tratá-las.
Devido à mudanças revolucionárias como essas é que Freud retira a histeria do campo da medicina e funda um novo campo do conhecimento, a psicanálise
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O método catártico faz com que o afeto “estrangulado” por uma ideia patogênica encontre uma saída através da fala. De certa forma, essa ideia insuportável para a pessoa, acaba encontrando uma nova cadeia associativa (se liga a outra cadeia de ideias e assim pode ganhar outra conotação que não cause sofrimento).
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Freud diz que, quando a reação que seria natural àquele afeto, é reprimida, o afeto permanece vinculado à lembrança. Por isso, utiliza um processo terapêutico realizado através da fala. A linguagem serve como substituta da ação, ou seja, com a ajuda da linguagem, um afeto pode ser “ab-reagido” quase com a mesma eficácia que uma vingança, por exemplo.
Porém, toda essa construção teórica de Freud e Breuer, expressas no livro “Estudos sobre a histeria”, só foram possíveis devido ao tratamento de Anna O.
Coube a ela cunhar as expressões “cura pela fala” e “limpeza da chaminé” para designar o método catártico. Breuer afirmou que o tratamento dessa jovem continha a “célula germinativa da psicanálise”.
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Josef Breuer foi quem atendeu Anna O., mas Freud acompanhou de perto o caso, em conversas e discussões clínicas com Breuer. A partir daí, ouvir se tornou o método principal de tratamento para Freud.
“Quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir fica convencido de que os mortais não conseguem guardar nenhum segredo”
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Ideia patogênica (representação) + afeto correspondente 
Defesa (recalque)
Descarregado no corpo (sintoma)
conversão
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CAUSALIDADE PSÍQUICA EM FREUD
Princípio da causalidade é um conceito da filosofia que remonta à Aristóteles. Significa a relação entre dois processos, sendo um a causa e outro o efeito. O primeiro é entendido como sendo, ao menos em parte, responsável pela existência do segundo, de tal modo que o segundo é dependente do primeiro.
Uma vez atuando a causa x, o efeito y vai se dar, invariavelmente
Leis da natureza
Princípio de causa em Aristóteles “porque as coisas são como são?”
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O princípio de causalidade aristotélico era dominante na medicina (ciência em geral) na época de Freud. Para alguns autores, é em razão disso que a construção teórica de Freud não escapa de propor também um princípio causal para o conflito psíquico.
Em psicanálise, o princípio de causalidade psíquica significa que o sintoma (ou qualquer outra manifestação do inconsciente) tem uma causa, algo o causou e é responsável por sua existência.
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A noção de causalidade gerou uma ideia de determinismo vinculada à psicanálise, que até hoje a faz ser alvo de críticas. No século XIX, causalidade e determinismo eram leis na ciência. Porém, a evolução do pensamento científico colocou o determinismo em xeque e o pensamento freudiano até hoje é questionado por isso.
Mas, será que de fato a teoria psicanalítica se pauta pela noção de causalidade?
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A princípio sim, Freud estabelece nexo causal entre os sintomas da neurose e os pensamentos que geravam incômodo e eram afastados da consciência do sujeito. À época, Freud desejava entender a neurose em termos neurológicos, físicos, para não se afastar da lógica das ciências naturais (gênese do sintoma definida pelas circunstâncias do trauma).
Em sua obra magna “A interpretação dos sonhos” de 1900 – aurora do século XX – vemos que Freud constrói uma noção de causalidade própria da psicanálise. Uma causalidade que tem ligação com o desejo.
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Trauma
Produção de sintomas
causalidade
1886 - 1895
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Porém, Freud passa, aos poucos a compreender que a etiologia da neurose não se dava por um princípio de causalidade que ligava os sintomas a traumas reais vividos pelos sujeitos e esquecidos por eles devido ao conteúdo conflitante.
Ao passo que surge na teoria freudiana a importância do teor sexual dos conteúdos reprimidos, Freud passa a entender os sintomas não mais como fruto de traumas reais, mas de conteúdos imaginários, fantasmáticos (inconscientes).
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A partir da escuta de vários casos, Freud descobriu que a maior parte das cenas de traumas infantis relatadas pelos seus pacientes não haviam acontecido na realidade.
Ou seja, o real do sintoma e sua ligação com a experiência física na maioriadas vezes não se confirmavam.
Dessa forma, Freud – aos poucos – abandona a noção de realidade para construir a ideia de realidade psíquica (verdade subjetiva).
Assim também construindo um novo modo de pensar a causalidade (diferente da noção própria às ciências naturais.
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Em “A interpretação dos sonhos” Freud afirma serem os sonhos manifestações do inconsciente realizando desejos. 
Essa nova concepção de “causalidade” construída a partir de “A interpretação dos sonhos” é inédita na ciência.
Se antes, na fundação da sua teoria, a preocupação de Freud se ligava ao método das ciências naturais do desejo da verdade, agora passa a interessar a verdade do desejo (inconsciente).
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