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ÉBRIO COMO SUJEITO DE DIREITOS

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TEMA: DO ÉBRIO COMO SUJEITO DE DIREITOS
A embriaguez conforme A Organização Mundial de Saúde pode ser definida como o “Estado em que se encontra uma pessoa após a absorção ou ingestão excessiva de bebidas alcoólicas ou de substâncias de efeitos análogos”. Dessa forma, tanto o álcool como outras inúmeras substâncias tóxicas e entorpecentes serão consideradas como embriaguez, tendo que a sua manifestação provocará efeitos na racionalidade ou discernimento do indivíduo. Os efeitos jurídicos da embriaguez presumem que condutas ilícitas, não dependem da vontade dos ébrios e de seus familiares, pois transcendem outras para a alcançar a do direito público.
No geral, é compreensível pressupor que as pessoas saibam mais sobre os efeitos psicomimético da embriaguez do que seus efeitos jurídicos. Entre outros diplomas legais, o estado de embriaguez está previsto no código penal, na lei de contravenções penais, no código civil, no código de trânsito, na consolidação das leis do trabalho, no estatuto da criança e do adolescente. Ou seja, é um assunto de muita relevância para o Direito. Nos aspectos jurídicos da embriaguez, podemos encontrar definições sobre dois tipos: a embriaguez habitual e a embriaguez eventual. 
 A embriaguez eventual, pela designação já é possível conjectura-la, acontece relativamente. De maneira prejudicial, ela geralmente acontece em âmbito de trabalho, quando o empregado ingere eventualmente bebidas alcóolicas no horário de expediente ou em intervalo de almoço. É uma postura recorrentemente detectada e que vem desfavorecendo os interesses da empresa, causando prejuízo ao desempenho das tarefas pertencentes ao empregado. Ébrios eventuais entram no art. 3º, pela doutrina, como causa transitória. 
 Constitui-se um ato punível e não pode e nem deve ser tolerada. Ao notar-se sua reincidência, deve ser relatada a medida disciplinar devida, apropriada a pena do comportamento do empregado. Um aspecto positivo desta circunstância, está em refrear esta atitude e por assim a sua continuidade, prevenindo o seu agravamento. 
A embriaguez habitual condiz com um estado mais grave. Ocorre o agravamento da embriaguez eventual e a sua evolução tendendo para o estado patológico de alienação mental caracterizado pelo vício do alcoolismo. A embriaguez habitual vem sendo jurisprudêncialmente vista como uma doença, um vício social, no qual deve ser tratado e acompanhado por médicos. 
Os ébrios habituais foram incorporados ao rol dos relativamente incapazes no Código Civil artigo 4° inciso II. Essa inovação resultou na possibilidade jurídica de interdição parcial de alcoólatras com discernimento reduzido. Porém esse método legal produz dúvidas e muitos debates quanto a doutrina. Essa agitação acontece devida a uma falha na técnica legislativa ao se utilizar a expressão "habitual" quando deveria estar colocada como crônica, conforme os padrões médico-científicos adotados pela OMS. O seguinte pensamento defende esta teoria: Com efeito, nada obsta um viciado em álcool ou drogas habitual conservar plenamente a sua capacidade de discernimento. 
 A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência segundo o Estatuto da Pessoa com Deficiência artigo 1°, é destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania. Após a adaptação do artigo 4°, pela nova redação (dada também pelo art. 114 da lei) passaram a ser considerados relativamente incapazes os ébrios habituais e os viciados em tóxico e aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade. Ou seja, como dito antes, essa adaptação da lei trouxe a viabilidade legal da interdição parcial aos alcoólatras. Assim, o ébrio que é interditado parcialmente poderá sim praticar alguns atos, desde que acompanhada pelo seu curador. O sujeito acometido por esse mal passa a ser assistido.
Devido a este processo, todas as outras leis que caibam ao incapaz e o relativamente incapaz se encaixam para este interditado. Quanto ao negócio jurídico, o ébrio totalmente interditado, por ser absolutamente incapaz, está inteiramente tolhido da capacidade de exercer por si os atos da vida civil. Ou seja, caso não seja representado, o negócio jurídico é nulo. Já o ébrio parcialmente interditado, é relativo em certos atos, neste caso, poderá assinar contrato juntamente de seu curador. Porém, caso não seja assistido e não haja a representação, o negócio jurídico será anulável.
Já o negócio jurídico celebrado antes da sentença de interdição será anulável, desde que judicialmente comprovado suas alegações quanto ao estado que gerou incapacidade no ato praticado à época.
Segundo o Código Civil, no artigo 1.767 elenca incapazes como sujeitos à curatela, ou seja, ébrios estão aptos à interdição. O procedimento de interdição tem como desfecho a declaração de incapacidade física ou mental de determinada pessoa que o deixe inviável de gerir seus atos na vida civil e, através do meio judicial uma nomeação de um curador, procedimento regulado pelos artigos 1177 do CPC, que o representante e administrador seus bens resguardando-a de terceiros de má-fé. 
A natureza jurídica da sentença de interdição é constitutiva, partindo do entendimento majoritário de Gouveia e Salgretti (2017), a eficácia dela advinda será ex nunc, futuros e retroativos estabelecendo-se a partir de seu proferimento nova situação jurídica em que se reconhece a incapacidade do interditado para a prática dos atos da vida civil, restando intactos e imutáveis, em princípio, os negócios jurídicos por ele realizados antes da constituição judicial de sua incapacidade. Ao passo que, partindo-se do entendimento minoritário de que a sentença de interdição é declaratória, admite-se a sua eficácia ex tunc, ou seja, retroativa, da qual resulta a possibilidade de se reconhecer a nulidade dos atos realizados antes do ato sentencial, independentemente de previsão expressa no bojo da sentença.
Pelo todo o exposto, conclui-se que é de extrema importância a proteção sobre aqueles que não têm condição de exercer atos da vida civil independente dos diferentes entendimentos doutrinários. A declaração da incapacidade tem por via a proteção e não restrição, devendo seguir a legislação para atingir tais objetivos diante a um interesse público. Às alterações introduzidas pelo CPC/2015, temos toda a revolução que o Estatuto da Pessoa com Deficiência causou no sistema brasileiro de incapacidades, tais restringi mentos de direitos das pessoas, tal como a interdição, não deve ser vista como regra. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Admin, Jb. Embriaguez Habitual. Jusbrasil, 2009. Disponível em: <https://jb.jusbrasil.com.br/definicoes/100004467/embriaguez-habitual>. Acesso em: 04/04/2018.
Andrage, Gilberto. A Sentença de Interdição e os Negócios Jurídicos praticados anteriormente pela pessoa interditada. Jusbrasil, 2015. Disponível em:<https://gilbertoandrad.jusbrasil.com.br/artigos/152372630/a-sentenca-de-interdicao-e-os-negocios-juridicos-praticados-anteriormente-pela-pessoa-interditada>. Acesso em: 05/04/2018.
El-Jaick, Juliana Grillo. Da Ação de Interdição. Série Aperfeiçoamento de Magistrados 10 t Curso: Processo Civil - Procedimento Especial. Disponível em:<http://www.emerj.tjrj.jus.br/serieaperfeicoamentodemagistrados/paginas/series/10/processocivil_146.pdf>. Acesso em: 05/04/2017.
 Gouveia, L; Salgretti, M. OS EFEITOS DA SENTENÇA DE INTERDIÇÃO À LUZ DA SEGURANÇA JURÍDICA E DA ESTABILIDADE DAS RELAÇÕES CONTRATUAIS. RKL Advocacia, 2017. Disponível em:< http://www.rkladvocacia.com/os-efeitos-da-sentenca-de-interdicao-luz-da-seguranca-juridica-e-da-estabilidade-das-relacoes-contratuais/>. Acesso em: 05/04/2018.
Quintilino, Marcia Regina. A Interdição no Novo Código de Processo Civil. Jusbrasil, 2016. Disponível em:< https://marciaquinti22.jusbrasil.com.br/artigos/268653395/a-interdicao-no-novo-codigo-de-processo-civil>. Acesso em: 07/04/2018.
Ribeiro, Marilda Gomes. Embriaguez Habitualou em Serviço - um risco ao empregado e ao empregador. Jusbrasil, 2016. Disponível em: < https://maripalaro.jusbrasil.com.br/artigos/367243688/embriaguez-habitual-ou-em-servico-um-risco-ao-empregado-e-ao-empregador>. Acesso em: 04/04/2018.
Silva, Deborah Caldeira. É possível a interdição do Ébrio? Capacidade civil e Interdição. Jusbrasil, 2017. Disponível em:< https://deborah81.jusbrasil.com.br/artigos/459129331/e-possivel-a-interdicao-do-ebrio>. Acesso em: 05/04/2018.
(TJ-MG 200000043814150001 MG 2.0000.00.438141-5/000(1), Relator: TERESA CRISTINA DA CUNHA PEIXOTO, Data de Julgamento: 22/12/2004 Data de Publicação: 12/02/2005).

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