1 Clima & Solos

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MANEJO DO SOLO 
SOLOS TROPICAIS/SUBTROPICAIS vs SOLOS TEMPERADOS 
Praf. C/mé/lio Bayer 
Disciplina de Manejo do Solo - UFRGS-Faculdade de 
Agronomia-Depto de Solos 
O que são solos tropicais, solos subtropicais e solos temperados? 
Muitas vezes ouvimos falar em solos tropicais..., solos subtropicais..., solos 
temperados..., mas não sabemos na realidade do que se tratam estas designações e a 
sua importância. Solos tropicais são solos formados em regiões tropicais cujos fatores 
de formação regionais resultam em solos com características próprias. O mesmo ocorre 
com solos subtropicais e temperados, e portanto, devido a distinta atuação dos fatores 
de formação do solo nestas regiões, estes termos designam solos com características 
muito diferentes. Por exemplo, as altas temperaturas e a intensa lixiviação de bases 
resultam solos altamente intemperizados, com baixa CTC e ácidos em regiões tropicais. 
Em regiões temperadas, as temperaturas mais amenas e menor lixiviação de bases, 
resultam solos menos intemperizados, com maior CTC e menos ácidos. 
Qual a importância prática disso para nós agrónomos? 
A química, física e também a biologia de solos tropicais, subtropicais e 
temperados é diferente. As condições climáticas destas regiões são bem distintas, e, 
portanto, o comportamento do solo agrícola é distinto em uma e outra região. 
Entretanto, apesar de tais aspectos, o desenvolvimento da agricultura no Brasil, 
no qual predomina solos tropicais (Regiões Centro-oeste, Norte e Nordeste) e 
subtropicais (Região Sul), foi baseado em sistemas de manejo desenvolvidos em 
Regiões de clima temperado, e importados para o Brasil. 
A utilização intensiva do solo associada a sistemas inadequados de manejo levou 
a um processo de degradação do solo e perda da sua capacidade produtiva. 
No entendimento das causas da degradação dos solos agrícolas é importante a 
abordagem de algumas diferenças edafo-climáticas fundamentais das regiões 
tropicais/subtropicais em relação às regiões temperadas. 
 
Temperatura do ar 
Uma das características do clima que mais se distingue entre regiões tropicais e 
temperadas é a temperatura. Regiões tropicais são em média 15°C mais quentes do 
que regiões temperadas. 
O que isto afeia a adequação dos sistemas de manejo? 
Segundo a lei de Van't hoff a cada aumento de 10°C na temperatura, a taxa dos 
processos bioquímicos duplica. Nestas condições o "equilíbrio" em condições tropicais é 
bem mais frágil do que em regiões temperadas. 
Precipitação pluviométrica 
A quantidade de chuva anual (mm/ano) varia muito dentro de cada região, não 
sendo um parâmetro fundamental nesta discussão. 
O principal parâmetro de chuva em relação à adequação dos sistemas de manejo 
é a sua distribuição ao longo do ano. Em regiões tropicais/subtropicais ocorrem durante 
o ano períodos de concentração das chuvas. Em regiões temperadas ocorre uma 
melhor distribuição das chuvas. 
Características químicas e físicas do solo 
Mineralogia: Devido as altas temperaturas e lixiviação, solos tropicais são solos 
altamente intemperizados. Apresentam maior concentração de óxidos, 
principalmente óxidos de ferro; e argilominerais 1:1, como a caulinita. 
Solos temperados são menos intemperizados, apresentando maior 
concentração de minerais primários e argilominerais 2:1. 
Química: Devido a intensa lixiviação, solos tropicais são ácidos, apresentando 
problemas de toxidez de manganês, e principalmente de alumínio. A 
mineralogia, e muitas vezes a textura arenosa, resultam em solos com baixa 
CTC, onde a matéria orgânica apresenta um papel fundamental. 
Física: Solos tropicais sob vegetação natural, de maneira geral, apresentam boas 
condições físicas, principalmente, os solos oxídicos. Grande parte das 
condições físicas, como estrutura, aeração e retenção de água, entre outras, 
são devido à matéria orgânica. Práticas de manejo que diminuam o conteúdo de 
matéria orgânica tem grande reflexo negativo nas condições físicas do solo. 
A partir da década de 80 a pesquisa em Uso, manejo e conservação do solo tem 
unido esforços na definição de sistemas de manejo adequados à conservação do solo e 
produtividades das culturas para as nossas condições edafo-dimáticas. As pesquisas 
realizadas desde então geraram uma grande quantidade de resultados importantes, os 
quais podem dar subsídios a extensão ao levar tais práticas aos agricultores.